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Introdução à Sociologia da Educação 1 ESTÁGIO SETORIAL DE MONITORES - SCMB Introdução à Sociologia da Educação DEPA Introdução à Sociologia da Educação 2 ESTÁGIO SETORIAL DE MONITORES DO SCMB Introdução à Sociologia da Educação (VIOLÊNCIA ESCOLAR) Introdução à Sociologia da Educação 3 Pág Apresentação 4 Estrutura de Estudo e Pesquisa da Apostila 4 Nossa intenção educativa 4 Mapa Concetual 7 Desafio 9 Unidade I- Violência Escolar -Texto Único- Caracterização do Fenômeno 13 Unidade II- Potenciais Vítimas de Bullying - Texto Único: O Bullying e o Cyberbullying 18 Unidade III-Possíveis formas de atuação dos Monitores - Texto Único- Os Colégios Militares, Bullying e a prevenção 22 Pra (não) Concluir - Referências/Leituras complementares indicadas 26 28 Introdução à Sociologia da Educação 4 O QUE VOCÊ VAI ESPERAR NESTE ESTÁGIO Apresentação Diariamente temos uma práxis pedagógica automatizada encoberta pela rotina escolar: formaturas diárias, aplicação de Fichas de Observação (FO), acompanhamento das atividades de Educação Física e Turno Integral, atendimento aos pais e aos responsáveis dos discentes, dentre outras atividades. A importância de todos os membros da escola merece uma atenção de estarem bem preparados na atuação competente em educar os alunos. Nesta apostila veremos os seguintes aspectos sobre violência escolar: Violência Escolar. Potenciais vítimas de Bullying. Possíveis formas de atuação dos monitores.. Mapa Conceitual Observe que o mapa conceitual (página 07) mostra os conteúdos abordados nesta disciplina. Os conteúdos estão legatos por setas que se relacionam e se completam, sendo importantes para apreensão da aprendizagem. Perceba que os conceitos mais amplos vêm em destaque e o principal está localizado no centro. ESTRUTURA DE ESTUDO E PESQUISA DA APOSTILA O desenho educacional desta apostila, visa proporcionar- lhe aprendizagens significativas, a partir da construção de competências e o desenvolvimento de habilidades que serão úteis para uma atuação competentes na educação de nossos alunos do SCMB. A apostila de Estudos e Pesquisa apresenta os seguintes elementos: INTENÇÃO EDUCATIVA Descrevemos aqui as competências e habilidades que você deverá desenvolver. Para facilitar seu estudo, você encontrará relacionados todos os descritores que deverá alcançar nesta disciplina. TEXTOS BÁSICOS São os textos que desenvolvem os temas. DESAFIO Você encontrará no início da apostila um texto colocado para desafiar com reflexões sobre as suas expectativas e seus sentimentos em relação à sua formação. É importante Introdução à Sociologia da Educação 5 que você pense muito sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nossa aprendizagem. O QUE VOCÊ PENSA DISTO? Foram colocadas no início e/ou ao longo de cada texto questões para estimulá-lo a verificar o que você pensa a respeito do tema que vai ser estudado. Faça uma síntese de suas reflexões. Elas são parte integrante da avaliação de sua caminhada no curso. INTERVALO Ao lado dos textos básicos, você encontrará “em INTERVALO” novos textos, novas visões sobre o tema abordado no texto básico, exemplos, atividades e sugestões para enriquecer ou concretizar o seu estudo. MÍDIAS INTEGRADAS Nesse espaço você encontrará indicação de vídeos sobre o tema em estudo que fará o link com o seu aprendizado. SINTETIZANDO E ENRIQUECENDO NOSSAS INFORMAÇÕES Você encontrará neste espaço questões que visam ajudá-lo a fazer um resumo dos textos e enriquecê-los com a sua contribuição pessoal. Introdução à Sociologia da Educação 6 PARA PESQUISAR OU REFLETIR Neste espaço são propostas questões para estimular você a realizar pesquisas ou refletir de forma a conhecer melhor a realidade em estudo e buscar novas soluções. Para (não) concluir Você encontrará um texto no final desta Apostila, com a intenção de estimulá-lo a prosseguir refletindo e se aperfeiçoando sempre. Lembre-se de que um profissional que busca a excelência deverá ter em mente da busca infindável. Referências Compreende a bibliografia consultada para a elaboração do curso e que você poderá consultar também. Portfólio O Portfólio é o instrumento de avaliação preparado para possibilitar o registro de sua caminhada no curso: suas reflexões, suas sínteses, suas dúvidas, suas soluções, seus feedbacks, etc. Tutoria A tutoria é um serviço de apoio e orientação ao aluno. Você pode solicitar a ajuda do tutor por meio do próprio Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), no campo “Contato com o Tutor”. Introdução à Sociologia da Educação 7 Mapa conceitual Verifique os temas ministrados nesta disciplina e suas interrelações: Violência Escolar Violência Escolar Potenciais Vítimas de Bullying Possíveis formas de atuação dos monitores Introdução à Sociologia da Educação 8 Nossa intenção educativa Este Estágio focaliza o entendimento de violência escolar e as possíveis formas de atuação dos monitores e o que esses influenciam em sua prática como Monitor do SCMB, bem como pretendemos que você mobilize um conjunto de recursos cognitivos – como saberes, habilidades e informações – para, com pertinência e eficácia, utilizar na prática os conhecimentos aqui disponibilizados, ou seja, que você desenvolva habilidades específicas para construir sua competência pedagógica. Competências, Habilidades e