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O ENCONTRO DAS 
CIVILIZAÇÕES
Empresa: Modular Criativo
Professora: Bianca Sales
Faculdade Campos Elíseos (FCE) 
São Paulo – 2023
SUMÁRIO
O ENCONTRO DAS CIVILIZAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Aspectos Simbólicos, Guerras e Epidemias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Desconstrução do Mundo Tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Surgimento do Mundo Colonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Colonialismo Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
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O E N C O N T R O DA S C I V I L I Z AÇ Õ E S
Aspectos Simbólicos, Guerras e Epidemias
O processo de “descobrimento” em decorrência das Grandes Navegações resultou 
em desfecho de extrema importância para a Europa e mundo conhecido. A chegada ao 
“Novo Mundo”, através das rotas de navegação, trouxe transformações nos mais diversos 
âmbitos da sociedade. 
Na área científica, ocorreu a comprovação da teoria da esfericidade da terra; na 
política ocorreu a formação das colônias; na economia, novas rotas comerciais foram 
estabelecidas; temos, ainda, a escravização, o aumento da influência social e política, 
bem como o aumento da influência do cristianismo. 
O encontro de civilizações distintas configura um novo momento da história 
moderna, bem como a concepção da história da América, que ganha novos contornos 
através desse processo de “achamento”, bem como, vem ter posteriormente a história 
daqueles que ali já existiam narradas a partir de relatos, marcas e vivências, através 
daqueles que viram, ouviram, viveram, vieram e ficaram no “Novo Mundo”.
O meio social é algo que está em constante transformação, sujeito às implicações e 
fatores que estão alheios a sua vontade, por meio de uma dinâmica social, formulada pelo 
encontro de culturas distintas, que possuíam seus contornos e pluralidades, mesmo que 
envoltas sobre a influência e as imposições ocorridas, ainda possuem em sua essência, 
suas raízes que não permitem que a sua cultura e caraterística seja ceifada por essas 
transformações, influências e imposições.
O processo de chegada e encontro entre as civilizações europeias e as civilizações 
do “Novo Mundo”, no que se refere à conquista da América Espanhola, foi marcada, 
sobretudo, por confrontos violentos. O primeiro contato que ocorreu de forma amigável foi 
superado pelo desejo de conquistar e explorar as regiões e os povos que nelas habitavam, 
os espanhóis buscavam os metais preciosos para ampliar o seu acúmulo de riqueza.
Contando com o aval da Igreja Católica, que nesse período possuía mais poder 
e influências que os próprios reis, os espanhóis por meio do “Tratado de Tordesilhas”, 
tomaram posse das terras que constavam a oeste da linha imaginária traçada. Nas terras 
consideradas espanholas, estavam as pertencentes às civilizações Astecas e Incas, 
sociedades desenvolvidas e conhecidas pelo seu avanço enquanto construção de modelo 
social complexo e organizado. 
Os espanhóis, que haviam passado séculos em confrontos contra os muçulmanos, 
na Península Ibérica, viram nesse processo de expedição e exploração da América um 
momento de reconquista, uma forma de impor o seu modelo a essas sociedades, uma 
vez que os nativos dessas regiões não eram cristãos, desse modo, o poderio espanhol, 
associado ao incentivo e poder da Igreja Católica, poderia interferir nessas civilizações. 
O triunfo dos espanhóis sobre os nativos ocorreu através do extermínio desses 
povos, mesmo estando, na maioria das vezes, em um menor número, conseguiram se 
sobressair sobre essas civilizações. A aliança formada com os povos que outrora foram 
dominados pelos Incas e Astecas, com o intuito de se libertarem dos seus opressores, a 
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superioridade das armas utilizadas pelos espanhóis durante esses períodos foi fundamental 
para esse triunfo. 
Outro fator determinante para o triunfo espanhol foram as doenças que trouxeram 
para o “Novo Mundo”. Certamente essa ação não ocorreu propositalmente, mas sim 
circunstancialmente, o que não impediu que essas doenças dizimaram tribos e ilhas 
inteiras, como caráter pandêmico e fatal. A principal doença trata-se da varíola, que não 
acomete apenas os povos nativos, mas também os seus conquistadores. 
