Prévia do material em texto
AULA 4 AUDITORIA HOSPITALAR Profª Joy Ganem Longhi 2 INTRODUÇÃO As contas médicas e hospitalares pagas pelas operadoras de saúde são ricas em informações econômicas, valores e quantidades de serviços e procedimentos executados e faturados (Koyama, 2006). Compete ao auditor avaliar se há fraudes, discordâncias e erros. Por esse motivo, há tamanha necessidade de ferramentas que o auxiliem em suas avaliações. Koyama (2006) esclarece que as operadoras contratam os prestadores acordando remuneração dos serviços médico-hospitalares executados por tabelas de honorários e procedimentos médicos. Os hospitais costumam ter suas próprias tabelas, com valores de diárias hospitalares e outras taxas conforme sua hotelaria e a complexidade de recursos. No momento da auditoria, os profissionais que a realizam devem conhecer os contratos e tabelas vigentes, acordados entre o prestador de serviços de saúde e a operadora de planos de saúde. As regras pactuadas nos contratos e a adoção de manuais de auditoria, em que são estabelecidos protocolos para cobrança e pagamento, servem como apoio na atividade de auditoria (Carminatti, Junior, 2012). Para a realização da auditoria externa, o contrato firmado entre as partes (operadora e prestador de serviços de saúde) é a estrutura mais importante. Os contratos e tabelas de preços são ferramentas utilizadas constantemente na atividade e cabe aos auditores conhecer as normas e instruções gerais neles dispostas (Loverdos, 1997). Para Azevedo et al. (2016), a adoção do modelo de conta aberta e de tabelas de preços de referência máximos levou a um quadro em que parte significativa do faturamento dos hospitais decorre dos custos gerados pela própria instituição e, assim, quanto maior o custo, maior o faturamento. A maioria dos auditores utiliza protocolos e pareceres para auxiliar em suas práticas diárias para tomadas de decisão e emissão de pareceres (Baldi, 2019). Segundo Baldi (2019), os instrumentos de trabalho e ferramentas documentais são os seguintes: contratos firmados entre operadora e prestadores de serviços, tabelas de honorários médicos (CBHPM e AMB), guia farmacêutico Brasíndice, Revista Simpro Hospitalar, tabela própria de preços e consensos. 3 TEMA 1 – CONTRATOS Toda e qualquer forma de acordo entre a operadora do plano de saúde e os prestadores de serviço deve ser expressamente disciplinada pelo instrumento contratual que define a relação (ANS, 2003). O contrato entre os prestadores de serviço e a operadora de saúde expressa o acerto estabelecido entre as partes para determinada finalidade, diante da contraprestação de valores, estabelecendo direitos e obrigações por meio de documento escrito (Unimed Vitória, 2009). Os contratos de prestação de serviços contribuem para regulação, uma vez que preveem regras claras de obrigações e deveres entre as partes, inclusive a subordinação dos serviços contratados à regulação do gestor (Santos, 2006). Britto (2009) ressalta que, sempre que um credenciamento é negociado e estabelecido entre um prestador de serviço e uma operadora de plano ou seguro de saúde, quatro marcadores precisam ser definidos: tabela de honorários médicos com seu CH, tabela de diárias e taxas (com seus valores), tabela de medicamentos (vinculada ou não ao Brasíndice) e tabela de materiais (vinculada ou não ao Simpro). De acordo com Motta (2004), quanto melhor elaborados e mais completos forem os contratos entre os hospitais e as operadoras de planos de saúde, menores serão os índices de desgaste ou impasses no momento da auditoria. As relações constituídas entre os planos de saúde e os prestadores de serviço incluem a forma de contratualização, de remuneração e os instrumentos de regulação não financeiros. Essas definições refletem no modelo assistencial e na qualidade de serviços prestados (Ugá et al., 2009). O contrato entre o prestador e a operadora é um instrumento normativo que determina os limites de atuação, serviços prestados e valores a serem pagos ou recebidos de modo a estabelecer um equilíbrio entre as partes. É uma forma de normatizar os conflitos de interesses existentes, uma vez que o prestador tem como principal fonte de