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<p>Bases Constitucionais da Administração Pública</p><p>Prof. Me. André Luiz Ache Mansur</p><p>Celular: 99219-4898</p><p>E-mail: andremansuradv@gmail.com</p><p>Bacharel em Direito pela UFPR</p><p>Especialista em Direito pela FEMPAR</p><p>Mestre em Direitos Humanos pela UFPR</p><p>Professor de Direito na FAC/FAPAR</p><p>Professor convidado da Pós Graduação na UNICESUMAR nos cursos de especialização e MBA</p><p>Servidor Publico Federal</p><p>Escritor e pesquisador</p><p>Membro do Conselho Editorial da JM Livraria Jurídica.</p><p>1. O Direito Administrativo e o regime jurídico-administrativo.</p><p>1.1. Origem, evolução histórica e conceito do Direito Administrativo.</p><p>1.2. Relações do Direito Administrativo com outros ramos do Direito.</p><p>1.3. Princípios constitucionais do Direito Administrativo.</p><p>1.4. Fontes de Direito Administrativo.</p><p>1.5. Interpretação do Direito Administrativo.</p><p>Conceito do Direito Administrativo.</p><p>Ramo do direito público que trata de princípios e regras que disciplinam a função administrativa desempenhada pela administração pública, seus órgãos e agentes, na consecução do interesse público.</p><p>Origem e evolução histórica do Direito Administrativo.</p><p>O direito administrativo, como ramo autônomo, nasce no final do século XVIII e início do século XIX. Surge com o Estado de Direito e decorre da necessidade de se estabelecer limites ao exercício do poder pelo soberano ou por aqueles que exercem funções públicas.</p><p>Relações do Direito Administrativo com outros ramos do Direito.</p><p>Princípios constitucionais do Direito Administrativo.</p><p>Classificação da professora Fernanda Marinela</p><p>Princípio da supremacia do interesse público.</p><p>Princípio da indisponibilidade do interesse público.</p><p>Princípio da legalidade.</p><p>Princípio da impessoalidade.</p><p>Princípio da finalidade.</p><p>Princípio da moralidade.</p><p>Princípio da publicidade.</p><p>Princípio da eficiência.</p><p>Princípio da isonomia.</p><p>Princípio do contraditório e da ampla defesa.</p><p>Princípio da razoabilidade.</p><p>Princípio da proporcionalidade.</p><p>Princípio da continuidade.</p><p>Princípio da especialidade.</p><p>Princípio da presunção de legitimidade.</p><p>Princípio da motivação.</p><p>Princípio da segurança jurídica.</p><p>Classificação da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro</p><p>Princípio da legalidade.</p><p>Princípio da supremacia do interesse público.</p><p>Princípio da impessoalidade.</p><p>Princípio da presunção de legitimidade ou de veracidade.</p><p>Princípio da especialidade.</p><p>Princípio do controle ou tutela.</p><p>Princípio da autotutela.</p><p>Princípio da hierarquia.</p><p>Princípio da continuidade do serviço público.</p><p>Princípio da publicidade.</p><p>Princípio da moralidade.</p><p>Princípio da razoabilidade e proporcionalidade.</p><p>Princípio da motivação.</p><p>Princípio da eficiência.</p><p>Princípio da segurança jurídica.</p><p>Fontes de Direito Administrativo</p><p>”A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (…)” (Art. 37 da CF)</p><p>”Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” (Art. 4º LIND)</p><p>A lei, compreendida, em sentido amplo, é toda e qualquer espécie normativa, significa a norma imposta coativamente pelo Estado, isto é, todos os atos decorrentes do poder legiferante e do poder normativo do Estado, representando uma fonte primária de qualquer ramo do Direito e a principal fonte do Direito Administrativo.</p><p>Assim, por exemplo, tem-se a Constituição Federal, as Constituições Estaduais, as Leis Orgânicas dos Municípios, bem como as leis ordinárias, as leis complementares, as leis delegadas das mais diferentes esferas da federação brasileira.</p><p>O costume, também denominado direito consuetudinário, representa a prática habitual de determinado grupo que o considera obrigatório.</p><p>O costume vem perdendo a sua força desde 1769, com a Lei da Boa Razão, que desautorizou seu acolhimento quando contrário à lei, o que foi confirmado no Código Civil de 1916, em seu art. 1.807, que declarou revogados os usos e costumes concernentes às matérias de Direito Civil por ele reguladas.</p><p>Dessa forma, o costume administrativo é apenas admissível quando está de acordo com a lei, negando assim o caráter inovador dessa fonte, dando a ela relevância secundária e a suas normas, a princípio, mero poder de orientação ou indicação da ação estatal.