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AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INOVAÇÃO E 
SUSTENTABILIDADE 
ECONÔMICA E SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dálcio Roberto dos Reis Júnior 
 
 
 
 
 
2 
TEMA 1 – CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO: CONCEITOS INICIAIS 
Desde os tempos mais remotos da história da humanidade, a criatividade 
tem sido uma força motriz essencial para o progresso e a evolução. Desde os 
primórdios, quando nossos ancestrais enfrentavam desafios de sobrevivência em 
um mundo hostil, até os dias de hoje, em que lidamos com complexidades sociais, 
tecnológicas e ambientais, a capacidade de encontrar soluções inovadoras tem 
sido um diferencial humano. 
No cenário atual, no século XXI, a importância da criatividade só aumenta. 
Vivemos em uma era de rápida mudança em que os desafios são cada vez mais 
multifacetados e interconectados. Nesse contexto, a habilidade de pensar de 
forma original e encontrar novas abordagens para problemas complexos é uma 
vantagem competitiva crucial, tanto na esfera profissional quanto no pessoal. 
Mesmo que as máquinas e os algoritmos tenham avançado em muitos 
aspectos, ainda não conseguem replicar a capacidade humana de gerar ideias 
verdadeiramente originais e criativas. Portanto, o papel das pessoas na geração 
de inovação continua sendo insubstituível. Em qualquer ambiente organizacional, 
a criatividade é valorizada como um recurso essencial para impulsionar a 
inovação e a diferenciação competitiva. 
Ao longo da história, a compreensão da criatividade passou por diversas 
transformações. Em períodos antigos, era muitas vezes vista como um dom divino 
reservado a poucos indivíduos privilegiados. No entanto, ao longo do tempo, 
estudiosos como Platão e Sigmund Freud começaram a explorar e desvendar os 
mecanismos por trás do processo criativo, pavimentando o caminho para uma 
compreensão mais profunda e abrangente desse fenômeno. 
Hoje, sabemos que a criatividade é uma habilidade que pode ser cultivada 
e desenvolvida por qualquer pessoa, independentemente de suas origens ou 
talentos inatos. Ela é influenciada por uma variedade de fatores, incluindo o 
ambiente social, cultural e organizacional em que uma pessoa está inserida, bem 
como suas próprias características individuais, como capacidade cognitiva, 
personalidade e estratégias de pensamento. 
É importante reconhecer que a criatividade não é um processo isolado, ela 
está intrinsecamente ligada ao contexto em que ocorre. A capacidade de pensar 
de forma original e encontrar soluções inovadoras é moldada pela interação entre 
 
 
3 
o indivíduo e seu ambiente, incluindo sua educação, experiências passadas e 
interações sociais. 
No ambiente de trabalho, a criatividade é valorizada em uma ampla gama 
de ocupações e setores. Desde as artes e design até a tecnologia e negócios, a 
capacidade de gerar ideias novas e úteis é uma habilidade altamente procurada 
e valorizada pelos empregadores. 
Além disso, a criatividade desempenha um papel fundamental no processo 
de inovação. A capacidade de gerar ideias originais é o ponto de partida para o 
desenvolvimento de novos produtos, serviços e processos que atendam às 
necessidades do mercado e impulsionem o crescimento organizacional. 
 
Crédito: Studio_East/Adobe Stock. 
Apesar de os temas “criatividade” e “inovação” serem assuntos diferentes, 
estão muito relacionados no entendimento da maioria das pessoas. Entretanto, 
são assuntos ainda estudados separadamente pelos pesquisadores. No entanto, 
segundo Heerwagen (2002), essa distinção é infeliz, uma vez que a criatividade 
representa para as organizações um aspecto fundamental na geração de novos 
produtos, processos ou serviços, de forma a lhes garantir a efetividade, a 
sobrevivência e a competitividade. 
Em resumo, a criatividade é uma força poderosa que impulsiona a inovação 
e o progresso em todas as esferas da vida. É uma habilidade fundamental que 
nos permite enfrentar os desafios do mundo moderno e encontrar soluções para 
os problemas mais complexos. Portanto, é essencial cultivar e nutrir a criatividade 
em todas as etapas da vida e em todos os aspectos da sociedade. 
 
