Prévia do material em texto
172 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 História 1 Reformas religiosas no século XVIAula 17 Questões Objetivas 01 A Entre os questionamentos promovidos pelos protestantes, estavam a corrupção da Igreja (venda de indulgências e simonia), a intromissão desta em assuntos políticos e o excesso de poder do papa. 02 A As reformas religiosas propiciaram a livre interpretação da Bíblia e o uso das línguas vernáculas em detrimento do latim, o idioma oficial da Igreja de Roma. 03 E Quanto à classificação dos hereges, era mais comum que adeptos de doutrinas protestantes e estudiosos que se dedicassem às ciências fossem os principais alvos dos tri- bunais eclesiásticos, no período da Inquisição, uma vez que defendiam, de diferentes modos (os primeiros pela fé, os últimos pela razão), a ruptura com os dogmas da Igreja Católica. Questões Discursivas 01 Os conflitos ocorridos após a Reforma Protestante ocor- reram, em geral, em função do direito ao reconhecimento da liberdade de culto das novas religiões e das disputas de poder entre nobreza e burguesia em várias nações. Podemos citar os seguintes conflitos: Noite de São Bar- tolomeu (França), Guerra dos Trinta Anos (vários países) e Revolução Puritana (Inglaterra). 02 a) Identifica-se ao menos duas das seguintes especificida- des do Protestantismo Luterano em relação ao Cató- lico: salvação pela fé, interpretação livre das escrituras bíblicas, negação da autoridade do Papa, reconheci- mento de apenas dois sacramentos: batismo e eucaris- tia, dentre outras. b) Aponta-se o controle de João Calvino por meio do Consistório do governo de Genebra e a criação, por motivações políticas, da Igreja Anglicana na Inglaterra, por Henrique VIII. História dos povos africanosAula 18 Questões Objetivas 01 C O tráfico de escravizados africanos para o Brasil começou em meados do século XVI, direcionado para prover a pro- dução açucareira nas capitanias do Norte da América portu- guesa. O tráfico foi encerrado em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós, após décadas de disputas políticas entre o Império brasileiro e a Inglaterra pelo fim do tráfico internacional. É importante salientar que o tráfico fora oficialmente proibido em 1831, ainda por D. Pedro I, em uma lei que não foi obe- decida pelos comerciantes de escravizados e os grandes proprietários, que, por meio de complexos esquemas de corrupção, conseguiram burlar a proibição por vinte anos. 02 C O padre jesuíta usa do exemplo de Cristo para justificar a condição dos escravizados na Colônia portuguesa. Apesar de ter sido contra a escravidão do indígena, a Igreja Cató- lica, na época, aceitou que as populações negras africanas fossem escravizadas, informada por proposições racistas em seus dogmas de fé. Algumas justificativas católicas para a escravização dos africanos, no período, foram que esses povos, tendo tido contato (ainda que apenas em um tempo mítico) com o cristianismo, recusaram a salvação, que os africanos eram menos humanos, não possuíam alma ou descendiam de uma linhagem bíblica amaldiçoada. 03 B O trabalho manual era culturalmente desvalorizado na sociedade brasileira do século XIX, em uma tradição que remontava ao período colonial e aos estatutos portugue- ses de pureza de sangue. Por estes estatutos, definia-se que as pessoas que exercessem ofícios mecânicos não poderiam receber honras, mercês, títulos ou cargos na administração civil ou eclesiástica – dizia-se que tais pes- soas tinham um “defeito mecânico”. No Brasil, a desvalo- rização do trabalho manual foi agravada pela presença do sistema escravista mesclado a uma sociedade de Antigo Regime. A maior parte dos trabalhos braçais, especial- mente os considerados mais aviltantes, era desempe- nhada por escravizados, negros ou mestiços, africanos ou nascidos na América. Os senhores rejeitavam desempe- nhar os mesmos esforços braçais, prática que seria vista como desqualificadora social e acarretaria perda de pres- tígio social e político. Assim, o trabalho manual foi sendo cada vez mais identificado às situações de subalternidade, associado diretamente à escravidão e aos escravizados, especialmente às pessoas negras ou mestiças. Este pre- conceito cultural se prolongou para além da abolição da escravidão em 1888 e ao longo do século XX, sendo ainda hoje perceptível em relação a certas profissões. 173CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Questões Discursivas 01 a) Cita-se: a formação das Missões Jesuíticas e o apoio à catequização indígena. b) As relações comerciais e religiosas se desenvolveram de maneira conjunta entre europeus e africanos. A par- tir da conversão dos povos africanos ao Cristianismo os europeus ampliavam seus privilégios comerciais na África, ganhando o direito de fundar feitorias e contro- lar determinadas rotas comerciais. 02 a) Primeira: diversas divindades cultuadas pelos povos africanos foram associadas aos santos católicos como estratégias para evitar punições quando flagrados. Segundo: africanos rezavam diante de imagens de san- tos católicos, mas utilizavam linguagem africana, assim poderiam reverenciar suas divindades africanas. b) A Igreja católica atuou de maneira ambígua diante da escravidão. Não aceitava a escravidão dos nativos, pois defendia a catequese, mas era favorável à escravidão do negro. A postura da Igreja mostra que esta instituição estava vinculada ao projeto de colonização. A escravi- dão do africano gerava lucro para as metrópoles devido ao tráfico de escravizados enquanto os jesuítas, ao mesmo tempo, catequizavam e exploravam os nativos. Absolutismo e apogeu do Estado nacionalAula 19 Questões Objetivas 01 A A etiqueta conformou-se como um sistema de poder que definia hierarquias nas Cortes reais do Período Moderno, com base no exemplo da Corte de Versalhes. Seguir as regras de etiqueta era uma obrigação para todos os nobres, indo muito além da boa educação (embora essa fosse uma de suas justificações). O rei tinha o poder, durante a maior parte do período, para definir as regras da etiqueta, esta- belecendo posições diferenciadas entre os nobres, que precisavam jogar, conforme as regras da etiqueta, para conseguir uma posição política mais elevada na corte, isto é, mais próxima ao Rei em seu cotidiano. Assim, travavam- -se jogos surdos de intrigas, muitas vezes cruéis e com consequências devastadoras para os perdedores, entre os nobres cortesãos para defender suas posições e ten- tar subir na hierarquia. As redes de intriga estabelecidas pela etiqueta eram complexas e dinâmicas, exigindo dos cortesãos alto grau de controle de si (de suas emoções e de seus corpos) e de observação dos movimentos de seus aliados e inimigos na Corte. No centro desta rede estava o rei, cuja posição de fonte das regras lhe permitia submeter a nobreza e mantê-la sob um controle instável. 02 E Como um dos maiores expoentes da Filosofia Política moderna e defensor do absolutismo como uma condi- ção necessária à coexistência pacífica entre os homens, Thomas Hobbes considerava que o ser humano tendia ao conflito e à destruição coletiva (o chamado estado da natureza), a não ser que fosse colocado sob a tutela de uma autoridade superior capaz de deter o caos por meio da força e da coerção. Desse modo, o filósofo defendia que a sociedade civil tivera origem (em um tempo mítico) no contrato firmado entre os homens, por meio do qual o Estado (preferencialmente absolutista) fora estabelecido como instância capaz de preservar a vida e a propriedade destes mesmos homens, uma vez que a força e o controle do Leviatã (o Estado absolutista todo-poderoso) restringi- riam os ímpetos conflituosos naturais dos homens. Assim, para Hobbes, não caberia aos súditos do contrato rompê- -lo, mesmo se o monarca se revelasse tirânico, pois o rei em si mesmo, como personificação do Estado, não estava atado às mesmas leis que seus súditos. Com isso, Hobbescombatia os inimigos da Monarquia no contexto das Revo- luções Inglesas do século XVII. 03 D Maquiavel escreveu sobre como o Príncipe (o rei absolu- tista) deveria proceder para melhor conservar e aumentar seu poder. Diante desta questão, Maquiavel rompeu com a moralidade na elaboração de seu pensamento político (o que foi sua grande originalidade no período), propondo que o monarca deveria preocupar-se prioritariamente com as realidades políticas de seu Estado – imperativos morais ficando em segundo plano. Diante da questão do que seria melhor, ser amado ou ser temido, Maquiavel, racio- nalizando a ação política, decide-se ou pela possibilidade de ser ambos (o que exigiria uma habilidade política inco- mum) ou por ser temido, por considerar esta a opção mais segura e viável para preservar o poder do Príncipe. Questões Discursivas 01 A expressão “Antigo Regime” remete ao sistema polí- tico, econômico e social que foi estabelecido na Europa nos séculos XV, XVI, XVII e XVIII. O sistema político do período foi denominado Absolutismo e o econômico foi chamado de Mercantilismo. Havia uma sociedade alta- mente estatizada, e o Antigo Regime possuía as seguintes características. Na economia mercantilista defendiam-se os princípios: intervenção do Estado na economia, pro- tecionismo, monopólios, balança comercial favorável. A estrutura social se baseava na propriedade da terra, de onde vinha a produção agrícola. Os camponeses trabalha- vam na terra para manter a base material da sociedade e os privilégios da realeza, clero e nobreza. Socialmente, havia uma grande e rígida divisão por estado: o primeiro, 174 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 o Clero; o segundo, a Nobreza; o terceiro, a burguesia e a maioria da população, incapacitada de melhorar suas condições de vida e oprimida pelo sistema. Politicamente, uma monarquia absolutista que desfrutava de uma série de privilégios advindos do Direito Divino. Foi contra esta estrutura política, econômica e social que se rebelou o movimento Iluminista, defensor da ideia de liberdade e igualdade civil. 02 Maquiavel, neste trecho, fornece algumas opiniões acerca da maneira ideal de comportamento dos príncipes, a saber: (1) o príncipe deve ser amoral, em “[…] é necessá- rio a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade […]” e (2) o príncipe deve agir sempre com o intuito de manter-se no poder, em “[…] é necessário que o príncipe seja tão prudente que saiba evitar os defei- tos que lhe arrebatariam o governo e praticar as qualida- des próprias para lhe assegurar a posse deste, se lhe é possível […]”. Pode-se associar o pensamento de Maquiavel aos estratos humanistas, uma vez que tal pensador valorizava, sobretudo, a condição humana, exaltando as qualidades e o papel dos príncipes sob a ótica da racionalidade de governar. Nesse sentido, podemos apresentar dois elementos de ligação: (1) o racionalismo e (2) a exaltação da figura humana. Mercantilismo e colonialismo do século XVIAula 20 Questões Objetivas 01 E A colonização foi uma das principais práticas mercanti- listas empregadas pelos Estados Nacionais durante o Período Moderno. Sua função básica era prover o Estado colonizador (metrópole) de produtos tropicais agríco- las, agromanufaturados (como o açúcar) ou pecuários e absorver a produção manufaturada metropolitana, garan- tindo, assim, que a metrópole mantivesse uma balança comercial favorável, acumulando riquezas dentro de suas fronteiras. A colônia servia como complemento à eco- nomia da metrópole. Este mecanismo se concretizou por meio de trocas comerciais mantidas sob o estatuto do exclusivo metropolitano, ou seja, a colônia poderia comerciar (comprar ou vender) com sua metrópole – garantindo para esta grandes lucros, obtidos pela dre- nagem das riquezas comerciais. Para manter este arranjo econômico, era necessário que o Estado colonizador mantivesse suas colônias politicamente submetidas e tivesse condições demográficas para povoar, colonizar e administrar as regiões coloniais. 02 E O objetivo das práticas mercantilistas era a maior acumu- lação de riquezas dentro das fronteiras de cada Estado Nacional. Objetivo que poderia ser atingido por diversos modos, com a colonização ou o comércio. O Estado inglês, como evidenciado pelo documento contido na questão, preferiu a tática de um comércio favorável à sua economia, estabelecendo, para concretizar esta estratégia, a medida de que os produtos ingleses só poderiam ser comerciali- zados em navios ingleses. Com isso, fortalecia-se, grande- mente, a marinha, a economia e o Estado da Inglaterra, dentro da lógica mercantilista. 03 D A busca pelo Eldorado no continente americano, uma verdadeira ânsia dos Estados colonizadores no Período Moderno, correspondia às pressões mercantilistas para a acumulação de metal precioso dentro das fronteiras de cada Estado. Esta prática (metalismo) era um dos pilares do mercantilismo e tinha como fim o fortalecimento econô- mico do Estado, que, para realizá-la, intervinha fortemente na economia, visando garantir as condições para manter a balança comercial favorável a si. Questões Discursivas 01 a) Monopólio colonial ou exclusivo metropolitano signi- fica que a colônia era exclusividade da metrópole, não possuindo vida própria, sua função era complementar a economia metropolitana. No final da Idade Média e início da Idade Moderna surgiram os Estados Nacionais Modernos que necessitavam de muitos recursos para montar e equipar exércitos, montar e equipar a marinha, bem como manter a burocracia estatal. A política econô- mica denominada “Mercantilismo” tinha a função de gerar recursos para o Estado, daí a colonização e o monopólio colonial. b) Antigo Regime é uma expressão utilizada para denomi- nar a política na Idade Moderna (absolutismo) e a eco- nomia (mercantilismo). O comércio foi de fato a mola propulsora neste contexto chamado de capitalismo comercial mercantil. 02 I. Refere-se ao metalismo, prática adotada pelos países mercantilistas durante a época moderna. II. O principal objetivo é o entesouramento, ou seja, o acúmulo de metais preciosos na nação, considerados como sinônimos de riqueza. III. A frase destaca a imperfeição do sistema, na medida em que a Espanha não consegue reter os metais pre- ciosos que explora de suas colônias americanas. Nesse sentido, assim como as colônias garantem a riqueza da Espanha, esta, ao precisar de outros produtos de nações europeias, garante a riqueza dessas nações. 175CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Civilizações pré-colombianasAula 21 Questões Objetivas 01 D A questão remete à conquista espanhola na América, entre 1520 e 1550. O trecho de Pablo Neruda traduz a superio- ridade bélica dos europeus, que possuem armas de fogo, a conquista espiritual/cultural por meio da religião, com a imposição do catolicismo e os presságios indígenas que preconizavam a chegada de deuses, e a desagregação do modo de vida tradicional das sociedades americanas, consequências da exploração europeia do trabalho com- pulsório indígena (exploração que se deu, muitas vezes, no caso espanhol, pela apropriação de formas costumei- ras do trabalho compulsório nas sociedades nativas, como a mita, redirecionada para os interesses metropolitanos), causando fome e miséria. A dominação espanhola sobre a América alterou violentamente os rumos dos impérios asteca e inca, bem como dos demais povos pré-colombia- nos. Os europeus saquearam riquezas americanas, dizima- ram seus habitantes e destruíram culturas. 02 D Os mexicas, também conhecidos como astecas, desen- volveram uma rica e sofisticada civilização, caracterizada por grandes e complexas cidades (repletas de grandiosos monumentos arquitetônicos), nas quais se concentravam extensas populações. A religião dos mexicas era politeísta, comdeuses ligados às forças naturais, a elementos cós- micos (como o Sol e a Lua), aos quais eram atribuídas as conquistas civilizacionais da sua cultura. A religião era a dimensão estruturante da sociedade asteca, definindo sua organização social, legitimando sua hierarquia política e seus regimes de temporalidade. 03 C Quando da chegada dos europeus à América, no período entre o final do século XV e o início do XVI, as marcantes diferenças culturais entre os povos da Europa e os da Amé- rica provocaram choques, surpresas e desentendimentos. No contexto mais específico da conquista dos impérios americanos (asteca e inca) pelo império espanhol, a rea- ção foi de uma surpresa com fortes tons etnocêntricos por parte dos europeus, que mal puderam acreditar na sofis- ticação das sociedades asteca e inca, que ostentavam em suas grandes cidades, com amplos templos e palácios, riquezas mais vistosas que as das capitais europeias. Tal assombro foi também acompanhado de cobiça, do desejo dos europeus de transferir tais riquezas para os reinos cris- tãos da Europa – cobiça justificada pelo ímpeto religioso, cruzadístico, da expansão do cristianismo e dominação dos povos não cristãos à autoridade temporal dos monar- cas espanhóis e espiritual do papa de Roma. Questões Discursivas 01 a) O grau de desenvolvimento dos diferentes povos explica essa desigualdade de distribuição. Em especial no México e nos Andes desenvolveram-se civilizações mais avançadas em termos políticos e econômicos, o que explica seu alto contingente populacional. b) Comparando astecas e maias (México) com os incas (Andes), temos como similaridades os governos teo- cráticos, as sociedades hierarquizadas e a prática do comércio. E como diferença, o fato de que os incas não desenvolveram uma linguagem escrita. 