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CÂNCER DE TESTÍCULO 1 CÂNCER DE TESTÍCULO UROLOGIA https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 2 CÂNCER DE TESTÍCULO CONTEÚDO: LEANDRO MARCHETTI BRUNO CURADORIA: NATÁLIA VERDIAL https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 3 SUMÁRIO ANATOMIA ...................................................................................................... 4 FATORES DE RISCO ...................................................................................... 5 QUADRO CLÍNICO E PERFIL DO PACIENTE ............................................. 6 CLASSIFICAÇÃO E ESTADIAMENTO ......................................................... 8 TRATAMENTO PRIMÁRIO .......................................................................... 11 TRATAMENTO DA MASSA RESIDUAL .................................................... 12 PROGNÓSTICO ............................................................................................. 14 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 16 https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 4 ANATOMIA Para entender bem o câncer de testículo é necessário o entendimento de sua anato- mia. Os testículos são normalmente dois e localizam-se dentro de uma bolsa. Este lo- cal é conhecido como “escroto”, sendo composto por uma bolsa de pele, fáscia e músculos. Além dos testículos, esta bolsa contém, também, os epidídimos e os ele- mentos do funículo espermático. Cada testículo se localiza em um compar- timento individual dentro do escroto, sem comunicação entre eles, separados pela rafe mediana. Desta forma, uma aborda- gem cirúrgica deve sempre levar em conta a localização da estrutura-alvo e a neces- sidade, ou não, de abordagem testicular bilateral. Uma incisão única na rafe medi- ana pode dar acesso, portanto, a ambos os testículos, tornando o procedimento me- nos invasivo, principalmente em termos de anestesia local para o conforto do paci- ente. Uma vez programando o acesso cirúrgico aos testículos, devemos conhecer as ca- madas de tecido que o envolvem. Iniciando pela porção mais externa (onde será a pri- meira incisão), há uma camada de pele. Aprofundando imediatamente, encontra- se a túnica Dartos, composta de fibras de músculo liso, contínua com as fáscias peri- neal e superficial do abdome. Seguindo, há a túnica espermática externa, proveniente da aponeurose do músculo oblíquo ex- terno. O músculo oblíquo interno forma a próxima camada, a túnica cremastérica. Em seguida, encontram-se a túnica esper- mática interna (proveniente da fáscia transversalis) e a túnica vaginal (com fo- lhetos parietal e visceral). Os testículos, por sua vez, também pos- suem regiões anatômicas. Eles são dividi- dos em polos (superior e inferior), margens (lateral e medial) e faces (anterior e poste- tior). A face posterior é coberta pelo epidí- dimo. A vascularização arterial provém de 3 ra- mos arteriais principais: A artéria testicular (ramo direto da aorta), artéria deferencial e artéria cremastérica (ramo da ilíaca in- terna). Já a circulação venosa é realizada pelo plexo pampiniforme que origina a veia testicular no anel inguinal interno. A veia testicular esquerda desemboa diretamente na veia renal esquerda, enquanto a veia testicular direita desemboca na veia cava inferior. Esta diferença de ângulo de en- trada explica a marcante maior prevalência de varicocele à Esquerda (ângulo mais “reto”, desfavorável). A drenagem linfática utiliza linfonodos in- guinais superficiais. O testículo direito pos- sui circulação linfática que drena para os linfonodos retroperitoneais no pedículo https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 5 renal, na veia cava inferior e entre a cava inferior e a aorta. Já a drenagem do testí- culo esquerdo segue para os linfonodos do hilo renal esquerdo e da aorta. O tratamento das lesões malignas testicu- lares é totalmente dependente do acome- timento vascular e linfático. A indicação e a programação cirúrgica requerem bom conhecimento da localização anatômica do tumor e de um bom estadiamento. O trata- mento adequado deve sempre ter como fator importante estes