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AULA 4 
AUDITORIA HOSPITALAR 
Profª Joy Ganem Longhi 
 
 
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INTRODUÇÃO 
As contas médicas e hospitalares pagas pelas operadoras de saúde são 
ricas em informações econômicas, valores e quantidades de serviços e 
procedimentos executados e faturados (Koyama, 2006). Compete ao auditor 
avaliar se há fraudes, discordâncias e erros. Por esse motivo, há tamanha 
necessidade de ferramentas que o auxiliem em suas avaliações. 
Koyama (2006) esclarece que as operadoras contratam os prestadores 
acordando remuneração dos serviços médico-hospitalares executados por 
tabelas de honorários e procedimentos médicos. Os hospitais costumam ter suas 
próprias tabelas, com valores de diárias hospitalares e outras taxas conforme sua 
hotelaria e a complexidade de recursos. 
No momento da auditoria, os profissionais que a realizam devem conhecer 
os contratos e tabelas vigentes, acordados entre o prestador de serviços de saúde 
e a operadora de planos de saúde. 
As regras pactuadas nos contratos e a adoção de manuais de auditoria, em 
que são estabelecidos protocolos para cobrança e pagamento, servem como 
apoio na atividade de auditoria (Carminatti, Junior, 2012). 
Para a realização da auditoria externa, o contrato firmado entre as partes 
(operadora e prestador de serviços de saúde) é a estrutura mais importante. Os 
contratos e tabelas de preços são ferramentas utilizadas constantemente na 
atividade e cabe aos auditores conhecer as normas e instruções gerais neles 
dispostas (Loverdos, 1997). 
Para Azevedo et al. (2016), a adoção do modelo de conta aberta e de 
tabelas de preços de referência máximos levou a um quadro em que parte 
significativa do faturamento dos hospitais decorre dos custos gerados pela própria 
instituição e, assim, quanto maior o custo, maior o faturamento. 
A maioria dos auditores utiliza protocolos e pareceres para auxiliar em suas 
práticas diárias para tomadas de decisão e emissão de pareceres (Baldi, 2019). 
Segundo Baldi (2019), os instrumentos de trabalho e ferramentas 
documentais são os seguintes: contratos firmados entre operadora e prestadores 
de serviços, tabelas de honorários médicos (CBHPM e AMB), guia farmacêutico 
Brasíndice, Revista Simpro Hospitalar, tabela própria de preços e consensos. 
 
 
 
 
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TEMA 1 – CONTRATOS 
Toda e qualquer forma de acordo entre a operadora do plano de saúde e 
os prestadores de serviço deve ser expressamente disciplinada pelo instrumento 
contratual que define a relação (ANS, 2003). 
O contrato entre os prestadores de serviço e a operadora de saúde 
expressa o acerto estabelecido entre as partes para determinada finalidade, 
diante da contraprestação de valores, estabelecendo direitos e obrigações por 
meio de documento escrito (Unimed Vitória, 2009). 
Os contratos de prestação de serviços contribuem para regulação, uma vez 
que preveem regras claras de obrigações e deveres entre as partes, inclusive a 
subordinação dos serviços contratados à regulação do gestor (Santos, 2006). 
Britto (2009) ressalta que, sempre que um credenciamento é negociado e 
estabelecido entre um prestador de serviço e uma operadora de plano ou seguro 
de saúde, quatro marcadores precisam ser definidos: tabela de honorários 
médicos com seu CH, tabela de diárias e taxas (com seus valores), tabela de 
medicamentos (vinculada ou não ao Brasíndice) e tabela de materiais (vinculada 
ou não ao Simpro). 
De acordo com Motta (2004), quanto melhor elaborados e mais completos 
forem os contratos entre os hospitais e as operadoras de planos de saúde, 
menores serão os índices de desgaste ou impasses no momento da auditoria. 
As relações constituídas entre os planos de saúde e os prestadores de 
serviço incluem a forma de contratualização, de remuneração e os instrumentos 
de regulação não financeiros. Essas definições refletem no modelo assistencial e 
na qualidade de serviços prestados (Ugá et al., 2009). O contrato entre o prestador 
e a operadora é um instrumento normativo que determina os limites de atuação, 
serviços prestados e valores a serem pagos ou recebidos de modo a estabelecer 
um equilíbrio entre as partes. É uma forma de normatizar os conflitos de interesses 
existentes, uma vez que o prestador tem como principal fonte de suas receitas os 
custos das operadoras (Carminatti Junior, 2012). 
Os auditores devem conhecer e respeitar os contratos vigentes acordados 
entre o prestador e a operadora de planos de saúde (Motta, 2004). 
Devem constar no contrato os seguintes elementos: as especialidades 
atendidas pelo prestador, os serviços próprios e terceirizados oferecidos e o rol 
de serviços regulamentado pela ANS. Assim, a operadora encaminhará e acatará 
 