</p><p>A doutrina pode ser conceituada como a lição dos mestres e estudiosos do Direito.</p><p>A jurisprudência traduz-se na reiteração dos julgamentos dos órgãos do Judiciário, sempre num mesmo sentido.</p><p>Interpretação do Direito Administrativo</p><p>A interpretação do Direito Administrativo há de considerar, necessariamente, a presença de três pressupostos:</p><p>1. A desigualdade jurídica entre a Administração e os administrados, em razão da prevalência do interesse público sobre o interesse particular, devendo o bem comum prevalecer, mantendo-se um equilíbrio desses direitos;</p><p>2. A presunção relativa de legitimidade dos atos da Administração;</p><p>3. A necessidade de poderes discricionários para a Administração atender a esses interesse.</p><p>Além desses elementos do direito público, admite-se a utilização dos métodos interpretativos previstos na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, no que for possível compatibilizar.</p><p>2. Administração Pública.</p><p>2.1. Estado, Governo e Administração Pública.</p><p>2.2. Função administrativa do Estado.</p><p>2.3. Organização administrativa brasileira.</p><p>2.3.1. Órgãos e competências públicas.</p><p>2.3.2. Desconcentração e descentralização.</p><p>2.3.3. Estrutura administrativa: administração direta e indireta.</p><p>2.3.4. Figuras da administração indireta e entidades paralelas.</p><p>2.3.5. Servidores públicos.</p><p>2.3.5.1. Regime constitucional dos servidores públicos.</p><p>2.3.5.2. Cargo, emprego e função.</p><p>2.3.5.3. Direitos e deveres.</p><p>2.3.5.4. Responsabilidade civil, penal e administrativa.</p><p>2.4. Poderes da Administração Pública.</p><p>Estado, Governo e Administração Pública</p><p>O Estado é a pessoa jurídica soberana.</p><p>O Estado é composto de três elementos: povo; o território; e governo soberano (poder de autodeterminação e auto-organização).</p><p>Os fins para o qual se destina o Estado (fins elencados na Constituição Federal) se realizam por intermédio dos denominados Poderes do Estado que são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si e com funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º).</p><p>O Governo representa a função política (responsável por traçar as diretrizes governamentais em conformidade com os fins do Estado) desempenhada pelos órgãos governamentais supremos.</p><p>Pode ser definido, em sentido formal, como o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais a quem incumbe a função política.</p><p>No enfoque operacional, é a condução política dos negócios públicos.</p><p>Os atos emanados no exercício da função política não são passíveis de apreciação pelo Poder Judiciário.</p><p>A função política compreende as atividades de direção e co-legislativa.</p><p>A função política abrange atribuições que decorrem diretamente da Constituição e por esta se regulam.</p><p>Administração pública é todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização da função administrativa.</p><p>A função administrativa é aquela desenvolvida por órgãos administrativos, subordinados hierarquicamente, aos quais incumbe executar os planos governamentais para a consecução dos interesses públicos mediante a prática de atos administrativos regidos pelo direito administrativo.</p><p>A função administrativa compreende o serviço público, o serviço de polícia, etc.</p><p>A administração pública não pratica atos de governo; pratica atos de execução (Fernanda Marinela).</p><p>Todos os Poderes exercem a função administrativa, mas predominantemente ela é exercida pelo Poder Executivo que a tem entre suas funções típicas.</p><p>Para Hely Lopes Meirelles, a Administração Pública deve ser conceituada, adotando-se os seguintes critérios: o formal, que define a Administração como um conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos</p><p>do Governo; o material, que estabelece um conjunto de funções necessárias para os serviços públicos.</p><p>Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a administração pública em sentido estrito compreende: a) em sentido subjetivo: as pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que exercem a função administrativa; b) em sentido objetivo: a atividade administrativa exercida por aqueles entes.