02 Hernán Cortez ficou impressionado com a arquitetura e a beleza da capital Asteca, a cidade de Tenochtitlán, que foi construída sobre as ilhotas do lago Texcoco. Havia as chinampas, diversos canais e aquedutos que abasteciam a cidade, calçadas de pedra, palácios grandiosos. A popula- ção urbana que residia na capital Asteca era considerável. As fontes oscilam entre 200 e 500 mil habitantes. Os obje- tivos da conquista eram predominantemente econômicos, conseguir recursos para os Estados Modernos europeus. Assim, os reis tinham mais recursos para montar e equipar exército e marinha e manter o aparato estatal. As ideias mercantilistas que imperavam na Europa foram importan- tes para levar metais preciosos dos impérios Asteca e Inca contribuindo para a destruição de povos e culturas. A expansão marítima e a conquista da AméricaAula 22 Questões Objetivas 01 C A expansão marítima permitiu que o pequeno reino de Portugal erguesse um grandioso império colonial, envol- vendo quatro continentes: Europa, África, Ásia e América. Império que também teve grande longevidade, tendo se dissolvido apenas na segunda metade do século XX, quando as últimas colônias africanas portuguesas con- quistaram suas independências. Os países citados na alternativa C ilustram as fases da jornada dos navegantes portugueses, ao longo do século XV, para empreender o contorno da África, procurando estabelecer uma rota marí- tima para as Índias. Assim, Cabo Verde representa o início da expansão, Angola a fase intermediária, mas já avançada, pois está ao sul do cabo Bojador, e Moçambique, na costa oriental da África, representa o ápice das navegações por- tuguesas, com a ultrapassagem do cabo da Boa Esperança e o alcance do oceano Índico e das Índias. Ao longo dos cinco séculos de dominação colonial portuguesa, impor- tantes traços culturais lusitanos foram impostos às diversas sociedades nativas, sendo o mais importante deles a difu- são da língua portuguesa. 176 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 02 B A expansão marítima foi um empreendimento complexo, oneroso e longo, envolvendo diversos setores sociais, que não podia ser articulado por pessoas ou grupos particu- lares. Assim, somente aqueles reinos que desenvolveram uma estrutura de poder estatal centralizada foram capazes de se lançar aos mares no início da Era Moderna. Portugal pôde ser pioneiro nesta atividade porque foi igualmente pioneiro no processo histórico de construção do Estado Nacional Moderno – sendo seguido, com um século de diferença, pela Espanha. Ademais, as práticas comerciais portuguesas no período anterior à Expansão, que envolvia a navegação ao redor da Europa ao Norte e no Mediter- râneo, pondo os portugueses em contato com as cidades comerciais italianas, garantiram que as técnicas de nave- gação fossem, aos poucos, aprimoradas, permitindo que os portugueses produzissem um salto tecnológico que os capacitasse à navegação no Oceano Atlântico. 03 B O navegante Cristóvão Colombo, natural da cidade ita- liana de Gênova, mas que viajou representando a Coroa espanhola, chegou à América em 1492. Na Europa, esta- vam se formando os Estados nacionais, dessa forma, havia interesses econômicos nas Grandes Navegações, ou seja, necessidade de metais preciosos e outras riquezas fáceis. Havia, no imaginário europeu, a existência de um reino cristão no Oriente, o reino do lendário Preste João, asso- ciado à riqueza e ao paraíso. Nutrido desse imaginário, Colombo chegou à América e deparou-se com outra reali- dade: as peculiaridades dos nativos da América Central. Questões Discursivas 01 Ao se formar um Estado Nacional Moderno através de uma aliança entre rei e burguesia com poder centralizado nas mãos do monarca investia-se nas Grandes Navega- ções. Portanto, era necessário um Estado centralizado para gerenciar a expansão marítima comercial. Os Esta- dos Nacionais Modernos necessitavam de muitos recur- sos para montar e equipar exércitos, montar e equipar a marinha e manter a burocracia estatal. Vale dizer que estes Estados Modernos acabaram aceitando investimentos de banqueiros uma vez que estes empreendimentos eram caros. O primeiro Estado Moderno a surgir foi Portugal e, consequentemente, foi o pioneiro na Expansão Marítima Comercial. 02 O objetivo principal da viagem de Vasco da Gama às Índias era contornar a extremidade sul do continente Africano como forma de acesso às riquezas das Índias, em especial as especiarias e artigos de luxo. Outro objetivo relevante era a pretensão de Portugal de quebrar o monopólio do comércio mediterrânico realizado pelas cidades italianas de Gênova e Veneza. A rota de Vasco da Gama contem- plava a mesma iniciada por Bartolomeu Dias, dobrando o Cabo das Tormentas ou da Boa Esperança. O Périplo Africano defendia a teoria de que as Índias eram acessíveis por mar a partir do Oceano Atlântico, inaugurando uma nova rota de comércio muito mais lucrativa para o Oceano índico. Acerca das cidades em que foram construídas fei- torias, são elas: Cochim, Goa, Cananor e Diu. Em 1510, foi constituído o Estado Português da Índia, com capital em Goa. Esta foi a primeira conquista territorial portuguesa naquela localidade. Revoluções científicas do século XVIIAula 23 Questões Objetivas 01 E No final do século XVI, a Igreja Católica vira sua pretensa universalidade na Europa ser destroçada pela emergên- cia das religiões protestantes, que afastou importantes regiões europeias da órbita romana. Além disso, desde o século XV, a difusão da doutrina humanista e os avanços técnicos punham em xeque os dogmas de fé do catoli- cismo, que via sua pretensão de única instância de acesso à verdade ser contestada. A partir do século XVI, a Igreja passou a tomar medidas fortes para combater seus ini- migos e preservar seu poder. Uma dessas medidas foi a recriação dos Tribunais do Santo Ofício em países como Espanha e Portugal (ligados aí à ascensão dos Estados Nacionais) e em várias cidades italianas (estas reportan- do-se diretamente ao Tribunal de Roma). Assim, durante o séculoXVI, contestar cientificamente os dogmas da fé católica se tornou um jogo político perigoso para cien- tistas e sábios humanistas, que passaram a ser persegui- dos pela Inquisição como hereges – aquelas pessoas que professavam erros de fé. Uma condenação inquisitorial poderia acarretar a destruição da vida social do indiví- duo, com perda de seus bens, prisão ou degredo, ou até mesmo a morte física, com a condenação à pena máxima da morte na fogueira. 177CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 02 D A expansão marítimo-comercial e o Renascimento foram eventos que, no início do Período Moderno, catalisaram o desenvolvimento técnico-científico que a Europa vinha atravessando, de maneira mais lenta, desde a Alta Idade Média. Mais que uma ruptura histórica com o período anterior, é mais interessante perceber esse período como uma forma de aceleração dos processos informada por uma noção progressista do tempo, que ganhava mais força, conforme os avanços técnico-científicos punham em descrédito a concepção religiosa e teocêntrica do tempo e da sociedade na Europa (de toda forma, esse processo só atingirá sua forma plena no século XIX). No entanto, algumas características do Renascimento Cultu- ral o põem em choque com as permanências medievais, como a nova supervalorização da Antiguidade greco-ro- mana, que deu um fundo de legitimidade à formação da ciência moderna no século XVII – ainda que as novas descobertas científicas contradissessem as autoridades clássicas. O ponto é que, a partir da expansão marítima e do Renascimento, as autoridades intelectuais estabe- lecidas passaram a poder ser questionadas pelo uso da razão humana. 03 C Os avanços intelectuais do período do Renascimento e das revoluções científicas não tiveram ampla difusão social no momento em que ocorriam, visto que, como salientou Laura de Mello e Souza, a vasta maioria da população europeia era ainda iletrada, não tinha acesso aos círculos elitistas em que a tradição clássica e as novas descobertas eram discutidas. Nos séculos do Período Moderno, tais discussões se restrin- giam aos setores letrados e educados dos grupos de elite. Questões Discursivas 01 a) Os princípios que sustentaram a ação da Inquisição eram baseados no combate a toda e qualquer forma de oposição aos dogmas da Igreja Católica. Esses prin- cípios eram efetivados por meio de práticas como: vigi- lância e controle do comportamento moral dos fiéis e severa censura às produções culturais e às inovações científicas. A citação de Giordano Bruno contraria esses princípios por exaltar o “saber” e o “poder de agir” do homem, avaliado, então, como ator capaz de domi- nar a natureza para criar “mundos desejáveis”. A cita- ção se refere ao trabalho desenvolvido pelo mago. No período citado, seus conhecimentos provinham de fon- tes não aprovadas pela Igreja, que resultavam em prá- ticas consideradas ocultas por ameaçarem os dogmas religiosos. Em virtude dessa compreensão por parte da Igreja, a Inquisição reservaria aos hereges (dentre eles, os magos) denúncias, investigações, julgamentos e condenações, com penas como prisão perpétua e morte na fogueira (o caso de Giordano Bruno). b) A citação está associada aos valores renascentistas por- que se refere a um tipo distinto de poder e de saber, que ultrapassa os limites impostos pelos dogmas da Igreja Católica, na medida em que esta instituição tem a revela- ção divina como fonte única do saber. Três pontos asso- ciam a citação a esses valores: 1) a eleição do homem como agente; 2) a referência a uma ação racionalmente elaborada para transformar a realidade, o que remete à criação de novos mundos; 3) o registro de que os mun- dos a serem criados dependeriam da vontade humana. Assim, os pontos mencionados explicitam os seguintes valores do Renascimento: o humanismo e o antropocen- trismo (valorização do homem e de seu poder de ação, o que resultava em colocar o homem no centro da ação e conferir-lhe vontade e desejo para a intervenção na natu- reza); o racionalismo (a valorização da razão humana). 02 a) Marcado pelo trabalho escravo, o mundo antigo pro- porcionava o “ócio” (liberdade) apenas à elite. b) No mundo greco-romano, a ciência era especulativa. No mundo moderno, a ciência era investigativa. Revoluções inglesasAula 24 Questões Objetivas 01 E As revoluções e guerras civis que ocorreram na Inglaterra do século XVII alteraram profundamente a estrutura polí- tica do reino, uma vez que o poder absolutista da Monar- quia foi quebrado e, com a Revolução Gloriosa, os reis ingleses foram definitivamente submetidos ao Parlamento – instância política controlada por grupos burgueses ou aburguesados (a pequena nobreza ou gentry). Com isso, também a nobreza tradicional, de origem feudal, perdeu seu poder. 02 E As Revoluções Inglesas do século XVII reorganizaram a dis- tribuição do poder entre os grupos sociais na Inglaterra, alterando, com isso, a forma do Estado Nacional. A monar- quia absolutista foi, em 1688, definitivamente derrubada, e os grupos sociais que a apoiavam (a nobreza feudal tra- dicional) perderam o poder. Sob a nova organização da Monarquia, em que os poderes régios eram severamente limitados e controlados pelo Parlamento, outros grupos sociais passaram a ter as rédeas do Estado. Esses grupos eram burgueses ou de origem burguesa, como a gentry, cujos interesses econômicos (especialmente o cresci- mento do comércio e das manufaturas) passaram a ser o foco das políticas do Estado. 178 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 03 C As Revoluções Inglesas destruíram a organização tradicio- nal do Estado na Inglaterra, isto é, a Monarquia Absolu- tista. Em seu lugar, foi estruturada uma nova composição de poder, em que o monarca necessariamente se subme- tia ao Parlamento. Este órgão, por sua vez, era controlado pelos setores burgueses, que passaram a usar o Estado como instrumento de realização de políticas econômicas que os beneficiassem. É neste sentido que o historiador Christopher Hill afirma que o capitalismo pode se desen- volver livremente dentro das estruturas estatais que emer- giram das Revoluções – livremente, porque já não havia as restrições da Monarquia Absolutista e da nobreza feudal. Questões Discursivas 01 O século XVII na Inglaterra foi caracterizado por um intenso conflito entre o “velho” (estruturas feudais e poder absoluto para o rei) e o “novo” (forças capitalistas ligadas à burgue- sia e ao Parlamento que defendia maior liberdade política e econômica). Todo este século de conflito culminou na famosa Revolução Gloriosa de 1689, apoiada nas ideias libe- rais do filósofo John Locke, mentor teórico desta revolução. Foi a vitória do “novo” sobre o “velho”, Jaime II foi deposto, a monarquia absolutista chegou ao fim e foi implantada a monarquia parlamentarista constitucional. Houve a vitó- ria das ideias liberais de Locke, do Parlamentarismo e da classe burguesa, que desejava maior liberdade política e econômica para implementar seus negócios. Foi um grande passo para a Revolução Industrial. A Revolução Gloriosa teve a mesma natureza histórica da Revolução Francesa, isto é, uma revolução burguesa que destruiu o “Antigo Regime”, o Absolutismo e o Mercantilismo. 02 a) Durante o século XVII a burguesia inglesa assumiu o controle político do país, através da Revolução Puritana, consolidada décadas depois pela Revolução Gloriosa, dando ao governo um caráter empreendedor. Após a Revolução Puritana, durante o governo de Oliver Crom- well, o país adotou o “Ato de Navegação”, que permi- tiu a ampliação do comércio das empresas inglesas e se chocou com a principal potência naval da época, a Holanda, que perdeu rotas e áreas de comércio. b) Ela marca a ascensão política da burguesia apoiada em novos ideais que deram origem ao Iluminismo, que se propagaria na Europa e América a partir de então.O Século das LuzesAula 25 Questões Objetivas 01 E Rousseau é visto, tradicionalmente, como iluminista, ape- sar das divergências que desenvolveu com a maioria dos pensadores da época. Dessa maneira, esse filósofo não considera a situação humana como algo sagrado, no sen- tido religioso que poderia ser atribuído à palavra. Como o próprio texto menciona, essa situação é fruto de conven- ções, de regras definidas pelos próprios homens. A ideia de liberdade está implícita no texto que, sob outro viés, destaca a limitação da liberdade humana. 02 E O movimento iluminista criticava, basicamente, duas insti- tuições: as Monarquias absolutistas e a Igreja Católica. 03 C O Iluminismo, movimento contrário ao absolutismo e defen- sor do direito à liberdade e à igualdade entre os povos, influenciou vários movimentos pelo mundo, incluindo a inde- pendência das 13 colônias inglesas na América do Norte. Questões Discursivas 01 a) Denis Diderot foi um filósofo iluminista enciclopedista e comungava dos ideais do liberalismo político. b) Diderot criticava o absolutismo monárquico, que é a construção de um Estado centralizador e autoritário na forma de uma monarquia nacional. c) Os pensadores iluministas refletiam em seus escritos a visão de mundo da burguesia, que tinha sua ascensão política e econômica, bem como suas liberdades indivi- duais, limitadas pelas características do Antigo Regime (Absolutismo Monárquico). Entre os motivos das críticas feitas pelos iluministas, tem-se: o poder absoluto dos reis; a divisão da sociedade em estamentos; as relações de servidão feudal; o dirigismo econômico e os monopólios mercantilistas; a intolerância religiosa; a aproximação entre Igreja e Estado por meio do padroado. 179CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 02 Os pensadores dessa época ficaram conhecidos como Ilumi- nistas. O movimento iluminista, também denominado “Ilus- tração”, nasceu no final do século XVIII, época da Revolução Gloriosa na Inglaterra, e influenciou toda uma grande geração de pensadores, principalmente na França. A força desse movi- mento que contestava o Absolutismo fez com que diversos monarcas adotassem algumas de suas ideias, num processo de adaptação parcial, com vistas a reduzir as críticas que sofriam. Esses governantes foram denominados “Déspotas Esclarecidos”. Déspotas por preservarem a maior parte das práticas absolutistas e esclarecidos por conhecerem e adota- rem algumas características iluministas. Revolução Americana Aula 26 Questões Objetivas 01 D O movimento que conseguiu separar as colônias ameri- canas de sua metrópole europeia, no caso a Inglaterra, foi uma revolução de cunho burguês e liberal, influenciada pelas ideias iluministas. 02 B Os Estados Unidos e o Brasil, em semelhança um ao outro, não aboliram a escravidão no momento da emancipação política. No primeiro país, o trabalho escravo foi abolido após a Guerra de Secessão, enquanto, no Brasil, a escravidão foi abolida na crise do Segundo Reinado, em 1888. 03 C A Declaração refletia princípios iluministas, sobretudo as ideias de John Locke, justificando o direito de ruptura política com o governo inglês, ressaltando sua incapaci- dade de garantir a felicidade e os direitos inalienáveis da população das 13 colônias. Além disso, tanto a Revolução Francesa como a Inconfidência Mineira foram movimentos inspirados na independência norte-americana. Questões Discursivas 01 Um dos aspectos: defesa do direito à liberdade dos povos; utilização de uma declaração como estratégia de luta política; defesa do direito ao estabelecimento de governos autônomos; repúdio às políticas alfandegárias e tributárias associa- das à dominação metropolitana. Exemplos dos movimentos: defesa do liberalismo político; revoltas de colonos, na América Espanhola; Inconfidência Mineira, na América Portuguesa; críticas ao absolutismo real, em sociedades europeias. 02 a) Pode-se ressaltar, no caso da República americana, a adoção da igualdade de condição entre todos os homens livres e pactuantes do novo contrato. Também, sublinhar o direito à liberdade, que a partir de então foi apresentada como universal, não mais restrita aos ingleses (a chamada liberdade dos ingleses), podendo por conseguinte ser reivindicada para todos os homens. Porém, a contribuição mais importante diz respeito às primeiras experiências com o governo representativo, ensaiadas na jovem república. A ideia de que o povo deve governar por meio de representantes e de que esse corpo eleitoral deve ser o responsável pela sele- ção dos governantes viria complementar a união em curso entre os princípios republicanos e o liberalismo que marcaram o final do século XVIII. Ainda pode-se tratar das diferenças entre as formas de governos, associando a experiência americana à ado- ção do presidencialismo, contrastando-o com o parla- mentarismo ou mesmo com o regime de colegiado. E, por último, explicita-se a particularidade da República americana, diferenciando-a das repúblicas da antigui- dade (associadas ou à democracia direta ateniense ou à república romana aristocrática, dirigida pelo Senado) e das repúblicas aristocráticas de Veneza, da Holanda e mesmo da Polônia até o final do século XVIII. b) Em meio aos intensos debates e ações radicais que marcaram a escalada revolucionária de 1789 aos anos do Terror, os franceses da metrópole guardaram as bandeiras da “liberdade, igualdade e fraternidade” para si apenas. Opuseram-se ferozmente não apenas à rebelião de escravizados em Santo Domingo como à libertação de sua colônia (apelidada à época de a “joia francesa do Caribe”). Ironicamente, coube aos revolu- cionários haitianos, inspirados nessas mesmas ideias metropolitanas, combater os canhões e a marinha da França revolucionária que foram submetê-los e tentar mantê-los sob o jugo colonial. Revolução Industrial Aula 27 Questões Objetivas 01 E O desenvolvimento da tecnologia industrial proporcionou o aumento da produção, ampliando a divisão do trabalho e o crescimento da produtividade, movimento correlato a uma crescente disciplinarização do trabalhador. 