 
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a remuneração somente dos procedimentos condizentes com os itens elencados 
(Carminatti Junior, 2012). 
O contrato é a ferramenta que determina os preços ou regras de preço para 
cada item cobrado pelo prestador da operadora e no qual a auditoria poderá 
confrontar os valores cobrados com aqueles que estão em vigor (Carminatti 
Junior, 2012). 
Em contrato, a operadora exige que não seja permitida nenhuma cobrança 
direta ao beneficiário, exceto em situações autorizadas pela própria operadora 
(Carminatti Junior, 2012). 
TEMA 2 – CUSTOS 
Custo pode ser definido como a avaliação em numerário dos bens materiais 
e serviços a serem produzidos, adquiridos ou consumidos por uma organização 
empresarial ou instituição (Leone, 1981). É o somatório dos gastos com pessoal, 
material, estrutura física e aparelhos utilizados, devendo ser compreendido como 
poderoso instrumento gerencial para análise de desempenho, produtividade e 
qualidade dos serviços (Asevedo; Koch, 2004). 
2.1 Classificação dos custos 
 A classificação de custos é importante instrumento para avaliação dos 
resultados sob diferentes níveis de atividades, incluindo a avaliação do ponto de 
equilíbrio que é representado pelo volume de serviços em que ocorre a igualdade 
entre receita e custos (Matos, 2014). 
2.1.1 Custos diretos 
Custos diretos são os gastos que se aplicam diretamente na produção de 
um produto ou de um serviço e implicam retirada financeira real e imediata (Motta, 
2004). São fáceis de relacionar a um centro de custo ou serviço, sem necessidade 
de rateios (Nascimento; Almeida, 2018). Podem ser considerados exemplos 
dessa modalidade: pessoal (salários, encargos sociais e benefícios) e materiais 
de consumo (medicamentos, materiais médico-cirúrgicos, gêneros alimentícios, 
gases, material de consumo, material de expediente, combustíveis e lubrificantes, 
entre outros). 
 
 
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2.1.2 Custos indiretos 
São comuns a diversos procedimentos ou serviços, não sendo atribuídos a 
um setor ou produto exclusivo. São gastos que não oferecem condições claras 
para destinação a um centro de custo ou serviço e, por isso, sua apropriação se 
faz por meio de rateio, baseado em fator volumétrico, por exemplo: água, luz, 
aluguel, limpeza, seguro (Motta, 2004; Nascimento; Almeida, 2018). 
2.1.3 Custos fixos 
 Os custos fixos estão vinculados à infraestrutura instalada. Mantêm-se 
constantes, mesmo havendo variações no número de atendimentos. Por não 
variarem de acordo com o volume de atendimento, sua análise é feita sob 
números absolutos. São exemplos: aluguel, salários (Motta, 2004; Nascimento; 
Almeida, 2018). 
2.1.4 Custos variáveis 
Custos variáveis estão relacionados ao volume de produção, podendo 
aumentar ou diminuir de acordo com o volume de serviços prestados. Devido à 
variabilidade em função do número de atendimentos, são analisados de forma 
unitária a fim de garantir lucro para a empresa. São exemplos: materiais, 
medicamentos e lavanderia (Motta, 2004; Nascimento; Almeida, 2018). 
Desse modo, para Motta (2004), as operadoras têm importante papel no 
controle dos custos hospitalares e, por isso, devem seguir algumas regras, como: 
 Criar uma normativa para que a instituição já credenciada passepor 
avaliação periódica, com levantamento de dados que verifiquem se os 
valores praticados por ela estão de acordo com o previsto pela operadora de 
planos de saúde; 
 Inspecionar rigorosamente os serviços que aguardam possível 
credenciamento e a proposta apresentada, verificando a necessidade do 
mercado e os benefícios ou não desse credenciamento; 
 Determinar nos contratos todas as cobranças de taxas de serviços, sendo 
os custos estudados de acordo com a realidade atual do mercado em que 
está inserida a prestadora de serviço; 
 
