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Simulado CNU – bloco 8 NOÇÕES DE DIREITO – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 1 Considerado o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o direito de liberdade de expressão religiosa no contexto da radiodifusão comunitária, assinale a alternativa correta. (A) A liberdade religiosa é garantida apenas nos espaços privados, sendo a radiodifusão comunitária um veículo inapropriado para o exercício do proselitismo religioso devido ao seu potencial de alcançar um público diversificado e suscetível. (B) A proibição de discurso proselitista em serviços de radiodifusão comunitária é justificável, considerando que tais serviços devem manter a neutralidade religiosa para garantir o pluralismo e a diversidade cultural. (C) A liberdade de expressão religiosa, inclusive a veiculação de discurso proselitista, é plenamente exercível em serviços de radiodifusão comunitária. (D) Enquanto a radiodifusão comunitária pode servir como meio para a expressão religiosa, o discurso proselitista deve ser restrito a horários específicos para não influenciar indevidamente a opinião pública. (E) A radiodifusão comunitária deve abster-se de veicular qualquer forma de discurso religioso, seja ele proselitista ou não, para evitar conflitos e manter a harmonia social. RESPOSTA: Letra c. Assunto abordado: Direitos e deveres individuais e coletivos. De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a liberdade de expressão religiosa, inclusive a veiculação de discurso proselitista, é plenamente exercível em serviços de radiodifusão comunitária. Desse modo, pode-se afirmar que a alternativa certa é a letra C. As demais alternativas estão erradas pelas seguintes razões: (A) Errada. Contraria o entendimento do STF, que afirmou que a liberdade religiosa também é exercível no espaço público, e não limitada ao privado. (B) Errada. A decisão do STF enfatizou que a proibição de discurso proselitista viola a Constituição, defendendo a liberdade de expressão inclusive em contextos religiosos em radiodifusão comunitária. (D) Errada. Não há menção na decisão do STF sobre restrições de horário para o discurso proselitista em radiodifusão comunitária. (E) Errada. A decisão do STF foi justamente contra a visão de que deveria haver abstenção total de discurso religioso em radiodifusão comunitária, reconhecendo a importância da liberdade de expressão nesse contexto. 2 Considerado o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a obrigatoriedade da vacinação, assinale a alternativa correta. (A) A obrigatoriedade de vacinação é inconstitucional, pois viola a liberdade de consciência e de convicção filosófica, além de interferir de maneira desproporcional no poder familiar. (B) A imunização compulsória, quando determinada por consenso médico-científico e registrada por órgão competente, é considerada constitucional, pois não viola as liberdades individuais nem o poder familiar. (C) A vacinação só pode ser obrigatória quando houver lei específica aprovada pelo Congresso Nacional, sendo inconstitucionais quaisquer determinações feitas por estados ou municípios. (D) A obrigatoriedade de vacinação é constitucional apenas se a vacina estiver incluída no Programa Nacional de Imunizações, não sendo suficiente a determinação por parte dos entes federativos ou a existência de consenso médico-científico. (E) Segundo o STF, a vacinação compulsória é inconstitucional em qualquer circunstância, pois constitui uma violação direta ao direito à saúde, à liberdade de escolha e ao poder familiar. REPOSTA: Letra b. Assunto abordado: Direitos e deveres individuais e coletivos. De acordo com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, contido no julgamento do ARE n. 1.267.879, é constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações, ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, estado, Distrito Federal ou município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. Por esse julgado, pode-se afirmar que a alternativa certa é a letra B. 3- João, cidadão português, reside no Brasil há dois anos e possui uma vida exemplar, sem qualquer registro de infração penal. Ele decidiu requerer a nacionalidade brasileira. Considerando os dispositivos constitucionais sobre a naturalização, analise as opções a seguir e indique aquela indicativa mais adequada para João proceder com seu pedido de naturalização. (A) João deve esperar até completar quinze anos de residência ininterrupta no Brasil, pois apenas esse período é considerado suficiente para a naturalização de estrangeiros de qualquer nacionalidade. (B) João já pode requerer a nacionalidade brasileira, dado que cidadãos de países de língua portuguesa como Portugal precisam apenas de um ano de residência ininterrupta e demonstração de idoneidade moral para tal. (C) João precisa primeiro obter um certificado de idoneidade moral das autoridades portuguesas antes de poder solicitar a nacionalidade brasileira, mesmo tendo residido mais de um ano no Brasil. (D) Embora João seja originário de um país de língua portuguesa, ele deve completar cinco anos de residência ininterrupta no Brasil antes de poder requerer a nacionalidade brasileira, conforme a lei ordinária. (E) João deve aguardar até completar três anos de residência no Brasil para se qualificar para a naturalização, pois essa é a exigência para os cidadãos de países de língua portuguesa segundo a legislação complementar. RESPOSTA: Letra b. Assunto abordado: Nacionalidade. De acordo com o artigo da Constituição Federal, cidadãos de países de língua portuguesa podem requerer a