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Unidade 3
Análise de Leucpgrama e a Leucemia
Hematologia 
Clínica
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
ADRIANA DALPICOLLI RODRIGUES
AUTORIA
Adriana Dalpicolli Rodrigues
Sou formada em Biomedicina e tenho mestrado em Biotecnologia. 
Tenho experiência profissional na área de análises clínicas por mais de sete 
anos. Atuei em laboratórios de pesquisa e análises clínicas em diversos 
setores, incluindo Hematologia. Atualmente trabalho como analista 
científica no Laboratório Alfa Ltda. e no Centro Universitário UniFtec. Sou 
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida 
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada 
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. 
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e 
trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Gênese Leucocitária e Leucócitos Normais do Sangue 
Periférico......................................................................................................... 12
Gênese Leucocitária ..................................................................................................................... 13
Leucócitos Normais do Sangue Periférico ................................................................... 19
Morfologia dos Leucócitos Normais do Aangue Periférico ......... 20
Funções dos Leucócitos Normais do Sangue Periférico ...............24
Leucograma: Processos Infecciosos e Inflamatórios ..................28
Interpretando o Leucograma com Alterações Quantitativas ......................... 30
Interpretando o Leucograma Quanto a Alterações Morfológicas ..............32
Desvio à Esquerda .....................................................................................................33
Reações Leucemoides ............................................................................................34
Anormalidades das Células Linfoides ..........................................................35
Hipersegmentação nos Neutrófilos ................................................................37
Granulações Tóxicas dos Neutrófilos ...........................................................37
Vacuolização Citoplasmática dos Neutrófilos ....................................... 38
Corpúsculos de Döhle............................................................................................. 38
Granulócitos Hipogranulares ou Agranulares ........................................ 39
Doenças Hereditárias Autossômicas da Série Branca ..................... 39
Gênese da Leucemia e as Classificações das Leucemias .........42
Gênese da Leucemia ...................................................................................................................43
Classificações dos Tipos de Leucemias ........................................................................ 46
Leucemia Mieloide Aguda ................................................................................... 48
Leucemia Linfoide Aguda ..................................................................................... 50
Leucemia Mieloide Crônica ..................................................................................53
Leucemia Linfoide Crônica ...................................................................................54
Principais Leucemias e Outras Mielodisplasias .............................56
Características Morfológicas dos Leucócitos Imaturos ..................................... 56
Diagnóstico Laboratorial das Leucemias Agudas .................................................. 58
Hemograma da Leucemia Mieloide Aguda ............................................ 59
Hemograma da Leucemia Linfoide Aguda ..............................................60
Diagnóstico Laboratorial das Leucemias Crônicas ................................................61
Hemograma da Leucemia Mieloide Crônica ...........................................62
Hemograma da Leucemia Linfoide Crônica ........................................... 64
Diagnóstico das Síndromes Mielodisplásicas ...........................................................66
9
UNIDADE
03
Hematologia Clínica
10
INTRODUÇÃO
Você sabia que o leucograma é a etapa do hemograma em que são 
avaliados os leucócitos? É nessa etapa que são contados os leucócitos 
totais e é feita a diferenciação dos tipos presentes no sangue periférico 
(neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos). Também é 
realizada avaliação morfológica dessas células. O número e a morfologia 
podem sofrer alterações tanto em quadros clínicos fisiológicos (como a 
gestação) quanto patológicos (como as leucemias e outras mielodisplasias). 
Então, para que você possa interpretar o resultado do leucograma, é 
importante começar entendendo a gênese leucocitária. Esse processo é 
responsável pela produção e renovação dos leucócitos, tendo início no 
período embrionário e seguindo por toda a vida do indivíduo. Quando algo 
não está bem no organismo, células imaturas, percussoras dos leucócitos 
são visualizadas no sangue periférico. Entendeu? Pois então, esses 
precursores e demais inclusões/alterações (granulações, vacuolização, 
atípicas etc.) também serão vistos nessa unidade letiva, juntamente com 
as patologias correspondentes. Pronto para começar? Ao longo desta 
unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Hematologia Clínica
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3 – Análise de leucograma e a 
leucemia. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes 
competências profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Explicar como funciona a gênese leucocitária e quais são os 
leucócitos do sangue periférico.
2. Interpretar o leucograma, principalmente associado a processos 
infecciosos e inflamatórios.
3. Interpretar a gênese da leucemia e a classificação delas.
4. Apontar laboratorialmente as principais leucemias e outras 
mielodisplasias.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho!
Hematologia Clínica
12
Gênese Leucocitária e Leucócitos 
Normais do Sangue Periférico
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como funciona a gênese leucocitária e identificar os 
leucócitos normais e alterados que podem ser observados 
no sangue periférico. Isso será fundamental para o exercício 
de sua profissão, pois, ao analisar um hemograma, 
especialmente na parte do leucograma, saberá identificar 
os diferentes tipos de leucócitos de acordo com suas 
características morfológicas. Além disso, compreenderá 
qual é a função de cada célula leucocitária no organismo 
humano. E, então, quando em alguma amostrade um 
paciente aparecer leucócitos com alterações, seja no 
número ou na morfologia, você conseguirá identificar e 
compreender que o paciente pode estar passando por 
um processo infeccioso, inflamatório, leucêmico ou por 
uma alguma outra mielodisplasia. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante!
NOTA:
Em nosso estudo, as palavras eritrócito, hemácia e glóbulo 
vermelho serão usadas como sinônimos.
O processo de formação e desenvolvimento dos elementos 
figurados do sangue é chamado de hematopoese. As células e fragmentos 
celulares produzidos e que circulam livremente no sangue periférico são: 
os leucócitos, os eritrócitos e as plaquetas. O foco dessa etapa da unidade 
de aprendizagem é a gênese leucocitária (produção de leucócitos) e, 
consequentemente, as células produzidas nesse processo, desde a célula 
hematopoética até as mais maduras que são disponibilizadas no sangue 
Hematologia Clínica
13
periférico (neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos) de um 
indivíduo saudável. Além disso, você aprenderá que cada uma apresenta 
características morfológicas diferentes, assim como as funções biológicas 
distintas e importantes para o sistema imunológico do organismo, seja um 
simples corte até uma infecção mais grave causada por microrganismos 
como a tuberculose.
Gênese Leucocitária
DEFINIÇÃO:
A gênese leucocitária, também chamada de leucogênese 
ou leucopoese, se refere à formação e desenvolvimento 
das células da série branca, ou seja, dos leucócitos 
(glóbulos brancos). 
Primeiramente vamos iniciar com os órgãos hematopoéticos 
responsáveis pela produção dos leucócitos. As células progenitoras estão 
no saco vitelínico, mas a diferenciação ocorre primariamente na série 
eritroide. Monócitos e megacariócitos podem, ocasionalmente, serem 
identificados nas ilhotas sanguíneas. Na medida em que ocorre a formação 
do sistema vascular, as células sanguíneas entram em circulação. Então, 
a gênese leucocitária inicia no período fetal, no tecido hepático (no 
fígado), em baixa intensidade. A primeira linhagem leucocitária a ser 
desenvolvida é a granulopoiese, ou seja, os granulócitos (neutrófilos, 
eosinófilos e basófilos) e, em sequência, os linfócitos. O fígado e o baço 
são os principais órgãos hematopoéticos até aproximadamente o sexto ou 
sétimo mês do feto e podem continuar em média até duas semanas após 
o nascimento. Os linfonodos (também chamados de gânglios linfáticos) e 
o timo apresentam atividade reduzida no desenvolvimento de leucócitos 
durante a fase fetal do indivíduo. 
Hematologia Clínica
14
Figura 1 – Fígado
Fonte: Wikimedia Commons
O desenvolvimento das células sanguíneas (hematopoéticas) ocupa 
sequencialmente o saco vitelínico (primeiro), o fígado (pode ser reativado 
em casos de necessidade), o baço (é produtor de linfócitos por toda a vida 
e pode produzir outras células, caso seja necessário) e a medula óssea 
(até o fim da vida).
Figura 2 – Medula óssea
Fonte: Wikimedia Commons
Hematologia Clínica
15
A medula óssea também produz leucócitos e demais células 
sanguíneas no período fetal, tendo continuidade após o nascimento e por 
toda a vida do indivíduo. A partir do nascimento, os granulócitos passam 
a ser desenvolvidos apenas na medula óssea, ou seja, fora dos vasos 
sanguíneos do sistema circulatório (extravascular). Os ossos achatados 
e longos do sistema esquelético são os locais de produção de células 
do sangue na infância. Entretanto, no adulto, o local de desenvolvimento 
celular é mais restrito, ocorrendo no esqueleto central e na região proximal 
dos ossos longos. Os granulócitos e monócitos formados na medula óssea 
irão ficar armazenados ali até serem necessários na circulação sanguínea 
periférica. Os linfócitos também são produzidos pela medula óssea.
Os órgãos linfoides também participam da produção de células 
sanguíneas, promovendo principalmente o desenvolvimento de 
linfócitos, classificados em linfócitos B e linfócitos T. A medula óssea 
e o timo (importante para no processo de produção de linfócitos T) 
são considerados órgãos linfoides primários devido à intensidade de 
desenvolvimento celular e os demais, como secundários. São classificados 
como órgãos linfoides: os linfonodos, o baço, o timo e as tonsilas. Esses 
órgãos compõe o sistema linfático (importante para produção de células 
de defesa, drenagem de fluídos em excesso, absorção dos ácidos graxos 
e transporte subsequente da gordura para o sistema cardiovascular) e 
do organismo em geral. Há células do intestino que também produzem 
leucócitos. 
NOTA:
As tonsilas formam uma espécie de anel protetor de 
tecidos linfáticos ao redor das aberturas das cavidades 
do sistema respiratório superior (nasal, oral e faríngea). 
Desse modo podem ser classificadas em: tonsila faríngea 
(também chamada de adenoide), tonsila palatina (também 
denominada de amídala) e tonsila lingual. Embora sejam 
tecidos produtores de células que são responsáveis pelas 
defesas do organismo, também são passiveis de infecções, 
como: faringite e amidalite.
Hematologia Clínica
16
Figura 3 – Faringite
Fonte: Wikimedia Commons
VOCÊ SABIA?
Os linfonodos são os órgãos linfoides mais numerosos (em 
torno de 500 a 600) espalhados pelo organismo; já o baço é 
único e o maior em tamanho comparado a todos os outros.
IMPORTANTE:
A gênese leucocitária precisa estar constantemente em 
produção de leucócitos, pois, em condições normais 
do organismo, os granulócitos permanecem ativos na 
circulação sanguínea periférica por aproximadamente 
doze horas até três dias. Para os granulócitos esse período 
apresenta duração mais longa que pode variar de cem a 
trezentos dias.
Agora que você já sabe quais são os órgãos hematopoéticos 
envolvidos na produção dos leucócitos, convido você a saber como ocorre 
a gênese leucocitária propriamente dita. Esse processo se inicia por uma 
célula-tronco hematopoética. Essa célula apresenta capacidade de se 
Hematologia Clínica
17
autorrenovar e de se diferenciar, podendo originar células especializadas, 
hematopoéticas, como os leucócitos. A primeira célula que sofre 
estímulos é o blasto, que pode seguir por dois caminhos, linhagem 
mieloide (mieloblasto) ou linfoide (linfoblasto) de acordo com o estímulo 
recebido pelos fatores de crescimento de células do estroma. Os fatores 
de crescimento responsáveis por estimular a proliferação e diferenciação 
dessas linhagens são as interleucinas (exemplo: IL-1, IL-3, IL-5, IL-6, IL-11) 
e os fatores estimuladores de colônias granulocítico-macrofágicas (GM-
CSF), granulocíticas (G-CSF) e monocíticas (M-CSF). 
VOCÊ SABIA?
Além de estimular a produção de células, os fatores de 
crescimento afetam também a função das células maduras, 
favorecendo processos como a fagocitose, a geração de 
superóxido e a citotoxicidade (com intuito de eliminar os 
patógenos) e inibem a apoptose das células de defesa.
O mieloblasto segue a linhagem mielocítica (mielopoese) e o 
linfoblasto, a linhagem linfocítica (linfopoese). A linhagem mielocítica 
se divide ainda em granulopoese (produção dos granulócitos – células 
que possuem grânulos visíveis) e monopoese (produção dos monócitos). 