 
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 Estudar as cobranças de valores de equipamentos por cálculos de 
depreciação; 
 Estabelecer um padrão de cobrança para a rede de acordo com sua 
abrangência de atendimento, características locais e regionais. 
2.2 Avaliação de custos e auditoria em saúde 
Os custos em saúde têm crescido constantemente, superando os índices 
de inflação ao consumidor e outras referências; por isso, há cada vez mais 
pressão em todo sistema para uma vigilância sobre os procedimentos e 
tratamentos ineficazes, impróprios, desperdícios, abusos e fraudes (Koyama, 
2006). Lin (2004) afirma que, de acordo com pesquisas, 70% dos médicos 
americanos revelam já ter mentido e 10% não acham errado falsificar relatórios 
para beneficiar seus pacientes. 
A transparência com a apresentação de custos, impostos e despesas pode 
ser um caminho para diminuir a corrupção no processo de compra e venda na 
saúde. Assim, na evolução deste processo, as negociações não seriam mais 
relacionadas ao preço, mas sim baseadas em tabelas de custo e produtividade 
(Jardim, 2008) 
O conhecimento sobre os custos hospitalares subsidia atividades 
gerenciais para a melhoria da utilização dos recursos econômicos nas instituições 
(Unimed Vitória, 2009). 
A prática da auditoria está relacionada aos custos, visando alcançar maior 
qualidade, utilizando os princípios da padronização, racionalidade e otimização 
dos recursos materiais (Santos, 2006). 
Motta (2004) cita que os valores verificados nas contas hospitalares não 
devem ser vistos de modo isolado, mas como o reflexo de todo o processo de 
gerenciamento de custos hospitalares. 
O cálculo do custo dos procedimentos médico-hospitalares compreende a 
integração dos custos unitários com o perfil de conduta média adotada na 
consecução dos procedimentos (Matos, 2014). 
A gestão dos custos na saúde permite aumentar a eficiência na utilização 
dos recursos disponíveis, assim como contribui para o uso de evidências na 
tomada de decisões que envolvam escolhas entre alternativas de tratamento em 
relação aos desfechos esperados (Brasil, 2013). 
 
 
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TEMA 3 – TABELAS 
Atualmente, o mercado dispõe de diversas tabelas de cobranças 
hospitalares. Cada empresa define aquela que melhor se adapta às suas 
necessidades, trazendo-lhe melhores benefícios (Motta, 2004). 
3.1 Tabela da Associação Médica Brasileira 
Publicação de caráter técnico produzida pela Associação Médica Brasileira 
(AMB), essa tabela contempla todos os procedimentos médicos aprovados e 
considerados éticos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) (Britto, 2009). 
Os hospitais possuem um grande número de custos indiretos para atender 
aos beneficiários dos planos de saúde, por isso, a AMB definiu uma tabela que 
estabelece valores referências para remuneração de honorários de 
procedimentos médicos, a qual também pode ser utilizada para identificar se um 
procedimento deve ser considerado de alto custo ou não (Corbari et al., 2012). 
Assim, a tabela AMB divulga os valores de todos os procedimentos médicos e de 
Serviços de Apoio ao Diagnóstico e Terapia-Exames (SADT) (Alvarenga et al., 
2015). 
Essa tabela tem o objetivo de estabelecer os valores dos procedimentos 
médicos de todas as especialidades por meio do coeficiente de honorários (CH), 
cujo valor é representado em reais, sendo multiplicado pela quantidade de CHs 
determinada para cada procedimento médico da tabela (Motta, 2004). 
Carminatti Junior (2012) define honorário médico como “taxa que remunera 
o profissional médico que realizou um procedimento de acordo com a 
especialização que atua”. 
A indexação por CH facilita o gerenciamento da precificação, uma vez que, 
se negociada em moeda corrente, a cada reajuste, todos os honorários deverão 
ser recalculados (Carminatti Junior, 2012). 
A AMB considera que procedimentos que possuem maiores gastos com 
insumos possuem fatores de ponderações maiores, evitando a arbitrariedade no 
rateio dos custos aos procedimentos médicos (Kudlawicz; Corbari, 2010). 
3.1.1 Honorários de anestesia 
O ato anestésico tem início na avaliação pré-anestésica e finda quando o 
paciente recupera os dados vitais e a consciência. Assim, seu pagamento deve 
 
