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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
Criatividade, Inovação e Empreendedorismo 
 
 
Unidade I 
 
 
Patrícia Simões Sena Soares 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR 
 
Professora conteudista: Patrícia Simões Sena Soares 
 
 
Patrícia Simões Sena Soares, casada, paulista, nascida e residente na cidade 
de Guarulhos, São Paulo. 
 
Formada em Psicologia, especialista em Psicologia Clínica e Teoria 
Psicanalítica e especialista em Gestão de Pessoas. 
 
Atualmente, atua fortemente nas áreas de Recrutamento, Seleção, 
Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas. É palestrante de temas 
comportamentais e sobre saúde emocional. 
 
Possui 20 anos de experiência profissional adquirida na clínica psicológica, 
consultorias nas áreas e seleção, avaliação, treinamento e desenvolvimento de 
pessoas em empresas como Danone, Tellure Rota do Brasil, Editora Abril, CAE do 
Brasil e através de palestras ministradas em empresas nacionais e multinacionais. 
 
É professora colaboradora dos cursos de pós-graduação da UNIP e da 
Universidade de Guarulhos (UNG). 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................... 5 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 6 
1. CRIATIVIDADE E SUAS BASES .............................................................................................. 7 
1.1. O potencial criativo .............................................................................................................. 7 
1.2. Personalidade e Criatividade .............................................................................................. 8 
1.3. Habilidades cognitivas e Criatividade ................................................................................ 9 
1.4. Criatividade e Cérebro ......................................................................................................... 9 
1.4.1. Momento “Eureka” .......................................................................................................... 11 
1.5. Bloqueios à criatividade .................................................................................................... 12 
2. A CRIATIVIDADE COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA NA ORGANIZAÇÃO. ................... 16 
2.1. Da tecnologia à criatividade: um novo modelo de competitividade ............................. 16 
2.2. Gestão de recursos humanos criativos ........................................................................... 17 
2.3 Objetivos da criatividade na empresa ............................................................................... 18 
2.4. Benefícios da criatividade aplicada às organizações .................................................... 19 
3. TÉCNICAS E FERRAMENTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE E A 
GERAÇÃO DE IDEIAS ................................................................................................................ 22 
3.1. Técnicas de criatividade individuais e técnicas de grupo ............................................. 23 
3.1.1. Técnicas de grupo – Brainstorming .............................................................................. 24 
3.1.2. Técnicas de grupo – Técnica criativa de Disney ......................................................... 25 
3.1.3. Técnica Individual: Matriz GUT ...................................................................................... 26 
3.1.3.1 Como montar a Matriz GUT .......................................................................................... 28 
4. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NO TRABALHO ..................................................................... 30 
4.1 Como estimular a criatividade no trabalho ...................................................................... 30 
4.1.2 Fatores que estimulam a criatividade no trabalho: ...................................................... 30 
5. SOLUÇÃO CRIATIVA DE PROBLEMAS ................................................................................ 32 
5.1 Como usar a criatividade para obter soluções inovadoras ............................................ 33 
5.2 Pensamento lateral ............................................................................................................ 35 
5.2.1.Como utilizar o pensamento lateral para encontrar a solução de um problema ...... 36 
6. O AMBIENTE INOVADOR E A COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL ........................... 38 
6.1. Como as empresas devem buscar a inovação ............................................................... 38 
6.2 Como identificar um profissional inovador ...................................................................... 40 
6.3. Como ser um profissional inovador ................................................................................. 41 
7. PROCESSOS MENTAIS ASSOCIATIVOS E INOVAÇÃO ..................................................... 42 
7.1 Mapa mental ......................................................................................................................... 42 
7.2 Utilidades do Mapa Mental ................................................................................................. 43 
 
 
7.3. Aplicação do mapa mental em organizações e projetos: .............................................. 44 
7.4 Como fazer um mapa mental: ............................................................................................ 44 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 46 
 
 
 
 
 
5 
APRESENTAÇÃO 
 
Caro aluno, 
 
Tudo começa com ideias - desde a criação do mundo até à simples, mas 
poderosíssima, pasta de dente. Alguém viabilizou um projeto fantástico e hoje 
podemos falar a milhares de quilômetros de distância com quem quisermos e, num 
clique (e com dinheiro) comprar tudo o que desejarmos. 
 
A compreensão da criatividade e da inovação proporciona uma base para as 
mudanças necessárias, a qualidade do produto, a colaboração, a motivação, o 
desenvolvimento de novos líderes, empreendedores, startups, enfim, a criatividade e 
a inovação tornaram-se a base para o novo mundo em que vivemos hoje. Portanto, 
compreender estes conceitos nos abre caminhos para compreender o processo de 
evolução e melhoria do humano e do não humano. 
 
Um empreendedor sempre tem um desejo de criar algo – o aspecto central do 
empreendedorismo. Criar uma nova organização, um novo modo de pensar sobre o 
mercado, a implantação de uma nova cultura, novas maneiras de fazer as coisas, 
novos produtos, nova administração. Compreender o papel da criatividade e da 
inovação torna-se então habilidade essencial para viver no século XXI e fazer bons 
negócios e empreendimentos. 
 
Sendo assim, estudar sobre Criatividade, Inovação e Empreendedorismo é 
fundamental para a assimilação de outros conceitos e práticas igualmente importantes 
estudados no curso de Psicologia Organizacional. 
 
Espero que este conteúdo seja relevante para sua vida, sua carreira e seu 
futuro e que seu verdadeiro talento criativo aflore a partir deste material. Então, bom 
estudo para você! 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
INTRODUÇÃO 
 
Inicialmente conceituaremos os termos “Criatividade” e “Inovação”. 
Abordaremos enfaticamente o termo “Empreendedorismo” na Unidade II da disciplina. 
 
Criatividade: o termo origina do latim creare, que indica a capacidade de criar, 
produzir ou inventar coisas novas. É um ato voluntário e decisório de alguém que criou 
uma nova solução para um problema antigo ou um novo conceito para um serviço ou 
produto potencialmente útil. De forma mais simples, “criar” significa fazer existir algo 
que não existia anteriormente. 
 
O processo da criatividade engloba o pensamento não convencional, a 
experimentação, a ambiguidade, a incerteza,a intuição, a surpresa, a audácia, a 
exploração, a pesquisa. 
 
Ideias originais, entretanto, são raríssimas. Nada pode ser criado do nada e 
qualquer nova ideia é uma associação de algo abstrato que se conecta a algo concreto 
e que já existe e a maioria esmagadora deriva de invenções anteriores que já existiam. 
Inovação é uma palavra latina que significa incorporar, trazer para dentro, 
inserir o é novo, coisa nova, novidade. Inovar não tem relação com a ideia de criar ou 
inventar, mas traz a ideia de uma construção de um valor a partir de algo já existente. 
Tornar novo e contextual o que, por uma questão temporal, não mais se adequa à 
realidade contemporânea. Não quer dizer simplesmente criatividade ou invenção. Em 
inovação, isso é apenas o começo. A criatividade que conta para a inovação tem 
disciplina e método e é um processo que pode ser sistematizado. 
 
 
 
7 
 
1. CRIATIVIDADE E SUAS BASES 
 
“Não pretendamos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A 
crise é a melhor bênção que pode suceder a pessoas e países, porque a 
crise traz progressos” Albert Einstein 
 
Acostumamo-nos a associar a criatividade à atividade artística. Não estávamos 
errados, já que a arte se relaciona com a expressão criativa de nossas emoções, 
percepções e sensações que temos a respeito de algo. Mas também podemos definir 
criatividade através do viés da ideia e pensamento. Sendo assim, dizemos que 
criatividade é a habilidade para gerar ideias, alternativas e soluções para um 
determinado problema. 
 
A criatividade pode ser definida como um “[...] processo multifacetado, que 
inclui processos mentais, com o intuito de compreender as dificuldades e anomalias 
de uma determinada situação e, posteriormente, formular hipóteses e possíveis 
resultados.” (Heinze, Shapira, Rogers & Senker, 2009). 
 
Levando em conta esta definição e relacionando-a com o conceito de inovação, 
a criatividade representa o processo de criação de ideias. De certo modo, é a 
inspiração que nos permite criar novas soluções. A inovação é a capacidade de 
converter estas ideias em algo aplicável e tangível, dando-lhes sentido e valor dentro 
de um determinado contexto. 
 
Deste modo, pode acontecer algo paradoxal: uma pessoa muito criativa, com 
uma grande capacidade de gerar ideias, pode também ser pouco inovadora, ao ser 
incapaz de selecionar as melhores ideias para aplicá-las eficazmente. Para 
ultrapassar esta dificuldade e para desenvolver o potencial criativo inato a todas as 
pessoas, é possível recorrer a técnicas que, como poderemos ver mais adiante, 
podem ser de grande valor no âmbito empresarial. 
 
Figura 1. Criatividade e inovação 
 
Fonte: SENA, 2020 
 
1.1. O potencial criativo 
 
A criação de ideias e sua utilização de forma inovadora segue um processo 
cuja análise e aplicação permite solucionar problemas e formular estratégias de 
mudança que permitam a adaptação a uma nova situação. 
 
Criatividade
Geração de Ideias
Inovação
Aplicação prática 
das ideias
 
8 
O potencial criativo é inerente ao ser humano, porém sua manifestação varia 
de pessoa para pessoa. Podemos comparar a criatividade com a eletricidade, que 
pode tanto se expressar numa poderosa descarga elétrica durante uma tempestade 
como acender uma lâmpada de uns poucos volts. 
 
Podemos entender a criatividade sob dois aspectos, o individual e o coletivo. 
Se você vai criar uma receita com os poucos ingredientes que tem em casa, pode ser 
considerado altamente criativo num plano pessoal. Mas, para quem vai comê-lo será 
um bolo como qualquer outro. Neste caso, consideramos você uma pessoa criativa 
no âmbito individual. Sendo assim, ideias geniais são aquelas que são consideradas 
geniais por um grande grupo comum de pessoas. 
 
As condições sociais, culturais, econômicas e políticas determinam o quão 
criativa uma pessoa será. Algumas circunstâncias encorajam o desenvolvimento do 
potencial criativo ou apoiam a expressão desse potencial. Outras agem 
negativamente, agindo como bloqueador, como a guerra, as crises e qualquer tipo de 
tensão ou instabilidade que a pessoa esteja vivenciando na vida. Situações de 
estresse ou sobrecarga de trabalho podem desestimular o potencial e processo 
criativos. 
 
Mozart é um exemplo de uma pessoa que, desde cedo, demonstrou talento 
especial para a música. Com apenas 4 anos de idade já tocava cravo e violino e, aos 
5 anos, compôs seus primeiros minuetos. Seu pai e seu tio eram músicos, o que 
contribuiu fortemente para a sua habilidade e criatividade excepcional para a música. 
Além disso, viveu numa época em que a música era valorizada e os grandes 
compositores reconhecidos. “[...] Mozart dificilmente nasceria numa favela brasileira 
no final do século XX [...]” (Revista Super Interessante. Como nascem as ideias. 
31/10/2016. Disponível em: www.super.abril.com.br/ciencia/como-nascem-as-ideias/ 
Acesso em: 18/12/2019) 
 
1.2. Personalidade e Criatividade 
 
A personalidade também desempenha um papel essencial no processo criativo. 
Alguns estudos revelam que as pessoas criativas apresentam características em 
comum, tais como: independência de pensamento, persistência, curiosidade, ousadia, 
inconformismo, resiliência, entre outros fatores. Além disso, os criativos apresentam 
uma motivação intrínseca para a realização da tarefa e sentem um prazer imenso em 
fazer o que estão fazendo. 
 
