Prévia do material em texto
Thaís Oliveira - @dicas.demed Intestino delgado e grosso INTESTINO DELGADO ANATOMIA O intestino delgado é dividido em três regiões: ● Duodeno: é a região mais curta, sendo a retroperitonial. Se inicia no músculo esfíncter do piloro do estômago e tem forma de tubo em C. Possui 25 cm de comprimento e se estende até que se funde com o jejuno. ● Jejuno: é a próxima parte e tem aproximadamente 1m de comprimento se estendendo até o íleo. Jejuno significa vazio, como ele é encontrado no momento da morte. ● Iléo: última região, que mede aproximadamente 2 m e se junta ao intestino delgado através do esfíncter de músculo liso, chamado de óstio ileal. No intestino delgado é onde ocorre a maior parte da digestão e absorção de nutrientes. Por esse motivo, a sua estrutura é adaptado a estas funções. A média é de 2,5 cm de diâmetro, e o seu comprimento de 3 metros em uma pessoa viva e 6,5 metros em um cadáver, em razão da perda do tônus muscular que é perdido. HISTOLOGIA É composto pelas mesmas camadas do canal alimentar: túnica mucosa, tela submucosa, túnica muscular e túnica serosa. ● Túnica mucosa: composta pela camada epitelial, lâmina própria e lamina muscular da mucosa. Essa camada epitelial é composta por epitélio colunar simples que contém diversos tipos de células, como as células absortivas (liberam enzimas que digerem o alimento e contém as microvilosidades que absorvem os nutrientes no quimo), células caliciformes (secreta o muco). Possuem fendas profundas que são revestidas pelo epitélio glandular, e essas células que revestem essas glândulas formam as glândulas intestinais, que secretam o muco intestinal. As células absortivas também contem células de Paneth, que realizam a fagocitose e auxiliam na microbiota. As células enteroendócrinas são as células S, células CCK e as células K, que secretam p hormônio colecistocinina (CCK), polipeptídeo inibidor gástrico (PIG) e secretina. No intestino também há as vilosidades que aumentam a área de superfície disponível para a absorção e a digestão intestinal, dando a túnica mucosa um aspecto aveludado. FISIOLOGIA ● Digestão mecanica: o intestino delgado possui dois tipos de movimentos, as segmentações e o peristaltismo chamado de complexo mioelétrico migratório. As segmentações são contrações que misturam o quimo ao suco digestório e colocam as partículas de alimento em contato com a túnica mucosa para serem absorvidos. Essa segmentação se inicia com a contração das fibras musculares, comprimindo o intestino em segmentos. Logo após, as fibras se relaxam e cada pequeno segmento se une com o segmento adjacente, formando grandes segmentos novamente, auxiliando na absorção, já que o quimo fica pra frente e para trás. O peristaltismo que ocorre no intestino delgado é chamado de complexo mioelétrico (CMM), que se inicia na parte inferior do estômago e empurra o quimo para frente, descendo lentamente pelo intestino delgado, alcançando o íleo. ● Digestão química: na boca, a amilase salivar converte um amido em maltose (dissacarídeo), maltotriose (trissacarídeo) e α-dextrina. No estômago, a pepsina converte as proteínas em peptídeos e as limpasse lingual e gástrica convertem alguns triglicerídeos em ácidos graxos,diglicerídeos e monoglicerídeos. Assim, quando o quimo entra no intestino delgado, contém carboidratos, proteínas e lipídios praticamente digeridos. Possui aproximadamente 1,5 cm de comprimento e 6,5 cm de diâmetro, se estendendo do íleo ao anus, sendo dividido em ceco, colo, reto e canal anal. intestino grosso I Thaís Oliveira - @dicas.demed O óstio ileal é uma prega mucosa que faz a abertura entre o íleo e o intestino grosso. Pendurado ao óstio ileal está o ceco, uma pequena bolsa de 6 cm de comprimento. Anexado ao ceco, possui o apêndice vermiforme, com 8cm de comprimento. O ceco se funde ao colo, que é dividido em: ascendente, transverso, descendente e sigmóide O reto mede 15 cm de comprimento e está anteriormente ao sacro e o cóccix. A parte final do intestino grosso é chamado de canal anal e a abertura para o exterior é chamada de ânus, sendo composto pelo músculo esfíncter interno do anus (músculo liso - involuntário) e pelo músculo esfíncter externo do ânus (músculo esquelético - voluntário) Flexura direita do colo Flexura esquerda do colo FISIOLOGIA ● Digestão