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FERNANDA CRUZ MARTINS – 7º PERÍODO Marc 03 GLOMERULOPATIAS Tríade: Hematúria, edema e Hipertensão arterial Etiologia/fisiopatologia: • Fisiopatologia: imunomediada, formação dos complexos in situ ( Anti- MBG), imunocomplexos circulantes, inflamação, proliferação celular Tipos: Clínica: • Hipertensão • Edema= moderado Edema + HA : secundários e relacionados à expansão do volume extracelular • Queda da TFG na fase aguda, com aumento da creatinina séria ou de outros marcadores de função renal. • Oligúria • Hematúria: micro ou macro, acompanhada de cilindros hemáticos e evidências de origem glomerular, realçando a presença do dismorfismo eritrocitário • Proteinúria < 3,5g/dia • Inicialmente pode estar associado com febre, cefaleia e dor abdominal. Progressivamente se instala edema, ganho de peso e astenia Diagnóstico: • História clínica, familiar, presença de sinais e sintomas extrarrenais e exame físico são importantes • Pesquisar por pródomo recente de infecção de pele ou orofaringe pode sugerir uma GNDA-PE. • Exantema facial e artrite pode sugerir Lúpus FERNANDA CRUZ MARTINS – 7º PERÍODO Exames laboratoriais: • EAS: hematúria, cilindros hemáticos, hialinos, granulosos, leucocitários e proteinúria. Pode revelar a presença de hemácias crenadas, sugetsivo de origem glomerular, juntamente com o achados de cilindros hemáticos. • (U P/C): avalia o grau de proteinúria. • PCR e VHS: pesquisa por processos linfoproliferativos • Função renal: creat. sérica e da estimativa do clearance de creatinina e o grau de azotemia • Análise do complemento sérico e frações é importante para causas infecciosas. • Na suspeita de GNDA-PE analisar a antiestreptolisina e ou antiDNA se B(mais específica)- com alta porcentagem de positivo • A biópsia renal pode ser necessária para o diagnóstico e a demonstração da extensão do processo inflamatório glomerular. A presença de depósitos imunes na imunofluorescência ou na microscopia e sua específica ajuda no diagnóstico de nefrite lúpica, nefropatia por IgA e na GMP Tratamento: • Repouso de restrição hidrossalina • Diurético de alça( Furosemida) • Vasodilatadores (Nifedima ou HIdralazina ou Captopril) • Imunossupressão • Diálise- se necessário GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA PÓS- ESTREPTOCÓCICA: • Processo de inflamação e proliferação celular glomerular e difuso, englobando um grande grupo de glomerulonefrites mediadas imunologicamente e associadas com diversos agentes infecciosos Patogênese: ➔ Caráter imunológico associado Histologicamento, vários componentes do estreptococo ou produtos secretados foram implicados como antígenos FERNANDA CRUZ MARTINS – 7º PERÍODO responsáveis pela patogênese, como proteína M , estreptoquina, endostreptosina, tais como a formação de imunocomplexos circulantes com deposição renal, reatividade cruzada, formação de imunecomplexos in situ. Pensando no estreptocócicos nefritogênicos: receptor de plasmina estreptocócico associado à nefrite, uma enzima glicolítica com atividade gliceraldeído 3-fosfato e a extotoxina B pirogênica estreptocócica e seu percursor zSpeB, uma proteinase catiônica extracelular. Os antígenos seriam depositados no rim com a formação posterior de imunecomplexos in situ, resultantes da deposição secundária de anticorpos específicos. A coparticipação e a habilidade de ligação desses antígenos à plasmina, a qual deixando de ser inativada, promoveria a lesão glomerular, juntamente com a ativação do sistema de complemento pelos imunecomplexos formados. Esses 2 potenciais antígenos, na sequência dos eventos, após a liberação da NAPlr ou SpeB na circulação pelo estreptococo nefritogêncio, ocorreria a deposição de NAPlr ( carga aniônica) ou SpeB (carga catiônica) na face endotelial e no espaço subepitelial da membrana basal glomerular do capilar glomerular, respectivamente. A resposta imune nesse período promoveria a formação de anticorpos Ac-NAPlr ou Ac-SpeB. NAPLR e SpeB se ligariam à plasmina, prevenindo sua degradação nos tecidos glomerulares, promovendo a indução de lesão inflamatória tecidual glomerular pela