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1ºAula
Epidemiologia
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de: 
•	 definir epidemiologia e suas aplicações; 
•	 identificar cronologicamente o desenvolvimento da epidemiologia;
•	 descrever os conceitos básico de epidemiologia;
•	 entender a atuação da epidemiologia no campo de saúde ambiental.
Prezados(as) estudantes,
Nesta aula, iremos estudar a definição de epidemiologia e 
seus conceitos básicos, sua evolução histórica e suas principais 
aplicações no campo de atuação do engenheiro ambiental e 
sanitarista. 
Bons estudos!
6Epidemiologia e Vigilância Sanitária
1 - Introdução
2 - A História de Epidemiologia
3 - Conceitos Básicos
4 - Epidemiologia Ambiental
1 - Introdução
Segundo Rouquayrol e Goldbaum (2003), epidemiologia 
pode ser definida como a “ciência que estuda o processo 
saúde-doença em coletividades humanas, analisando a 
distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, 
danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo 
medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de 
doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao 
planejamento, administração e avaliação das ações de saúde”. 
Ainda a Associação Internacional de Epidemiologia (IEA), 
em seu Guia de Métodos de Ensino (ORGANIZACIÓN 
MUNDIAL DE LA SALUD, 1973), define epidemiologia 
como: 
o estudo dos fatores que determinam a 
frequência e a distribuição das doenças nas 
coletividades humanas. Enquanto a clínica 
dedica-se ao estudo da doença no indivíduo, 
analisando caso a caso, a epidemiologia 
debruça-se sobre os problemas de saúde em 
grupos de pessoas, às vezes grupos pequenos, 
na maioria das vezes envolvendo populações 
numerosas. 
Deste modo, a epidemiologia estuda a população, usando 
de métodos métricos para quantificar e determinar a saúde ou 
a ausência dela.
A Associação Internacional de Epidemiologia (IEA) diz 
que os três principais objetivos da epidemiologia são:
I) Descrever a distribuição e a magnitude dos 
problemas de saúde das populações humanas.
II) Proporcionar dados essenciais para o planejamento, 
execução e avaliação das ações de prevenção, 
controle e tratamento das doenças, bem como para 
estabelecer prioridades.
III) Identificar fatores etiológicos na gênese das 
enfermidades (ORGANIZACIÓN MUNDIAL 
DE LA SALUD, 1973).
Para Pereira (2013), a epidemiologia congrega métodos e 
técnicas de três áreas principais de conhecimento: estatística, 
ciências biológicas e ciências sociais. A área de atuação da 
epidemiologia é bastante ampla e compreende em linhas 
gerais:
•	 o ensino e pesquisa em saúde; 
•	 a descrição das condições de saúde da população;
•	 a investigação dos fatores determinantes da situação 
de saúde;
•	 a avaliação do impacto das ações para alterar a 
Seções de estudo
situação de saúde.
A epidemiologia tem como princípio básico o 
entendimento de que os eventos relacionados à saúde (como 
doenças, seus determinantes e o uso de serviços de saúde) 
não se distribuem ao acaso entre as pessoas. Há grupos 
populacionais que apresentam mais casos de certo agravo, e 
há outros que morrem mais por determinada doença. Tais 
diferenças ocorrem porque os fatores que influenciam o 
estado de saúde das pessoas não se distribuem igualmente na 
população, portanto, acometem mais alguns grupos do que 
outros (PEREIRA, 1995). 
Podemos afirmar que a distribuição das doenças na 
população é influenciada pelos aspectos biológicos, aspectos 
socioculturais, aspectos econômicos e aspectos ambientais de 
uma coletividade, fazendo com que o processo saúde-doença 
se manifeste de forma diferenciada entre as populações. 
Em análise, na evolução da epidemiologia ao longo dos 
anos, podemos observar que os conceitos descritos acima, 
consolidados dentro do campo científico, precisaram ser 
reformulados à medida que as descobertas científicas 
avançavam no campo da saúde, principalmente no que se 
refere ao processo saúde-doença (GOMES, 2015).
