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O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS EM SALA DE AULA NO ENSINO DE MATEMÁTICA Suzy Fatima Lemos Nogueira 1. INTRODUÇÃO O tema desta pesquisa é sobre o uso das tecnologias digitais em sala de aula no ensino de matemática. A escolha deste tema resulta pela observação e relatos dos alunos e professores sobre a dificuldade em estudar e ensinar matemática e aos baixos índices perante as provas externas como por exemplos o Saresp e PISA. Ao analisar os resultados das avaliações externas é gritante o quanto o país vem regredindo no ensino de matemática. Segundo os resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) 2022, no que tange ao nível de desempenho em matemática, o Brasil está entre a 62ª e 69ª posição, onde 73% dos estudantes brasileiros ficaram abaixo do mínimo (nota 2) em uma escala que vai de 1 a 6, sendo que 2 é considerado o nível "básico" de conhecimento. Mesmo cenário visto no resultado da prova SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) de 2021, onde segundo dados apresentados pela secretaria de educação do estado de São Paulo, quatro em cada 10 estudantes apresentaram conhecimentos “abaixo do básico”. Em Matemática, o recuo ficou em 4,4%, de 276,6 para 264,2 – o pior índice em 11 anos, com 58,7% deles inseridos na menor etapa de proficiência, resultados esses que evidenciam a necessidade de se repensar a forma de ensinar matemática e o uso de novas metodologias. O objetivo deste trabalho é apresentar de que formas as ferramentas digitais podem ser uma importante ferramenta na melhoria do ensino de matemática nas salas de aulas. 2. DESENVOLVIMENTO As inovações tecnológicas sempre estiverem presentes no processo educacional, basta lembrar do uso dos mimeógrafos, retroprojetor de transparências, fitas de vídeos entre outras ferramentas disponíveis na época que se tornaram obsoletas e/ou que foram evoluindo com o passar do tempo. Ao olharmos para o novo cenário mundial, não é possível desvincular o uso das tecnologias digitais ao cotidiano dos alunos. Com o advento da tecnologia e a revolução na comunicação a partir da expansão da internet, o mundo atual está passando por uma intensa e profunda mudança nas relações interpessoais e pessoais. A forma como a geração denominada nativos digitais (geração de pessoas que nasceram e cresceram com o uso das tecnologias digitais e internet) busca informação é distinta de como as gerações anteriores estão habituadas. Estas mudanças também estão presentes na educação, o mundo digital é uma característica do mundo moderno e está inserida no cotidiano das salas de aula. O pensamento dos alunos já não é mais a mesma, por isso é necessário adotar novas metodologias educacionais para acompanhar essa mudança nos “nativos digitais”, em especial, na forma do ensino da Matemática, onde é de extrema importância a adoção do uso das Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) como ferramenta na construção do conhecimento. De acordo com Moran (2008, p. 170): As tecnologias são pontes que abrem a sala de aula para o mundo, que representam, medeiam o nosso conhecimento do mundo. São diferentes formas de representação da realidade, de forma mais abstrata ou concreta, mais estática ou dinâmica, mais linear ou paralela, mas todas elas, combinadas, integradas, possibilitam uma melhor apreensão da realidade e o desenvolvimento de todas as potencialidades do educando, dos diferentes tipos de inteligência, habilidades e atitudes. Perante isso, é importante entender de que formas as ferramentas digitais podem se tornar uma grande aliada ao ensino – aprendizagem nas escolas e de que forma o professor pode se apoderar deste recurso como metodologia de ensino em matemática. É importante que o docente conheça as novas ferramentas de ensino que estão surgindo voltadas para o ensino da Matemática, como por exemplo uma grande variedade de programas computacionais, simulações online de gráficos e o uso da gamificação na construção do conhecimento matemático e raciocínio lógico, entre outras ferramentas. O uso de software voltados para letramento matemático proporciona aos alunos transformar temas muitas vezes trabalhados de forma abstrata a poder visualizar de forma concreta os conteúdos abordados em sala de aula levando o mesmo a pensar e refletir sobre o que está sendo estudado naquele momento, proporcionando uma vivência que permita ao aluno chegar a conclusões por si só, sem a intervenção do professor. As metodologias ativas instigam aos docentes a repensar a forma tradicional de se lecionar, como por exemplo com o uso da gamificação, o aluno tem a oportunidade de aprender de forma participativa e lúdica, onde o professor não é mais o centro do processo de aprendizagem e sim o aluno, que se torna o protagonista do seu aprendizado. As novas tecnologias digitais durante as aulas de matemática, proporciona a mudanças tanto na dinâmica de ensinar – aprender, quanto na própria dinâmica da sala de aula, por isso é fundamental a escolha correta destas ferramentas ao longo do processo de ensino de matemática, de forma a enriquecer a aprendizagem, trabalhando novas habilidades e competências socioemocionais. O que leva a um grande desafio de como somar o uso das tecnologias digitais no ensino da matemática de forma mais atrativa e amigáveis aos estudantes, adequando para a sua realidade