A varíola atingiu o território ameríndio e causou um colapso que dizimou grande 
parte da população da Mesoamérica. Segundo Crosby, o processo migratório do homem 
é a causa fundamental das epidemias. E quando a migração tem lugar, as criaturas que 
mais sofrem são aquelas que foram isoladas há mais tempo, pois seu material genético foi 
menos temperado por uma grande variedade de doenças mundiais” (Crosby, 2003, p.37).
Ainda segundo ele, doenças como varíola, sarampo, febre tifo, amarela, malária, 
gripe, peste bubônica, são doenças trazidas por europeus e tiveram efeitos nefastos sobre 
a população ameríndia, dizimando grande parte dessa população. O autor destaca que as 
enfermidades trazidas pelos europeus, em muitos casos, foram muito mais letais que a 
ação da espada empunhada por eles, uma vez que, pela espada, ainda existe chance de 
luta e defesa, já contra as doenças desconhecidas nesse período, a população estaria à 
mercê.
As epidemias teriam sido as principais responsáveis pela diminuição significativa da 
população nativa. Segundo Crosby, os primeiros relatos acerca da concepção da história 
das Américas estão repletos de casos terríveis epidêmicos, como também o decréscimo 
populacional significativo, confirmado por meio dos relatos realizados, como também 
através dos registros dos tributos recebidos pelos espanhóis. Em análise realizada por 
William McNeill (1976), ele cita que:
Estimativas recentes… baseadas na amostragem de lista de tributos, relatos de 
missionários e argumentos estatísticos elaborados, multiplicaram as estimativas 
populacionais iniciais em dez vezes ou mais, colocando a população ameríndia nas 
vésperas da conquista em torno de cem milhões de habitantes, com 25 a trinta 
milhões desse total atribuídos ao México e um número aproximadamente igual para 
as civilizações andinas.” (McNeill, 1976, p. 212).
Destarte, McNeill ainda ressalta como esse processo diminuiu a quantidade 
populacional dos nativos, após a chegada dos espanhóis nessas terras que ainda não 
haviam tido contato com outras civilizações e como isso impactou de forma catastrófica 
essa sociedade. 
Partindo desses níveis populacionais o decaimento foi catastrófico. Em 1568, menos 
de cinquenta anos do tempo em que Cortez inaugurou as trocas epidemiológicas 
e de outras naturezas entre populações de ameríndios e de europeus, a população 
do México encolheu para cerca de três milhões..., um décimo do que tinha sido 
quando Cortez aportou (Ibidem) (McNeill, 1976, p. 212).
É válido ressaltar que esses povos ainda não tiveram contato com outras 
civilizações e que por esse motivo, esse impacto ocorreu significativamente sobre essa 
população, o que não implica dizer, que os espanhóis também não foram acometidos por 
essas enfermidades durante esse processo. O que ocorre é que a população espanhola 
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já havia tido contato com essas doenças anteriormente e, com isso, teriam desenvolvido 
imunidade, por esse motivo, os nativos sofreram mais com a disseminação dessas doenças. 
Ao longo desse processo de dominação das populações que habitavam a América, 
os espanhóis criaram um sistema administrativo
complexo, responsável pelo gerenciamento 
dos interesses da coroa em terras americanas. Esse processo ocorreu brevemente, uma 
vez que, os espanhóis, movidos pela ganância de obter o maior acúmulo de riquezas por 
meio dos metais precisos, possuíam pressa em moldar esse modelo de gestão. 
Dessa forma, as regiões exploradas por essa nação foram divididas em quatro 
vice-reinados: Nova Espanha, Rio da Prata, Peru e Nova Granada. Ocorreu também a 
separação por meio de capitanias, em grupo de quatro: Venezuela, Guatemala, Cuba e 
Chile, cada uma dessas divisões era comandada por um vice-rei e um capitão, ambos 
designados pela coroa, que possuía um conselho supremo das Índias para gerir todas as 
questões referentes a colônia.
Os colonos que tivessem interesse em transitar entre a metrópole e a colônia, 
deveriam realizar uma prestação de contas à Casa de Contratação, que era a responsável 
pelo recolhimento dos impostos sobre todas as riquezas produzidas. Dentro desse sistema 
de controle, existia o porto único, com o intuito de garantir um maior controle sobre as 
embarcações. Assim, todas que saíssem das regiões na quais estavam localizadas as 
colônias, só podiam atracar no porto de Cádiz.