plasmina. Nas ações da plasmina, há a ativação de metaloproteinases, aumento do turnover e degradação de proteínas da matriz extracelular, fibrinólise, migração celular e angiogênese. Após a lesão inflamatória da MBG, induzida pela plasmina, ocorreira a migração de NAPlr para o espaço subepitelial . O anticorpo Ac-NAPlr se ligaria ao NAPlr com posterior formação do imunecomplexo in situ. O complexo NAPLr-AC-MAPlr poderia ser pré formado na fase endotelial, migrando posteriormente para a área subepitelial da barreira de ultrafiltração glomerular. Anticorpos Ac-SepB cruzariam a MBG danificada e se ligariam in situ ao Speb na região subendoterial formando um imunocomplexo in situ. FERNANDA CRUZ MARTINS – 7º PERÍODO Ao mesmo tempo, ocorre a ativação do sistema complemento, atividade quimiotáxica e migração de polimorfonucleares. A resposta inflamatória é com linfócitos T sensibilizados, citocinas e interleucinas inflamatórias, proteína quimiotática de monócitos, espécies reativas de 02, proteases e outros componentes e moduladores. Ocorre a proliferação difusa de células endoteliais e mensangiais com formação de imunecomplexos in situ na região subepitelial e no mesângio. Ocorre uma sequência de mecanismos fisiopatológicos na GNDA-PE. O processo inflamatório nos capilares glomerulares, com perda da integridade, condiciona a passagem anormal de elementos através da BUFG, determinando a hematúria, leucocitúria e proteinúria. A hematúria pode ser explicada também da seguinte forma: redução da luz dos capilares, queda da TFG e do coeficiente de ultrafiltração com retenção de elementos filtrantes, como creatinina, ureia, potássio, condicionando azotermina, uremia e hipercalemia. Há queda da oferta de água e sódio nos túbulos renais e ao mesmo tempo a reabsorção tubular de sódio e água estão preservados. Esses eventos conjuntos com a manutenção da ingesta hídrica e salina promovem um balanço positivo de sódio e água, edema, expansão do volume circulante efetivo, hipervolemia e complicações potenciais. O edema pode ser resultado de alterações das forças determinantes da Lei de Starling nos capilares sistêmicos. Clínica e laboratorial: • Incubação de 2-3 semanas após uma infecção estreptocócica de vias aéreas ou de pele. • Alterações encontradas: edema, HA e hematúria associados a oligúria. • Outros sintomas: cefaleia, indisposição, lombalgia, inapetência, FERNANDA CRUZ MARTINS – 7º PERÍODO sendo o edema periorbital a principal manifestação. • O edema antecede a hematúria • Complicações: congestão cardiocirculatória, com sinais de hipervolemia, como taquicardia, dispneia, tosse, estertores subcrepitantes em bases pulmonares e hepatomegalia. • Crise hipertensiva: enceflopatia hipertensiva, pode ter vômitos, cólicas abdominais, crises convulsivas e outras complicações neurológicas. • Elevação da creatinina sérica • Proteinúria pode estar presente, raramente com caráter nefrótico ( U P/C > 2 ou > 50 mg/kg/dia) • Alguns casos apresentam síndrome mista com associação da SNi e SNo. • O edema desaparece em média de 7- 15 dias após o início da doenla, acompanhado por crise de diurese, seguindo de normalização dos níveis pressóricos, geralmente 2-3 dias após desaparecer o edema. • Por ser uma glomerulopatia de evolução favorável, não é necessário BR, sendo realizada apenas quando houver suspeita clínica de que o padrão anatomopat. Não seja de proliferação endotelial e mensangial. Para BR: • Hematúria, HA, GNRP, alteraçãoda função renal por mais de 3-4 semanas, proteinúria significativa por mais de 6 semanas ou de caráter nefrótico por mais de 4 semanas Tratamento: • Terapia de suporte, seguindo apresentação clínica e presença ou não de complicações • Repouso enquanto houver edema e HA -Restrição dietética para redução do edema, controle da HA, e atenuação das complicações -Restrição hídrica inicial 20 mL/kg/dia ou 300-4000 mL/m2/dia -Dieta assódica ( <2 de sódio/dia) -Restrição hídrica enquanto houver oligúria, edema e HA. • Tratamento com antibioticoterapia para o estreptococo. -Penicilina e derivados são opções terapêuticas • HA é resultado da retenção de sódio e expansão do