</p><p>Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro a Administração Pública é objeto de estudo do direito administrativo; o Governo e a função política são mais objeto do Direito Constitucional.</p><p>A administração pública é objeto de estudo do direito administrativo.</p><p>O governo e a função política são objeto do direito constitucional.</p><p>2.3. Organização administrativa brasileira.</p><p>?</p><p>Estado</p><p>Descentralização Política</p><p>- Decorre da CF.</p><p>União</p><p>Estados e DF</p><p>Municípios</p><p>Descentralização Administrativa por Serviços</p><p>- O Poder cria por lei uma pessoa jurídica e a ela outorga a titularidade e a execução de serviço público.</p><p>Pessoa jurídica</p><p>Descentralização Administrativa por colaboração</p><p>- Compreende a delegação apenas da execução do serviço público a uma pessoa jurídica previamente constituída por meio de licitação e formalização de um contrato administrativo.</p><p>Pessoa jurídica</p><p>Administração</p><p>Pública Direta</p><p>Administração</p><p>Pública Indireta</p><p>Concessionárias e</p><p>Permissionárias de</p><p>Serviço Público</p><p>A organização administrativa brasileira compreende:</p><p>1. A administração pública direta;</p><p>2. A administração pública indireta (Decreto-lei 200/67 c/c art. 37, XIX CF e Lei 13.303/2016).</p><p>A administração pública direta compreende as pessoas jurídicas políticas, isto é, União, Estados, DF e Municípios, bem como os órgãos que integram estas pessoas.</p><p>A pessoa jurídica cria órgãos para dividir entre eles o desempenho de suas funções estatais, desconcentrando a atividades entre os diversos órgãos. Isto é o que chamamos de desconcentração.</p><p>Órgãos são criados por lei e compreendem um conjunto de competências desempenhadas por agentes públicos e cuja atuação é imputada a pessoa jurídica a que pertencem. Pode-se dizer que órgãos são centros de competências instituídos para o desempenho das funções estatais.</p><p>A administração pública indireta decorre da chamada descentralização administrativa que ocorre quando o Poder Público cria por lei uma pessoa jurídica e a ela atribui a titularidade e a execução de determinado serviço público.</p><p>Compreende as pessoas jurídicas que os entes da Administração Pública Direta criam por lei para desempenhar determinadas atividades, seja a título de serviço público (Correios/INSS) ou a título de intervenção no domínio econômico (agências reguladoras).</p><p>Engloba as autarquias, as fundações, as sociedades de economia mista e as empresas públicas. As chamadas estatais são na verdade as sociedades de economia mista e as empresas públicas.</p><p>Fernanda Marinela</p><p>Agentes públicos?</p><p>Agentes públicos:</p><p>1. Agentes políticos.</p><p>2. Servidores públicos</p><p>3. Militares</p><p>4. Particulares em colaboração com o Poder Público</p><p>Agentes políticos</p><p>Para Hely Lopes, os agentes políticos “são os componentes do Governo nos seus primeiros escalões, investidos de cargos, funções, mandatos (...) por nomeação, eleição (...) para o exercício de atribuições constitucionais” (MEIRELLES, 1998, p. 75). O conceito compreende os Chefes de Executivo e seus auxiliares diretos (Ministro e Secretários de Estado e Município), os membros do Poder Legislativo e os membros do Poder Judiciário.</p><p>Para Maria Sylvia, seguida por Fernanda Marinela e Celso Antônio, os agentes públicos compreendem apenas os Chefes do Executivo e seus auxiliares diretos e os membros do Poder Legislativo.</p><p>Servidores Públicos</p><p>Os servidores públicos constituem o grupo de servidores estatais que atuam nas pessoas da Administração Direta (entes políticos: União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e nas pessoas da Administração Indireta (as autarquias e fundações públicas de direito público).</p><p>Para esses servidores, a relação de trabalho é de natureza profissional e de caráter não eventual, sob vínculo de dependência com as pessoas jurídicas de direito público, integradas em cargos ou empregos públicos.</p><p>Compreendem: a) servidores públicos estatutários sujeitos ao regime estatutário e ocupantes de cargos públicos (adquirem estabilidade – art. 41 – e submetem-se a um período de estágio probatório – art. 20 Lei 8112/90 ou adquirem vitaliciedade – art. 95, I CF); b) empregados públicos contratados sob regime da legislação trabalhista parcialmente derrogada pelas normas de ordem pública (forma de investidura, acumulação de cargos e remuneração); c) servidores temporários (art. 198, §4º CF).