O mieloblasto ou mielomonoblasto irá se diferenciar em promielócito 
(também chamado de progranulócito) ou promonócito, respectivamente. 
Essas células seguirão se maturando e diferenciado. Para facilitar 
seu entendimento, você começará lendo sobre toda a sequência de 
maturação/diferenciação dos granulócitos e depois sobre os monócitos. 
Então, após o mieloblasto originar o promielócito, esse, por 
sua vez, dará origem ao mielócito basofilo ou mielócito eosinófilo ou 
mielócito neutrófilo de acordo com as necessidades do organismo. Essas 
células originarão o metamielócito basófilo, o metamielócito eosinófilo 
e o metamielócito neutrófilo, respectivamente. Em sequência, surgirão: 
a célula basófila em bastão, a célula eosinófilaem bastão e a célula 
neutrófila em bastão (neutrófilo bastonado). As células maduras formadas 
e disponibilizadas no sangue periférico serão, concomitantemente: 
basófilo, eosinófilo e neutrófilo segmentado.
Hematologia Clínica
18
NOTA:
O amadurecimento celular implica em perda da 
capacidade de proliferação da célula, ou seja, quando mais 
madura estiver, menores são as chances de se dividir e se 
diferenciar.
O neutrófilo segmentado é o leucócito mais prevalente no sangue 
periférico em condições normais do indivíduo adulto saudável, logo, há 
muito mais metamielócito e célula bastonada dessa linha celular. Dentre 
os granulócitos, o segundo lugar de maior produção é o eosinófilo e por 
último o basófilo (leucócito produzido em menor quantidade em relação 
a todos os outros).
IMPORTANTE:
O neutrófilo bastonado, ou outra célula bastonada, também 
pode ser visualizado no sangue periférico de um paciente 
saudável, entretanto, sua concentração deverá ser inferior a 
5%, caso seja maior, poderá estar indicando algum processo 
fisiológico ou patológico.
Voltando ao promonócito (originado pelo mielomonoblasto), 
ele dará origem ao monócito. O monócito será liberado na circulação 
periférica e também poderá se diferenciar em macrófago conforme 
forem as necessidades do organismo a nível tecidual. Repare como essa 
linhagem apresenta um menor número de células para diferenciação, 
assim como a linhagem linfocítica que você verá a seguir.
A linhagem linfocítica, por meio do linfobasto dará origem ao 
linfócito, que poderá ser classificado em linfócito T, linfócito B e linfócito 
natural killer (NK) (células NK - tipo de linfócitos citotóxicos necessários 
para o funcionamento do sistema imune inato) de acordo com o local que 
foi produzido, características morfológicas (embora haja pouca diferença) 
e com a função específica que irá desenvolver. 
Hematologia Clínica
19
NOTA:
As células da linhagem monocítica e linfocítica não têm 
grânulos grandes no seu citoplasma (normalmente quando 
apresentam grânulos não são facilmente visualizados 
em análise microscópica), desse modo, também podem 
ser classificadas em leucócitos agranulócitos (ou não 
granulócitos).
Figura 4 – Célula linfocitária
Fonte: Wikimedia Commons
Leucócitos Normais do Sangue Periférico
Os leucócitos podem ser divididos em: fagócitos e linfócitos. 
Os fagócitos incluem as células do sistema imune inato (podem agir 
rapidamente após uma infecção, sendo a primeira linha de defesa) e os 
linfócitos medeiam a resposta imune adaptativa (memória imunológica, 
anticorpos). Os fagócitos podem ser subdivididos em granulócitos 
ou, ainda, polimorfonucleares (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e 
Hematologia Clínica
20
monócitos. Os monócitos e linfócitos podem também ser classificados 
como agranulócitos ou mononucleares. A seguir você poderá verificar 
as diferenças morfológicas e as funções de cada leucócito, começando 
pelos granulócitos e depois pelos agranulócitos.
Morfologia dos Leucócitos Normais do Aangue 
Periférico
O granulócito mais prevalente no sangue periférico é o neutrófilo. 
Essa célula corresponde a aproximadamente 56% (variando entre 
45 e 70%) dos leucócitos totais em um adulto saudável. O neutrófilo 
apresenta em média um diâmetro de 12 a 15 μm, o citoplasma é acidófilo 
apresentando coloração rosa pálido, com grânulos delicados e núcleo 
azul-arroxeado com cromatina em grumos. O neutrófilo segmentado 
pode ter o núcleo dividido em dois a cinco lóbulos em disposição circular. 
Já o neutrófilo bastonado não apresenta nenhum segmento, é um núcleo 
único. Comparados aos demais leucócitos, geralmente, os neutrófilos são 
menores que os monócitos e eosinófilos e discretamente maiores que os 
basófilos.
Figura 5 – Netrófilos segmentados
 
Fonte: Wikimedia Commons
Hematologia Clínica
21
O formato do núcleo dos neutrófilos pode ser semelhante a 
letras do alfabeto: “E, Z, S e U”. No caso dos neutrófilos segmentados, 
apresentam rompimentos visíveis em microscopia óptica. Já os neutrófilos 
bastonados, de modo geral, apresentam o núcleo inteiro, sem nenhuma 
fragmentação.
VOCÊ SABIA?
Os leucócitos são praticamente invisíveis ao serem 
observados no microscópio em esfregaço sanguíneo 
sem coloração. Normalmente para avaliação de suas 
características morfológicas, o esfregaço sanguíneo é 
corado por uma mistura cor-de-rosa avermelhada (eosina) 
e uma coloração azul arroxeada (hematoxilina). As células 
que apresentam mais afinidade por corante ácido coram-
se com tons avermelhados e as que tem mais afinidade 
com o corante básico coram-se em tons de azuis.
Os eosinófilos correspondem a em torno de 3% (1 a 5%) dos 
leucócitos totais, o seu tamanho é por volta de 12 a 17 μm de diâmetro. 
Essas células são muito semelhantes aos neutrófilos, apresentam o núcleo 
normalmente segmentado, tendo como principal diferença a presença de 
grânulos grosseiros laranja-avermelhados devido afinidade por corantes 
ácidos. É uma célula bem característica, que não causa dúvida ao analista 
quando presente (fácil identificação).
Os basófilos são os leucócitos mais raros no sangue periférico, sua 
representação é menor do que 1% (0 a 1%) dos leucócitos totais. O tamanho 
dessa célula é de aproximadamente 10 a 14 μm de diâmetro. Também são 
semelhantes aos neutrófilos, o que os diferencia são os grânulos maiores 
com forte afinidade por corantes básicos. Também é uma célula bem 
característica de fácil identificação quando presente. 
Hematologia Clínica
22
REFLITA:
Como o percentual dos basófilos é menor do que dos 
demais leucócitos no sangue periférico, muitas vezes na 
contagem diferencial realizada pelo analista laboratorial em 
microscópio óptico, em que 100 células são contadas, eles 
não são observados.
Os monócitos representam em torno de 4% dos leucócitos totais, 
podendo variar de 2 a 10%. O seu tamanho é de 12 a 20 μm de diâmetro, 
sendo o maior leucócito maduro circulante no sangue periférico. O núcleo 
dessa célula é irregular, ou seja, lobulado em parte, profundamente 
endentado ou com forma de ferradura, podendo, às vezes, ser 
arredondado ou oval, sua disposição na célula é excêntrica ou central, 
cor azulada, com cromatina delicada. Não apresenta nucléolo visível. O 
citoplasma do monócito é abundante, cinza-azulado opaco com grânulos 
finos, podendo ser vacuolizado. 
Figura 6 – Monócito
Fonte: Wikimedia Commons
Hematologia Clínica
23
NOTA:
Equipamentos automatizados contam um número maior 
de monócitos do que a contagem manual realizada 
microscopicamente pelo analista de laboratório e isso se 
deve, provavelmente, à distribuição não uniforme dessa 
célula na lâmina devido ao tamanho dela ser grande.
Os linfócitos correspondem a aproximadamente 34% (20 a 40%) dos 
leucócitos totais. São células que possuem núcleo único (mononucleares), 
definido redondo, excêntrico e de coloração azul escura. Não apresentam 
grânulos citoplasmáticos específicos. O tamanho dos linfócitos pode 
variar de 10 a 12 μm de diâmetro quando pequenos, sendo um pouco 
maiores que os eritrócitos, ou podem ser grandes, com aproximadamente 
12 a 16 μm de diâmetro. 
VOCÊ SABIA?
Linfócitos grandes são comumente encontrados em 
sangue de criança podendo dificultar a diferenciação entre 
os linfócitos e os monócitos.
Figura 7 – Linfócitos
Fonte: Wikimedia Commons
Hematologia Clínica
24
Em indivíduos saudáveis, em que os leucócitos estão em número 
dentro da normalidade, a ordem de maior prevalência dos leucócitos no 
sangue periférico para um adulto é: neutrófilos segmentados, linfócitos, 
monócitos, eosinófilos e basófilos. Crianças, por sua vez, apresentam uma 
maior quantidade de linfócitos do que de neutrófilos.
Ao avaliar o resultado de um leucograma é fundamental observar a 
idade do paciente, pois linfócitos em maior número em um adulto podem 
ser indicativos de uma infecção, já em uma criança, é justamente o que 
se espera observar.ACESSE:
Para que você possa conhecer e se familiarizar com as 
características morfológicas dos leucócitos imaturos e 
maduros, não deixe de acessar o link. 
Funções dos Leucócitos Normais do Sangue 
Periférico
VOCÊ SABIA?
A função básica dos leucócitos é de defesa contra os 
mais variados tipos de patógenos e outras substâncias, 
mantendo a imunidade íntegra. Os patógenos, ou agentes 
infecciosos, são definidos como todo o organismo capaz de 
causar infecção, como: bactérias, vírus, fungos e parasitas 
(helmintos ou protozoários).
Como fazem parte do sistema de defesa do organismo, os 
leucócitos circulam no sangue periférico por um período curto, utilizando 
a corrente sanguínea para chegar o mais rápido possível em locais em 
que existe algum tipo de lesão ou infecção, passando grande parte do 
tempo migrando entre os mais variados tecidos. Todos os leucócitos 
podem migrar para fora da corrente sanguínea quando estão ativos e 
existe essa necessidade, podendo ser atraídos por estímulos químicos 
até o patógeno invasor ou substância imprópria (desconhecida pelo 
Hematologia Clínica
https://laces.icb.ufg.br/p/20023-leucopoese
25
organismo). O aumento ou diminuição dos leucócitos no sangue periférico 
é consequência da função de cada célula no organismo. Você vai ver na 
sequência, a função dos diferentes tipos de leucócitos normais do sangue 
periférico.
Os neutrófilos são a primeira linha de defesa do organismo em 
casos de corte epidérmico (camada mais externa da pele), ou seja, 
quando nos cortamos são as células que irão agir para evitar a entrada de 
microrganismos. Além disso, apresentam-se em maior número no sangue 
periférico em casos de infecções bacterianas. Como são fagócitos, 
apresentam a capacidade de englobar o microrganismo causador da 
infecção e provocam a morte dele por fagocitose. 
DEFINIÇÃO:
Fagocitose é o processo pelo qual uma  célula  usa 
sua membrana plasmática para englobar partículas, dando 
origem a um compartimento interno, o  fagossoma, rico 
em enzimas que irão destruir o elemento englobado. As 
enzimas são citotóxicas.
Além das infecções bacterianas, os neutrófilos podem ser 
observados atuantes em casos de: traumas, cirurgias, queimadura, infarto 
do miocárdio e leucemia mieloide crônica.
Os eosinófilos também são fagócitos, realizando o mesmo 
processo que os neutrófilos, entretanto, atuam especialmente em 
infecções parasitárias. Os parasitas principais são: Ascaris lumbricoides, 
Strongyloides stercoralis, Schitosoma sp., Fascíola Hepática, Filarias. 
Normalmente, os protozoários não causam reação eosinofílica. Os 
processos alérgicos (rinite, asma) também são combatidos pelos 
eosinófilos. Podem ser observados aumentados também em síndrome 
hipereosinofílica, câncer com metástases, doença de Hodgkin, leucemias, 
eczema, psoríase, dermatite.
