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22/04/2014 1 FLUIDOTERAPIA EM CÃES E GATOS Profa. Dra. Karina Preising Aptekmann Disciplina de Clínica Médica CCA - UFES IMPORTÂNCIA � Tratamento suporte � Restaurar volume e a composição de líquidos corporais � Desidratação � Manutenção da hidratação � Manutenção da veia � Manutenção da função renal Líquidos corporais � Água: 60% do peso corporal � FEC (plasma, interstício, transcelular) – 40% � FIC – 60% � Membrana semi-permeável (osmose) Desidratação � Perda > ingestão � Histórico � Sinais clínicos: � Pulso fraco e rápido � Aumento FC e TPC � Extremidades frias � Aumento turgor cutâneo � Mucosas secas Avaliação da desidratação � Inaparente (< 5%) � Sem sinais � Leve (5-6%) � Diminuição da elasticidade da pele 22/04/2014 2 Avaliação da desidratação � Moderada (7-9%) � Pequeno aumento TPC � Mucosas secas � Maior perda da elasticidade da pele Avaliação da desidratação � Severa (10-12%) � Mucosas secas � Enoftalmia � Aumento TPC � Pele não retorna � Sinais de choque � Choque (12-15%) Avaliação da desidratação � Fatores que interferem � Obesidade x caquexia � Jovens x idosos � Agudo x crônico � Ser um gato Avaliação da desidratação � Urina � Diurese � Densidade � Desidratação + isostenúria � IR, hipercalcemia,piometra, hipoadreno, HAC, infecção TU, fluido, corticóides � PT e Ht Avaliação da desidratação – PT e Ht Ht (%) PT (g/dL) Interpretação � � Desidratação � N ou � Contração esplênica, policitemia ou Desidratação+hipoproteinemia N � Hidratação N + hiperproteinemia ou Desidratação + anemia � � Desidratação + anemia ou Anemia +hiperproteinemia � N Anemia + hidratação N N N Hidratação N ou desidratação + anemia + hipoproteinemia ou hemorragia aguda � � Perda de sangue ou anemia + hipoproteinemia ou hiperhidratação São Thomé das Letras – MG - 2006Praia do Gunga – Maceió - AL 22/04/2014 3 Tipos de Fluidos � Cristalóides � Mais baratos � Efeito compartimento intracelular e intersticial � Primeira escolha � Colóides � Custo elevado � Efeito no compartimento intravascular � Mais eficazes na emergência (hipovolemia, hipotensão, choque) e hipoproteinemia severa Qual fluido usar? � Cristalóides � Ringer com Lactato (RL) � Ringer Simples (RS) � Solução fisiológica (NaCl 0,9%) � Glicofisiológica � Glicose 5% � Solução Hipertônica (NaCl 7,5%) – expansor plasmático Solução Glicose (g/L) Na+ Cl- K+ Ca++ Mg++ pH NaCl 0,9% 0 145 154 0 0 0 5,0 Glicofisiol ógica 50 154 154 0 0 0 4,0 Glicose 5% 50 0 0 0 0 0 4,0 RS 0 147 156 4 4,5 0 5,5 RL 0 130 109 4 3 0 6,5 Plasma 1 145 105 5 5 3 7,4 Solução Glicose (g/L) Na+ Cl- K+ Ca++ Mg++ pH NaCl 0,9% 0 145 154 0 0 0 5,0 Glicofisiol ógica 50 154 154 0 0 0 4,0 Glicose 5% 50 0 0 0 0 0 4,0 RS 0 147 156 4 4,5 0 5,5 RL 0 130 109 4 3 0 6,5 Plasma 1 145 105 5 5 3 7,4 Qual fluido usar? � Ringer com Lactato � SEMPRE, exceto: � Problemas com potássio � Choque � Hipoadrenocorticismo � Obstrução uretral � IRA Qual fluido usar? � Ringer com Lactato � SEMPRE, exceto: � Problemas com lactato � Neoplasias � Hepatopatia � Neonatos � Problemas com pH � Vômito de conteúdo estomacal 22/04/2014 4 Qual fluido usar? � Ringer Simples � Similar ao RL � Sem lactato � Ideal nas alcaloses metabólicas Qual fluido usar? � Cloreto de Sódio � Quando o RL não for a primeira escolha � Em emergência � Nenhuma vantagem para o RS Qual fluido usar? � Hipertônica (NaCl 7,5%) � Expansor plasmático � Dose: 4-6 mL/kg � 