</p><p>Militares</p><p>São aqueles que prestam serviços às Forças Armadas (art. 142, caput e §3º da CF) e às polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares dos Estados, DF e Territórios (art. 42 da CF). Sujeitam-se a regime jurídico próprio.</p><p>Particulares em colaboração com o poder público</p><p>São pessoas físicas que prestam serviços ao Estado, sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração. Ex.: jurados, mesários etc.</p><p>Controle da Administração Pública</p><p>Compreende o controle externo, efetivado, via de regra, por outros Poderes, e o controle interno que pode ser feito de ofício pelo poder de autotutela administrativa.</p><p>Classifica-se em controle administrativo (feito pela própria administração pública), controle legislativo (exercido pelo Poder Legislativo auxiliado pelo TC) e controle judicial (feito pela via judicial pelo Poder Judiciário e que incide apenas sobre a legalidade do ato administrativo).</p><p>Cuidado: o controle de mérito (quanto a oportunidade e conveniência do ato discricionário) é efetuado, em regra, pela administração pública.</p><p>“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.” (Súmula 473 STF)</p><p>Controle administrativo é realizado por meio de recursos administrativos (art. 5º, XXXIV, “a” e LV da CF) e por meio da obtenção de certidões para a defesa de direitos (art. 5º, XXXIV, “b” da CF).</p><p>Controle legislativo.</p><p>O Poder Legislativo tem por atribuição típica, além da elaboração de leis, a fiscalização do Poder Executivo (teoria dos freios e contrapesos). O controle pelo Poder Legislativo pode ser dividido em controle político e controle financeiro.</p><p>O controle político objetiva proteger os superiores interesses do Estado e da coletividade e recai sobre aspectos da legalidade e até mesmo sobre a conveniência e oportunidade das medidas do Executivo. A manifestação mais conhecida desse controle se dá por meio das CPI’s. Há ainda a previsão do art. 49, V da CF.</p><p>O controle financeiro é aquele relacionado com a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial da Administração Pública (arts. 70 e 71 CF). Esse controle é exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas.</p><p>Controle Judicial</p><p>Se faz por meio da via judicial (habeas corpus; habeas data; mandado de injunção; mandado de segurança; ação popular; ação civil pública).</p><p>Se liga!</p><p>A administração tem privilégios processuais que decorrem do regime jurídico administrativo: prazo em dobro para suas manifestações no processo (artigos 180, 183 e 186); processo especial de execução amparado no art. 100 da CF; etc.</p><p>Improbidade administrativa</p><p>“Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.” (art. 37, §4º da CF)</p><p>Lei 8.429/92.</p><p>Responsabilidade Civil do Estado</p><p>XXXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO</p><p>A sociedade empresária Viagem Certa S/A, concessionária de serviços de transporte ferroviário, vem descumprindo, reiteradamente, uma série de obrigações constantes no contrato, relativas à manutenção dos</p><p>trilhos. Em razão disso, ocorreu um trágico acidente, no qual um de seus trens descarrilhou e atingiu o automóvel dirigido por Dulcineia, que trafegava na rodovia próxima, ocasionando o óbito da referida motorista.</p><p>Diante dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a), responda, fundamentadamente, aos questionamentos a seguir.</p><p>A) A sociedade Viagem Certa S/A, no âmbito civil, responde objetivamente pelos danos causados à Dulcineia?</p><p>Sim. Apesar de Dulcineia não ser usuária do serviço em questão, a concessionária é pessoa jurídica de direito privado que presta serviços públicos, de modo que responde objetivamente pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, na forma do Art. 37, § 6º, da CRFB/88.</p><p>(...). RESPONSABILIDADE CIVIL. MORTE DE CRIANÇA. CRECHE. FALHA NO ATENDIMENTO. ENGASGO. (...). TESE RELATIVA À CULPA CONCORRENTE. (...). NEXO CAUSAL EVIDENCIADO. (...). VALOR DO DANO MORAL. BAIXA RENDA DA VÍTIMA. EXPECTATIVA DE VIDA. PARÂMETRO FIXADO NO IBGE. POSSIBILIDADE. REVISÃO DO VALOR. PROPORCIONALIDADE. (...).</p><p>1. (...).