mecânica: quando as substancias passam pelo óstio ileal, iniciam-se os movimentos do colo. O quimo se move pelo intestino delgado no tempo necessário, enchendo o ceco e acumulando no colo ascendente. Ocorre a agitação das saculações do colo, e essas saculações permanecem relaxas e são distendidas enquanto enchem. Quando a distensão alcança um certo ponto, as paredes se contraem e espremem o conteúdo para a próxima saculação do colo. O peristaltismo também ocorre, porém de ● Digestão química: o quimo é preparado para a eliminação pela ação das bactérias que habitam no lúmen, que fermentam os carboidratos restantes e liberam hidrogênio, dióxido de carbono e gases metano. Esses gases contribuem para a flatulência . O inilol e escatol é um restante de proteínas que foram fragmentado em aminoácidos, liberando essa substancia que leva ao odor nas fezes, e a coloração se dá por cota das bactérias que decompõem a bilirrubina em pigmentos mais simples, que dá as fezes a sua coloração marrom. ● Absoção e formação das fezes: o quimo permanece no intestino grosso por 3 a 10h, tornando sólido ou semissólido, chamado de fezes. É uma doença inflamatória que pode acometer qualquer estrutura do sistema digestório, da boca ao anus, sendo caracterizada por inflamação descontínua dos segmentos digestivos. Epidemiologia É uma doença idiopática, comum em crianças e adolescentes, sendo responsável por 25% do casos de doença inflamatória intestinal. No adulto, ocorre maior pico de vasos entre 20 e 40 anos e menor entre 60 a 80 anos. A prevalência parece ser mais alta em áreas urbanas do que nas rurais e nas classes sociais mais elevadas. No Brasil não há associação com classe social. Etiologia ● Fatores ambientais: amamentação,infecções intestinais, higiene, agentes microbiano, dieta, cigarro,poluição e estresse são os agentes mais comuns no desenvolvimento da DC. ● Fatores genéticos: são os casos que se iniciam antes dos 20 anos de idade e desempenha um papel importante na patogênese da DC, podendo ● Fatores imunológicos: a inflamação da mucosa é uma característica da DC é resultado de uma cascateado antígenos, podendo aumentar a permeabilidade e absorção do antígeno, liberando citocinas e outras substâncias inflamatórias e atuando como célula representadora de antígenos. Fisiopatologia O aumento da permeabilidade intestinal gera o aumento da carga de antígenos pelo sistema imune da mucosa que inicia e gera a inflamação. A DC pode afetar qualquer área do intestino. A primeira anormalidade visível é o aumento dos folículos linfoides, com um anel de eritema em volta. Isso gera a úlceração aftoide, que progride para úlcerações mais profundas, gerando fissuras com aspecto de “pedra de calçamento”, fibrose, estenose e fistulização. Na DC a dor abdominal decorre de obstrução funcional, por espasmo e edema, e logo após, essa obstrução se torna orgânica por fibrose e estenose O comprometimento seroso faz com o que intensifique e aumente a dor, a medida em que a doença evolui. A extensão e a localização anatômica determina o grau de má absorção, assim como a especificidade do nutriente envolvido. Se o comprometimento for no duodeno e jejuno proximal, irá gerar a má absorção de folatos, vitaminas, ferro, glicídios e lipídios. doença de crohn l Thaís Oliveira - @dicas.demed Se o comprometimento for no íleo distal, provoca a má absorção de gorduras e aminoácidos. E no íleo terminal, má absorção de vitaminas B12 e de lipídios. A anemiatambém é frequente, do tipo microcítica hipocrômica por depressão da medula, pelo processo inflamatório crônico ou carência de ferro por ingestão reduzida, principalmente do comprometimento do jejuno e íleo. A hipoalbuminemia é frequente por conta da má absorção dos aminoácidos, pela perda proteica do intestino inflamado e ulcerado. Manifestações clinicas Deve incluir a anamnese sobre as manifestações extraintestinais, distúrbios de humor, recentes problemas médicos ou infecções, historias passada de tuberculose, viagens, medicações com AINE’s, doença celíaca, etc. O quadro clinico é variado, dependendo da duração, localização, extensão, atividade da doença, presença ou não de complicações. O sintoma mais comum é a dor abdominal, geralmente caracterizada como uma cólica intensa. Em alguns casos é caracterizada como cólica periumbilical, mas