dados aliados a um bom conhecimento anatômico e, desta forma, o prognóstico do paciente é direta- mente afetado. FATORES DE RISCO Dentre os fatores de risco para o câncer de testículo, os mais amplamente conhecidos e aceitos são: a criptorquidia, história de tumor contralateral prévio, histórico fami- liar e infertilidade ou subfertilidade. Exis- tem, porém, alguns conflitos na literatura sobre possíveis fatores de risco, com evi- dências controversas. Os principais fatores de risco “possíveis” são microlitíase testi- cular, vasectomia prévia, trauma escrotal, hérnia inguinal e tabagismo. A criptorquidia é a malformação genital mais comum da infância e corresponde à presença do testículo em diferentes partes do canal inguinal. Embora o testículo possa apresentar “falha na descida” e ser encon- trado ainda na cavidade abdominal, esta entidade erroneamente classificada por muitos como um caso de criptorquidia, na verdade é adequadamente classificado como testículo ectópico (testículo fora do canal inguinal ou da bolsa testicular). O testículo abdominal corresponde a 15% dos casos de não-descida adequada. O restante é composto pelos casos de crip- torquidia, sendo 25% inguinais e 60% es- crotais. É descrito um aumento de até 8 vezes na chance do paciente desenvolver câncer ipsilateral à criptorquidia prévia, sendo, desta forma, fator de risco importante e mais que comprovado. Por este motivo, o diagnóstico e o tratamento na criança de- vem ser realizados de forma precoce. Alguns fatores de risco são bem descritos, como a já citada criptorquidia, mas o me- canismo de formação tumoral ainda não é comprovado e existem algumas teorias para justificar o risco aumentado. A pri- meira teoria é chamada “in útero” e indica que a mesma informação genética que faz o testículo descer também é a informação defeituosa que leva à formação do câncer. Já a teoria da posição, a mais conhecida, atribui a posição inadequada testicular à carcinogênese, uma vez que o testículo é exposto a temperatura inadequada e há https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 6 mecanismos autoimunes gerando agres- são e consequente formação do câncer. O mais aceito, atualmente, é que provavel- mente haja uma combinação de ambos os mecanismos agindo concomitantemente. Uma abordagem muito importante relacio- nada à prevenção de risco é a orquidope- xia. A cirurgia para o posicionamento ade- quado e fixação testicular à bolsa, é res- ponsável por uma redução do risco de for- mação do câncer particularmente melhor quando realizada mais precocemente (an- tes dos 11 anos de idade). A presença de tumor de testículo aumenta em 12 vezes o risco do surgimento de um tumor contralateral. E quanto mais precoce for o surgimento do câncer, maior a chance de ocorrer acometimento do outro lado. Um seminoma que acomete um jovem me- nor de 30 anosapresenta, por exemplo, 4 vezes mais chance de acometimento con- tralateral que o mesmo tumor que surge em um paciente com idade maior que 30 anos. O histórico familiar possui fator impor- tante, porém com uma particularidade in- teressante. Se o pai de um paciente apre- sentou câncer de testículo, a chance deste paciente vir a apresentar é 4 vezes maior que o da população geral. Porém, se o fa- miliar deste paciente que apresentar cân- cer testicular não for o pai, mas sim seu irmão, o risco do nosso paciente desenvol- ver também câncer testicular é dobrado, 8 vezes o da população em geral. É impor- tante notar que o histórico familiar é tão marcante que não modifica com a migra- ção. Mesmo que o paciente migre para re- gião menos prevalente e lá seja criado, seu risco continua o mesmo (fator genético). A infertilidade é, também, fator de risco e é descrito um aumento de 20 vezes na chance de desenvolver câncer testicular num paciente infértil com espermograma alterado em relação à população geral. A teoria in útero da carcinogênese também é aplicada neste raciocínio. Estima-se que a superexposição estrogênica seja a causa, uma vez que é descrito, embora contro- verso, maior número de casos de câncer de testículo em filhos de mães que fizeram es- trogenioterapia na gestação (mais câncer e mais