suas receitas os custos das operadoras (Carminatti Junior, 2012). Os auditores devem conhecer e respeitar os contratos vigentes acordados entre o prestador e a operadora de planos de saúde (Motta, 2004). Devem constar no contrato os seguintes elementos: as especialidades atendidas pelo prestador, os serviços próprios e terceirizados oferecidos e o rol de serviços regulamentado pela ANS. Assim, a operadora encaminhará e acatará 4 a remuneração somente dos procedimentos condizentes com os itens elencados (Carminatti Junior, 2012). O contrato é a ferramenta que determina os preços ou regras de preço para cada item cobrado pelo prestador da operadora e no qual a auditoria poderá confrontar os valores cobrados com aqueles que estão em vigor (Carminatti Junior, 2012). Em contrato, a operadora exige que não seja permitida nenhuma cobrança direta ao beneficiário, exceto em situações autorizadas pela própria operadora (Carminatti Junior, 2012). TEMA 2 – CUSTOS Custo pode ser definido como a avaliação em numerário dos bens materiais e serviços a serem produzidos, adquiridos ou consumidos por uma organização empresarial ou instituição (Leone, 1981). É o somatório dos gastos com pessoal, material, estrutura física e aparelhos utilizados, devendo ser compreendido como poderoso instrumento gerencial para análise de desempenho, produtividade e qualidade dos serviços (Asevedo; Koch, 2004). 2.1 Classificação dos custos A classificação de custos é importante instrumento para avaliação dos resultados sob diferentes níveis de atividades, incluindo a avaliação do ponto de equilíbrio que é representado pelo volume de serviços em que ocorre a igualdade entre receita e custos (Matos, 2014). 2.1.1 Custos diretos Custos diretos são os gastos que se aplicam diretamente na produção de um produto ou de um serviço e implicam retirada financeira real e imediata (Motta, 2004). São fáceis de relacionar a um centro de custo ou serviço, sem necessidade de rateios (Nascimento; Almeida, 2018). Podem ser considerados exemplos dessa modalidade: pessoal (salários, encargos sociais e benefícios) e materiais de consumo (medicamentos, materiais médico-cirúrgicos, gêneros alimentícios, gases, material de consumo, material de expediente, combustíveis e lubrificantes, entre outros). 5 2.1.2 Custos indiretos São comuns a diversos procedimentos ou serviços, não sendo atribuídos a um setor ou produto exclusivo. São gastos que não oferecem condições claras para destinação a um centro de custo ou serviço e, por isso, sua apropriação se faz por meio de rateio, baseado em fator volumétrico, por exemplo: água, luz, aluguel, limpeza, seguro (Motta, 2004; Nascimento; Almeida, 2018). 2.1.3 Custos fixos Os custos fixos estão vinculados à infraestrutura instalada. Mantêm-se constantes, mesmo havendo variações no número de atendimentos. Por não variarem de acordo com o volume de atendimento, sua análise é feita sob números absolutos. São exemplos: aluguel, salários (Motta, 2004; Nascimento; Almeida, 2018). 2.1.4 Custos variáveis Custos variáveis estão relacionados ao volume de produção, podendo aumentar ou diminuir de acordo com o volume de serviços prestados. Devido à variabilidade em função do número de atendimentos, são analisados de forma unitária a fim de garantir lucro para a empresa. São exemplos: materiais, medicamentos e lavanderia (Motta, 2004; Nascimento; Almeida, 2018). Desse modo, para Motta (2004), as operadoras têm importante papel no controle dos custos hospitalares e, por isso, devem seguir algumas regras, como: Criar uma normativa para que a instituição já credenciada passepor avaliação periódica, com levantamento de dados que verifiquem se os valores praticados por ela estão de acordo com o previsto pela operadora de planos de saúde; Inspecionar rigorosamente os serviços que aguardam possível credenciamento e a proposta apresentada, verificando a necessidade do mercado e os benefícios ou não desse credenciamento; Determinar nos contratos todas as cobranças de taxas de serviços, sendo os custos estudados de acordo com a realidade atual do mercado em que está inserida a prestadora de serviço; 6 Estudar as cobranças de valores de equipamentos por cálculos de depreciação; Estabelecer um padrão de cobrança para a rede de acordo com sua abrangência de atendimento, características locais e regionais. 