 
4 
TEMA 2 – O PROCESSO CRIATIVO 
Reis Junior (2021) afirma que a criatividade individual é representada por 
um processo aberto e que não se permite representar por fórmulas de nenhuma 
espécie. Qualquer tentativa de se estabelecer um passo a passo, um tutorial ou 
quaisquer orientações preestabelecidas para que a criatividade individual 
aconteça pode acarretar o efeito inverso e ser considerada um fator bloqueador 
da criatividade. Em suma, cada pessoa possui uma forma muito particular de 
estimular a própria criatividade e de desenvolver o seu processo criativo. 
Todavia, mesmo sendo, como dissemos, um processo aberto e que pode 
ser estimulado de diversas formas, alguns princípios são comuns e representam 
o desenvolvimento do processo criativo de uma parte representativa das pessoas. 
Esse processo é fundamentado em três em princípios mentais: atenção, fuga e 
movimento. 
2.1 Atenção 
A atenção representa que a concentração está totalmente voltada para uma 
necessidade específica. Quando dedicamos atenção para algo específico, 
passamos a compreender melhor todo o contexto que nos cerca e, com isso, 
obtemos mais informações sobre o problema a ser resolvido ou o cenário a ser 
compreendido. A atenção nos permite perceber detalhes e aumentar a nossa 
capacidade de estruturar possíveis oportunidades de solução (ideias), visando 
resolver a situação-problema. 
Com isso, a atenção se refere à fase de análise na qual tal situação-
problema deve ser compreendida da melhor forma possível. Independentemente 
da complexidade da problemática, compreender todas as variáveis que podem 
influenciar as possíveis soluções é de suma importância. 
2.2 Fuga 
Depois de dedicar a atenção a uma situação-problema, o indivíduo passa 
pelo processo de fuga, que diz respeito ao momento em que a criatividade surge 
como resultado de um processo mental de atenção e identificação de problemas. 
É nesse contexto que a mente se dedica à geração de novas ideias, com 
propostas para solucionar o problema central levantado na fase anterior. 
 
 
5 
A etapa da fuga se refere a ultrapassar os modelos de pensamento dos 
sujeitos. É a hora de assumir um risco a mais e tentar se livrar de barreiras mentais 
que, porventura, possam existir. Tais barreiras normalmente ocorrem por meio de 
lembranças de ações que não deram certo, escolhas malfeitas e posições mal 
tomadas e que fazem parte da nossa história. 
Exatamente pela existência dessas barreiras, a etapa da fuga é a mais 
complicada do processo criativo. Hábitos, costumes e rotinas comportamentais 
devem ser desconsiderados, na medida do possível. A capacidade para se livrar 
desses bloqueios varia de pessoa para pessoa. Dependendo da intensidade das 
barreiras existentes, esse processo pode ser mais árduo, mas ainda possível 
(Siqueira, 2015). 
As barreiras mentais podem ser classificadas em cinco categorias: 
culturais; intelectuais e de comunicação; emocionais; percepção; e ambientais e 
organizacionais. 
• Culturais: barreiras que o indivíduo impõe a si mesmo, gerados pela cultura 
e pelos conceitos aprendidos desde a infância, normalmente comuns à 
sociedade, cultura ou grupo a que o indivíduo pertence. Esses bloqueios 
impedem o indivíduo de aceitar o modo de pensar de indivíduos que 
pertencem a outros grupos ou culturas. 
• Intelectuais e de Comunicação: falta de habilidade para formular e 
expressar ideias com clareza e [...] para reconhecer problemas [...]. Às 
vezes ocorre por falta de conhecimento sobre o assunto, excesso de 
especialização [...] e incapacidade de enxergar além do observado. 
• Emocionais: desconforto [...] ao lidar com determinadas situações ou ao 
enfrentar determinados problemas. Muitas vezes, têm origem nos traumas 
vividos, seja na infância ou na idade adulta.Impedem o indivíduo de se 
comunicar adequadamente com outras pessoas quando envolve 
comunicar suas ideias e sentimentos e se caracteriza como medo de correr 
riscos, medo de parecer ridículo na frente de outros, medo de arriscar, 
dificuldade para resolver problemas, pensamentos negativos e baixa 
autoestima. 
• Percepção: bloqueios que dificultam a percepção e a visualização de 
situações-problema. É caracterizado como uma dificuldade em encontrar 
soluções para os problemas sob diferentes pontos de vista. Ocorre, muitas 
vezes, como consequência de ideias fixas e estereotipadas sobre diversas 
 