180 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 02 E O texto discorre sobre duas criações da Revolução Industrial: a divisão do trabalho fabril e cargos de coordenadores ou gerentes, criando, dessa forma, uma hierarquia dentro das fábricas. 03 C O Reino Unido foi a primeira nação a se industrializar, ainda em meados do século XVIII, mantendo uma expres- siva produção ao longo de todo o século XIX, em meio à segunda fase da Revolução Industrial. A Bélgica teve movi- mento similar, porém, em proporções bastante reduzidas. Questões Discursivas 01 a) O contexto histórico foi a primeira fase da Revolução Industrial contribuindo para o surgimento da classe proletária submetida a uma intensa jornada de trabalho com péssimos salários. Esses trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, surgindo a luta de clas- ses entre operário e burguesia, bem como as primeiras experiências de associações trabalhistas. b) Depois de muitas lutas e mobilizações, os trabalhadores conquistaram a participação política, redução da jornada de trabalho, proteção e regulamentação do trabalho infantil e feminino, entre outras conquistas. 02 a) Nas fábricas dos primeiros tempos da Revolução Indus- trial, os operários trabalhavam em precárias condições, devido às longas jornadas de trabalho em ambientes insalubres, sujeitos a acidentes e a castigos físicos, em troca de salários insignificantes. b) A afirmação de Charles Fourier de que a Inglaterra “bloqueia as comunicações” remete, no contexto em que se deu, à hegemonia inglesa no comércio inter- nacional, condição que a Inglaterra ostentava desde o século XVII e que foi consolidada com a Revolução Industrial no século XVIII. Revolução FrancesaAula 28 QuestõesObjetivas 01 C O governo napoleônico e o Bloqueio Continental são posteriores à Revolução (1806), que, em 1789, pretendia eliminar o absolutismo de Luis XVI (neto do Rei Sol). As guerras de religião são analisadas como antecedentes da formação do absolutismo e o Rei Sol não foi deposto, governando até a morte em 1715. Somente com Napoleão Bonaparte e no período posterior é que se pode pensar na industrialização na França. 02 D Os sentimentos de Graco Babeuf com relação aos even- tos que iniciaram a Revolução Francesa apresentam-se contraditórios, pois, se a ação violenta dos revolucioná- rios era uma resposta à violência sofrida pelo povo no Antigo Regime francês, mesmo assim Babeuf lamenta a crueldade da justiça revolucionária. Todavia, pre- domina a conclusão de que a violência revolucionária contra os representantes do Antigo Regime era justa, como expressado por meio da oração “Nossos senhores colherão o que semearam”. 03 B As massas, em meio à intensa crise de abastecimento em Paris, não hesitaram, alçadas já à posição de cidadãs por meio da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em pressionar o rei, acreditando que o monarca poderia, se retirado do ambiente corrupto da Corte de Versalhes, tomar medidas para solucionar a crise. Questões Discursivas 01 a) A França na segunda metade do século XVIII estava em profunda crise social e econômica. O país vivia o Antigo Regime, Absolutismo e Mercantilismo. Havia o Primeiro Estado, o Clero; o Segundo Estado, a Nobreza; e o Ter- ceiro Estado, constituído pela burguesia, camponeses e homens pobres da cidade que, juntos, representavam 95% da população francesa. Os dois primeiros não pagavam impostos e a nobreza ainda recebia pensões do Estado. Assim, somente o Terceiro Estado pagava impostos, man- tendo esta estrutura. O voto era por estamento e cada Estado tinha direito a um voto. A burguesia apoiada em ideias Iluministas defendia o voto por cabeça, e não por estamento, considerando que o Terceiro Estado possuía maioria. Na economia, a França estava mergulhada em uma grave crise econômica e financeira devido aos gastos excessivos da corte, o apoio no processo de independên- cia dos Estados Unidos e o tratado comercial entre Ingla- terra e França que tanto prejudicou a burguesia francesa. b) A política mercantilista caracterizava-se, entre outros, pelo intervencionismo estatal na economia através do protecionismo e pelo metalismo enquanto os fisiocra- tas defendiam a liberdade econômica através do laissez faire, laissez passer e que a riqueza vem da terra, da agricultura. 02 A Revolução Francesa, 1789-1799, foi uma Revolução realizada pelo Terceiro Estado (burguesia, pobres urbanos, campone- ses) sob a liderança da burguesia inspirada no ideário Ilumi- nista que se pautava principalmente nas ideias de liberdade e igualdade. Os pensadores do Iluminismo criticavam o Antigo Regime, que consistia no Absolutismo e Mercantilismo. A França estava em grave crise econômica e financeira devido ao luxo da corte dos Bourbons instalada no Palácio de Versa- lhes, a ajuda aos Estados Unidos na guerra de independência, 181CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 ao tratado feito com a Inglaterra que tanto prejudicou a indús- tria francesa, a crise na agricultura que impossibilitava o povo de obter o alimento básico. Enquanto isso, o Primeiro Estado, composto pelo Clero, e o Segundo Estado, constituído pela nobreza, possuíam privilégios como isenção tributária, pen- sões, entre outros. Somente o Terceiro Estado pagava impos- tos e mantinha o Estado. O voto era por estamento, o que favorecia a manutenção dos privilégios. Este cenário, em que as estruturas política e econômica estavam saturadas, é que propiciou a tão relevante Revolução Francesa. Era Napoleônica e Congresso de VienaAula 29 Questões Objetivas 01 E No contexto da expansão napoleônica, a Inglaterra se revelou a grande rival do imperador francês. A expansão francesa objetivava ampliar a Revolução por toda a Europa, derrubando os antigos Estados absolutistas e criando, ao mesmo tempo, novos mercados para a nascente industria- lização francesa, ainda incapaz de competir com os produ- tos ingleses. Todavia, Napoleão se viu incapaz de derrotar o poderio naval britânico. Como solução ao impasse, o bloqueio continental foi decretado como forma de isolar a Inglaterra, impedindo-a de comerciar com toda a Europa e estrangulando sua economia. 02 C O Congresso de Viena foi criado para promover a restau- ração absolutista na Europa, retomando as antigas fron- teiras territoriais, anteriores às conquistas napoleônicas, ao mesmo tempo em que devolveria os tronos europeus aos seus antigos monarcas absolutistas, representando um regresso conservador. 03 B Em 1815, Napoleão foi derrotado de forma definitiva na famosa Batalha de Waterloo, na Bélgica. Foi necessário realizar um grande congresso continental para refazer o mapa da Europa (uma vez que Napoleão formara um grande império no continente, embaralhando as antigas fronteiras) e para reconduzir as monarquias a seus tronos. Legitimidade, restauração e equilíbrio foram os princípios básicos do Congresso de Viena e orientariam toda a polí- tica europeia ao longo do século XIX. Inglaterra, Rússia, Prússia e Áustria foram bem-sucedidas, pois conquista- ram territórios. Assim, foi criada a Santa Aliança, um braço armado do Congresso de Viena para fazer valer a vontade dos países exitosos (à exceção da Inglaterra, que não par- ticipou desta liga). Questões Discursivas 01 Após a Era Napoleônica, o mapa político europeu estava completamente alterado. As grandes potências absolutistas trataram de reorganizar os governos europeus no Congresso de Viena. Preocupando-se, principalmente, em garantir a permanência dos reis absolutistas no poder. Rússia, Prússia, Inglaterra, Áustria e França discutiram a resolução das ques- tões de fronteiras e a legitimidade dos governos que reassu- miram as Monarquias após a derrota napoleônica. 02 a) No leste da Europa, as guerras napoleônicas levaram os ideais de liberalismo e nacionalismo que auxiliaram na transformação dos regimes monárquicos existentes nesta região. b) No continente americano, as guerras napoleônicas influenciaram em especial a história do Brasil, que ao receber a corte portuguesa, fugindo das tropas napo- leônicas, precipitaria a transformação da vida na colô- nia, agora elevada à categoria de Reino Unido de Por- tugal e Algarves, o que lhe trouxe inúmeros privilégios que como colônia não conhecia. O pensamento revolucionário do século XIXAula 30 Questões Objetivas 01 B Marx considerava que a luta de classes era o motor das transformações históricas em todas as sociedades huma- nas ao longo do tempo. A culminação do movimento dialético da luta de classes seria a revolução proletária, que derrubaria o Estado burguês. De acordo com o mar- xismo, o operário consciente da sua situação de classe seria capaz de modificar o meio em que vivia, atuando no sentido de construção da revolução. 02 B O luddismo e o cartismo foram os primeiros movimentos empreendidos por operários, na Inglaterra, contra as pés- simas condições de vida e de trabalho a que eram subme- tidos durante a Primeira Revolução Industrial. O cartismo, em contraste com o luddismo, já denotava a maior capa- cidade de organização e de reivindicação do proletariado, inclusive por participação política. 03 A As ideias revolucionárias anarquistas foram orientadas pela convicção de que o Estado burguês deveria ser derrubado imediatamente, por meio da ação do proletariado, inclu- sive com intervenções armadas, para que o comunismo fosse alcançado. 182 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Questões Discursivas 01 a) Várias ideias podem ser associadas aos anarquistas na Europa do século XIX, dentre elas a de que a educação deve ser um agente revolucionário e ter como objetivodestruir tudo o que oprime e explora o ser humano. Outra ideia central do movimento anarquista é a da pri- mazia do indivíduo sobre a sociedade, da qual decorre a noção de que o indivíduo é único e que possui, por sua natureza, direitos que não podem ser discutidos por nenhuma forma de organização social. O movimento também se posiciona contra o sistema de representa- ção característico das democracias liberais, afirmando a ação direta do indivíduo na sociedade. As ideias anar- quistas também contemplam a crítica a todas as formas de preconceitos morais e ideológicos, com isso preten- diam fazer do indivíduo um ser sem condicionamentos mentais, garantindo a sua total liberdade. Desse modo, pode-se sintetizar as ideias como: defesa de uma sociedade baseada na liberdade dos indivíduos, solidariedade, coexistência harmoniosa, propriedade coletiva, autodisciplina, responsabilidade (individual e coletiva) e forma de governo baseada na autogestão. b) Os anarquistas defendem que em lugar de se apoderarem do Estado, os trabalhadores devem lutar pela sua abolição radical e imediata. Da mesma forma, acreditam que deve ser abolido todo tipo de autoridade política opressora da liberdade humana. Preconizam a autogestão. E também concordam com a organização dos indivíduos. Essa organização deve levar em conta a ação consciente e voluntária de seus membros, promovendo a total igual- dade de modo a limitar as formas tradicionais de domí- nio político. Os anarquistas defendem desde o século XIX a criação de sociedades mutualistas, cooperativas, associações de trabalhadores (sindicatos e confedera- ções), escolas, colônias e experiências de autogestão. Anarquismo é uma filosofia política surgida no século XIX que engloba teorias, métodos e ações que objetivam a eliminação total de todas as formas de governo compul- sório. De um modo geral, anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita e, assim, preconizam os tipos de organizações libertárias. A consolidação dos seus ideais se baseia numa série de debates em torno da forma mais adequada para se alcan- çar e se manter uma sociedade anárquica. Eles perpas- sam a necessidade ou não da existência de uma moral anarquista, de uma plataforma organizacional, questões referentes ao determinismo da natureza humana, mode- los educacionais e implicações técnicas, científicas, sociais e políticas da sociedade pós-revolução. 02 Sugestão de resposta: Anarquismo é um movimento político-ideológico que prega que a sociedade existe de forma independente ao poder exercido pelo Estado, chegando, inclusive, a criti- car a própria existência do Estado, causador de diversos males à sociedade. Anarquista é qualquer movimento que se oponha à ordem social e política estabelecida ou aos costumes em vigor. Socialismo Utópico é uma corrente de pensamento oriunda do Socialismo que se baseia em um modelo idealizador das sociedades, objetivando o alcance da igualdade, harmonia e justiça social. Faz uso, por vezes, de ideais positivos, ima- ginários e futuristas que se opõem à luta de classes. Surgido no séc. XIX e classificado como a primeira fase do pensa- mento socialista, teve seus principais pensadores, conhe- cidos como socialistas utópicos, influenciados pelos ideais iluministas vigentes no período. A França no século XIX Aula 31 Questões Objetivas 01 D O autor do referido fragmento revelou sensibilidade em sua análise sobre a conjuntura europeia. Ele percebeu como o nacionalismo, sendo uma ideologia burguesa, aglutinadora de massas para a estruturação de Estados unificados, demarcaria a tendência da política europeia no referido período. As demandas sociais também estariam no cerne dessas questões, com a ampliação de políticas públicas materializadas por meio de direitos sociais para diminuir as tensões entre as classes. 02 C As diferentes forças mencionadas no enunciado (forças de conservação e de transformação) remetem à conjuntura europeia de desagregação do remanescente feudal e ao fortalecimento das relações capitalistas de produção, em parte representadas pela ascensão do Estado liberal bur- guês, pela expansão do nacionalismo e pelo avanço das práticas neocoloniais. 03 C A Comuna de Paris foi a primeira experiência de governo revolucionário operário na História. Foi fundada em 1871, como forma de resistência popular à invasão do exército da Prússia, em meio à Guerra Franco-Prussiana. Ao longo de dois meses, os membros da Comuna desenvolveram as bases de uma administração política voltada para os trabalhadores, porém foram derrotados em um sangrento massacre perpetrado por tropas prussianas e francesas. Questões Discursivas 01 a) Basicamente Burguesia e Proletariado formavam o duelo de classes citado pelo autor. b) A Revolução de 1789 tinha cunho político, era uma luta contra o Antigo Regime e as desigualdades criadas por ele. A Revolução de 1848 tinha cunho social, era um combate de classe e, assim, defendia a adoção de direitos trabalhistas e o sufrágio universal, por exemplo. 183CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 02 a) A Comuna de Paris foi uma insurreição operária de março a maio de 1871, quando o novo governo francês, liderado por Adolphe Thiers, subordinou-se às exigên- cias de Bismark, após a vitória prussiana sobre a França. Se para os alemães o momento representa a conclusão da unificação, para os franceses representou o fim da ditadura de Napoleão III e a perda de territórios. b) Influenciado por ideias socialistas, o governo da Comuna, instituído em março de 1871, adotou um conjunto de medidas que buscaram favorecer as massas trabalha- doras, destacando-se a abolição do trabalho noturno, a redução da jornada de trabalho, a concessão de pensão a viúvas e órfãos, a substituição dos antigos ministérios por comissões eletivas e a separação entre Igreja e Estado. c) A figura da mulher popular resgata a imagem tradicio- nal de “Marienne”, associada à liberdade. É verdade que Marienne e a Revolução Francesa são símbolos do liberalismo burguês, enquanto que, na gravura acima, a mulher representa a liberdade, sob ponto de vista popular. Do lado esquerdo há a imagem de um traba- lhador urbano e, do direito, de um trabalhador rural, reforçando o caráter popular e socialista do movimento. As unificações alemã e italianaAula 32 Questões Objetivas 01 E O sonho de uma unidade política italiana só se realizou no século XIX. Na Península Itálica, havia grande diferença entre o Norte, mais urbanizado e industrializado, e o Sul, mais agrário e tradicional. Por isso, ao longo do processo de unificação política, dois projetos surgiram: o do Norte defendia uma monarquia constitucional (era liderado por Cavour, ministro do rei Victor Emanuel II do Piemonte), enquanto o do Sul defendia uma República (liderado pelos revolucionários Mazini e Garibaldi). Em 1871, período em que a unificação foi concluída, o projeto nortista venceu. O Sul permaneceu, desde então, pobre e agrário. Porém, a construção de um Estado unificado não significava que o sentimento nacional italiano já existisse entre as várias camadas da população. Esse sentimento e a identidade a ele ligada precisavam ainda ser construídos. 02 D Os movimentos de unificação na Itália e na Alemanha foram orientados pelo liberalismo, na sua premissa eco- nômica e política. Mesmo que não houvesse ainda pleni- tude desses ditames ideológicos, eles ofereciam condi- ções para uma atividade econômica mais dinâmica e com uma intervenção estatal minimizada. No que concerne ao nacionalismo, pode-se compreendê-lo como uma ideolo- gia burguesa conservadora, que pretendia unir uma nação em torno de valores liberais, tentando impedir invasões externas e minimizar as insatisfações operárias e criando condições para práticas imperialistas neocoloniais. 