volume extracelular -Utilizar um diurético de alça (Furosemida) associado ou não a um tiazídico (hidroclorotiazida) e um BCC ( anlodipino) proteinúria maciça nefrótica (> 3,5 g/dia), hipoalbuminemia ( <2,5 g/dL/) e edema generalizado. Inflamação glomerular, caracterizada pela perda abrupta da superfície de ultrafiltração, com diminuição da excreção de pequenos solutos, diminuição da TFG, mecanismos que se manifestam com edema moderado e hipertensão. Pode ser primária ou idiopática, e secundárias ( doenças sistêmicas, metabólicas, infecciosas, doenlas autoimunes, drogas) • Proteinúria > 3,5 g/24 hr e > 40/mg/m2/hora ou > 50 mg/kgdia • Edema (anasarca) Mobile User FERNANDA CRUZ MARTINS – 7º PERÍODO • Hipoalbuminemia (< 3,5 g/dL) • Hiperlipidemia e lipidúria • Tendência a hipercoagulabilidade • Classicamente sem hematúria -Principais achados: • Alteração da permeabilidade, proteinúria subnefrótica, hipoalbuminemia, anasarca e dislipidemia. • A maioria dos casos correspondem a primária ou idiopática, contudo, existem as causas secundárias que incluem associação com doenças sistêmicas, metabólicas, infecciosas, doenças autoimunes e drogas. Etiologia / Fisiopatologia: • Doença de lesão mínima • Glomeruloesclerose segmentar e focal • Doença membranosa • Amiloidose renal, mieloma múltiplo • Glomeurlonefrite membranoproliferativa • nefropatia diabética Fisiopatologia: Relacionado com fatores genéticos, disfunção podocitária, disfunção FERNANDA CRUZ MARTINS – 7º PERÍODO imunológica ou a presença de fatores circulantes. A excreção de grandes quantidades de proteína através da barreira de ultrafiltração é decorrente de agravos diversos sobre seus componentes, determinando aumento da permeabilidade às proteínas plasmáticas. Contribuem para esse fato a perda de cargas elétricas negativas da MBG, mutações e alterações de proteínas do podócito, disfunção podocitária, desorganização ou disfunção dos componentes da fenda diafragmática, presença de autoanticorpos, fatores circulantes e diversas anormalidades imunológicas. Podócito: elementos celulares essenciais para a integridade estrutural e fisiológica dos glomérulos. Eles expressam em sua membrana receptores de ANG 2 e essa expressão está aumentada nos quadros de proteinúria. - Dano na barreira de filtração glomerular -> passagem de proteínas -> proteinúria maciça -> hipoalbuminemia -> anasarca ( perda de líquido para o interstício) -> dislipidemia ( produção excessiva de proteínas pelo fígado)-> lipidúria Clínica: • Edema é a principal manifestação Formação do edema na síndrome nefrótica: • Teoria do hipofluxo A proteinúria maciça + subsequente hipoalbumineia = diminuição da pressão oncótica plasmática. O que aumenta a ultrafiltração capilar e passagem de fluido do espaço intravascular para o interstício -> hipovolemia, hipoperfusão, ativação do SRAA e retenção renal secundária de sódio. • Teoria do hiperfluxo O principal fator para formação do edema é a retenção primária intrarrenal de sódio e água. A resistência ao peptídeo natriutérico atrial associada à ativação dos canais epiteliais de sódio por proteases nos ductos coletores promove a retenção hídrica e salina que contribui na formação do edema. • Pode evoluir com ascite e hepatomegalia se não tratado. Há derrame pleural e aumento dos genitais. • Cabelos escassos, finos e quebradiços. A pele é seca e friável com tendência a formação das estrias. • A presença de distúrbios eletrolíticos pode se manifestar como caimbras e parestesias Diagnóstico: • Urina 1-> cilíndros graxos, lipidúria e proteinúria • Proteinúria de 24 horas • Albumina • Ureia e creatinina -> sem alterações • Hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia • Complemetno normal • Hipogamaglobulinemia ● Sedimento urinário: -> Além de proteinúria, há hematúria, geralmente microscópica. ○ Observa-se cilindrúria relacionada às perdas proteicas e lipidúria. ● Proteinúria: considera-se proteinúria nefrótica > 50 mg/kg/dia ou 40 mg/m2 /hora. ● Eletroforese de proteínas plasmáticas: ○ São observados hipoalbuminemia e aumento da fração alfa-2. ○ A IgG, especialmente IgG1 e IgG2, apresenta-se muito