Assim como outras características de personalidade, a habilidade da 
criatividade também pode ser ensinada. Crianças que vivem em ambientes onde 
foram constantemente estimuladas e incentivadas a solucionarem desafios e também 
elogiadas diante das soluções criativas encontradas têm mais chance de crescerem 
e se tornarem adultos mais criativos. 
 
 
9 
 
1.3. Habilidades cognitivas e Criatividade 
 
As pessoas criativas partilham também de uma gama de habilidades chamadas 
cognitivas: fluência de ideias, flexibilidade, originalidade e atenção aos detalhes 
capacidade de análise e síntese. 
Outros exemplos de habilidades cognitivas incluem habilidades motoras, 
memória, atenção, percepção e uma categoria ampla conhecida como habilidades 
executivas, todas aliadas ao processo criativo. Primeiramente, as habilidades 
cognitivas são empregadas para resolver problemas, perceber o mundo de uma 
maneira que faz sentido e é consistente, e de aprender novas habilidades e 
informações. 
 
Uma das categorias mais importantes de habilidades cognitivas envolve as 
funções executivas. Estas são habilidades que podem ajudar a governar outras 
habilidades e fornecer um quadro mental, essencial para a aprendizagem. Funções 
executivas da cognição incluem resolução de problemas e flexibilidade. 
 
1.4. Criatividade e Cérebro 
 
Há quatro etapas pela qual o pensamento criativo é construído em nossa 
mente: Preparação, Incubação, Inspiração e Verificação. 
 
a) Fase da Preparação: Reflexão sobre o problema e os elementos que são 
relevantes. É o período em que a mente acumula informações e realiza um 
brainstorming de hipóteses e possibilidades sobre a situação. 
 
b) Fase da Incubação: É o período de pausa, em que se deixa de focar 
conscientemente os dados disponíveis quando não encontra nenhuma solução 
satisfatória. A mente, porém, continua trabalhando e processando soluções e 
passa a criar conexões entre elementos aparentemente divergentes. 
 
c) Fase da Inspiração: É quando surge o momento “Eureka!”, o ponto máximo 
da inspiração, quando se enxerga a saída possível para o problema, a partir de 
uma composição de informações completamente original. Há um prazer 
experimentando pelo cérebro 
 
d) Fase da Verificação: O momento de trabalhar e lapidar a nova ideia e checar 
se ela realmente funciona. 
Todas essas fases interagem entre si de forma complexa. A inspiração, por 
exemplo, está presente em todo o processo criativo. Não existe um momento mágico 
no nascimento do projeto ou no final da produção. A criação é resultado de trabalho. 
As ideias vão ganhandoforma aos poucos. Há desvios ao longo do processo e 
também a interferência de uma circunstância casual – um telefonema, por exemplo, 
pode inspirar um músico a compor uma canção. 
 
A inspiração está relacionada a do pensamento que ocorrem no nível do pré-
consciente, parte do inconsciente à qual temos acesso e que inclui lembranças de 
 
10 
experiências e sensações, como cheiros de alguns perfumes e impressões de 
viagens, segundo a teoria freudiana. São essas informações que a mente acessa, 
aleatoriamente, quando desenvolvemos um trabalho criativo. 
 
Pode ocorrer o fato de muitas ideias inspiradoras surgirem enquanto 
sonhamos. Quando recuperamos a lembrança do sonho no qual cenas e imagens são 
conectadas, pode surgir uma nova ideia criativa. Foi assim que surgiu a famosa 
música dos Beatles “Yesterday” e a também famosa obra literária “Frankstein” de Mary 
Shelley. 
 
Também precisamos levar em conta que a criatividade é proporcional ao 
repertório da pessoa: quanto maior o número de experiências, leitura, viagem, 
atividades artísticas que uma pessoa vive, maior a possibilidade de associações e 
reassociações significativas de informações. Ou seja, é importante estimular a mente 
com atividades que despertem a imaginação e a fantasia. 
 
A ciência tenta explicar a fisiologia da criatividade da seguinte forma: os 
elementos criativos são extraídos da memória, tanto a de trabalho – que retém as 
informações durante um curto período – quanto a memória de longo prazo. Isso, 
porém, não é uma regra. Existem pessoas com transtornos de memória de trabalho 
que apresentam uma capacidade criativa excepcional. Um bom exemplo é o 
personagem principal do filme “Uma Mente Brilhante” (2001), o matemático John 
Nash, que apesar de sua grave esquizofrenia, era capaz de fazer incríveis 
associações de ideias. 
 
Apesar disso, é mito achar que a criatividade precede a loucura. Ou mesmo 
achar que o uso de drogas estimula o pensamento criativo. Pelo contrário. As drogas 
levam a pessoa a acreditar que está mais criativa, mas isso ocorre porque a 
substância afeta sua capacidade de julgamento. 
 Outra informação que julgo importante desmistificar é a de que utilizamos mais 
o lado direito do cérebro para as questões criativas, enquanto o esquerdo é utilizamos 
mais para a racionalidade. A neurociência tem estudado e comprovado que não há 
nenhuma evidência de que as pessoas utilizam preferencialmente a parte esquerda 
ou direita do cérebro. Isto quer dizer que durante o processo criativo, ambos os 
hemisférios cerebrais são ativados. O que difere o processo são os tipos diferentes 
de conexões feitas entre os neurônios e isto ocorre em todo o cérebro. 
Infelizmente, embora a maioria das empresas insista para que as pessoas 
sejam mais criativas e colaborem com mais ideias, isso não ocorre porque ao longo 
da vida muitos de nós não fomos prestigiados quando “sonhamos acordados” ou 
tivemos uma ideia “fora da caixa”. Em muitas organizações ainda estão impregnados 
velhos paradigmas que serviram para a geração passada, mas que não servem mais 
para o momento atual que vivemos. Portanto, o que precisa ocorrer é uma mudança 
cultural e de paradigmas. 
 A programação neolinguística traz um modelo que auxilia na compreensão da 
aprendizagem, inclusive da criatividade. Nos ajuda a entender os mapas internos e a 
construção intrínseca e subjetiva do indivíduo quanto ao ato de aprender. Possui 4 
quadrantes, distribuídos da seguinte forma: 
 
11 
Figura 2. Ciclo do Aprendizado 
 
 
Fonte: SENA, 2020 
 
 
1.4.1. Momento “Eureka” 
 
Eureka é uma interjeição que significa “encontrei” ou “descobri”, exclamação 
famosa em todo mundo, dita pelo cientista grego Arquimedes de Siracusa (287 a.C. – 
212 a.C.), quando descobriu a solução para um complexo dilema apresentado pelo 
rei Hierão. É normalmente pronunciada por alguém que acaba de encontrar a solução 
para um problema difícil. 
 
O momento em que temos uma ideia considerada “brilhante” ocorre quando 
desfocamos do problema e adquirimos a capacidade de reinterpretar um estímulo, 
situação ou problema para produzir uma interpretação que parece não ser óbvia. 
 
Nos anos 90, os cientistas cognitivos John Kounios e Mark Beeman 
descobriram que milésimos de segundo antes do momento Eureka!, a atividade da 
área visual do cérebro basicamente se desliga. Isso antecede o momento da 
“inspiração”. Kounios chamou este momento de “brain blink”, que é quando o cérebro 
“pisca” e se vira para dentro. 
 
Darei uma ilustração simples: muitas vezes, quando alguém nos coloca uma 
questão difícil, temos a tendência de desviar o olhar para um ponto indefinido no 
espaço, como se estivéssemos à procura de um foco onde possamos encontrar a 
solução. Nesse momento, nosso cérebro está tentando reduzir a informação visual 
recebida e voltando-se para a criação interna de associações e conexões, 
pesquisando em sua base de dados. 
 
A investigação sobre os momentos Eureka começou há mais de cem anos, mas 
apenas com o surgimento da neuroimagem é que os cientistas conseguiram perceber 
o que acontece quando o cérebro passa de um estado sem ideias para um fluir de 
insights criativos. Segundo os cientistas, atitude positiva, bom humor e sono de 
qualidade tendem a promover mais estes momentos. 
 
1. Incompetência 
Inconsciente
(não sabe que não 
sabe)
2. Incompetência 
Consciente
(sabe que não sabe)
3. Competência 
Consciente
(Sabe que sabe)
4. Competência 
Inconsciente
(competência no "piloto 
automático")
 
12 
1.5. Bloqueios à criatividade 
 
 No livro Breakpoint and Beyond: Mastering the Future Today (Ponto de Ruptura 
e Além: Dominando o Futuro Hoje), escrito por George Land e Beth Jarman, vemos 
que aprendemos a sermos não-criativos. O declínio da criatividade não ocorre devido 
à idade, mas aos bloqueios mentais construídos ao longo da vida. No gráfico a seguir 
visualizaremos isto: 
 
 
Figura 3. Nascimento e Declínio da Criatividade 
 
 
 
Fonte: LAND, 1990 
 
Existem fatores que facilitam e outros que bloqueiam a geração de ideias 
criativas no indivíduo e na organização. Dividi em 3 blocos: os bloqueios emocionais, 
culturais, ambientais e organizacionais e os intelectuais e de comunicação. 
 
1.5.1 Bloqueios Emocionais: 
 
a) Acomodação e passividade 
 
Quando falamos que o ócio é importante para a geração de novas ideias 
estamos relacionando-o à fase da incubação (vista anteriormente), ou seja, quando a 
mente tira o foco do problema e se vê livre para outras experiências e pensamentos 
que poderão levá-la a associações novas. Já a acomodação, esta não contribui para 
a criatividade pois a mente que nega a existência de um problema, obviamente não 
buscará uma solução para ele. 
 