Respondendo pelos interesses da coroa espanhola, nas colônias estavam os 
“chapetones”, espanhóis, membros da elite colonial; abaixo deles, estavam os criollos, 
filhos dos espanhóis que nasceram na América e que atuavam na agricultura e no comércio; 
e na base dessa sociedade colonial estavam os mestiços, escravos e índios. Os indígenas 
foram os principais responsáveis pela mão-de-obra exercida nas colônias.
Burlando a proibição da igreja sobre a escravização dos índios, os espanhóis, 
adotaram dois sistemas de trabalho: a mita, que era composta por um trabalho mandatório, 
onde parte da população indígena era utilizada para a realização de serviços através da 
temporada; e a encomenda, que possuía um caráter de escambo, onde a mão-de-obra 
indígena era paga por meio da catequese e alimentação.
Desconstrução do Mundo Tradicional
As discussões em torno dos processos históricos nos trazem a sensação de que 
as relações realizadas entre o contato humano, seja ele com a natureza, filosófico ou 
social, está sempre atrelado a conflitos, sejam estes sociais ou intelectuais, ou até mesmo 
espiritual. Todos os acontecimentos que formulam a concepção da nossa sociedade 
ocorreram através da construção e desconstrução do mundo tradicionalmente conhecido.
O processo de descoberta da América pode ser citado como um marco nesse 
processo de desconstrução. Através do advento da modernidade associado às Grandes 
Navegações, podemos observar uma ruptura entre o que era conhecido, e abertura de um 
caminho para um “Novo Mundo”. Nesse contexto, o antigo e o novo realizam um encontro, 
que modifica as concepções já existentes enquanto mundo e sociedade. 
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Esse processo de desconstrução do mundo tradicional e concepção de “Novo 
Mundo”, por meio da “descoberta” do continente americano, está entrelaçado aos mais 
diversos relatos, baseados na perspectiva daqueles que vivenciaram esse processo, 
relatos esses sobrecarregados pela imaginação e misticismos dos navegadores ou dos 
seus descendentes europeus que nasceram nas colônias.
Os relatos realizados pelos navegadores acerca do processo de busca pelas Índias, 
das civilizações pré-colombianas, da chegada na América e das vivências nas colônias 
foram formulados unilateralmente, dando voz apenas ao agente causador dessa ação. 
Apenas no século XVIII, esse processo de escrita e leitura passa por uma mudança, uma 
vez que esses textos, são revisados e outras fontes passam a compor essas ilustrações. 
Esse processo de chegada, encontro, descoberta, ocupação e conhecimento foi 
marcado pelo choque cultural. De um lado encontrava-se a Europa, que se desvencilhou do 
seu regime feudal e partia rumo à modernidade. Do outro, uma cultura rica e desenvolvida 
pelos Maias, Incas e Astecas, que não resistiram a esse confronto e absorvidos pelo 
colonialismo.
O “descobrimento” da América e as relações estabelecidas entre os nativos 
e europeus condicionaram a desconstrução de uma concepção pré-estabelecida 
e a elaboração de novas discussões em torno das novas identidades culturais. 
Epistemologicamente falando, os conceitos de alteridade trazem consigo um lugar de 
reafirmação. A negociação, ou imposição de uma cultura sobre a outra era o que fomentava 
o convívio social estabelecido. 
Destarte, é possível visualizar a desconstrução de uma sociedade já existente, 
que possuía seus ritos, culturas, crenças e modelos sociais já estabelecidos, e passa por 
um processo de desconstrução dessa identidade e a ser bombardeada pelas normativas 
e cultura de outra civilização. 
Vemos a desconstrução do “outro” e a concepção do “eu” a partir da 
imposição realizada nesse processo permeado por uma visão eurocêntrica. 
Uma vez que o encontro com outra civilização esperasse que ocorresse um 
troca cultural e uma nova concepção cultura, dentro desse modelo imposto, sobre as 
civilizações do “Novo Mundo”, essa troca não ocorreu de fato, mas, sim, uma sobreposição 
de uma cultura sobre a outra, com o intuito de apagar o modelo de sociedade já existente, 
baseado em um modelo visto como superior pelos colonizadores, que estava enraizado 
pela sua cultura.