Descritoresda Disciplina Plano de Sequência Didática- Matriz de referência da Disciplina de Sociologia da Educação Eixo Temático: 1-Violência Escolar/2- Atuação dos Monitores/3-Prevenção da Violência Escolar C1 Conhecer/Diferenciar (Perceber) os diversos contextos em que o Bullying poderá ser empregado, sobretudo no ambiente escolar. H1 Identificar o fenômeno do Bulyying no Contexto Escolar dos CM’s. H2 Agir proativamente em situações específicas de Bullying Escolar dos CM’s. H3 Conhecer as possíveis vítimas potenciais de Bullying dos CM’s. C2 Conhecer a nova modalidade de Bullyng- Cyberbulluing. H4 Perceber os meios tecnológicos na atuação dos agressores do Cyberbullying. C3 Observar os sinais de comportamento de Bullying emitidos pelos discentes. H6 Agir de forma positiva quanto ao aparecimento de sinais de Bullying nos CM’s. C4 Agir quanto ao afastamento de diversos sentimentos agressivos nocivos que depauperam as relações humanas no SCMB. H7 Preocupar-se com a adaptação escolar dos alunos transferidos. H8 Agir antecipadamente a possíveis ocorrências de violência escolar nos CM’s. Introdução à Sociologia da Educação 9 Desafio Leia o texto, a seguir, que tem a finalidade de instigar você arefletir sobre a Violência Escolar. A violência escolar Tipos de violência escolar, os fatores que levam os jovens a praticar atos violentos, diferença entre violência e agressividade,... A violência é hoje uma das principais preocupações da sociedade. Ela atinge a vida e a integridade física das pessoas. É um produto de modelos de desenvolvimento que tem suas raízes na história. A definição de violência se faz necessária para uma maior compreensão da violência escolar. É uma transgressão da ordem e das regras da vida em sociedade. É o atentado direto, físico contra a pessoa cuja vida, saúde e integridade física ou liberdade individual correm perigo a partir da ação de outros. Neste sentido Aida Monteiro se expressa " entendemos a violência, enquanto ausência e desrespeito aos direitos do outro"[1]. No estudo realizado pela autora em uma escola, buscou-se perceber a concepção de violência dada pelo corpo docente e discente da instituição. Para o corpo discente " violência representa agressão física, simbolizada pelo estupro, brigas em família e também a falta de respeito entre as pessoas ". Enquanto que para o corpo docente " a violência, enquanto descumprimento das leis e da falta de condições materiais da população, associando a violência à miséria, à exclusão social e ao desrespeito ao cidadão”. É importante refletirmos a diferença entre agressividade, crime e violência. A agressividade é o comportamento adaptativo intenso, ou seja, o indivíduo que é vítima de violência constante tem dificuldade de se relacionar com O QUE VOCÊ PENSA DISSO? Muitos dos casos de bullying apresentados no espaço escolar devem-se a fatores socioeconômicos e psicossocial. Registre suas reflexões no Portfólio Introdução à Sociologia da Educação 10 o próximo e de estabelecer limites porque estes às vezes não foram construídos no âmbito familiar. O sujeito agressivo tem atitudes agressivas para se defender e não é tido como violento. Ele possui "os padrões de educação contrários às normas de convivência e respeito para com o outro ." ABRAMOVAY ; RUA ( 2002) A construção da paz vem se apresentando em diversas áreas e mostra que o impulso agressivo é tão inerente à natureza humana quanto o impulso amoroso; portanto é necessária a canalização daquele para fins construtivos, ou seja, a indignação é aceita porém deve ser utilizada de uma maneira produtiva. O crime é uma tipificação social e, portanto, definido socialmente é uma rotulação atribuída a alguém que fez o que reprovamos. " Não reprovamos o ato porque é criminoso. É criminoso porque o reprovamos"(Émile Durkheim). Violência pode ser também “uma reação consequente a um sentimento de ameaça ou de falência da capacidade psíquica em suportar o conjunto de pressões internas e externas a que está submetida” LEVISKY (1995) apud DIAS;ZENAIDE(2003) Tipos de violência A violência que as crianças e os adolescentes exercem, é antes de tudo, a que seu meio exerce sobre eles COLOMBIER et al.(1989). A criança reflete na escola as frustrações do seu dia-a- dia.. É neste contexto que destacamos os tipos de violência praticados dentro da escola. Violência contra o patrimônio - é a violência praticada contra a parte física da escola. " É contra a própria construção que se voltam os pré-adolescentes e os adolescentes, obrigados que são a passar neste local oito ou nove horas por dia." COLOMBIER et al.