2 - A História da Epidemiologia
Beaglehole, Bonita e Kjellström (1994) afirmam que o 
conceito de epidemiologia depende do contexto histórico, 
dos conhecimentos acumulados na área de saúde, da etapa 
da transição epidemiológica e demográfica, bem como da 
interpretação que se tenha em determinada época e contexto 
sobre a saúde.
2.1- Antes de Cristo – a.C
Não existe datação de quem foi o primeiro a conceituar 
epidemiologia, nos livros encontramos muitos nomes, porém 
temos a certeza de que a história da ciência anda de mãos dadas 
com a história da medicina, por isso agrega-se à Hipócrates o 
lançamento das bases principais do estudo da epidemiologia.
Mas, quem foi Hipócrates? Hipócrates é considerado 
o pai da medicina, viveu de 460 a 377 a.C na Grécia antiga. 
Segundo Montilha (s/d), Hipócrates foi o primeiro a 
sugerir que as causas das doenças estavam relacionadas às 
características ambientais, contrapondo-se ao raciocínio que 
se atribuía a cura e a morte a deus e demônios. Apesar de seus 
relatos já tenham sido superados, podemos reconhecer que 
ele lançou as bases para a procura da causalidade das doenças 
e agravos à saúde, norte principal da epidemiologia até hoje.
2.2.- Depois de Cristo – d.C
Almeida Filho e Rouquayrol (2006) afirmam que: 
Desde o século XVI, encontram-se referências 
de estudos que procuram correlacionar 
condições ambientais à saúde, mas é com a 
Revolução Francesa que a preocupação com a 
saúde das populações ganha maior expressão 
e passa a ser objeto de intervenção do 
7
estado. Entre os marcos da história da saúde 
coletiva estão o surgimento da “medicina 
urbana” na França de 1789 (isolamento de 
áreas miasmáticas: os hospitais e cemitérios), 
a criação da polícia médica na Alemanha 
(regras de higiene individual para controle 
das doenças), os estudos de Alexandre Louis 
de morbidade na Inglaterra, e nos Estados 
Unidos, o surgimento da Medicina Social 
designando, de uma forma genérica, “modos 
de tomar coletivamente a questão da saúde.” 
Grande parte dos pesquisadores apontam o médico 
britânico John Snow como o pai da epidemiologia. Durante 
o século XIX e nos séculos anteriores, no campo científico, 
a teoria miasmática era a forma mais usada para explicar as 
doenças. 
Baseando-se no mapeamento dos casos, 
óbitos, do comportamento da população 
(consumo de água) e dos aspectos ambientais 
da localidade em estudo, ele conseguiu 
incriminar o consumo de água contaminada 
como responsável pela ocorrência da doença. 
Tal constatação só pode ser confirmada 
30 anos mais tarde, com o isolamento do 
agente etiológico da doença (SNOW, 1999; 
PEREIRA, 2013). Desta maneira, através 
de um extensivo e minucioso trabalho de 
investigação científica – considerado um 
estudo clássico da Epidemiologia de Campo, 
conseguiu determinar a fonte de infecção de 
uma doença, mesmo sem conhecer seu agente 
etiológico. Ao final, relatou que as feições 
clínicas da doença revelavam que “o veneno 
da cólera entra no canal alimentar pela boca, 
e esse veneno seria um ser vivo, específico, 
oriundo das excreções de um paciente com 
cólera. [...] Assinalou, afinal, que o esgotamento 
insuficiente permitia que os perigosos refugos 
dos pacientes com cólera se infiltrassem no 
solo e poluíssem poços” (ROSEN, 1994).
O uso da ciência e de ferramentas epidemiológicas 
salvou muitas vidas e ampliou a discussão sobre as causas das 
doenças.
Segundo Pereira (2013), outro cientista marcante do século 
XIX foi o francês Louis Pasteur (1822-1895), considerado 
o pai da bacteriologia, pois identificou inúmeras bactérias e 
tratou diversas doenças. Ele influenciou profundamente a 
história da epidemiologia, pois introduziu as bases biológicas 
para o estudo das doenças infecciosas, determinando o agente 
etiológico das doenças e possibilitando o estabelecimento 
futuro de medidas de prevenção e tratamento.