2/3 NaCl 0,9% + 1/3 NaCl 20% � Velocidade: 1mL/kg/min � Duração do efeito: 30 minutos Qual fluido usar? � Hipertônica (NaCl 7,5%) � Indicação: tratamento da hipovolemia � Choque (septicemia, dilatação, queimadura, pancreatite aguda, hemorragia, trauma) � Contra-indicação: desidratação severa com hipernatremia e/ou hiperosmolalidade Qual fluido usar? � Hipertônica (NaCl 7,5%) � Desvantagens: � aumento Na, Cl, hiperosmolalidade, diminuição de K e HCO3-, redução no volume intracelular � Solução: � Administrar fluidos isotônicos logo após sua administração Qual fluido usar? � Solução Glicofisiológica � Solução de glicose 5% em NaCl 0,9% � Semelhante à fisiológica, porém com maior osmolalidade e pH 4,0. 22/04/2014 5 Qual fluido usar? � Glicose 5% � Fonte de água � Nutrição psicológica (200kcal/L) � Difícil equilíbrio eletrolítico � Associar com solução eletrolítica - em cardiopatas (NaCl 0,45%) � Solução a 5%: � 50mL glicose 50% em 500mL de fluido Aditivos � Glicose 10% e 50% � Adicionar 50 mL de glicose 50% em cada frasco de fluido 500mL � Glicose 10% - 0,5g/kg � Indicado como terapia auxiliar na hipercalemia Glicose � Usar: � Problemas com sódio � Hipernatremia/cardiopatas (solução NaCl 0,45%) � Risco de hipoglicemia � Endotoxemia � Insulinoma � Terapia de Cetoacidose diabética – somente quando houver hipoglicemia � Hepatopatias � Hipercalemia (glicose 50%) Aditivos � Potássio (KCl 19,1%) �TODOS, exceto: �Hipercalêmicos �Choque �Como calcular? Aditivos � Bicarbonato de Sódio � Não associar com RL ou RS � Acidose metabólica � causas? � Como calcular? NaHCO3 = PC (kg) x 0,3 x (25 - [HCO3 - (mEq/L)] � Empírico: 1mEq/Kg ou 1mL/kg (NaHCO3 8,4% - 1mEq/mL) Exemplo � Cão 10 kg � HCO3- sérico: 15 mEq/L � Necessidade = 10 x 0,3 x (25-15) = 30 mL � Forma de administração � Bôlus � 1/3 do total 22/04/2014 6 Qual fluido usar? � Colóides � Colóides naturais � Plasma e sangue total � Colóides sintéticos � Dextranos, Polímeros de gelatina e Amido hidroxietílico Colóides � Plasma � Albumina e fatores de coagulação � Cada g de albumina retém 18 mL de fluido no EIV � Indicação: Hipoproteinemia, distúrbios da coagulação, choque, trauma, trans-operatório � Obtenção do plasma � Administração: � Fresco (até 8h) ou congelado (4 meses a 1 ano) � 37°C � quantidade 20 a 30 mL/kg � velocidade 4 a 8 ml/kg/h Colóides �Colóides sintéticos � Amido hidroxietílico ( Hetastarch, Pentastarch) � Dextranos (Dextran 40, Dextran 70) � Polímeros de gelatina (Haemeccel, Hisocel) � Derivados do colágeno bovina � Aumenta em 2x o volume circulante – 4-6h � 20mL/kg/IV � Administrar com cristalóide São Thomé das Letras – MG - 2006 Via de administração � Via Oral (PO) � Fisiológica � Barata e prática � Contra-indicações � Formas de administração Via de administração � Via Oral (PO) 22/04/2014 7 Via de administração � Via Intravenosa (IV) � Via de escolha em: � Emergência / anestesia � Substâncias hipertônicas e colóides � Pacientes gravemente enfermos � Doses precisas e grandes volumes Via de administração � Via Intravenosa (IV) � Scalp � Administração a curto prazo � Risco de sair da veia e flebite Via de administração � Via Intravenosa (IV) � Cateteres � Até 72 horas � Risco de flebite, infecção e trombose 22/04/2014 8 22/04/2014 9 Agora é só esperar... Via de administração � Via Intraóssea (IO) � Alternativa para via IV � Pacientes hipotensos � Filhotes � Tudo dado IV pode ser dado IO � Material � Complicação: osteomielite, dor � Vantagem: não colaba Via de administração � Via Intraóssea (IO) Via de administração � Via Subcutânea (SC) � Gatos e cães pequenos – desidratação leve a mod � Uso domiciliar � Grandes quantidades de fluido (10ml/kg/local) 22/04/2014 10 Via de administração � Via Subcutânea (SC) � Não em vasoconstrição periférica, perda de líquido aguda ou severa � Não usar soluções hipertônicas/irritantes ou sem eletrólitos � Não usar sol com mais de 35 mEq/L de K � Não absorção (+6h) Via de administração Via de administração � Via Intraperitoneal � Rápida absorção de grandes volumes � Somente soluções isotônicas � Complicação: peritonite � Diálise peritoneal Escolha da via � Experiência � Acessibilidade da veia � Risco de trombose � Risco de contaminação � Volume Escolha da veia Minimizar o risco de flebite � Menor cateter possível � Maior veia disponível � Longe da articulação� Cateter flexível � Longe da lesão de pele 22/04/2014 11 Praia do Francês – Maceió - AL Bombas de Infusão São Thomé das Letras – MG - 2006 Ajuste do volume � Exames BID � Peso � Ganho de peso � Peso estável � Perda de peso Monitoração � Peso � Produção de urina � Densidade urinária � PT e Ht � Checar o cateter Falhas na Reidratação � Erro matemático � Quantidade � Velocidade � Equipo � Bomba 95 x 4 + 23 ??? 22/04/2014 12 Falhas na Reidratação � Problemas mecânicos � Fluxo posicional � Obstrução - cateter � Troca de frascos � Administração muito rápida Falhas na Reidratação � Erro na avaliação do paciente � Desidratação subestimada � Perdas insensíveis subestimada (febre/taquipnéia) � Perdas sensíveis subestimadas (pu) � Perdas concomitantes subestimadas (Vômito/diarréia) Falhas na Reidratação � Erro na avaliação do paciente � Reavalie o paciente � Monitore o paciente � Aumente o volume Complicações � Hiperidratação � secreção nasal serosa, quemose, taquicardia, tosse, taquipnéia, dispnéia, creptação e edema pulmonar, ascite, poliúria, exoftalmia � Flebite � Infecção � Trombose � Sangramento � Alter. eletrolíticas Término da fluidoterapia � Causa da desidratação corrigida � Ingestão de água e alimentos em quantidade suficiente para manter-se hidratado � Redução gradativa (24 a 48 horas) � Pode-se iniciar fluido SC próximo ao término da reidratação. Conclusões � Fluidoterapia deve corrigir a desidratação e fornecer volume para suprir a manutenção e as perdas concomitantes � Gatos não são cães pequenos � É mais fácil calcular em múltiplos de manutenção � Ringer Lactato é a escolha ideal para a maioria dos pacientes 22/04/2014 13 Sugestões para fluidoterapia � Uso de tabelas � Suplementação com potássio � Cuidado com sensibilidade à luz � Identificação do frasco e do cateter � Data e hora � Veterinário � Aditivos � Velocidade Princípios da Fluidoterapia � Reidrate o desidratado � Reidrate quem pode ficar desidratado � Na dúvida, reidrate São Thomé das Letras – MG - 2006 kapreising@yahoo.com.br TRANSFUSÃO SANGUÍNEA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Quando fazer ? � Anemia � Ht < 10%; � Ht entre 10 e 17% (paciente debilitado); � Perda de mais de 30% do volume total de sg; � Hemorragia aguda. � Coagulopatia � Trombocitopenia � Hipoproteinemia � Hipovolemia 22/04/2014 14 TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Escolha do doador CÃO • Idade: 1 a 8 anos • Peso: > 25 kg • Tipificação sanguínea (8 tipos) GATO • Idade: 1 a 8 anos • Peso: > 