O processo de transculturação nos traz a reflexão não só sobre as trocas culturais 
que conceberam o identitário latino americano, mas nos leva a constatar que as ações 
realizadas atuaram na forma como a representatividade histórica ocorreu. Podemos citar 
os jesuítas, que eram padres que faziam parte da “Companhia de Jesus”, uma ordem 
religiosa, ligada à Igreja Católica, cujo intuito era pregar o evangelho e ganhar adeptos ao 
catolicismo, atuaram diretamente nesse processo. 
Os jesuítas foram fundamentais dentro desse contexto de transculturação. Os 
padres foram, à maioria das vezes, os responsáveis pela troca de informações entre 
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indígenas e europeus, pois não só aprenderam o idioma nativo, como ensinaram o espanhol, 
gerando assim um processo de troca cultural.
No que concerne ao processo de desconstrução do nativo e começa o processo de 
construção do outro, a partir do eu europeu, esse processo não se limita àquele contexto 
e período. É algo que permeia e faz parte da nossa sociedade até os dias atuais e sempre 
fará, uma vez que as sociedades americanas, mesmo com todas as alterações sofridas ao 
longo do tempo, tiveram essa base em sua construção. 
A sociedade dominadora desconstrói o que já era conhecido e influencia esses povos 
em todos os sentidos, seja no modo de se portar, vestir, falar, até a mudança de religião. 
Em sua origem, muitas dessas sociedades eram politeístas e possuíam ritos específicos 
para cada um dos deuses adorados, por meio dessa influência dos colonizadores passam 
a “migrar” de religião, deixam de ser politeístas e são catolicistas. Em sua obra, intitulada “A 
conquista da América”, Todorov relata a problemática incutida nessa construção do outro:
Quero falar da descoberta que o eu faz do outro. O assunto é imenso. Mal acabamos 
de formulá-lo em linhas gerais e já o vemos subdividir se em categorias e direções 
múltiplas, infinitas. [...] Posso conceber os outros como uma abstração, como 
uma instância da configuração psíquica de todo indivíduo, como o Outro, outro ou 
outrem em relação a mim. Ou então como um grupo social concreto ao qual nós 
pertencemos. Este grupo, por sua vez, pode estar contido numa sociedade: as 
mulheres para os homens, os ricos para os pobres, os loucos para os “normais”. 
Ou pode ser exterior a ela, uma outra sociedade que, dependendo do caso, será 
próxima ou longínqua: seres que em tudo se aproximam de nós, no plano cultural, 
moral e histórico, ou desconhecidos, estrangeiros cuja língua e costumes não 
compreendo, tão estrangeiros que chego a hesitar em reconhecer que pertencemos 
a uma mesma espécie. (TODOROV, 2011, p. 03-04).
A concepção da história da América,
partindo do ponto de vista da conquista, 
é sem dúvidas, um dos maiores exemplos de transculturação ocorrido em larga escala. 
O novo continente pode-se dizer que fora um dos maiores exemplos de alteridade, 
totalmente desconhecido e intrigante. Esse encontro do velho mundo com o novo, criou 
novas zonas de contato, o que, segundo Pratt, seriam espaços sociais onde culturas 
díspares se encontram. 
Esse encontro de culturas tão distintas, que passa a ser reconstruída, o que segundo 
Todorov, “é a conquista da América que anuncia e funda nossa identidade presente. [...] 
Os homens descobriram a totalidade de que fazem parte. Até então, formavam uma parte 
sem todo” (2011, p. 07). A conquista da América, cria uma nova base identitária moderna 
para o Velho Mundo e propicia essa interação entre dois pólos distintos.
A troca cultural não se limitou à conversão. Não tardou para o europeu passar a 
dividir leito com as nativas, seja consensualmente ou por meio da força. Não tardou para 
denominarem uma nova raça, surgindo o mestiço. Um indivíduo que não “pertencia” por 
inteiro a nenhuma das nações, através dessa mestiçagem, a sociedade latino-americana 
foi concebida. E essa “troca” não se limitou às baixas camadas da sociedade, mas nela 
por inteiro. Algumas dessas crianças, frutos da relação entre colonos e nativos, tiveram 
acesso à educação e foram criadas e educadas aos moldes europeus, seja no local do 
seu nascimento, ou até mesmo através da ida para Europa, onde sua formação social e 
intelectual foi realizada. 