alteração de espermograma). QUADRO CLÍNICO E PERFIL DO PACIENTE O câncer de testículo é entidade rara, com acometimento estimado entre 1 e 2% da população. A faixa etária mais acometida é a de pacientes jovens, usualmente vari- ando entre 15 e 35 anos. Embora apre- sente alta taxa de cura (aproximadamente até 96%), sua incidência vem aumentando, principalmente em áreas industriais e muito populosas. A desinformação, https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 7 infelizmente, faz com que muitos pacien- tes procurem atendimento somente em fa- ses mais avançadas de doença, tornando esta chance de cura menos provável. As regiões geográficas apresentam dife- renças populacionais entre si, em relação à prevalência. Os países escandinavos, por exemplo, possuem prevalência de até 9 casos por 100 mil habitantes na Noruega e Dinamarca. Há 30 anos atrás, a incidência era de 7 casos por 100 mil habitantes. Para fazer um comparativo, a atual prevalência brasileira é de apenas 2,2 casos por 100.000. A prevalência maior na raça branca talvez seja um fator importante para esta diferença tão marcante de aco- metimento. O tumor mais comum é do tipo células ger- minativas e corresponde por 95% de todos os casos. Estes tumores são divididos em subtipos seminomatosos e não-semino- matosos. Os tumores seminomatosos são mais frequentes e correspondem a 50% de todas as neoplasias de células germinati- vas e acometem os pacientes geralmente entre 30 e 40 anos de idade. Em geral, os tumores não-seminomatosos possuem di- agnóstico em idade mais precoce, entre os 20 e 30 anos. A média geral de todos os tumores é de diagnóstico aos 34 anos (en- tre 20 e 44 anos em 76% dos casos). O acometimento de crianças é muito raro, especialmente em menores de 13 anos de idade. Porém, em caso de diagnóstico de tumor testicular em paciente com este per- fil, deve-se aventar a hipótese de tumor benigno, em geral, cisto. Os casos malig- nos (ainda mais raros), correspondem a tu- mores de saco vitelínico e teratomas. O grande divisor de águas em relação ao tipo histológico de acometimento tumoral é a puberdade. A partir daí, os tumores be- nignos (antes, maioria), caem para apenas 38% dos casos, enquanto o tumor mais comum passa a ser o carcinoma embrioná- rio. Com o passar dos anos, no idoso (acima de 60 anos), o principal acometi- mento é por linfoma. Nesta faixa etária, os tumores de células germinativas (semino- mas) correspondem a apenas 20% dos ca- sos. Os demais tumores possíveis desta faixa são os sarcomas, mesoteliomas, tu- mores de cordão espermático e as metás- tases. O prognóstico e a conduta em cada perfil de paciente, assim como para cada tipo histológico, tem suas particularidades. À suspeita clínica de tumor testicular, o diag- nóstico deve ser precoce para melhor pos- sibilidade terapêutica. A simples informa- ção da idade do paciente, aliada à região onde se encontra, pode modificar comple- tamente a hipótese diagnóstica em relação https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 8 ao tipo histológico e, consequentemente, a conduta. Em geral, a chance de cura é elevada, mas a anamnese e o exame físico adequado são de extrema importância para evitar a de- mora no diagnóstico. CLASSIFICAÇÃO E ESTADIAMENTO A classificação histológica é o primeiro passo para nortear o tratamento e indicar o tipo de seguimento dos pacientes com câncer de testículo. Os tumores mais co- muns são do tipo células germinativas, que derivam de células pluripotenciais do epi- télio germinativo testicular. Estas células podem, portanto, formar variados tipos histológicos. O estadiamento dos tumores de testículo possui uma particularidade importante: é feito após a orquiectomia, pois requer o re- sultado do anatomopatológico. Além da ci- rurgia, a tomografia é utilizada e, também, exames laboratoriais são utilizados para definir estadiamento adequado e conduta para o paciente acometido. A avaliação inicial do paciente conta com anamnese detalhada e exame físico como de costume. Após suspeita de câncer de testículo, o mesmo deve ser submetido a avaliação tomográfica de tórax, abdome e pelve. Em caso de suspeita de metástase, a