(1989). Violência doméstica - é a violência praticada por familiares ou pessoas ligadas diretamente ao convívio diário do adolescente. Violência simbólica - É a violência que a escola exerce sobre o aluno quando o anula da capacidade de pensar e o torna um ser capaz somente de reproduzir. PARA PESQUISAR 1 Verifique pelo menos dois registros de indisciplinas na Cia Alu que atua. Que medidas foram tomadas? . Registre suas reflexões no Portfólio Introdução à Sociologia da Educação 11 " A violência simbólica é a mais difícil de ser percebida ... porque é exercida pela sociedade quando esta não é capaz de encaminhar seus jovens ao mercado de trabalho, quando não lhes oferece oportunidades para o desenvolvimento da criatividade e de atividades de lazer; quando as escolas impõem conteúdos destituídos de interesse e de significado para a vida dos alunos; ou quando os professores se recusam a proporcionar explicações suficientes , abandonando os estudantes à sua própria sorte , desvalorizando-os com palavras e atitudes de desmerecimento". (ABRAMOVAY ; RUA , 2002, p.335) a violência simbólica também pode ser contra o professor quando este é agredido em seu trabalho pela indiferença e desinteresse do aluno. ABRAMOVAY ; RUA ( 2002) Violência física - "Brigar , bater, matar, suicidar, estuprar, roubar, assaltar, tiroteio, espancar, pancadaria, neguinho sangrando, Ter guerra com alguém, andar armado e, também participar das atividades das gangues " ABRAMOVAY et al. (1999) Os fatores que levam os jovens a praticar atos violentos São inúmeros os fatores que podem levar uma criança ou um adolescente a um ato delitivo, a seguir, abordaremos os que acreditamos serem os mais relevantes. A desigualdade social é um dos fatores que levam um jovem a cometer atos violentos. A situação de carência absoluta de condições básicas de sobrevivência tende a embrutecer os indivíduos, assim, a pobreza seria geradora de personalidades destrutivas. " A partir desse ... de estar numa posição secundária na sociedade e de possuir menos possibilidades de trabalho, estudo e consumo, porque além de serem pobres se sentem maltratados, vistos como diferentes e inferiores. Por essa razão, as percepções que têm sobre os jovens endinheirados são muito violentas e repletas de ódio..." ABRAMOVAY et al. (1999) é uma forma de castigar à sociedade que não lhe dá oportunidades. A influência de grupos de referência de valores, crenças e formas de comportamento seria também uma motivação do jovem para cometer crimes. " o motivo pelo qual os jovens...aderem às gangues é a busca de respostas para suas necessidades humanas básicas, como o sentimento de pertencimento, uma maior identidade, autoestima e proteção, e a gangue parece ser uma solução para os seus problemas a curto prazo" ABRAMOVAY et al. (1999), assim, o infrator se Introdução à Sociologia da Educação 12 sente protegido por um grupo no qual tem confiança. " Valores como solidariedade, humildade, companheirismo, respeito, tolerância são pouco estimulados nas práticas de convivência social, quer seja na família, na escola, no trabalho ou em locais de lazer. A inexistência dessas práticas dá lugar ao individualismo, à lei do mais forte, à necessidade de se levar vantagem em tudo, e daí a brutalidade e a intolerância", (MONTEIRO,2003) a influência das gangues que se aliam ao fracasso da família e da escola. A educação tolerante e permissiva não leva a ética na família. Os pais educam seus filhos e estes crescem achando que podem tudo. É dentro das gangues ou das quadrilhas como se refere Alba Zaluar que os jovens provam sua audácia , desafiam o medo da morte e da prisão. É uma subcultura criminosa marcada pela atuação masculina (ZALUAR, 1992, p.27). O indivíduo enfrenta uma grande oferta de oportunidades: o uso de drogas, uso de bebidas alcoólicas, uso da arma de fogo aliada a inexistência do controle da polícia, da família e comunidade tornam o indivíduo motivado a concluir o ato delitivo. " Carências afetivas e causas socioeconômicas ou culturais certamente aí se misturam, para desembocar nestas atitudes”. (COLOMBIER,1989,p.35) . " A Disponibilidade de armas de fogo e as mudanças que isso impõe às comunidadesconflituosas, contribuindo para o aumento do caráter mortal dos conflitos nas escolas " ABRAMOVAY ; RUA ( 2002, p.73) " a falta de policiamento agrava a situação na medida em que a polícia pode ser sinônimo de segurança e ordem" ABRAMOVAY ; RUA ( 2002, p.337). Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/sociologia/violencia-escolar.htm. Acessado em: 02 de maio de 2017. Introdução à Sociologia da Educação 13 UNIDADE I—VIOLÊNCIA ESCOLAR Texto 1 — Caracterização do fenômeno Qualquer cidadão está sujeito a se tornar vítima de brincadeiras desagradáveis. As situações podem ocorrer em ambiente familiar ou profissional. Crianças e adolescentes são seres mais propensos e vulneráveis a esse tipo de manifestação porque têm menos condições de se defender sozinhos. Contudo, em razão de características próprias, o fenômeno, que será aqui apresentado, não pode ser confundido com brincadeira. De acordo com Lopes (2005), para alguns autores, o bullying está associado ao complexo campo da violência escolar, que por sua vez, está diretamente vinculado às manifestações de atos violentos com ocorrência na sociedade. As formas de violência, eivadas por sentimentos de egoísmo, agressividade e de intolerância buscam ocupar espaço. A mídia captura por toda parte, registra e divulga, diariamente, cenas em que preponderam sujeitos envolvidos com atos agressivos. A impaciência e o desrespeito no trânsito são geradores de violência. Desentendimentos entre casais, cujas relações são permeadas pelo ciúme, levam, muitas vezes, os cônjuges às vias de fato. Assaltos, assassinatos, sequestros, tumultos em praças esportivas, estádios de futebol – paradoxalmente fala-se em paixão por um time, ou agremiação esportiva. Nos grandes centros urbanos, o medo gerado pelo receio em sofrer atos de violência preocupa as pessoas. Muitas e variadas são as causas da violência que impregna a sociedade. As principais