 
6 
situações ou como resultado de uma sobrecarga de informações e de 
detalhes que restringem o pensamento. 
• Ambientais e organizacionais: envolvem condições de trabalho e cultura 
organizacional. Dentro de uma organização, este é o pior bloqueio à 
criatividade e à inovação. Isto acontece porque as barreiras 
organizacionais, muitas vezes, estão fortemente entrincheiradas na cultura 
organizacional e no estilo de gestão adotado, criando ambiente não 
propício para o surgimento de ideias criativas. 
2.3 Movimento 
Concentrar-se para compreender a situação-problema e conseguir alterar 
e melhorar a forma de pensar é o começo do processo criativo. Todavia, para que 
as ideias se transformem em oportunidades de inovação, é necessária a ação. 
Você já deve ter percebido que a criatividade coletiva tende a ser mais eficaz que 
a individual. Isso acontece devido à limitação da capacidade humana poder ser 
superada quando há um somatório dos esforços criativos de outros indivíduos 
dedicados a encontrar uma solução para a mesma solução-problema. 
O processo criativo de um pode começar onde acaba o de outro. Esse 
fenômeno propiciará que as soluções encontradas e as ideias geradas sejam 
associadas e atinjam um nível de complexidade inatingível, a priori, para um único 
indivíduo. 
Após esse processo coletivo, a criatividade é aplicada e transformada em 
algo real, desenvolvido, inserido no mercado e aceito pelos consumidores (ou 
usuários internos), solucionando a situação-problema inicial. Nesse ponto, pode-
se ver o resultado do processo criativo, transformado em ideia desenvolvida em 
forma de projeto e se transformando em algo útil (Siqueira, 2015). É nesse 
momento que a inovação surge. Mais adiante, vamos nos dedicar a explicar com 
mais detalhes a relação entre criatividade e inovação. 
Portanto, para resumir os três princípios mentais envolvidos no processo 
criativo: 
• Atenção: etapa que envolve a concentração e dedicação para compreender 
o problema ou a situação. 
 
 
7 
• Fuga: fase que possibilita extrapolar as formas de pensamento 
preestabelecidas e se desvencilhar das barreiras impostas pelos ambientes 
interno e externo à empresa. 
• Movimento: criatividade em ação. Nessa etapa, a coletividade pode auxiliar 
a aumentar a complexidade das ideias. Trata-se do momento em que as 
ideias devem sair do papel e se tornar projetos possíveis de serem 
desenvolvidos e implantados no mercado. 
A soma dessas três etapas forma o processo criativo dos indivíduos e das 
equipes. 
TEMA 3 – RESISTÊNCIA A MUDANÇAS 
Todo ser humano é resistente a mudanças. Por mais que alguns neguem, 
é da nossa natureza ver a mudança como um momento de certo risco. Contudo, 
já sabemos que a inovação está deixando de ser um diferencial competitivo para 
se tornar uma questão de sobrevivência para as empresas nesse ambiente em 
constante evolução. As mudanças vão fazer parte da vida de qualquer 
organização, invariavelmente. 
Diante disso, passar a vê-las como necessárias para a sobrevivência em 
longo prazo torna muito mais fácil se adaptar a elas e até incentivá-las, evitando 
que as pessoas caiam na famosa zona de conforto. São alguns fatores que podem 
explicar a natural resistência às mudanças que todos nós apresentamos em 
alguns momentos: 
3.1 Percepção contextual 
Berns (2009) destaca que, embora esses elementos alimentem nossa 
capacidade criativa, também podem limitar aqueles que desejam algo 
verdadeiramente diferente. Já percebeu como jovens, com menos bagagem de 
vida, às vezes têm ideias revolucionárias e originais? A explicação reside na 
fisiologia. 
Nosso cérebro, visando conservar energia por questões de sobrevivência, 
tende a se apoiar nas informações armazenadas, o que pode limitar nossa 
criatividade. 
Para mitigar esse fenômeno, Berns (2009) sugere ampliar nossa percepção 
do mundo. Se a criatividade se baseia em informações e experiências, devemos 
 
