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ODONTOLOGIA GERAL Cuidados odontológicos durante o surto da doença causada pelo coronavírus 2019 (COVID-19): considerações operatórias e aspectos clínicos Dr. Itzhak Abramovitz / Dr. Aaron Palmon / Me. Dr. David Levy / Me. Dr. Bekir Karabucak / Dr. Nurit Kot-Limon / Dr. Boaz Shay / Me. Dra. Antonia Kolokythas / Me. Dr. Galit Almoznino Objetivos: Este artigo tem como objetivo abordar a necessidade urgente do desenvolvimento de um protocolo que atenda aos aspectos operacionais e clínicos do atendimento odontológico durante o surto da doença causada pelo Coronavírus 2019 (COVID-19). Fontes de dados: Apresentamos a epidemiologia, sinais e sintomas clínicos e os modos de transmissão da COVID-19. Este protocolo foi criado com a colaboração internacional de três universidades de Odontologia: Faculdade de Medicina Dentária Hadassah, Israel; Centro Médico da Universidade de Rochester, EUA e a Universidade da Pensilvânia, EUA. Este protocolo baseia-se na revisão detalhada da literatura existente em inglês, bem como na logística e na experiência clínica de cada instituição e na opinião dos autores. O protocolo está destinado aos estabelecimentos hospitalares e inclui considerações relacionadas ao tratamento odontológico dos indivíduos saudáveis e daqueles com suspeita ou diagnosticados com a COVID-19. A primeira parte desta revisão discute as considerações operacionais; a segunda parte discute os aspectos clínicos dentários gerais; a terceira discute as considerações endodônticas e a quarta parte discute os aspectos cirúrgicos. Este protocolo pode ser aplicável a futuras pandemias semelhantes. Conclusão: As etapas de logística e clínica são necessárias para fornecer o atendimento odontológico durante o surto de COVID-19, evitando a contaminação cruzada e protegendo a equipe odontológica durante a prestação do atendimento. (Quintessence Int 2020; 51: 418–429; doi: 10.3290/j.qi.a44392) Palavras-chave: coronavírus, COVID-19, dentário, endodontia, controle da infecção, pulpite Uma nova doença surgiu em Wuhan, na China, no final de 2019.1,2 Ela foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 12 de fevereiro de 2020 como uma doença causada pelo coronavírus 2019 (COVID-19).3 A enfermidade é causada pela Síndrome Respiratória Aguda Grave, provocada pelo coronavírus-2 (SARS-CoV-2 ).2 O vírus se espalhou exponencialmente pelos países ao redor do mundo,4 como pode se observar na visualização, em tempo real, dos casos confirmados globalmente.5,6 O aumento exponencial finalmente levou a OMS a declarar a COVID-19 como uma pandemia.7 Subsequentemente, em 16 de março de 2020, a American Dental Association (ADA) recomendou que os dentistas em todo o país adiassem os procedimentos eletivos das três semanas seguintes,8 levando à recomendação do Ministério da Saúde de Israel (MOH) de adiar os procedimentos odontológicos eletivos.9 A ADA propôs orientações sobre quais condições considerar como emergências odontológicas e o atendimento odontológico não emergencial.10 Como emergência odontológica, as diretrizes da ADA definiram o seguinte10: ■ As emergências dentárias são potencialmente fatais e requerem tratamento imediato para interromper o sangramento tecidual contínuo ou aliviar dor acentuada ou infecção. ■ Os atendimentos odontológicos urgentes são condições que requerem atenção imediata para aliviar a dor intensa e / ou o risco de infecção. A ADA recomenda, especificamente, que os dentistas devem usar o julgamento profissional para determinar a necessidade de atendimento urgente ou emergencial.10 Este artigo tem como objetivo abordar a necessidade urgente de desenvolver um protocolo que inclua as diretrizes para o atendimento odontológico durante o surto de COVID-19. Esse protocolo foi estabelecido para o ambiente hospitalar e inclui considerações relacionadas ao tratamento odontológico dos indivíduos saudáveis e daqueles com suspeita ou diagnóstico de COVID-19. As considerações operatórias e clínicas são discutidas com foco especial nos cuidados endodônticos e cirúrgicos. O tratamento endodôntico apresenta desafios únicos, é complexo, requer mais tempo em comparação com outros procedimentos odontológicos e envolve equipamentos especiais, como microscópios e aparelho de ultrassom. Geralmente, necessita-se de avaliação em longo prazo dos resultados do tratamento. Serão discutidas as etapas logísticas e clínicas necessárias para o tratamento dos procedimentos de cuidados odontológicos urgentes comuns, principalmente as urgências endodônticas, incluindo o diagnóstico pulpar e periapical, de acordo com a terminologia diagnóstica recomendada pela Conferência de Consenso da Associação Americana de Endodontistas (AAE) 11. O objetivo é fornecer atendimento odontológico emergencial e urgente aos pacientes para evitar a contaminação cruzada e proteger os prestadores de cuidados odontológicos durante a consulta. Apresentação clínica Os sintomas comuns da COVID-19 incluem