estão relacionadas ao estresse gerado pelas necessidades ENRIQUECENDO NOSSAS INFORMAÇÕES Leia as reportagens a seguir sobre violência escolar: (Click nos textos para acessar as reportagens acionando Ctrl e um click) Bullying continua desafiando escolas Lei antibullying ainda tem lacunas, dizem especialistas Pais e escola trocam acusações após bullying Introdução à Sociologia da Educação 14 da vida contemporânea, às desigualdades socioeconômicas e culturais, à desestrutura familiar, à falta de valores sobre os quais os cidadãos possam apoiar seus comportamentos e suas decisões, dentre outras. O bullying, nesta perspectiva, é uma espécie de violência com prevalência entre os estudantes. Consoante Ferreira e Silva (2012, p. 89) a palavra bullying pode ser utilizada em diversos contextos “Bullying não é uma ação que está inserida apenas no âmbito escolar, podendo ocorrer em distintos contextos de inserção dos sujeitos, tais como: no espaço do trabalho, nas relações familiares, (...) prisões, condomínios residenciais, clubes e asilos". Em que pese a consideração acima, destacaremos, neste trabalho, a incidência crescente da problemática abordada nas comunidades escolares. O termo ocupa espaço informal nas rodas de conversa entre profissionais da área da educação. É fonte de preocupação para discentes, docentes, gestores e também para os responsáveis pelos alunos. Além disso, é atualmente alvo de pesquisas científicas no mundo todo, incluindo estudos de casos. O fato é que o assunto ganhou popularidade, destaque e avolumou-se ainda mais pela rápida e maciça divulgação nos meios eletrônicos, sobremodo pela internet, e pelas redes de “TV” brasileiras. Com o impacto da comunicação, a opinião pública se interessou por debater e acompanhar os casos, além de, em certa medida, cobrar das autoridades providências no tocante às ocorrências de bullying. ENRIQUECENDO NOSSAS INFORMAÇÕES Veja a imagem e pense em que atitude você como monitor deverá observar se há o aparecimento de Bullying na Cia Alu que você atua. (Disponível em: http://www.familiamaissegura.com.br/campanha- antibullying/. Acessado em:04/05/2017.) Introdução à Sociologia da Educação 15 Especialistas não só da educação, mas também da saúde e do direito têm se interessado pelo tema. Vejamos a respeito, a manifestação do Sr. Guilherme Schelb, Procurador da República e autor do livro Violência e Criminalidade infanto-juvenil: “O fato de ter consequências trágicas – como mortes e suicídios – e a impunidade proporcionaram a necessidade de se discutir de forma mais séria o tema” (Revista Nova Escola, 2013). Se muitos adultos já presenciaram, tiveram conhecimento, ou mesmo sofreram, quando jovens estudantes, alguma modalidade de bullying, tal fenômeno não pode ser considerado algo recente. E não é. Segundo Marra (2007), o bullying sempre existiu. Melo esclarece: “O que há de novo no bullying é o seu estudo sistematizado numa metodologia científica, utilizando-se métodos e procedimentos adequados e atribuindo-se uma importância nova aos comportamentos antigos, sobretudo, no âmbito da escola” (2010, p. 24). Pelas ideias apresentadas, podemos considerar que as informações com as consequências sobre o fenômeno foram disseminadas e o grau de atenção dos envolvidos mudou. Concluímos que a grande novidade está na preocupação com o assunto, com o caráter científico, com a sistematização e com as formas de tratamento que os casos têm recebido. Mas de onde surgiram as primeiras demandas sobre a temática em pauta? Embora a origem histórica dos estudos acerca de bullying registros de referências anteriores, foi a partir dos anos setenta do século passado, nos países que integram a região da Escandinávia – área norte da Europa: Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega que se consolidaram as primeiras investigações. Rolim (2008). Segundo o mesmo autor, a primazia nas pesquisas coube ao pesquisador norueguês Dan Olweus. Em 1983, três jovens de mesma nacionalidade de Olweus cometeram suicídio. O contexto e as circunstâncias permitiram o levantamento da hipótese que estabelecia relação entre o fato e algum tipo de ameaça sofrida na infância. O governo daquele país encomendou a Olweus uma pesquisa cuja finalidade seria aprofundar o tema. O resultado foi a criação de um programa de prevenção ao bullying. (2008). O vocábulo cunhado em língua inglesa tem origem na expressão bully, cuja tradução nos oferece os termos valentão e brigão. Conforme Rolim (2008), em língua portuguesa, sobremodo em Portugal, utiliza-se para identificar o fenômeno às expressões agressão no contexto escolar, coação, provocação. No Brasil, adotou-se intimidação. Trata-se, portanto, de uma expressão que comporta uma série de significados associados a Introdução à Sociologia da Educação 16 sentimentos de inferioridade e violência. Após breve sinopse histórica sobre a origem da palavra bullying e depois de conhecermos sua tradução, é necessário pensarmos sobre os conceitos produzidos para o fenômeno ora analisado. O objetivo é reunir ideias de autores cuja preocupação foi definir o problema. Observemos o conceito formulado por Tattum & Tattum (1992 apud ROLIM, 2008, p. 12) sobre o tema que os autores investigaram: “bullying é um desejo consciente e intencional de ferir alguém e colocá-lo sob estresse”. Acerca de uma possível