Hematologia Clínica
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula
https://pt.wikipedia.org/wiki/Membrana_plasm%C3%A1tica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fagossoma
26
VOCÊ SABIA?
O aumento no número de eosinófilos pode ser um indicativo 
útil de alergia medicamentosa em pacientes hospitalizados.
Os basófilos apresentam a capacidade de adentrarem nos tecidos 
danificados (característica semelhante aos macrófagos) e assim liberam 
histamina e outras substâncias químicas promovendo a inflamação. 
Podem também atuar em processos alérgicos, leucêmicos (leucemia 
mieloide crônica) e policitemia vera. Normalmente, a presença dos 
basófilos representa um mal prognóstico em pacientes que estão 
recebendo tratamento para leucemia.
Os monócitos conseguem sair dos vasos sanguíneos para executar 
uma função fagocitária nos tecidos, onde passam a ser denominados 
de macrófagos. Além disso, frequentemente, são observados em maior 
número em casos de infecções virais, infecções crônicas, regeneração 
medular e leucemia monocítica.
Os linfócitos são a principal célula do sistema linfático e aparecem 
em maior número no sangue periférico quando há infecção viral ou, 
como você viu anteriormente, no sangue de crianças saudáveis. Em torno 
de 80% dos linfócitos encontrados no sangue periférico são linfócitos 
T (aproximadamente 20% são linfócitos B) que tem responsabilidade 
sobre a imunidade celular. Os linfócitos B (podem ser classificados como 
plasmócitos ou células B de memória) são responsáveis principalmente 
pela produção de anticorpos, ou seja, imunidade humoral.
EXEMPLO:
Como exemplo de infecções em que se observa aumento no 
número de linfócitos, temos as virais: sarampo, caxumba, rubéola, varicela, 
mononucleose infecciosa; leucemia linfocítica aguda e crônica; e algumas 
infecções bacterianas, como coqueluche e tuberculose.
Devido ao fato dos leucócitos apresentarem características 
morfológicas diferentes e, em geral, cada um ter uma função específica, 
Hematologia Clínica
27
permite aos profissionais da saúde, ao analisar um leucograma, identificar, 
desconfiar ou confirmar a presença de uma patologia específica, 
principalmente associadas a quadros infecciosos.
ACESSE:
Veja uma animação que mostra exatamente o processo de 
atuação das células de defesa. Veja o vídeo aqui. 
RESUMINDO:
Vimos neste capítulo como funciona a gênese leucocitária 
e identificar os leucócitos normais e alterados que podem 
ser observados no sangue periférico.
Hematologia Clínica
https://www.youtube.com/watch?v=7gGfoDL2fwU
28
Leucograma: Processos Infecciosos e 
Inflamatórios
OBJETIVO:
Neste capítulo, veremos sobre o leucograma e o processo 
de interpretação desta parte do exame de sangue.
O hemograma é dividido em três etapas: eritrograma, leucograma e 
plaquetograma. O leucograma (ou análise da série branca) é a etapa em 
que é realizada a contagem global (total) e diferencial (específica de cada 
um dos diferentes tipos de leucócitos) relativa e absoluta dos leucócitos, 
além da avaliação morfológica dessas células. Os leucócitos encontrados 
em um leucograma de um paciente em condições normais de saúde são: 
neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos. As alterações do 
leucograma podem ser quantitativas (referente ao número de leucócitos) 
ou qualitativas (associada a características morfológicas dos leucócitos). 
Quando há alterações no número dos leucócitos, presença de células 
imaturas ou variações na morfologia dessas células, podem caracterizar 
respostas fisiológicas ou patológicas (tais como: infecções, inflamações, 
neoplasias) do organismo que podem exigir tratamentos específicos e até 
mesmo imediatos. A partir de agora você será capaz de entender como o 
leucograma deve ser interpretado.
DEFINIÇÃO:
É definida como infecção (ou processo infeccioso) a 
invasão/penetração e desenvolvimento de patógenos em 
tecidos do organismo capazes de causar algum tipo de 
doença. Já a inflamação (ou processo inflamatório) pode ser 
conceituada como reações do organismo (febre, eritema, 
edema, queimação, dor) a uma infecção ou lesão.
Hematologia Clínica
29
Figura 8 – Infecção da pele
Fonte: Freepik
EXPLICANDO MELHOR:
O sistema de defesa geral do organismo é dividido em: 
imunidade inata e imunidade adaptativa. A imunidade inata é 
representada pelas barreiras físicas (principalmente a pele, 
anexos cutâneos, mucosas), sistema complemento e pelos 
fagócitos (macrófagos, granulócitos e células dendríticas). 
A imunidade adaptativa é constituída pelos linfócitos (T e B). 
Quando um patógeno transpassa as barreiras físicas, supera 
as células de defesa e as moléculas solúveis da imunidade 
inata, ele começa a colonizar um tecido ou órgão e, assim, 
nesse momento, instala-se o processo infeccioso. Na porta 
de entrada do patógeno ou próximo a ela, os mecanismos 
locais de defesa podem ser suficientes e não deixarem 
evidência clínica da infecção. Mas quando não foram 
suficientes, ocorre o processo inflamatório. A inflamação 
tem a função de destruir, diluir, causar lesão no patógeno 
e, além disso, restaurar o tecido lesado. Medicamentoscom propriedades anti-inflamatórias têm como objetivo 
controlar os efeitos indesejáveis da inflamação.
Hematologia Clínica
30
Interpretando o Leucograma com 
Alterações Quantitativas
O resultado da contagem dos leucócitos deve ser avaliado segundo 
valores de referência previamente estabelecidos em uma população 
saudável por idade (há grande variação etária referente ao leucograma). 
Quando o número de leucócitos totais e/ou dos diferentes tipos de 
leucócitos se alteram, pode ser indicativo de que a saúde do paciente não 
está bem (pode haver algum processo infeccioso, inflamatório, neoplásico 
ocorrendo) ou está passando por alguma situação fisiológica devido a um 
quadro clínico específico, como ocorre na gestação ou atividade física 
(principalmente de alta intensidade). 
NOTA:
Os leucócitos totais são liberados no laudo na unidade de 
medida por microlitro (/µL) de sangue.
A primeira observação que deve ser feita ao analisar o leucograma 
é o valor da contagem total dos leucócitos. Quando esse valor estiver 
abaixo do valor de referência definido para a idade respectiva do 
paciente, é denominado como leucopenia e quando está acima, como 
leucocitose. 
Hematologia Clínica
31
EXPLICANDO MELHOR:
Quando, em um adulto, o número de leucócitos totais 
diminui a um valor inferior a 3.600/µL de sangue periférico, 
é um caso de leucopenia. Essa situação se deve em muitas 
situações à diminuição no número dos neutrófilos ou de 
linfócitos, ou de ambos, mas não pode ser interpretada 
sem conhecimento da contagem diferencial. Pode ter 
causas fisiológicas, sendo comum em afrodescendentes, 
ou induzida por drogas (anti-inflamatórios, antibióticos, 
anticonvulsivantes e antidepressivos) e poluentes (benzeno, 
fertilizantes, agrotóxicos), doenças como dengue, febre tifoide 
e leishmaniose e processos imunológicos (autoimune). Em 
contrapartida, quando o número de leucócitos totais aumenta 
em adultos, superior a 11.000/µL, é determinado como 
leucocitose. Em geral, na maioria dos casos, essa elevação 
é resultado do aumento de neutrófilos, algumas vezes de 
linfócitos, menos frequente de eosinófilos, e em algumas 
ocasiões pela presença de células imaturas da linhagem 
mieloide ou linfoide. 
As leucocitoses podem ainda ser classificadas em fisiológicas, 
reativas e patológicas. As leucocitoses leves são fisiológicas e ocorrem 
frequentemente em gestantes, recém-nascidos, lactantes, após 
realização de atividade física (exercícios intensos podem duplicar o 
número de neutrófilos) ou em casos de febre. 
As leucocitoses reativas estão associadas normalmente a aumento 
no número de neutrófilos que ocorrem em quadros de infecção bacteriana, 
processos inflamatórios, necrose tecidual (infarto agudo do miocárdio, 
inflamação muscular ou vascular) e doenças metabólicas (gota, pré-
eclampsia, diabetes). As leucocitoses patológicas relacionam-se com 
leucemias, policitemias, mieloesclerose e linfomas.
Na contagem diferencial os leucócitos específicos são apresentados 
em valor relativo (percentual) e absoluto (/µL). Cada grupo celular 
também receberá nomenclatura semelhante de acordo com seu nome 
mais o sulfixo “-penia” quando estão diminuídos, e “-filia” ou “-ose” quando 
estão aumentados no sangue periférico.
Hematologia Clínica
32
REFLITA:
Chama-se de neutropenia a situação em que há diminuição 
do número de neutrófilos abaixo dos valores considerados 
normais; o aumento acima dos valores normais, denomina-
se neutrofilia; respectivamente ocorre com os linfócitos: 
linfopenia e linfocitose; com os monócitos: monocitopenia e 
monocitose; com os eosinófilos: eosinopenia e eosinofilia; e 
com os basófilos: basopenia e basofilia. As leucocitopenias 
e leucocitoses podem estar sendo causadas por alterações 
em mais de uma célula. Por exemplo, o paciente pode estar 
com leucocitose e com neutrofilia e eosinofilia, ou seja, os 
neutrófilos e eosinófilos que estão levando a um aumento 
na contagem total dos leucócitos.
IMPORTANTE:
É fundamental que, ao serem analisados os resultados 
do leucograma, sejam sempre observados os valores 
relativos quanto absolutos dos leucócitos para a definição 
do quadro como leucopenia ou leucocitose, ou ainda como 
neutropenia ou neutrofilia quando provocada por alteração 
nos neutrófilos, e assim segue com os demais leucócitos. 
Em alguns casos os valores relativos estão dentro da 
normalidade e os absolutos alterados, ou vice-versa. Deve-
se sempre levar em consideração os valores absolutos.
Interpretando o Leucograma Quanto a 
Alterações Morfológicas
Os leucócitos podem sofrer alterações quanto a sua morfologia 
de acordo com o tipo de reação que está ocorrendo no organismo. 
Normalmente essas alterações são associadas a processos infecciosos 
ou inflamatórios e, consequentemente, acompanhadas de contagens de 
leucócitos totais e diferencias fora da normalidade. Nos subtítulos a seguir, 
você irá conhecer as principais alterações morfológicas que podem 
Hematologia Clínica
33
ser observadas no leucograma e as situações fisiológicas e patológicas 
associadas a elas. 
IMPORTANTE:
Atenção, todos os achados em análise de esfregaço 
sanguíneo referente a alterações morfológicas dos 
leucócitos devem ser descritos no laudo.
Desvio à Esquerda 
DEFINIÇÃO:
O desvio à esquerda representa a presença de células 
imaturas no sangue periférico.
O desvio à esquerda é uma das alterações mais frequentes do 
leucograma e é provocada pelos seguintes quadros clínicos: infecções 
bacterianas, principalmente causadas por bactérias piogênicas; inflamação 
e necrose tecidual, doenças metabólicas, período gestacional, exercícios 
intensos e prolongados, doenças neoplásicas etc. Ele ocorre quando há 
aumento do número de neutrófilos circulantes acima de 7.500/µL (em 
adultos), caracterizando neutrofilia. Além disso, há um aumento no número 
de neutrófilos bastonados e presença ocasional de células ainda mais 
imaturas, como os metamielócitos e os mielócitos. O desvio à esquerda 
pode ainda ser classificado em reacional ou não reacional. 
O desvio reacional é descrito quando o processo infeccioso é 
escalonado (resposta escalonada), ou seja, a quantidade de leucócitos 
maduros é maior do que a de leucócitos imaturos no sangue periférico. 
O desvio à esquerda não escalonado relaciona-se a liberação de 
granulócitos imaturos em processo de produção não hierarquizado, 
associado à disfunção da medula óssea. 
Hematologia Clínica
34
REFLITA:
O aumento do número de neutrófilos bastonados é 
valorizado como um indicador sensível e específico 
de infecção, entretanto, essa avaliação pode não ser 
totalmente correta. Isso se deve ao fato de que não há uma 
definição universal do que é um neutrófilo com núcleo em 
bastão comparado a um neutrófilo de núcleo segmentado. 