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A transculturação ocorrida dentro desse momento de desconstrução e construção 
do Novo Mundo foi essencial para toda a humanidade, na concepção da sua história. Esse 
processo é repleto de elementos, que por meio do choque cultural acaba por não se 
anular, mas a se fundir e criar uma nova concepção cultural. Essa ação ocorre sem que 
nenhuma das partes envolvidas passe sem ser afetada, a essa constituição identitária é 
gerada por uma alteridade genuína.
 
Surgimento do Mundo Colonial
O colonialismo não é um fato exclusivo da modernidade nem deve se restringir a 
um tempo ou lugar específico. A prática colonial atravessa toda a história da humanidade, 
uma história que está repleta de exemplos que retratam essa expansão territorial que acaba 
absorvendo outros povos. Ao que se refere aos Estados Modernos, em sua maioria, passou 
por algum tipo de domínio colonial em sua concepção, principalmente os provenientes 
dos continentes americano, africano e asiático.
Tradicionalmente, o colonialismo é caracterizado como uma prática dominadora 
que ocorre mediante a submissão do outro. A prática do colonialismo era realizada por meio 
de um povo que deixava o seu lugar de origem e ocupava um novo território, exercendo 
domínio sobre o povo que ali já existia e mantendo-se leal às práticas e políticas do seu 
país de origem.
Foi durante o século XV, que essa prática tomou força em decorrência dos 
avanços tecnológicos na navegação que propiciaram as incursões. Com as novas rotas 
estabelecidas, a sensação de encurtamento das distâncias possibilitou a conexão entre as 
mais diversas partes do mundo, propiciando a expansão territorial de povos e sociedades, 
que passam a absorver outras culturas. 
É válido ressaltar que o colonialismo e o imperialismo, apesar de envolverem o 
controle econômico e político sobre um território dependente, são práticas distintas. O 
colonialismo ocorre por meio da dominação e ocupação de um território composto por uma 
grande massa de residentes permanentes. O imperialismo ocorre através do poder que 
um país exerce sobre o outro, de forma direta ou indireta, sem que ocorra a necessidade 
de permanecer nessa região a qual emprega o seu domínio.
O desenvolvido expansionista do capitalismo e do colonialismo, nos séculos XVI e 
XVII, criou a necessidade de explicação que justificasse as relações de poder imposta pela 
conquista realizada. Quijano (2000) ressalta que a conceitualização apresentada pelos 
conquistadores foi baseada no critério de raça, no qual existe uma suposta diferença 
biológica que coloca esses povos em local de inferioridade em relação aos demais.
Nesse contexto, a ideia apresentada pelos colonizadores, quando utilizam desse 
conceito racial, é de obter uma concepção que justifique as suas ações, valendo-se desse 
conceito de superioridade para uma justificativa que, ao seu ver, seja razoável às ações 
realizadas, fundamentadas por meio de uma razão universal de que uma raça superior 
deveria se sobrepor a outra. Quijano fala que essa ideia de raça foi forjada por meio do 
processo de descobrimento da América, para fundar e justificar as relações de domínio 
que o processo de conquista impunha. 
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O conceito eurocêntrico foi concebido junto ao processo de “descobrimento” da 
América, com o intuito de justificar a colonização realizada nesse território. Valia-se das 
concepções criadas pelas ciências do século XVIII, que consideravam a organização social 
do mundo justamente, e que cada sociedade estava no lugar que lhe cabia de direito, ou 
seja, que os europeus, enquanto superiores, estavam eu seu lugar de direito enquanto 
colonizadores, e os povos americanos, por serem de uma raça inferior, estavam no lugar 
que lhe era devido, de colonizados.
Assim, partindo desse pressuposto, esse processo de colonização não deveria ser 
impedido e sim apoiado e incentivado, uma vez que, ir contra essa ação, seria ir contra ao 
curso natural da vida, desobedecendo ao plano natural que estava em execução, onde a 
sociedade superior deveria se sobressair sobre uma sociedade tida como inferior e ação 
deveria ser respeitada e acatada, do contrário, estaria ocorrendo uma desobediência a um 
plano supremo que estava sendo exercido. 
Para Edward Said (2011), essa argumentação de superioridade é inválida, pois é 
preciso existir a construção de um discurso que agregue a posição exercida pelo dominador 
e pelo dominado que de fato justifique o seu lugar de direito. Ainda sendo a argumentação 
formulada por Said, não é possível obter um domínio sobre um império apenas por meio da 
força e de uma matança generalizada, mas é preciso existir um elemento representativo 
ou ideológico que justifique essa fundamentação.