</p><p>2. Não há falar-se em violação ao art. 186 e 927 do CC quando pressuposta a falha na prestação de serviço (...). No caso, o Tribunal de origem consignou que a morte da criança decorre da omissão da creche em prestar a devida vigilância à vítima, salientando que dormia sem a presença de funcionários da ré. Além disso, a omissão em deixar criança de tão pouca idade, com apenas 11 meses, sozinha, obstou qualquer chance de salvamento quando atendida no Hospital.</p><p>3. (...).</p><p>4. A fixação do valor de dano moral, em caso de vítima de baixa renda, deve levar em conta a expectativa de vida prospectada pelo IBGE no momento da prolação do acórdão ou a morte dos pais, o que acontecer primeiro.</p><p>5. O quantum estipulado de R$ 157.600,00 para a composição dos danos morais, em face do evento morte, não pode ser considerado desproporcional, pois observados os parâmetros do STJ em casos similares. Diante disso, a revisão do valor em sede de recurso especial demandaria a revisão do contexto fático-probatório.</p><p>Incidência do enunciado 7/STJ.</p><p>6. (...).</p><p>7. Agravo interno não provido.</p><p>(AgInt no REsp 1834584/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 23/08/2021, DJe 26/08/2021)</p><p>A responsabilidade do Estado é extracontratual</p><p>A responsabilidade do Estado surge quando alguém sofre um dano que guarde relação de nexo com o agir/omitir da administração.</p><p>Sem dano não há o que reparar.</p><p>O Estado pode ocasionar dano a alguém quando:</p><p>1. Mesmo prestando corretamente um determinado serviço a população, como por exemplo a disponibilização de rodovias públicas, alguém sofre um acidente nessa rodovia por colidir com um animal na pista;</p><p>2. Quando verifica-se uma omissão específica de quem tem a função de garante, como no caso do bombeiro que diante de um afogamento deixa de garantir a vida da pessoa, de salvá-la;</p><p>3. Verificar-se falha na prestação de determinado serviço público, como ocorre quando o bebê morre engasgado na creche;</p><p>A CF/88 consagra a responsabilidade do Estado nos seguintes termos: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” (art. 37, §6º).</p><p>A CF/88 consagra a responsabilidade objetiva do Estado.</p><p>Trata-se da adoção da chamada teoria do risco administrativo.</p><p>A teoria do risco parte da ideia de que a atuação do Estado envolve risco de dano e, em face do prejuízo ocasionado a alguma pessoa que sofre um ônus maior do que as demais, o Poder Público deve indenizá-la com os recursos do erário.</p><p>A noção de culpa é, portanto, abandonada e substituída pelo nexo de causalidade entre a atividade estatal e o dano ocasionado.</p><p>A teoria do risco administrativo admite a responsabilidade objetiva do Estado, isto é, afasta a indagação acerca de elementos subjetivos como o dolo ou culpa do Estado ou de seus agentes.</p><p>A teoria do risco administrativo admite causas excludentes de responsabilidade (culpa exclusiva da vítima, por exemplo). A teoria do risco integral não admite causas excludentes e não é aceita pelo ordenamento jurídico pátrio.</p><p>A teoria do risco administrativo aplica-se tanto para as hipóteses em que o Estado age quanto para as hipóteses em que houver omissão específica do Estado.</p><p>Entende-se por especifica a conduta omissiva do Estado, que não realiza um dever de atuação especificamente contemplado em lei ou na Constituição Federal. Para o STF, a omissão específica gera para o Estado uma responsabilidade de natureza objetiva, aplicando-se a Teoria do Risco Administrativo.</p><p>Responsabilidade civil subjetiva do Estado existe?</p><p>Resposta: Sim, existe.</p><p>A responsabilidade civil subjetiva do Estado é aquela em que se verifica uma culpa da administração em razão da prestação deficitária de um serviço público.</p><p>A teoria da culpa do serviço procura responsabilizar o Estado em situações nas quais o serviço foi mal prestado ou o serviço funcionou atrasado e esse retardamento causou dano.</p><p>Ano: 2021; Banca: CESPE / CEBRASPE; Órgão: MPE-AP; Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-AP - Promotor de Justiça Substituto</p><p>A respeito da responsabilidade civil do Estado, assinale a opção correta.</p><p>A) Segundo o entendimento do STF, no caso de omissão da atuação estatal, a responsabilidade será sempre subjetiva, ou seja, somente existirá quando demonstrado culpa ou dolo do agente estatal.