febre, tosse seca, dispneia, produção de escarro, fadiga, anorexia, mialgia e diarreia.7,12,13 Embora a maioria dos pacientes apresente sintomas leves, a sintomatologia grave, como febre alta, pneumonia, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e insuficiência renal podem, em algum momento, ser fatal.12,13 Enquanto a maioria das pessoas infectadas apresenta sintomas respiratórios de leves a moderados, 5% a 10% dos indivíduos infectados apresentam o quadro completo e grave da síndrome respiratória da COVID-19.14 De acordo com uma declaração da Academia Americana de Otorrinolaringologia - Cirurgia de Cabeça e Pescoço (AAOCCP), anosmia, hiposmia e disgeusia, na ausência de outra doença respiratória, devem alertar os médicos sobre a possibilidade de infecção por coronavírus (SARS-CoV-2) e justificar séria consideração para o autoisolamento e teste desses indivíduos.15 O período de incubação da COVID-19 é entre 1 e 14 dias,16-19 e o vírus é eliminado pelas pessoas infectadas assintomáticas.20,21 A taxa de mortalidade da COVID-19 varia de 0,2% em jovens saudáveis, aumentando com a idade e as comorbidades.22 Os achados laboratoriais incluem leucopenia, leucocitose e linfopenia,12,13 e os radiográficos, na tomografia computadorizada (TC) de tórax, demonstram opacificação em vidro fosco, com ou sem anormalidades consolidadas, consistente com pneumonia viral.23 Transmissão A transmissão de humano para humano foi descrita principalmente por meio dos perdigotos respiratórios e mãos ou superfícies contaminadas.24-26 O vírus permaneceu viável em aerossóis em condições experimentais por, pelo menos, 3 horas27 e também foi detectado em amostras de sangue e de fezes.28 O coronavírus pode persistir em superfícies como metal, vidro ou plástico por até 9 dias, dependendo do tipo de superfície, temperatura e umidade ambiente.24 Considerações operatórias no consultório odontológico durante o surto de COVID- 19 Procedimento de avaliação para identificar os casos suspeitos de COVID-19 A Figura 1 apresenta um fluxograma do atendimento odontológico de urgência durante o surto de COVID-19. Os pacientes, os acompanhantes e a equipe podem apresentar-se assintomáticos. Sendo assim, deve-se avaliar todos os pacientes e acompanhantes da clínica odontológica durante o surto de COVID-19 para a identificação dos casos assintomáticos e suspeitos de COVID-19. Protocolo de triagem e fluxo de pacientes Telessaúde Pode-se realizar estratégias para minimizar o contato frente a frente na avaliação inicial, por telefone ou encontros sincronizados de telessaúde, para identificar os pacientes com suspeita de COVID-19.29 Quando um paciente liga para um consultório odontológico para marcar uma consulta, a conversa telefônica deve incluir as principais perguntas que serão descritas a seguir. Sehouver uma resposta positiva (ou seja, "sim") a qualquer uma das perguntas e for apropriado, deve-se fornecer uma prescrição farmacológica para o controle da dor e / ou da infecção. Todo consultório deve desenvolver um protocolo de triagem, com base no nível do paciente e no grau do surto da comunidade.30 Esse protocolo deve ser mantido dinâmico e adaptado às mudanças das circunstâncias locais. Por exemplo, quando o número de casos de COVID-19 subiu para uma pandemia, a doença tornou-se relevante para as pessoas distantes da cidade de Wuhan e áreas adjacentes. Os procedimentos de avaliação na triagem podem ser realizados por dentistas, higienistas, assistentes e auxiliares, desde que usem equipamento de proteção individual (EPI). Este deve incluir avental descartável de mangas compridas, touca descartável, máscara cirúrgica e óculos de proteção. Acompanhantes Durante o surto de COVID-19, muitas unidades odontológicas não permitem que os acompanhantes entrem. Porém, é permitido um tutor para um paciente menor de idade ou com deficiência intelectual ou de desenvolvimento. Triagem A triagem deve incluir os seguintes registros: Questionário: o paciente ou o tutor deve preencher um questionário autoaplicável, que inclui o nome, número de identidade e assinatura. Essa informação é de particular importância nos casos de rastreamento ou investigação epidemiológica. O questionário deve incluir perguntas sobre: ■ Histórico de contato com uma pessoa suspeita ou com diagnóstico de COVID-19 nos 14 dias anteriores. ■ Sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo febre, problemas respiratórios, como tosse seca ou dificuldade de respirar, nos últimos 14 dias, ou se esteve em contato com outra pessoa com esses sintomas. ■ Vivenciando perda / mudança no olfato ou paladar. * (* Com base na adição desses sintomas à lista de ferramentas de avaliação para possível infecção da COVID-19, proposta pela AAO-CCP.15) Temperatura: registro da temperatura dos pacientes e do acompanhante usando um termômetro digital, sem contato, de testa.25,31 Sinais e sintomas visíveis de problemas respiratórios Deve-se instruir o paciente e o acompanhante a remover as máscaras faciais (se houver) para avaliar os sinais de problemas respiratórios, como tosse e dificuldade respiratória. Em Israel, o Ministério da Saúde lançou o HAMAGEN, um aplicativo telefônico que identifica os contatos entre os pacientes diagnosticados e as pessoas que entraram em contato com eles nos 14 dias anteriores ao diagnóstico da doença.32 Esse aplicativo, se disponível em outros países, também pode ajudar no processo de triagem e identificação dos pacientes suspeitos. Tratamento dos pacientes considerados "negativos" no procedimento de triagem Pode-se realizar o atendimento de emergência / urgência dentro da unidade odontológica se todas as perguntas respondidas forem “não”, não houver sinais e sintomas visíveis de problemas respiratórios e se a temperatura corporal estiver abaixo de 38°C (100,4°F).33 No hospital Hadassah, considera-se 37,5°C (99,5°F) a temperatura decisiva. O paciente e o acompanhante que têm permissão para entrar na unidade usam uma pulseira com um número de identidade, permitindo que eles se desloquem dentro do edifício. Tratamento dos pacientes "positivos" no procedimento de triagem / avaliação Encaminham-se os pacientes positivos em qualquer uma das etapas da triagem / avaliação para consulta médica e não poderão entrar na unidade odontológica. Deve-se realizar o atendimento odontológico de emergência necessário em hospitais designados, adequadamente equipados.31 Esses hospitais devem identificar uma (s) sala (s) de pressão negativa para o tratamento odontológico dos casos suspeitos / confirmados de COVID-19 na área de tratamento desses pacientes.31 Além de ser pressurizada negativamente, a sala deve incluir equipamento odontológico e radiográfico semelhante aos das salas onde se realiza a anestesia geral. Deve-se transferir os pacientes suspeitos /confirmados que precisam de atendimento odontológico de urgência ou emergencial para a sala de emergência em um centro médico para serem examinados por um cirurgião bucomaxilofacial ou por um dentista presente no momento. Recomendam-se medidas farmacológicas ou não invasivas. No entanto, os procedimentos invasivos devem ser executados por dentista especialista específico, em uma sala pressurizada negativamente e com equipamento adequado, conforme descrito detalhadamente a seguir (ver seção “Diretrizes clínicas para atendimento odontológico geral de urgência e emergência”). Considerações de segurança para a equipe durante o surto de COVID-19 A Administração em Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA (ASSO) desenvolveu diretrizes de planejamento para preparar os locais de trabalho para o surto de COVID- 19.29 De acordo com as recomendações, os trabalhadores devem ser incentivados a autoavaliar diariamente os sintomas da COVID-19, conforme descrito anteriormente e a ficar em casa, se estiverem doentes.29 A equipe deve ser avaliada ao entrar em uma unidade para a identificação dos casos suspeitos de COVID-19, conforme descrito anteriormente. Deve-se avaliar os fatores de risco individuais da equipe, incluindo idade avançada, comorbidades médicas e presença de doença sistêmica crônica.29 Os maiores fatores de risco incluem as condições de imunocomprometimento, gravidez, bem como os fatores de risco não ocupacionais, em casa e nos ambientes comunitários.29 Se o absentismo aumentar, as equipes odontológicas devem realizar treinamento cruzado para todas as funções essenciais do consultório e médicas / odontológicas.30 Recomendações de prevenção e controle de infecções durante o surto de COVID-19 As medidas de controle da infecção devem abordar os modos de transmissão e a persistência do vírus no ar e nas superfícies. A regra geral é a observância das precauções padrão, supondo que todo paciente possa estar potencialmente infectado ou colonizado por um patógeno.30 O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CCPD) publicou recomendações provisórias de prevenção e controle da infecção para os pacientes com suspeita ou confirmados de COVID- 19 nas instituições de saúde.34 As recomendações são modificações e adições às diretrizes do CCPD de 2003 35 e ao resumo do CDC de 2016.36 Deve-se usar desinfetantes adequados contra o SARS-CoV- 2, conforme publicado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA).37 Deve-se levar um tempo adequado entre as consultas dos pacientes para preparar a sala de tratamento adequadamente, permitir tempo para a desinfecção apropriada e limpeza do ambiente. A higiene adequada das mãos,38 desinfecção completa de todas as superfícies clínicas e da área administrativa, além da sala de tratamento, processos adequados de esterilização usando indicadores químicos, e descarte apropriado dos resíduos devem ser rotineiros e reforçados.35,36 Áreas de espera Os pacientes, na área de espera, devem ficar a uma distância de 2 m. Desinfetantes para as mãos com, pelo menos, álcool a 70% devem ser fornecidos aos pacientes em todas as áreas de espera e de atendimento. Sinais mostrando a técnica adequada de lavagem