nacionalidade brasileira após apenas um ano de residência ininterrupta no Brasil, desde que demonstrem idoneidade moral. Desse modo, pode-se afirmar que a alternativa certa é a letra B. 4- De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a omissão do poder público em ofertar transporte público gratuito nos dias de eleição e necessidade de viabilizar meios para o exercício do direito ao voto, assinale a alternativa correta. (A) A ausência de transporte público gratuito em dia de eleição não interfere significativamente no direito ao voto. (B) É suficiente a oferta de transporte público em tarifa reduzida nos dias de eleição para garantir o acesso ao voto. (C) É inconstitucional a omissão do Poder Público em ofertar, nas zonas urbanas em dias das eleições, transporte público coletivo de forma gratuita e em frequência compatível com aquela praticada em dias úteis. (D) Os estados ou municípios não têm o dever de garantir o transporte gratuito em todos os dias de eleição. (E) O transporte público gratuito nos dias de eleição deve ser restrito às áreas metropolitanas, não se aplicando a municípios menores ou áreas rurais. REPOSTA: Letra c. Assunto abordado: Direitos políticos. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, é inconstitucional a omissão do Poder Público em ofertar, nas zonas urbanas em dias das eleições, transporte público coletivo de forma gratuita e em frequência compatível com aquela praticada em dias úteis. (ADPF 1013) Desse modo, pode-se afirmar que a alternativa certa é a letra C. 5- Considere a seguinte situação hipotética: Joana, prefeita de um município, nomeou seu irmão para ocupar um cargo de assessoramento na prefeitura. Considerada essa situação e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre os princípios constitucionais aplicáveis à administração pública, assinale a alternativa correta. (A) A nomeação de Joana é válida, pois o cargo ocupado por seu irmão é de assessoramento, exigindo confiança, e não se aplica a proibição de nepotismo para tais casos. (B) A nomeaçãoé legal, desde que o irmão de Joana possua as qualificações técnicas necessárias para o cargo, conforme exceções permitidas pela jurisprudência do STF sobre nepotismo. (C) Esta nomeação é inconstitucional, de acordo com a jurisprudência do STF, que proíbe a nomeação de parentes até o terceiro grau para cargos em comissão ou de confiança na administração pública. (D) A nomeação pode ser considerada válida se não houver outro servidor na mesma unidade administrativa que seja parente até terceiro grau da prefeita ou de qualquer servidor investido em cargo de direção ou chefia. (E) A nomeação é permitida se o irmão de Joana foi selecionado por meio de um processo seletivo que comprove a ausência de favorecimento pessoal. REPOSTA: Letra c. Assunto abordado: Administração pública. A alternativa C está alinhada com o entendimento do STF que considera inconstitucional a nomeação de parentes até o terceiro grau para cargos de confiança ou comissão, como forma de combater o nepotismo. 6- Um servidor público, no exercício de suas funções, recebe um presente valioso de uma empresa que possui contratos com a administração pública. À luz da Lei n. 8.429/1992, este ato configura: (A) improbidade administrativa por enriquecimento ilícito. (B) improbidade administrativa por lesão ao erário. (C) improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública. (D) não configura ato de improbidade administrativa. (E) nenhuma das alternativas. RESPOSTA Letra a. Assunto abordado: Improbidade administrativa. (A) Certa. Conforme o Art. 9º: I – constitui ato de improbidade administrativa importando em enriquecimento ilícito receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de presente de quem tenha interesse direto ou indireto nas ações do agente público. (B) Errada. Lesão ao erário está tipificada no Art. 10 e envolve a perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades, o que não é o caso aqui. (C) Errada. Atos que atentam contra os princípios da administração pública estão descritos no Art. 11 e incluem ações que violam os deveres de honestidade, imparcialidade e legalidade, mas o recebimento de presente configura enriquecimento ilícito. (D) Errada. Houve ato de improbidade administrativa que importa em enriquecimento ilícito. (E) Errada. A alternativa A está certa. 7 Um gestor público permite que uma empresa privada utilize veículos e equipamentos pertencentes à administração pública em um evento particular. À luz da Lei n. 8.429/1992, este ato configura: (A) improbidade administrativa por enriquecimento ilícito. (B) improbidade administrativa por lesão ao erário. (C) improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública. (D) não configura ato de improbidade administrativa. (E) os atos de improbidade administrativa podem ser dolosos ou culposos. RESPOSTA Letra b. Assunto abordado: Improbidade administrativa. (A) Errada. O uso indevido de bens públicos para fins privados é configurado como lesão ao erário, conforme o Art. 10, XIII. (B) Certa. De acordo com o Art. 10, XIII, constitui lesão ao erário permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei. XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. (C) Errada. Embora a ação possa violar os princípios da administração pública, ela se enquadra especificamente na lesão ao erário. (D) Errada. Configura ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário. (E) Errada. Os atos de improbidade administrativa podem ser praticados apenas com dolo. 8 Com relação aos atos administrativos, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta. (A) Os