baixa, e a IgA e a IgM elevadas. FERNANDA CRUZ MARTINS – 7º PERÍODO ● Colesterol: ○ Colesterol total, triglicerídeos e lipoproteínas estão elevados. ○ A hiperlipidemia é consequência do aumento da síntese hepática do colesterol, triglicérides e lipoproteínas. ● Complemento: apresenta-se normal na LHM e na GESF. ● Ureia e creatinina: ○ Podem estar elevadas na instalação do edema ou em situações de hipovolemia. ○ Devem ser pesquisadas causas secundárias com solicitação de reações sorológicas para HIV, hepatite A, B e C, toxoplasmose, citomegalovírus, sífilis e mononucleose. ● Indicações de biópsia renal: ○ Aquelas que não obtiverem remissão clínica e laboratorial após 8 semanas de corticoterapia seguidas ou não de 3 doses de pulsoterapia com metilprednisolona, desde que não estejam infectadas. Tratamento: ● Tratamento inespecífico: ○ Durante as fases de edema ou quando houver hipertensão, deve ser recomendada uma dieta hipossódica ou assódica. ○ Na ausência de hipervolemia, a ingestão hídrica é livre O repouso não deve ser imposto e não há evidências de que traga benefícios para o paciente. ○ Os diuréticos devem ser evitados, de forma geral, pelo risco de precipitação de piora da função renal, pois muitos nefróticos apresentam redução do volume sanguíneo efetivo de base. Quando necessário, nos quadros de anasarca e sem evidências de hipovolemia, introduzir diuréticos tiazídicos como a hidroclorotiazida (2 a 5 mg/kg/dia em 2 tomadas). ○ Reposição de cloreto de potássio (2 a 4 mEq/kg/dia) ou espironolactona (1 a 5 mg/kg/dia). ○ Nos edemas volumosos e persistentes, utiliza-se infusão EV de albumina 20% (0,5 a 1 g/kg/dia) associada a furosemida. ○ Em edemas refratários, associa-se albumina e furosemida parenteral em infusão contínua (0,1 a 0,2 mg/kg/hora ou 1 a 5 mg/kg/dia). ○ Todos os pacientes com varicela devem receber aciclovir oral por 7 dias, a gravidade do quadro clínico requer internação e administração EV de aciclovir. ● Tratamento específico: ○ Para induzir a remissão → prednisona diária 60 mg/m2 ou 2 mg/kg/dia, máximo de 60 mg/dia 3x/dia ou dose única durante 4 a 6 semanas. ○ Caso tenha ocorrido a remissão, introduz-se 40 mg/m2 ou 1,5 mg/kg em dias alternados em dose única pela manhã por 4 a 6 semanas. ○ Os IECA/BRA têm sido usados com relativo sucesso, reduzindo inespecificamente a proteinúria. Pode associar captopril (0,1 a 1 mg/kg/dia 2x), enalapril (0,08 a 0,5 mg/kg/dia 1 ou 2x) ou losartana (0,4 a 0,8 mg/kg/dia). LESÃO HISTOLÓGICA MÍNIMA ● Fusão dos processos podocitários. ● Biópsia normal na microscopia óptica. ● Principal causa de síndrome nefrótica em crianças. ● Sensível ao corticoide (prednisona). FERNANDA CRUZ MARTINS – 7º PERÍODO ● Causas: AINES, linfoma de Hodgkin, lítio,rifampicina, mercúrio, etc. GLOMERULOESCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL ● Principal causa de síndrome nefrótica em adultos. ● Bastante perda de proteínas na urina por fusão dos processos podocitários. ● Menos sensível ao corticoide. ● Causas primárias: fator circulante (idiopático), genética (> 100 genes). ● Causas secundárias: vírus (HIV, parvovírus B19 e sars-cov-2), drogas (bifosfonatos, esteroides anabolizantes e carbonato de lítio) e hiperfiltração anormal (obesidade, nefropatia por refluxo, anemia falciforme, nefrectomia/agenesia renal). NEFROPATIA MEMBRANOSA ● Espessamento da MBG. ● Depósitos subepiteliais de IgG e C3. ● Segunda maior causa de síndrome nefrótica em adultos. ● Mais associada à trombose. ● Causas primárias: anti-PLA2R e idiopático. ● Causas secundárias: LES, hepatite B, neoplasias sólidas, sífilis, drogas e doenças relacionadas ao IgG4 GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA ● Proliferação endocapilar e mesangial. ● MBG com duplo contorno. ● Causas por depósito de imunoglobulina: ○ DAI → LES, AR, síndrome de Sjogren. ○ Infecções → hepatite C, EI, esquistossomose. ○ Gamopatias monoclonais → mieloma múltiplo. ● Causas por depósito de complemento: ○ Glomerulopatia por C3. ○ Glomerulopatia por C4. ● Causa rara de síndrome nefrótica. ● Apresenta síndrome nefrítica. ● Consumo de complemento. ● Tratar a doença de base