avaliação deve também contemplar to- mografia computadorizada de crânio e cin- tilografia óssea. Além disso, os exames la- boratoriais devem ser colhidos antes e após a cirurgia. Deverão ser dosadas a al- fafetoproteína, o beta-HCG e o LDH. O estadiamento segue o TNM clássico, mas logicamente possui as particularida- des já citadas em relação, por exemplo, aos exames laboratoriais. Tx é considerado quando o tumor não é avaliado, quando, por exemplo, a orquiectomia não foi reali- zada. T0 é quando não há evidência de um tumor primário. Já o Tis é o carcinoma in situ (neoplasia de células germinativas in- tratubular). T1 indica um tumor limitado ao testículo e ao epidídimo, sem invasão vas- cular ou linfática (pode invadir a túnica al- bugínea, mas não a vaginal). Quando há extensão para túnica vaginal ou invasão vascular ou linfática, trata-se de um T2. Já os tumores T3 invadem o cordão espermá- tico e os T4 invadem o escroto. O estadiamento “N” é utilizado inicial- mente apenas com a avaliação clínica e, depois, modificado pela avaliação patoló- gica, pós-linfadenectomia. Neste caso, é identificado por “pN”. Quando não há ava- liação linfonodal, trata-se de Nx; Se não há metástases para linfonodos retroperitone- ais, é um N0. Já os tumores N1 apresentam metástases linfonodais menores ou iguais a 2cm. Os N2 entre 2cm e 5cm e os N3 em https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 9 metástase linfonodal maior que 5cm. Os casos pN0 também são tumores sem me- tástase para linfonodo retroperitoneal. Os pN1 apresentam metástase para 5 ou me- nos linfonodos, com até 2cm. Os pN2 aco- metem mais de 5 linfonodos menores que 2cm ou menos de 5 linfonodos entre 2 e 5cm ou em casos de extensão extragona- dal. Já os pN3 são aqueles com metástase em linfonodos maiores que 5cm. A classificação por metástases (“M”) segue o padrão: Mx quando as metástases não foram avaliadas, M0 na ausência das mes- mas, M1 com metástases à distância. Há, ainda, diferenças entre M1a, onde há me- tástasespulmonares ou linfonodais não- regionais e M1b, para as metástases em outros locais. Por final, a classificação “S” utiliza os marcadores séricos. Sx onde não foram dosados; S0 sem alterações. S1 apresenta LDH < 1,5 vezes o normal, Beta-HCG <5.000 U/L e alfafetoproteína < 4.000. Já o S2 apresenta LDH entre 1,5 e 10 vezes o normal, Beta-HCG entre 5.000 e 50.000 e alfafeto entre 1.000 e 10.000. Por fim, S3 apresenta LDH > 10x o normal, Beta-HCG > 50.000 e alfafeto > 10.000. Esta divisão complexa é agrupada em es- tádios de I a III, com subdivisões, para ten- tar facilitar a avaliação e a conduta. Basta saber que os tumores S0-1 são estádios IIa, os N2 são estádio IIb e os N3 estádio IIc. A partir de M1 é estádio III. Os objetivos incluem avaliação prognóstica, de risco de recorrência e de metástase à distância. Como regra geral, os seminomas costu- mam apresentar bom prognóstico e deve- mos atentar para os pacientes com alfafeto > 10.000, Beta-HCG > 50.000, LDH > 10x o valor normal, metástases viscerais extra- pulmonares e tumor primário mediastinal como os de pior prognóstico. A sobrevida geral em 5 anos, nesses casos, é de apenas 48% e a livre de doença 41%, sendo estes 16% de todos os casos. Tabela 1 – Estadiamento TNMS 2010 (não modificado de 2002) Estádio TNMS Descrição Tumor primário (pT) Pás-orquiccromia radical pTx Tumor não avaliado. Em caso de não realização de orquiectomia, utilizar cTx pTO Sem evidência de tumor primário pTis Neoplasia de células germinativas intrambular (carcinoma in si.) https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 10 pT1 Tumor limitado ao testículo e ao epillídimo sem invasão vascular ou linfática: tumor pode invadir a túnica albug(nea, mas não a túnica vaginal pT2 Tumor limitado ao testículo e ao epidfdimo com invasão vascular ou linfáti- mou extensão até a túnica vaginal pT3 Tumor invade o cordão espermático pT4 Tumor invade o exroto Linfonodos regionais (N) Avaliação clínica Nx Linfonodos não avaliados N0 Ausência de metástases em linfonodos retroperitoneais N1 Metástase linfonodal menor ou igual a 2 cm N2 Metástase linfonodal maior que 2 cm e menor ou igual a 5 cm