Outros nomes importantes na história da epidemiologia 
foram o de John Graunt (1620-1674), pioneiro em quantificar 
os padrões de natalidade e mortalidade; PierreLouis (1787-
1872), utilizando o método epidemiológico em investigações 
clínicas de doenças; Louis Villermé (1782-1863), que 
pesquisou o impacto da pobreza e das condições de trabalho 
na saúde das pessoas; e William Farr (1807-1883), na 
produção de informações epidemiológicas sistemáticas para o 
planejamento de ações de saúde (ROSEN, 1994; PEREIRA, 
1995).
Pode-se afirmar que os séculos XIX e XX foram um 
marco para a história da epidemiologia, desde que foi possível 
identificar os principais agentes etiológicos envolvidos na 
transmissão de doenças infectocontagiosas responsáveis 
por altas taxas de morbimortalidade (tuberculose, influenza, 
varíola, peste, entre outras), e dessa maneira possibilitar o 
desenvolvimento de medidas de prevenção e tratamento de 
enfermidades (GOMES, 2015).
Após estas descobertas, a epidemiologia ganhou destaque 
nos campos científico e acadêmico, com a construção de 
importantíssimos institutos de pesquisa no Brasil e no 
mundo, como a Fundação Oswaldo Cruz, o Instituto Pauster, 
e a renomada London School of Hygiene & Tropical Medicine 
Inglesa, o que fez crescer seu campo de atuação e ascendeu na 
subdivisão desta ciência. Um exemplo que podemos citar aqui 
é o caso da Epidemiologia Nutricional, que, segundo Pereira 
(2013), esclareceu as causas de doenças infecciosas, mas que, 
na realidade, eram de natureza nutricional, como o escorbuto 
que é causada pela deficiência severa de vitamina C, o beribéri 
que é causada pela deficiência de vitamina B1.
Finalmente, podemos afirmar que após o século XX, 
a epidemiologia fincou suas raízes enquanto ciência, que 
objetivou determinar as condições de saúde de uma população 
buscando sistematicamente os agentes etiológicos ou os 
fatores de riscos que envolviam o surgimento de doenças, 
através de estudos e de avaliações para efetivar o controle 
de doenças baseando suas ações em pesquisa e evidências 
científicas.
3 - Conceitos Básicos 
Segundo Last (2000), a epidemiologia é o estudo da 
frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados 
ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a 
aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde.
Ainda, a epidemiologia constitui uma ciência básica 
da saúde coletiva voltada para a compreensão do processo 
saúde-doença no âmbito de populações, que tem por objetivo 
o estudo desse mesmo processo, mas em termos individuais 
(ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 2006).
Para aprofundarmos o nosso conhecimento da 
aplicabilidade da epidemiologia, precisamos descrever alguns 
conceitos, como a seguir:
Saúde Ambiental: Segundo a Organização Mundial 
da Saúde, saúde ambiental são todos aqueles aspectos 
da saúde humana, incluindo a qualidade de vida, que 
estão determinados por fatores físicos, químicos, 
biológicos, sociais e psicológicos no meio ambiente. 
Também se refere à teoria e prática de valorar, corrigir, 
controlar e evitar aqueles fatores do meio ambiente que, 
potencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações 
atuais e futuras (FUNASA, 2020).
Agente etiológico infeccioso: É o microrganismo que 
provoca uma doença infecciosa. Os principais grupos 
de microrganismos que podem provocar doenças no 
homem são os vírus, as bactérias, os protozoários e os 
8Epidemiologia e Vigilância Sanitária
helmintos.
Distribuição geográfica: É a região - país, estado, 
cidade, distrito, bairro - onde uma doença ou um agente 
infeccioso ocorre.
Reservatório: Entende-se por reservatório, o habitat 
de um agente infeccioso, no qual este vive, cresce e se 
multiplica. Podem comportar-se como reservatório: o 
homem, os animais e o meio ambiente.
Patogenicidade: É a capacidade do agente infeccioso, 
uma vez instalado no organismo do homem ou de outros 
animais, produzir sinais e sintomas em maior ou menor 
proporção entre os hospedeiros infectados. (ROCHA, 
2014).