Os segmentados são considerados por alguns analistas 
como tendo apenas os núcleos com lóbulos distintos, 
ligados por filamentos de cromatina, já outros, quando o 
núcleo se estreita em um ponto a um terço do diâmetro 
dominante. Fatores que também devem ser considerados 
em relação a isso são: a dificuldade de distinção do núcleo 
da célula na microscopia por diferentes profissionais, a 
pressa na realização da análise devido à alta demanda de 
amostras na rotina laboratorial e nem sempre são obtidos 
esfregaços sanguíneos de boa qualidade.
EXEMPLO:
Recém-nascidos saudáveis apresentam o número de neutrófilos 
aumentado se comparado a outros estágios da vida de um indivíduo, 
além de desvio à esquerda. Nesse caso, é uma situação fisiológica.
Reações Leucemoides
Reações leucemoides são caracterizadas por leucocitose reacional 
excessiva, geralmente marcada pela presença de células imaturas no 
sangue periférico, como: mieloblastos, pró-mielócitos e mielócitos. 
Condições associadas incluem infecções graves ou crônicas, hemólise 
intensa e câncer metastático. Costumam ser muito intensas em crianças.
EXEMPLO:
Como exemplos de reações leucemoides podemser citadas 
as seguintes infecções: sarampo, caxumba, varicela, mononucleose, 
coqueluche, catapora etc. que geralmente ocorrem na infância ou 
adolescência (como no caso da mononucleose). O aumento no número 
Hematologia Clínica
35
de leucócitos é comumente no máximo até 60.000/µL, com 30-90% 
de linfócitos no leucograma (semelhantes às leucemias linfocíticas). Há 
casos de anemia hemolítica, tuberculose, hemorragia grave, malária, 
pneumonia e sífilis que também podem levar ao aumento significativo 
dos leucócitos, com desvio à esquerda, sendo muito semelhantes às 
leucemias mieloides.
VOCÊ SABIA?
O que diferencia a reação leucemoide da leucemia é que a 
primeira ocorre em resposta a um processo infeccioso, pode 
ter granulação tóxica presente nas células, a contagem de 
eosinófilos e basófilos geralmente se encontra diminuída, 
há resposta escalonada, o eritrograma e plaquetograma 
encontram-se dentro da normalidade (a não ser que o 
paciente tenha alguma doença base que cause alteração 
em parâmetros dessa série). Em contrapartida, a segunda 
é uma doença hematopoética, não apresenta granulação 
tóxica nos leucócitos, o número de eosinófilos e basófilos 
normalmente encontra-se aumentado e há hiato leucêmico 
(resposta não escalonada).
Anormalidades das Células Linfoides
Alterações na morfologia dos linfócitos podem ser causadas por 
vários estímulos imunológicos de doenças inflamatórias e/ou infecciosas, 
principalmente as de origem viral, assim como, nas neoplasias (leucemias 
e linfomas). 
A terminologia para esse tipo de variação é muito variável e confusa, 
tais como: atipias linfocíticas, linfócitos ativados, variantes, anormais 
ou atípicos ou, ainda, virócitos. A recomendação da ICSH (Conselho 
Internacional para Padronização em Hematologia) é que seja utilizado o 
termo “linfócito reativo” para descrever linfócitos de etiologia benigna e 
“linfócito anormal” quando houver suspeita de malignidade ou etiologia 
clonal. 
Hematologia Clínica
36
IMPORTANTE:
Os linfócitos reativos apresentam o núcleo jovem com 
nucléolo perceptível, cromatina sem condensação, 
contorno nuclear irregular ou lobulação. O citoplasma 
apresenta-se amplo, irregular, basófilico (de azul pálido a 
intenso), vacuolizado e que pode se indentar em torno dos 
eritrócitos adjecentes.
Linfócitos reativos são mais facilmente visualizados quando há 
linfocitose, embora possam ser encontrados no leucograma de um 
paciente sem lifocitose e em boas condições de saúde. Entretanto, quando 
em baixo número, não devem ser destacados (inferior a 5%). Normalmente 
os linfócitos reativos são incluídos no número total de linfócitos no 
leucograma e a referência a eles é feito como uma observação, que pode 
ser seguida de semiquantificação em cruzes, ou adjetivação de raros 
a numerosos. A expressão do percentual dessas células não tem sido 
utilizada, pois entre o linfócito reativo e o normal há toda uma gama de 
formas intermediárias. Linfócitos reativos maiores e muito basófilos são 
classificados como imunócitos e quando têm nucléolos chamativos, como 
imunoblastos. Os plasmócitos (núcleo denso e excêntrico e citoplasma 
muito basófilo, com um halo claro justanuclear correspondente ao 
centríolo) são originados da proliferação terminal de linfócitos B. 
EXEMPLO:
Uma das principais viroses em que são visualizados leucócitos 
reativos com linfocitose é a mononucleose infecciosa (popularmente 
conhecida como “doença do beijo”, geralmente ocasionada pelo vírus 
Epstein Barr transmitido pela saliva), bem comum em adolescentes. Outras 
situações em que eles aparecem com linfocitose é citomegalovirose 
(lifocitose significativa) e a toxoplasmose aguda (linfocitose leve). Sem 
linfocitose, podem ser vistos em: hepatite A, rubéola, viroses eruptivas, 
infecções pelo HIV (contágio) e dengue hemorrágica.
Hematologia Clínica
37
Hipersegmentação nos Neutrófilos
A hipersegmentação nos neutrófilos (também chamados de 
neutrófilos hipersegmentados ou polilobócitos) é descrita no leucograma 
quando os neutrófilos apresentam núcleos com cinco ou mais lóbulos.
IMPORTANTE:
A hipersegmentação é um processo normal de 
maturação do núcleo dos neutrófilos. A progressão do 
neutrófilo bastonete para o segmentado e após para o 
hipersegmentado ocorre de modo contínuo.  Entretanto, 
os neutrófilos segmentados normalmente deixam o 
sangue periférico (permanecem somente por 3 a 12h) antes 
de hipersegmentarem e seguem para os tecidos. Sua 
presença em análise do esfregaço sanguíneo indica que 
há permanência do neutrófilo na circulação por um período 
superior ao normal.
EXEMPLO:
Os neutrófilos hipersegmentados são comumente observados 
em casos de anemia megaloblástica (deficiência da vitamina B12 e 
folatos). Nessas situações podem ser observados concomitantemente 
neutropenia e eritrócitos macrocíticos. Outras situações em que podem 
ser observados é o efeito de corticoides (endógenos como nos casos 
de hiperadrenocorticismo ou exógenos como em tratamentos de 
doenças inflamatórias crônicas), defeito genético raro sem significado 
clínico, insuficiência renal crônica, tratamento quimioterápico, síndromes 
mielodisplásicas ou mieloproliferativas.
Granulações Tóxicas dos Neutrófilos
As granulações tóxicas são pequenas formações em grânulos 
azurófilos que aparecem no citoplasma dos neutrófilos maduros do sangue 
periférico. As granulações neutrofílicas são primárias e ricas em enzimas, 
refletindo perturbação na maturação dos neutrófilos ou, ainda, podem ser 
Hematologia Clínica
38
resultado da endocitose de agentes tóxicos (bactérias, proteínas séricas 
desnaturadas) com formação de novos grânulos anormais. 
EXEMPLO:
As granulações tóxicas podem ocorrer em várias situações clínicas, 
tais como: infecções bacterianas graves, infecções sistêmicas (septicemia), 
processos inflamatórios, câncer, pneumonia, coma diabético ou hepático, 
pré-eclampsia, envenenamento químico e outros.
Vacuolização Citoplasmática dos Neutrófilos
A vacuolização citoplasmática ocorre nos neutrófilos e consiste na 
presença de vacúolos claros (estrutura celular arredondada ou ovalada). 
São causados provavelmente por autodigestão, pois as toxinas bacterianas 
podem induzir ruptura dos lisossomos, liberando seu conteúdo enzimático 
(enzimas líticas: elastase, colagenase, glicosidade, mieloperoxidase) 
necessário para eliminação de microrganismos. Os tamanhos desses 
vacúolos podem variar de muito pequenos e discretos, como buracos de 
agulha ou maiores e de fácil observação. Devem sempre ser relatados no 
laudo quando presentes.
EXEMPLO:
Causas de vacuolização podem ser a toxicidade alcoólica ou a 
exposição prolongada ao anticoagulante EDTA (utilizado no tubo de coleta 
para a realização do hemograma), nesse caso normalmente a amostra é 
velha.
Corpúsculos de Döhle
Os corpúsculos de Döhle são corpos basofílicos redondos ou 
ovais de retículo endoplasmático rugoso (em que houve liquefação dos 
ribossomos) na periferia dos neutrófilos. São vistos como “mancha lilás 
ou azul claro” e representam imaturidade celular. Muitas vezes, as células 
que possuem esses corpúsculos apresentam também granulação 
tóxica. Quando presentes, afetam todos os leucócitos, exceto os linfócitos, 
e indicam processos infecciosos ou inflamatórios graves. Também foram 
Hematologia Clínica
39
observados em pacientes com queimaduras, mielodisplasia e em 
gestantes.
Granulócitos Hipogranulares ou Agranulares
DEFINIÇÃO:
Os granulócitos hipogranulares ou agranulares são, 
normalmente, granulócitos displásicos que perderam os 
grânulos citoplasmáticos.
Essa alteração ocorre com mais frequência em neutrófilos 
segmentados e bastonados, mas pode ocorrer em metamielócitos, 
mielócitos e promielócitos. Essa situação pode ser observada nas 
síndromes mielodisplásicas. 
Doenças Hereditárias Autossômicas da Série 
Branca
Há algumas doenças hereditárias autossômicas que são 
caracterizadas poralterações nos leucócitos. As principais são: 
 • Anomalia de Pelger-Hüet – foi descrita por Pelger em 1982. 
Essa anomalia é uma doença hereditária autossômica 
dominante e benigna que envolve a diferenciação terminal de 
leucócitos, apresentando segmentação incompleta do núcleo 
de granulócitos e cromatina grosseira, sendo predominantes os 
neutrófilos bastonados e bilobulados. As células Pelger-Hüet 
são funcionalmente normais (fagocíticas) e possuem a mesma 
sobrevida dos demais granulócitos. Há também a pseudoanomalia 
de Pelger-Huët, uma forma adquirida da anomalia, que pode 
ser observada em casos de leucemia granulocítica, doenças 
mieloproliferativas e alguns casos de infecções (as células 
apresentam núcleos ovais).
Hematologia Clínica
40
SAIBA MAIS:
Sobre a anomalia de Pelger-Huët, com presença de desvio 
à esquerda, entre outras alterações morfológicas, lendo 
o artigo de revisão intitulado: “Anomalia de Pelger-Huët: 
Revisão da Literatura”. Acesse aqui. 
 • Alder-Reilly (recessiva) – anomalia caracterizada por grânulos 
grosseiros de cor púrpura, os quais podem ser encontrados em 
granulócitos, monócitos e linfócitos. Deve-se liberar no laudo num 
campo de observação: presença de granulação azurófila grosseira 
nos neutrófilos, sugestiva de anomalia de Alder-Reilly.
 • May-Hegglin (dominante) – marcada por presença de inclusões 
citoplasmáticas azulada de RNA nos neutrófilos, semelhante 
aos corpos de Döhle. Doença associada também à diminuição 
no número de plaquetas e presença de plaquetas gigantes. Na 
observação do laudo pode ser escrito: presença de neutrófilos 
com inclusões citoplasmáticas sugestivas de anomalia de May-
Hegglin.
 • Chediak-Higashi (dominante) – os granulócitos, monócitos e 
linfócitos se apresentam com grânulos gigantes nessa doença, 
associada a infecções piogênicas frequentes e anormalidade 
funcional dos leucócitos, geralmente com sobrevida curta. No 
laudo pode ser liberada a observação: presença de granulócitos, 
monócitos, linfócitos e eosinófilos com grânulos grosseiros, 
sugestivos de anomalia de Chédiak-Higashi.
IMPORTANTE:
Ao serem observadas essas e outras alterações no 
leucograma associadas a doenças autossômicas 
dominantes ou recessivas, é importante que sejam 
investigados também os demais membros da família.