</p><p>B) Para a configuração da responsabilidade civil do Estado por dano, é desnecessário que o ato lesivo seja ilícito, bastando que haja nexo de causalidade entre a ação estatal e o dano anormal e específico, ou seja, que o dano tenha ultrapassado os inconvenientes normais da vida em sociedade, em desfavor de pessoas ou grupos determinados.</p><p>C) O poder público e os concessionários de serviços públicos respondem, objetiva e solidariamente, por danos causados aos usuários.</p><p>D) A tese da reserva do possível é amplamente aceita pelos tribunais superiores, principalmente no contexto de ações que busquem impor ao poder público a obrigação de efetivar políticas públicas previstas em lei.</p><p>E) Segundo o STF e o STJ, o suicídio de pessoa em cumprimento de pena dentro de estabelecimento prisional não enseja a responsabilidade civil do Estado, por consistir em ato de iniciativa exclusiva da própria vítima.</p><p>Aula dia 21.09.2021</p><p>Ato Administrativo</p><p>Conceito.</p><p>O ato administrativo é nada mais do que um ato jurídico, tratando-se de uma manifestação de vontade que produz efeitos jurídicos, caracterizando-se como uma espécie do gênero ato jurídico, por ser marcado por peculiaridades que o individualizam.</p><p>Ato administrativo é somente aquele praticado no exercício concreto da função administrativa.</p><p>Maria Sylvia Zanella Di Pietro, define ato administrativo “como a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.</p><p>Os atos administrativos caracterizam providências complementares à lei.</p><p>Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: Prefeitura de Matinhos - PR Prova: NC-UFPR - 2019 - Prefeitura de Matinhos - PR - Advogado</p><p>Os atos administrativos, em linha geral, podem ser entendidos como manifestações de vontade da Administração Pública ou de quem lhe faça as vezes, no exercício da função administrativa e, portanto, sob o regime de Direito Público. Sobre esse tema, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:</p><p>(V) São requisitos dos atos administrativos a competência, a finalidade, a forma, o motivo e o objeto.</p><p>(F) A Administração pode anular seus próprios atos, por motivo de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos; ou pode revogá-los, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos.</p><p>(V) O Poder Judiciário pode apreciar a legalidade dos atos administrativos</p><p>vinculados e discricionários.</p><p>(V) A presunção de veracidade é um dos atributos dos atos administrativos.</p><p>VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE</p><p>A Administração Pública goza de diversos poderes e prerrogativas que garantem a busca do interesse público em um patamar de supremacia em face dos interesses privados. Todavia, esses poderes, que se materializam por meio de atos administrativos, estão limitados pela previsão legal – como exercício do princípio da legalidade – visando impedir abusos praticados pelos administradores públicos.</p><p>Considerando esse regramento legal, que pode atingir diversos aspectos de uma atividade determinada, de uma conduta praticada pelo agente, é possível dividir os atos administrativos de acordo com o maior ou menor grau de liberdade concedido pela lei; assim, existem atos administrativos vinculados e atos administrativos discricionários.</p><p>Os atos vinculados ou regrados são aqueles em que a Administração age nos estritos limites da lei, simplesmente porque a lei não lhe deixou opções. Por isso, surge para o administrado o direito subjetivo de exigir da autoridade a edição do ato, ou seja, preenchidos os requisitos legais, o administrador é obrigado a conceder o que foi requerido.</p><p>Para Celso Antônio Bandeira de Mello, atos vinculados são “os que a Administração pratica sem margem alguma de liberdade para decidir-se, pois a lei previamente tipificou o único possível comportamento diante de hipótese prefigurada em termos objetivos”.</p><p>A concessão de uma aposentadoria é exemplo de ato vinculado, além das diversas formas de licenças expedidas, mediante alvará, tais como: a licença para construir, a licença para exercer atividade profissional e a licença para o funcionamento de bares e restaurantes. Para esses atos, quando preenchidos os requisitos legais, configura-se direito subjetivo à sua concessão, sendo, inclusive, passível de mandado de segurança quando denegatória a decisão.