Se pensarmos um pouco mais sobre esse assunto, veremos que as maiores 
descobertas e invenções criativas originaram-se de pessoas que estavam 
incomodadas com algo, na maioria dos casos, com a falta ou a dificuldade. Tomas 
Edison (1847-1931), Graham Bell (1847-1922), Henry Ford (1863–1947) comprovam 
que o incômodo traz mais benefícios que a acomodação. 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
5 anos 10 anos 15 anos acima 25 anos
 
13 
b) Medo 
 
O medo é natural quando decidimos fazer algo novo. A novidade tem seu lado 
obscuro. É inerente ao ser humano buscar situações confortáveis e não ameaçadoras, 
por isso encarar uma mudança decorrente de uma ideia criativa pode causar medo e 
até paralisar a ação. Aprendemos que os erros sempre são punidos, e quem inova 
fica sujeito a não acertar visto que está lidando com o novo. Por isso, nosso cérebro, 
diante de uma possível mudança, tenta rejeitá-la porque isso exigirá uma dose extra 
de energia, tempo para readaptação, além de incorrer no risco de errar. Além disso, 
pensar que alguém criticará o seu trabalho pode bloquear o processo criativo, porque 
o medo da crítica e da exposição constrangedora certamente será evitado por todos. 
 
c) Ameaças ao Status e à SegurançaA segurança é um lugar onde sempre desejamos estar. Há pessoas que se 
sentem extremamente inseguras quando têm que implantar novas ideias, processos 
ou estruturas, por estarem arraigadas ao passado e, não raramente, bloqueiam as 
mudanças por medo de serem prejudicadas. Resistem a novas ideias e a tudo que 
possa significar ameaça ao que já conquistaram. Exemplo disso são os primeiros 
automóveis que foram recebidos como algo demoníaco pela Sociedade Inglesa pelo 
Progresso da Ciência, e a imprensa, inventada por Gutenberg, que enfrentou acirrada 
oposição dos calígrafos e copistas da época, receosos de perderem seus empregos. 
 
d) Falta de autodisciplina e falta de perseverança 
O esforço contínuo e boa orientação são fundamentais para o processo criativo. 
Quando não há foco ou objetivo, a ideia criativa não encontra força ou ambiente para 
surgir e permanecer. Nosso cérebro é orientado a gastar energia com aquilo que de 
fato considera importante para sua manutenção e a de seu dono. A indisciplina e falta 
de perseverança são indícios para o cérebro de que a solução ou a mudança não são, 
realmente, necessárias. 
 
e) Apego a normas e padrões 
Normas e padrões são necessários no ambiente organizacional e para o 
convívio em sociedade. Porém apegar-se a regras obsoletas ou tradições podem 
bloquear a criatividade e impedir que novas ações sejam realmente implementadas. 
 
 
f) Paradigmas e pressupostos rígidos 
A rigidez de pensamento e paradigmas, geralmente aqueles que são 
arraigados e fazem parte da estrutura-padrão de comportamento do indivíduo podem 
bloquear o processo criativo. A pessoa rígida, geralmente, tem muita dificuldade para 
criar, sendo mais fácil para este tipo de personalidade reproduzir e fazer as coisas 
como sempre fez. 
 
Não é fácil desapegar-se dos velhos mapas e das velhas rotas. A criatividade 
se dá em um território totalmente novo e, portanto, precisamos de um novo mapa para 
 
14 
chegarmos até lá. Não é fácil, pois exige de nós que saiamos de nossa zona de 
conforto de nossos padrões mentais para descobrir novas fronteiras em nosso 
território cerebral que, geralmente, está acostumado a trilhar sempre o mesmo 
caminho. 
 
 
1.5.2. Bloqueios culturais: 
 
Bloqueios culturais são barreiras que impomos a nós mesmos, geradas por 
pressões da sociedade, cultura ou grupo a que pertencemos. Eles nos levam à 
rejeição do modo de pensar de pessoas ou grupos diferentes. Alguns destes bloqueios 
têm a ver com os seguintes padrões de pensamento: 
 
 “Nós não pensamos ou agimos deste jeito aqui.” 
 “Nosso jeito é o certo.” 
 “Respeitamos nossas tradições.” 
 “Não se mexe em time que está ganhando.” 
 
 
 
1.5.3. Bloqueios ambientais e organizacionais: 
 
São aqueles resultantes das condições e do ambiente de trabalho (físico e 
cultural): 
 
a) Distrações no ambiente de trabalho, reais ou imaginárias (interrupções, 
ruídos, telefone, e-mail). 
b) Ambiente de trabalho opressivo, inseguro, desagradável. 
c) Atitudes inibidoras à expressão de sentimentos, emoções, humor e 
fantasia. 
d) Autoritarismo, estilos gerenciais inibidores. 
e) Falta de apoio, cooperação e confiança. 
f) Rotina estressante e inibidora. 
 
1.5.4. Bloqueios intelectuais e de comunicação: 
 
a) Falta de informação e pouco conhecimento sobre o problema ou 
situação analisada. 
b) Informação incorreta ou incompleta. 
c) Fixação profissional ou funcional, isto é, procurar soluções unicamente 
dentro dos limites de sua especialização ou campo de atividade. 
d) Crença de que para todo problema só há uma única solução válida. 
e) Uso inadequado ou inflexível de métodos para solução de problemas. 
f) Inabilidade para formular e expressar com clareza problemas e ideias. 
 
 
1.6. A atitude criativa 
 
Tal como já definimos, a criatividade procura alternativas para uma situação 
existente ou a formulação de soluções que deem resposta inovadora e apropriada a 
 
15 
problemas que possam surgir. A predisposição para encontrar soluções e para a 
mudança positiva implica também na existência de uma atitude criativa. 
 
A criatividade está relacionada com a utilização de mecanismos e métodos que 
não respondem a esquemas e lógicas tradicionais. Quanto mais complexos a situação 
do meio e os problemas que enfrentamos, maior a exigência de novas ideias e, 
sobretudo, novos enfoques. 
 
Uma mente criativa é aquela que procura métodos diferentes e que é capaz de 
reinterpretar a realidade segundo novos parâmetros lógicos. Tudo com a finalidade de 
encontrar novas formas de interpretar a situação e de dar respostas criativas e 
eficazes aos problemas que possam surgir. 
 
De um modo mais explícito, a existência de uma atitude criativa concretiza- se 
na existência dos seguintes aspectos: 
 
 
1.6.1. Aspectos fundamentais de uma atitude criativa 
 
a) Apresentar um espírito de busca contínua por novas soluções e alternativas; 
b) Motivação intrínseca para realizar um progresso significativo, para superar 
um desafio do trabalho em si, sem sujeição a estímulos externos; 
c) Originalidade na utilização de novos enfoques e de novos métodos, 
relacionando elementos sem relação aparente; 
d) Vontade e flexibilidade de adaptação às necessidades do meio; 
e) Determinação pelo sucesso e autoconfiança; 
f) Inconformismo com a situação existente e desejos de encontrar formas de 
melhorar; 
g) Formação profunda numa área de conhecimento; 
h) Otimismo, transformando as situações de crise em oportunidades para 
melhorar. 
 
 
 
16 
 
2. A CRIATIVIDADE COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA NA 
ORGANIZAÇÃO. 
 
As mudanças pelas quais nossa sociedade vem passando são cada vez mais 
profundas, afetando em grande medida a forma como entendemos o meio onde 
vivemos. Estas mudanças não são importantes apenas pela intensidade com que se 
apresentam, como também porque estamos produzindo em grande velocidade, o que 
requer mais flexibilidade e capacidade de adaptação por parte das pessoas e das 
organizações. 
 
Para assimilar este novo paradigma ou modelo econômico e social em 
constante evolução, é necessário que as nossas sociedades se preparem e tenham 
capacidade para se adaptarem às mudanças ou, melhor ainda, para serem 
protagonistas das mudanças. 
 
2.1. Da tecnologia à criatividade: um novo modelo de competitividade 
 
Há relativamente poucas décadas, a capacidade tecnológica era o elemento 
diferenciador das sociedades mais avançadas. No entanto, com o passar do tempo, a 
tecnologia começa a mostrar-se insuficiente para assegurar a competitividade num 
contexto tão complexo como o atual, apesar de continuar a ser uma necessidade 
indispensável. 
 
Para superar esta situação, uma das estratégias mais utilizadas consiste na 
aplicação intensiva do conhecimento para a implementação de processos inovadores. 
Considera-se que o conhecimento é um elemento-chave neste tipo de processos 
porque, em grande medida, é o responsável de que alguns bens e serviços, embora 
utilizem a mesma base tecnológica que outros, tenham mais valor acrescentado e, 
por outras palavras, sejam mais competitivos no mercado. 
 
Neste sentido, as políticas empresariais têm-se dirigido ao desenvolvimento de 
capital humano com uma elevada qualificação, capaz de colocar o seu conhecimento 
científico e tecnológico a serviço da inovação. 
 
Porém, atualmente, não basta a existência de capacidade tecnológica e de 
capital humano altamente qualificado. O crescente fluxo de informação e de pessoas 
facilitou o acesso à economia do conhecimento, equilibrando as capacidades de uma 
grande parte das nossas sociedades. Neste novo contexto, a criatividade surge como 
um novo fator de competitividade, também ligado à inovação e ao conhecimento, mas 
que se ergue como um elemento diferenciador das economias mais avançadas. 
 
Nesta perspectiva, são três os elementos que determinam a capacidade de 
competir: criatividade, capacidade de gerar conhecimento e nível de desenvolvimento 
tecnológico.17 
Figura 4. Capacidade de Competitividade 
 
 
 
 
Fonte: SENA, 2020 
 
 
Os três elementos interagem entre si de tal forma que não se estabelecem inter-
relações num único sentido, uma vez que cada elemento alimenta continuamente os 
restantes, estabelecendo relações dentro de uma dinâmica de interação contínua. 
Para que este modelo funcione adequadamente, é necessário um capital humano que 
o alimente, ou seja, é necessário que existam pessoas que possuam os perfis 
requeridos em cada um dos três âmbitos indicados. 
 
 
2.2. Gestão de recursos humanos criativos 
 
O consumidor é quem dirige o mercado, exigindo novos produtos adaptados às 
suas necessidades. Sendo assim, o sucesso de um produto ou serviço já não reside 
no conceito tradicional de qualidade. Os consumidores exigem, além um bom produto, 
uma série de outras características: novidade, inteligência, atratividade. Ou seja, um 
produto que ofereça valor acrescentado quando comparado com os restantes 
produtos, algo que exige elevados níveis de criatividade. 
As pessoas selecionadas e preparadas para atender à demanda dos clientes 
cada vez mais exigentes contribuirão para empresas cada vez mais competitivas e 
líderes de mercado. 
Os novos modelos de gestão passaram do controle completo à supervisão do 
trabalho criativo autônomo. A constante pressão sobre a equipe não promove o fluir 
do pensamento criativo. Além disso, a gestão de recursos humanos criativos com 
novas motivações exige a adoção de novos métodos, que permitam associar as 
necessidades dos trabalhadores com talento às necessidades da empresa. A 
criatividade é complexa e ambígua. Por esse motivo, a gestão da criatividade deve 
Nível de 
Desenvolvimento 
Tecnológico
Capacidade 
de gerar 
conhecimento
Criatividade
 
18 
ser feita com técnicas que ofereçam a liberdade necessária para o seu 
desenvolvimento, mas que não se desvie dos objetivos da organização. Deste ponto 
de vista, as novas fórmulas procuram oferecer mais liberdade e responsabilidade aos 
talentos, fomentando um ambiente mais flexível para o desenvolvimento da 
criatividade. 
 
2.3 Objetivos da criatividade na empresa 
 
O objetivo principal da implantação de enfoques e técnicas criativas na 
empresa é a resolução de problemas e a gestão da mudança baseada na inovação 
para aumentar a competitividade. 
 