Hematologia Clínica
https://revistas.ufpr.br/academica/article/view/44140/27879
41
IMPORTANTE:
Neste capítulo, você deve ter aprendido que diversas 
situações fisiológicas e patológicas e especialmente 
processos infecciosos e inflamatórios, podem causar algum 
tipo de alteração nos leucócitos, sejam elas quantitativas 
e/ou qualitativas. As quantitativas se referem ao número 
de leucócitos, a qual sempre deve ser considerada a 
contagem absoluta, e não, a relativa. Em relação as 
qualitativas, as principais que podem ser observados são: 
desvio a esquerda, reação leucemoide, linfócitos reativos, 
hipersegmentação dos neutrófilos, granulação tóxica, 
vacuolização citoplasmática, presença de corpúsculos, 
hipogranulação ou agranulação e anomalias hereditárias. 
Então é isso, pronto para o próximo capítulo?
Hematologia Clínica
42
Gênese da Leucemia e as Classificações 
das Leucemias
OBJETIVO:
A partir de agora você vai compreender como a leucemia 
surge por meio do estudo da sua gênese e como ela é 
classificada. Desse modo, quando você se deparar com 
um esfregaço sanguíneo de paciente leucêmico, terá 
conhecimento para avaliar as células características desses 
casos. 
As leucemias são doenças que se caracterizam pela infiltração no 
sangue, na medula óssea e em outros tecidos por células neoplásicas do 
sistema hematopoiético. Em outras palavras, essa patologia é conhecida 
como câncer do sangue e envolve a série leucocitária (leucócitos). No 
século XIX a palavra referia-se à cor pálida ou branca do sangue, devido 
ao número elevado de leucócitos no paciente doente. Existem vários 
tipos diferentes de leucemia, mais de doze já foram classificados. Os tipos 
variam entre as leucemias que apresentam um desenvolvimento rápido e 
fatal e as que apresentam evolução bem lenta, podendo ser denominadas 
agudas (mais alarmantes) ou crônicas (mais leves) de acordo com as 
características diagnósticas apresentadas. 
Figura 9 – Leucemia de células pilosas
Fonte: Wikimedia Commons
Hematologia Clínica
43
Gênese da Leucemia
DEFINIÇÃO:
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a leucemia é 
definida como uma doença maligna dos glóbulos brancos, 
geralmente de origem desconhecida. Essa doença 
tem como principal característica o acúmulo de células 
sanguíneas doentes na medula óssea, que substituem as 
células normais.
Como você viu na leucogênese, a medula óssea é o local de 
fabricação dos elementos figurados do sangue. Nela são encontrados os 
precursores (células imaturas) que dão origem aos leucócitos, eritrócitos e 
as plaquetas. Basicamente, os casos de neoplasia hematológica ocorrem, 
pois uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre uma 
mutação genética que a transforma em uma célula neoplásica (cancerosa). 
As células neoplásicas amadurecem de forma lenta e incompleta, 
mostrando-se inapropriadas às funções normais dos leucócitos, afetam o 
sistema imunológico como um todo (as defesas contra os microrganismos 
ficam comprometidas) e desenvolvem desvios funcionais deletérios 
ao microambiente celular, comprometendo a proliferação das células 
normais. Muitas células neoplásicas têm sobrevida superior a uma 
célula normal, outras têm vantagens proliferativas e há as que mostram 
um exagero apoptótico (apoptose é a morte celular programada). Essas 
proliferações promovem acúmulo de células neoplásicas que, quando 
são próprias da medula, ou a invadem, substituem parcial ou totalmente 
a mielopoese normal. 
IMPORTANTE:
Quando as células neoplásicas se originam ou se 
disseminam na medula óssea e invadem o sangue 
periférico, são chamadas de leucemias.
Hematologia Clínica
44
O que provoca esses eventos de alteração nos genes das células 
ainda é desconhecido, podendo ser apenas um acidente randômico, 
resultado de uma aquisição aleatória de uma alteração citogenética. 
Entretanto, há um crescente número de casos, que indicam que esses 
eventos podem estar associados à predisposição genética e/ou o estilo de 
vida ambiental. Em relação à herança genética, famílias que apresentam 
casos de leucemia ou câncer apresentam uma predisposição maior de 
ter casos em seus descendentes do que as famílias que não apresentam 
nenhum caso. 
EXEMPLO:
A leucemia está sendo bastante diagnosticada em algumas doenças 
genéticas, como: na síndrome de Down, síndrome de Bloom, anemia de 
Fanconi, na ataxia-telangiectasia, na neurofibromatose, na síndrome de 
Klinefelter e na síndrome de Wiskott-Aldrich.
Já em relação aos fatores ambientais, os que predispõem a 
ocorrência de leucemia são: 
 • Exposição prolongada ao benzeno.
 • Uso de fármacos como: agentes alquilantes, como clorambucil ou 
melfalan.
 • Exposição à radiação ionizante.
EXEMPLO:
Houve um aumento significativo nos casos de leucemia nos 
sobreviventes das explosões de bombas atômicas da Segunda Guerra 
Mundial no Japão, devido à radiação em que eles foram expostos.
 • Infecção – infecções virais são associadas a vários tipos de 
neoplasias da hematopoese, principalmente alguns subtipos de 
linfoma. 
EXEMPLO:
O vírus Epstein-Barr está associado a quase todos os casos de 
linfoma de Burkitt endêmico (africano), à doença linfoproliferativa pós-
transplante e alguns casos de linfoma de Hodgkin. O herpes-vírus 
Hematologia Clínica
45
humano 8 pode causar o sarcoma de Kaposi e o linfoma primário de 
efusões. A infecção por HIV é associada a um aumento de incidência de 
linfomas. A infecção pela bactéria Helicobacter pylori tem sido implicada 
na patogênese do linfoma de células B associado a mucosa gástrica. A 
malária também é associada ao linfoma de Burkitt.Em geral, o câncer resulta do acúmulo de mutações genéticas 
dentro de uma célula e o número presente pode variar de mais de 100, em 
alguns casos, para cerca de 10 na maioria das hemopatias malignas. Os 
genes afetados pela mutação podem ser classificados em oncogêneses 
ou genes supressores de tumor. Os oncogenes surgem como resultado de 
mutações de ganho de função ou de padrões de expressão inapropriada 
em genes normais, denominados de proto-oncogenes. Esses genes 
alterados são gerados quando a atividade dos proto-oncogenes está 
aumentada ou quando estes adquirem uma nova função. Esse fenômeno 
pode ocorrer devido a processos celulares de translocação cromossômica 
(alta frequência em casos de malignidade), mutação ou duplicação. São 
afetados os processos de sinalização, diferenciação e sobrevida celulares. 
EXEMPLO:
As tiroquinases são enzimas que fosforilam proteínas em resíduos de 
tirosina. Elas são importantes na sinalização intracelular. Mutações nessas 
enzimas resultam em um número significativo de hemopatias malignas 
e são alvo de inúmeros fármacos eficazes utilizados no tratamento da 
doença.
Os genes supressores de tumor podem adquirir mutações de perda 
de função, comumente por mutação pontual ou deleção, que levam ao 
desenvolvimento maligno. Esses genes atuam como componentes dos 
mecanismos de controle preparatórios para a divisão celular, regulando a 
passagem da célula da fase G1 para a fase S, ou da fase S para a fase G2 e 
a própria mitose. O gene supressor de tumor mais significativo em câncer 
humano é o p53.
Hematologia Clínica
46
REFLITA:
A proliferação das células normais depende do equilíbrio 
entre a ação de proto-oncogenes e de genes supressores 
de tumor. Na leucemia esse equilíbrio é perturbado, 
resultando em divisão celular descontrolada da célula 
maligna.
As células malignas surgem, provavelmente, em um processo de 
múltiplos passos com aquisição de mutações nas mais variadas vias 
intracelulares. Essa progressão clonal pode ocorrer por uma evolução 
linear, na qual o clone final envolve todas as mutações que surgiram 
durante a evolução da neoplasia, ou por uma evolução ramificada, na qual 
há mais de um clone de células caracterizadas por diferentes mutações 
somáticas. Mas, mesmo assim, apresentam ao menos uma mutação que 
pode ser esboçada retroativamente até uma única célula ancestral. Um 
subclone pode gradualmente adquirir uma vantagem de crescimento 
durante a progressão da neoplasia ou durante um tratamento que agrida 
seletivamente alguns subclones, outros podem se sobressair ou ocorrer 
o surgimento de novos.
NOTA:
Todas as hemopatias malignas são responsáveis por mais 
de 5% das mortes por câncer em geral e aproximadamente 
em torno de 50% dos casos de oncologia pediátrica. A 
incidência mundial é da ordem de 10 casos por 100 mil por 
ano. Muitas permitirem longa sobrevida, mas também é 
crescente o número de casos em remissão ou de cura.
Classificações dos Tipos de Leucemias
As neoplasias hematológicas (leucemias, linfomas, doenças 
mieloproliferativas) devem ser diagnosticadas de acordo com a 
classificação de tumores da hematopoese e do tecido linfoide estabelecida 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2008. Antes das definições 
descritas pela OMS, era utilizada a classificação Franco-Americano-
Hematologia Clínica
47
Britânica (FAB) (baseada em aspectos morfológicos e citoquímicos). 
Agora a FAB é utilizada somente para a descrição dos blastos vistos no 
hemograma e no mielograma, e para orientar a escolha dos marcadores 
imunológicos da imunofenotipagem por citometria em fluxo, exames 
citogenéticos e de biologia molecular para confirmação diagnóstica. Em 
locais em que não é possível realizar testes mais complexos, e até mesmo 
para iniciar o tratamento o mais cedo possível, essa classificação ainda é 
utilizada.
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre a classificação minuciosa das neoplasias 
leia o artigo intitulado: “Classificação da Organização Mundial 
da Saúde para os tumores dos tecidos hematopoético e 
linfoide, 4ª edição, 2008 - principais modificações introduzidas 
em relação à 3a edição, 2001”. Disponível aqui. 
Leia também a Portaria número 705, de 12/08/2014 sobre as 
diretrizes diagnósticas e terapêuticas da leucemia. Disponível aqui. 
De modo geral, as leucemias são proliferações clonais, originadas 
de células que sofreram mutações na sequência de bases do DNA, 
rearranjos cromossômicos com expressão inadequada de oncogenes e/
ou inibição de mecanismos de controle proliferativo. Elas podem ser tanto 
de origem mieloide como linfoide, de acordo com o percursor afetado.
Além da origem celular (mieloide ou linfoide), como ocorre à 
evolução espontânea da doença, também é frequentemente utilizada para 
a sua classificação. Nas leucemias agudas, independente da linhagem, 
são associadas a células que perdem a capacidade de se maturarem, 
desse modo, a expansão dos clones é rápida e causa insuficiência 
hematopoética fatal se não for contida pelo tratamento. Na maioria dos 
casos, o leucograma apresenta leucopenia. As leucemias agudas podem 
ser classificadas em: leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia linfoide 
aguda (LLA) ou leucemia de fenótipo misto (casos raros que expressam 
marcadores tanto de diferenciação mieloide como linfoide, e em geral, 
não apresentam bom prognóstico). 
Hematologia Clínica
https://www.scielo.br/j/ramb/a/6ZD9w5tK57NLGVyX85HtKQw/?format=pdf&lang=pt
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2014/prt0705_12_08_2014.html
48
No adulto, predomina a LMA (80% dos casos), já na infância a maior 
prevalência é de LLA (85% dos casos). Os casos agudos não tratados 
causam insuficiência hematopoética progressiva, rapidamente fatal, se 
não for contida pelo tratamento intensivo com quimioterapia. O transplante 
alogênico de medula óssea é o mais indicado e pode ser curativo.
Nas leucemias crônicas, mesmo que a célula se origine de eventos 
oncogênicos de precursores primitivos, a capacidade de maturação 
celular é mantida. Nesse caso, a insuficiência hematopoética é tardia e 
a sobrevida do paciente pode ser medida em meses ou anos. Chamam-
se nesses casos de leucemia mieloide crônica (LMC) e leucemia linfoide 
crônica (LLC). 
Leucemia Mieloide Aguda
DEFINIÇÃO:
A leucemia mieloide aguda é uma patologia leucocitária de 
progressão rápida, decorrente da proliferação de algum clone 
de células mieloides (mieloblasto) que não se diferenciaram 
e apresentam maturação defeituosa ou ausente.