2.2 Avaliação de custos e auditoria em saúde Os custos em saúde têm crescido constantemente, superando os índices de inflação ao consumidor e outras referências; por isso, há cada vez mais pressão em todo sistema para uma vigilância sobre os procedimentos e tratamentos ineficazes, impróprios, desperdícios, abusos e fraudes (Koyama, 2006). Lin (2004) afirma que, de acordo com pesquisas, 70% dos médicos americanos revelam já ter mentido e 10% não acham errado falsificar relatórios para beneficiar seus pacientes. A transparência com a apresentação de custos, impostos e despesas pode ser um caminho para diminuir a corrupção no processo de compra e venda na saúde. Assim, na evolução deste processo, as negociações não seriam mais relacionadas ao preço, mas sim baseadas em tabelas de custo e produtividade (Jardim, 2008) O conhecimento sobre os custos hospitalares subsidia atividades gerenciais para a melhoria da utilização dos recursos econômicos nas instituições (Unimed Vitória, 2009). A prática da auditoria está relacionada aos custos, visando alcançar maior qualidade, utilizando os princípios da padronização, racionalidade e otimização dos recursos materiais (Santos, 2006). Motta (2004) cita que os valores verificados nas contas hospitalares não devem ser vistos de modo isolado, mas como o reflexo de todo o processo de gerenciamento de custos hospitalares. O cálculo do custo dos procedimentos médico-hospitalares compreende a integração dos custos unitários com o perfil de conduta média adotada na consecução dos procedimentos (Matos, 2014). A gestão dos custos na saúde permite aumentar a eficiência na utilização dos recursos disponíveis, assim como contribui para o uso de evidências na tomada de decisões que envolvam escolhas entre alternativas de tratamento em relação aos desfechos esperados (Brasil, 2013). 7 TEMA 3 – TABELAS Atualmente, o mercado dispõe de diversas tabelas de cobranças hospitalares. Cada empresa define aquela que melhor se adapta às suas necessidades, trazendo-lhe melhores benefícios (Motta, 2004). 3.1 Tabela da Associação Médica Brasileira Publicação de caráter técnico produzida pela Associação Médica Brasileira (AMB), essa tabela contempla todos os procedimentos médicos aprovados e considerados éticos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) (Britto, 2009). Os hospitais possuem um grande número de custos indiretos para atender aos beneficiários dos planos de saúde, por isso, a AMB definiu uma tabela que estabelece valores referências para remuneração de honorários de procedimentos médicos, a qual também pode ser utilizada para identificar se um procedimento deve ser considerado de alto custo ou não (Corbari et al., 2012). Assim, a tabela AMB divulga os valores de todos os procedimentos médicos e de Serviços de Apoio ao Diagnóstico e Terapia-Exames (SADT) (Alvarenga et al., 2015). Essa tabela tem o objetivo de estabelecer os valores dos procedimentos médicos de todas as especialidades por meio do coeficiente de honorários (CH), cujo valor é representado em reais, sendo multiplicado pela quantidade de CHs determinada para cada procedimento médico da tabela (Motta, 2004). Carminatti Junior (2012) define honorário médico como “taxa que remunera o profissional médico que realizou um procedimento de acordo com a especialização que atua”. A indexação por CH facilita o gerenciamento da precificação, uma vez que, se negociada em moeda corrente, a cada reajuste, todos os honorários deverão ser recalculados (Carminatti Junior, 2012). A AMB considera que procedimentos que possuem maiores gastos com insumos possuem fatores de ponderações maiores, evitando a arbitrariedade no rateio dos custos aos procedimentos médicos (Kudlawicz; Corbari, 2010). 3.1.1 Honorários de anestesia O ato anestésico tem início na avaliação pré-anestésica e finda quando o paciente recupera os dados vitais e a consciência. Assim, seu pagamento deve 8 ser efetuado de acordo com a tabela da AMB, em que os atos anestésicos são classificados em porte de 0 a 7 (Motta, 2004). 