No entanto, estes objetivos são genéricos e exigem uma adequação à realidade 
dos negócios. A criatividade como ferramenta para desencadear processos de 
mudança e melhoria aplicados à empresa tem objetivos específicos, como: 
 
a) Reduzir os ciclos de vida dos produtos, ao introduzir inovações que 
permitam a sua substituição por outros; 
b) Ampliar a oferta através da criação de novos produtos e serviços; 
c) Dar resposta aos desejos de consumidores cada vez mais exigentes quanto 
à qualidade e aos serviços oferecidos; 
d) Desenvolver novas tecnologias que permitam reduzir despesas e criar 
novos produtos; 
e) Mudar os sistemas de gestão para modelos mais flexíveis; 
f) Melhorar o design dos produtos; 
g) Aumentar os mercados da nossa oferta de produtos e serviços; 
h) Atingir novos nichos de mercado; 
i) Utilizar novas técnicas de venda ou marketing; 
j) Desenvolver novas fórmulas para distribuir os produtos. 
Estes objetivos clássicos levariam à utilização da criatividade como uma 
ferramenta, entre outras, por parte das empresas. Por outro lado, a criatividade na 
empresa, entendida como uma atitude e não como uma ajuda à qual recorrer 
pontualmente para solucionar problemas, inclui outros objetivos mais ambiciosos: 
 
a) Assegurar a sintonia entre os objetivos e ações dos empregados com os 
objetivos da empresa; 
b) Impulsionar a iniciativa individual dos empregados, de forma que sintam os 
problemas da empresa como seus, aumentando assim a sua implicação, 
sentimento de pertencimento e capacidade de dar resposta a cada situação, 
bem como o intraempreendedorismo, termo que falaremos um pouco mais na 
próxima unidade; 
c) Fomentar o desenvolvimento de atividades dos empregados fora das funções 
estritamente oficiais, facilitando a concretização de ideias que tenham como 
finalidade introduzir melhoramentos ou práticas inovadoras; 
d) Aproveitar as ideias surgidas ao acaso. A pesquisa e o trabalho intensivo 
podem levar a uma associação de elementos sem relação aparente, mas que 
se traduzam em progressos para a empresa; 
 
19 
e) Estimular a utilização de ideias provenientes de origens alheias ao âmbito da 
empresa, em particular as que surgem dentro da esfera pessoal de cada 
trabalhador, pois podem ter um grande impacto na criação de novas ideias 
dentro no negócio. 
f) Aumentar e melhorar a comunicação interna da empresa que, geralmente, é 
mais deficitária nas grandes empresas, pois pode contribuir para aumentar o 
fluxo de informação valiosa. 
 
2.4. Benefícios da criatividade aplicada às organizações 
 
Como temos dito, a criatividade é um elemento que afeta toda a organização, 
passando pelo centro de decisão e atingindo todas as áreas e departamentos da 
empresa. A utilização de enfoques e técnicas criativas permite alimentar e melhorar 
os processos de inovação, que constituem o elemento diferenciador e competitivo das 
empresas que se posicionam na liderança do mercado. 
 
Os benefícios da atividade criativa na empresa podem ser classificados em 
quatro grandes grupos: Desenvolvimento do negócio, Relação com o cliente, Novas 
oportunidades, Aumento da competitividade. 
 
 
 
 
 
 
a) Desenvolvimento do negócio 
A criatividade pode contribuir para a criação de novos modelos de negócio nos 
casos onde se faz necessário implementar metodologias de trabalho mais 
participativas que aumentem a contribuição dos trabalhadores. 
 
Em relação à concorrência, a criatividade intensifica a colaboração com 
organizações que permitam iniciar processos inovadores que, devido à possível 
escassez de recursos (humanos, financeiros ou ideias) não seriam viáveis de outra 
forma. A adoção de modelos de gestão mais inovadores aumenta a proatividade no 
posicionamento no mercado. 
 
Um bom modelo para se pensar a criatividade para intensificar e manter seu 
posicionamento no mercado é a Apple, com seu produto Iphone, que revolucionou o 
mercado e levou a empresa a duplicar os lucros relativamente aos anos anteriores à 
sua inserção no mercado. Steve Jobs, cofundador da Apple, previa que o crescimento 
da empresa se manteria graças ao lançamento de novos produtos revolucionários a 
cada ano. 
 
 
Desenvolvimento 
do Negócio
Relação com o 
Cliente
Novas 
Oportunidades
Aumento da 
Competitividade
 
20 
Figura 5. Iphone 
 
Fonte: https://www.apple.com/br/shop/buy-iphone/iphone-11/tela-de-6,1-polegadas-128gb-
roxo 
 
b) Relação com o cliente 
A melhoria de produtos e serviços a partir da adaptação da estratégia criativa 
e inovadora da empresa às exigências do mercado permite, não só que as empresas 
mantenham os clientes já fiéis e que conquistem ainda mais, como também favorece 
a descoberta de novos nichos de mercado que criem potenciais clientes. 
 
Em 1939 um inventor autodidata chamado Earl Tupper desenvolveu um 
processo de refinamento que tornava restos de material sintético (doados pela 
empresa Du Pont), um material transparente, flexível, inquebrável, antitóxico, leve e 
fácil de limpar. Nascia, então a Tupperware. Em 1947, Tupper começou a vender o 
produto em lojas do varejo. Dois anos depois, a ideia de uma de suas distribuidoras 
mudou radicalmente a forma da comercialização do produto: ela juntava pessoas em 
sua casa para uma festa e apresentava os produtos. A ideia deu tão certo que ainda 
hoje a empresa utiliza-se desta forma de interação com o cliente para a venda de seus 
produtos. 
 
Figura 6. Tupperware 
 
Fonte: Disponível em: https://www.comprastupperware.com.br/produto/tupperware-bea-basic-
line-colors-12-pecas/. Acesso em 13. Janeiro.2020 
 
c) Novas oportunidades 
 
21 
O processo criativo pode permitirdescobrir novos mercados ou formas de 
penetrar nos mercados conhecidos. A ampliação dos mercados geográficos ou a 
incursão em novas atividades de negócio dependem da capacidade para desenvolver 
produtos e serviços inovadores. 
 
Em 1968, o departamento de investigação da empresa 3M inventou a cola que 
é utilizada nos Post-It. Este produto foi o resultado de um trabalho para a criação de 
uma cola potente, mas que, justamente por ser fraca, foi recusada para tal uso. 
 
Em 1974, seis anos depois da recusa, um funcionário da empresa resolveu 
utilizar essa cola, considerada fraca, para marcar algumas páginas de um livro de 
hinos da igreja que costumava consultar. Ele compartilhou a ideia e hoje em dia existe, 
inclusive, uma evolução tecnológica dos Post-It com a forma das janelas de anotação 
nos programas de informática. 
 
 
Figura 7. Post-it 
 
Disponível em www.post-it.com.br/3M/pt_BR/post-it-br/. Acesso em 13 jan. 2020 
 
 
 
d) Aumento da competitividade 
Competitividade é um dos termos mais falados entre empresários, consultores 
e representantes do governo. A introdução de enfoques criativos na gestão pode 
representar um maior rendimento devido a uma utilização mais eficiente da tecnologia 
e de todos os recursos de que uma empresa dispõe. Este tipo de estratégia traduz-se 
em melhoramentos significativos na capacidade de competir com empresas rivais. 
 
A criatividade pode contribuir para a diferenciação de uma empresa e, 
consequentemente, destacá-la no mercado. Atributos que geram diferenciação 
incluem qualidade superior, durabilidade, exclusividade por sua utilidade e/ou 
funcionalidade. A diferenciação, se alcançada, é uma abordagem viável para se obter 
retornos realmente acima da média, pois proporciona liderança isolada contra a 
competição, se obtém a lealdade dos consumidores quanto a marca e se reduz a 
sensibilidade do consumidor quanto ao preço. 
 
 
 
22 
3. TÉCNICAS E FERRAMENTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA 
CRIATIVIDADE E A GERAÇÃO DE IDEIAS 
 
As técnicas criativas são ferramentas que, se aplicadas, proporcionam ao 
cérebro “visitar” caminhos que normalmente não trilharia. Assim, buscam-se soluções 
em quantidades bem maiores e também com incrementado grau de originalidade. 
 
Mesmo quando um indivíduo tenha capacidades e aptidões criativas ou uma 
empresa tenha condições para favorecer o fluxo criativo dentro dela, existe uma série 
de ferramentas e técnicas que facilitam o trabalho da geração de ideias. Estas técnicas 
podem ser utilizadas para a geração de ideias num sentido mais geral ou com caráter 
mais específico em função das necessidades da empresa. Neste sentido, podem ser 
encontradas técnicas que sirvam para diferentes fins, como: 
 
a) Compreender o problema que enfrentam; 
b) Gerar ideias perante uma escassez no fluxo criativo; 
c) Selecionar ideias existentes; 
d) Planejar as atividades. 
As técnicas são classificadas tendo em vista o número de pessoas que são 
necessárias à sua utilização, podendo ser individuais ou em grupo. 
 
Junto com estas classificações, que servem para facilitar a escolha de uma ou 
outra técnica em função das necessidades concretas que se apresentem, existem 
uma série de recomendações que farão com que os resultados da utilização das 
técnicas sejam mais positivos, se for possível: 
 
• Adiar o julgamento. Não valorizar ou julgar nenhuma ideia proposta. Permitir 
a sugestão de qualquer tipo de ideias por mais absurdas que estas possam 
parecer. Apenas no final do processo de geração serão avaliadas. 
 
• Favorecer o pensamento intuitivo. As técnicas criativas são especialmente 
úteis para situações em que as soluções lógicas e racionais não funcionem. 
Trata-se de facilitar as ideias aparentemente absurdas e ilógicas a partir dos 
parâmetros convencionais, dando liberdade ao pensamento lateral e criativo. 
 
• Gerar uma grande quantidade de ideias. O objetivo é ter o maior número de 
ideias possível; não existem ideias más, pois qualquer uma delas pode dar 
origem a outra que, por sua vez, origine a inovação importante para a empresa. 
 
• Dispor de um espaço adequado. Para que existam as condições anteriores, 
o indivíduo deve sentir-se livre. Esta liberdade é facilitada pela existência, na 
medida do possível, de uma divisão ampla, aberta ao exterior, uma decoração 
agradável e uma disposição adequada de cadeiras ou mesas que possibilitem 
a interação. 
 
 
 
 
23 
Figura 8. Exemplo de ambiente de trabalho que estimula a criatividade 
 
 
 
Fonte: https://www.rsdesign.com.br/o-que-e-um-escritorio-tipo-google/. Acesso em 14 jan. 
2020 
 
3.1. Técnicas de criatividade individuais e técnicas de grupo 
 
Como vimos, as técnicas criativas podem ser utilizadas tanto de forma 
individual como coletiva. Descrevo algumas das técnicas mais utilizadas, sendo 
geralmente mais habituais as que são implementadas de maneira conjunta, pois a 
geração de ideias a partir de uma perspectiva de grupo, especialmente na empresa, 
oferece vantagens perante uma perspectiva individual. As principais razões para este 
fato são as seguintes: 
 
• A empresa é uma organização em que trabalham conjuntamente diferentes 
pessoas e onde a execução dos objetivos passa pela ação de grupo, que é a 
soma da racionalidade e de inteligência das individualidades que a compõem. 
Neste sentido, o processo criativo dentro da empresa deve ser também algo 
partilhado. 
 