caracterização do fenômeno bullying, observemos o seguinte excerto: As ações realizadas por intermédio do bullying são verdadeiros atos de intimidação preconcebidos, ameaças,que, sistematicamente, com violência física ou psicológica são repetidamente impostos a indivíduos mais vulneráveis e incapazes de se defenderem, o que os leva a uma condição de sujeição, sofrimento psicológico, isolamento e marginalização (COSTANTINI, 2004 p.69). Consoante, Farrington (1993 apud ROLIM, 2008, p. 14) “(...) o bullying é uma ação repetida, de natureza física ou psíquica, de uma com menos poder por outra com mais poder”. A partir da síntese referenciada, Rolim (2008) apontou seis elementos-chave e considerados importantes para a definição do fenômeno bullying. - práticas de agressão física, verbal e psicológica são geradoras de intimidação. - o poder do agressor, na visão da vítima, é maior. - existe a intenção explícita de causar medo ou dor à vítima. - a vítima não pode ser considerada agente provocador. - as agressões são por várias vezes repetidas. - o resultado é alcançado pelo agente provocador ou causador do bullying. A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à adolescência – Abrapia – mostrou Introdução à Sociologia da Educação 17 compartilhar da visão anteriormente exposta. É dessa instituição o seguinte conceito para o tema: “compreende todas as formas de atitudes agressivas, realizadas de forma voluntária e repetitiva, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia e realizada dentro de uma relação desigual de poder”. Ministério Público (2013). Apreciemos, por fim, a definição dada por uma jovem de 8 (oito) anos, apresentada pelo pesquisador cuja dissertação de mestrado serve de apoio para o presente trabalho: bullying é quando alguém pega no pé de outro porque ele é diferente por sua raça, altura, peso ou aparência... (é sobre) preconceito e discriminação é quando alguém é ferido fisicamente ou mentalmente, ou quando alguém não é respeitado (ROLIM, 2008 p. 12). Onde estarão as raízes do problema? Parecem estar, em primeira análise, nas diversas manifestações de preconceito. O preconceito, embora não possa ser confundido com discriminação, poderá ser o embrião de manifestações geradoras de discriminação racial, cultural, social, política, religiosa, sexual. “O preconceito alimenta o bullying. As situações de discriminação que ocorrem em sala de aula fomentam o preconceito. Não reconhecer o outro nas suas qualidades, mas apenas ressaltando os seus defeitos favorece a discriminação” Melo (2010 p. 63). Junto com as formas de preconceito acima aludidas, podemos estabelecer ligação com as formas de fofoca e boatos. Para Castro (1996) “Entre os romanos, boato significava mugido ou berro de bois. Entre nós, corresponde à „notícia anônima que corre publicamente sem confirmação‟ , segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira” (p. 57). Conforme veremos adiante, quando tratarmos de cyberbullying, as fofocas SINTETIZANDO Faça uma síntese das ideias principais do texto. Registre sua síntese no Portfólio. Introdução à Sociologia da Educação 18 constituem matéria-prima básica nas redes sociais quando queremos difamar alguém. UNIDADE II—POTENCIAIS VÍTIMAS DE BULLYING Texto Único — O Bullying e Cyberbulling a. O Bullying Mas quem são as crianças ou os jovens potencialmente vítimas de bullying? Segundo Rolim (2008), a tendência é das ocorrências atingirem os seres humanos diferentes. Aqueles cujas características físicas ou de personalidade destoam dos demais integrantes do grupo. Citamos como algumas dessas características mais marcantes, no aspecto físico, os gordinhos, as crianças muito magras, altas, afrodescendentes, aquelas com necessidade de uso de óculos cujas lentes apresentam-se muito grossas e as portadoras de alguma necessidade especial. As formas de bullying são: Verbal (insultar, ofender, falar mal, colocar apelidos pejorativos, “zoar”), física e material (bater, empurrar, beliscar, roubar, furtar ou destruir pertences da vítima), psicológica e moral (humilhar, excluir, discriminar, chantagear, intimidar, difamar), sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar) e virtual ou Ciberbullying (bullying realizado por meio de ferramentas tecnológicas: celulares, filmadoras, internet etc.) (SILVA, 2010 p. 07). ENRIQUECENDO NOSSAS INFORMAÇÕES Leia a Cartilha Orientativa ―Ética e Segurança Digital‖ elabora pelo Conselho Nacional de Justiça http://www.familiamaissegura.co m.br/wp- content/uploads/2014/01/Cartilha- Orientativa.pdf Introdução à Sociologia da Educação 19 Outros aspectos também precisam ser considerados: a timidez em excesso, assim como aqueles jovens de personalidade extrovertida e que falam demasiadamente. Ademais, devemos destacar ainda como sujeitos com maior propensão para serem vítimas de bullying os alunos cuja dedicação aos estudos é merecedora de destaque. O desempenho destes jovens alcança invejáveis índices de aproveitamento e eles são criticados pela própria turma em que estão inseridos. Manifestações físicas ou não, ocorrem de forma intencional e repetitiva contra um ou mais alunos que se encontram impossibilitados de reagir frente às agressões sofridas. Esses comportamentos não apresentam motivações específicas ou justificáveis. Silva (2010, p. 07) explica que “os mais fortes utilizam os