N3 Metástase linfonodal maior que 5 cm Avaliação patológica (pós-linfadenectomia) pN0 Ausência de metástase em linfonodos retroperitoneais pN1 Metástase em 5 ou menos linfonodos com até 2 cm pN2 Metástase em mais de 5 linfonodos menores que 2 cm ou em menos de 5 linfonodos com diâmetro entre 2 e 5 cm ou evidência de extensão extragonadal pN3 Metástases em linfonodos maiores que 5 cm Metástases a distância (M) Mx Metástases a distância não avaliadas M0 Ausência de metástases a distância M1 Metástases a distância M1a Metástases pulmonares ou em linfonodos não regionais M1b Metástases em outros locais Marcadores minorais séricos (S) Sx Marcadores não disponíveis ou não realizados S0 Marcadores dentro da normalidade https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 11 S1 DHL <1,5 vezes o VN, beta-HCH <5.000 Ul/L e alfafetoproteína <4.000 ng/ml S2 DHL 1,5-10 vezes o VN, beta-HCG entre 5.000-50.000 Ul/L ou alfafetoproteína entre 1.000-10.000 ng/ml S3 DHL >10 vezes o VN, beta-HCG >50.000 UI/L ou alfafetoproteína >10.000 ng/ml TRATAMENTO PRIMÁRIO O tratamento das neoplasias malignas de testículo deve ser individualizado entre o tratamento primário e a conduta em caso de massa residual pós-terapia inicial. Em relação ao tratamento primário, devemos subdividir a estratégia de acordo com o tipo de tumor. Os seminomas e os tumores não-semino- matosos em geral indicam abordagem com orquiectomia radical e terapia adjuvante. A grande diferença, porém, está na linfade- nectomia retroperitoneal que não é reco- mendada para estes tumores, pois não modifica desfecho e ainda está associada a elevada incidência de recidiva local. A conduta nos tumores seminomatosos pode ser feita de acordo com o quadro em 3 modalidades: Observação vigilante, qui- mioterapia e radioterapia. Além das carac- terísticas do tumor, o perfil do paciente também irá nortear a escolha adequada. Em relação à observação vigilante, so- mente os pacientes com tumor de baixo risco e seguimento confiável são eletivos para esta modalidade. Este último quesito é de extrema importância, pois trata-se de um controle minucioso que exige um acompanhamento de perto da evolução do caso. Devemos atentar para os tumores maiores que 4 cm e aqueles com invasão da rede testis, pois possuem mais alto risco de metástases ocultas. É importante sali- entar a importância do histopatológico no contexto do tumor de testículo. Ausência de informação sobre a rede testis é consi- derado laudo de baixa qualidade e insufici- ente para definir conduta. Este tipo de mo- dalidade só poderá ser oferecido a pacien- tes em estádio 1. A radioterapia possui algumas particulari- dades. Sua principal indicação é feita para tumores de estádio 1, para os quais possui bons resultados, com taxa de cura em torno de 95%. Os seminomas, em geral, são radiossensíveis e a quimioterapia de resgate apresenta boa resposta, tornando, https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 12 portanto, a radioterapia como opção inicial boa e segura nestes casos. Não podemos, todavia, ignorar os pontos negativos ine- rentes ao tratamento redioterápico. Dentre eles, os principais são a possibilidade de causar infertilidade (a idade e a vontade de constituir prole são fatores importantes a serem considerados) e a possibilidade de predisposição a uma segunda neoplasia maligna. As indicações para esta modali- dade são tumores de baixo volume, so- mente até o estádio 2B. A quimioterapia é utilizada principalmente como terapia adjuvante e não como moda- lidade isolada. Seu uso é bem indicado na adjuvância de pacientes de alto risco, mas também é considerada útil nas recorrên- cias e em todos os estádios. O uso da qui- mioterapia como tratamento primário nor- malmente só é feito a partir do estádio 2C. Estudos recentes sugerem que seu uso em dose única pode gerar resultados seme- lhantes aos de sessões múltiplas. O princi- pal ponto negativo é a alta toxicidade e, por muitas vezes, baixa tolerância pelo pa- ciente. A grande diferença em relação à conduta para os tumores não-seminomatosos é que estes tumores classicamente não res- pondem à radioterapia. A cirurgia também é de extrema importância