e a realidade da comunidade escolar. Outro desafio, não menos importante, é a que todo corpo docente seja treinado e esteja preparado para utilizar as tecnologias como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem. Segundo Silva (2000, p. 23): É preciso apenas que os professores se apropriem dessa linguagem e explorem com seus alunos as várias possibilidades deste novo ambiente de aprendizagem. O professor não pode ficar fora desse contexto, deste mundo virtual que seus alunos dominam. Mas cabe a ele direcionar suas aulas, aproveitando o que a internet pode oferecer de melhor. Já Cotta (2002, p. 20 e 21) afirma que: A introdução do computador na sala de aula, por si só, não constitui nenhuma mudança significativa para o ensino. O salto qualitativo no ensino da Matemática poderá ser dado através do aproveitamento da oportunidade da introdução do computador na escola, o que certamente favorecerá mudanças na pedagogia e poderá resultar em melhora significativa da educação, o uso da tecnologia na sala de aula faz com que o aluno se sinta motivado a aprender de maneira dinâmica e que traga resultados positivos. É inegável que o uso de tecnologia digital traz inúmeros benefícios ao processo de ensino –aprendizagem e deve estar presente no ensino de matemática, mas é preciso que tanto professor quanto o aluno esteja preparado para o seu uso. 3. CONCLUSÃO Diante deste novo cenário, onde as novas tecnologias digitais nos conduzem a um universo muito mais fascinante, dinâmico e atrativo é fundamental que tanto o aluno quanto o professor acompanhem esta nova tendência e se apropriem de todas as ferramentas disponíveis para o novo método de ensino de matemática. O corpo docente precisa planejar e desenvolver ações a fim de preparar os profissionais que atuam diretamente no ensino da matemática em sala de aula, incorporando as ferramentas disponíveis da tecnologia digital no ensino e na aprendizagem, no currículo escolar, nas metodologias ativas. Preparar e adequar a realidade escolar nesse novo meio, aproveitando os espaços físicos e os equipamentos eletrônicos já disponíveis no ambiente escolar e paralelamente adquirir o conhecimento técnico necessário para utilizá-las e para desenvolver atividades pedagógicas eficazes. Observando que para uma proposta pedagógica no ensino da matemática utilizando os recursos tecnológicos como ferramentas de auxílio à aprendizagem, além de ter um ambiente favoráveis (comopor exemplo acesso a uma internet de qualidade, equipamentos e materiais disponíveis), é imprescindível o comprometimento do profissional da matemática em se apropriar das ferramentas disponíveis e adequar o seu uso à realidade atual. Enfim, é importante ressignificar o uso das novas tecnologias para os nativos digitais, apresentando novas ferramentas e recursos disponíveis além do que eles já estão acostumados a utilizar em seu dia a dia, tornando o seu aprendizado muito mais prazeroso e efetivo. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COTTA, Alceu Júnior. Novas Tecnologias Educacionais no Ensino de Matemática: estudo de caso – logo e do Cabri – géométre. Dissertação de Mestrado. Florianópolis, 2002. MARINHO, G.S., O ensino da matemática aplicada as novas tecnologias: Desafios e possibilidades, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba- Campus Patos, Patos –PB, 2021. CRUZ, F.C.S, O uso de tecnologias no ensino de matemática, monografia, UNESP, São José do Rio Preto,2012 MARINHO, G.S. Novas tecnologias educacionais no ensino da matemática: desafios e possibilidades., monografia, IFPB, Patos, PB,2021 MORAN, J.M., Desafios na Comunicação Pessoal. Gerenciamento integrado da comunicação pessoal, social e tecnológica. 3 ed. São Paulo: Paulinas,2008. OLIVEIRA, E R; CUNHA, D S., O uso da tecnologia no ensino da Matemática: contribuições do software GeoGebra no ensino da função do 1º grau. Revista Educação Pública, v. 21, nº 36, 28 de setembro de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/36/o-uso-da-tecnologia-no-ensino- da-matematica-contribuicoes-do-isoftwarei-geogebrano-ensino-da-funcao-do-1-grau Acesso em: 09 de agosto 2024 RAVANELLO. M., A equação da matemática: medo+desespero+complexidade = desespero sofrível, zero hora, Porto Alegre, p.4, 4 de maio 2008. RIBEIRO, F.M R., PAZ, M G., O ensino da Matemática por meio de novas tecnologias., Revista Modelos, Osório, v. 2, agosto 2012. RIBEIRO, F.M., PAZ, M.G., O ensino da matemática por meio de novas tecnologias, Revista Modelos, FACOS/CNEC Osório Ano 2, Vol.2, Nº2, ISSN2237- 7077, AGO/2012 . Saresp 2021: Em matemática, estudantes do ensino médio têm o pior desempenho registrado em 11 anos., 2022. Disponível em: https://www.educacao.sp.gov.br/ saresp-2021-em-matematica-estudantes-ensino- medio-tem-o-pior-desempenho-registrado-em-11-anos/ Acesso em: 09 de agosto 2024 SILVA, M. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quater, 2000. SOUTO, M., PISA: 73% dos estudantes brasileiros estão abaixo do nível em matemática, 2023. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/ euestudante/2023/12/6665288-pisa-73-dos-estudantes-brasileiros-estao-abaixo-do- nivel-em-matematica.html#:~:text=De%20acordo%20com%20os%20resultados, OCDE%2C%20que%20foi%20de%20479. Acesso em: 09 de agosto 2024 TEDESCO, Juan Carlos (org.). Educação e Novas Tecnologias: esperança ou incerteza? São Paulo: Cortez. Brasília: UNESCO, 2004.