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LÍNGUA PORTUGUESA: CLASSE DE PALAVRAS A língua como objeto de estudo As investigações sobre a língua remontam ao século IV a.C. Tradição oriental: Panini – primeira gramática oriental Tradição ocidental: Platão – Crátilo: haverá uma relação necessária entre palavra e coisa? Aristóteles (384 – 322 a.C.): análise da estrutura da língua; enumeração das categorias gramaticais Varrão (116 – 27 a.C.): gramático latino – Gramática como ciência e arte Idade Média (V a XV): desenvolvimento das gramáticas descritivas e analíticas Renascimento (XV a XVII): Século XIX: o método comparativo Século XX: a linguística com ciência autônoma Síntese: Os estudos sobre a língua: tradição oriental e ocidental Platão e Aristóteles: a arbitrariedade da língua e as categorias gramaticais Da Idade Média ao século XIX Século XX: a linguística como ciência autônoma A língua e os módulos gramaticais Diacronia e sincronia Novo objeto: língua, uma parte da linguagem, compreendida como um sistema de signos Natureza homogênea, coletiva e exterior ao indivíduo Dicotomia langue e parole O signo linguístico: arbitrário e linear Microlinguística: estudos voltados para a língua em si Macrolinguística: estudos dedicados à língua e suas relações contextuais, ideológicas Síntese: Diacronia e sincronia Dicotomia: langue e parole O signo linguístico Os módulos gramaticais A morfologia e o estudo do léxico Morfologia: estudo dos vocábulos que integram uma língua Morfologia lexical: formação e classes de palavras Morfologia flexional: estudo das flexões verbais e nominais Léxico: “lista de entradas lexicais de um falante nativo” (Rocha, 2008) No léxico são encontrados os lexemas e os instrumentos gramaticais Lexemas: lista aberta I Instrumentos gramaticais: lista fechada O que é uma palavra? Critérios: Forma livre: funciona de maneira isolada como “comunicação suficiente” Exemplo: Como a Maria se sente hoje? R: Infeliz Forma presa: como a palavra infeliz é formada? Pela junção de in- + feliz Nesse caso, in- e feliz são consideradas formas presas Morfema: unidade mínima com significado Síntese: Morfologia lexical e morfologia flexional O léxico Palavra e critérios Morfema: unidade de análise da morfologia As classes de palavras SEMÂNTICO • O que as palavras significam MÓRFICO • Propriedades de forma gramatical que podem apresentar FUNCIONAL • Função que a palavra exerce na sentença São dez as classes de palavras Subdividem-se em variáveis e invariáveis Variáveis: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome e verbo Invariáveis: advérbio, preposição, conjunção e interjeição Síntese: Classes de palavras como um princípio de organização Critérios de classificação das palavras As classes de palavras da língua portuguesa Os substantivos Flor: substantivo próprio ou comum? Marinheiro: substantivo ou adjetivo? Substantivos nomeiam coisas no mundo: fada? Unicórnio? Substantivos concretos: nomeiam pessoas, lugares, animais, vegetais, minerais e coisas Substantivos abstratos: designam ações (beijo, trabalho, saída, cansaço), estado e qualidade (prazer, beleza) Substantivos próprios: são utilizados para se referir “a um objeto ou a um conjunto de objetos, mas sempre individualmente” (Bechara, 2006) Substantivos comuns: dizem respeito a um ou mais objetos particulares que reúnem características inerentes a da classe: homem, mesa, livro etc. Flexões: Número: o menino / os meninos Gênero: o menino / a menina Grau: bonito / bonitinho Prática: empréstimo linguístico Os artigos ✗ um, uma, uns, umas são chamadas artigos indefinidos ✗ o, a, os e as são denominadas artigos definidos Adjetivos Adjetivo “é classe de lexema que se caracteriza por constituir a delimitação, isto é, por caracterizar possibilidades designativas do substantivo, orientando delimitativamente a referência a uma parte ou a um aspecto do denotado”. Pronomes Numerais Conceito de Verbo O verbo é uma classe de palavras que indica ação, estado ou fenômeno da natureza. Por exemplo, em “Ela correu”, “correu” é o verbo que indica a ação. Modos e Tempos Verbais Os modos verbais indicam a forma como a ação do verbo se realiza. Existem três modos principais: Indicativo: Expressa certeza ou realidade (ex.: “Eu estudo”). Subjuntivo: Expressa dúvida, desejo ou possibilidade (ex.: “Espero que ele estude”). Imperativo: Expressa ordem, pedido ou conselho (ex.: “Estude!”). Os tempos verbais indicam o momento da ação: Presente: Ação que ocorre no momento da fala (ex.: “Eu estudo”). Pretérito: Ação que ocorreu no passado (ex.: “Eu estudei”). Futuro: Ação que ocorrerá no futuro (ex.: “Eu estudarei”). Conjugação dos Verbos Os verbos são conjugados de acordo com a pessoa (1ª, 2ª, 3ª), número (singular, plural), tempo (presente, pretérito, futuro) e modo (indicativo, subjuntivo, imperativo). Por exemplo, o verbo “amar” no presente do indicativo é conjugado como: Eu amo Tu amas