</p><p>Atos discricionários são aqueles em que a lei prevê mais de um comportamento possível a ser adotado pelo administrador em um caso concreto. Portanto, há margem de liberdade para que ele possa atuar com base em um juízo de conveniência e oportunidade, porém, sempre dentro dos limites da lei.</p><p>O ato discricionário também deve estar previsto em lei, inclusive cabe à própria lei instituir e delimitar essa discricionariedade.</p><p>A discricionariedade é identificada quando a norma confere, em seu próprio mandamento, uma liberdade decisória que envolve o exame de conveniência e oportunidade, ao invés de estipular um dever de praticar um ato específico. Ou seja, quando a lei expressamente confere mais de uma alternativa para o administrador que, em sua escolha, deve se limitar a essas opções.</p><p>São exemplos de atos discricionários: a permissão de uso para colocação de mesas e cadeiras nas calçadas públicas, as autorizações também expedidas, mediante alvará, como a autorização para pesca amadora, autorização para porte de arma, autorização para utilização de meios de transporte que ultrapassam os limites normais de medida ou peso, além de outros.</p><p>É oportuno lembrar que, quando um servidor público pratica uma infração funcional, a autoridade superior – tomando conhecimento do fato – deve instaurar o respectivo procedimento administrativo disciplinar, visando apurar possíveis ilegalidades, conforme previsto no art. 143 da Lei n. 8.112/90, diploma denominado Regime Jurídico dos Servidores da União (RJU).</p><p>Todavia, uma vez instaurado o processo, a autoridade competente, ao analisar o conjunto probatório produzido, pode ou não aplicar a penalidade. Neste último caso, trata-se de uma decisão discricionária.</p><p>Elementos do ato administrativo:</p><p>a) sujeito competente;</p><p>b) forma;</p><p>c) motivo;</p><p>d) objeto;</p><p>e) finalidade.</p><p>Perfeição, validade e eficácia</p><p>A perfeição do ato administrativo consiste na conclusão de seu ciclo de formação, significa dizer, é a situação do ato cujo processo de formação já está concluído, quando esgotadas as fases necessárias à sua produção.</p><p>O ato administrativo é válido quando for expedido em absoluta conformidade com as exigências do ordenamento jurídico.</p><p>O ato eficaz é aquele apto a produzir efeitos próprios, ou seja, quando seus efeitos típicos, ao serem desencadeados, não se encontram dependentes de qualquer evento posterior, como uma condição suspensiva, termo inicial etc.</p><p>Atributos do ato administrativo:</p><p>a) presunção de legitimidade, legalidade e veracidade;</p><p>b) autoexecutoriedade;</p><p>c) imperatividade;</p><p>d) tipicidade.</p><p>Mérito administrativo</p><p>Na determinação dos elementos do ato administrativo, é relevante a análise quanto à liberdade para sua definição, identificando se tal elemento é vinculado ou discricionário. Para as hipóteses em que o elemento é vinculado, o administrador não tem liberdade. Terá que preencher o ato, segundo os ditames da lei, sem análise de conveniência e oportunidade. De outro lado, quando o elemento for discricionário, o administrador pode realizar um juízo de valor, avaliando a conveniência e a oportunidade do interesse público para a prática do ato.</p><p>A vinculação ou a discricionariedade dos elementos do ato administrativo dependem do tipo de ato.</p><p>Para os atos vinculados, todos os seus elementos são vinculados, tendo em vista que, para a prática desse ato, o administrador não tem liberdade, ou seja, preenchidos os requisitos legais, ele é obrigado a praticar o ato. Portanto, a competência, a forma, o motivo, o objeto e a finalidade são elementos vinculados.</p><p>Nos atos discricionários, encontram-se elementos vinculados, como é o caso do sujeito competente, da forma e da finalidade. Esses elementos estão definidos em lei e, em regra, o administrador não pode modificá-los, não tendo opção de escolha. Todavia, nesses atos, o motivo e o objeto são discricionários. É na análise desses elementos que o administrador deve avaliar a conveniência e a oportunidade, realizando um juízo de valor, sem desrespeitar os limites previstos pela lei.</p><p>Anulação e revogação</p><p>As Súmulas 346 e 473 do STF tratam delas, respectivamente, nos seguintes termos:</p><p>SÚMULA 346. A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.</p><p>Súmula 473. A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.</p><p>Nos termos da CRFB:</p><p>Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.