para o correto estadiamento e para o tratamento inicial e, conforme mencionado, a linfadenectomia retroperitoneal nestes casos já é indicada formalmente desde o estádio 1. A quimio- terapia será a opção de escolha em caso de necessidade de terapia adjuvante. TRATAMENTO DA MASSA RESIDUAL Após o tratamento inicial do tumor de tes- tículo, está indicado acompanhamento ri- goroso do paciente, principalmente após quimioterapia para avaliação da possibili- dade de presença de massas residuais. A pesquisa é feita com exames de imagem e possui como objetivo predizer se há do- ença em atividade, teratoma ou fibrose re- sidual pós-QT. A pesquisa será norteada pelo tipo de es- tadiamento inicial do tumor, avaliando a resposta ao tratamento proposto. Os exa- mes de imagem possuem papel impor- tante neste tema. Inicialmente a pesquisa é feita com tomografia e, em casos suspei- tos, deve ser feita complementação com PET-CT. Em caso de tumor primário do tipo não-se- minomatoso, está indicada a ressecção da massa residual. Mesmo em caso de pre- sença de vários sítios, a conduta deve ser a abordagem de todosestes (retroperito- neal, pescoço, tórax...). Esta conduta deve https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 13 ser feita, porém, somente após a normati- zação do perfil laboratorial. O uso da quimioterapia usualmente apre- senta boa resposta, podendo alcançar re- dução de até 90% da massa tumoral. Ou- tro fato importante que comprova isto é que geralmente não há mais célula germi- nativa viável ou teratoma na peça cirúrgica ressecada após QT. Os tumores de células germinativas pos- suem indicação de linfadenectomia, pois além de avaliação prognóstica, esta abor- dagem faz parte também da terapêutica. A técnica cirúrgica de preservação do feixe nervoso deve ser preconizada e, quando bem feita, consegue manter o mecanismo ejaculatório em até 95% dos casos. A inci- dência de tumor viável na peça cirúrgica é de até 15% e de teratoma chega até a 60%. Estes resultados dependem do vo- lume tumoral pré-tratamento, da histolo- gia do tumor primário e do tipo de quimio- terapia aplicada antes da cirurgia. O res- tante da peça geralmente é composto ape- nas por tecido fibrótico. A identificação de teratoma, embora trate- se de tumor benigno, geralmente indica ressecção. O primeiro motivo é que a qui- mioterapia e a radioterapia geralmente não são eficazes. Em segundo lugar, existe o risco da ocorrência da chamada “Síndrome do teratoma em crescimento”, onde o tumor apresenta crescimento acelerado e exacerbado, podendo comprometer a fun- cionalidade de estruturas adjacentes como o ureter ou causar obstrução de estruturas vasculares. Em termos de sobrevida, a maior chance é avaliada após a linfadenectomia. Os me- lhores resultados dependem de 3 fatores principais: uma ressecção completa, a clas- sificação histológica favorável e presença de menos de 10% de células malignas viá- veis na peça. A quimioterapia pós-opera- tória apresenta benefícios a pacientes que apresentem apenas um destes 3 fatores, mas não tem bons resultados (e, portanto, sem indicação de uso) em pacientes sem nenhum ou com mais de um fator. Em caso de tumores irressecáveis, peça ci- rúrgica com margens positivas ou pre- sença de marcadores laboratoriais altera- dos, poderá ser realizada terapia de res- gate. Dados da literatura sugerem resulta- dos favoráveis a este tipo de modalidade em casos específicos. Após ressecção de massa e quimioterapia neoadjuvante, por exemplo, até 2/3 dos pacientes permane- cem livre de doença no seguimento. E após ressecção de teratoma ou necrosem com linfadenectomia, o risco de recidiva é con- siderado menor que 10%. Já em caso de seminoma puro, com massa residual pós- QT, todavia, não há consenso. https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 14 Os teratomas em massa residual de semi- noma são muito raros (diferente dos não- seminomatosos) e a morbidade periopera- tória dos seminomas é maior que a dos não-seminomas, além da cirurgia ser con- siderada desafiadora. O objetivo, portanto, é operar a massa residual mesmo que se- jam necessárias abordagens de múltiplos sítios, uma vez que a