das mãos devem ser colocados próximos aos dispensers de sabonete.30 Itens compartilhados, como brinquedos, canetas e revistas, não devem ser colocados nas áreas de espera.30 O tempo de espera deve ser o mais curto possível para minimizar o número de pessoas presentes. Equipamento de proteção individual (EPI) O acesso ao EPI, para os prestadores de serviços em saúde, é uma preocupação importante na maioria das unidades afetadas, pois há escassez de EPI, incluindo relatos de que alguns suprimentos e equipamentos podem não atender aos requisitos.39 Infelizmente, à medida que a pandemia acelera, a COVID-19 se espalhou paraos prestadores de serviços em saúde.39 O EPI deve incluir avental descartável de mangas compridas, touca descartável, máscara cirúrgica e uma viseira, além dos óculos de proteção e luvas. Os óculos devem resguardar os olhos com proteção superior, inferior e lateral. Deve-se realizar todos os procedimentos geradores de aerossóis com uma máscara N-95.31 Deve-se seguir as diretrizes para vestir e retirar o EPI40 e os respiradores41, bem como a orientação para o uso prolongado e a reutilização limitada da máscara N9542. A equipe deve descartar todo o EPI dentro da sala de tratamento e não sair da sala com nenhum dos itens descartáveis. Considerações gerais odontológicas: Diretrizes clínicas para o atendimento odontológico geral de urgência e emergência Deve-se realizar os tratamentos odontológicos emergenciais e urgentes o mais minimamente invasivo possível, em uma sala bem ventilada e, se disponível, de pressão negativa10. Somente o médico e o assistente devem estar presentes durante o tratamento a fim de minimizar a exposição a outros indivíduos. As medidas gerais necessárias em todos os atendimentos odontológicos incluem o seguinte. Histórico e consulta médica Antes do início do atendimento odontológico emergencial / urgente, o dentista deve revisar o histórico médico do paciente e considerar consultar um médico, conforme necessário. O dentista deve registrar os diagnósticos médicos, medicamentos, alergias /sensibilidades e outras informações pertinentes atuais. Pacientes sem sintomas /diagnóstico de COVID-19 Deve-se realizar o tratamento odontológico emergencial / urgente dentro de uma unidade odontológica convencional. Pacientes com suspeita de COVID-19 Quando houver resultado negativo na triagem, e mesmo assim a avaliação médica revelar suspeita da doença COVID-19, o paciente deve ser encaminhado para avaliação médica adequada. O tratamento odontológico de emergência / urgente deve ser realizado dentro da sala de pressão negativa, em um hospital adequadamente equipado. Pacientes com diagnóstico de COVID-19 Os pacientes diagnosticados com COVID-19 devem ser tratados em uma sala de pressão negativa, em um hospital adequadamente equipado. A ênfase deve estar na situação médica atual, nos sintomas e nas complicações relacionadas à infecção pela COVID-19, particularmente aquelas relacionadas às doenças respiratórias, sua gravidade e seu nível de controle. Diagnóstico de COVID-19 com doença respiratória instável Antes de realizar o tratamento odontológico de emergência nos pacientes hospitalizados com sintomas respiratórios instáveis (p. ex., dificuldade respiratória em repouso e nível de saturação de oxigênio <91%), consulte o médico e, se possível, adie o tratamento invasivo até a estabilização da condição do paciente. Use alternativas como agentes farmacológicos.43 Diagnóstico de COVID-19 com doença respiratória estável Se a respiração e a oxigenação estiverem adequadas, os procedimentos de atendimento odontológico de emergência devem ser minimamente invasivos e realizados em uma sala designada. Deve-se evitar a hipoventilação ou a redução da oxigenação, tratando o paciente em uma posição semissupina ou ereta, usando um oxímetro de pulso, fornecendo suplementação de oxigênio e evitando medicações que aumentem a hipoventilação.43 O tratamento desses pacientes deve ser definitivo, em uma única sessão, antecipando a possibilidade de deterioração da situação respiratória, evitando qualquer tratamento adicional. Controle da ansiedade no consultório odontológico Os dentistas reconhecem que os procedimentos odontológicos e cirúrgicos são potenciais indutores de estresse e ansiedade44 como resultado de fatores fisiológicos (p. ex., dor) ou psicológicos (ansiedade, medo ).45 Recomenda-se a avaliação da dor usando uma escala numérica de 0 a 10. O estresse para pessoas e comunidades pode ser exacerbado por emergências de saúde pública, como a COVID-19.46,47 Além disso, a ansiedade em relação à doença COVID-19 pode levar ao estigma social.46 Recomenda- se os recursos para lidar com o estresse durante uma pandemia, como os publicados pela ADA.48 Os protocolos de redução do estresse são recomendados durante o tratamento 45,49, incluindo o uso de pré-medicação, psicossedação durante a terapia, e o controle adequado da dor durante a terapia e no pós-operatório. Não se deve administrar sedação por inalação