A leucemia mieloide aguda (LMA) é um tipo de câncer que pode 
acontecer em qualquer idade, mas é mais prevalente em indivíduos 
com mais de 65 anos e do gênero masculino. Não é uma patologia 
hereditária, entretanto, pouco se sabe sobre os mecanismos que 
desencadeiam o seu surgimento. O paciente com LMA apresenta as 
seguintes manifestações clínicas: hepatomegalia (aumento do tamanho 
do fígado) e esplenomegalia (aumento do tamanho do baço) devido à 
proliferação celular descontrolada e de células imaturas dos leucócitos 
(principalmente os blastos); e também anemia (diminuição nos parâmetros 
do eritrograma) e sangramento (devido à diminuição no número de 
plaquetas), decorrentes da substituição da medula óssea normal pela 
doente. Como você viu anteriormente, por a LMA ser uma leucemia 
aguda, ela apresenta rápido desenvolvimento, sendo necessário que o 
tratamento seja iniciado o quanto antes.
Hematologia Clínica
49
IMPORTANTE:
O clone neoplásico na maioria das vezes resulta de uma 
célula mieloide indiferenciada multipotente, mas pode 
também derivar de uma célula já com comprometimento 
de linhagem ou, ainda, de uma célula linfoide-mieloide 
indiferenciada multipotente.
DEFINIÇÃO:
A lista de subclassificações da LMA da OMS é muito longa, 
para conhecer mais sobre elas, não deixe de ler os materiais 
citados no “Saiba mais” anteriormente.
A LMA é subclassificada com base em aspectos do sangue 
periféricoe da medula óssea segundo os critérios estabelecidos pela 
OMS. Aqui serão destacados os seis grupos principais: 
1. LMA com anormalidades genéticas recorrentes – subtipos com 
translocações cromossômicas ou mutações genéticas específicas. 
A detecção dessas anormalidades define o tumor como LMA, 
sendo dispensada a necessidade de haver mais de 20% de blastos 
na medula. Em geral, têm um bom prognóstico. 
2. LMA com alterações relacionadas a mielodisplasias – apresenta 
sinais de mielodisplasia microscópica em mais de 50% das células 
(em pelo menos duas linhagens). O prognóstico desses pacientes 
é pior do que os do primeiro subgrupo. 
3. Neoplasias mieloides relacionadas a tratamento prévio 
(antiblásticos) – surgem em pacientes que foram tratados com 
fármacos, como etoposido ou agentes alquilantes. A maioria 
dos casos apresenta mutações no gene MLL e a resposta ao 
tratamento normalmente é pobre. 
4. LMA não especificada separadamente – é definida pela ausência 
de anormalidades citogenéticas e constitui em torno de 30% dos 
Hematologia Clínica
50
casos. As mutações nos genes NPM1 e FLT3 são mais presentes 
nos que têm citogenética normal.
5. Sarcoma mieloide – doença rara semelhante a um tumor sólido, 
mas composta por blastos mieloides. 
6. Proliferações mieloides relacionadas à síndrome de Down – 
Crianças com essa síndrome têm risco considerável de desenvolver 
leucemia.
IMPORTANTE:
Uma a cada 150 crianças com síndrome de Down 
desenvolvem leucemia. Nos três primeiros anos de vida a 
LMA é a forma mais comum, a partir daí em torno de 80% 
dos casos são de leucemia linfocítica.
NOTA:
A FAB classifica as LMA em oito tipos, principalmente 
de acordo com o número de blastos e características 
morfológicas apresentadas: M0 (evidências mínimas de 
diferenciação mieloide, menos de 3% de blastos), M1 (mais 
de 90% de blastos), M2 (com maturação granulocítica, 
presença de 30 a 89% de blastos), M3 (predomínio de 
promielócitos), M4 (similar a M2, em torno de 30% de blastos, 
e presença de mieloblastos), M5 (leucemia monoblástica 
-indiferenciada-, ou monocítica – diferenciada -; 
componente monocítico superior a 80%), M6 (presença de 
mais de 50% de eritroblastos - eritrócitos nucleados -, mais 
de 30% de blastos) e M7 (mais de 30% de megacarioblastos).
Leucemia Linfoide Aguda
DEFINIÇÃO:
A OMS define as leucemias linfoides (ou lifoblásticas) 
agudas (LLA) como expansões clonais de precursores de 
linfócitos B e T, que são os linfoblastos..
Hematologia Clínica
51
A frequência de LLA é maior em crianças com idade inferior a 10 
anos, mas pode persistir durante toda a infância, a adolescência e a vida 
adulta, com um segundo aumento no número de casos nos idosos. As 
manifestações clínicas mais comuns decorrentes da proliferação das 
células leucêmicas são: dor óssea, hepatosplenomegalia (aumento 
do fígado e do baço) e linfonodomegalias (aumento dos linfonodos), 
associados à infiltração de órgãos; devido à anemia: palidez, letargia, 
dispneia; manifestações hemorrágicas (equimoses espontâneas, púrpura, 
sangramento gengival e menorragia) decorrentes da trombocitopenia; 
síndrome meníngea (cefaleia, náuseas e vômitos, visão turva, diplopia). 
Vários pacientes têm febre, que cessa com o começo da quimioterapia. 
NOTA:
Se houver predomínio de massas sólidas linfonodais ou 
extranodais com valor inferior a 20% de blastos na medula 
óssea, a doença é denominada linfoma linfoblástico, mas 
tratada como LLA.
A LLA pode ser de linhagem B (LLA-B) ou T (LLA-T), podendo ter 
uma designação mais ampla como leucemia/linfoma linfoblástico B ou 
T. Ela é subclassificada pela OMS de acordo com os defeitos genéticos 
subjacentes. Na LLA-B existem vários subtipos, tais como: translocações 
t(9;22) ou t(11;21), rearranjos no gene MLL ou aneuploidia (alterações no 
número de cromossomos). Na LLA-T, em 50 a 70% dos casos se observa 
um cariótipo anormal e a via sinalizadora está ativada.
Hematologia Clínica
52
NOTA:
Translocação é uma anomalia cromossômica causada pelo 
rearranjo de partes entre cromossomos não homólogos. Um 
gene de fusão pode ser criado quando a translocação se 
une a outros dois genes separados. Os números 
indicam o cromossomo envolvido no processo – t(9;22) 
e t(11;21). Rearranjo é uma mutação, um tipo de anomalia 
cromossômica envolvendo uma mudança na estrutura 
do cromossomo nativo. Tais mudanças podem envolver 
várias classes diferentes de eventos, como deleções, 
duplicações, inversões e translocações cromossômicas.
ACESSE:
Para você relembrar o que são cromossomos, assista o 
vídeo aqui. 
A classificação FAB se baseia na citologia, desse modo, são 
classificadas morfologicamente de acordo com a coloração basofílica, 
conteúdo citoplasmático, presença de vacúolos, entre outros, em L1, L2 
e L3. 
Figura 11 – DNA Microscópica
Fonte: ©Pixabay
Hematologia Clínica
https://www.youtube.com/watch?v=UBfInkTvqt8
53
Leucemia Mieloide Crônica
DEFINIÇÃO:
A leucemia mieloide crônica é uma patologia leucocitária 
de progressão lenta decorrente da proliferação de algum 
clone de células mieloides (mieloblasto – granulócitos e 
mais raramente monócitos) que não se diferenciaram e 
apresentam maturação defeituosa ou ausente. 
A leucemia mieloide crônica (LMC), também chamada de 
granulocítica crônica ou leucemia mielógena crônica, é responsável por 
aproximadamente 15% das leucemias. Ela pode ocorrer em qualquer 
idade e gênero (1,4:1 masculino:feminino), com mais frequência entre 
os 40 e 60 anos de idade. Em torno de 50% dos casos, o diagnóstico é 
notado incidentalmente, ao se fazer um hemograma de rotina. Nos casos 
sintomáticos, os aspectos gerais são: associados ao hipermetabolismo 
(perda de peso, anorexia ou suores noturnos); esplenomegalia (pode 
ser associado a desconforto abdominal, dor ou indigestão); sintomas de 
anemia (palidez, dispneia e taquicardia); equimoses, epistaxe, menorragia 
e hemorragia (trombocitopenia); gota ou insuficiência renal causadas pela 
hiperuricemia do catabolismo excessivo de purina; e embora sejam raros, 
podem ocorrer distúrbios visuais e priapismo.
Essa doença é associada com uma translocação específica 
t(9;22) (q34;q11), ou seja, entre os cromossomos 9 e 22, em que parte do 
oncogene ABL1 é transferida para o gene BCR no cromossomo 22, e parte 
do cromossomo 22 é transferida para o cromossomo 9. Este cromossomo 
22 anormal é chamado de cromossomo Filadélfia (Ph). Algumas pessoas 
podem albergar esse cromossomo sem desenvolver a doença. Essa 
translocação também é observada em uma minoria de casos de LLA e, 
em alguns deles, o ponto de ruptura do BCR ocorre na mesma região 
que na LMC. Morfologicamente pode ser detectada devido à presença 
de mieloblastos no sangue periférico e desvio a esquerda bastante 
significativo.
Hematologia Clínica
54
Leucemia Linfoide Crônica
DEFINIÇÃO:
As leucemias linfoides ou lifoblásticas crônicas são 
caracterizadas por acúmulo de linfócitos maduros no 
sangue, de tipo celular B ou T.
A leucemia linfocítica crônica (LLC) é a mais comum das leucemias 
linfoides crônicas. A maior incidência é entre os 60 e 80 anos (média 72 
anos) de idade, com apenas 15% dos casos antes dos 50 anos. O gênero 
masculino é o mais afetado (relação 2:1). A etiologia é desconhecida, mas 
há variações geográficas na incidência, sendo mais comum na Europa e 
nos Estados Unidos da América. Mais de 80% dos casos são diagnosticados 
em hemograma de rotina, realizado por alguma outra razão. 
NOTA:
O risco de desenvolvimento dessa leucemia é sete vezes 
maior em familiares próximos de pacientes com a doença 
(indicando uma predisposição genética), embora os genes 
de risco sejam desconhecidos.
Em relação à sintomatologia e sinais clínicos, os mais observados 
são principalmente o aumento simétrico de linfonodos cervicais, axilares 
ou inguinais. Além disso, os pacientes podem apresentar sintomas 
relacionados à anemia e trombocitopenia (manifestaçõespurpúricas). 
Pode ocorrer esplenomegalia e, com menos frequência, hepatomegalia 
nos estágios tardios. Em geral, essa doença é incurável, costuma ter uma 
evolução crônica e flutuante.
O linfócito B maduro com fraca expressão de imunoglobulina (Ig) 
de superfície (IgM ou IgD) é a célula neoplásica. Elas exibem diminuição 
da apoptose e sobrevida prolongada, resultando em acúmulo no sangue 
periférico, na medula óssea, no fígado, no baço e nos linfonodos. O 
linfoma linfocítico de células pequenas é o equivalente tecidual da LLC 
(apresentam o mesmo fenótipo e citogenética). Entretanto, o acúmulo de 
Hematologia Clínica
55
células do linfoma é quase exclusivamente nos linfonodos, com presença 
no sangue de células B monoclonais em valor inferior a 5000/µL. 
SAIBA MAIS:
Para entender melhor como ocorre o desenvolvimento das 
leucemias, acesse pelos links de cada leucemia a seguir: 
LMA – acesse aqui. 
LLA – acesse aqui. 
LMC – acesse aqui. 
LLC – acesse aqui.
RESUMINDO:
Compreendemos, neste estudo, a gênese da leucemia 
e como ela é classificada: Leucemia linfoide crônica, 
Leucemia mieloide crônica, Leucemia mieloide aguda e 
Leucemia linfoide aguda. Desse modo, você se torna capaz 
de avaliar as células características desses casos. 
Hematologia Clínica
https://blausen.com/pages/sitesecurityaccess.aspx
https://blausen.com/pages/sitesecurityaccess.aspx
https://blausen.com/pages/sitesecurityaccess.aspx
https://blausen.com/pages/sitesecurityaccess.aspx
56
Principais Leucemias e Outras 
Mielodisplasias
OBJETIVO:
A partir de agora você vai conhecer as características das 
células imaturas percursoras dos leucócitos e o que pode 
ser observado em cada hemograma nos diferentes tipos de 
leucemias e mielodisplasias. Assim, quando na sua rotina 
laboratorial você se deparar com algum desses casos, pelo 
menos saberá que não se trata de um hemograma dentro 
da normalidade..