morbidade é aceitá- vel e o aumento da sobrevida em anos é real. PROGNÓSTICO O prognóstico dos tumores de testículo depende diretamente da análise histopa- tológica e uma confecção adequada do laudo é de extrema importância para defi- nir o estadiamento, o grau de risco da do- ença, a conduta indicada e, consequente- mente, o prognóstico do paciente. Um bom laudo histopatológico na avalia- ção de tumores de testículo deve conter sempre o lado do tumor (tanto a identifica- ção de qual testículo está acometido, quanto a localização do tumor no testículo em si). Além disso, deve estar descrita in- vasão (ou não) de epidídimo e da rede tes- tis. O acometimento da rede testis confi- gura alto risco de metástase oculta e, por- tanto, deve estar claramente descrita sua avaliação no laudo. Além disso, a avaliação do cordão espermático e das túnicas vagi- nal e albugínea também deve estar presente. E, por fim, a análise dos cotos proximal e distal do cordão deve ser des- crita. Em caso de histopatologia duvidosa, o exame deverá ser complementado com imunohistoquímica. Em relação ao paciente que apresenta me- tástase, o prognóstico depende do tipo histológico do tumor. Nos seminomas, o prognóstico é ruim em tumores maiores que 4cm, naqueles com invasão da rede testis (fator prognóstico importante, como já mencionado) e em casos de invasão vas- cular. No caso dos tumores não-seminomatosos, o pior prognóstico está relacionado à inva- são vascular e linfática, além de extensão peritumoral. Além disso, a presença de carcinoma embrionário em mais de 50% da peça analisada também confere mal prognóstico. Ao contrário, na identificação de teratoma maduro, o mal prognóstico é conferido ao tumor que apresenta esta ca- racterística histológica em menos de 50% da peça. Outros fatores desfavoráveis são a ausência de tumor de saco vitelínico, a presença de coriocarcinoma e o índice de DNA (poliploidia). Já o carcinoma in situ é uma alteração con- siderada pré-invasiva e precursora das ne- oplasias germinativas (excero seminoma espermatocítico). Até 50% de todos os pa- cientes não-tratados desenvolve neoplasia https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 15 em apenas 5 anos. Seu acometimento é estimado em 0,8% da população mascu- lina. O prognóstico, portanto, é basica- mente relacionado à alta chance de gerar transformação maligna. O câncer de testículo em si é uma doença de baixa incidência, motivo pelo qual não há rastreio populacional. A indicação de rastreio se dá apenas para casos de alto risco, como em pacientes com tumor extra- gonadal e na intersexualidade. Está indi- cada realização de biópsia contralateral em casos de neoplasia extragonadal de células germinativas, criptorquidia, inferti- lidade e atrofia testicular. Além do tratamento adequado e do diag- nóstico precoce, os pacientes devem ser acompanhados adequadamente, uma vez que a recorrência pode modificar o prog- nóstico. A avaliação começa no momento da suspeita diagnóstica, passando pelos exames de imagem e laboratoriais e modi- fica após a orquiectomia (histopatológico). Após o tratamento inicial, a avaliação de possível massa residual e a resposta às te- rapias adjuvantes definirão as possíveis al- terações no prognóstico do paciente. https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home CÂNCER DE TESTÍCULO 16 @jalekoacademicos Jaleko Acadêmicos @grupoJaleko REFERÊNCIAS JUNIOR, A. N.; FILHO, M.Z.; REIS, R.B.R. Urologia Fundamental. Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). São Paulo: PlanMark, 2010. WEIN, A. J.; CAMPELL-WALSH. Urology. 11a ed. Rio de Jalneiro: GEN Guanabara Koogan, 2020 Guidelines AUA 2020. American Urological Association. VISITE NOSSAS REDES SOCIAIS https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.jaleko.com.br/home https://www.instagram.com/jalekoacademicos/?hl=pt-br https://www.jaleko.com.br/home https://www.youtube.com/channel/UCoGDzJkGOb2YfM-VQ9rJyMg https://www.jaleko.com.br/home https://www.facebook.com/grupoJaleko/ Anatomia Fatores de risco Quadro clínico e Perfil do paciente Classificação e estadiamento Tratamento primário Tratamentoda massa residual Prognóstico Referências