de óxido nitroso (N2O) nos pacientes suspeitos de serem portadores de coronavírus ou doentes com COVID-19 ou que apresentem qualquer outra infecção no trato respiratório superior (ITRS). A sedação por inalação de N2O deve ser realizada apenas em ambientes que possam fornecer medidas adequadas de controle da infecção do equipamento utilizado, incluindo a autoclavagem das máscaras faciais e o uso de componentes descartáveis. Radiografia dentária Métodos de radiografia dentária extrabucal (p. ex., radiografia panorâmica e TC de feixe cônico) são preferíveis durante o surto de COVID-19.31 Deve-se proteger os sensores intraorais com uma barreira descartável, ficando limpos e desinfetados. Os posicionadores radiográficos devem ser esterilizados a quente e colocados em embalagens seladas após o uso. Profilaxia antibiótica O dentista que estiver tratando um paciente com infecção ativa da COVID-19 deve consultar o médico clínico-geral sobre a necessidade da profilaxia antibiótica, para prevenir as infecções sistêmicas decorrentes dos procedimentos odontológicos invasivos. Como muitos pacientes com COVID-19 são idosos, com comorbidades, pode haver outras indicações para a profilaxia com antibiótico. Recomenda-se o regime padrão da American Heart Association para prevenir endocardite (http://www.heart.org), a menos que médico aconselhe outro regime. Lavagem profilática da boca Antes dos procedimentos odontológicos, deve-se usar um enxaguatório bucal profilático, como o peróxido de hidrogênio a 1% ou povidine a 0,2%.25,31 Para as crianças menores de 6 anos de idade, a aplicação do enxágue bucal pode ser feita com uma gaze. Também é recomendada a aplicação de enxaguatório bucal nos dentes tratados endodonticamente após a colocação do dique de borracha e abertura de acesso. Deve-se incentivar os pacientes a manter uma boa higiene bucal durante o surto. Anestesia local É crucial o uso adequado dos objetos pontiagudos, com ênfase especial na recolocação da capa protetora das agulhas, usando a técnica com uma mão. Deve-se avaliar a condição sistêmica do paciente para a seleção do anestésico local. O uso de um vasoconstritor pode ser limitado ou contraindicado em muitos pacientes infectados com COVID-19 devido à idade avançada e às comorbidades. A anestesia local pode não ser necessária nos casos de dentes previamente tratados endodonticamente e dentes com necrose pulpar. No entanto, a anestesia local pode ser considerada necessária nos casos de terapia endodôntica iniciada anteriormente e é obrigatória na pulpite irreversível sintomática. Isolamento com dique de borracha e sugador de volume extra-alto Deve-se usar tanto o isolamento com dique de borracha quanto o sugador de volume alto, sempre que possível, para minimizar o contato com a saliva e reduzir o aerossol ou respingos contaminados.25,31 Peças de mão com função antirretração Deve-se minimizar a frequência dos procedimentos que geram aerossóis e, quando necessário, recomenda-se peça de mão de alta rotação com válvula antirretração para evitar a aspiração de fragmentos e fluidos, que posteriormente podem ser descartados.25 Antibióticos pós-operatórios Deve-se considerar os antibióticos pós-operatórios em um paciente com infecção ativa pela COVID-19 quando, além da emergência endodôntica, o paciente apresenta envolvimento sistêmico, edema localizado com flutuação, temperaturacorporal acima de 38°C, mal-estar, linfadenopatia ou trismo.50 Os antibióticos sistêmicos devem ser adicionados ao plano de tratamento para cada patologia endodôntica, conforme descrito abaixo. A escolha do antibiótico deve ser confirmada com o médico do paciente. Analgésicos pós-operatórios Deve-se considerar os analgésicos pós-operatórios para todos os pacientes. A escolha dos analgésicos deve ser confirmada com o médico do paciente. Embora as notícias declaradas anteriormente de que o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) possa piorar a COVID-1951, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) publicou uma declaração de que não tem conhecimento de evidências científicas relacionando o uso de AINEs com o agravamento dos sintomas da COVID-19, mas investigarão mais esse assunto.52 Considerando essa questão controversa, deve-se dar preferência a outras opções de tratamento que não sejam os AINEs para um paciente que sofre de COVID-19. Considerações endodônticas durante o surto de COVID-19 Tratamento endodôntico de urgência Os procedimentos endodônticos requerem modificações nas recomendações discutidas anteriormente referentes ao atendimento odontológico geral emergencial / urgente. As definições da ADA de emergência odontológica incluem o controle das condições relevantes, muitas das quais são endodônticas, incluindo inflamação pulpar, abscesso, infecção bacteriana localizada, fratura dentária, traumatismo dentário com avulsão / luxação, tratamento dentário necessário antes de procedimentos médicos críticos e substituição de restaurações provisórias nas aberturas