 
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ser efetuado de acordo com a tabela da AMB, em que os atos anestésicos são 
classificados em porte de 0 a 7 (Motta, 2004). 
3.2 Classificação brasileira hierarquizada de procedimentos médicos 
A Classificação brasileira hierarquizada de procedimentos médicos 
(CBHPM) teve sua primeira edição em 2003 e passou a ser incorporada 
gradativamente no Brasil por diferentes operadoras de saúde, culminando com o 
reconhecimento da ANS, que inclusive utiliza os procedimentos da CBHP para 
atualizar o seu rol de procedimentos e eventos em saúde (Sociedade Brasileira 
de Cardiologia, 2013) 
Esta classificação trata da remuneração dos procedimentos médicos e dá 
ordenamento dos métodos e procedimentos existentes tanto no campo 
terapêutico quanto diagnóstico, estabelecendo portes para cada ato (Unimed 
Vitória, 2009). Os portes representados ao lado de cada procedimento 
estabelecem a comparação entre os diversos atos médicos no que diz respeito à 
complexidade técnica, tempo de execução, atenção requerida e grau de 
treinamento necessário para a capacitação do profissional que as realiza 
(Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2013) 
Os valores dos procedimentos médicos utilizados na CBHPM são 
agrupados em 14 portes e três subportes (A, B e C). Quanto aos custos, 
estabeleceu-se a Unidade de Custo Operacional (UCO), que incorpora a 
depreciação de equipamentos, manutenção, mobiliário, imóvel, aluguéis, folhas 
de pagamento e outras despesas comprovadamente associadas aos 
procedimentos médicos (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2013) 
3.3 Tabela particular do prestador 
Trata-se de uma tabela específica, contratada junto a um prestador de 
saúde, de modo a atender algumas particularidades do contrato (EU). 
As tabelas próprias, negociadas em parceria entre a operadora e o 
prestador, propiciam atender às necessidades com preços adequados para ambas 
partes (Motta, 2004). 
A operadora é capaz de negociar produtos com os fornecedores, antes 
mesmo que um produto seja solicitado, permitindo que valores sejam reduzidos e 
 
 
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trabalhando com perspectiva de custo, de modo a incluir o item nas tabelas próprias 
com valor predefinido (Jardim, 2008). 
O preço negociado em tabela própria é definido em cada negociação, e cada 
prestador pode pagar, pelo mesmo produto, diferentes preços, refletindo a falta de 
transparência nos preços de mercado efetivamente praticados (Azevedo et al., 
2016). 
Barros et al. (2007) salientam que a utilização de tabelas para a definição 
dos preços praticados pelos prestadores cria uma uniformização no custo das 
operadoras, de forma que outros fatores, como qualidade do serviço, passam a ser 
mais importantes no processo de credenciamento. 
3.4 Terminologia Unificada em Saúde Suplementar – TUSS 
No setor de planos de saúde, sempre existiram múltiplas terminologias 
criadas por operadoras e prestadores de serviços de saúde. Diante das dificuldades 
para a troca de informação, foi verificada a necessidade de adoção de uma 
terminologia clínica comum. A TUSS é a tabela criada pela ANS para a 
padronização da terminologia clínica para todo o setor da área da saúde, visando 
facilitar a tramitação dasinformações administrativas recorrentes da Troca de 
Informação em Saúde Suplementar (TISS) (Carminatti Junior, 2012). 
Essa tabela utilizou como base a CBHPM e é uma exigência da ANS, a qual 
substitui os códigos da tabela AMB e CBHPM, não implicando mudança de 
remuneração e sim uma padronização dos códigos entre os setores de saúde 
suplementar. 
TEMA 4 – REFERENCIAIS DE PREÇOS 
Simpro e Brasíndice são referenciais de preços amplamente utilizados para 
embasamento de regras de pagamentos nos contratos firmados entre as 
operadoras e os prestadores, no entanto, sua aplicação vem diminuindo devido aos 
altos valores nestes publicados, muitas vezes não refletindo a realidade dos preços 
praticados (EU). 
Esses referenciais de preço são instrumentos privados, sem controle do 
poder público, tendo os preços atualizados pelos próprios fabricantes e, por isso, 
dimensionados de forma tendenciosa, uma vez que esses valores não possuem 
 