3.2 Classificação brasileira hierarquizada de procedimentos médicos A Classificação brasileira hierarquizada de procedimentos médicos (CBHPM) teve sua primeira edição em 2003 e passou a ser incorporada gradativamente no Brasil por diferentes operadoras de saúde, culminando com o reconhecimento da ANS, que inclusive utiliza os procedimentos da CBHP para atualizar o seu rol de procedimentos e eventos em saúde (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2013) Esta classificação trata da remuneração dos procedimentos médicos e dá ordenamento dos métodos e procedimentos existentes tanto no campo terapêutico quanto diagnóstico, estabelecendo portes para cada ato (Unimed Vitória, 2009). Os portes representados ao lado de cada procedimento estabelecem a comparação entre os diversos atos médicos no que diz respeito à complexidade técnica, tempo de execução, atenção requerida e grau de treinamento necessário para a capacitação do profissional que as realiza (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2013) Os valores dos procedimentos médicos utilizados na CBHPM são agrupados em 14 portes e três subportes (A, B e C). Quanto aos custos, estabeleceu-se a Unidade de Custo Operacional (UCO), que incorpora a depreciação de equipamentos, manutenção, mobiliário, imóvel, aluguéis, folhas de pagamento e outras despesas comprovadamente associadas aos procedimentos médicos (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2013) 3.3 Tabela particular do prestador Trata-se de uma tabela específica, contratada junto a um prestador de saúde, de modo a atender algumas particularidades do contrato (EU). As tabelas próprias, negociadas em parceria entre a operadora e o prestador, propiciam atender às necessidades com preços adequados para ambas partes (Motta, 2004). A operadora é capaz de negociar produtos com os fornecedores, antes mesmo que um produto seja solicitado, permitindo que valores sejam reduzidos e 9 trabalhando com perspectiva de custo, de modo a incluir o item nas tabelas próprias com valor predefinido (Jardim, 2008). O preço negociado em tabela própria é definido em cada negociação, e cada prestador pode pagar, pelo mesmo produto, diferentes preços, refletindo a falta de transparência nos preços de mercado efetivamente praticados (Azevedo et al., 2016). Barros et al. (2007) salientam que a utilização de tabelas para a definição dos preços praticados pelos prestadores cria uma uniformização no custo das operadoras, de forma que outros fatores, como qualidade do serviço, passam a ser mais importantes no processo de credenciamento. 3.4 Terminologia Unificada em Saúde Suplementar – TUSS No setor de planos de saúde, sempre existiram múltiplas terminologias criadas por operadoras e prestadores de serviços de saúde. Diante das dificuldades para a troca de informação, foi verificada a necessidade de adoção de uma terminologia clínica comum. A TUSS é a tabela criada pela ANS para a padronização da terminologia clínica para todo o setor da área da saúde, visando facilitar a tramitação dasinformações administrativas recorrentes da Troca de Informação em Saúde Suplementar (TISS) (Carminatti Junior, 2012). Essa tabela utilizou como base a CBHPM e é uma exigência da ANS, a qual substitui os códigos da tabela AMB e CBHPM, não implicando mudança de remuneração e sim uma padronização dos códigos entre os setores de saúde suplementar. TEMA 4 – REFERENCIAIS DE PREÇOS Simpro e Brasíndice são referenciais de preços amplamente utilizados para embasamento de regras de pagamentos nos contratos firmados entre as operadoras e os prestadores, no entanto, sua aplicação vem diminuindo devido aos altos valores nestes publicados, muitas vezes não refletindo a realidade dos preços praticados (EU). Esses referenciais de preço são instrumentos privados, sem controle do poder público, tendo os preços atualizados pelos próprios fabricantes e, por isso, dimensionados de forma tendenciosa, uma vez que esses valores não possuem 10 nenhum tipo de controle ou pesquisa daquilo que é praticado no mercado (Jardim, 2008). 