de acesso endodôntico.10 Nesta seção, modificamos as recomendações da ADA usando a classificação atualmente aceita da Terminologia Diagnóstica Recomendada na Conferência de Consenso da AAE.11 Durante esta crise, o princípio geral de que o tratamento odontológico emergencial e urgente deve ser minimamente invasivo também se aplica aos procedimentos endodônticos. As considerações especiais incluem a possibilidade de complicações após a intervenção endodôntica (p. ex., exacerbação entre uma sessão e outra), ocorrendo à medida que a COVID-19 piora, levando a uma condição respiratória instável. Além disso, como o sistema imunológico do paciente é desafiado pela infecção, a terapia endodôntica pode ser comprometida. Uma diretriz geral é executar não apenas os procedimentos minimamente invasivos, mas também limitar a intervenção do tratamento a uma única sessão. O modelo para o tratamento de pacientes que podem se tornar instáveis hemodinâmica e imunologicamente já existia para a Odontologia antes do transplante cardíaco e do transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas.53 Os protocolos atuais no tratamento para toda categoria diagnóstica da AAE foram revisados e recomendadas modificações apropriadas para desenvolver novos protocolos durante o surto de COVID-19. Em geral, se o dente não tiver a possibilidade de ser restaurado, recomenda-se a extração. O protocolo para tratamento endodôntico de emergência inclui as medidas descritas abaixo. Equipamento endodôntico Deve-se minimizar o uso de microscópios endodônticos e das lupas endodônticas. Como a ênfase, durante o tratamento, é a utilização de procedimentos simples e minimamente invasivos, o uso desses dispositivos em uma sala especialmente equipada para pacientes com COVID-19 pode ser contraindicado. Além disso, os microscópios podem ser incompatíveis com o EPI devido ao aumento da distância das lentes, criadas pelo EPI. O aumento da distância pode levar à incapacidade de obtenção da visibilidade adequada. Pode-se usar as lupas, desde que haja cobertura lateral, uma viseira e uma máscara apropriada. Existe uma necessidade urgente de desenvolver técnicas e microscópios compatíveis com a proteção total do EPI. Procedimentos endodônticos Deve-se usar um enxaguatório bucal profilático, como descrito anteriormente. Como mencionado, o dique de borracha deve ser colocado antes do preparo da cavidade de acesso. O uso de peças de mão de alta rotação deve ser limitado para minimizar a geração de aerossol. Se possível, usar dispositivos de baixa rotação para remover a cárie e acessar a câmara pulpar e os canais radiculares. Deve-se usar sucção de alta potência e sugador de alto volume em todos os procedimentos. Soluções para irrigação A prática padrão no tratamento endodôntico é o uso de uma solução desinfetante, como hipoclorito de sódio (NaOCl), gluconato de clorexidina ou a mistura de tetraciclina, ácido cítrico e detergente (MTAD). O NaOCl é a solução para irrigação preferida devido aos relatos de que o gluconato de clorexidina pode ser ineficaz na morte do coronavírus.25,54 Restauração provisória Neste momento, não se recomenda a base de sulfato de cálcio devido à baixa resistência à compressão, à solubilidade e expansão.55 Essas características podem afetar a integridade da vedação, levando à fratura do dente,56 resultando em maior desconforto e na necessidade de mais atendimento odontológico de emergência. Para os pacientes com COVID-19, em todos os casos onde se coloca uma restauração provisória, a redução oclusal é obrigatória. Se possível, deve-se remover a restauração provisória com baixa rotação. Figura 1 Fluxograma do atendimento odontológico de urgência durante o surto de COVID-19. 1- Tratamento farmacológico da dor / do controle da infecção 2- Avaliação por telefone / Telessaúde 3- Atendimento odontológico emergencial / urgente 4- Avaliação: - Questionário - Temperatura - Sinais visíveis 5- Avaliação positiva 6- Encaminhamento para atendimento odontológico urgente, em ambiente hospitalar 7- Diagnóstico de COVID-19 8- Instável 9- Tratamento farmacológico da dor / do controle da infecção 10- Estável 11- - Considerações de PCI (Prevenção e Controle de Infecção) - Controle da ansiedade no consultório odontológico - Avaliação sistêmica - Lavagem profilática da boca - Consideração dos Analgésicos AB - Dique de borracha, se possível - Peça de mão antirretração - Algoritmo clínico específico - ver Fig, 2 12- Deve-se realizar o tratamento dos pacientes com COVID-19 estáveis em uma sala pressurizada negativamente Plano de tratamento sugerido para o protocolo de tratamento endodôntico de urgência durante o surto de COVID-19 A Figura 2 resume o protocolo de tratamento para o diagnóstico específico pulpar e periapical, com base na Terminologia Diagnóstica Recomendada na Conferência de Consenso da AAE.11 Durante o surto da COVID-19, o tratamento é focado em proporcionar alívio da queixa principal do paciente, o mais rápido possível para reduzir o