• O trabalho em equipe cria um efeito multiplicador/sinérgico em que os 
resultados se vêm consideravelmente melhores do que se fossem realizados 
de maneira individual. 
 
• Estimula atitudes de abertura, tolerância e de escuta ativa das propostas de 
outros, o que favorece a superação e a melhoria das próprias propostas. 
 
• Obtém-se uma visão mais plural e mais rica em perspectivas e experiências 
dos membros do grupo. 
 
• Permite criar uma consciência de grupo. Partilhar de maneira sistemática as 
ideias de uns e de outros e a aceitação recíproca de propostas, o que gera uma 
maior coesão e integração dos trabalhadores da empresa. 
 
• A vinculação entre pessoas representa um estímulo e uma ajuda para superar 
os obstáculos no trabalho, oferecendo saídas e alternativas. 
 
24 
 
3.1.1. Técnicas de grupo – Brainstorming 
 
O brainstorming ou chuva de ideias é uma ferramenta que consiste em anotar 
num quadro as ideias que surgem de maneira não sistematizada num grupo de 
pessoas para que depois possam discutir, avaliar e selecionar a que consideraram a 
mais adequada para o contexto. 
 
Para esta técnica é necessário criar um ambiente propício que favoreça o 
aparecimento de ideias. O brainstorming favorece o trabalho em equipe, o que 
contribui para reforçar a colaboração entre pessoas e equipes dentro da empresa. 
Grande parte das técnicas de criatividade é baseada nesta ferramenta. 
 
A utilização desta técnica é recomendada para resolver todo o tipo de situações 
relacionadas com a necessidade de gerar um grande número de ideias. Pode ser 
utilizada individualmente. Contudo, recomenda-se o seu uso em grupos de trabalho 
para maximizar os seus resultados. 
 
a) Quando utilizar? 
 
 Antes da reunião. 
Recomenda-se que as pessoas convidadas a participar sejam pessoas 
predispostas a contribuir ativamente com o processo de geração de ideias. Para que 
isto ocorra, também é necessário dar conhecimento, com antecedência suficiente, do 
motivo da reunião, para que as pessoas levem algumas ideias previamente 
preparadas. 
 
 Início da reunião. 
Centrar o objetivo da reunião, definindo o foco criativo do brainstorming. 
Estabelecer o resultado final em termos de número de ideias e o limite de tempo para 
a apresentação e discussão em comum destas. 
 
 Recomendações básicas de funcionamento 
Evitar as críticas, pois todas as ideias, associações de ideias ou até mesmo as 
ideias absurdas favorecem o processo. O objetivo é gerar o máximo de ideias 
possível. 
 
 
 
 
25 
Figura 9. Brainstorming 
 
 
 
Fonte: https://neilpatel.com/br/blog/o-que-e-brainstorming/.Acesso em 14 jan. 2020 
 
3.1.2. Técnicas de grupo – Técnica criativa de Disney 
 
Esta técnica, desenvolvida por Walt Disney, consiste em examinar a situação 
em três planos distintos de percepção: o sonhador, o realista e o crítico. 
 
Para aplicar esta técnica estabeleça um espaço físico para cada um dos tipos. 
Em cada espaço deve haver um flip-chart para que as ideias vão sendo escritas na 
medida em que os ocupantes se revezam entre cada tipo e espaço. 
 
No espaço do sonhador, a pessoa deve escrever tudo o que vier à mente, sem 
regras, julgamentos ou limitações. No espaço físico do realista, a pessoa deve 
escrever as formas que acredita que transformará os sonhos em realidade. No lugar 
do crítico, vai avaliar os frutos do trabalho do realista. É ele quem vai avaliar a 
espontaneidade do sonhador e a organização e exploração do realista. 
 
Após serem feitos todos os apontamentos pelo realista e pelo crítico, o 
sonhador reinicia, considerando o que foi indicado por estes e propondo novas 
soluções ou adaptações. Este processo se repete até que as ideias propostas se 
mostrem satisfatórias para todos os personagens. 
 
 
 
26 
Figura 10. Técnica Criativa de Disney 
 
 
 
Fonte: SENA, 2020 
 
3.1.3. Técnica Individual: Matriz GUT 
 
Priorizar as situações importantes é uma atividade essencial para todos os 
setores de uma organização. Para isso muitas empresas utilizam a Matriz GUT. 
 
Matriz GUT é uma ferramenta de priorização de problemas. Ela auxilia na 
categorização e na métrica racional para o problema que deve ter atenção primordial. 
Visa solucionar problemas de gestão, de acordo com o seu nível de importância dentro 
de uma empresa. GUT é a sigla para as palavras gravidade, urgência e tendência. 
 
Este método foi criado por Charles Kepner e Benjamin Tregoe nos anos 80, 
com o objetivo de priorizar a resolução de problemas complexos nas indústrias 
americanas e japonesas. Considerando que os recursos organizacionais são 
limitados, seus criadores entenderam que é preciso escolher com rigor onde eles 
serão investidos, sob o risco de não atingir os resultados esperados. 
 
A Matriz GUT é uma ótima aliada de outros processos de gestão, como Análise 
SWOT, o Diagrama de Ishikawa e o Ciclo PDCA. Em vista disso, pode ser aplicada 
em vários processos dentro do meio organizacional, como no planejamento 
estratégico, gestão de projetos, gestão por processos e na identificação de processos 
e correção de falhas operacionais. Na Matriz, o grau de importância de um problema 
é o resultado da multiplicação entre a gravidade, urgência e tendência. 
 
 
 
 
 
Sonhador
• Criar
• O quê
Realista
• Organizar
• Como
Crítico
• Avaliar
• Equacionar
Importância = G x U x T 
 
27 
 
 
 
a) Gravidade (impacto): 
 
A gravidade é caracterizada como o impacto que um problema pode causar 
no andamento dos processos da empresa. Essa ferramenta da qualidade também é 
importante para dar uma direção aos gestores, pois em meio a tantas situações 
inesperadas e ao trabalho que deve ser executado no dia a dia, é comum que as 
pessoas não saibam o que fazer primeiro. 
 
Os níveis de gravidade são: 
 
1. Sem gravidade 
2. Pouco grave 
3. Grave 
4. Muito grave 
5. Extremamente grave 
 
b) Urgência (tempo): 
 
A urgência corresponde ao tempo ou prazo limite em que um problema deve 
ser solucionado. O critério de urgência leva em consideração o prazo disponível para 
realizar o projeto. Quanto menor o prazo, maior a urgência (e vice-versa). Então, ao 
analisar a urgência você precisa se perguntar: quanto tempo esse projeto pode 
esperar para ser realizado? 
 
Os níveis de urgência são: 
 
1. Sem urgência 
2. Pouco urgente 
3. Urgente 
4. Muito urgente 
5. Extremamente urgente 
 
 
c) Tendência (probabilidade de crescimento do problema) 
 
A tendência é relacionada à piora de um problema. Este critério leva em 
consideração a predisposição que um problema tem de se agravar com o tempo. Ao 
•Fator impacto
•É o impacto que um problema pode 
causar à organização
G
Gravidade
•Fator tempo
•Prazo limite para que o problema seja 
solucionado
U
Urgência
•Fator desenvolvimento
•Grau de piora que um problema pode 
apresentar
T
Tendência
 
28 
analisar a tendência você precisa se perguntar: se este problema não for resolvido 
hoje, com qual intensidade ele vai piorar? Um exemplo é o caso de um vazamento 
num restaurante. Se ele não for contido em até 3 dias, pode rapidamente se 
transformar em uma infiltração, agravando-se e colocando o restaurante e seus 
clientes em risco, além da imagem negativa que pode levar e a outros prejuízos, 
inclusive financeiros. 
 
Os níveis de tendência são: 
 
1. Sem tendência de piorar 
2. Piorar em longo prazo 
3. Piorar em médio prazo 
4. Piorar em curto prazo 
5. Agravar rápido 
 
3.1.3.1 Como montar a Matriz GUT 
 
A Matriz GUT pode ser elaborada tanto em um programa de computador quanto 
com papel e caneta. Porém, para fins organizacionais, o mais indicado é que se utilize 
um software como o Excel. Esse programa tem todas as funções necessárias para 
elaborar uma tabela adequada. 
 
a) Liste todos os seus problemas 
O primeiro passo para a elaboração da Matriz GUT deve ser a listagem de todos 
os problemas que impedem o bom andamento dos processos organizacionais. É 
aconselhável que esta etapa seja realizada em equipe, portanto faça um 
brainstorming. O ponto de vista dos outros funcionários é de extrema importância para 
que nenhum problema passe despercebido. 
 
b) Atribua notas 
Você deve atribuir uma nota, de 1 a 5, para cada problema que você listou. 
Sendo que a escala de prioridade dos mesmos é crescente. A tabela abaixo apresenta 
os critérios que você deve seguir na hora de atribuir a nota. 
 
Tabela 1. Notas 
 
Nota Gravidade Urgência Tendência 
5 Extremamente Grave Precisa de ação imediata Irá piorar rapidamente 
4 Muito Grave Muito urgente Irá piorar em pouco tempo 
3 Grave Urgente Irá piorar em médio prazo 
2 Pouco Grave Pouco urgente Irá piorar em longo prazo 
1 Sem Gravidade Pode esperar Não vai piorar 
 
 
 
29 
c) Classifique os problemas 
Com a Matriz GUT quase pronta (todos os problemas listados e as devidas 
notas atribuídas) é hora de finalizar a tabela. Para isto, é necessário multiplicar todas 
as notas que foram concedidas a cada problema, encontrando o grau crítico da 
situação. Assim, os problemas que ficaram com maior nota terão prioridade na 
resolução. 
 
Para a resolução de problemas deve ser elaborado um plano de ação com os 
devidos responsáveis e prazos para a solução de cada item da Matriz GUT. 
 
Tabela 2. Modelo de Matriz GUT 
 
Problema Gravidade Urgência Tendência Grau Crítico 
(GxUxT) 
Prioridades 
Atraso na entrega 
da matéria prima 
4 4 3 48 2º 
Falta de 
capacitação da 
equipe de vendas 
3 3 1 9 3º 
Defeitos na 
produção das 
embalagens 
5 5 5 125 1º 
Aumento no 
consumo de água 
3 2 1 6 4º 
 
Fonte: SENA, 2020. 
 
A partir do modelo acima podemos identificar que o que necessita 
prioritariamente de foco é o problema relacionado aos defeitos na produção das 
embalagens, seguido do atraso na entrega da matéria prima, a falta de capacitação 
da equipe de vendas e o aumento no consumo de água. Sendo assim, os problemas 
deverão ser resolvidos seguindo esta ordem de prioridades. 
 