Partindo das concepções apresentadas, podemos concluir que o processo 
de colonialismo se deu a partir de uma visão eurocêntrica, baseada em um critério de 
superioridade formulado pelos mesmo para justificar as ações realizadas por meio dos 
colonizadores durante esse processo de ocupação e conquista. É válido ressaltar que 
essas concepções foram formuladas por meio do eu europeu, que não conseguia enxergar 
o outro do de fato e por esse motivo, se autodenominou uma raça superior, não só no que 
diz respeito aos relatos feitos por esses colonizadores, mas através das ações executadas 
por eles. 
O entendimento de colonialidade concebido na modernidade foi totalmente 
formulado a partir da visão dos colonizadores. Desse modo, o pensamento ilustrado que 
parte desse pressuposto leva a crer que essas ações foram um fenômeno exclusivamente 
europeu, a partir de suas qualidades únicas e que justifica a sua superioridade sobre 
as demais culturas, o que não passa de uma visão eurocêntrica, uma vez que, essa 
modernidade ocorre em todo mundo mutuamente em dependência da colonialidade. 
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Colonialismo Brasileiro
Por meio da contextualização do que fora o colonialismo, a partir de um ponto de 
vista eurocêntrico, e de como essa ideia de superioridade por parte do colonizador ocorreu, 
explicitar como ocorreu esse processo de colonização em território nacional e as implicações 
que esse processo trouxe para a nossa civilização e o quanto isso nos moldou e nos molda 
enquanto sociedade concebida a partir de um processo de colonização. 
O colonialismo brasileiro corresponde ao período em que Portugal colonizou o leste 
da América do Sul, de 1500 até 1822. Durante esse período, os portugueses exploram as 
riquezas naturais do Brasil para
atender as demandas do mercado europeu. 
Durante o período pré-colonial (1500 – 1530) ocorreu a chegada dos portugueses 
na região da América do Sul, através da incursão realizada por Pedro Álvares Cabral. No 
decorrer desses anos, os portugueses instalaram um governo-geral em terras brasileiras, 
mais precisamente em Salvador, para administrar a colônia e executar as leis e ordens vindas 
de Portugal, uma vez que o sistema de capitanias hereditárias instauradas com um poder 
descentralizado não obtiveram êxito.
A incursão realizada por Cabral tinha como intuito chegar até as Índias, para estreitar o 
comércio que os portugueses possuíam com os povos do oriente, entretanto, o desembarque 
não ocorreu nas terras previstas, sendo assim “descoberto” o território nacional. 
Existe o questionamento, em algumas correntes historiográficas, de que a vinda de 
Cabral para o Brasil não ocorreu ao acaso, mas premeditadamente, uma vez que essa ação 
ocorreu logo após a chegada de Colombo nas terras americanas no ano de 1492. Esses 
historiadores acreditam que essa ação ocorreu para a coroa portuguesa expandir as suas 
terras. 
A missão de Cabral era garantir o domínio de Portugal sobre essas terras, a assinatura 
do Tratado de Tordesilhas reforça a teoria, uma vez que as terras brasileiras estavam ao lado 
da linha que pertencia à coroa portuguesa. Inicialmente, a demarcação realizada por Portugal 
solicitava o acesso às terras ao lado oeste, essa ação, levou os historiadores a deduzir que 
esse pedido teria ocorrido como uma forma de reconhecimento da Coroa portuguesa de que 
a “descoberta” realizada por Colombo significava que o continente era mais extenso do que 
se podia supor.
O primeiro contato dos portugueses na América do Sul, mais especificamente em 
terras brasileiras, ocorreu de forma pacífica e cordial, entretanto essa cordialidade não durou 
muito tempo, uma vez que ao impor o trabalho escravo na exploração das riquezas naturais 
daquela terra foram iniciados os confrontos entre os nativos e os portugueses, que culminou 
no extermínio de milhares de indígenas e fez com que diversas tribos deixassem de existir. Os 
sobreviventes a esses confrontos foram colonizados e obrigados a se adaptar ao modo de 
vida português.
Ao adentrar em terras brasileiras, os portugueses se depararam com o pau-brasil. 
A extração e exploração econômica realizada através dessa árvore foi a primeira atividade 
econômica exercida no contexto pré-colonial brasileiro. O pau-brasil era uma árvore que existia 
em abundância no território brasileiro e utilizada pelos europeus para tingir tecidos, através da 
tinta extraída da seiva da árvore, e sua madeira utilizada para a confecção de móveis.