Profilaxia: É um conjunto de medidas que tem 
por finalidade prevenir ou atenuar as doenças, suas 
complicações e consequências. Quando a profilaxia 
está baseada no emprego de medicamentos, trata-se da 
quimioprofilaxia. Entretanto, as medidas profiláticas só 
serão eficientes quando se conhecer a epidemiologia da 
doença, isto é, os fatores responsáveis pela existência da 
doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
Período de incubação: É o período entre a penetração 
do agente etiológico no organismo até o aparecimento 
dos primeiros sinais e sintomas clínicos da doença.
Vias de transmissão: São as vias pelas quais o agente 
etiológico passa do reservatório para uma pessoa 
sadia. As principais vias de transmissão de doenças 
são a água, alimentos, esgoto, lixo, enchentes, poeira, 
insetos, perdigoto (gotículas de tosse ou espirro), 
uso compartilhado de seringas, sexo desprotegido. O 
saneamento básico promove a prevenção de doenças por 
meio da interrupção das vias de transmissão de doença 
(TEIXEIRA, 2014).
Vias de penetração: São as vias pelas quais o agente 
etiológico penetra em um indivíduo saudável. As 
principais vias de penetração são a boca, as narinas, a pele 
e os órgãos genitais. (TEIXEIRA, 2014).
Endemias: É uma doença localizada em um espaço 
limitado denominado faixa endêmica. Isso quer dizer 
que endemia é uma doença que se manifesta apenas 
numa determinada região, de causa local ou também, 
uma doença infecciosa e transmissível que ocorre numa 
comunidade ou região e pode se espalhar rapidamente 
entre as pessoas de outras regiões, originando um 
surto epidêmico. Isso poderá ocorrer por causa de um 
desequilíbrio (mutação) do agente transmissor da doença 
ou pelo surgimento de um novo agente (desconhecido).
(TEIXEIRA, 2014).
Pandemias: A pandemia é uma epidemia que atinge 
grandes proporções, podendo se espalhar por um ou 
mais continentes ou por todo o mundo, causando 
inúmeras mortes ou destruindo cidades e regiões inteiras. 
Quando uma epidemia se alastra de forma desequilibrada 
se espalhando pelos continentes, ou pelo mundo, ela é 
considerada uma pandemia (LEAL, et al, 2020).
Hospedeiro: É um organismo que abriga outro 
organismo em seu interior ou o carrega sobre si, seja este 
um parasita, um comensal ou um mutualista, podendo 
ainda ser: 
• Hospedeiro definitivo: É o que apresenta o 
organismo em fase de maturidade ou em fase de 
atividade sexual.
• Hospedeiro intermediário: Hospedeiro 
intermediário é o que apresenta o organismo em 
fase larvária ou em fase assexuada.
Zoonoses: São doenças que pode ocorrer tanto em seres 
humanos como em animais, isto é, o agente infeccioso 
pode passar do ser humano para os animais ou vice-
versa.
4 - Epidemiologia Ambiental
O que vimos até aqui é epidemiologia ligada diretamente 
ao campo da medicina, visão essa trazida por um dos objetivos 
desta ciência que é estudar a distribuição e causas de problemas 
de saúde. Porém, a partir destas linhas, iremos trazer conceitos 
e ideais que ligarão a essencialidade da epidemiologia à prática 
e à vivência do Engenheiro Ambiental e Sanitarista. 
Segundo Goldberg (1990), a epidemiologia começa a 
adaptar e incorporar em seu campo de estudo e atuação novos 
objetos de análise para a determinação de uma doença, deste 
modo ela se apropria dos fatores causais para determinação 
de doenças. Aplicando esses conceitos no campo da saúde 
ambiental, começam a ser desenvolvidos estudos que 
associam fatores de risco ambientais e doenças, estudando 
fatores de risco conforme a variação da exposição.