O diagnóstico laboratorial das leucemias e de outras mielodisplasias 
é bastante complexo. Muitos profissionais não se sentem seguros ao 
analisar um esfregaço sanguíneo com a presença de leucócitos anormais 
ou com alto nível de imaturidade. Isso se deve ao fato de que a liberação 
no laudo de, principalmente, presença de blastos dará ao médico e ao 
seu paciente um diagnóstico importante e preocupante. Além disso, 
diferenciar se a célula é um blasto ou um linfócito reativo gera bastante 
dúvida. 
Características Morfológicas dos 
Leucócitos Imaturos
Relembrando o que você viu no capítulo “gênese leucocitária”, o 
primeiro precursor dos leucócitos reconhecível, é o blasto, que pode ser 
um mieloblasto ou linfoblasto. Agora você verá quais são as características 
morfológicas dessa célula e das células subsequentes, para identificá-las 
quando estiverem presentes no hemograma. 
O mieloblasto é a primeira célula da linhagem granulocítica. Ela 
apresenta tamanho variável (12-20 µm de diâmetro), com núcleo grande 
redondo ou ovalado, relação núcleo-citoplasmática elevada, cromatina 
fina e presença de 2 a 5 nucléolos (maior frequência de 2 a 3) não muito 
proeminentes. O citoplasma é basófilo (tom azul pálido) e sem grânulos 
Hematologia Clínica
57
visíveis na análise microscópica (em análise citoquímica os grânulos são 
detectados). Essa célula é raríssima em pacientes saudáveis, por isso é 
muito utilizada como critério diagnóstico para os casos de leucemia.
IMPORTANTE:
Normalmente não é possível fazer a distinção morfológica 
entre mieloblasto e linfoblasto. Desse modo, no laudo é 
liberado apenas como blasto. Sabe-se que é um mieloblasto 
quando há a presença de bastão de Auer (risquinho rosado 
presente no citoplasma da célula)..
Seguindo a linhagem mieloide, o mieloblasto originará os 
promielócitos. Essas células se apresentam com tamanho um pouco 
maior do que o mieloblasto, em torno de 15 a 25 µm de diâmetro, e a 
relação núcleo-citoplasma é menor e é mais basofílica (azulada). É uma 
célula redonda ou ovalada com desenvolvimento de grânulos primários 
no citoplasma. A cromatina nuclear apresenta ligeira condensação e os 
núcleolos são proeminentes. O núcleo é oval com indentação em um lado. 
Essa célula (morfologicamente anormal) são vistos no sangue periférico 
em vários subtipos de LMA.
Os mielócitos são as células seguintes, menores que os 
promielócitos (diâmetro de 10-20 µm) e apresentam como característica 
marcante grânulos secundários ou específicos. Em algumas análises 
podem ser diferenciados os mielócitos percursores dos neutrófilos, 
eosinófilos e basófilos devido ao tipo de grânulo e coloração apresentada. 
A cromatina nuclear é mais condensada e os nucléolos não são visíveis. 
O núcleo é oval, podendo apresentar pequena indentação. O citoplasma 
é mais acidófilo (tons mais rosados). Mielócitos neutrófilos e eosinófilos 
podem aparecer no sangue tanto em condições reacionais quanto em 
leucemias, já o mielócitos basófilos limita-se aos casos de leucemias. 
Hematologia Clínica
58
NOTA:
Em leucemias agudas, os mielócitos circulantes no sangue 
periférico podem apresentar alterações na morfologia 
como: hipogranularidade ou grânulos muito grandes.
Os mielócitos originam os metamielócitos. Essas células não sofrem 
mais divisão celular e medem de 10 a 12 µm de diâmetro. A cromatina 
apresenta-se em grumos, o núcleo indentado ou em forma de ferradura 
(ou da letra “U”). O citoplasma do metamielócito neutrofílico é acidófilo 
e o do eosinofílico é levemente basófilo. Apresentam grânulos primários 
e secundários. Em pequeno número podem ser vistos no sangue 
periférico de indivíduos saudáveis. São frequentemente observados em 
condições reacionais e leucemias. A forma que segue o metamielócito até 
o granulócito maduro é a célula bastonada (neutrófilo bastão, eosinófilo 
bastão e basófilo bastão), que pode ser vista no sangue periférico de 
pacientes saudáveis em valores abaixo de 5%. 
ACESSE:
Para que você possa verificar as características morfológicas 
dos leucócitos imaturos, comparando as linhagens, acesse 
o site aqui. Comece observando o mieloblasto e no menu 
do lado direito vá clicando em cima da célula que deseja 
visualizar. 
Diagnóstico Laboratorial das Leucemias 
Agudas
As leucemias agudas, independentemente da origem (mieloide 
ou linfoide), geralmente apresentam no hemograma redução no número 
das três séries e presença de blastos leucêmicos em número variável 
(normalmente crescente). A intensidade das citopenias é proporcional ao 
grau de comprometimento da medula óssea pelas células blásticas e, 
na maioria dos casos, ao número de blastos circulantes. Já o diagnóstico 
Hematologia Clínica
https://hematologia.farmacia.ufg.br/p/7052-mieloblasto
https://hematologia.farmacia.ufg.br/p/7052-mieloblasto
59
e a evolução da doença variam com a progênie de origem, mas as 
características costumam ser suficientes para caracterizá-las. 
IMPORTANTE:
Em geral, as leucemias agudas apresentam um diagnóstico 
difícil, de grande responsabilidade e de relativa urgência.
Hemograma da Leucemia Mieloide Aguda
No hemograma do paciente com LMA observa-se anemia 
(diminuição na contagem de eritrócitos, concentração de hemoglobina 
e do valor do hematócrito) normalmente normocítica (VCM normal) e 
normocrômica (CHCM normal). Raramente pode apresentar macrocitose 
(VCM aumentado). Podem ser observados eritroblastos (eritrócitos 
imaturos, nucleados) no sangue periférico. A trombocitopenia também 
está presente, com contagem abaixo de 50.000 plaquetas/mL, em torno 
de 50% dos casos. Mas um pequeno número dos pacientes apresenta 
contagem de plaquetas normal ou trombocitose. O número total de 
leucócitos geralmente está acima de 25.000 leucócitos/µL, mas abaixo 
de 100.000 leucócitos/µL. Há alguns casos que se observa leucocitose 
acima de 100.000 leucócitos/µL, assim como contagens dentro dos 
valores de referência e leucopenia, embora seja menos comum. 
O número de blastos é variável, mas normalmente estascélulas 
estão presentes, e o percentual é maior que 20% na contagem diferencial, 
podendo chegar a até mais de 90%. A presença de blastos ou de 
promielócitos com bastão de Auer caracterizam a origem mieloide. Podem 
ser mieloblastos, monoblastos, megacarioblastos, eritroblastos primitivos 
ou ainda uma população mista. Podem ser vistas algumas células em 
maturação. Em alguns casos, a célula predominante é um promielócito 
anormal. A maioria dos pacientes apresenta neutropenia, exceto os 
casos em que há maturação do clone leucêmico desse tipo celular, com 
consequente neutrofilia ou, com menor frequência, eosinofilia e, muito 
raramente, basofilia. Em um pequeno número de casos, há pancitopenia 
Hematologia Clínica
60
(diminuição global dos elementos figurados do sangue), sem células 
imaturas circulantes. 
NOTA:
Equipamentos automatizados podem emitir flag 
(mensagem, observação de alteração) de “blast cells”, ou 
seja, presença de blastos, que devem ser confirmados com 
microscopia.
IMPORTANTE:
O diagnóstico diferencial da LMA é feito principalmente 
com a LLA, com a transformação blástica de LMC e de 
outras neoplasias mieloproliferativas, com as SMDs e com 
outras causas de insuficiência da medula óssea, como 
anemia aplástica. Ocasionalmente, é preciso distinguir 
entre leucemia aguda e reação leucemoide. Medulograma, 
testes moleculares, citogenéticos, de imunofenotipagem, 
entre outros, são indicados pela OMS.
Hemograma da Leucemia Linfoide Aguda
O hemograma geralmente apresenta anemia, neutropenia e 
trombocitopenia. A contagem global dos leucócitos é variável (podendo 
se apresentar baixa, normal ou alta), ou seja, desde uma leucopenia de 
1.000 leucócitos/µL até uma leucocitose acima de 150.000 leucócitos/
µL. A medula óssea é hipercelular, com contagem de blastos (linfoblastos) 
superior a 20%, embora alguns casos podem se apresentar sem a presença 
de células leucêmicas. Eosinofilia reacional é vista em poucos pacientes. 
Como você viu anteriormente, a classificação FAB, considerando a 
morfologia das células no esfregaço sanguíneo, determina três grupos 
para as LLAs: LLA-L1, LLA-L2 e LLA-L3.
Na LLA L1, os blastos são pequenos ou de tamanho médio (em 
média o tamanho é entre 1 a 2 vezes o tamanho de um linfócito pequeno) e 
têm aparência uniforme. Os blastos menores não têm nucléolo aparente e 
Hematologia Clínica
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mostram alguma condensação da cromatina, já os maiores têm cromatina 
difusa e podem ter pequenos nucléolos. O núcleo é arredondado e pode 
ser endentado. O citoplasma é escasso (maior relação núcleo do que 
citoplasma), de leve a moderadamente azulado, podendo apresentar 
vacúolos. Na LLA L2, os blastos são maiores e mais pleomórficos 
(variação na forma da célula), com núcleos irregulares, nucléolos mais 
proeminentes e citoplasma mais abundante com coloração fraca a 
fortemente basófila, podendo conter vacúolos. A LLA L3 caracteriza-se 
por basofilia citoplasmática intensa e vacuolização variável (geralmente 
proeminente). O núcleo ocupa grande parte do citoplasma (elevada 
relação núcleo/citoplasma) com nucléolo proeminente.
IMPORTANTE:
O diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente com a 
LMA e com linfocitoses reacionais. Para isso são necessários 
os exames adicionais (mielograma, imunofenotipagem, 
testes moleculares etc.) recomendados pela OMS.
Diagnóstico Laboratorial das Leucemias 
Crônicas
As leucemias crônicas, diferente das leucemias agudas, se 
apresentam com maior de maturação celular, principalmente a linhagem 
mieloide. A evolução da doença é mais lenta. A seguir, você saberá as 
características dessas doenças observadas no hemograma. 
NOTA:
Normalmente o diagnóstico das leucemias crônicas são 
mais fáceis do que das leucemias agudas. E da LMC é o 
menos difícil de todas.
Hematologia Clínica
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Hemograma da Leucemia Mieloide Crônica
Na LMC, observa-se inicialmente leucocitose muitas vezes 
considerável e neutrofilia com desvio à esquerda. A segunda célula com 
maior prevalência são os mielócitos. Pode-se também observar basofilia. 
Pacientes com contagem muito elevada, as células blásticas podem 
chegar a 15%, ma, representam um valor percentual menor do que os 
promielócitos (menos frequentes que os mielócitos). Em mais de 90% dos 
casos também pode haver aumento na contagem absoluta de eosinófilos 
(podem apresentar uma parte dos grânulos com coloração basófila). 
Monócitos estão aumentados, mas não na proporção dos neutrófilos 
e podem ser vistos alguns eritroblastos. Normalmente o número de 
plaquetas é normal ou aumentada, uma minoria dos casos apresenta 
trombocitopenia. Além disso, podem ser vistas as macroplaquetas 
(plaquetas com tamanho aumentado). Algumas vezes, observam-se 
megacariócitos (célula percursora das plaquetas) circulantes. Poucos 
pacientes apresentam trombocitose isolada. 
IMPORTANTE:
Alguns pacientes apresentam alterações acentuadas 
cíclicas do número de leucócitos, com a periodicidade de 
50-70 dias, variando os níveis de francamente leucêmicos 
a quase normais (todas as células mieloides participam dos 
ciclos).
NOTA:
Geralmente esse tipo de leucemia é detectado em 
hemograma de rotina, em etapa ainda assintomática. Com 
a evolução da doença, o hemograma começa a ser mais 
útil no diagnóstico.