 
8 
continuar alimentando nosso cérebro com novos conhecimentos e vivências. 
Podemos aprender e nos adaptar em qualquer fase da vida, criando novos 
contextos. 
Quanto mais experientes nos tornamos, mais resistência temos a novas 
informações, pois acreditamos que já temos o suficiente para guiar nossas ações. 
Porém, é um equívoco. Reconhecer que estamos sempre em processo de 
aprendizado é crucial. Mudar de ambiente, estabelecer novas relações, exercitar 
a imaginação e ampliar nossos interesses são ações que podem nos ajudar nesse 
sentido. 
Nosso cérebro tende a formar padrões com base nas informações 
passadas, resistindo a absorver novos dados que contrariem os anteriores, 
dificultando, desta forma, o processo criativo. O Triângulo de Kanizsa (1955) 
exemplifica isso na prática. 
Figura 1 – Triângulo de Kanizsa 
 
Crédito: vector_master/Adobe Stock. 
A imagem mostra três figuras com círculos pretos parcialmente completos 
e mais três pares de linhas em formato de “V”. Depois de alguns segundos 
olhando a imagem, é bem provável que você identifique um triângulo branco no 
centro. O mais interessante disso é que, além de esse triângulo não existir de fato, 
ainda é quase impossível deixar de vê-lo após o seu cérebro tê-lo identificado pela 
primeira vez. 
 
 
9 
Nosso cérebro opera dessa forma em diversas situações. Fisiologicamente, 
é mais fácil para ele mostrar o triângulo branco já registrado do que questionar a 
existência deste. Uma vez que temos informações registradas, nosso processo 
criativo tende a ser limitado ao uso dessas informações, restringindo nossa 
capacidade de enxergar sob uma nova perspectiva. 
Quando nos esforçamos para ver de forma diferente, expandimos as 
possibilidades de gerar novas ideias. No entanto, esse processo não é simples, 
pois demanda consciência sobre nossas limitações e exige do cérebro um esforço 
extra. 
Walt Disney, Warren Buffett, Pablo Picasso, Ray Kroc (McDonald's) e Steve 
Jobs são exemplos de indivíduos citados por Berns em seu livro, não apenas por 
suas realizações notáveis como empresários e artistas, mas também por sua 
capacidade de enxergar o que outros não viam e de fazer o que outros 
consideravam impossível. A grande virtude deles era reconhecer suas próprias 
limitações, estar sempre abertos a aprender e perceber o mundo de maneira 
abrangente, gerando, com isso, ideias inovadoras. 
3.2 Controle do medo 
Pensar de forma criativa, gerar ideias ou se expor para transmiti-las pode 
acionar o sistema de medo em nosso cérebro. Muitas pessoas veem isso como 
um fator limitante, devido ao medo do desconhecido, da diferença, do isolamento 
e do fracasso. 
Todos experimentamos esses medos comumente, mas algumas pessoas 
conseguem gerenciá-los, motivadas pela confiança e pela motivação, para que 
não impeçam sua criatividade. Mais adiante, explicaremos que o risco é inerente 
à inovação. Portanto, nenhuma inovação surge sem assumir certo nível de risco. 
Com a criatividade, é a mesma lógica. Toda ideia, por mais embasada que seja, 
carrega consigo alguma possibilidade de falha. 
Fisiologicamente, o medo atua no cérebro causando estresse, o que serve 
como mecanismo de defesa, nos levando a buscar sair rapidamente da situação, 
mesmo que a ação tomada não seja a mais adequada. Isso limita nossa 
criatividade, pois tendemos a buscar a primeira ideia quenos livre da situação 
desagradável, em vez de explorar alternativas melhores. 
 