4 kg • Tipificação sanguínea (3 tipos) Ht >40% TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Escolha do doador • Saudável • Dócil • Vacinado • Vermifugado • Não estar prenhe ou lactante • Não estar no estro • Sem ectoparasitas TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Escolha do doador TESTE DE COMPATIBILIDADE • Diminui risco de reações •Obrigatório a partir da 2a transfusão (cão) e na primeira em gatos (gatos possuem Acs naturais - cães podem ter) – não limita a realização •Não evita reações contra outros Ags (ptn, leuc, plaq) •Incompatibilidade – aglutinação ou hemólise TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Quanto o animal pode doar? CÃO • 450 mL de sg por mês • 1 bolsa de sangue (500mL) - < 20% GATO • 10-15 mL/kg por mês • Reposição volêmica, se necessário TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Como colher ? � Conter o animal - equipe � Tricotomia e antissepsia � Garroteamento � Retirada do sg em aproximadamente 7 – 10 min � Posicionamento e movimento da bolsa (500mL) � Compressão local após a colheita TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � ANTI-COAGULANTES � Bolsas � CPDA-1 ou ACD � Anti-coagulante e nutritivo � Seringa � 1mL anti-coagulante / 4mL sangue � Heparina � Para gatos – quantidade menor 22/04/2014 15 TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Como armazenar a bolsa de sangue? � Cuidado com septicemia � Refrigeração e movimentação � Identificação � Sangue total – 35 dias � Plaquetas - 8h � Fatores de coagulação - 6-12h após a colheita TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Qual volume transfundir? � Objetivo: 25-30% (cães) e 15-20% (gatos) � Para aumentar 10% Ht: 20mL/kg sg total � Volume = peso (Ht desejado - Ht receptor) x 2,2 � CÃO: peso x 90 x (Ht desejado – Ht receptor / Ht doador) = mL de sg � GATO: peso x 70 x (Ht desejado – Ht receptor / Ht doador) = mL de sg TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Como transfundir? � Veias cefálica, safena ou jugular, intramedular � Aquecimento (37º) por 15-20 min (máx) � Tempo (4-6h) � Equipo para transfusão TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Como transfundir? � Velocidade � 0.25-0.5 mL/kg/h (30min) � 4-5 mL/kg/h � 10-15 mL/kg/h (desidratado) � 1-2 mL/kg/h (cardio / nefropata) � 22 ml/kg/h (hemorragias) TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Reações adversas � Imunológicas imediatas �Reação hemolítica: � Sinais: inquietação, tremores, febre, vômito, salivação, taquipnéia, taquicardia, convulsão. � Tratamento: interromper a transfusão, glicocorticóides e fluidoterapia. TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Reações adversas � Imunológicas imediatas �Urticária ou angioedema: � Tratamento: reduzir a velocidade da infusão e administrar anti- histamínicos. � Pode retornar a transfusão após controle dos sinais 22/04/2014 16 URTICÁRIA ANGIOEDEMA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Reações adversas � Não Imunológicas �Hipocalcemia: � Muito anti-coagulante � Sinais: tremores musculares, tetania � Tratamento: interromper por 15 minutos e reiniciar lentamente TRANSFUSÃO SANGUÍNEA � Reações adversas � Não Imunológicas � Contaminação bacteriana: � Sinais: tremores, inquietação, febre, dispnéia, prostração, hipotensão, choque � Tratamento: parar transfusão, fluido + atb amplo espectro, cultura e antibiograma PROJETO BANCO DE SANGUE CANINO