4.1 Revista Simpro Publicação atualizada trimestralmente, a Revista Simpro apresenta valores referentes a materiais e medicamentos, e disponibiliza um programa informatizado para consultas, o qual é atualizado semanalmente (Motta, 2004). Essa revista regulamenta valores dos insumos médico-hospitalares via tomada de preços do fabricante, servindo como base para negociações. A Simpro também divulga uma relação de medicamentos, mas esta não é comumente utilizada, optando-se pelo Brasíndice (Britto, 2009). 4.2 Guia farmacêutico Brasíndice Trata-se de uma publicação quinzenal de orientação farmacêutica, utilizada como padrão de cobrança em muitos contratos. Publicada quinzenalmente, divulga o preço de fábrica (PF) e o preço máximo ao consumidor (PMC) (Alvarenga et al., 2015) Esse guia não faz controle de preço, apenas publica os valores informados pelos detentores dos registros dos produtos comercializado (Garrasino, 2011). TEMA 5 – PROTOCOLOS E DIRETRIZES CLÍNICAS Diretrizes clínicas são posicionamentos ou recomendações sistematicamente desenvolvidos para orientar médicos e pacientes acerca de cuidados de saúde apropriados em circunstâncias clínicas específicas (IOM, 1990). Contemplam indicações e contraindicações, bem como benefícios esperados e risco do uso de tecnologias em saúde. Os fatores relevantes na seleção de tópicos para o desenvolvimento de diretrizes incluem relevância epidemiológica, custo, potencial de mudança nos resultados da saúde, nível elevado de variação na prática e prevalência de uso de uma tecnologia (Portela, 2003). Os protocolos de procedimentos são criados de modo a estabelecer critérios para a utilização de procedimentos, tratamentos, técnicas cirúrgicas e utilização de materiais (Jardim, 2008). Esses protocolos estabelecem os procedimentos que devem ser seguidos, quando observado um determinado 11 conjunto de evidências. Assim, devem ser estabelecidos por um coletivo de profissionais especializados na área, por meio de análise baseada em evidência (Azevedo et al., 2016). O uso de protocolos e diretrizes clínicas é essencial para apoiar a ação das equipes e mediar a relação entre os vários serviços e órgãos que compõem um sistema de saúde. Esses protocolos e diretrizes representam os consensos entre os profissionais envolvidos no processo terapêutico dos usuários e a realidade na qual os serviços estão inseridos (Amaral; Campos, 2014). A definição de protocolos não é um trabalho conjunto com o Ministério da Saúde, ficando a critério de cada operadora defini-los e validá-los junto às sociedades médicas das especialidades, desde que cumpram o rol estabelecido pela ANS (Jardim, 2008). A construção dos protocolos deve acontecer com a participação de profissionais com capacidade técnica e prática de relação profissional-paciente humanizada e de qualidade reconhecidas, ampliando, assim, a credibilidade desses instrumentos e legitima a legitimidade do uso adequado dos recursos disponíveis (Amaral; Campos, 2014). Para as operadoras, os protocolos, além de estabelecerem regras padronizadas para o atendimento, com reflexos sobre a qualidade da atenção ofertada e o seu custo, servem como parâmetro para a ação do auditor na avaliação técnica das condutas. De forma geral, os prestadores consideram positivo dessa ferramenta (Barros et al., 2007) Esses instrumentos priorizam pontos críticos e básicos no processo de decisão. A padronização dos protocolos assistenciais coleta, organiza, analisa e descreve ideias, dando embasamento para os indicadores de risco e de qualidade (Silva et al., 2017). Para Portela (2003), a evidência proporcionada por pesquisas pode focalizar a acurácia e a precisão de testes diagnósticos, a força de marcadores prognósticos e a eficácia e segurança de protocolos de prevenção, tratamento ou reabilitação. Novas evidências podem invalidar testes diagnósticos e tratamentos previamente aceitos e proporcionam a sua substituição por outros mais acurados, eficazes e seguros. Como experiência clínica, entende-se a habilidade do clínico em usar seu conhecimento e experiência para identificar rapidamente o diagnóstico e estado de saúde de cada paciente, seus riscos e potenciais benefícios do uso de intervenções e seus valores e expectativas pessoais. 