 
 
10 
3.3 Medo do desconhecido 
Esse tipo de medo é comum no processo criativo, pois nos coloca em alerta 
e nos faz gerenciar o risco. Se isso é importante na vida, é ainda mais crucial em 
organizações. No entanto, quando o medo do desconhecido é excessivo, ele pode 
bloquear boas ideias devido à imprevisibilidade associada a elas. Quanto mais 
audaciosa uma proposta, mais difícil é prever suas consequências. 
Durante o processo criativo, nosso cérebro naturalmente tenta fornecer 
informações sobre as possíveis consequências de nossas ideias, mas quando 
essas informações não estão disponíveis devido à natureza desconhecida da 
situação, o medo se instala. 
Existe um experimento interessante para mostrar como o medo do 
desconhecido pode nos limitar. Um pesquisador convidou um grupo de pessoas 
e mostrou a eles duas urnas fechadas. A maioria escolheu a urna com 50 bolas 
de cada cor, evitando a urna com distribuição desconhecida. O medo do 
desconhecido deve ser gerenciado, pois toda ideia traz consigo algum nível de 
risco. 
3.4 Medo do isolamento 
Superar o medo do isolamento é uma característica de pessoas criativas e 
inovadoras. Questionar a opinião majoritária e desafiar o consenso são 
características de indivíduos criativos. No entanto, o medo do isolamento pode 
criar dúvidas sobre a validade de nossas ideias. 
O medo do isolamento é natural, pois somos seres sociais. Argumentar a 
favor de nossas ideias e buscar apoio podem ajudar a mitigar esse medo antes 
de decidirmos seguir adiante. 
TEMA 4 – O PROCESSO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO 
Na literatura, não existe um consenso sobre como chamar esse processo 
de transformar uma ideia em inovação. Entretanto, uma forma muito simples de 
exemplificar isso é pelo método chamado de processo de gestão da inovação 
(PGI). Esse método foi idealizado pelos professores doutores Dálcio Reis, Hélio 
Gomes de Carvalho e Márcia Cavalcante e representa uma metodologia de 
desenvolvimento de ideias até se tornarem oportunidades de inovação em apenas 
 
 
11 
cinco etapas, de forma didática e aplicável a quaisquer empresas, independente 
do porte, setor ou mercado. 
As cinco etapas representadas são: levantamento; seleção; definição de 
recursos; implantação; e aprendizagem. As quatro primeiras fases são 
sequenciais, e a quinta é transversal a todas elas, acontecendo simultânea e 
paralelamente às demais. 
Figura 2 – Processo de gestão da inovação 
 
O PGI é um processo testado em diversas situações e contextos, de salas 
de aula a empresas multinacionais. Isso mostra que não há nenhum pré-requisito 
técnico para o desenvolvimento dessa metodologia. Para sua implantação, basta 
apenas uma equipe engajada, ciente dos objetivos da organização, e lideranças 
comprometidas e com atitude positiva perante as mudanças que podem (e devem) 
surgir a partir daí. 
As cinco etapas do PGI, desta forma se desenvolvem: 
• Levantamento: é a etapa em que a criatividade deve estar mais presente. 
Representa a busca sistemática de oportunidades de inovação (ideias) que 
permitam antecipar tendências de novos produtos, novos processos e 
serviços, observando sinais de mudança no ambiente competitivo. 
Algumas dicas para essa etapa contemplam a capacidade de enxergar 
além do que está aparente; perceber novos canais de comunicação; 
 