 
30 
 
4. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NO TRABALHO 
 
Somos a Sociedade do Conhecimento. Temos acesso a mais informação do 
que as gerações anteriores. As crianças nascidas nesta geração têm acesso à mais 
informação que grandes reis e personalidades da antiguidade. A informação, com sua 
força extraordinariamente multiplicadora, acionada pela mídia eletrônica, com seus 
inúmeros recursos, provocou uma reformulação global de critérios em relação ao 
aprendizado e ao acúmulo de informação e conhecimento. 
 
Júlio Verne já afirmava: “seja o que for que um homem possa conceber, outros 
serão capazes de executar”. Ou seja, podemos muito,apesar de nossas limitações. 
O sentimento de auto realização é uma das principais motivações humanas. Com 
base nessa premissa, pode-se afirmar, cientificamente, que todo ser humano deseja 
realizar um bom trabalho. Se não o faz, é por alguma forma de desajustamento, por 
um desinteresse que reflete frustração, desorientação e falta de adequada supervisão. 
Ou seja, trabalhos malfeitos refletem um problema que precisa ser corrigido, seja a 
nível operacional profissional ou a nível pessoal. 
 
 
4.1 Como estimular a criatividade no trabalho 
 
Thomas Edson afirmou que o gênio é 10% de imaginação e 90% de 
transpiração. A imaginação criativa, no entanto, sem o esforço orientado corre o risco 
de ser apenas uma fantasia que alguém teve sem pensar na consequência. Partindo 
do pressuposto de que a criatividade é matéria fundamental torna-se necessário 
cuidar de seu desenvolvimento sistemático. Sempre existe uma melhor maneira de se 
executar uma tarefa e uma das condições para o êxito é manter a percepção aberta a 
novas descobertas e experimentos. 
 
Criar e desenvolver o hábito de pesquisar, descobrir as causas, diagnosticar e 
ampliar o leque de alternativas na solução de problemas, é essencial para renovar o 
trabalho e aumentar a produtividade. 
 
4.1.1 Fatores que estimulam a criatividade no trabalho: 
 
 Tenha uma liderança participativa e estimule o diálogo e o consenso; 
 Permita que sua equipe faça pausas durante o expediente; 
 Torne acessível todas as fontes de informação relevantes; 
 Oriente sua equipe para inovação; 
 Possibilite a aplicação das boas ideias; 
 Promova campanhas que estimulem a criação de ideias novas e de equipes 
empreendedoras; 
 Reconheça sua equipe diante dos êxitos. 
 
A experiência demonstra que, por melhores que sejam as intenções, os planos 
e as normas institucionalizadas, são as lideranças participativas e o clima motivacional 
 
31 
que irão permitir deflagrar processos criativos, desenvolver a inovação e o 
empreendedorismo na empresa. 
 
 
32 
 
5. SOLUÇÃO CRIATIVA DE PROBLEMAS 
 
 A solução criativa de problemas é o processo mental da busca por uma solução 
original e desconhecida para um problema, de forma inovadora e independente. O 
objetivo é amplificar a criatividade que está latente dentro da pessoa para que ela 
possa desenvolver pensamentos não convencionais. 
 O processo de solução criativa começa com a definição exata do problema. É 
imprescindível saber detectar o problema de forma clara e ter a certeza de que se 
trata realmente de um problema que precisa ser solucionado. Problemas 
simples podem ter soluções simples e não necessariamente criativas. Por exemplo: a 
lâmpada queimou. A solução lógica e simples é trocá-la. Problemas complexos muitas 
vezes exigem soluções arrojadas ou inovadoras. Para resolvê-los, é necessário o uso 
da criatividade. Uma solução criativa geralmente terá características distintas, que 
incluem o uso de componentes existentes no problema. Um exemplo exagerado é a 
série de TV MacGyver (lembra-se?), onde o protagonista improvisa objetos comuns 
do dia-a-dia para escapar de desastres e derrotar seus inimigos. 
 Após detectado o problema e achada uma solução, o passo final é implementá-
la. Aqui deve-se criar um plano de ação, identificando o que será feito, por quem, 
quando, onde e como. Esse plano deve ser apresentado e explicado a todas as 
pessoas envolvidas, bem como as que serão afetadas pelas mudanças. 
Figura 11: Processo convencional para a solução de problemas
 
Fonte: SENA, 2020 
 O princípio da solução criativa de problemas inicia na separação dos 
pensamentos em criativos e críticos. 
 O pensamento criativo ou divergente é o início da produção. Quando julgamos 
excessivamente as ideias criativas enquanto elas surgem, corremos o risco de 
perdermos a inspiração para prosseguirmos com a criação, e novas conexões mentais 
são bloqueadas. Já o pensamento crítico ou convergente é a fase onde o foco está 
na avaliação ou julgamento do que já foi produzido e em como isso pode atender seus 
objetivos. 
 A ideia básica, então, é antes divergir para depois convergir. Os conceitos de 
pensamento divergente e pensamento convergente foram criados pelo psicólogo 
Definir o 
problema
Definir o 
nível do 
problema
Definir o tipo 
de solução
Implementar 
a solução
 
33 
americano Joy Paul Guilford, muito lembrado também por seu estudo psicométrico da 
inteligência humana. 
 Pensamento divergente então, é aquele que não se importa com a solução 
certa inicialmente. O importante, nesta etapa é a quantidade de ideias e soluções que 
podem ser geradas através de múltiplas combinações e possibilidades. Já o 
Pensamento Convergente é aquele que converge para ter a melhor solução para o 
problema. É quando se instala a preocupação com a avaliação crítica da solução. 
 
5.1 Como usar a criatividade para obter soluções inovadoras 
 
a) Não avaliar as ideias enquanto elas estão sendo desenvolvidas 
Um grande equívoco de quem está procurando explorar sua criatividade é tentar 
corrigir suas ideias ao mesmo tempo em que está pensando na solução. Ao se 
escrever um texto, por exemplo, é instinto do escritor corrigir a ortografia a cada frase 
ou parágrafo. Entretanto, o momento inicial de pensamento é sempre fundamental 
para se produzir o máximo de ideias possível. 
 
b) Fazer pausas e repousar 
 É praticamente impossível elaborar criações produtivas o tempo todo, sem 
intervalos. Pausas e descanso são necessários para que haja energia e disposição 
suficiente, pois isto contribui com o processo criativo. O corpo é capaz de suportar a 
exaustão física, mas o cérebro não funciona da mesma forma. Cerca de 20% de todas 
as calorias que consumimos durante o dia é destinado ao cérebro. Tendo gasto essas 
calorias, ele precisa de repouso para se revigorar e voltar a trabalhar de forma eficaz. 
 O livro “The Power of Full Engagement”, de Jim Loehr e Tony Schwartz, afirma 
que, enquanto muitos acreditam que deveriam gerenciar melhor seu tempo, eles 
precisam, na verdade, gerenciar sua energia para obter alto desempenho. Gerenciar 
a energia significa reconhecer que logo após os picos de produção é necessário 
descansar de forma que o corpo e a mente estejam prontos para uma nova demanda 
de processo criativo e produtividade. 
 Com esse conceito em mente, o sociólogo italiano Domenico De Masi 
desenvolveu a noção do “ócio criativo” (1995), ou seja, a capacidade de se produzir 
insights enquanto se está ocioso. O ócio criativo não se trata de ficar à toa, levado 
pela preguiça, mas de deixar seu cérebro trabalhar inconscientemente naquilo que 
você acabou de pesquisar. Assim, ideias surgirão de forma espontânea enquanto 
você repousa. 
“O objetivo da vida não é o domínio sobre os outros, mas a felicidade no 
viver. E ainda assim, muitos governantes educam os cidadãos para a 
guerra, mas descuidam em educá-los para o ócio e para a paz.” 
(Domenico De Masi, O ócio criativo, 1995) 
http://amzn.to/2ga7Sht
 
34 
 
c) Considerar frustração e dificuldade como impulsionadores 
 Em 1975, o pianista americano Keith Jarrett foi convidado por uma garota 
alemã de 17 anos para fazer um concerto em Colônia, na Alemanha. Mas o piano 
dado ao músico estava em péssimas condições, o que o deixou nervoso e fez desistir 
da performance. Conhecido pelo rigor quanto aos detalhes técnicos e às condições 
de suas apresentações - várias vezes interrompeu um concerto para reclamar das 
tosses na plateia e dos flashes dos fotógrafos, inclusive abandonando espetáculos 
pela metade -, Jarrett cogitou cancelar o recital. Foi convencido a entrar em cena pela 
organizadora do evento, Vera Brandes – na época a mais jovem produtora de shows 
da Alemanha, com 17 anos. 
 Apesar desse conturbado início, a performance foi excelente. Para compensar 
as deficiências do piano e realçar as notas graves, o solista investiu mais energia em 
sua apresentação do que comumente o fazia. O Concerto de Colônia,como ficou 
conhecido o evento, é até hoje o álbum mais vendido da história do gênero, com mais 
de 3,5 milhões de vendas. A razão de o pianista ter tocado tão bem é que o piano 
estava tão debilitado que foi necessário se esforçar ao máximo para compensar o 
déficit. 
 Muitos acham que a abundância de recursos é a solução para seus problemas, 
mas a realidade é que é a fome que faz as pessoas caçarem a comida. Dificuldades 
geram oportunidades e inovações. Um estudo realizado pelo psicólogo Daniel 
Oppenheimer atesta este fato. Durante um tempo ele pediu que professores do Ensino 
Médio dessem as mesmas apostilas para seus alunos, porém metade delas com uma 
fonte boa e a outra metade com uma fonte que dificultava a leitura. Os alunos que 
receberam o material com uma fonte pior tiveram um desempenho melhor do que os 
demais, já que eles demoravam mais para ler e acabavam prestando mais atenção 
no material. 
d) Adicionar aleatoriedade e deixar a zona de conforto 
 Um estudo feito pela psicóloga americana Shelley Carson que testou seus 
alunos na Universidade de Harvard para verificar a qualidade dos seus filtros de 
atenção, quebra alguns paradigmas. Ela verificou que muitos dos seus alunos tinham 
dificuldade para se concentrar, se distraindo facilmente quando eram interrompidos 
com as visões e sons do mundo ao redor. O que Carson descobriu com este estudo 
é que isso não é uma desvantagem, pelo contrário. 
 Aqueles com filtros mais baixos conseguiram um desempenho de longo prazo 
maior do que os demais. As distrações eram um desafio para a criatividade dos alunos 
e os faziam pensar aleatoriamente. Isso nos leva a pensar que a solução de problemas 
pode ser mais efetiva quando se inclui elementos aleatórios. Dentro da zona de 
conforto ou acomodação não é possível desenvolver criatividade, já que ideias novas 
nunca surgirão daí. A novidade de pensamentos vem atrelada à novidade de locais e 
experiências. 
Pense em um trabalho em grupo na faculdade, por exemplo. Em qual dessas 
situações você esperaria que surgissem mais ideias originais: em um grupo onde só 
 