03 C As unificações italiana e alemã alteraram profundamente o quadro políticoda Europa, no século XIX, rearticulando o equilíbrio do concerto europeu articulado pelo Congresso de Viena e instaurando um novo arranjo de alianças que resultaria na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Na base desses processos, estavam os movimentos liberais, acen- tuadamente nacionalistas nesses países. Questões Discursivas 01 O processo de unificação italiana ocorreu em meados do século XIX sendo concluído em 1871. Para impedir mudan- ças sociais significativas, a elite do país preferiu adotar uma monarquia constitucional, impedindo a adoção do modelo republicano e afastando o povo das grandes decisões polí- ticas. O processo de unificação foi feito de cima para baixo beneficiando a elite. Desta forma, após a unificação polí- tica do país ocorreu uma intensa imigração para a Amé- rica, em especial ao Brasil, para substituir os escravizados na lavoura cafeeira. 02 a) O processo de unificação da Alemanha ocorreu no século XIX, primeiro houve a unificação econômica atra- vés da criação do Zollverein em 1834, uma liga adua- neira entre todos os Estados, exceto a Áustria. Só em 1871 ocorreu a unificação política com o surgimento do II Reich. A proposta era conseguir a unidade política e adotar o protecionismo alfandegário para incentivar a indústria nacional e prejudicar a entrada de produtos oriundos da Inglaterra. b) A Alemanha para ter êxito na unificação política precisava fazer guerras contra países vizinhos contrários à ideia de unificação. Desta forma, o todo-poderoso Bismarck armou e militarizou a Prússia, que fez guerras contra a Dinamarca em 1864, a Áustria em 1866 e contra a França em 1870 na denominada Guerra Franco-Prussiana. A Prússia, líder do processo de unificação política, obteve êxito nas guerras e a unificação foi concluída em 1871. A Inglaterra e os Estados Unidos no século XIXAula 33 Questões Objetivas 01 B A Marcha para o Oeste, que ocorreu nos Estados Unidos, sobretudo na primeira metade do século XIX, aumentou muito a rivalidade entre o Norte e o Sul das 13 colônias ori- ginais. O Norte defendia o protecionismo e o trabalho livre assalariado, enquanto o Sul propugnava o livre-cambismo e o regime escravista. O Acordo de Mississippi, de 1820, garantia que os novos estados norte-americanos, surgidos no contexto da expansão para o Oeste, dependeriam de 184 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 sua localização geográfica para aderir ao regime escravista ou ao livre assalariado. O acordo foi rompido e surgiu o Compromisso Clay, pelo qual os novos estados pode- riam escolher seu regime de trabalho. O Sul, escravista, começou a levar desvantagem e ficou temeroso de que o Congresso, que eventualmente teria maioria de repre- sentantes dos estados contrários ao escravismo, acabasse com a escravidão. Essas diferenças entre o Norte e o Sul culminaram na Guerra de Secessão, ou Guerra Civil, que ocorreu entre 1861 e 1865. 02 A A Doutrina do Destino Manifesto transmitia a ideia de que o povo dos Estados Unidos fora eleito pela Providência Divina como o escolhido para conquistar o resto do mundo. Nesse sentido, era natural e necessário, para os estaduni- denses, expandir seu domínio para outros lugares, levando consigo sua cultura, considerada superior. Essa ideia foi usada para justificar várias expansões no território da Amé- rica do Norte, como o avanço para as terras a Oeste. 03 B Desde o Período Colonial, as regiões Norte e Sul das 13 colônias inglesas na América do Norte apresentavam grandes diferenças estruturais. Após a independência, constituiu-se uma única nação, mas as diferenças foram preservadas, sendo o Sul escravista e agrário e, como tal, defensor de práticas liberais na economia que favore- cessem o comércio exterior (baixas tarifas alfandegárias), enquanto os estados do Norte, apoiados na pequena pro- priedade e no trabalho livre, buscavam a industrialização e, portanto, defendiam o protecionismo comercial, como forma de reduzir a concorrência de produtos ingleses importados. Questões Discursivas 01 A partir da segunda metade do século XIX, aumentou de maneira considerável a malha ferroviária no Brasil e nos Estados Unidos, o que está vinculado diretamente à Pri- meira Revolução Industrial, que começou na Inglaterra no final do século XVIII. A elite econômica destes países tinha muito interesse na ampliação da malha ferroviária para escoar seus produtos até o porto. No caso brasileiro, havia uma elite agrária apoiada no trabalho escravo que dese- java transportar a produção de café do interior até o porto de Santos. Foi muito importante o investimento do setor privado, por exemplo, pelo poderoso Barão de Mauá. A partir de 1850, ocorreu uma modernização econômica no Brasil vinculada ao café (no plano interno) e à Revolução Industrial (no plano externo). Nos Estados Unidos ocorria a denominada “Marcha para o Oeste”, surgindo ferrovias que ligavam o Atlântico ao Pacífico. A descoberta de ouro na Califórnia em 1848 contribuiu muito para o crescimento das ferrovias naquele país. Nos dois países, o setor finan- ceiro estrangeiro, como os bancos ingleses, investiu na ampliação da malha ferroviária. 02 a) Segundo o texto, o enfraquecimento dos republicanos radicais (favoráveis aos negros) causado pela redução do apoio financeiro dos bancos a eles, devido à depres- são de 1873. Por outro lado, desencadeou-se a ativi- dade terrorista praticada pela Ku Klux Klan contra os negros nos estados sulistas. b) Diferenças entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos, sendo o primeiro industrial, burguês, abolicionista e defensor do protecionismo alfandegário; já o Sul era agroexportador, aristocrático, escravista e defensor do livre-cambismo. A independência das Américas espanhola e portuguesa Aula 34 Questões Objetivas 01 C O pesquisador João Paulo Pimenta mostra, por meio do texto, a luta da América espanhola para realizar sua eman- cipação política frente à Coroa espanhola, disposta a man- ter seus privilégios metropolitanos. O historiador também salienta o apoio dos Estados Unidos à independência das novas nações latino-americanas. Essa conjuntura serviu, cer- tamente, como modelo e referência para a emancipação política brasileira, em 1822, diante da metrópole portuguesa. 02 C A luta de independência do Haiti foi influenciada pelas ideias iluministas, pelas propostas dos jacobinos franceses e foi marcada por grande violência da revolução liderada pela população escravizada contra os proprietários rurais. A vitó- ria da revolução negra no Haiti provocou suspeitas de todas as nações mundiais contra o país, contribuindo para o enfra- quecimento de sua economia nos séculos seguintes. A inde- pendência de Cuba contou com apoio dos Estados Unidos na luta contra a metrópole espanhola, devido aos interesses estadunidenses sobre a produção açucareira da ilha, que passou a abastecer diretamente o país, sem o antigo inter- mediário. A independência cubana não alterou suas estrutu- ras latifundiárias, o que somente aconteceu após a Revolu- ção Cubana de 1959, que abriu caminho para o socialismo. 03 C O Haiti, mesmo experimentando um movimento republi- cano abolicionista popular, não vivenciou a estabilidade social entre ex-escravizados e colonizadores. Cuba teve sua emancipação apoiada pelos Estados Unidos, mas não se tornou parte do território norte-americano, e sim um protetorado. O movimento de emancipação na Amé- rica espanhola foi acompanhado de diferentes lideranças locais, que estimularam a fragmentação territorial e polí- tica na região, e não foi necessariamente conduzido pela Argentina. A independência do Brasil, assim como das demais nações americanas, não contou com a aceitação 185CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 imediata do colonizador. A independência dos Estados Unidos foi a primeira emancipação colonial, o que repre- sentou um referencial na adoção de um sistema republi- cano federalistana América. Além disso, as diferenças entre as ex-colônias do Norte e do Sul eram reconhecidas, o que levou a um ápice de tensões no século XIX, origi- nando a Guerra de Secessão Americana. Questões Discursivas 01 Simon Bolívar e José de San Martín são dois líderes da independência das colônias espanholas na América; o primeiro, a partir de região de Caracas, e o segundo, de Buenos Aires. Após a independência, San Martín se retirou da vida política, devido ao fracasso de seu pro- jeto monarquista; ao contrário, Bolívar se tornou gover- nante da Venezuela e liderou um movimento político em busca da unidade dos novos países latino-americanos, num ideal denominado pan-americanismo. A imagem de Bolívar é resgatada de forma heroica, como expoente da luta contra interesses imperialistas sobre a América, naquele momento, da Inglaterra. 02 A Revolução Francesa baseou-se nos princípios iluminis- tas que propagaram os ideais de liberdade e igualdade civil entre os homens. Quando os jacobinos assumiram o comando do país, durante a Revolução, propuseram o fim da escravidão nas colônias e, dessa forma, fortaleceram a luta pela libertação no Haiti. A luta pela independência do Haiti é considerada uma “Revolução Negra”, pelo caráter antiescravagista, e representou um conflito entre a popu- lação negra oprimida e escravizada e a elite branca, até então dominadora. A luta haitiana vivenciou diferentes etapas e se consolidou apenas em 1804. História 2 Período Regencial – Características e principais conflitos Aula 09 Questões Objetivas 01 E Durante as Regências, o Império do Brasil atravessou forte instabilidade política e social, uma vez que estava ausente o elemento de conciliação entre os vários interesses e anseios políticos dos grupos de elite e populares – a figura do impera- dor, detentor do Poder Moderador pela Constituição de 1824. Com isso, o projeto de um único Império continental centra- lizado no Rio de Janeiro foi contestado em diversas frentes, com o fortalecimento das correntes políticas federalistas, que defendiam maior autonomia às províncias. Ao mesmo tempo, grupos populares marginalizados em relação ao Estado revol- taram-se, contestando o projeto político de manutenção da escravidão e das hierarquias sociais tradicionais. 02 A O Golpe da Maioridade foi a resposta dos grupos liberais das elites políticas brasileiras à perda de poder durante o chamado Regresso, a última fase do Período Regen- cial. Desde a abdicação de D. Pedro I, o Império enfren- tava contínuas crises, guerras civis e revoltas, pondo em risco os interesses econômicos e políticos das elites regionais. Com isso, o Golpe foi articulado como uma retomada do poder pelos liberais, mas também como uma maneira de encerrar as tensões políticas, introdu- zindo, novamente, o maior elemento de centralismo na estrutura política do país, o imperador. José de Alencar, argutamente, percebeu os interesses particulares que estavam em jogo na articulação do Golpe, que não foi dado tendo em vistas ideais nacionalistas – estes eram alheios ao ethos da elite política brasileira de então. 03 E Durante o Período Regencial, o projeto político de um império continental centralizado no Rio de Janeiro e escravista (vitorioso no momento de criação do Estado Nacional na década de 1820) foi contestado por diversos grupos políticos e sociais, de elite ou populares. Assim, um projeto de cunho federalista, com maior poder e autonomia para as províncias, foi inicialmente vitorioso na década de 1830, conseguindo aprovar o Ato Adicional de 1834, em que diversas medidas concretizaram o aumento de poder das regiões afastadas do Rio de Janeiro – como a criação das Assembleias Provinciais. Ao mesmo tempo, eclodiram revoltas que tentaram radicalizar a disputa polí- tica, tanto por cima (caso das revoltas de grupos de elites regionais, melhor exemplificado pela Guerra dos Farrapos no Sul), quanto por baixo (caso das revoltas de grupos populares, inclusive de escravizados, exemplificada pela Cabanagem no Norte). Questões Discursivas 01 a) Vale do Paraíba, na região Sudeste. b) Bahia: agricultura. Pará: extrativismo. Rio Grande do Sul: pecuária. Maranhão: agricultura. São Paulo: agricultura. Minas Gerais: agricultura. 02 A Revolta dos Malês ocorreu na Bahia em 1835, porém, outras já haviam acontecido na região. O termo “imalê” é de origem africana (iorubá) e significa “muçulmano”. Os principais representantes dessa revolta foram os negros islâmicos que atuavam em atividades livres (negros de ganho, carpinteiros, artesãos, alfaiates, pequenos comer- ciantes, entre outras). Os negros estavam insatisfeitos com a escravidão, a exploração e a imposição do catolicismo, lutavam pela liberdade religiosa, confisco dos bens dos brancos, fim da escravidão e a implantação de uma Repú- blica Islâmica. Por esses motivos, foi uma das mais impor- tantes revoltas. Vale destacar a participação de liderança feminina e negra na figura de Luiza Mahin. O movimento fracassou e seus líderes foram violentamente reprimidos. 186 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Segundo Reinado – Estrutura políticaAula 10 Questões Objetivas 01 B Durante o Segundo Reinado, a figura do imperador foi fortalecida como principal elemento de centralização e coesão dos interesses díspares dos diversos grupos de elites regionais. O mecanismo adotado para garantir esse fortalecimento foi descrito pelo historiador Boris Fausto no texto que compõe o enunciado. Trata-se do particular parlamentarismo brasileiro, conhecido como parlamenta- rismo às avessas. Por meio deste mecanismo, o imperador poderia nomear e demitir o gabinete, forçando a dissolu- ção da Câmara e novas eleições. O sistema está às aves- sas, porque a fonte do poder está no alto (no imperador) e não abaixo, no corpo dos cidadãos. Usando desta prer- rogativa, D. Pedro II pôde equilibrar os interesses dos gru- pos em disputa, revezando-os no poder. Com isso a ordem política e social do Império, pautada no domínio dos gran- des senhores latifundiários e escravistas, foi preservada. 02 C A formação do Estado Nacional brasileiro foi um processo histórico em que estiveram, e estão ainda, em conflito diversos projetos políticos sobre como a Nação deveria ser organizada. Durante o Império, triunfou o projeto de um Império centralizado no Rio de Janeiro, porém, os pro- jetos concorrentes, que defendiam um pacto federalista com maior poder para as elites regionais (expressando-se em maior autonomia para as províncias), continuou pre- sente e, em alguns momentos, principalmente durante o Período Regencial, ganhou bastante expressão. A funda- ção do Partido Republicano procurou aglutinar as forças que defendiam o federalismo, ou seja, maior autonomia para as províncias em detrimento do poder central, expres- sando o federalismo, agora, na defesa da República. 03 E A Revolução Praieira eclodiu em Pernambuco, em 1848, como contestação ao centralismo do governo imperial no Rio de Janeiro. Os revolucionários, influenciados pela Pri- mavera dos Povos, na Europa, defendiam medidas de des- centralização e de maior liberdade, como o fim do Poder Moderador, a proclamação da República e o fim do voto censitário e aberto. Questões Discursivas 01 No Período Regencial, 1831-1840, surgiram os partidos políticos brasileiros: Partido Liberal, ou Luzia, e o Partido Conservador, conhecido como Saquarema. Ambos repre- sentavam os interesses da elite agrária. Entre 1840 e 1850 o Brasil viveu uma grande instabilidade política fruto, em parte, da imaturidade política de D. Pedro II, que era manipulado pelos dois partidos. Desta forma, em 1847, foi criado o Parlamentarismo como forma de alcançar a estabilidade política no país. Este sistema político foi ins- pirado no modelo Inglês, porém no Brasil ganhou outros contornos. Foi o Parlamentarismo às avessas. No Brasil, o imperador nomeava o primeiro ministro, que escolhiaos demais membros do conselho de Ministros que, por sua vez, promoviam as eleições para a câmara dos deputa- dos. Nas eleições, o partido vencedor possuía a maioria no legislativo. Tal sistema favorecia o fortalecimento do Poder Executivo (imperador) e a centralização político- -administrativa do império, beneficiando os grupos que apoiavam o imperador. Vale destacar que não havia dife- renças ideológicas entre os dois partidos, “nada mais parecido com um Saquarema do que um Luzia no poder”. 02 a) O regime monárquico de governo e o centralismo político-administrativo, sem autonomia para as pro- víncias. Pode-se mencionar ainda o "parlamentarismo às avessas", no qual o Imperador escolhia o primeiro- -ministro, com a complacência dos partidos (Liberal e Conservador) que se revezavam no poder. b) Expansão da cafeicultura, principalmente no Oeste Paulista, crescimento do trabalho livre aliado ao declí- nio do escravismo, um surto industrial associado ao processo de modernização e urbanização. Segundo Reinado – Economia e sociedadeAula 11 Questões Objetivas 01 B O fim do tráfico intercontinental de escravizados, promo- vido de maneira definitiva pela Lei Eusébio de Queirós, possibilitou o deslocamento do capital acumulado pela exportação do café e empregado, até então, em larga medida, na compra de escravizados (mão de obra para a atividade cafeeira), para o incentivo à industrialização, o que propiciou o início, ainda lento, do desenvolvimento industrial no Brasil. 02 C Ao longo do Segundo Reinado, o produto mais importante na pauta de exportações brasileira foi o café, que come- çou a ser cultivado em larga escala no Vale do Paraíba, no Rio de Janeiro, no início do século XIX. Nessa região, man- tiveram-se fortes vários traços tradicionais da sociedade brasileira, especialmente a rígida hierarquia social, com domínio de uma elite agrária latifundiária, e a submissão de uma vasta população negra e mestiça, africana ou não, à escravidão. Segundo historiadores, não imperou naquela região uma sociedade de classes, pois a presença do escravizado inibiu a participação direta dos homens livres e pobres na economia de exportação da sociedade cafeeira. 187CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 03 D Durante a segunda metade do século XIX, o sistema impe- rial entrou em crise no Brasil devido a profundas transfor- mações que então transcorriam em diferentes dimensões da sociedade. No âmbito social, podem ser citadas as transformações na estrutura social ligadas ao lento fim do escravismo, potencializado pela proibição do tráfico de escravizados em 1850 e o incentivo à instalação de imi- grantes europeus no Brasil para compor a mão de obra nacional. No âmbito cultural, cabe ressaltar a difusão do liberalismo e do cientificismo, de forma não limitada às eli- tes, mas compondo o fundo das reivindicações das novas classes médias urbanas por maior participação política e maiores direitos. No âmbito econômico, o crescimento da produção de café no Oeste paulista fortaleceu o poder dos cafeicultores paulistas por mudanças no regime polí- tico, de modo a contemplar melhor seus interesses econô- micos na esfera nacional. Questões Discursivas 01 Em razão da Revolução Industrial na Europa, as máquinas ocuparam um maior espaço no setor produtivo, gerando desempregados, lutas sociais etc. Desta forma, os euro- peus pobres se deslocaram para a América em países como Estados Unidos, Canadá, Argentina, Brasil, entre outros. No Brasil, boa parte ficou concentrada nas regiões Sudeste e Sul em função de importantes atividades econô- micas: café e indústria. A Lei de Terras, aprovada em 1850, rezava que a aquisição de propriedade agrária era só atra- vés de compras, o que contribuiu para a permanência da concentração fundiária, levando os imigrantes pobres para as lavouras de café no Sudeste. Muitos imigrantes euro- peus chegaram ao Sul do Brasil, antes da aprovação da Lei de Terras, e se estabeleceram em pequenas propriedades atuando em diversas atividades econômicas que abaste- ciam as cidades. 02 Semelhanças: entre outras, o latifúndio e a monocultura visando ao mercado externo. Diferenças: entre outras, em São Paulo surgiu uma elite que pode ser denominada “burguesia cafeeira paulista” com mentalidade empresarial e empreendedora vinculada ao capitalismo internacional (bem diferente da elite tradicional do nordeste colonial). No nordeste colonial prevaleceu a uti- lização do trabalho escravo africano enquanto em São Paulo ocorreu a transição do trabalho escravo para o trabalho livre com a chegada dos imigrantes. Segundo Reinado – Política externaAula 12 Questões Objetivas 01 A O texto destaca a política externa do Segundo Reinado na América Latina, entendida como hegemônica, imperialista, ou seja, buscava o predomínio frente aos demais países, defendendo, quando necessário, a intervenção direta. A Guerra do Paraguai deve ser entendida, aqui, como parte do imperialismo brasileiro, que interveio tanto na Argentina como no Uruguai, antes de enfrentar o Paraguai. Terminada a guerra, o Brasil, vitorioso, teve que enfrentar uma forte elevação da dívida externa com a Inglaterra e os novos movimentos defensores do abolicionismo e da República. 02 B A preocupação do governo imperial com relação ao Rio da Prata decorria da possibilidade de a Argentina se for- talecer o suficiente para se tornar um poderoso concor- rente na América do Sul (para o que também contribuía a diferença de regimes políticos entre Brasil e Argentina), podendo vir a invadir e dominar o Rio Grande do Sul e o Mato Grosso. 03 A A reforma eleitoral de 1881 alterou as regras eleitorais vigen- tes no Império desde a Constituição de 1824. Segundo o texto constitucional, o voto era censitário, indireto, e os analfabetos tinham direito de sufrágio. As eleições se davam em dois níveis, sendo o critério para a estratifica- ção correspondente à renda dos que poderiam ter direito de cidadania. Em um primeiro nível, os eleitores, chama- dos paroquiais, elegiam os eleitores de província. Depois, estes votavam nos deputados que comporiam a Câmara no Rio de Janeiro. A partir da Reforma de 1881, os eleitores paroquiais e os analfabetos (que compunham o grosso dos votantes) perderam o direito de voto, resultando em uma forte redução no número de eleitores no fim do Império. Questões Discursivas 01 a) Brasil, Argentina e Uruguai (na chamada Tríplice Aliança) contra o Paraguai. b) As causas da Guerra do Paraguai encontram-se na interferência do Estado brasileiro em problemas polí- ticos internos que atrapalhavam a consolidação dos Estados Nacionais de Argentina e Uruguai. Nesses dois países, disputas entre grupos políticos rivais atrapalha- vam a consolidação dos Estados e o Brasil, através de D. Pedro II, interferiu nessas disputas para ajudar seus aliados a chegar ao poder. Dentro desse contexto, Solano Lópes também se envolveu, tentando impedir que os aliados do Brasil chegassem ao poder na Argen- tina e no Uruguai, o que acabou por deflagrar a Guerra. 188 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 02 As novas pesquisas históricas não autorizam afirmar que a causa principal da Guerra do Paraguai foi a forte influência inglesa. Os fatores internos foram determinantes, tais como a disputa pela hegemonia regional entre o Brasil e a Argen- tina, controle da navegação pelos rios Paraguai, Paraná e Uruguai, criação de entraves à formação de Estados Nacio- nais fortes que unificassem a região, necessidade do Para- guai de controlar o estuário do Prata para acessar o Oceano Atlântico, garantia da proeminência brasileira ou argentina em relação aos demais Estados do Prata e a consolidação das fronteiras de províncias brasileiras, como Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Segundo Reinado – CriseAula 13 Questões Objetivas 01 E A questão remete à Lei Áurea, aprovada no dia 13 de maio de 1888 pela princesaIsabel, que pôs fim à escravidão no Brasil. Na verdade, tal prática estava sendo gradativamente reduzida no Império, mediante a aprovação de leis ante- riores, como a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, que aboliu o tráfico de escravizados, a Lei do Ventre Livre, de 1871, que concedeu liberdade para as crianças nascidas de mães escravizadas a partir dessa data, e a Lei dos Sexagenários, de 1885, que libertava os escravizados com mais de 65 anos. 02 D A Guerra do Paraguai teve consequências contraditórias para o Império brasileiro. Se, de um lado, o Brasil saiu-se vitorioso e o exército pôde se modernizar, profissionalizan- do-se, de outro, os membros desta instituição passaram a reivindicar maior poder político no Império, correspon- dendo ao novo prestígio social do exército, e os oficiais pas- saram, cada vez mais, a defender a bandeira abolicionista. 03 C A produção de café em larga escala, no Vale do Paraíba, entre as províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo, seguiu padrões tradicionais, isto é, grandes propriedades de terra com uso do trabalho escravo para cultivo e expor- tação do café. Esses primeiros cafeicultores compuseram a elite da corte, sendo o principal grupo de apoio ao imperador no Rio de Janeiro. Porém, após algumas déca- das de cultivo intensivo, o solo do Vale do Paraíba degra- dou-se expressivamente, forçando a produção a migrar para outras regiões – notadamente para o Oeste paulista, mas também a Zona da Mata de Minas Gerais. As cidades do Paraíba começaram a entrar em decadência à medida que os antigos barões do café não conseguiam mais com- petir com as novas zonas produtoras. A abolição da escra- vatura foi, nesse contexto, um golpe fatal nas capacidades produtivas dessa antiga elite, que, após a assinatura da Lei Áurea, retirou seu apoio à Monarquia. Questões Discursivas 01 a) Grupos contrários à Monarquia durante o Segundo Reinado, 1840-1889. O exército, que após o fim da Guerra do Paraguai, 1865-1870, ganhou consciên- cia enquanto corporação, adotou ideias Positivistas e defendeu o fim da Monarquia e a adoção de uma República com poder político centralizado. A Igreja, que desde a constituição de 1824 estava submetida ao poder do Estado através do Padroado e Beneplácito. Na década de 1870 dois bispos foram presos, des- gastando ainda mais a relação entre Estado e Igreja. Desta forma, esta instituição não tinha mais interesse na permanência da Monarquia no Brasil, contribuindo para a implantação da República que adotou o Estado laico. A Burguesia cafeeira paulista estava incomodada com a centralização do poder nas mãos do monarca através do poder Moderador e apoiou uma República com viés federalista, ou seja, dando autonomia para os estados da federação. Classe média urbana inte- ressada em uma República com uma natureza moder- nizante criando indústrias conforme a atuação de Rui Barbosa na fracassada política do Encilhamento. b) Sim, o 15 de Novembro de 1889 foi um golpe, consi- derando que a constituição brasileira de 1824 esta- beleceu uma monarquia hereditária e que, embora ocorresse uma modernização do país com o surgimento de uma elite forte, era possível negociar dentro do âmbito da monarquia, como aconteceu com a Inglaterra em 1689, que substituiu uma monarquia absolutista por uma monar- quia parlamentarista. Poderia ter sido elaborada outra constituição para o país, por exemplo. Segundo a antro- póloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz, autora de As barbas do imperador e do recente Brasil: uma biografia: “A gente aprende como historiador que não vale só você seguir sua ideologia”, sobre a ideia de que o que não cor- responde a uma idealização é tratado como revolução e o que não corresponde é golpe. “É golpe quando você tem uma movimentação política que coloca fim a um Estado legalmente constituído. A gente pode concordar ou não com a monarquia, mas era constitucional.” 02 a) Angelo Agostini criticava o imobilismo do Imperador diante dos problemas enfrentados pelo Império brasi- leiro no final da década de 1880. b) A crise vivida pelo Império pode ser explicada por uma série de fatores, a saber: transformações socioeconômi- cas derivadas da expansão cafeeira, imigração estran- geira, fim do tráfico negreiro, crescimento da campanha abolicionista e o aumento do movimento republicano. 189CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Primeira República – FormaçãoAula 14 Questões Objetivas 01 B Faz-se importante considerar café e indústria como par- tes integrantes do mesmo processo econômico no Brasil. Como o próprio texto da questão reforça: “É indispensá- vel reunir café e indústria como partes da acumulação de capital no Brasil”. 02 E A Primeira República no Brasil não pode ser considerada democrática, uma vez que os vícios eleitorais e do trato com a coisa pública impediam uma real participação popular, fortalecendo, ao contrário, os traços autoritários do regime. Ainda que não fosse democrática, a Primeira República logrou estabelecer um regime federalista, des- centralizando a administração do Estado. Assim, se no Império os presidentes de província eram escolhidos pelo poder central, na República, os presidentes de estado pas- saram a ser escolhidos por eleições diretas, mesmo que sob suspeitas frequentes e prováveis de fraude. 03 A Agostini, tendo sido um militante republicano atuante no contexto da crise do Segundo Reinado, adotou uma representação convencional, e por isso facilmente com- preensível para os contemporâneos da República nas ima- gens. Assim, a República era corporificada por uma figura feminina com vestes longas e portando o barrete (alusão à Revolução Francesa). A relação entre as figuras das Repú- blicas brasileira e argentina, conforme a primeira imagem, é de fraternidade e aproximação. Ao passo que a relação entre França e Brasil é representada pela relação maternal entre as duas, em que a República brasileira se colocava como admiradora e respeitadora da francesa. Questões Discursivas 01 a) Aos escravizados era proibido o uso de calçados. Por isso, os calçados eram um símbolo de liberdade. b) Realização de trabalhos eventuais e manuais e deslo- camento para os centros e periferias das cidades, para habitações como os cortiços. 02 O texto enfatiza a criação de símbolos para representar a República e a Pátria, depois da queda da Monarquia. Nesse sentido, a figura feminina foi amplamente utilizada. Na imagem, a utilização desses novos símbolos fica clara a partir (1) das mulheres (representando a República), (2) das crianças (representando o novo jovem governo) e da (3) bandeira (representando a nação brasileira). Primeira República – Domínio oligárquicoAula 15 Questões Objetivas 01 B A charge retrata a prática do voto de cabresto, que con- sistia na utilização, pelos poderosos coronéis de cada localidade, de táticas de coação para manipular as elei- ções, obrigando seu “rebanho”, isto é, todos aqueles que dependiam dos favores dos coronéis para sobreviver, a votar em candidatos escolhidos pelos grupos de elite. 02 E O coronelismo representou a evolução do mandonismo como sistema de controle social. Com a utilização cada vez maior de recursos do Estado, os líderes políticos locais faziam uso de práticas clientelísticas para constranger os eleitores a votarem em seus respectivos candidatos. 03 C A estrutura política da Primeira República, também conhe- cida como República Oligárquica, envolvia um encadea- mento das três esferas do Estado: municípios, estados e União. A política do café com leite (teórico revezamento de paulistas e mineiros no exercício da Presidência da República) era complementada pela política dos gover- nadores, em que estes negociavam com os coronéis, os líderes políticos locais, os votos de cada município (os cur- rais eleitorais) para os candidatos dos governadores, em acordo com o Governo Federal. Questões Discursivas01 A charge apresenta uma das facetas do Coronelismo, base da chamada Política dos Governadores, implemen- tada por Campos Salles. Os coronéis promoviam uma política conhecida como voto de cabresto, na qual obri- gavam as populações do interior a votar em candida- tos pré-escolhidos. A manipulação eleitoral foi uma das características políticas mais marcantes da República Oligárquica. 190 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 02 a) A charge faz referência ao contexto político da República Velha, 1889-1930, isto é, a política do café com leite, que consistia em alternância de poder no Executivo federal entre São Paulo rico em café e Minas Gerais rica em leite. b) O voto era de cabresto, imperando a força dos coronéis no pleito eleitoral. A cidadania era restrita, uma vez que a constituição de 1891 não permitiu o voto para analfa- betos. Havia muitas fraudes eleitorais. A Comissão Veri- ficadora de Poderes foi a justiça eleitoral da época, que “diplomava” os candidatos apoiados pelos coronéis e “degolavam” os candidatos de oposição. Primeira República – Principais conflitosAula 16 Questões Objetivas 01 B Os dois textos externam olhares diferentes sobre o movi- mento de Canudos. O primeiro excerto, de matriz cien- tificista e defendendo uma visão de mundo eugênica e racista, entende o conflito com base na divisão do bárbaro (o sertanejo) contra o civilizado. O segundo texto, litera- tura de cordel, associa o movimento de Canudos ao do Cangaço, liderado por Virgulino Ferreira, o Lampião, exal- tando as iniciativas populares de resistência política. 02 B O texto mostra que a inserção do Rio de Janeiro na Belle Époque foi controversa e conturbada, pois, ao mesmo tempo que ruas e monumentos se agigantavam, proble- mas urbanos surgiam, como assassinatos e escândalos. 03 D A política dos governadores, fundada pelo presidente Campos Salles, tinha como objetivo estabelecer um acordo entre o Executivo federal (presidente) e o Executivo esta- dual (governador). O presidente enviava verbas para os governadores, que, em troca, favoreciam a vitória política de parlamentares (deputados e senadores) que apoiassem os projetos do Executivo federal no Congresso Nacional. Questões Discursivas 01 a) Pode-se citar: 1) a insalubridade da cidade, responsável pela epidemia de algumas doenças, como a varíola; e 2) a presença de diversos cortiços na cidade, construídos em antigos casarões. b) Pode-se citar: 1) derrubada dos cortiços (política do “bota-abaixo” de Pereira Passos); e 2) intensa chegada de imigrantes à cidade. 02 O desenvolvimento urbano no Brasil estava limitado pelos interesses dos grandes proprietários rurais, principalmente aqueles ligados à cafeicultura. No entanto, o crescimento da indústria era real e ganhou impulso durante a Primeira Guerra Mundial. A classe operária era formada principalmente por imigran- tes italianos e seus descendentes organizaram os primei- ros sindicatos sob influência do anarquismo, bem como algumas greves, com destaque para a greve de 1917, em São Paulo, mas que também atingiu outras cidades. As principais reivindicações estão associadas à redução da jornada de trabalho e ao aumento de salários. Outras gre- ves ocorreram nos anos seguintes, fortalecendo o movi- mento operário, que passa a ser entendido com maior preocupação pelas autoridades políticas. Primeira República – Crise e a Revolução de 30Aula 17 Questões Objetivas 01 E O movimento revolucionário de 1930, que culminou com o fim da Primeira República, marcou o início de um pro- cesso de modernização industrial no país, porém com viés político ainda marcadamente conservador. Getúlio Vargas tencionava atingir um grau de desenvolvimento urbano e industrial que equiparasse o Brasil às potências capita- listas, o que seria feito por meio de uma relação política fortemente centralizadora, autoritária e personificada na imagem de Vargas, sem a participação popular. 02 C A tabela fornece dados importantes da economia brasileira no contexto da Primeira República (1889-1930). A implan- tação da República não alterou, a princípio, o perfil econô- mico do Brasil, cuja economia manteve forte dependência do setor agroexportador e uma presença pouco significa- tiva no ramo da infraestrutura industrial. Isso remete à ques- tão política da época, em que o Brasil era governado pelas elites locais, pelos barões do café, leite, cacau, borracha etc. Somente a partir de 1930 (Era Vargas – 1930-1945), com a participação do Estado na regulação e no controle direto da economia, ocorreu uma modernização da economia brasi- leira com a indústria de base, as estatais, como a Vale do Rio Doce e a Siderúrgica Nacional de Volta Redonda. 191CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Geografia 1 Estrutura geológica do BrasilAula 09 Questões Objetivas 01 B A estratificação observada na imagem indica uma rocha de origem sedimentar. 02 C De modo geral, os cálculos da indústria de carvão, petró- leo e gás apontam para um crescimento de 30% a 50% no setor, chegando a 75% da matriz energética em 2040. No entanto, a análise da Carbon Tracker Initiative ques- tiona essa previsão e aponta para o contrário: uma queda na demanda por energia de fontes fósseis. Por exemplo, a demanda por carvão na China caiu 2,9% em 2014 e 5% no primeiro semestre de 2015. A crença do mercado em um crescimento progressivo da demanda por combus- tíveis fósseis apoia-se no crescimento do setor de trans- porte, mas desconsidera, por exemplo, o crescimento no uso de veículos elétricos e o aperfeiçoamento de fontes alternativas de energia. As indústrias também apostam no aumento populacional, para cerca de 9 bilhões de pessoas em 2040, enquanto as Nações Unidas calculam que este número será alcançado apenas em 2050. 03 B A região do Vale do Ribeira, ao sul do estado de São Paulo, é uma extensão dos Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, área de dobramentos antigos, de cumes elevados (os chamados anticlinais) e vales encaixados (os sinclinais). Questões Discursivas 01 a) O Brasil é privilegiado quanto às estruturas geológicas em seu território. Os escudos cristalinos são importan- tes pois concentram grande quantidade de recursos minerais, principalmente metálicos, como ferro, man- ganês e níquel. Outros recursos são também relevan- tes, como o granito (rocha magmática intrusiva) e o mármore (rocha metamórfica), amplamente utilizados na construção civil. As bacias sedimentares são impor- tantes devido à ocorrência de grandes aquíferos (água subterrânea) como o Guarani e SAGA (Sistema Aquífero Grande Amazônia) em rochas porosas como o arenito. Também apresentam os recursos minerais energéticos como petróleo (pós-sal e pré-sal nas bacias recobertas pelo mar), gás natural, carvão mineral e óleo e gás de folhelho betuminoso. 03 A A noção de antropofagia, conforme defendida pelos artis- tas participantes da Semana de Arte Moderna de 1922, procurava estabelecer uma relação de apropriação cultural com os movimentos artísticos internacionais. Imaginava-se poder absorver o máximo possível das vanguardas artís- ticas europeias, digerindo esses elementos no contexto da cultura tradicional brasileira, com vistas a produzir uma nova arte realmente brasileira. Questões Discursivas 01 a) A "política do café com leite", surgida no governo do pre- sidente Campos Salles, foi uma política de revezamento do poder nacional executada na República Velha pelos esta- dos de São Paulo – mais poderoso economicamente, prin- cipalmente devido à produção de café – e Minas Gerais – maior polo eleitoral do país da época e produtor de leite. b) A "política do café com leite" foi quebrada quando o então presidente paulista Washington Luís apoiou a candidatura do também paulista Júlio Prestes, o que desagradou a elite mineira, que se aliou à elite do Rio Grande do Sul, juntamente com a Paraíba, para acriação da Aliança Liberal, dissidência oligárquica que lançaria Getúlio Vargas como candidato à presidência. Outro fator para a queda desta política foi a Crise de 1929, quando os preços do café brasileiro despencaram no mercado internacional, retirando dos barões do café seu poder político. 02 I) a) Fim da política oligárquica e centralização política. b) Criação da Justiça eleitoral e voto secreto. II) a) A Revolta do Forte de Copacabana – De 1922, foi o primeiro movimento militar armado que tinha a pretensão de tirar do poder as elites tradicionais. Durante toda a manhã do dia 5 de julho, do mesmo ano, o Forte de Copacabana sustentou fogo cerrado. Diversas casas foram atingidas na trajetória dos tiros até os alvos distantes, matando dezenas de pessoas. Eram 301 revolucionários – oficiais e civis voluntários – enfrentando as forças legalistas. b) A Coluna Prestes – No início de abril de 1925, as for- ças gaúchas comandadas pelo capitão Luís Carlos Prestes se uniam com as tropas que fugiam de São Paulo. Os dois grupos haviam participado das rebe- liões do ano anterior, mantiveram focos de resistência e procuravam manter e fortalecer sua organização, para retomar a luta pelo grande ideal: Salvar a Pátria. 192 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 b) Os escudos cristalinos ou Crátons são as estruturas geológicas mais antigas, visto que foram formadas no Pré-Cambriano, quando se deu o resfriamento da crosta terrestre. As bacias sedimentares se formaram nas eras geológicas posteriores (Paleozoico, Mesozoico e Cenozoico) com base na deposição de partículas minerais e matéria orgânica proveniente da erosão dos escudos cristalinos. No Brasil, o relevo, representado por planaltos, depressões e planícies, situa-se sobre as estruturas cristalina e sedimentar. 02 a) As fases III e Vlb apresentam como processos formadores das rochas, respectivamente: a sedimentação, cujos exemplos são o arenito, o calcário e a areia; e a solidificação, cujo exemplo é o basalto. b) A relação entre as rochas e o relevo pode ser encontrada no substrato do Planalto Arenito-Basáltico, onde está localizado o estado de São Paulo. Agentes do relevo e processos geomorfológicosAula 10 Questões Objetivas 01 D O item incorreto é o 1, visto que o assoreamento é o acúmulo de sedimentos no fundo do leito de rios, lagos e reservatórios. Dessa forma, o fenômeno acontece em superfícies mais rebaixadas do relevo. 02 C Os planaltos onde se encontram a maioria das bacias hidrográficas que atravessam o Centro-Sul do país são bastante antigos, cuja formação geológica remonta às primeiras eras da história da Terra. Assim, um intenso processo de erosão teve lugar já há muito tempo, alterando continuamente as formas do relevo e modificando a direção dos rios. Além disso, Minas Gerais, um estado planáltico por natureza, apresenta a tendência a um desgaste maior. E, dentro do período de 1,3 milhão de anos, curto em termos geológicos, várias escarpas que formavam a borda da Bacia do Rio São Francisco foram profundamente alteradas. 03 D A alternância entre um canal anastomosado, tortuoso e subdividido, que naturalmente retém sedimentos e desacelera a velo- cidade das águas, e um curso retilíneo, que permite maior velocidade e deposição de sedimentos, é um fator determinante para explicar as inundações ocorridas em Paris. Questões Discursivas 01 a) A erupção vulcânica (EV), dentro da classificação de fatores tectônicos e geológicos, situa-se em uma escala de tempo média, de 10³ anos. Como suas regularidades, seus movimentos de massa e seus impactos são também de impacto inter- mediário, classifica-se como um mesoevento. Assim, sua posição é indicada na tabela a seguir: Magnitude relativa do evento Escala de tempo 1 dia 10 anos 103 anos 106 anos 108 anos Megaevento SM Mesoevento EV Microevento OA b) Ondulações de areia (OA) possuem regularidade alta ao passo que desloca pouca quantidade de massa e em menor escala; dessa forma, na tabela, encontra-se na classificação como microevento na escala de 1 dia. Características inversas ocorrem com o Surgimento de Montanhas (SM), que demoram mais a acontecer, porém são de grandes proporções e deslocam imensidões de massa, sendo, portanto, um megaevento na escala de 108 anos. c) A voçoroca é uma feição erosiva profunda esculpida por erosão pluvial (causada pela água da chuva). Todavia, o processo de formação é gradual, começa com um microevento, que pode ser um sulco (pequena feição erosiva), depois evoluir para uma ravina (média feição erosiva) até atingir grande dimensão, como é o caso da voçoroca. 02 a) A litosfera corresponde à crosta terrestre, formada por rochas (agregados de minerais no estado sólido). A crosta, por sua vez, é dividida em placas tectônicas. A astenosfera corresponde ao Manto Superior, que apresenta estado pastoso e maio- res temperaturas. 193CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 b) As correntes de convecção correspondem aos fluxos de materiais como o magma entre as camadas da estrutura interna da Terra, por exemplo, entre a astenosfera e a litosfera. Materiais incandescentes menos densos fluem de camadas profundas com temperaturas mais altas rumo à superfície. Outros materiais fluem em direção às camadas com maior profundidade. O vulcanismo é uma das manifestações superficiais das correntes de convecção quando o magma é expelido na superfície por meio de erupções vulcânicas, principalmente nas faixas de limite entre as placas tectônicas. Relevo do BrasilAula 11 Questões Objetivas 01 E As escarpas dos planaltos da porção oriental do Brasil, deno- minadas serras, com terrenos mamelonizados pela erosão pluvial, característica do clima tropical úmido, intensamente devastadas pela ocupação antrópica, correspondem aos mares de morros. 02 A Os campos de altitude constituem formação rica em bio- diversidade, com prevalência de espécies herbáceas de pequeno porte e poucas espécies arbóreas e arbustivas. Sua ocorrência em áreas sob influência da altitude – tem- peraturas mais baixas – está vinculada a chuvas bem distri- buídas ao longo do ano. 03 D A ideia da inter-relação entre os elementos do quadro natu- ral e a ação antrópica serviu de base para que o professor Aziz Ab'Sáber desenvolvesse o conceito de Domínio Mor- foclimático, que pode ser definido como uma região homo- gênea na qual os elementos do quadro natural se mantêm constantes ao longo do território, mas sofrem alterações promovidas pelas atividades desenvolvidas pelo homem. Questões Discursivas 01 a) A localização do país no meio da Placa Sul-Americana garante maior estabilidade geológica. b) Escorregamento ou deslizamento é a ocorrência de desprendimento e transporte de solo ou material rochoso de encostas em razão de fatores como o tipo e nível de coesão do solo, a declividade da encosta, a retirada da cobertura original e a forte infiltração da água. As inundações são o transbordamento das águas de um canal de drenagem resultante de assoreamento, impermeabilização de terreno e lançamento de esgoto na drenagem, combinados com precipitações intensas. Tais eventos se configuram como desastres naturais em razão do impacto e da vulnerabilidade que causam sobre o ambiente urbano. 02 a) Um dos processos responsáveis pela degradação do solo no Brasil é o desmatamento em larga escala, que torna o solo mais vulnerável à erosão pluvial. As áreas florestais são as que menos sofrem com o processo ero- sivo. As culturas temporárias como o algodão causam maior erosão porque o solo fica exposto após a colheita. As culturas perenes, como o café, causam menos ero- são, visto que a vegetação protege o solo. b) O cultivo em curvas de nível reduz a velocidade do escoamento superficial da água e diminui a erosão do solo. A infiltração no solo também é estimulada. Outras possibilidades de práticas conservacionistas: terracea- mento, reflorestamentocom espécies nativas e plantio direto (realização do novo plantio com a manutenção da matéria orgânica da safra passada protegendo o solo contra a erosão, além de aumentar sua fertilidade). Origem e propriedades dos solosAula 12 Questões Objetivas 01 C O processo intempérico altera a composição da rocha em razão das reações físico-químicas provocadas pela água da chuva, pelo ar que a penetra e pela ação dos micror- ganismos que ali se instalam. O processo cria diferentes camadas conhecidas como horizontes, nas quais ocorre o seguinte: o horizonte O concentra grande quantidade de húmus, o horizonte A possui muitos componentes altera- dos, e o horizonte C, em discussão na questão, é aquele onde o intemperismo ainda é incipiente e se podem encontrar fragmentos de rochas não alteradas. 02 A O processo de dessalinização da água corresponde a um método em crescimento no mundo como alternativa para enfrentar crises hídricas, especialmente em ambientes ári- dos e semiáridos. Embora em algumas partes do mundo esse processo seja intensamente utilizado em razão da grande escassez de água doce, como é o caso de países do Oriente Médio, especialmente Emirados Árabes Unidos e Israel, não é possível afirmar que seu uso seja generali- zado, uma vez que muitos países que apresentam grandes limitações hídricas não fazem uso desse processo, como os países da África Subsaariana. 03 C A partir de sua criação, os transgênicos passaram a ser cultivados em vários países do mundo, ricos ou em desen- volvimento. Assim, países como os EUA e o Canadá, ricos, e Brasil, Argentina e Índia, emergentes, todos eles tradicionalmente rurais, cultivam vastas extensões com plantas transgênicas, como a soja, o milho, o algodão e a cana-de-açúcar. 194 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Questões Discursivas 01 a) O Oeste Paulista se insere nos planaltos e chapadas da Bacia do Paraná. Entre os fatores naturais que explicam a alta vulnerabilidade à erosão é a alta pluviosidade (erosão pluvial) associada ao clima tropical (principal- mente no verão), bem como a presença da bacia hidro- gráfica do Paraná (erosão fluvial). Além desses motivos, há também a ocorrência de alguns solos com textura arenosa, mais suscetíveis à erosão. b) Para minimizar a erosão, uma medida de caráter edá- fico (ou pedológico: relativo às características do solo) pode ser o reflorestamento com o objetivo de estimular o desenvolvimento dos horizontes O e A com matéria orgânica. Outras possibilidades são o plantio direto (realizado com manutenção dos restos orgânicos da safra anterior: reduz a erosão e eleva a fertilidade do solo) e a rotação de culturas. Uma medida de natureza mecânica seria realizar o cultivo em curvas de nível ou terraceamento no intuito de diminuir a velocidade de escoamento superficial da água, reduzir a erosão e aumentar a infiltração de água no solo. 02 a) Alterações promovidas pela sociedade nos subsiste- mas A (atmosfera) e B (litosfera) podem levar à deser- tificação. Por exemplo, o desmatamento e o uso incor- reto do solo sem práticas de conservação resultam na redução da evapotranspiração e das chuvas, além da intensificação dos processos erosivos. b) O desmatamento do Cerrado (avanço do agronegócio) leva ao aumento da erosão do solo, o material erodido é transportado causando o assoreamento (acúmulo de partículas minerais) no leito dos rios (C – hidrosfera). O uso indiscriminado de agrotóxicos também contamina os rios com prejuízo para a biodiversidade, além do envenenamento de trabalhadores e consumidores. A água na dinâmica ambientalAula 13 Questões Objetivas 01 C O uso indireto de água doce corresponde à quantidade de água utilizada para a fabricação de bens de consumo. 02 C Nos rios, importantes agentes modeladores do relevo, os processos de erosão de suas margens e de transporte mais intenso de materiais são característicos de seu alto curso. No baixo curso nas proximidades da foz, em tese, a velocidade diminui, reduzindo a capacidade de arrastar materiais contidos em seu caudal, passando a predominar o processo de sedimentação. 03 D Os recursos hídricos constituem patrimônio coletivo. A legislação pátria impõe a proteção aos mananciais e regra o uso de tais recursos, priorizando a apropriação deles para atender diretamente às necessidades humanas mais básicas em detrimento da produção econômica – se for o caso. Na atividade agropecuária – entre as atividades eco- nômicas, a que mais consome água –, é obrigatório o uso racional dos recursos hídricos e dos meios para a sua con- servação, a fim de assegurar a perenidade de sua oferta e a continuidade de utilização. Questões Discursivas 01 a) A relação entre os gráficos e as curvas são: Y–2; Z–1; W–3. b) A ocupação do espaço altera os sistemas naturais, a exemplo dos gráficos apresentados, onde a retirada da cobertura vegetal e a impermeabilização do solo por meio da cobertura asfáltica elevam a vazão da água, resultando em alagamentos e enchentes. 02 a) No cenário B, aconteceu um possível desmatamento, e a superfície ficou desprotegida em relação ao impacto da precipitação. As consequências são o aumento do escoamento superficial da água (corrente), a elevação da erosão do solo e a diminuição da infiltração de água no solo. b) Em áreas urbanas, com a impermeabilização do solo por concreto e asfalto, tem-se uma redução substancial da infiltração de água; logo, o aumento do escoamento superficial faz uma grande quantidade de água atingir, além dos rios, também lagos, reservatórios de água para o consumo humano e lagos de hidrelétricas. Assim, nes- ses locais, são igualmente possíveis transbordamentos e inundações. Nas áreas urbanas, a disposição inadequada do lixo e o entupimento de galerias pluviais também geram inundações que atingem moradias e avenidas. Os recursos hídricos brasileirosAula 14 Questões Objetivas 01 D A salinidade da água será maior nas proximidades do Rio Apodi, pois no trajeto do caudal escoado a partir do médio São Francisco em canais abertos, a água sofrerá intensa evaporação, uma vez que os canais atravessarão áreas de elevado potencial de evaporação, característico dos domínios do clima semiárido. 195CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 02 C A concentração de aguapés no médio Tietê é consequên- cia do processo de eutrofização, resultante do despejo de esgotos e da descarga de fertilizantes agrícolas. 03 C Entre os fatores antrópicos relacionados com a escassez de recursos hídricos estão o comprometimento da qualidade das águas decorrente da poluição, ocorrendo tanto nas águas superficiais quanto nas reservas subsuperficiais e as do subsolo, e a excessiva utilização dos recursos para o con- sumo humano e animal e para as atividades econômicas, sem a preocupação com a recuperação das reservas naturais. Questões Discursivas 01 A feição apontada pelo número 1 constitui o divisor de águas, áreas que apresentam maior altitude e que separam bacias hidrográficas. No desenho ampliado, observa-se o escoamento superficial da água nas vertentes alimentando os rios. Também se observa o fluxo de água subterrânea possivelmente alimentada pela infiltração proveniente da superfície. O escoamento superficial e os rios são agentes externos importantes na modelagem do relevo, dando ori- gem ao vale visualizado na imagem. Em um rio, jusante é quando o sentido da corrente se estabelece em direção à foz; já montante, em direção à nascente. 