mais frágeis como objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas”. b. O Cyberbullying Nos últimos anos ocorreu um desenvolvimento e aperfeiçoamento cada vez maior das mídias eletrônicas. O uso da internet sofreu um processo de expansão. Mais sujeitos a utilizam e de formas diferentes. Às pesquisas e troca de mensagens eletrônicas por e-mail foram somadas outras ferramentas como orkut, facebook, twitter, instagram. As pessoas passaram a fazer uso das tecnologias da comunicação com o intuito de se aproximar, divulgar imagens, mensagens, fazer contatos, tudo isso sem as fronteiras do tempo e do espaço Na esteira do uso destes novos instrumentos e quase com a mesma velocidade surgiu uma nova modalidade de bullying – o Cyberbullying, considerado como uma extensão ou vertente do bullying. Nesta modalidade o sujeito ou grupo de sujeitos busca prejudicar ou causar danos a outro de maneira repetitiva, fazendo uso de tecnologias da comunicação. MÍDIAS INTEGRADAS Assista o vídeo sobre Cyberbulling: Cyberbullying – Movimento Família Mais Segura na Internet http://www.familiamais segura.com.br/cyberbu llying-movimento- familia-mais-segura- na-internet/ Introdução à Sociologia da Educação 20 De acordo com Silva: Além de a propagação das difamações ser praticamente instantânea o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas é imensurável. O ciberbullying extrapola, em muito, os muros das escolas e expõe a vítima ao escárnio público. Os praticantes desse modo de perversidade também se valem do anonimato e, sem nenhum constrangimento, atingem a vítima da forma mais vil possível. Traumas e consequências advindos do bullying virtual são dramáticos (SILVA, 2010 p. 8). Stelko-Pereira e Williams (2010) esclarecem que, nessa modalidade de violência, os autores superam a relação tempo-espaço, uma vez que agridem suas vítimas, por meio de mensagens ou imagens, como vídeos e emails, em qualquer horário do dia e em qualquer local. Além disso, a tecnologia eletrônica permite que o autor do atoviolento haja de modo velado. No cyberbullying, supõe-se, que a diferença de poder entre agressor e vítima, se configure por diferença na habilidade de utilização da tecnologia eletrônica para intimidar outros e não necessariamente em características físicas, popularidade e outras mais relacionadas ao bullying tradicional (STELKO-PEREIRA e WILLIAMS, 2010 p. 03). Quais são as consequências? A partir da opinião da jovem citada acima, sintetizamos a ideia de Silva, acerca dos principais problemas que uma vítima de bullying pode enfrentar na escola e ao longo da vida, vejamos: As consequências são as mais variadas possíveis e dependem muito de cada indivíduo, da Introdução à Sociologia da Educação 21 sua estrutura, de vivências, de predisposição genética, da forma e da intensidade das agressões. No entanto, todas as vítimas, sem exceção, sofrem com os ataques de bullying (em maior ou menor proporção). Muitas levarão marcas profundas provenientes das agressões para a vida adulta, e necessitarão de apoio psiquiátrico e/ou psicológico para a superação do problema (SILVA 2010, p. 9). Os problemas mais comuns são: desinteresse pela escola; problemas psicossomáticos; problemas comportamentais e psíquicos como transtorno do pânico, depressão, anorexia e bulimia, fobia escolar, fobia social, ansiedade generalizada, entre outros UNIDADEIII— POSSÍVEIS FORMAS DE ATUAÇÃO DOS MONITORES Texto único — Colégios Militares, Bulying e a prevenção O Exército Brasileiro é uma instituição cujas bases estão assentadas em valores excelsos de amizade, camaradagem, companheirismo, respeito e cujos pilares-mores, disciplina e hierarquia, são parâmetros fundamentais para desenvolvimento das relações humanas na Caserna. Por tudo isso, estará o EB isento da ocorrência de atos de violência escolar nas unidades de ensino? Podemos afirmar com certa segurança que não há, em nossos educandários, o registro de atos de vandalismo com semelhança ao que ocorre em estabelecimentos de ensino das redes públicas municipais, estaduais e também, em menor escala, com as escolas da rede privada em todo país. Entretanto, temos nossas particularidades e precisamos refletir sobre seus pontos vulneráveis e agir de forma a antecipar possíveis ocorrências de bullying em nosso sistema. ENRIQUECENDO NOSSAS INFORMAÇÕES Leia a reportagem a seguir sobre como adotar estratégias de combater a violência escolar (Click nos textos- para acessar as reportagens pressione Ctrl e depois um click) Lei Antibullying: como tratar o preconceito de maneira lúdica e construtiva em sala de aula PARA PESQUISAR 2 Verifique, pelo menos dois registros, casos de Bullying e de Cyberbullying na Cia Alu que atua. Que medidas foram tomadas? . Registre suas reflexões no Portfólio Introdução à Sociologia da Educação 22 O SCMB tem suas origens na criação do Colégio Imperial do Rio de Janeiro – atual Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ) por decreto- lei assinado por D. Pedro II em 1889. A finalidade da criação foi atender aos filhos dos órfãos de guerra. Tem como uma de suas mais relevantes missões oferecer apoio à familiar militar submetida ao constante trânsito, por necessidades do serviço e para o cumprimento da missão constitucional de defesa da pátria. O sistema cresceu e hoje atende alunos cujos responsáveis são oriundos do