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Essa extração não rendia grandes lucros à Coroa, pois não se tratava de um 
material de grande valia no mercado exterior. Entretanto, essa exploração foi a primeira 
oportunidade vista pela Coroa portuguesa para iniciar o processo de colonização brasileira. 
A extração da árvore era realizada através do trabalho indígena, que além da extração, 
realizavam o embarque da árvore nas embarcações e em troca recebiam, como pagamento 
dos portugueses, produtos sem valor comercial como espelhos e outros adereços vindos 
da Europa. 
Por volta do século XVI, o comércio de especiarias, devido à corrupção na 
administração portuguesa, à falta de organização, aos ataques muçulmanos, aos ataques 
piratas que culminaram no naufrágio das frotas, dentre outros fatores, levaram os 
portugueses a investirem no processo de ocupação e exploração do Brasil. O medo da 
ocupação desse território, por meio das tentativas realizadas por Inglaterra e França, fez 
com que a coroa portuguesa decidisse por optar em definitivo as terras brasileiras. 
A dominação exercida por Portugal sobre o Brasil, através da exploração de riquezas 
naturais como a cana-de-açúcar, ouro, e da cobrança de impostos e tributos, perdurou 
por três séculos. Em meio a esse processo de ocupação e exploração, os portugueses 
adotaram no Brasil o mesmo modelo administrativo utilizado nas colônias pertencentes a 
Ilha da Madeira, ou seja, o território foi dividido em porções de terra que seriam distribuídas 
entre os aliados da Coroa, estabelecendo assim, o sistema de “Capitanias Hereditárias”.
Enquanto exerceu domínio sobre as terras brasileiras, a base da economia foi 
realizada através da exportação, com o intuito de atender os interesses do mercado 
externo. Sendo a extração do pau-brasil a primeira atividade econômica exercida. Os 
portugueses acreditavam que conseguiriam extrair metais preciosos nessas terras com a 
mesma facilidade que os espanhóis na América Central, entretanto, foi através da extração 
dessa árvore que os colonizadores tiveram o primeiro ganho com as terras brasileiras. 
No século XVI, os portugueses iniciaram o processo de produção açucareira. Com 
uma terra fértil e um clima favorável, foi iniciado o processo de plantação da cana-de-
açúcar. Para esse processo foi utilizada a exploração de mão-de-obra indígena, mas sem 
êxito nesse processo de escravização, os portugueses passaram a utilizar a mão-de-obra 
dos negros africanos. Quanto mais a produção crescia, maior era o número de negros 
escravizados em território brasileiro tornando o tráfico negreiro uma atividade econômica 
lucrativa.
O processo de utilização e exploração das terras brasileiras, da mão-de-obra 
escrava indígena e negra permeou o Brasil por anos. O processo de colonização iniciado 
pelos portugueses em 1500 perdurou até o ano de 1822. O fim dessa colonização esteve 
ligado à crise do Antigo Regime, por meio da Revolução Francesa e da Era Napoleônica 
que alteraram a política europeia, enfraquecendo o poderio exercido pelas monarquias 
absolutistas.
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B I B L I O G R A F I A
Campos Raymundo Carlos Bandeira – “Estudos de História Moderna e Contemporânea”, 
Atual Editora Ltda, São Paulo, 1998.
Cardoso, C. F. S. (2004). América Pré-Colombiana. Brasiliense.
Cf. HESPANHA, António Manuel. Às Vésperas do Leviathan. Instituições e Poder Político. 
Portugal. Século XVII. Coimbra: Livraria Almedina, 1994, p.496.
Costa. E. (2017). Ativação popular do patrimônio territorial na América Latina: teoria e 
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CROSBY, Alfred W. The Columbian exchange: biological and cultural consequences of 
1492. Westport: Praeger Publishers. 2003. 
CROSBY, Alfred W. The early history of syphilis: a reappraisal. American Anthropologist, 
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	O ENCONTRO DAS CIVILIZAÇÕES
	Aspectos Simbólicos, Guerras e Epidemias
	Desconstrução do Mundo Tradicional
	Surgimento do Mundo Colonial
	Colonialismo Brasileiro
	BIBLIOGRAFIA

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