02 a) O Rio São Francisco é perene, pois nasce em Minas Gerais (área de clima tropical de altitude) e atravessa o Sertão do Nordeste com clima semiárido, sendo vital para abasteci- mento humano de água, agricultura irrigada, transporte (hidrovia) e geração de energia (hidrelétricas). b) A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco sofreu intensa degradação ambiental nas últimas décadas. Entre os problemas estão lançamentode esgotos domésticos sem tratamento, deposição de resíduos industriais, des- pejo de lixo, lançamento de resíduos de mineração, devastação das matas ciliares e assoreamento. Assim, é fundamental investir na revitalização da Bacia do São Francisco, inclusive para viabilizar no médio e longo prazo os benefícios do projeto de transposição. A complexidade do climaAula 15 Questões Objetivas 01 C A cidade de Novosibirsk está localizada na Sibéria em elevadas latitudes, onde os climas são extremamente frios no inverno, com temperaturas negativas. Porém, no verão, há aumento das temperaturas, que se tornam positivas, o que permite maior evaporação das águas das circunvizinhanças do Rio Ob. Uma repentina queda de temperatura, causada pela chegada de uma frente fria nesse mês de julho de 2014, em pleno verão, acabou por solidificar as gotas de chuva, que se precipitaram na forma de um violento granizo. 02 B O clima urbano resulta da interação de fatores locacionais determinantes: latitude, altitude, relevo, continentalidade, maritimidade, massas de ar e correntes marítimas, com as alterações promovidas pelo homem. De modo geral, as áreas centrais da mancha urbana têm temperatura mais elevada. Quanto mais periférica for a posição na mancha urbana, menor é a temperatura. 03 C As correntes de Benguela e Humboldt são, respectiva- mente, responsáveis pela formação do Deserto de Kalahari e do Atacama. A alternativa A é incorreta porque a Corrente Humboldt responde pelo Deserto de Atacama e Benguela, pelo Kalahari. A alternativa B é errada, pois a Corrente das Agulhas ou de Madagascar banha parte da costa da Ilha de Madagascar, enquanto a de Falkland percorre o Atlântico Sul na costa americana. Na letra D, informações incorretas, pois a Corrente de Falkland percorre a costa atlântica da América do Sul e a da Guiné percorre o Golfo da Guiné. Na alternativa E, a Corrente da Guiné banha o Golfo da Guiné, e a Corrente da Antártica circunda o Polo Sul, logo, é incorreta. Questões Discursivas 01 a) Na figura 1, observa-se o fenômeno da ilha de calor nos centros urbanos em decorrência da maior densi- dade de edifícios, concreto e asfalto. Superfícies como telhados e pavimentos escuros apresentam maior absorção de radiação e reflexão baixa para a atmos- fera (albedo). b) Entre as estratégias para mitigar (reduzir) as ilhas de calor que causam desconforto térmico nas cidades, cita-se a implantação de áreas verdes (arborização de ruas e can- teiros centrais de avenidas e estabelecimento de novas praças, parques e unidades de conservação). As superfí- cies florestadas absorvem menos e refletem mais radia- ção. Outra medida é modificar casas e prédios, como pintar telhados de branco, implantar jardins verticais e estruturar jardins e hortas na parte superior dos edifícios. 02 As áreas de maior intensidade de chuvas ácidas são Europa ocidental e nordeste dos Estados Unidos. A causa para a formação de chuvas ácidas é a emissão de gases poluentes como o SO3 e NH3, que, em suspensão, reagem com a umidade e precipitam-se sob forma de ácido nítrico e sulfúrico. As consequências da chuva ácida são corrosão de metais e carbonatos, desflorestamento, contaminação de cursos de água, esterilização do solo, dentre outras. 196 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Os tipos climáticosAula 16 Questões Objetivas 01 C A chegada de uma frente fria, provocada pela massa polar atlântica (um sistema de ciclone extratropical), com ventos intensos que vêm do oceano em direção ao continente, impulsiona grandes volumes de água em direção à costa, resultando em problemas para as comunidades litorâneas. 02 A O avanço dos anticiclones polares – mPa, massa polar atlântica, fria e úmida – na porção centro-sul do Brasil provoca, no primeiro contato dessa massa com sistemas de maior temperatura, instabilidade e precipitações. Sua passagem é seguida de queda de temperatura e preva- lência de ar mais seco. Esse avanço ocorre todo o ano. No verão, são as chuvas frontais, muito volumosas; no inverno, as geadas e até esporádicas precipitações de neve. As chuvas orográficas ou chuvas de relevo ocorrem particular- mente em áreas de encosta e não necessariamente estão associadas ao avanço da mPa. As chuvas convectivas são mais comuns na faixa equatorial e tropical. 03 A O fenômeno climático observado no mapa-múndi, que ocorre de dezembro a fevereiro, é o El Niño, responsável pela ocorrência das chuvas e das secas em várias partes do mundo. Questões Discursivas 01 A climatologia tradicional baseia-se nas descrições dos padrões de distribuição temporal e espacial dos elemen- tos do tempo, enquanto a climatologia dinâmica enfatiza os movimentos atmosféricos em várias escalas, particular- mente, na circulação geral da atmosfera. Dentre suas divergências, a corrente tradicional indica uma leitura descritiva da atmosfera, ignorando as intera- ções entre os elementos do clima, ao passo que a corrente dinâmica analisa as interações dos elementos e fatores, as diversas escalas de espaço, as variáveis que incorrem sobre o clima e a explicação da origem da condição atmosférica resultante basicamente da ação das massas de ar e dos fenômenos frontogenéticos. Dentre as principais inovações trazidas pela climatologia dinâmica, pode-se citar a compreensão dos processos da gênese do clima, revelando a dinamicidade atmosfé- rica, que, aplicada nos sistemas agrícolas, deverá levar ao aumento da produtividade. 02 O tipo de chuva característico dos arredores de Quinault Ranger é a chuva orográfica ou de relevo, que se dá em razão de o ar quente e úmido formar nuvens que se preci- pitam somente na vertente oceânica (barlavento). Na ver- tente interior (sotavento), não chove porque a montanha força a ascensão das nuvens que se resfriam, perdendo a capacidade de saturação e precipitação. Climas do BrasilAula 17 Questões Objetivas 01 A As chuvas torrenciais que caracterizam o sul e o sudeste asiático no verão boreal decorrem dos ventos de mon- ções, ou simplesmente monções, que, nessa época do ano, sopram de zonas de pressão atmosférica elevada, que se formam sobre o Oceano Índico, em direção ao con- tinente asiático, para onde levam grande volume de água, em forma de vapor, presente na atmosfera. 02 B As precipitações estacionais concentradas, no inverno aus- tral, no litoral oriental da Região Nordeste do Brasil devem-se à conjugação de dois fatores: a chegada à região da massa polar atlântica – fria e úmida – mais intensa no inverno, causa- dora de frentes frias, e a convergência de ventos alísios. 03 E Tanto as estiagens como as enchentes mais pronunciadas são fenômenos que ocorrem episodicamente, não se confi- gurando necessariamente mudança climática. É fundamen- tal lembrar que o clima é o resultado de uma sucessão de tipos de tempo que se observa durante um período longo, não sendo possível chegar a conclusões com a análise de apenas alguns poucos anos. Nos últimos anos, tem se tor- nado constante a ocorrência de fenômenos como estiagens e enchentes. Enquanto estas decorrem das exacerbações das precipitações pluviométricas em áreas próximas a outras que são comumente chuvosas, as secas pronunciam-se nas adjacências de áreas onde os estios são mais severos. Questões Discursivas 01 No sul e sudeste asiáticos prevalece o clima tropical de monções. O verão é muito chuvoso, uma vez que predo- minam ventos úmidos impulsionados pela alta pressão sobre os oceanos em direção aos continentes com baixa pressão. O inverno é seco, pois dominam ventos secos oriundos da alta pressão sobre o continente em direção aos oceanos com baixa pressão. A oscilação de pressão é decorrente de diferenças de aquecimento entre o oceano e o continente. 197CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Os altos índices pluviométricos no meio do ano (verão no Hemisfério Norte) provocam enchentes em extensasáreas em países como Índia, Bangladesh e Tailândia, o que explica a inundação na caverna (geologia e relevo de carste) tailandesa e a complexidade do resgate do time de futebol. 02 a) A frente é o contato entre massas de ar com caracte- rísticas físicas diferentes. No caso de uma frente fria, a MPA (massa polar atlântica), com maior pressão, afasta as massas de ar quentes. Quando a frente fria atinge a Amazônia provoca um fenômeno chamado friagem, isto é, queda abrupta de temperatura em alguns dias. b) Os ventos alísios se formam em uma zona de alta pres- são localizada em posição subtropical, geralmente ao sul do Trópico de Capricórnio no caso do Hemisfério Sul. Os alísios convergem para a ZCIT (Zona de Con- vergência Intertropical) na faixa equatorial. Nesta, o clima é equatorial, ou seja, temperaturas muito altas, elevada umidade do ar devido à intensa evapotranspi- ração, períodos de intensa nebulosidade (com forma- ção de cúmulos-nimbos), chuvas de convecção e alta pluviosidade. Geografia 2 O comércio no mundo globalizadoAula 09 Questões Objetivas 01 C Observando-se a tabela, pode-se afirmar que a maioria das exportações atuais do país destina-se aos países em desen- volvimento, que lideram tanto em valor como em quantidade exportada. 02 E Bill Clinton argumenta em favor dos lucros produzidos pelas ONGs, pois, devidamente aplicados, beneficiam o setor social carente. 03 E A partir da década de 1980, com as mudanças nas diretri- zes econômicas, a China passou a apresentar um elevado e sustentado crescimento que a levou a se tornar, desde 2010, o segundo maior PIB do mundo. Essa performance exigiu do país mais e mais matérias-primas, produtos agrí- colas e fontes de energia, não apenas de seu território, mas também de todo o mundo. Assim, a África, com suas riquíssimas reservas minerais, tornou-se fornecedora na última década devido ao seu potencial gigantesco. Em troca de investimentos em setores como construção civil, indústria e atividades agrícolas, a China garante o acesso a recursos naturais, como petróleo. Questões Discursivas 01 Quanto ao volume de capital mobilizado no comércio inter- nacional, destacam-se a Europa Ocidental (onde se localiza a União Europeia), a América do Norte (corresponde ao NAFTA: Estados Unidos, Canadá e México) e o Sudeste Asiático/Oceania (onde situam-se a Austrália, Japão, Tigres e Novos Tigres Asiáticos, bem como a China, maior expor- tadora mundial). São as regiões mais dinâmicas no comércio global, visto que apresentam países desenvolvidos e muitos emergentes com alto crescimento econômico e ampliação dos mercados consumidores internos. O maior volume nas transações deve-se também ao maior valor agregado dos produtos comercializados entre América do Norte, União Europeia e Ásia, visto que prevalecem manufaturados. A Europa Ocidental é grande exportadora de produtos industrializados, inclusive de média e de alta tecnologia, na qual se destacam países como a Alemanha. A maior parte do comércio é realizada entre os países da região, devido ao funcionamento da União Europeia e à presença de mercados consumidores com maior renda. No caso da América do Sul e do Caribe, o volume das transações comerciais é bem menor, e a maior parte do comércio é realizada com nações de fora da região. Destacam-se as exportações de commodities minerais, agrícolas e energéticas para países desenvolvidos e emergentes. Um dos exemplos são as exportações bra- sileiras para a China, dominadas por produtos básicos como minério de ferro e soja. 02 a) A Vale do Rio Doce e a Petrobras foram criadas nos governos de Getúlio Vargas, em um regime político caracterizado pela centralização do poder e pelo nacio- nalismo. A Vale foi criada em 1942 durante o Estado Novo, e a Petrobras, em 1953, no período democrático. Em termos econômicos, esses períodos foram carac- terizados por uma significativa intervenção do Estado na economia e nos meios de produção, com desta- que para a nacionalização dos recursos naturais, como o petróleo e os minerais metálicos, investimentos em infraestrutura de produção e criação de grandes empre- sas estatais, principalmente indústrias de base, visando à industrialização e à substituição das importações. b) Essas empresas são consideradas estratégicas por conci- liarem dois produtos importantíssimos para a economia brasileira: o petróleo, uma das principais fontes de ener- gia do país, e os minerais metálicos, empregados em larga escala no processo industrial e no mercado de exportação de commodities. Esses produtos têm um grande peso no PIB nacional, cuja variação dos preços no mercado internacional impacta diretamente a balança comercial, gerando reflexos na economia brasileira. Cabe destacar ainda a importância dessas empresas na atração de inves- timentos estrangeiros, na geração de empregos diretos e indiretos e também no recolhimento de impostos. 198 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 A formação espacial do BrasilAula 10 Questões Objetivas 01 C A foto retrata o momento da história no qual a sociedade brasileira deixava de ser uma sociedade rural e adentrava um período de urbanização acelerada. Nesse contexto, dois elementos se tocam: o passado, representado pela carroça puxada por cavalo, e o outro, representado pelo “moderno” bonde, que exige um ritmo mais rápido, mais frenético. A ima- gem mostra bem o que aconteceu na cidade de São Paulo. 02 C Na imagem, é possível perceber a elevada segregação socioespacial presente em grandes centros urbanos como São Paulo. A foto mostra nitidamente a divisão da socie- dade no espaço e as diferenças socioeconômicas existen- tes ao destacar o contraste marcante entre o condomínio de alto padrão, cercado por muros altos e com grande infraestrutura de lazer, e a favela do Morumbi, em que fica evidente o caráter periférico e desordenado da ocupação. 03 C Com o advento da industrialização, a rede urbana articulou- -se e ganhou dimensão nacional. Em um primeiro momento, desenvolveu-se e possibilitou a criação de um sistema hie- rarquizado conectado às redes internacionais. Questões Discursivas 01 a) Durante o século XX, verificou-se uma urbanização bastante concentrada na Região Sudeste do país, a mais industrializada e com o setor terciário mais desen- volvido. A partir do Censo de 1980, observa-se uma intensa urbanização de regiões como Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte. A partir de 1980, nota-se que mais de 50% da população em todas as regiões bra- sileiras era urbana, ultrapassando o porcentual de população rural. O benefício trazido pelo processo de desconcentração industrial ocorrido a partir do Censo de 1980 permitiu que a Região Centro-Oeste, mesmo sendo a de menor população do país, apresentasse crescimento considerável em sua taxa de urbanização. b) A rede urbana refere-se ao conjunto de cidades peque- nas, médias e grandes, como as metrópoles, que se relacionam de forma hierárquica. A partir da década de 1960, com o deslocamento da capital para Brasília (DF) e expansão das atividades econômicas como o agronegócio no Centro-Oeste, aconteceu uma urbani- zação vigorosa da região com o surgimento de muitas cidades. Goiânia logo se tornou uma metrópole regio- nal, uma vez que é a capital administrativa de Goiás, importante centro de comércio e serviços, além de industrialização na sua região metropolitana. 02 a) Na imagem de satélite noturna, os pontos luminosos representam a rede de cidades. b) Na figura II, observa-se a megalópole brasileira, uma área bastante urbanizada e formada por várias regiões metropolitanas: São Paulo, Campinas, Soro- caba, Baixada Santista (polarizada por Santos), Vale do Paraíba (polarizada por São José dos Campos) e Rio de Janeiro. c) A rede urbana apresenta uma desigualdade no território brasileiro que reflete a distribuição da população e o nível de desenvolvimento socioeconômico e regional. A redeurbana é mais densa nas regiões com maior urbanização, industrialização e consumo de energia, como o Sudeste, Sul, trechos do Centro-Oeste e costa do Nordeste. No Norte, parte do Centro-Oeste e Sertão semiárido do Nor- deste, a rede urbana é menor devido à menor densidade em termos demográficos e econômicos. A regionalização do Brasil segundo o IBGEAula 11 Questões Objetivas 01 B Os sistemas de telemarketing só se tornaram viáveis em larga escala com a facilidade de acesso às redes de tele- fonia, fixa ou móvel (celulares). No Brasil, especificamente, os processos de privatização dos sistemas de telecomuni- cação, a partir da década de 1990, permitiram que grande parte da população dispusesse de serviços de comércio on-line, tornando os call centers uma forma de comuni- cação entre compradores e fornecedores. Essa situação configura-se também no âmbito mundial, com grandes redes de vendas ligadas aos consumidores por call centers localizados em países por vezes distantes, como a Índia. 02 A A Revolução Informacional, a despeito de seu alcance global, tem como protagonistas alguns poucos Estados, com maior desenvolvimento da infraestrutura de comuni- cações e com empresas na vanguarda da tecnologia de informação. 03 B Uma das principais fontes de renda da Região Norte se baseia no extrativismo mineral. O estado do Pará, um dos que têm maior potencial de riqueza do Brasil, produz bau- xita (minério de alumínio) em Oriximiná, no baixo Vale do Rio Amazonas; minério de ferro em Parauapebas, no corredor Carajás, e o caulim, em Paragominas (Ipixuna). 199CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Questões Discursivas 01 a) O agro-hidronegócio é um conceito que concebe a água como insumo essencial da cadeia produtiva, em que a água em estado líquido se transforma em produtos. Desse modo, entre as características que definem o agro-hidronegócio no Polígono estão terras planas e férteis, condições favoráveis à mecanização, investimentos estatais e privados, forte disponibilidade hídrica por meio de barragens, grandes rios, lagos e aquíferos, além do regular índice pluviométrico. b) Dentre as justificativas para a elevada concentração da produção canavieira na região, pode-se citar a logís- tica dos corredores de exportação, a proximidade do mercado consumidor, a presença de solos férteis, os incentivos fiscais para a produção e os investimentos empresariais e tecnológicos. 02 a) As mesorregiões são respectivamente Sul Catarinense, Grande Florianópolis e Região Serrana. b) As microrregiões são Araranguá, Criciúma e Tubarão. c) Dentre os setores industriais, destaca-se a produção de cerâmica de revestimentos, louças e cristais. d) O tipo de formação rochosa da Formação Rio Bonito é arenítico associado a camadas de carvão. Suas princi- pais características são uma sucessão sedimentar cíclica de arenitos, siltitos e folhelhos, cuja formação ocorreu em um ambiente costeiro. Registra abundância de res- tos vegetais em sua formação, encontrados nos exten- sos depósitos de carvão mineral. Os complexos geoeconômicos do Brasil e os Quatro Brasis Aula 12 Questões Objetivas 01 A As populações caiçaras, geraizeiras, ribeirinhas e faxinalen- ses são consideradas populações tradicionais, cujos modo de vida e sistema de produção, tomados como característi- cas culturais inerentes, são objeto de proteção pelo Estado. Essas populações sobrevivem de atividades de subsistên- cia – agricultura, pesca, silvicultura e caça – e atividades complementadas como o artesanato. O excedente da produção desses grupos é dirigido para mercados locais. 02 C Os principais centros de gestão empresarial, segundo o IBGE, em Regiões de influência das cidades (2007), são, em ordem de importância, São Paulo, Rio de Janeiro e Bra- sília. As metrópoles do Sudeste detêm essa importância por sediarem empresas que nas últimas décadas descen- tralizaram suas atividades industriais. Já Brasília coloca-se como um dos principais centros decisórios por sediar inú- meros organismos da administração pública federal que exercem direta influência sobre o planejamento e as dire- trizes econômicas do país. 03 D Tradicionalmente, a maior parte das relações de traba- lho presentes nos grandes latifúndios de cana-de-açúcar ao longo do território brasileiro é marcada pela migração sazonal de trabalhadores conhecidos como boias-frias, que se deslocam para trabalhar nos períodos de colheita, retornando ao seu município de origem quando esse tra- balho se encerra (movimento migratório também conhe- cido como transumância). Questões Discursivas 01 Dentre as mudanças político-administrativas ocorridas na Região Centro-Oeste no período de 1950-1990, pode-se citar a criação de Brasília, a divisão do estado do Mato Grosso em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e a divisão do estado de Goiás em Goiás e Tocantins, passando este a ser parte da Região Norte. Dentre as características socioeconômicas atuais da região, têm-se elevada taxa de urbanização resultante da produção agropecuária modernizada, expressiva produção do agro- negócio para exportação e elevada concentração fundiária. 02 Na Região Metropolitana de São Paulo, duas caracterís- ticas de economias de aglomeração que estimularam a concentração industrial foram o grande mercado consu- midor e a disponibilidade de capital para investimentos. Entre os fatores de desconcentração nas últimas décadas, citam-se congestionamentos de trânsito, alto valor dos ter- renos, maior carga tributária para as empresas e salários mais elevados com sindicatos combativos. Esses fatores desestimularam a aglomeração industrial, com empresas se instalando no interior paulista e em outros estados. Conceitos e tendências populacionaisAula 13 Questões Objetivas 01 A A partir de 1990, observa-se uma contínua queda no incre- mento populacional mundial, devido à queda nas taxas de natalidade decorrente da elevação do nível de instrução, da adoção, cada vez mais significativa, de métodos contra- ceptivos e, principalmente, da inserção da mulher no mer- cado de trabalho. No entanto, esse crescimento continua positivo, mas, em prospectiva, deverá ser cada vez menor. 200 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 02 A A moderna lógica de organização produtiva do território nacional caracteriza-se pela centralização da gestão nos principais centros urbanos do país, como pode ser obser- vado no mapa, sobretudo no destaque dado a São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Belo Horizonte. Os novos fatores locacionais e o desenvolvimento das telecomuni- cações permitiram a desconcentração da produção, que também foi influenciada por fatores como saturação dos grandes centros e incentivos fiscais. 03 D Com o fim da Guerra Fria e o colapso do mundo socialista, a Divisão Internacional do Trabalho (DIT) – fundamentada nos sistemas socioeconômicos capitalismo e socialismo, os quais embasaram a classificação dos países conforme a “Teoria dos Mundos”– perdeu o sentido. Nessa teoria, o Primeiro Mundo era constituído por países capitalistas desenvolvidos; o Segundo Mundo, países socialistas, e o Terceiro Mundo, subdesenvolvidos. Gradativamente, a nova DIT adotou a bipolarização Norte-Sul. Nessa nova proposta de divisão, os países ricos, independentemente de sua posição geográfica, se boreal ou austral, passaram a ser denominados países do Norte, e os pobres, do Sul. Essa divisão é ilustrativa das desi- gualdades existentes entre os países em escala global. Questões Discursivas 01 a) Em países como o Brasil, a necessidade de políticas públi- cas de planejamento familiar ocorre para conscientizar os indivíduos a respeito da formação da família para que esta cresça de forma saudável, enquanto, em países como a Dinamarca, busca-se o aumento da natalidade como forma de recompor a taxa de reposição da população. b) Porque pode achatar a taxa defecundidade do país, redu- zindo a reposição da população e a população economi- camente ativa, enquanto eleva a proporção de idosos. 02 Os dados de Burkina Faso sugerem que o baixíssimo nível de escolaridade resulta em precárias condições sociais, ilustradas na pirâmide pela base larga e pelo topo estreito, indicando elevada taxa de natalidade e baixa expectativa de vida. Os dados de Sri Lanka sugerem que o maior nível de esco- laridade reflete em menores taxas de fecundidade e maior expectativa de vida. As teorias demográficasAula 14 Questões Objetivas 01 C O nível de consumo menor nos países do Sul deve-se ao menor poder aquisitivo de suas populações. Esse modelo de desenvolvimento e de consumo é norteado pelo lucro, que não tem como referência preocupações com o meio ambiente. 02 A O espaço urbano de São Paulo é marcado por clara segre- gação socioespacial, com aumento de ocupações irregu- lares, especialmente em áreas da periferia norte e sul do município. 03 E A microrregião do Cariri, ao sul do estado do Ceará, insere-se no Sertão Nordestino, área caracterizada pela seca em razão do predomínio de clima semiárido, o que colabora com os históricos fluxos migratórios que se diri- gem para o litoral, com destaque para a Região Metropoli- tana de Fortaleza. Entretanto, as características naturais da região não explicam o fenômeno por si só, tendo em vista que a má distribuição de terras, marcada pela presença de extensos latifúndios, colabora com o agravamento da fome e da miséria, o que intensifica a evasão populacional. Questões Discursivas 01 a) Comparando o crescimento demográfico ocorrido após a Revolução Agrícola Neolítica e o ocorrido com a Revolução Agrícola da Idade Média, percebe-se que, no primeiro momento, período em que se inicia a sedentarização do homem com o rudimentar con- trole sobre sua produção de alimentos, o crescimento populacional foi bastante modesto. Já no segundo momento, o desenvolvimento de instrumentos e téc- nicas permite a expansão da produção de alimentos, aliada ao aumento da produtividade, resultando em um expressivo crescimento populacional. b) Os dados do gráfico contrariam a Teoria Malthusiana, segundo a qual o aumento populacional seria superior ao aumento da produção de alimentos. 02 a) As diferenças nas tendências de crescimento estão relacionadas, principalmente, aos diferentes níveis de desenvolvimento socioeconômico desses dois grupos de países. No grupo dos mais desenvolvidos, o maior conhecimento e o uso de práticas anticonceptivas, os melhores níveis de educação, a maior presença da mulher no mercado de trabalho, o retardamento dos matrimônios, o alto custo de criação dos filhos, o plane- jamento familiar, a urbanização, dentre outros implica- ram a diminuição gradativa na taxa de fecundidade ao longo do tempo, reduzindo o crescimento demográfico. 201CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 Nos países menos desenvolvidos, a menor renda fami- liar e os baixos níveis de escolaridade, somados às difi- culdades de acesso aos serviços de saúde, dificultam o planejamento familiar, contribuindo para manutenção de elevadas taxas de fecundidade e um consequente crescimento demográfico. b) Países mais desenvolvidos: dificuldades de manuten- ção do sistema previdenciário, aumento nos gastos com saúde, redução na oferta de mão de obra e conse- quente aumento no seu custo. Países menos desenvolvidos: aumento nos custos dos investimentos públicos como saúde, educação e pro- gramas sociais, falta de postos de trabalho e achata- mento salarial. O crescimento populacional brasileiroAula 15 Questões Objetivas 01 B Em razão de seu grau de polarização, em parte devido à enorme oferta de serviços e trabalho, a Região Metro- politana de São Paulo apresenta um arranjo populacional que envolve um intenso movimento pendular no âmbito da chamada macrometrópole, alcançando cidades que distam até mais de 100 quilômetros da capital, tais como Jundiaí, Santos, Cubatão, Campinas, Bragança Paulista, São José dos Campos etc. 02 A A partir da década de 1950 e, principalmente, da seguinte, teve início, no Brasil, uma série de políticas de integração territorial que visavam à ocupação das regiões Centro- -Oeste e Norte do país, as quais se achavam isoladas do processo de desenvolvimento econômico. Esse incentivo atraiu enormes contingentes populacionais, o que facilitou o crescimento contínuo de suas populações. 03 A O Índice de Desenvolvimento Humano leva em consideração três elementos: a educação (geralmente se utiliza o tempo de escolaridade, quantidade média de anos que os alunos fre- quentam a escola), a saúde (para a qual se utiliza a expectativa de vida) e a renda (chega-se a ela pelo cálculo da renda per capita corrigida pelo poder de compra, levando-se em conta o custo de vida). No caso da charge, critica-se a baixa renda dos habitantes que, vivendo nas ruas, não têm recursos para obter uma alimentação decente e regular. Questões Discursivas 01 O crescimento vegetativo de uma população é calcu- lado por meio da diferença entre as taxas de natalidade (nascimentos a cada 1 000 habitantes) e mortalidade (mor- tes a cada 1 000 habitantes). A taxa de fecundidade corres- ponde ao número médio de filhos por mulher na idade fér- til, portanto interfere na taxa de natalidade. Assim, quando a taxa de fecundidade tem queda, a taxa de natalidade sofre diminuição. As taxas de natalidade e fecundidade caí- ram no Brasil nos últimos anos devido a múltiplos fatores, entre os quais estão a urbanização, a melhoria do acesso aos serviços de educação e saúde, a difusão do acesso a anticoncepcionais e a emancipação feminina. 02 A população brasileira surgiu com base em forte pro- cesso de marginalização, principalmente de indígenas e afrodescendentes, contidos pela supremacia de povos dominadores, principalmente portugueses. Por tal motivo, a sociedade brasileira continua estratificada, cabendo às parcelas brancas o poder econômico e social, restando aos afrodescendentes e indígenas a exclusão social. Panorama das imigrações no BrasilAula 16 Questões Objetivas 01 A Considerando o fato de que o estilo de vida camponês se assemelha muito à vida urbana, principalmente em regiões mais desenvolvidas socioeconomicamente, e o acesso à energia elétrica permitiu a instalação nas moradias rurais de uma série de eletrodomésticos, como geladeiras, televisões, freezers e computadores, que aproximam as pessoas do estilo de vida cotidiana urbana, a população rural começa a reproduzir de forma expressiva o comportamento do habi- tante do meio urbano. 02 B O fim do tráfico negreiro, por força da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, coincidindo com a expansão da cafei- cultura no oeste paulista, assinalou o início de um acen- tuado crescimento da imigração europeia, destinada a suprir a falta de mão de obra que então se esboçava. A tabela apresentada confirma essa tendência, pois a produção permaneceu em ascensão mesmo quando o café passou a apresentar excedentes, porque a “política de valorização do café”, sistematizada no Convênio de Taubaté (1906), continuou a estimular a atividade cafeeira. Nesse quadro, eventuais reduções no fluxo imigrató- rio foram compensadas em quinquênios subsequentes, merecendo destaque, por sua intensidade, a queda verifi- cada em 1915-1920, devido à Primeira Guerra Mundial. 03 B A Serra do Espinhaço e principalmente o Vale do Rio São Francisco, desde os primórdios da colonização, consti- tuíram-se delimitantes do avanço da colonização para 202 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS VESTIBULARES SP – LIVRO 2 as terras do Sertão. Inicialmente, ao longo do Vale do Rio São Francisco, disseminou-se a atividade pecuária extensiva e, a posteriori, a cultura do algodão. As ban- deiras oriundas da Vila de São Paulo contribuíram para a fixação de povoados com base em atividades ligadas à mineração e, em menorproporção, à agricultura de sub- sistência e à pequena criação de gado. As monoculturas concentravam-se nas porções litorâneas, onde clima e solo eram mais férteis. Questões Discursivas 01 a) Fluxo de emigração e migração de retorno: a par- tir da década de 1980, o Brasil conheceu um forte movimento de saída de brasileiros para o exterior, em busca de trabalho e melhores condições de vida. Com a posterior crise econômica mundial, os países centrais geraram a reversão das expectativas daque- les que viviam no exterior, e vários tomaram a decisão de retornar ao Brasil, caracterizando um expressivo fluxo de retorno (não há registrados dados exatos desses fluxos). No Japão e na União Europeia, por exemplo, foram criados programas de retorno volun- tário assistido, oferecendo apoio àqueles que, por falta de condições financeiras, não tinham meios para retornar ao seu país. b) Fluxo de imigração: a situação econômica privile- giada do Brasil em relação a outras nações, no início dos anos 2000, aumentou as solicitações de vistos de trabalho de estrangeiros em empresas brasileiras, por exemplo, o que indica uma situação de aumento da mão de obra capacitada no Brasil recente. Outro exemplo é a situação dos haitianos que buscam refú- gio no Brasil, devido às catástrofes ambientais e con- dições de extrema pobreza no Haiti. 02 O processo de globalização contém diversos aspectos que privilegiam as migrações internacionais, dentre os quais: a evolução dos meios de transportes e telecomunicações; a abertura dos mercados e consolidação dos blocos eco- nômicos promovendo a permeabilidade das fronteiras; o aumento do abismo socioeconômico Sul-Norte. Dentre os aspectos motivadores das migrações, pode-se citar: conflitos civis e regionais responsáveis por grande número de deslocados; diferenças étnicas, políticas e ideo- lógicas; busca por melhores condições salariais e emprega- tícias; cataclismos naturais. Migrações internas no BrasilAula 17 Questões Objetivas 01 E A grande questão que envolve as populações infantis que vivem nas cidades é o crescimento desordenado do número de crianças, seja pela maior taxa de natalidade observada entre as populações pobres, seja pelo próprio contingente de crianças migradas. Esse maior número de crianças nem sempre tem a seu favor o atendimento social necessário, e, assim, a “vantagem urbana” (constituída pelo maior atendimento quanto à educação e à saúde) se perde. 02 E No período de 2004 a 2009, as metrópoles da Região Sudeste apresentaram alto grau de saturação das infraes- truturas urbanas, o que provocou uma diminuição dos flu- xos migratórios. Logo, a escassez de empregos superou a demanda por eles, ocasionando um fluxo contrário, ou seja, migrações de retorno. 03 B A transferência de população das áreas rurais para as áreas urbanas está na origem dos grandes aglomerados metropolitanos, que se expandiram sobretudo devido ao processo de industrialização. Essa transferência rural- -urbana possibilitou uma grande mobilidade social, visto que, a despeito de um grande número de migrantes continuar na condição de marginalizados nas grandes cidades, houve uma substancial melhoria no padrão de vida de alguns deles. Questões Discursivas 01 Um efeito positivo para a economia do Brasil decorre do perfil dos imigrantes venezuelanos, grande parte inte- grando a população em idade ativa (acima de 15 anos) e com ensino médio e superior concluídos; portanto, trata-se de mão de obra com maior qualificação em várias áreas. Entre as alterações decorrentes da entrada de imi- grantes venezuelanos está o aumento da proporção de adultos na composição etária de Roraima. Entre outras alterações na demografia do estado, observa-se um aumento significativo na população absoluta, uma vez que Roraima é o estado menos populoso do país, além de uma elevação na proporção de homens. 02 a) O país de origem desse fluxo recente é o Haiti, cujas razões de natureza física e social são respectivamente os abalos sísmicos ocorridos particularmente em 2010 e a miséria crônica da população. b) A entrada dos imigrantes se dá por esse trecho em razão da vulnerabilidade da fronteira, que possui fiscalização ineficaz, maior ação de grupos de tráfico que facilitam o ingresso dos imigrantes por meio de pagamento, pai- sagem marcada pela floresta exuberante que cria rotas invisíveis perante a fiscalização e presença de rodovias que garantem a mobilidade dos imigrantes.