meio civil. Reside aí, na forma de ingresso dos alunos ao SCMB, uma de nossas características sui generis e, por conseguinte, um de nossos pontos de vulnerabilidade. O acesso dos estudantes ao sistema acontece de duas formas: concurso público para o 6º ano do ensino fundamental e 1º do ensino médio e atendimento ao amparo previsto na legislação em vigor. Os alunos não- concursados têm como característica o trânsito entre as escolas do sistema e ou entre CM e outros estabelecimentos de ensino. O processo de transferência traz uma série de novidades para o jovem estudante. É necessário que ele se adapte à nova cidade e ao novo Colégio. Outra cultura, novos hábitos, jeito de ser e conviver, diferentes do lugar de origem. Trata-se de momento de insegurança advinda da instabilidade. Formar novas amizades, ser aceito pelo grupo, obter bons resultados para alcançar sucesso ao final do ano. Criar a identidade. Os educadores da escola, em geral e os monitores, em particular devem estar atentos a esse momento de adaptação do aluno- migrante ao novo lócus, uma vez que podem surgir manifestações de deboche por causa do jeito de ser do aluno. Outro momento merecedor de nossa atenção é quando o aluno permanece no mesmo ano. A percepção de que seus companheiros ENRIQUECENDO NOSSAS INFORMAÇÕES Veja alguns exemplos de como pode se prevenir do Bullying e Cyberbullying Colégio Militar de Belém – Palestra sobre Bullying (http://www.eb.mil.br/en/web/resiscoms ex/eb-em-revista/- /asset_publisher/9766RQsIbBlC/content /colegio-militar-de-belem-alunos-do- colegio-militar-de-belem-participam-de- palestra-sobre- bullying?inheritRedirect=false) 9 maneiras de combater o bullying: Dicas para crianças e responsáveis http://www.iasea.org.br/9-maneiras-de- combater-o-bullying Introdução à Sociologia da Educação 23 alcançaram êxito e ele não. Sentimento de inferioridade. A não-aceitação pela nova turma também poderá ser geradora de instabilidade emocional para o sujeito. O problema bullying tem solução? A quem cabe a missão de resolvê-lo? Como fazer para afastá-lo de nossas realidades? Enquanto educadores inseridos em ambientes de aprendizagens, precisamos acreditar que podemos transformar a sociedade em que vivemos em uma sociedade melhor, cujos membros tenham suas ações pautadas na dignidade humana e no respeito ao outro. A escola, em que pese todas as circunstâncias alheias a sua vontade, somadas a todas as negatividades, como a falta de educação nos lares precisa reunir forças e aceitar que é o campo para reverter a situação de individualismo. Mas como agir? Para resolver o problema, o monitor precisa desenvolver sua percepção sobre a realidade. Observar, acompanhar, estar próximo aos alunos, dar atenção, dialogar. Sempre que procurado, deve ouvir com atenção o relato do discente. A fala do (a) jovem poderá ser a centelha para o início da ação; podem residir aí os primeiros indícios do aparecimento do fenômeno bullying. É de fundamental importância atentar para alguns sinais no comportamento dos discentes no ambiente escolar, a fim de tomar providências necessárias à contenção e tratamento da problemática. Apreciemos alguns indícios apontados por Silva (2010) é que podem sinalizar o aparecimento do fenômeno. Durante o recreio encontram-se isoladas do grupo, ou perto de adultos que possam protegê-las; ENRIQUECENDO NOSSAS INFORMAÇÕES Veja alguns exemplos de como pode se prevenir do Bullying e Cyberbullying Escola desenvolve ações contra prática do bullying http://diariodonordeste.verdesmare s.com.br/cadernos/regional/escola- desenvolve-acoes-contra-pratica- do-bullying-1.463220 Estratégias e prevenção e contenção de Bullying https://repositorio.unesp.br/bitstrea m/handle/11449/136467/frick_lt_d r_prud.pdf?sequence=3 Introdução à Sociologia da Educação 24 Na sala de aula apresentam postura retraída, faltas frequentes às aulas; Mostram-se comumentetristes, deprimidas ou aflitas; Nos jogos ou atividades em grupo sempre são as últimas a serem escolhidas ou são excluídas; Aos poucos vão se desinteressando das atividades e tarefas escolares; e em casos mais dramáticos apresentam hematomas, arranhões, cortes, roupas danificadas ou rasgadas A escola é, na ausência dos protetores diretos, pais ou responsáveis, a responsável pela proteção da integridade dos jovens que adentram os portões da instituição. Observemos a redação dada ao Art. 245º da Lei 8.069/90: “Deixar o médico, professor, ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de maus tratos contra criança ou adolescente [...]” (BRASIL, 1990 apud MELO, 2010, p. 62). Se os monitores têm a corresponsabilidade por proteger os alunos, é necessário rechaçar de imediato qualquer forma de comentários agressivos. Sempre que necessário, encaminhar os alunos para a Seção Psicopedagógica parece ser uma boa medida. Para que isso aconteça, o papel do monitor de alunos é fundamental visto que, junto com o corpo docente, é este profissional quem acompanha por mais tempo e em diversas oportunidades o grupo de alunos. SINTETIZANDO Faça uma síntese das ideias principais do texto. Registre sua síntese no Portfólio. Introdução à Sociologia da Educação 25 PRA (NÃO) CONCLUIR Pela análise realizada e pelo estudo proposto ao longo deste módulo, somos levados a acreditar que o fenômeno bullying está diretamente associado à nossa atividade