35 
tem amigos que conversam todos os dias sobre os mesmos assuntos, ou no grupo 
onde pelo menos um membro não conhece os demais e traz novos pontos de vista? 
Um exercício simples para adicionar aleatoriedade à uma situação: quanto tiver 
um problema, pegue um livro qualquer, abra em uma página aleatória e escolha algum 
substantivo aleatório. Experimente usar essa palavra na construção do processo de 
resolução do seu problema, pensando em soluções que a contenham. 
 
e) Use a estratégia do constrangimento 
 Algo muito comum quando alguém se vê em situações constrangedoras ou que 
lhe causam vergonha é o choque da realidade. Sentir-se constrangido, por pior que 
seja a situação, pode nos tirar da zona de conforto. 
 Você pode criar uma lista com uma série de instruções inusitadas para aplicar 
em sua equipe de trabalho, como tomar uma atitude disruptiva e imprevisível qualquer, 
trocar o sapato com alguma outra pessoa ou definir qual sua característica mais 
vergonhosa e amplificá-la. 
5.2 Pensamento lateral 
 A expressão "Pensamento Lateral" foi criada pelo escritor e psicólogo maltês 
Edward de Bono e representa uma abordagem sistemática ao pensamento criativo, 
fazendo uso de técnicas que podem ser utilizadas de forma deliberada. As 
ferramentas desta abordagem são baseadas diretamente no comportamento do 
cérebro humano: o comportamento das redes neurais. 
 Assim, o Pensamento Lateral é uma maneira de pensar que procura soluções 
para problemas complexos utilizando métodos não convencionais ou elementos que 
normalmente seriam ignorados num raciocínio lógico. O inverso do pensamento lateral 
é o pensamento vertical ou lógico-critico. 
 Ele está baseado na ruptura de percepções que o modelo auto organizável do 
cérebro desenvolve. O sistema cerebral estabelece uma sequência de atividades com 
as primeiras informações que chegam e com o tempo essa sequência passa a ser 
uma espécie de caminho preferido ou atalho. 
 Com o pensamento lateral o grupo pensa de modo comum em determinada 
situação e depois muda de direção quantas vezes forem necessárias sem que o foco 
se perca. Quando se é capaz de fazer o grupo pensar de forma coletiva, a capacidade 
de pensamento do grupo é amplificada. 
Algumas estratégias que podem ser adotadas são: 
 Questionar tudo, inclusive as certezas; 
 Proibir julgamentos na fase de pensamento criativo; 
 Fazer o brainstorming, analogias e simulações de problemas reais. 
 
36 
 
5.2.1.Como utilizar o pensamento lateral para encontrar a solução de um 
problema 
 
 Imagine que você esteja preso em um quarto e que existem duas saídas. A 
primeira leva a uma sala que tem uma porta com um sol escaldante que o preenche. 
Caso resolva atravessá-la, esse sol irá queimar você em questão de segundos. A 
segunda saída leva a uma sala onde há um elevador com um leão faminto dentro. 
 Vamos pensar sobre este problema a partir dos 5 passos propostos por Shane 
Snow, autor de Smartcuts: How Hackers, Innovators, and Icons Accelerate Success, 
para treinar essa capacidade: 
a) Liste os pressupostos 
Quando confrontado com uma pergunta, problema ou desafio, escreva as 
suposições inerentes à pergunta. No caso do exemplo “do quarto”, a lista poderia 
incluir o seguinte: 
 Você quer sair do quarto 
 Você tem que escolher uma das duas opções 
 Você tem que fazer algo agora 
– Saída 1: você vai morrer, não importa o que aconteça 
– Saída 2: você vai morrer, não importa o que aconteça 
b) Verbalize o que está “convencionado” 
Em seguida, pergunte-se: “Como uma pessoa comum abordaria esse problema?” 
Procure mapear as soluções óbvias e diretas. Então pergunte a si mesmo: “E se eu 
não fosse ou não pudesse ir por esse caminho?” 
c) Pergunte-se 
Pergunte a si mesmo: “E se eu pudesse redefinir a pergunta?”. Reorganize as 
peças, como sugere De Bono, para formar um novo cenário. No cenário você está 
preso no quarto, em vez de “Qual saída devo usar?”, você pode reformular a pergunta 
para: “Eu irei passar por uma delas?” ou “Será que isso realmente me matará?” ou 
“Eu preciso mesmo passar por uma delas?”. 
d) Comece voltando para trás 
Muitas vezes a rota para resolver um problema é revelada quando você começa 
primeiro com a solução e em seguida volta para trás. Por exemplo, faça a pergunta: 
“Como eu entraria em um quarto trancado que estivesse conectado a uma sala que 
tem um sol?” 
 
37 
e) Mude a perspectiva 
Por fim, uma das razões pelas quais a inovação acontece frequentemente quando 
uma empresa entra em uma nova indústria, ou quando grupos diferentes se chocam 
uns com os outros, é o fato de trazerem novas perspectivas. 
Para começar pensando lateralmente finja que você é alguém tentando resolver 
um problema. Se você fosse um mágico, ou um cientista, ou um atleta – como você 
escaparia da sala com sol escaldante? Ou como o leão responderia a essa pergunta? 
Enfim, já conseguiu solucionar o problema do quarto? A solução mais óbvia seria: 
espere o sol se pôr e depois entre na sala onde, antes, lá estava ele. 
Figura 12: Pensamento vertical e pensamento lateral 
Pensamento Vertical: 
 
Pensamento Lateral 
 
Fonte: SENA, 2020 
 
 
38 
6. O AMBIENTE INOVADOR E A COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL 
 
Entende-se que a criatividade e a inovação são, atualmente, os elementos 
básicos da cultura organizacional que mais ganharam relevância na atual “era da 
informação”, mais precisamente a partir de 1991. Permitiram às empresas e países 
não só uma nova dimensão de desempenho, mas também “enxergar o presente pelo 
olhar do futuro”. 
 
A cultura organizacional sofreu forte impacto do mundo exterior e passou a 
privilegiar a mudança e a inovação, voltadas para o futuro e para o destino das 
organizações. As mudanças passaram a ser rápidas e velozes, sem a continuidade 
com o passado, trazendo um contexto ambiental de turbulências e imprevisibilidades. 
Como jádizemos, inovação é a criatividade posta em prática, a concretização de 
ideias novas. Não é possível inovar sem criatividade. E a criatividade sem inovação 
nada transforma. 
 
A criatividade e a inovação traduzem-se na exploração bem-sucedida de novas 
ideias, essenciais para sustentar a competitividade e a geração de riquezas. Um país, 
uma empresa ou qualquer outra organização que almeje manter-se à frente de seus 
competidores, precisará de sistemas inovadores e criativos. A inovação bem-sucedida 
requer bom gerenciamento, finanças apropriadas, e acima de tudo, um clima 
organizacional estimulante, que possibilite criar vantagens; e não se trata apenas de 
inovações científicas ou criação de demandas inteiramente novas, com foco total nos 
clientes e consumidores potenciais, mas em tudo: como se executar os serviços, como 
vender, como posicionar o produto no mercado, entre outros. 
 
Atualmente, as organizações incapazes de se redescobrirem ou de se 
reinventarem continuamente (em termos de novos produtos e serviços), 
provavelmente irão desaparecer. Em face das organizações empresariais terem o 
desafio de enfrentar, nos dias de hoje, um dos ambientes mais hostis e competitivos 
que não haviam experimentado anteriormente, posso ressaltar que as atitudes, os 
valores e as percepções devem mudar para poderem se adaptar a uma nova 
organização econômica mundial. 
 
Todas essas mudanças devem ocorrer dentro de um clima organizacional 
favorável ao aprendizado, com contatos amigáveis, descontraídos, e com os quais as 
informações possam circular sem restrição, onde as ideias não devem ser 
“sufocadas”. Portanto, a criatividade deve ser considerada como a geração de novas 
ideias, e a inovação como a materialização dessas ideias. 
 
Criar, inovar e desenvolver conceitos e modelos de modernização é uma 
questão de sobrevida, básica para o aprimoramento da gestão e da obtenção do 
oxigênio necessário à continuidade do negócio. A inovação é o resultado da 
criatividade empregada na condução e gerenciamento de todos os seus processos. 
Agindo e trabalhando assim, as empresas acumulam vantagens competitivas, 
reduzindo as possibilidades fracassos e falências. 
 
6.1. Como as empresas devem buscar a inovação 
 
 
39 
Muitas empresas que hoje são símbolos de inovação começaram copiando. Ou 
seja, começaram seguindo modelos da concorrência e melhorando processos e 
produtos. No século 19, as empresas americanas copiavam as inglesas. Nos anos 50, 
as japonesas copiavam as americanas. Nos anos 80, as empresas coreanas 
copiavam as americanas e as japonesas e assim segue-se até hoje. Analisar a 
concorrência, os produtos e processos que tem dado resultado em outras empresas 
e aplicar um diferencial pode ser uma forma muito eficaz de inovação. 
 
Mas não basta copiar e melhorar um produto para lança-lo no mercado. É 
necessário ter um processo estruturado e organizado de inovação. É importante 
destacar que lançar um novo produto não quer dizer, necessariamente, inovar. Muitas 
vezes a inovação encontra-se em processos internos, nas operações ou até mesmo 
na gestão de pessoas. Essas ações também podem gerar resultados exponenciais. 
Afinal, ao melhorar algum processo, reduzir custos e agregar qualidade ao produto ou 
serviço, ocorre também a criação de uma nova percepção por parte do consumidor e 
fomenta ainda mais o acesso aos seus produtos e serviços, por quem precisa deles. 
 
Uma forma de inovar é também trabalhar no sentido de transformar os 
colaboradores de uma organização em “intraempreendedores”, ou seja, fazê-los 
sentirem-se parte fundamental da grande engrenagem a tal ponto de desejarem ser 
criativos e inovadores para que, tanto a empresa quanto profissional, possam crescer. 
 
A inovação é um dos elementos do combustível que tornará os produtos e 
serviços de uma empresa mais competitivos. Seja a inovação um processo realizado 
para dentro ou para fora da empresa ou nos dois sentidos. 
 
Há muitas maneiras de uma empresa buscar a inovação, mas destaco aqui 
cinco formas de como inovar, ou ao menos, despertar esse sentimento em uma 
organização: 
 
1. Questionar sua equipe: como podemos fazer o que fazemos de maneira 
diferente, para melhor? Por mais que as pessoas, em boa parte das 
organizações, sejam remuneradas para trabalhos operacionais e manuais, 
muitas delas esperam oportunidades de oferecer suas mentes para o 
trabalho. 
 
2. Analisar o que os concorrentes estão fazendo. Às vezes, quando alguém 
dá uma ideia, outra pessoa acaba usando-a como trampolim para algo 
muito maior. Então, ao invés de deixar as boas ideias para o concorrente, é 
importante usá-las em favor da própria organização. 
 