A Fundação Nacional da Saúde (FUNASA) em sua 
publicação Textos de Epidemiologia para Vigilância Ambiental em 
Saúde (2002) diz que: 
Com a preocupação com a finitude dos recursos 
naturais, e a consolidação da compreensão 
do papel central dos processos produtivos 
como fontes de risco para o ambiente e, 
consequentemente, para a saúde humana, a 
Epidemiologia vem contribuir para tornar 
evidente a relação entre ambiente e agravos 
à saúde. Oferece tanto a possibilidade de 
calcular riscos pela exposição a determinados 
poluentes ambientais como também a 
implantação de programas de intervençãoe mitigação de riscos, tais como sistemas de 
vigilância, monitoramento ambiental, por 
exemplo.
Deste modo, iremos aplicar os conceitos e teorias 
construídos pela epidemiologia às questões de saúde 
ambiental para levantarmos desafios adicionais e específicos 
para estudarmos no decorrer desta disciplina.
4.1- A caracterização do objeto
Os processos de produção são compostos por atividades 
que incluem a extração de matérias-primas, sua transformação 
em produtos, o consumo destes produtos e, finalmente, o seu 
destino final na forma de resíduos. Em todas as etapas destas 
atividades, são geradas situações de risco para a população, 
tanto a trabalhadora, quanto a população consumidora. 
A evolução da ciência e tecnologia, somadas à 
9
necessidade de melhorias nos campos produtivos, faz com 
que uma infinidade de substâncias novas sejam apresentadas 
pelo mercado a cada ano, nos diversos processos de trabalho. 
A cada nova fórmula, novas serão as consequências sobre a 
saúde humana e as características da contaminação ao meio 
ambiente. A toxicidade destas fórmulas não é acompanhada 
de estudos que determinam seus efeitos. Mesmo se tratando 
de substâncias tradicionais, já conhecidas e de uso solidificado, 
somente uma pequena parte é estudada. Somando-se ao fato 
de que os efeitos crônicos de baixa dose à saúde humana 
são praticamente desconhecidos para quase todas estas 
substâncias. 
Caracterizar o objeto que promove o risco à saúde do 
ambiente e consequentemente à saúde humana é desafiador, 
desta forma as fontes de risco de origem química adquiriram 
importância crucial para avaliação e intervenção, desafiando 
os processos epidemiológicos a darem resultados.
Considerar os agentes biológicos e a contaminação 
da água de consumo por esgoto, ou ainda as condições 
ambientais que favorecem a proliferação de vetores são 
de extrema importância. Levar em consideração todos as 
características do meio ambiente e suas principais fontes de 
poluição para determinar todos os possíveis impactos sobre 
a saúde humana, necessita de uma abordagem diferenciada e 
direta dos processos epidemiológicos.
4.2- Interdisciplinaridade
Quando iniciamos esta disciplina, apresentamos todos 
os aspectos conceituais relacionados aos problemas de saúde 
e ao meio ambiente, e fica claro a complexidade para tratar 
deste tema.
 A princípio, devemos usar da metodologia para observar 
que os estudos sobre riscos ambientais devem ser abordados 
de maneira multidisciplinar e assim como analisados por 
equipes multiprofissionais. 
A interdisciplinaridade é um processo de conhecimento 
que, utilizando uma estrutura multidisciplinar, procura 
estabelecer vínculos voltados para a compreensão e explicação 
do universo da pesquisa, superando, dessa forma, a excessiva 
compartimentação científica provocada pela especialização 
das ciências modernas.
Analisemos o exemplo, retirado da publicação da 
FUNASA denominada Textos de Epidemiologia para Vigilância 
em Saúde Ambiental do ano de 2002, a seguir: 
Aplicação do pensar complexo a um estudo 
epidemiológico na área de saúde ambiental. Foi 
um estudo realizado para avaliar a exposição e 
efeitos causados pelas emissões atmosféricas 
de mercúrio metálico provenientes de lojas 
que comercializam ouro na população 
residente e não ocupacionalmente exposta 
do município de Poconé, estado do Mato 
Grosso (CÂMARA et. al, 2000). No processo 
de extração do ouro da natureza, a formação 
de amálgama com o mercúrio metálico é uma 
etapa essencial. Posteriormente este amálgama 
é queimado, purificando o ouro e liberando 
mercúrio para a atmosfera, que se deposita 
no ambiente. O ouro produzido no garimpo 
ainda contém cerca de 3% a 5% de mercúrio 
em sua composição, e por este motivo, nas 
lojas onde é comercializado, é requeimado, 
possibilitando a exposição ao mercúrio para 
os trabalhadores das lojas e, por emissão pelas 
chaminés, também para a população residente 
(FUNASA, 2002, p. 13).