fim de educadores. Ele aparece como uma forma de violência escolar herdeira de manifestações de violência em um espectro maior na sociedade. Se por um lado o bullying não ocorre somente em estabelecimentos de ensino, por outro o problema está próximo aos nossos jovens em seu cotidiano. Tenhamos claro em nossas mentes que para ocorrer aprendizagem faz- se mister uma série de fatores conjugados. Condições materiais mínimas – área de estudo, livros, cadernos e outros apetrechos. Apoio dos familiares. Boas condições de alimentação, saúde e higiene. Organização, dedicação, esforço e disposição para aprender por parte do estudante. Além disso, é fundamental que o aluno seja atendido por profissionais preparados e conhecedores de sua área de atuação. Cabe ainda, ressaltar a importância de ser acompanhado por uma equipe docente e psicopedagógica capaz de criar situações de aprendizagem PARA REFELTIR Diante dos textos apresentados, quais contribuições você como monitor pode oferecer no cenário do surgimento de bullying ou cyberbulling em seu CM? . Registre suas reflexões no Portfólio Introdução à Sociologia da Educação 26 estimuladoras, desafiadoras, prazerosas, lúdicas e cujos conhecimentos posam ser aplicáveis às situações que enfrentarão em seu dia a dia. Enfim, são muitos os fatores concorrentes para o sucesso escolar. Dentre os quais podemos destacar a estabilidade emocional erigida em ambiente familiar e escolar nos quais medrem sentimentos de cooperação e ajuda ao próximo. Para não concluir, não podemos deixar de sublinhar alguns aspectos deste assunto que precisam compor a bagagem teórica dos profissionais que atuam como monitores de alunos nos Colégios Militares em todo o Brasil. Conhecer para atuar de forma reflexiva, consciente, segura, tranquila e com a finalidade de auxiliar com qualidade nossos alunos e assessorar com sabedoria os comandantes de Subunidade, de forma direta e na lide diária, e a todos os demais integrantes do CM, inclusive aos pais de alunos, sempre que necessário. Embora a linha que divisa o simples apelido da agressividade seja por demais tênue, as ocorrências de bullying não podem ser tratadas como uma forma de brincadeira inofensiva. Devem, ao contrário, merecer toda atenção e os cuidados requeridos pela situação. Lembramos que não cabe aos monitores decidir em situação, no calor dos fatos, se o que está presenciando é ou não bullying. O comportamento deve ser orientado para não ganhar corpo e transformar-se em um problema maior. Ressaltado várias vezes, nossos CM não são palco de manifestações de violência. Assim fica fácil adotarmos o princípio da prevenção. Você, Monitor, tem papel importante nas ações, cujo teor busque afastar de nossos discentes os sentimentos de violência, desprezo, orgulho, individualismo, indelicadeza, desatenção, brutalidade, sentimentos de menoscabo, inacessibilidade, rispidez, ações de malcriado, que tanto depauperam as relações humanas. Disseminemos boas ações e boas condutas. Que nos faltem adjetivos para qualificar os jovens estudantes militares de nossos educandários. Dóceis, afáveis, amorosos, afeitos ao coleguismo, ao amor pelo próximo, leais, companheiros, simples, dispostos a transformar o mundo em uma sociedade marcada por atos fraternos. Valores que viçosamente permeiam os meandros das atividades profissionais desenvolvidas na Caserna. Em consonância com nossa proposta pedagógica, não estamos preocupados somente em formar bons estudantes, alunos de destaque em certamos diversos, primeiros lugares em concursos militares ou Introdução à Sociologia da Educação 27 universidades civis públicas ou particulares. Queremos um cidadão cujas ações em sociedade sejam pautadas pelo respeito pela ética, pelo cuidado com o próximo, com a natureza e com o planeta. Parece claro que a oficina onde este caráter será complementado é a escola. Daí nossa grande responsabilidade na formação da jovem – futura – nação brasileira. Eia Monitores! Aqui mais uma etapa concluída com pleno êxito. Sinta-se revigorado pela conquista! Dela brota o enredo para mais um grande desafio: fazer prosperar ações e atitudes de respeito, carinho e amizade verdadeiras entre nossos estudantes. Boa sorte! Introdução à Sociologia da Educação 28 Referências/Leituras complementares indicadas: BALLONE, G. J. (2005) Maldade da Infância e Adolescência: Bullying. FANTE, C. A. Z. (2002) O fenômeno bullying e as suas conseqüências psicológicas. LEITE, R. L. O. (1999) A supervisão dos recreios: Uma medida eficaz na prevenção do bullying. LOPES NETO, A. A. (2004) “Diga não para o bullying”: Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes. A brincadeira que não tem graça – Disponível em: http://www.educacional.com.br/reportagens/bullying/default.asp. Bullying”: uma violência psicológica não só contra crianças – Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/043/43lima.htm. Como lidar com brincadeiras que machucam a alma – Disponível em: revistaescola.abril.com.br/edicoes/0178/aberto/bullying.shtml. GOFFMAN, Erving. Estigma: Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. LEONTIEV, Alexis N. Activité, Conscience, Personnalité. Moscou: Ed. Du Progrès, 1984. Em espanhol: Actividad, conciencia, personalidad. La Habana: Editorial Pueblo y Educación, 1983. WILLIS, Paul. 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