Ele/ela ama Nós amamos Vós amais Eles/elas amam Verbos Irregulares, Anômalos, Defectivos e Formas Nominais Irregulares: Não seguem o padrão regular de conjugação (ex.: “fazer” - eu faço, tu fazes). Anômalos: Apresentam irregularidades significativas (ex.: “ser” - eu sou, tu és). Defectivos: Não possuem todas as formas conjugadas (ex.: “abolir” - não se usa “eu abolo”). Formas Nominais: Infinitivo (ex.: “amar”), gerúndio (ex.: “amando”) e particípio (ex.: “amado”) Verbos Abundantes e Transitividade Verbal Abundantes: Possuem mais de uma forma para o particípio (ex.: “aceitar” - aceitado/aceite). Transitividade Verbal: Refere-se à necessidade de complementos: Transitivos Diretos: Necessitam de objeto direto (ex.: “Eu comprei um livro”). Transitivos Indiretos: Necessitam de objeto indireto (ex.: “Eu gosto de música”). Intransitivos: Não necessitam de complemento (ex.: “Ele dormiu”). Advérbio O advérbio é uma palavra que modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, indicando circunstâncias como tempo, lugar, modo, intensidade, etc. Exemplos: Tempo: “Ela chegou ontem.” Lugar: “Ele mora aqui.” Modo: “Ela falou calmamente.” Intensidade: "Estou muito feliz" Preposição A preposição é uma palavra que liga dois termos, estabelecendo uma relação entre eles. Exemplos: “Vou a casa de Maria.” “Ele falou com ela.” “O livro está sobre a mesa.” As preposições podem ser essenciais (ex.: a, de, em) ou acidentais (ex.: conforme, durante), Interjeição A interjeição é uma palavra ou expressão que exprime emoções, sentimentos ou reações. Exemplos: Alegria: “Uau!” Surpresa: “Oh!” Dor: “Ai!” As interjeições podem ser simples (uma palavra) ou compostas (mais de uma palavra). Conjunções As conjunções são palavras que conectam orações ou termos semelhantes em uma oração. Existem dois tipos principais: Coordenativas: Ligam orações ou termos de mesma função (ex.: “e”, “mas”, “ou”). Subordinativas: Ligam uma oração subordinada a uma principal (ex.: “porque”, “quando”, “se”). Exemplos: Coordenativa: “Ela gosta de ler e escrever.” Subordinativa: "Ele saiu porque estava cansado Morfemas Os morfemas são as menores unidades de significado de uma palavra. Eles podem ser classificados em diferentes tipos, como radical, raiz, afixos, vogal temática, tema e desinências12. Radical e Raiz Radical: É a parte da palavra que contém o seu significado básico. Por exemplo, em “livro”, “livr-” é o radical que aparece em palavras como “livraria” e “livreiro”. Raiz: É o elemento originário e irredutível que concentra a significação das palavras de uma mesma família etimológica. Por exemplo, a raiz “noc” (do latim “nocere” = prejudicar) está presente em “nocivo”, “inocente”, etc. Afixos, Vogal Temática e Tema Afixos: São elementos que se juntam ao radical para formar novas palavras. Podem ser: Prefixos: Aparecem antes do radical (ex.: “in” em “infeliz”). Sufixos: Aparecem depois do radical (ex.: “mente” em “felizmente”). Vogal Temática: É a vogal que se junta ao radical para formar o tema. Nos verbos, indica a conjugação: 1ªconjugação: “a” (ex.: “amar”). 2ª conjugação: “e” (ex.: “vender”). 3ª conjugação: “i” (ex.: “partir”). Tema: É a união do radical com a vogal temática. Por exemplo, em “estudar”, “estuda-” é o tema (radical “estud-” + vogal temática “a”). Desinências As desinências são morfemas que indicam as flexões das palavras: Desinências Nominais: Indicam gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural). Ex.: “menino” (singular) e “meninos” (plural). Desinências Verbais: Indicam número, pessoa, modo e tempo dos verbos. Ex.: “cant-o” (1ª pessoa do singular do presente do indicativo), “cant-ava” (pretérito imperfeito do indicativo). Desinências Verbais As desinências verbais são morfemas que indicam as flexões dos verbos em número, pessoa, modo e tempo. Elas se dividem em: Desinências modo-temporais (DMT): Indicam modos (indicativo, subjuntivo, imperativo) e tempos (presente, passado, futuro). Desinências número-pessoais (DNP): Indicam número (singular, plural) e pessoas (eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas) . Morfema Zero O morfema zero é a ausência de uma desinência onde normalmente se esperaria uma. Por exemplo, a palavra “livro” no singular não possui uma desinência explícita para indicar o singular, enquanto “livros” possui a desinência “-s” para indicar o plural. Alomorfes Alomorfes são variações de um mesmo morfema que ocorrem em diferentes contextos. Por exemplo, os radicais “ferro” e “ferrugem” compartilham o mesmo morfema base “ferr-”, mas apresentam variações Formação das Palavras A formação das palavras pode ocorrer por dois processos principais: Derivação: Adição de afixos (prefixos e sufixos) a um radical. Pode ser prefixal, sufixal, parassintética, imprópria ou regressiva. Composição: União de dois ou mais radicais. Pode ser por justaposição (sem alteração dos radicais) ou aglutinação (com alteração dos radicais).