risco de exposição ao vírus, bem como a necessidade de outras consultas. O protocolo inclui as seguintes modalidades de tratamento para os cuidados endodônticos urgentes. Pulpite irreversível sintomática com tecidos apicais normais Essa entidade é classificada como “dor dentária acentuada por inflamação pulpar” na diretriz da ADA sobre procedimentos odontológicos emergenciais e não emergenciais.10 Deve-se realizar a pulpotomia como procedimento de emergência para alívio temporário dos sintomas.57 Pode-se usar material à base de hidróxido de cálcio ou biocerâmico como curativo, de acordo com o padrão de tratamento do American Board of Endodontics.58 Como alternativa, pode-se usar pulpotomia com material biocerâmico.59 Ambas as opções devem ser seguidas por uma restauração provisória e redução oclusal. No entanto, se a pulpite irreversível estiver associada a um mau prognóstico devido a razões periodontais ou restauradoras que possam exigir tratamento de urgência subsequente, recomenda-se a extração (Figura 2).60 Figura 2 Fluxograma de tratamento endodôntico urgente durante o surto de COVID-19. APA, abscessoperiapical agudo; PAS, periodontite apical sintomática; PIS, pulpite irreversível sintomática; FVR, fratura vertical da raiz. 1- Extração 2- Prognóstico questionável / ruim 3- Tratamento endodôntico urgente 4- Sintomático 5- Assintomático 6- Tratamento adiado 7- Traumatismo dentário 8- Fratura de dente envolvendo a polpa 9- Avulsão / Luxação 10- Reposição e imobilização 11- Polpa vital 12- Pulpotomia 13- Necrose pulpar 14- Debridamento, irrigação, curativo 15- PIS / PAS / APA 16- PIS 17- Pulpotomia 18- PAS / APA 19- Debridamento, irrigação, curativo 20- FVR / Dente com fissura 21- FVR 22- Extração 23- Dente com fissura 24- Profundidade da sondagem da bolsa ≥ 5 mm 25- Extração 26- Profundidade da sondagem da bolsa < 5 mm 27- Pulpotomia, se o dente tiver vitalidade; debridamento, irrigação e curativo se o dente não tiver vitalidade 28- Lesão endo-perio 29- Lesão endodôntica primária 30- Debridamento, irrigação, curativo 31- Lesão periodontal primária com envolvimento endodôntico secundário 32- Debridamento, irrigação, curativo A necrose pulpar com envolvimento apical sintomático, a periodontite apical sintomática ou o abscesso apical agudo podem ser as sequelas de um canal radicular infectado (necrose pulpar ou tratamento previamente iniciado) ou da obturação do canal radicular infectado (dentes previamente tratados).61 Nos casos de necrose pulpar ou de tratamento iniciado anteriormente, a recomendação é realizar debridamento do canal radicular, irrigação e curativo com hidróxido de cálcio.62 Esses procedimentos devem ser seguidos por restauração provisória e redução oclusal para prevenir dor de origem apical e proteger a estrutura dentária remanescente.63 Nos casos de necrose pulpar com abscesso apical agudo e exsudato inflamatório contínuo, considerar a drenagem endodôntica diretamente através do dente ou incisão e drenagem do tecido mole (I&D) e antibióticos sistêmicos.50 Dentes previamente tratados Os dentes previamente tratados podem apresentar periodontite apical sintomática ou abscesso apical agudo. Em ambos os casos, se a remoção da obturação já realizada do canal radicular for descomplicada e alcançada, deve-se fazer o tratamento conforme descrito para a necrose pulpar. Se não for possível a remoção da obturação do canal radicular, recomenda-se a redução oclusal e a prescrição de antibióticos.50 Se o dente apresentar prognóstico desfavorável, deve-se realizar a extração.60 A I&D deve ser considerada nos casos de dente previamente tratado com abscesso apical agudo e prognóstico favorável. Tratamento iniciado anteriormente Na situação em que o tratamento endodôntico foi iniciado, considera-se eletiva a continuação da terapia do dente com tecido apical normal eletivo e não um problema dentário urgente. O tratamento pode ser adiado até que os tratamentos eletivos sejam retomados no futuro. Dente com fissura e fratura vertical da raiz (FVR) Os dentes com sinais e sintomas de FVR devem ser extraídos.60 Meng et al.31 relataram o tratamento de um paciente que apresentava dente com fissura, sem cárie. O paciente foi agendado para a última consulta do dia e foi utilizada peça de mão de alta rotação para preparar a cavidade. Recomenda-se a extração se virmos a fissura diretamente, sem o uso de aumento. No entanto, se houver a preocupação de que toda a extensão da fissura possa ser revelada apenas com o auxílio de um microscópio e o paciente estiver confirmado para COVID-19, o dentista precisa confiar no exame endodôntico básico para diagnosticar a fissura. Deve-se suspeitar de um dente com fissura quando houver sintomatologia dolorosa na liberação repentina de pressão ao morder um rolete de algodão e sensibilidade nos testes de frio / calor.64,65 Krell e Caplan66 mostraram que os dentes com fissura, com profundidade de sondagem ≥ 5 mm, tiveram prognóstico ruim e, nesse caso, recomenda-se a extração (ver