Com o advento do tratamento eficaz com inibidores da 
tirosinaquinase (leva à duradoura remissão na maioria dos pacientes) a 
evolução da LMC é vista com menor frequência. Algumas vezes após o 
tratamento, a doença pode se tornar refratária e evoluir como era a regra 
Hematologia Clínica
63
antes do advento da droga. Há uma mudança no aspecto do hemograma 
e uma progressiva deterioração clínica. Nesse caso, observa-se no 
hemograma anemia progressiva, trombocitose e grande basofilia; a seguir, 
o hemograma converte-se aos poucos em um quadro semelhante ao de 
leucemia aguda (principalmente pelo número crescente de blastos). A 
transformação blástica pode ser súbita e avassaladora. Na maioria dos 
casos, os blastos são mieloides, podendo ter marcadores megacariocíticos 
ou eritroides. 
NOTA:
Em relação às neoplasias mieloides de lenta evolução 
oriundas dos tecidos eritroide (série vermelha) e 
megacariocítico (série plaquetária), para as quais não 
poderia ser utilizado o termo “leucemia” (apenas para série 
branca), foi criada uma designação genérica, mais ampla, 
neoplasias mieloproliferativas.
IMPORTANTE:
O diagnóstico diferencial deve ser feito com neutrofilias 
reacionais, com as demais leucemias mieloides e com os 
estágios iniciais da policitemia vera e da trombocitemia 
essencial.
As leucemias crônicas podem ainda ser classificadas como 
neutrofílicas, eosinofílicas ou mastocítica. A LMC neutrofílica é rara com 
hemograma caracterizado por leucocitose progressiva com presença 
escalonada da série neutrófila, com amplo predomínio de neutrófilos 
segmentados e bastonados. Os promielócitos e os blastos são poucos 
ou ausentes. Há presença de anemia e trombocitopenia. A translocação 
t(9;22) (q34;q11.2) não está presente. Ocorre só em pacientes idosos. 
A LMC eosinofílica apresenta o valor de eosinófilos acima de 1.500/
µL e persistente (deve-se sempre excluir a hipótese de verminose e 
alergias). Alguns casos em que há presença de granulócitos imaturos 
Hematologia Clínica
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(inclusive blastos) no sangue periférico, e aumento de blastos na medula 
óssea, é válido considerar como leucemias eosinofílicas. Há casos em 
que o hemograma apresenta eosinofilia de 20.000 a mais de 100.000/
µL; há eosinófilos parcialmente agranulados, com áreas citoplasmáticas 
claras e vacuolização, alguns com hipersegmentação nuclear. Há alguns 
mielócitos e promielócitos com granulações eosinófilas óbvias ou 
esboçadas. 
A LMC com mastocitose se refere à proliferação neoplásica 
caracterizada pela presença multifocal de infiltrados ou conglomerados 
coesos de mastócitos clonais. A mastocitose cutânea é a mais 
frequentee indolente. A mastocitose sistêmica é rara, nela há pequenos 
conglomerados (≥ 15 mastócitos) na medula óssea ou em órgãos 
extramedulares. A franca invasão sanguínea (leucemia mastocítica) é 
ainda mais rara e os mastócitos circulantes costumam ser muito atípicos e 
difíceis de serem identificados morfologicamente. As células apresentam 
citoplasma hipogranular, núcleo monocitoide ou podem apresentar 
aspecto de blastos metacromáticos.
Para confirmar o diagnóstico da LMC e seus tipos são indicadas 
análises citogenética e molecular. Na grande maioria dos casos, a LMC 
está associada a t(9;22) (q34;q11).
Hemograma da Leucemia Linfoide Crônica
A LLC caracteriza-se por linfocitose crônica relativa (acima de 70% 
de linfócitos maduros) e absoluta (acima de 5.000 linfócitos/µL, podendo 
ultrapassar 300.000/µL) persistentes no sangue periférico. A contagem de 
leucócitos totais varia de pouco acima da normalidade a muito elevadas 
(25.000 e 100.000 leucócitos/µL, podendo chegar a valores superiores 
a 300.000 leucócitos/µL). Os linfócitos são muito parecidos com os 
normais, mas com uma aparência mais uniforme (cromatina aglomerada 
e nucléolos pequenos), citoplasma escasso e levemente basófilo. No 
entanto, em muitos casos, pode haver variação de morfologia, sendo, às 
vezes, pró-linfócitos (células maiores, com citoplasma mais abundante, 
núcleo com condensação cromatínica visível e com nucléolo bem 
Hematologia Clínica
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aparente) ou linfócitos atípicos (citoplasma mais abundante e cromatina 
mais frouxa ou ainda do tipo plasmócito).
IMPORTANTE:
Células esmagadas na distensão sanguínea (“bascket cells”, 
células em cesto, restos nucleares ou celulares) também 
costumam serem visualizadas. Essas células indicam 
fragilidade celular, as quais se arrebentam no momento da 
confecção da distensão sanguínea em lâmina.
O paciente costuma apresentar anemia normocítica e normocrômica 
nas fases tardias da doença como resultado de infiltração medular ou 
de hiperesplenismo. Trombocitopenia é um achado comum, porém, 
contagens normais de plaquetas e, mais raramente trombocitose também 
podem ser encontradas. A contagem de neutrófilos de pacientes não 
tratados raramente está reduzida.
NOTA:
Hemólise, policromasia, esferócitos e trombocitopenia 
ocorrem em alguns pacientes com patogênese autoimune.
De acordo com a morfologia observada, a LLC pode ser classificada 
em:
 • LLC comum – com predomínio de linfócitos maduros pequenos
 • LLC mista – proporção variável de linfócitos atípicos inferior a 10% 
de pró-linfócitos
 • LLC com transformação pró-linfocítica – pró-linfócitos superiores 
a 10% e inferiores a 55%
 • LLC pró-linfocítica – pró-linfócitos > 55%
Hematologia Clínica
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ACESSE:
Para ver imagens dos diferentes tipos de leucemias, acesse 
aqui. E faça um passeio pelo menu do lado direito do site. 
acesse aqui. 
É importante que você saiba as diferenças morfológicas que podem 
ser observadas nos blastos e demais células sanguíneas dos diferentes 
tipos de leucemias, pois isso ajuda a caracterizá-las e para diferenciar 
se realmente é blasto ou linfócitos reativos, monócitos etc. Entretanto, o 
analista de laboratório que realiza a análise do hemograma não classifica 
o tipo de leucemia pelas células apresentadas (embora possa desconfiar 
de qual tipo se trata). No laudo é apenas descrito o número e as 
alterações morfológicas observadas em relação as três séries das células 
sanguíneas: leucócitos, eritrócitos e plaquetas. Sugere-se ainda que na 
presença de células blásticas ou jovens se deva fazer um contato com o 
médico do paciente antes da liberação do laudo. O médico avaliará se o 
quadro condiz com o resultado do hemograma e depois terá que solicitar 
medulograma e demais testes de biologia molecular, citogenética e 
imunofenotipagem para realizar essa diferenciação, segundo critérios 
estabelecidos pela OMS.
Diagnóstico das Síndromes 
Mielodisplásicas
DEFINIÇÃO:
Síndromes mielodisplásicas (SMDs) ou mielodisplasia são 
proliferações mieloides clonais, caracterizadas por exagero 
apoptótico, hematopoese ineficaz e citopenias periféricas, 
mas cuja história natural prevê novas mutações e súbita 
ou paulatina transformação leucêmica. Há neoplasias 
mielodisplásicas/mieloproliferativas por manifestarem, ao 
mesmo tempo, características de ambas.
Hematologia Clínica
https://www.atlasdosangueperiferico.com.br/leucemias.php
https://www.atlasdosangueperiferico.com.br/leucemias.php
https://hematologia.farmacia.ufg.br/p/7148-leucemia-linfoide-aguda-sangue-periferico
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As displasias, em geral, são descritas como produção insuficiente 
das células sanguíneas. Desse modo, a maioria dos pacientes com SMDs 
é anêmica, com eritrócitos normocrômicos, normocíticos ou macrocítico, 
presença de anisocitose (variação no tamanho dos eritrócitos) e 
pecilocitose (variação na forma dos eritrócitos) são comuns. 
NOTA:
Ainda não se sabe os motivos para o surgimento dessa 
doença, mas não é uma doença hereditária. Ela é mais 
comum em indivíduos acima dos 60 anos.
A mielodisplasia refere-se a um grupo de doenças, divididas em 
sete categorias pela OMS. Sendo elas:
1. Citopenia Refratária com Displasia em uma linhagem (CRDU) 
– caracterizada por anemia, neutropenia, trombocitopenia. O 
percentual de blastos na medula óssea é inferior a 5%.
2. Anemia Refratária com Sideroblastos em Anel (ARSA) – o percentual 
de blastos na medula óssea é inferior a 5%, e sideroblastos 
anelados apresentam valor igual ou superior a 15%. Alterações 
displásicas são restritas à linhagem eritroide. 
3. Citopenia Refratária com Displasia Múltipla (CRDM) – o percentual 
de blastos na medula óssea é inferior a 5%. Alterações displásicas 
são observadas em pelo menos 10% das células de, no mínimo, 
duas linhagens envolvidas. Pode haver ou não sideroblastos em 
anel (superior a 15%).
4. Anemia Refratária com Excesso de Blastos (AREB) – alterações 
displásicas observadas em uma ou mais linhagens. No tipo 1, o 
percentual de blastos na medula varia de 5% a 9% e no tipo 2 de 
10% a 19%.
5. Síndrome Mielodisplásica não Classificada (SMD-U) – o percentual 
de blastos na medula óssea é inferior a 5%.
6. Síndrome Mielodisplásica Associada à Deleção Isolada do braço 
longo de Cromossomo 5 – alterações displásicas observadas 
Hematologia Clínica
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em menos de 10% de uma ou mais linhagens, acompanhadas 
de alteração citogenética específica. O percentual de blastos na 
medula óssea é inferior a 5%.
IMPORTANTE:
Em alguns casos, a mielodisplasia pode evoluir para uma 
LMA (quando a medula para completamente de produzir 
células saudáveis). 
As mielodisplasias podem ainda ser classificadas 
em primária e secundária. A primária é aquela que não se sabe o motivo 
para as modificações nas células da medula, e corresponde a maior 
parte dos casos. Já a secundária refere-se ao paciente que passou por 
um tratamento com, por exemplo, quimioterapia ou radiação e acabou 
desenvolvendo a doença por este motivo. 
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre as mielodisplasias, leia o artigo 
intitulado: “O diagnóstico das síndromes mielodisplásicas: 
revisão da literatura”. Acesse aqui. 
RESUMINDO:
Neste estudo, conhecemos as características das células 
imaturas percursoras dos leucócitos e o que pode ser 
observado em cada hemograma nos diferentes tipos de 
leucemias e mielodisplasias. 
Hematologia Clínica
http://www.rbac.org.br/wp-content/uploads/2019/04/RBAC-vol-50-4-2018-ref-665.pdf
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REFERÊNCIAS 
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Artmed, 2017. 
DE GRAAFF, K.M.V. Anatomia Humana. 6ª ed. Barueri: Editora 
Manole, 2013.
FAILACE, R.; FERNANDES, F. Hemograma: manual de interpretação 
6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 
HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia 
de Hoffbrand. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. 
INCA - Instituto nacional de câncer. Leucemia. Disponível em: 
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/leucemia.Acesso em: 17 set. 
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NAOUM, P. C.; NAOUM, F. L. Interpretação laboratorial do 
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SILVA, P. H. et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. 
Porto Alegre: Artmed, 2016.
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tumors of haematopoietic and lymphoid tissues. Lyon: IARC Press; 2008.
ZERBINI, M.C.N; SOARES, F.A.; VELLOSO, E.D.R.P.; CHAUFAILLE, 
M. L.L.F. & PAES, RP. Classificação da Organização Mundial da Saúde 
para os tumores dos tecidos hematopoético e linfoide, 4ª edição, 2008: 
principais modificações introduzidas em relação à 3ª edição, 2001. Rev. da 
Associação Médica Brasileira. 2011. 57(1), 6-73.
Hematologia Clínica
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/leucemia
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25728865
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