3. Fazer o fluxo reverso. Partir da necessidade do cliente, analisando como 
ele gostaria de interagir com o produto ou serviço da empresa; 
 
4. Investir em pesquisa com pessoas que não conhecem o produto, como 
resolveriam uma determinada situação, na qual seu cliente em potencial se 
aplica; 
 
5. Criar uma rede de relacionamento com superiores e parceiros que geram 
produtos ou serviços correlatos ao que você comercializa. Às vezes algum 
 
40 
parceiro de processo percebe nuances do mercado que a organização não 
se atentou, pelo fato de que este é responsável por apenas uma parte do 
processo. 
Um exemplo de produto existente melhorado são as embalagens de mostarda 
ou ketchup que tornaram mais prática a utilização pelo consumidor invertendo a 
posição da tampa (tampa para baixo) que facilita a utilização até o final do produto. 
 
 
Figura 13. Reformulação das embalagens de condimentos 
 
 
 
https://www.trabalhosescolares.net/reformulacao-da-embalagem. Acesso em 16 jan. 2020 
 
6.2 Como identificar um profissional inovador 
 
De acordo com Dieter Kelber, diretor-executivo do Instituto Avançado de 
Desenvolvimento Intelectual (2009) “a busca por um profissional inovador, que trará 
soluções para diminuir gastos ou aumentar o lucro, é cada vez maior nas empresas”. 
No processo de seleção, é comum que o recrutador avalie características da pessoa 
que possam indicar se ela é ou não inovadora em seu trabalho. 
 
“Inovar é pegar algo que já existe e, em cima disso, fazer algo que não 
existe. Transformá-lo em uma coisa melhor. Isso tem a ver com criatividade, 
percepção e visão, e existem dinâmicas e jogos para ver se a pessoa é criativa, 
ou se a sua personalidade é mais fechada ou de rebeldia.” Dieter Kelber 
Extraído: https://administradores.com.br/artigos/o-que-e-inovacao Acesso em 
24.12.19 
 
Dieter Kelber ressalta que a “inovação dificilmente está naquela pessoa 
fechada, centralizada e metódica, mas sim no profissional mais aberto a novas 
experiências, e é isso que as empresas procuram identificar no processo seletivo”. 
 
Uma forma comum de avaliar se o candidato ao emprego é inovador é 
questioná-lo sobre a sua motivação. Mas o principal fator que as empresas levam em 
consideração no processo seletivo, é a experiência profissional que é uma 
característica que se adquire com o tempo. Um profissional sem experiência pode até 
ter boas ideias, mas só vai ser inovador em um contexto em que se sinta motivado e 
estimulado a aplicar suas ideias. 
 
41 
 
6.3. Como ser um profissional inovador 
 
Apesar de a inovação ser uma característica que o profissional irá adquirir com 
o tempo, considera-se que há algumas atitudes que podem contribuir. Por exemplo: 
 
 Pesquisar sobre o contexto, o cliente ou a dificuldade existente; 
 Fazer propostas viáveis e que tragam resultados; 
 Procurar referências sobre o processo de ascensão e declínio de um produto 
ou serviço no mercado; 
 Aprender a lidar com riscos; 
 Fazer coisas que não são habituais no dia-a-dia do profissional (por exemplo: 
assistir uma palestra de biologia, embora trabalhe com engenharia civil). 
 
 
42 
7. PROCESSOS MENTAIS ASSOCIATIVOS E INOVAÇÃO 
 
Os chamados “processos mentais” interagem com a nossa vida em três 
grandes áreas:o saber, o sentir e o fazer. Estes processos surgem logo após o 
nascimento e vão se desenvolvendo na medida em que amadurecemos. Isto para que 
consigamos nos relacionar com a realidade física e social. 
 
O primeiro dos processos a ser definido é o chamado processo cognitivo, que 
está relacionado com o saber, com o conhecimento, utilizando sempre a informação 
do meio interno e externo. Dentre os processos cognitivos estão: 
 
• A percepção; 
• A memória; 
• A aprendizagem. 
Este último, a aprendizagem, tem como finalidade ajudar a desenvolver as 
capacidades nos indivíduos para que eles possam estabelecer relações com o meio 
em que vivem. Desta forma, a mesma está ligada à história do homem, à sua 
construção enquanto ser social com capacidade de adaptação a novas situações, o 
que inclui, inexoravelmente, o processo criativo. 
 
E é por isso que falar sobre aprendizagem quando estamos falando de 
criatividade e inovação faz todo sentido. O processo de criatividade é um processo 
que passa pelo nível da cognição. Está diretamente ligado ao que já conhecemos e 
àquilo que incorporamos cotidianamente às nossas experiências. Cada vez que 
assimilamos mais informação e construímos conhecimento, aumentamos nossa gama 
de associações e nossa capacidade criativa porque aumentamos nossa bagagem, 
ampliando nossa rede de possibilidades. Portanto criar faz parte do processo de 
aprendizagem e aprender nos estimula à criação. 
 
Os processos mentais associativos são aqueles onde ocorre a associação de 
ideias - das mais simples às mais complexas. Isso quer dizer que, para resolver um 
conteúdo complexo, precisamos primeiro compreender as partes simplificadas do 
contexto. Isso acontece quando, ao recebermos novas informações e estímulos, 
comparamos e combinamos com elementos internos que já aprendemos. Esse 
processo pode resultar na reelaboração e transformação de padrões e pensamentos 
e favorecer o surgimento de uma nova ideia. 
 
7.1 Mapa mental 
 
Mapa mental é um método dinâmico que tem como objetivo estimular e explorar 
recursos cerebrais, como a memória e o aprendizado. Está relacionada à gestão de 
informações, ao conhecimento e à capacidade intelectual no que diz respeito à 
solução de problemas e estruturação e consolidação da memória a longo prazo. Em 
suma, é uma estrutura lógica visível do nosso próprio pensamento. 
 
É uma ferramenta simples e visual criada pelo psicólogo inglês Tony Buzan, na 
década de 70, baseado no fato de que elementos como cores, desenhos, símbolos e 
informações segmentadas ajuda o cérebro a raciocinar e gravar dados com mais 
 
43 
facilidade. Promove também a associação de novas ideias a partir das imagens que 
vão sendo construídas e visualizadas. 
 
Podemos compreender o mapa mental como uma árvore cujos galhos 
consistem em informações concisas que saem de um eixo principal, como o modelo 
a seguir. 
 
 
Figura 14 – Exemplo de Mapa Mental 
 
 
Fonte: www.manualdasecretaria.com.br/mapa-mental/ Acesso em 15. Janeiro.2020 
 
7.2 Utilidades do Mapa Mental 
 
 Os mapas mentais procuram representar, com o máximo de detalhes possíveis, 
o relacionamento existente entre informações que normalmente estão fragmentadas 
e difusas no ambiente operacional ou corporativo. Ela ilustra ideias e conceitos, 
dando-lhes forma e contexto, traçando os relacionamentos de causa, efeito, simetria 
e/ou similaridade que existem entre as ideias e as torna mais palpáveis e mensuráveis, 
sobre os quais se possa planejar ações e estratégias para alcançar objetivos 
específicos. 
 O mapa mental se difere principalmente daquela anotação puramente linear, 
quando anotamos no caderno tudo o que consideramos importante. É também uma 
ferramenta de brainstorming e de auxílio na gestão estratégica de uma empresa ou 
negócio. Por ser um método de associação mental, o mapa mental não estimula o 
raciocínio lógico, apesar de se utilizar dele na elaboração. O mapa mental estimula o 
pensamento lateral e a aleatoriedade. 
 
 
44 
7.3. Aplicação do mapa mental em organizações e projetos: 
 
É possível usar o mapa mental em diversos contextos, tais como: 
 Rotina diária – para organizar as atividades do dia, a preparação de uma viagem, 
as informações em uma palestra, o resumo de um relatório, etc.; 
 
 Identificação de oportunidades – o mapa mental pode servir ao mapeamento 
do mercado, à análise de tendências, às demandas do consumidor, à análise da 
evolução tecnológica, de competição, à definição de perfis de clientes; 
 
 Planejamento do negócio – útil na elaboração de um plano de negócio ou de 
um projeto; 
 
 Planejamento de marketing e vendas – o planejamento de eventos e a criação 
de conteúdo para um site, por exemplo, podem ser mais bem estruturados com 
um mapa mental; 
 
 Planejamento de recursos humanos –a ferramenta pode ser utilizada para 
elaborar questões para entrevista de emprego, avaliar desempenho dos 
colaboradores, etc.; 
 
7.4 Como fazer um mapa mental: 
 
a) Material necessário: 
• Papel em branco 
• Canetas coloridas ou marca-texto (utilizar cores diferentes ajuda o cérebro a 
associar e ativar o conteúdo na memória) 
 
 
b) Defina o tema principal 
Antes de começar a fazer seu mapa mental, é necessário definir o assunto ou 
tema principal a ser trabalhado. 
 
c) Busque informações 
Para elaborar um mapa mental é preciso ter conteúdo. Será difícil resumir e 
condensar um assunto se seu conhecimento sobre ele for superficial. Por isso, 
compreenda sobre o assunto, busque informações sobre o projeto, suas implicações, 
os resultados que espera, os riscos, etc. Só assim, o mapa mental será realmente útil 
na elaboração de um novo projeto. 
 
d) Comece a fazer 
Elemento central: No centro do papel em branco escreva ou desenhe o tema 
principal. Como nosso cérebro não pensa de maneira linear, a forma tradicional e 
também linear de escrever não é tão efetiva quando você quer raciocinar sobre algo. 
 
45 
O mapa mental então vai funcionar a partir de um elemento central que irradia do 
centro em direção às bordas, de forma a respeitar o funcionamento natural do cérebro. 
 
Desenho: Por ser constituído por ramificações, o tema central terá subtópicos 
que, por sua vez, terão outros subtópicos que se conectarão em até 4 níveis. É 
importante utilizar setas, linhas ou figuras que sejam mais adequadas e interessem 
ao seu cérebro. As informações devem ser organizadas de forma sucinta e criativa. 
Evite fazer linhas retas para essas conexões, pois estruturas comuns podem entediar 
seu cérebro. Desenhos e símbolos também são importantes para melhorar a memória 
e a criação, por isso faça associações com símbolos e outras imagens. 
 
Palavras-Chave: Evite usar frases inteiras ou com mais de 2 palavras para 
montar as ramificações que conectarão seu mapa mental pois ocupará espaço e não 
facilitará a memória. 
 
Figura 15. Estrutura básica de um mapa mental 
 
Fonte: https://www.gp4us.com.br/como-criar-um-mapa-mental/. Acesso em 26 jan. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
REFERÊNCIAS 
 
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. São 
Paulo: Saraiva, 2006. 
 
DE BONO, Edward. “O pensamento lateral”. Rio de Janeiro: Record - Nova Era, 1995. 
 
DE MASI, Domenico. O ócio criativo. Tradução de Léa Manzi. Rio de Janeiro: 
Sextante, 2000. 
 
DRUCKER, P.F. Inovação e espírito empreendedor: prática e princípios. Editora 
Pioneira – São Paulo, 1994. 
 
KOUNIOS, & BEEMAN, Mark. The Eureka Factor: AHA Moments, Creative Insight, 
and the Brain. Random House, 2015. 
LAND, GEORGE & JARMAN, BETH. Breakpoint and Beyond: Mastering the Future 
Today.

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