 
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nenhum tipo de controle ou pesquisa daquilo que é praticado no mercado (Jardim, 
2008). 
4.1 Revista Simpro 
Publicação atualizada trimestralmente, a Revista Simpro apresenta valores 
referentes a materiais e medicamentos, e disponibiliza um programa informatizado 
para consultas, o qual é atualizado semanalmente (Motta, 2004). Essa revista 
regulamenta valores dos insumos médico-hospitalares via tomada de preços do 
fabricante, servindo como base para negociações. A Simpro também divulga uma 
relação de medicamentos, mas esta não é comumente utilizada, optando-se pelo 
Brasíndice (Britto, 2009). 
4.2 Guia farmacêutico Brasíndice 
Trata-se de uma publicação quinzenal de orientação farmacêutica, utilizada 
como padrão de cobrança em muitos contratos. Publicada quinzenalmente, 
divulga o preço de fábrica (PF) e o preço máximo ao consumidor (PMC) 
(Alvarenga et al., 2015) 
Esse guia não faz controle de preço, apenas publica os valores informados 
pelos detentores dos registros dos produtos comercializado (Garrasino, 2011). 
TEMA 5 – PROTOCOLOS E DIRETRIZES CLÍNICAS 
Diretrizes clínicas são posicionamentos ou recomendações 
sistematicamente desenvolvidos para orientar médicos e pacientes acerca de 
cuidados de saúde apropriados em circunstâncias clínicas específicas (IOM, 
1990). Contemplam indicações e contraindicações, bem como benefícios 
esperados e risco do uso de tecnologias em saúde. Os fatores relevantes na 
seleção de tópicos para o desenvolvimento de diretrizes incluem relevância 
epidemiológica, custo, potencial de mudança nos resultados da saúde, nível 
elevado de variação na prática e prevalência de uso de uma tecnologia (Portela, 
2003). 
Os protocolos de procedimentos são criados de modo a estabelecer 
critérios para a utilização de procedimentos, tratamentos, técnicas cirúrgicas e 
utilização de materiais (Jardim, 2008). Esses protocolos estabelecem os 
procedimentos que devem ser seguidos, quando observado um determinado 
 
 
11 
conjunto de evidências. Assim, devem ser estabelecidos por um coletivo de 
profissionais especializados na área, por meio de análise baseada em evidência 
(Azevedo et al., 2016). 
O uso de protocolos e diretrizes clínicas é essencial para apoiar a ação das 
equipes e mediar a relação entre os vários serviços e órgãos que compõem um 
sistema de saúde. Esses protocolos e diretrizes representam os consensos entre 
os profissionais envolvidos no processo terapêutico dos usuários e a realidade na 
qual os serviços estão inseridos (Amaral; Campos, 2014). 
A definição de protocolos não é um trabalho conjunto com o Ministério da 
Saúde, ficando a critério de cada operadora defini-los e validá-los junto às 
sociedades médicas das especialidades, desde que cumpram o rol estabelecido 
pela ANS (Jardim, 2008). 
A construção dos protocolos deve acontecer com a participação de 
profissionais com capacidade técnica e prática de relação profissional-paciente 
humanizada e de qualidade reconhecidas, ampliando, assim, a credibilidade 
desses instrumentos e legitima a legitimidade do uso adequado dos recursos 
disponíveis (Amaral; Campos, 2014). 
Para as operadoras, os protocolos, além de estabelecerem regras 
padronizadas para o atendimento, com reflexos sobre a qualidade da atenção 
ofertada e o seu custo, servem como parâmetro para a ação do auditor na 
avaliação técnica das condutas. De forma geral, os prestadores consideram 
positivo dessa ferramenta (Barros et al., 2007) 
Esses instrumentos priorizam pontos críticos e básicos no processo de 
decisão. A padronização dos protocolos assistenciais coleta, organiza, analisa e 
descreve ideias, dando embasamento para os indicadores de risco e de qualidade 
(Silva et al., 2017). 
Para Portela (2003), a evidência proporcionada por pesquisas pode 
focalizar a acurácia e a precisão de testes diagnósticos, a força de marcadores 
prognósticos e a eficácia e segurança de protocolos de prevenção, tratamento ou 
reabilitação. Novas evidências podem invalidar testes diagnósticos e tratamentos 
previamente aceitos e proporcionam a sua substituição por outros mais acurados, 
eficazes e seguros. Como experiência clínica, entende-se a habilidade do clínico 
em usar seu conhecimento e experiência para identificar rapidamente o 
diagnóstico e estado de saúde de cada paciente, seus riscos e potenciais 
benefícios do uso de intervenções e seus valores e expectativas pessoais. 
 
 
12 
Finalmente, os valores dos pacientes, preocupações e expectativas trazidas para 
o médico, que devem ser integrados à decisão clínica. 
Ao editar o rol de procedimentos e eventos em saúde – RN n. 167/08, a 
ANS introduziu protocolos de utilização para procedimentos específicos. Esses 
protocolos tinham como foco principal coibir o mau uso de algumas tecnologias, 
imputando obrigatoriedade de cobertura e apenas nos casos em que houvesse 
indicação prevista em lei, portarias governamentais ou diretrizes clínicas já 
produzidas (Ministério da Saúde, 2009). 
Algumas premissas indicam a qualidade de uma diretriz clínica, por 
exemplo, a clareza da linguagem e nas recomendações, reprodutibilidade, 
aplicabilidade clínica, flexibilidade, transparência no que se refere aos 
elaboradores e aos métodos utilizados (Field, Lohr; 1992). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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