Nota-se a contribuição de diversas áreas do conhecimento 
nas diversas etapas do estudo exemplificado, desde a análise 
até a discussão dos resultados: 
• a meteorologia indicou a direção dos ventos 
necessária para o desenho do plano amostral;
• a geoquímica a distância de até 400 metros a partir 
das lojas como de maior risco para depósito de 
mercúrio no solo; 
• a nutrição o padrão dietético para afastar a 
possibilidade da exposição ser em virtude da ingestão 
de peixes poluídos por metil-mercúrio; 
• a ictiologia na seleção dos peixes para dosagem de 
metil-mercúrio; 
• a odontologia para minimizar a possível influência 
do número de amálgamas dentárias nos resultados;
• a medicina, na elaboração do questionário para 
avaliação dos sintomas e queixas, bem como no 
roteiro do exame clínico foi necessária assessoria 
de clínico geral, neurologista, nefrologista e pediatra 
(FUNASA, 2002, p.13).
Aqui, temos demonstrada a complexidade das situações 
que envolvem saúde e ambiente, e a necessidade de uma 
ampla articulação interdisciplinar no processo de geração de 
conhecimento.
4.3 - A complexidade da situação 
do risco
Descrever sobre complexidade da situação de risco 
é elencar todos os possíveis elementos, que dentro de uma 
interação, no caso desta disciplina, entre saúde e meio 
ambiente que possam ocasionar desequilíbrio. 
O nível de complexidade das interações se reflete 
na especificidade metodológica dos estudos nessa área, 
particularmente na abordagem das variáveis que serão 
avaliadas. Sistematicamente podemos reconstruir as interações 
que envolvem saúde-ambiente a partir dos elementos que 
as compõem classificando-os em variáveis como poluente, 
ambiente, população exposta e infraestrutura do setor saúde, 
por exemplo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Se o poluente for elevado ao número de variáveis que 
devem ser consideradas no desenho e no desenvolvimento 
do estudo, devemos incluir: o tipo, sua fonte, a sua 
concentração no meio, seu potencial de volatilização, odor, 
localização , poder de dispersão, padrão de ocorrência, estado 
físico, cinética ambiental, tipo de solubilidade, transformação, 
persistência no ambiente, vias de absorção, distribuição, 
biotransformação, acumulação, tempo de latência, vias de 
eliminação, tipos de efeitos adversos, etc. (FUNASA, 2002).
Qualquer avaliação de risco deve considerar o melhor 
10Epidemiologia e Vigilância Sanitária
local para a coleta das amostras para análise de poluentes. 
São aspectos importantes para esta coleta a frequência de sua 
ocorrência, sua cinética ambiental, a persistência no ambiente, 
a capacidade de biotransformação, vias de penetração no 
organismo (FUNASA, 2002).
Já as características do ambiente, onde encontramos 
o poluente, podemos destacar as variáveis referentes 
às condições hidrográficas, geológicas topográficas e 
meteorológicas, como por exemplo, os aspectos físico-
químicos dos compartimentos ambientais, a temperatura, os 
ventos, a umidade, a permeabilidade dos solos, a drenagem, a 
concentração da população, a vegetação, as águas superficiais 
e subterrâneas etc. (FUNASA, 2002).
Quanto à exposição da população e suas variáveis, 
devemos considerar o sexo, a idade, a susceptibilidade 
individual, os grupos especiais, o estado nutricional, a raça, a 
escolaridade, as características socioeconômicas, a ocupação, 
os padrões de consumo, os hábitos e as doenças prévias. Se 
um indivíduo apresentar um bom padrão de condições de 
vida como boa alimentação e acesso a informações, terá um 
risco menor de exposição para muitos fatores adversos do 
ambiente para a saúde e que estão relacionados a áreas de 
baixa situação socioeconômica. 