Figura 2). Lesão endo-perio É necessário teste de vitalidade para o dente com suspeita de lesão endo-perio. Para um dente vital sugestivo de lesão periodontal primária, recomenda-se a consulta com um periodontista. Se não for possível a consulta, e o dente for sintomático, considerar a extração.60 Um dente com lesão endodôntica primária e comprometimento periodontal secundário deve ser tratado de acordo com o protocolo acima mencionado para necrose pulpar, se não houver tratamento endodôntico prévio. O dente com tratamento endodôntico prévio deve ser tratado de acordo com o protocolo para dentes previamente tratados. Deve-se extrair os dentes com prognóstico desfavorável / questionável (periodontal ou endodôntico).60 Traumatismo dentário Fratura de dente envolvendo a polpa. Deve-se tratar os casos de polpa vital com pulpotomia usando material biocerâmico67 ou curativo de hidróxido de cálcio68 e restauração de ionômero de vidro. Se a polpa estiver necrosada, deve-se tratar o dente de acordo com o protocolo acima mencionado para necrose pulpar. Deve-se enfatizar a remoção das bordas afiadas e a proteção dos tecidos moles. Avulsão / luxação. Pode-se realizar o reposicionamento dentário e a imobilização flexível nos indivíduos saudáveis e naqueles com doença leve, sem sintomas respiratórios.69 Entretanto, nos pacientes hospitalizados com sintomas respiratórios, reimplante, reposicionamento e imobilização não são recomendados devido ao risco de aspiração, necessidade de tratamento contínuo e acompanhamento. Procedimentos de cirurgia bucomaxilofacial durante o surto de COVID-19 Para a segurança de todos os envolvidos no atendimento dos pacientes durante o surto de COVID-19, é aconselhável adiar todos os procedimentos eletivos que produzam aerossóis, devido ao risco extremo de disseminação do vírus. Os procedimentos como incisão e drenagem de abscesso no espaço da fáscia do pescoço, câncer de cabeça e pescoço e traumatismo maxilofacial, embora produzam aerossóis, são procedimentos urgentes ou de emergência tratados no hospital e nos centros cirúrgicos. Como tal, devem seguir os protocolos específicos estabelecidos pela liderança do hospital em relação ao tratamento dos funcionários e dos pacientes, sobre o uso de EPI e local de atendimento. De acordo com as diretrizes gerais de cirurgia, “A cirurgia essencial é um procedimento (operatório) considerado vitalmente necessário para o tratamento de uma doença ou lesão. Adiar ou decidir contra um procedimento essencial pode resultar em morte ou debilidade permanente do paciente.”70 As extrações, especialmente aquelas que exigem o uso de peça de mão de alta rotação, geram aerossol e, se possível, devem ser adiadas, a menos que sejam consideradas essenciais, urgentes ou emergenciais. O EPI adequado para as extrações, durante o surto de COVID-19, inclui o uso de máscara N-95 ou respirador de nível mais alto e viseira, uma vez que as máscaras cirúrgicas convencionais não oferecem proteção adequada. Quando possível, deve-se evitar o uso de peça de mão de alta rotação para realizar as extrações. Além disso, os procedimentos devem ser executados pelos dentistas mais experientes disponíveis a fim de maximizar a eficiência e minimizar o tempo da operação. Conclusão O surto de COVID-19 desafia os protocolos de tratamento atuais. Cada disciplina odontológica deve estabelecer as modificações necessárias na logística e nos protocolos de tratamento. Esse protocolo atualizado ajudará os dentistas a tratar seus pacientes durante o surto de COVID-19 e poderá ser aplicado a outras futuras pandemias semelhantes. Declarações Os autores declaram não haver nenhum conflito de interesse. Referências bibliográficas Li ZY, Meng LY. [The prevention and control of a new coronavirus infection in department of stomatology]. Zhonghua Kou Qiang Yi XueZa Zhi 2020;55:E001. Zhu N, Zhang D, Wang W, et al. A novel coronavirus from patients with pneumonia in China, 2019. N Engl J Med 2020;382:727– 733. World Health Organization. Director-General’s remarks at the media briefing on 2019-nCoV on 11 February 2020. https:// www.who.int/dg/speeches/detail/who-director- general-s-remarks-at-the-media-briefing- on-2019-ncov-on-11-february-2020. Accessed 12 February 2020. Phelan AL, Katz R, Gostin LO. The novel coronavirus originating in Wuhan, China: challenges for global health governance (epub ahead of print 30 Jan 2020). JAMA doi: 10.1001/jama.2020.1097. 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Contato: Dr. Galit Almoznino, Professor SeniorClínico, Especialista em Medicina Oral; Chefe do Laboratório de Pesquisa em Grandes Dados Biomédicos; Chefe do Comitê de Prevenção e Controle de Infecções; Consultor do Departamento de Endodontia; Chefe da Clínica Orofacial Sensorial, Sabor e Olfato do Departamento de Sedação em Medicina Oral e Imagem Maxilofacial da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade Hebraica-Hadassah, PO Box 12272, Jerusalém 91120, Israel. E-mail: galit@almoznino.com