 
12 
identificar necessidade do cliente; compreender ameaças e oportunidades 
sinalizadas pelo mercado; eliminar desperdícios de forma sustentável e 
efetuar comparações com os concorrentes. 
• Seleção: selecionar uma ou mais oportunidades de inovação, procurando 
analisar criteriosamente as opções disponíveis. A comunicação será a 
habilidade mais importante nessa fase. Muitas ideias excelentes acabam 
parando nessa etapa pelo fato de não serem corretamente explicadas aos 
demais. Para a etapa de seleção ser eficaz e conseguir filtrar a(s) ideia(s) 
mais interessante(s) para esse momento, são necessários alguns critérios 
técnicos. Deve-se cuidar para não acabar escolhendo a melhor ideia com 
base no feeling. Nem tudo que parece bom de fato é. Exemplos de critérios 
importantes para auxiliar a tomada de decisão sobre a melhor ideia podem 
ser: contribuição na redução dos custos; contribuição na redução dos 
prazos; aceitação pelo cliente; tamanho do mercado a ser atendido e 
facilidade de financiamento do desenvolvimento e a relação 
retorno/investimento, por exemplo. 
• Definição de recursos: definir os recursos (humanos, financeiros, 
infraestrutura, tecnologias) necessários para introduzir e/ou implementar as 
oportunidades de inovação selecionadas, identificando as formas de 
acesso (financiamento, compra, desenvolvimento interno etc.). Nessa fase, 
a capacitação e o conhecimento técnico da equipe sobre gestão desses 
recursos podem fazer a diferença. Para essa fase, algumas ações são 
muito importantes, como compatibilizar os recursos necessários com as 
competências internas; saber comprar, licenciar ou contratar novidades 
fora da empresa e definir as formas de acesso às tecnologias que serão 
necessárias. 
• Implantação: executar os projetos da(s) oportunidade(s) de inovação por 
meio do acompanhamento de seu desenvolvimento em termos de prazo, 
custos e qualidade, considerando as necessidades de outros setores da 
empresa (marketing e vendas, por exemplo). Nessa fase, é fundamental 
que um programa de reconhecimento e recompensa já esteja estabelecido. 
Ver uma ideia se transformar em uma inovação de sucesso é fantástico 
para a empresa. Por isso, nada mais justo que reconhecer e recompensar 
o autor da ideia. 
 
 
13 
• Aprendizagem: refletir sobre o processo de gestão da inovação como um 
todo, revisando etapas, ações e ferramentas e registrando as lições 
aprendidas. 
 Como vimos, o PGI é uma metodologia capaz de estimular a geração de 
ideias e auxiliar o processo de desenvolvimento dessas ideias até se tornarem 
inovações. O papel da criatividade se faz presente em todo o processo. Podemos 
dizer, sem receio, que ela é o principal insumo à inovação. Dinheiro, conhecimento 
e tempo são recursos importantíssimos, mas se não se traduzirem em ideias e em 
projetos de oportunidades de inovação, de pouco adiantarão. 
TEMA 5 – AS ETAPAS DA IMPLEMENTAÇÃO DA INOVAÇÃO COMO 
ESTRATÉGICA 
Devemos pensar a gestão da criatividade como uma estratégia em longo 
prazo, pois seu principal indicador de sucesso é o número de ideias geradas que 
originaram inovações, algo que, por si só, já carece de um tempo de “gestação” 
para ser, de fato, um sucesso e passível de ser medido. 
 A gestão da criatividade se inicia pela conscientização dos gestores sobre 
a importância do tema até a fase de amadurecimento e acompanhamento dos 
indicadores de desempenho. A seguir, estudaremos todas as etapas com as quais 
uma organização deve cumprir para atingir a sua capacidade de gerenciar a 
criatividade. 
Figura 3 – Etapas da gestão da criatividade 
 
 
 