12 Finalmente, os valores dos pacientes, preocupações e expectativas trazidas para o médico, que devem ser integrados à decisão clínica. Ao editar o rol de procedimentos e eventos em saúde – RN n. 167/08, a ANS introduziu protocolos de utilização para procedimentos específicos. Esses protocolos tinham como foco principal coibir o mau uso de algumas tecnologias, imputando obrigatoriedade de cobertura e apenas nos casos em que houvesse indicação prevista em lei, portarias governamentais ou diretrizes clínicas já produzidas (Ministério da Saúde, 2009). Algumas premissas indicam a qualidade de uma diretriz clínica, por exemplo, a clareza da linguagem e nas recomendações, reprodutibilidade, aplicabilidade clínica, flexibilidade, transparência no que se refere aos elaboradores e aos métodos utilizados (Field, Lohr; 1992). 13 REFERÊNCIAS ALVARENGA, J. P. O. et al. Audit in nursing: process analysis, conceptions and expectations. Journal of Nursing, v. 9, n. 11, p. 9755-9762, 2015. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/10765/11897> . Acesso em: 15 jun. 2020. AMARAL, M. A.; CAMPOS, G. W. S. Organização do trabalho e gestão do cuidado em saúde: Uma metodologia de cogestão. In: VECINA NETO, G.; MALIK, A. M. Gestão em saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014, p. 73-84. ANS – Agência Nacional de Saúde. Resolução Normativa n. 42, de 4 de julho de 2003. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 7 jul. 2003. ASEVEDO, F. M. F.; KOCH, H. A. Avaliação dos custos para a implantação de um serviço de mamografia. Radiologia Brasileira, v. 37, n. 2, p. 101-105, 2004. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100- 39842004000200007&script=sci_arttext>. Acesso em: 15 jun. 2020. AZEVEDO, P. F. et al. A cadeia de saúde suplementar no Brasil: avaliação de falhas de mercado e propostas políticas. São Paulo: Insper, 2016. v. 1. Disponível em: <https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2018/09/estudo-cadeia-de- saude-suplementar-Brasil.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2020. BALDI, E. M. Modelos de auditoria na saúde suplementar: análise comparativa entre a literatura e a prática em uma operadora de saúde. Dissertação (Mestrado em Gestão de Organizações da Saúde) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2019. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17157/tde-20022019- 141227/publico/ELISAMANCHONBALDIco.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2020. BARROS, M. E. D.et al. Mercado de Saúde Suplementar na Região Centro Oeste. Brasília: Flacso, 2007. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/images/stories/Materiais_para_pesquisa/Materiais_por_a ssunto/PesqCtroColab20062008_Mercado_de_SS_regiao_centrooeste.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Introdução à gestão de custos. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 14 BRITTO, M. M. O desequilíbrio econômico do sistema de saúde suplementar brasileiro com desvio do foco da remuneração do serviço hospitalar para venda mercantil de material e medicamento: estudo de um hospital. Dissertação (Mestrado em Gestão de Unidades de Saúde) – Instituto Universitário de Lisboa, 2009. Disponível em: <https://repositorio.iscte- iul.pt/bitstream/10071/2538/1/Marcelo%20Moncorvo%20Britto%20Disserta%c3% a7%c3%a3o%20Mestrado%20ISCTE.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2020. CARMINATTI JUNIOR, E. V. Controle da utilização de tecnologias de saúde: estudo de caso em um hospital materno infantil. Dissertação (Mestrado em Administração de Organizações) – Universidade Estadual de São Paulo, Ribeirão Preto, 2012. CORBARI, E. C. et al. Custos na prestação de serviços: a contribuição da tabela AMB na apropriação dos custos indiretos em entidades hospitalares. Revista Eletrônica Conhecimento Interativo, v. 6, n. 65-87, ed. 2, 2012. Disponível em: <http://app.fiepr.org.br/revistacientifica/index.php/conhecimentointerativo/article/v iew/121/112>. Acesso em: 15 jun. 2020. FIELD, M.; LOHR, K. Guidelines for clinical practice from development to use. Washington, D.C: National Academy Press, 1992. GARRASSINO, R. A negociação dos materias de OPME de saúde privada: uma proposta de ferramenta para análise à vista da teoria dos jogos. Dissertação (Mestrado em Tecnologia) – Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/219948330/A-Negociacao-Dos-Materiais-de- OPME-de-Saude-Privada-Uma-Proposta-de-Ferramento-Para-Analise-a-Vista- Da-Teoria-Dos-Jogos>. Acesso em: 15 jun. 2020. INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Nutrition during pregnancy: weight gain, nutrient supplements. Washington: National Academy Press, 1990. JARDIM, D. I. F. Controle de custos de implantes ortopédicos para coluna lombar por operadoras de planos de saúde. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Gestão em Saúde) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/15625/000678192.pdf?seque nce=1&isAllowed=y>. Acesso em: 15 jun. 2020. 15 KOYAMA, M. F. Auditoria e qualidade dos planos de saúde: percepção de gestores de operadoras da cidade de São Paulo a respeito do programa de qualificação da saúde suplementar da ANS. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) – Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2006. Disponível em: <https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2271/100504.pdf? sequence=2&isAllowed=y>. Acesso em: 15 juin. 2020. KUDLAWICZ, C.; CORBARI, E. C. Custos na prestação de serviços: a contribuição da tabela AMB na apropriação dos custos indiretos em entidades hospitalares. In: XXVI Congresso Brasileiro de Custos, 2010, Curitiba - PR. ANAIS ..., 2010. Disponível em: <https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/885/885>. Acesso em: 15 jun. 2020. LEONE, G. S. G. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo: Atlas, 1981. LIN, P. Utilizing modular audit procedures in healthcare audits. Internal Auditing, v. 19, n. 4, p. 16, jul./ago. 2004. LOVERDOS, A. Auditoria e análise de contas médico-hospitalares. São Paulo: STS, 1997. MATOS, A. J. Gestão financeira e de custos. In: VECINA NETO, G.; MALIK, A. M. Gestão em saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014, p. 168-183. BRASIL. Ministério sa Saúde. Agência Nacional de Saúde Suplementar. A implementação de diretrizes clínicas na atenção à saúde: experiências internacionais e o caso da saúde suplementar no Brasil. Brasília: OPAS, 2009. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/images/stories/Materiais_para_pesquisa/Materiais_por_a ssunto/ProdEditorialANS_A_implementacao_de_diretrizes_clinicas.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2020. MOTTA, A. L. C. Auditoria de enfermagem nos hospitais e operadoras de planos de saúde. São Paulo: Iátria, 2004. NASCIMENTO, A. B.; ALMEIDA, J. C. Gestão de custos: finanças e resultados em saúde. São Paulo: SENAC, 2018. 16 PORTELA, M.C. Diretrizes clínicas como instrumento da melhoria da qualidade da assistência suplementar: O papel da Agência Nacional de Saúde. Research Gate, 22 set. 2014. Disponível em: <encurtador.com.br/bcsKW>. Acesso em: 15 jun. 2020. SANTOS, T. V. C. Da qualidade do cuidado ao controle de custos: A auditoria de enfermagem. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.abennacional.org.br/Trabalhos/TatianeVasquesdosSantos/TatianaV asquesCamelodosSantos.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2020. SILVA, J. A. S. V. Glosas hospitalares e o uso de protocolos assistenciais: revisão integrativa da literatura. Revista de Administração em Saúde, v. 17, n. 66, jan.- mar. 2017. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre qualidade profissional e institucional, Centro de Treinamento e Certificação Profissional em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (III Edição - 2013). Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 101, n. 6, ed. supl. 4, dez. 2013. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/abc/v101n6s4/0066-782x-abc-101-06-s4-0001.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2020. UGÁ, M.A.D. et al. Mecanismos de microrregulação aplicados por operadoras de planos de saúde sobre hospitais privados. Revista de Saúde Pública, v. 43, n. 5, p. 832-838, 2009. Disponível em: <https://www.scielosp.org/article/rsp/2009.v43n5/832-838/>. Acesso em: 15 jun. 2020. UNIMED VITÓRIA. Manual de auditoria médica: legislação. Vitória: Unimed, 2009.