Precisa citar os grupos especiais e de maior risco, como 
as crianças e adolescentes, em fase de desenvolvimento 
físico os idosos, pela diminuição da resistência orgânica, 
e, especialmente as gestantes, em que muitas substâncias 
químicas podem atravessar a barreira placentária e causar 
lesões congênitas no feto. Desta maneira, devemos priorizara saúde das mulheres em período de amamentação, uma vez 
que uma grande quantidade de substâncias perigosas pode ser 
eliminada do organismo através do leite materno. 
Finalmente, devemos considerar as variáveis relacionadas 
à infraestrutura de saúde e os ambientes necessários para o 
desenvolvimento de qualquer avaliação de risco, e que incluem 
os recursos humanos, os equipamentos, o apoio laboratorial, 
os programas de prevenção e controle, os programas de 
reabilitação, a seguridade social, etc. 
Podemos observar que uma equipe de pesquisa 
interessada em avaliar o risco em saúde ambiental contará 
com a participação de profissionais de diversas origens, 
desde a concepção do estudo até as recomendações, com o 
objetivo de proteger a saúde. O conhecimento gerado a partir 
de diversas áreas é indispensável, nos aspectos específicos 
relacionados a variáveis epidemiológicas que avaliam o risco 
e particularmente os relacionados aos agentes químicos que 
poluem os diversos elementos ambientais. 
A epidemiologia versa sobre dados, avaliando e 
produzindo informação e conhecimento. 
Chegamos ao fim da primeira aula, e espero que 
tenha ficado mais claro os conceitos e definições de 
epidemiologia, e principalmente o conceito de saúde 
ambiental e suas aplicações.
Retomando a aula
1 - Introdução 
Na seção introdutória, estudamos sobre a definição e os 
conceitos de epidemiologia, conhecendo assim esta ciência 
como ferramenta de criação de dados. Abordamos alguns 
conceitos de saúde que estão dentro da área da medicina, que 
futuramente serão bases para entendermos a complexidade 
do termo saúde ambiental. 
2 - A História de Epidemiologia
Nesta seção, trouxemos os marcos históricos da 
epidemiologia, os primeiros marcos datados antes de Cristo, 
passando pela Grécia antiga e os registros de Hipócrates, e 
o desenvolvimento desta ciência com os relatos de John 
Snow no século XIX, e outro grandes nomes que além de 
contribuírem para evolução desta ciência, também deixaram 
um legado no campo da pesquisa e desenvolvimento. 
3 - Conceitos Básicos
Nesta terceira seção, estudamos os conceitos básicos da 
epidemiologia, alguns diretamente ligados à medicina, mas 
como descrito acima, são de extrema essencialidade, pois 
contribuirão para a formação da visão sobre a saúde ambiental 
como um tema de exigências multidisciplinares.
4 - Epidemiologia Ambiental
Para finalizarmos esta aula, trouxemos o conceito de 
epidemiologia ambiental, aplicando o conhecimento científico 
na produção de dados que irão nos fornecer ferramentas para 
promover o equilíbrio entre saúde humana e meio ambiente. 
Dentro desta seção, abordamos a necessidade de caracterizar o 
objeto de estudo, o conceito de interdicisplinaridade de grande 
necessidade para aplicação das ferramentas epidemiológica 
no campo da saúde e meio ambiente, e a complexidade da 
situação que nos chama a atenção para todos os pontos que 
devemos levar em consideração. 
Textos de Epidemiologia para Vigilância em Saúde Ambiental 
– Fundação Nacional da Saúde, 2022. Este documento 
traz as principais definições e conceitos de epidemiologia 
ambiental, e é destinado aos profissionais que trabalham 
nesta área no setor público.
Vale a pena ler
Vale a pena
FIOCRUZ: https://portal.fiocruz.br/areas-de-
pesquisa no link pesquisa, você encontrará diversos estudos 
fundamentados na epidemiologia, além de estudos da área 
de medicina e meio ambiente.
Vale a pena acessar

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