geralmente é no quadrante inferior direito, por conta do maior comprometimento no íleo terminal. Essa cólica irá aumentar após as refeições e antes da defecação, por conta do trânsito do conteúdo através do segmento intestinal inflamado ou estenosado. Se houver comprometimento do esôfago, pode ocorrer odinofagia, disfagia, pirose e anorexia, sendo rara e localizada no terço distal, associado ao comprometimento do intestino delgado e grosso. Febre aparece em 20 a 50% dos casos, podendo ser devido o processo inflamatório ou por complicações, como abcesso e fístulas. Diarreia pode acompanhar a dor abdominal, de intensidade moderada, ocorrendo com maior frequência no comprometimento difuso do intestino delgado ou isolado do cólon Déficit de crescimento ou retardo de maturação sexual ocorre em 6 a 50% dos casos. Perda de peso pode ocorrer a redução da ingestão de alimentos,aumento das necessidades alimentares, estado de catabolismo, entre outros. ● Doenças perianais: lesões de pele, do canal anal e fístulas. ● Manifestações extraintestinais: oculares, pulmonares, osteoarticulares, dermatológicas, entre outros. Diagnóstico Observar a história clínica do paciente, como queixa de dor abdominal intensa, noturna e associadas a diarreia. Exame fisico, como os dados antropométricos e de desenvolvimento sexual relacionados com a idade, dor a palpação, principalmente no quadrante inferior direito, presença de fissuras, abcessos ou fístulas, na região perianal. Exames laboratoriais, como o exame de fezes e de sangue: ● Exame de fezes: rotina para parasitos, leucócitos, citomegalovírus, pesquisa da alfa-1- antitripsina (mede a perda protéica, traduzindo as fases de aumento da permeabilidade intestinal e atividade da doença), calprotectina (reflete a inflamação intestinal) e lactoferrina (marcador sensível de inflamação). ● Exames de sangue: hemograma, eletrólitos, proteínas e frações, ferritina, transferrina, dosagem de vitamina B12, provas de função hepática, HIV e proteína C reativa. Teste sorológico ASCA: a presença desses anticorpos está associado ao comprometimento do intestino delgado. O ASCA é um marcador especifico para DC expresso em pacientes com DC de inicio precoce. ● Exames de imagem: Raio x simples de abdome: é essencial para observar obstrução intestinal. Em casos mais graves, o uso de contraste não é recomendado, porém pode revelar espessamento da mucosa ou estreitamento da luz nos casos de suspeita de DC no esôfago, estômago e duodeno. Ultrassonografia: pode ser útil para identificar o espessamento da mucosa intestinal e presença de andenomegalia e líquido na cavidade abdominal. Tomografia computadorizada (TC): pode ser útil para identificar abcesso ou linfoma. Ressonância magnética: é superior a US na identificação de fístulas e estenose, e na localização dos segmentos afetados. Exames endoscópicos: é importante para o diagnostico e acompanhamento de DC, inclusive para a biópsia. l Thaís Oliveira - @dicas.demed Enteroscopia: é utilizada para acessar as áreas do intestino delgado suspeitas, quando os outros exames diagnósticos foram negativos. Tem sido indicada na localização de sangramento digestivo proveniente do intestino delgado quando os outros métodos diagnósticos falham. Colonoscopia: visualiza os segmentos do cólon e reto, possibilitando a visualização da válvula ileocecal e do íleo. Exame histopatológico Tratamento ● Tratamento nutricional Corrigir déficits nutricionais; ● Proporcionar fontes energéticas e proteínas; ● Preservar o potencial de crescimento para que o paciente possa atingir a puberdade; ● Dieta com baixa quantidade de resíduos para diminuir a frequência das evacuações; ● Em casos de constipação, dieta com grande quantidade pode ser indicada. ● Probióticos ● Tratamento medicamentoso: Medicamentos sintomáticos: ● Analgésicos; ● Cálcio e vitamina D; ● Multivitaminicos; ● Suplementação de B12; ● Antidiarreicos; Corticoesteroides: controla o processo inflamatório intestinal, tendo efeito no sistema inflamatório e na resposta inflamatória. Prednisona reduz a velocidade de crescimento das crianças com formas leves e moderadas, tendo pico no intestino delgado distal e cólon ascendente. Também tem a Budesonida, é eficiente em remissão da DC em íleo e cólon. Aminossalicilatos: sulfasalazina é utilizado na manutenção