atos administrativos possuem os atributos gerais de presunção de legitimidade, imperatividade, autoexecutoriedade e tipicidade. (B) A revogação de um ato administrativo ocorre quando este é considerado ilegal desde o seu nascimento. (C) Os atos administrativos discricionários possuem todos os elementos vinculados. (D) A convalidação é um ato administrativo destinado a corrigir defeitos insanáveis de um ato original, retroagindo à data em que este foi praticado. (E) O controle judicial dos atos administrativos permite a revisão do mérito administrativo. RESPOSTA: Letra a. Assunto abordado: Atos administrativos. (A) Certa. Os atos administrativos possuem os atributos de presunção de legitimidade, imperatividade, autoexecutoriedade e tipicidade. (B) Errada. A revogação de um ato administrativo ocorre por razões de conveniência e oportunidade, e não por ilegalidade. A ilegalidade de um ato leva à sua anulação. (C) Errada. Nos atos administrativos discricionários, apenas alguns elementos são vinculados (como a competência e a forma), enquanto outros são discricionários (como o motivo e o objeto). (D) Errada. A convalidação corrige defeitos sanáveis de um ato administrativo e retroage à data em que este foi praticado, sanando vícios que não comprometem a legalidade do ato como um todo. (E) Errada. O controle judicial dos atos administrativos limita-se aos aspectos de legalidade, não abrangendo o mérito administrativo. 9 Sobre a teoria dos motivos determinantes e a discricionariedade administrativa, no que se refere aos atos administrativos, assinale a alternativa correta. (A) Na teoria dos motivos determinantes, a validade do ato administrativo está condicionada à veracidade dos motivos que o embasam, mesmo que o ato seja discricionário. (B) A discricionariedade administrativa permite que a administração pública pratique atos administrativos fora dos limites da lei, desde que seja para o interesse público. (C) Na discricionariedade administrativa, a administração pública tem total liberdade para escolher o motivo do ato, sem necessidade de justificativa. (D) A discricionariedade administrativa não admite controle judicial, por se tratar de decisão interna da administração pública. (E) A teoria dos motivos determinantes não se aplica aos atos discricionários, apenas aos atos vinculados. RESPOSTA Letra a. Assunto abordado: Atos administrativos. (A) Certa. Na teoria dos motivos determinantes, a validade do ato administrativo está realmente condicionada à veracidade dos motivos que o embasam. Mesmo os atos discricionários devem ter motivos verdadeiros e justificáveis. (B) Errada. A discricionariedade administrativa deve ser exercida dentro dos limites da lei e no interesse público, e não fora dos limites legais. (C) Errada. Mesmo nos atos discricionários, a administração pública deve justificar o motivo do ato, ainda que tenha liberdade para escolher entre várias opções legais. (D) Errada. A discricionariedade administrativa admite controle judicial, mas este controle é limitado aos aspectos de legalidade, não alcançando o mérito administrativo. (E) Errada. A teoria dos motivos determinantes se aplica também aos atos discricionários, exigindo que os motivos alegados para a prática do ato sejam verdadeiros e correspondam à realidade. 10 Os poderes administrativos são ferramentas essenciais para que a administração pública atinja o interesse público. A respeito desses poderes, assinale a alternativa correta. (A) O poder regulamentar ou normativo permite à administração pública estabelecer hierarquia entre seus órgãos e agentes. (B) O poder disciplinar é exercido para estabelecer normas gerais e abstratas para o cumprimento de leis. (C) O poder hierárquico permite a delegaçãode atribuições entre agentes, inclusive quando não há relação hierárquica. (D) O poder de polícia é utilizado exclusivamente para aplicar sanções administrativas a servidores públicos. (E) O poder discricionário confere à administração pública a liberdade de escolha entre várias opções legalmente possíveis, desde que visando ao interesse público. RESPOSTA Letra c. Assunto abordado: Poderes administrativos. (A) Errada. O poder regulamentar ou normativo não se refere ao estabelecimento de hierarquia. Este poder é utilizado pela administração para editar normas gerais e abstratas, complementando leis para sua fiel execução. O estabelecimento de hierarquia é uma característica do poder hierárquico. (B) Errada. O poder disciplinar não está relacionado à criação de normas gerais e abstratas. Este poder se refere à capacidade da administração de aplicar sanções a seus servidores em decorrência de infrações administrativas. A criação de normas é uma atribuição do poder regulamentar. (C) Certa. O poder hierárquico permite a delegação de atribuições entre agentes públicos, podendo ocorrer inclusive entre órgãos que não possuem uma relação hierárquica direta, conforme previsto na Lei n. 9.784/1999, art. 12. Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial (D) Errada. O poder de polícia não é utilizado exclusivamente para aplicar sanções administrativas a servidores públicos. Ele é mais amplo e inclui atividades como fiscalização, controle e restrição de direitos privados em prol do interesse público, atuando sobre bens, direitos e atividades. (E) Errada. O poder discricionário confere à administração pública a liberdade de escolha entre várias opções legalmente possíveis, sempre observando o interesse público. No entanto, o poder discricionário não é sobre delegação de atribuições entre agentes, mas sim sobre a tomada de decisões em situações específicas.