14 
É importante salientar que tais etapas não demonstram uma metodologia 
fechada, imutável, que deverá ser eficiente em qualquer situação, independente 
do contexto da empresa. Todavia, todas elas foram identificadas ao longo da 
história de inúmeras empresas reconhecidamente inovadoras. Portanto, 
considere-as como uma linha de apoio ao pensamento estratégico e à tomada de 
decisão, e não como uma receita pronta de sucesso. 
5.1 Fase 1: conscientização 
O primeiro passo para o desenvolvimento de uma cultura voltada à 
criatividade, passível de ser gerenciada, é a conscientização do empresário ou do 
gestor de topo da empresa sobre a importância desse aspecto para a organização. 
5.2 Fase 2: disseminação 
Líderes que disseminam suas convicções com os subordinados, 
conferindo-lhes um propósito para agir e, principalmente, compartilham suas 
crenças sobre a importância da criatividadepara o presente e o futuro da empresa 
tendem a desenvolver nos indivíduos e nas equipes um círculo virtuoso, em que 
todos os colaboradores compreenderão a importância da criatividade e passarão 
a incluí-la na maior parte dos processos da organização. 
5.3 Fase 3: estratégia 
A conscientização, apesar de ser a importante base para o 
desenvolvimento de um ambiente voltado à criatividade, não necessariamente 
implicará a implantação de ações práticas na rotina da empresa. Apenas a boa 
intenção não basta; é preciso ação. Diante disso, colocar o estímulo à criatividade 
como estratégia formal da organização é fundamental. 
5.4 Fase 4: parcerias 
A quarta fase representa o momento de construir parcerias. Normalmente, 
as empresas que acabaram de estabelecer a criatividade como estratégia ainda 
não são maduras o suficiente, em vários sentidos, para desenvolver ações 
voltadas à criatividade e à inovação. Toda inovação pressupõe um risco que, por 
menor que seja, sempre pode ser minimizado por meio do estabelecimento de 
parcerias. 
 
 
15 
5.5 Fase 5: estruturação 
Feitas as parcerias, é hora de começar a se estruturar para ser uma 
empresa voltada ao desenvolvimento da criatividade. A fase de estruturação 
contempla diversas ações que uma organização pode realizar para estimular a 
criatividade e a inovação entre seus colaboradores e equipes de trabalho. É o 
momento de tirar as ações do papel e colocá-las em prática. 
5.6 Fase 6: processo de gestão da criatividade e inovação 
Depois de as cinco primeiras etapas terem sido atingidas, a instituição já 
reunirá as condições necessárias para começar a gerenciar a criatividade. Alguns 
indicadores de criatividade já serão mensuráveis, por exemplo: a qualidade das 
informações provenientes dos parceiros, os custos envolvidos, o nível de 
desempenho dos indivíduos e das equipes após a implantação de iniciativas de 
estímulo à criatividade, entre outros. 
5.7 Fase 7: capacidade de inovar 
Nessa fase, a empresa já passa a perceber que as ações de estímulo à 
criatividade começam a gerar indicadores mais consistentes. Novas soluções, 
negócios, produtos, serviços e processos começam a surgir e a trazer mais valor 
para a organização, gerando cases de sucesso que podem ser replicados. 
5.8 Fase 8: acompanhamento de indicadores 
Por fim, depois de percorrer um grande caminho, a organização já possui 
dados consistentes o suficiente para apoiar as decisões de seus gestores em 
relação a práticas voltadas à criatividade e ao desenvolvimento do potencial 
criativo de colaboradores e equipes. A partir desse ponto, e à medida que as 
decisões se mostrarem acertadas, já se pode afirmar com segurança que a 
instituição possui todas as condições para conseguir gerenciar a criatividade. 
É importante notar que essas fases exigem tempo, dedicação e muito 
trabalho de todos os stakeholders da organização. Um erro a não se cometer é 
tentar gerir o que não é mensurado. Portanto, avançar em todas essas fases é 
fundamental para que os dados e as informações advindas dos indicadores 
 
 
16 
referentes aos resultados das ações e do aprendizado coletivo possam, 
efetivamente, fomentar decisões dos gestores da organização. 
O tempo para essas fases decorrerem depende de cada contexto e 
ambiente, isto é, não há uma regra. Algumas empresas podem ir mais 
rapidamente, e outras, avançar de forma mais gradativa. Mas isso não importa. O 
essencial é se conscientizar da importância da criatividade para a competitividade 
e, a partir daí, passo a passo, torná-la um ponto estratégico e parte da cultura da 
empresa. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
REIS JÚNIOR, D. R. dos. A criatividade nas organizações. Curitiba: Editora 
Intersaberes, 2021.

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