de retocolite ulcerativa e DC de cólon. Esse medicamento interfere na absorção do folato, sendo indicado suplementação diária de ácido fólico. Imunomodulador: inibem a função dos linfócitos das células T, não sendo utilizados para DC aguda. Antimicrobianos: são mais utilizados nas doenças do cólon pois alteram a flora intestinal e diminuem a estimulação antigênica do sistema imune da mucosa. Ex: metronidazol e ciprofloxaxino. Antibióticos. Retocolite ulcerativa (RU) é uma doença inflamatória que atinge principalmente a mucosa do reto e do cólon esquerdo. É uma doença tônica caracterizada por diarreia e perda de sangue. Epidemiologia É uma doença de ocorrência mundial, com incidência de 3 a 20 novos casos por ano, para cada 100.000 habitantes. Acomete ambos os sexos, na mesma proporção, porém ocorrem mais em mulheres. Em homens, ocorre mais entre 35 e 70 anos e nas mulheres entre os 15 e 35 anos. Afeta mais pessoas brancas e jovens, porém estudos recentes mostraram que há aumento de casos nos negros. Etiologia e Fisiopatologia ● Fatores ambientais: ● Dieta em relação ao leite, bebida a base de cola, dietas pobres em fibras e ricas em gorduras. ● Infecções pela sua natureza inflamatória e reação tecidual. ● Apendicectomia: diminui a probabilidade de desenvolver a doença devido as respostas imunológicas no passado duradouras, protegendo da RCU. ● Fumo: é mais frequente em pacientes não fumantes. ● Fatores genéticos Fatores imunológicos: ● Microbianas: a interação entre a microbiota e o hospedeiro pode aumentar a reação inflamatória intestinal. ● Epitélio intestinal: as células da mucosa intestinal constituem uma barreira contra a entrada excessiva de bactéria e outros antígenos. Na doença intestinal apresenta um aumento da permeabilidade e a regulação da junção é defeituosa, podendo ser consequência da inflamação. ● Resposta inflamatória: ocorre uma infiltração na lamina própria de células imunes inatas (neutrófilos, macrófagos, células dendríticas e células T), acarretando o fator de necrose. A resposta imune inicial, é o desequilíbrio da flora, gerando a resposta inflamatória. ● Fatores sociopsicossomáticos: os fatores socopsicossomáticos e emocionais interferem Retocolite ulcerativa l Thaís Oliveira - @dicas.demed Manifestações clinicas Diarreia é um dos principais sintomas. Pode sistro por dias, semanas ou meses, mas depois regride . As fezes pode conter sangue e muco, e a diarreia noturna geralmente ocorre quando os sintomas são graves durante o dia. ● Anorexia ● Fadiga ● Fraqueza ● Incontinência fecal Pode ser classificada como branda, moderada, grave ou fulminante. ● Branda:é a forma mais comum, no qual o paciente defeca menos de 4 vezes ao dia, podendo ser com ou sem sangue e VHS normal. ● Moderada: defecam mais de 4x ao dia, apresentando mínimos sinais de toxemia (acúmulo de toxinas). ● Grave: mais de seis defecações sanguinolentas, com indício de toxemias (febre, taquicardia, anemia e VHS elevado). ● Fulminante: mais de 10 defecações diárias, sangramento contínuo, febre e outros sinais de toxemia, dor a palpação. Diagnóstico ● Quadro clínico ● Exame físico Alterações laboratoriais ● Leucocitose; ● Leucopenia; ● VHS aumentado; ● Aumento da proteína C reativa. ● Distúrbios eletrolíticos. ● Marcadores sorológicos ● ASCA ● Anticorpos antibacterianos. Exames radiológicos ● Raio x simples de abdome: observa ar no cólon, achatamento dos órgãos e muco. ● Edema opaco: avalia a extensão da doença ● Exames endoscópicos ● Histopatologicos Tratamento ● Derivados salicílicos: utiliza a fassalazina (SSZ), sendo absorvida e desdobrada em sulfapiridina e ácido 5-aminossalicílico, inibindo a produção de leucotrienos e anticorpos. Se estiver ativo, utiliza-se 1 a 4g/dia e em remissão, 1g ao dia ou 1 a 4g a cada 2 ou 3 dias. E o fassalazina, 2 a 4g/ dia, quando ativo e em remissão. ● Imunosupressores: induzem a apoptose celular, reduzindo os linfócitos e monócitos. ● Azatioprina (AZA): 2 a 3 mg/dia por kg ● 6-mercaptopurina (6-MP): 1 a 1,5 mg/ dia por kg. ● Cloroquina: 500 mg/dia ● Ciclosporina: 2 a 4 mg/dia por kg, por 1 a 2 semanas, ou 6 a 8 mg/dia por kg. ● Corticoide: ● Intensidade moderada a grave: prednisona de 0,75 a 1 mg por kg ao dia (max 60 mg) e ao diminuir, 10 mg/semana até 0,5 mg/dia , e a seguir, 5 mg/semana, até retirada completa. l