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Luiz Eduardo Soares
O tráfico não está vencendo o confronto contra o Estado. Mas os governos, representantes legítimos da autoridade estatal, também têm sido derrotados. Os meninos do tráfico morrem antes dos 25 anos e os governos tendem a viver o acuamento provocado pelas limitacoes de seu próprio poder. Todos perdem e partcicipam de um jogo perverso. Isso acontece porque, infelizmente, apesar dos milhares de profissionais honestos, dedicados, sérios e competentes, que merecem todo nosso respeito, solidariedade e admiracao, segmentos de ambas as polícias fazem parte da rede que articula o comércio ilegal de armas e drogas. Há pelo menos duas décadas as comunidades de várias favelas e bairros periféricos de nosso estado (assim como de alguns outros) são submetidas à dupla tirania imposta por criminosos armados que exercem o domínio territorial e por grupos corruptos e violentos de policiais que se aliam aos primeiros, negociando uma convivência pacífica, ou que praticam extorsoes para afirmar sua paradoxal autoridade.
Por isso, iludem-se os que descrevem a situacao como um enfrentamento entre aqueles que estao à margem da lei e os que representam o poder do Estado e, portanto, a legalidade. Se fosse assim, tudo seria mais fácil. A verdade é que apesar de esforcos sinceros de mudanca de alguns governos, setores numericamente consideraveis das polícias fazem parte do novelo criminoso e alimentam a reproducao do tráfico. Nesse sentido, o próprio Estado, há muitos anos, passou a ser parte do problema. Isso aconteceu porque a irresponsabilidade de governos e de setores da opiniao pública gerou situacoes nas quais as corporacoes policiais receberam sinal verde para agir com independência dos limites legais, na suposicao equivocada de que deveriam e poderiam fazer *justica com as próprias maos*. Os policiais sujaram as maos e macularam a imagem de de suas instituicoes . Por isso, será indispensável criar condicoes políticas para que se aplique um programa radical e irreversível de reforma e moralizacao das polícias, valorizando salarial e profissionalmente os policiais, reorganizando os mecanismos de gestao institucional e qualificando os instrumentos de controle interno e externo.

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