</p><p>§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.</p><p>§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.</p><p>§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.</p><p>Nos termos da Lei 9.784/99:</p><p>Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.</p><p>Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.</p><p>§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.</p><p>§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.</p><p>Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.</p><p>Convalidação e conversão</p><p>Convalidação ou saneamento é instituto que se utiliza a Administração Pública para suprir vício que o desnatura. Tem efeitos retroativos à data em que o ato foi praticado.</p><p>Conversão é instituto utilizado pela Administração Pública para transformar um ato inválido em ato der outra categoria, com efeitos retroativos à data do ato original, quando não for possível a convalidação.</p><p>Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: Prefeitura de Curitiba - PR Prova: NC-UFPR - 2019 - Prefeitura de Curitiba - PR – Procurador</p><p>O desfazimento dos atos administrativos é uma tarefa corriqueira da Administração. É essencial que se mantenham respeitados os princípios da Administração Pública e as regras do ordenamento positivo, a partir da ideia de que o agente público não dispõe dos meios administrativos segundo a sua vontade. Considerando essa realidade, assinale a alternativa correta.</p><p>A) A revogação é ato administrativo que desfaz o ato anterior desde que haja a constatação de algum vício.</p><p>B) A revogação dos atos administrativos pode ser realizada tanto pela Administração Pública quanto pelo Poder Judiciário.</p><p>C) A Constituição Federal veda expressamente a convalidação judicial de atos administrativos.</p><p>D) Segundo a legislação regente da matéria, a convalidação é um ato administrativo que somente pode ser realizado por uma autoridade superior à autoridade que praticou o ato convalidado.</p><p>E) Em que pese os seus característicos efeitos ex tunc, a anulação de um ato administrativo pode, excepcionalmente, não acarretar efeitos retroativos plenos.</p><p>Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: Prefeitura de Curitiba - PR Prova: NC-UFPR - 2019 - Prefeitura de Curitiba - PR – Procurador</p><p>Não há assunto mais tratado no Direito Administrativo contemporâneo do que o referente ao exercício da discricionariedade administrativa e seus limites. Vários outros temas estão coligados a esse assunto central. Sobre essa importante temática, assinale a alternativa correta.</p><p>A) Os atos administrativos discricionários podem ser anulados em caso de vício de um dos seus elementos ou convalidados em caso da presença de um legítimo motivo de interesse público justificador.</p><p>B) A legislação de cada ente federativo deve estabelecer como numerus clausus os atos que serão considerados atos vinculados e aqueles que serão caracterizados como atos vinculados.</p><p>C) Além dos atos administrativos, os fatos da Administração também podem ser caracterizados como discricionários.</p><p>D) É vedada a revogação de atos vinculados segundo a redação expressa da Constituição.</p><p>E) Os atos administrativos complexos não podem ser atos discricionários.</p><p>Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: FPMA - PR Prova: NC-UFPR - 2019 - FPMA - PR - Advogado</p><p>Atos administrativos são o modo regular através dos quais se manifesta e atua a Administração Pública. Assim, possuem seus contornos bem definidos pela legislação e pela doutrina, tendo em vista a necessidade de efetivo controle do poder público. Nesse sentido, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:</p><p>(V) Os atos administrativos possuem presunção de legitimidade, quer dizer, considera-se que foram praticados com a devida observância da lei e dos procedimentos necessários.</p><p>(F) A característica de imperatividade dos atos administrativos, considerada como a possibilidade de impor-se perante terceiros, independentemente de sua vontade, configura afronta ao primado da legalidade.</p><p>(V) A autoexecutoriedade é um atributo dos atos administrativos, sendo considerada a possibilidade de ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem intervenção do Poder Judiciário.</p><p>(F) A presunção de veracidade dos atos administrativos diz respeito aos fatos envolvidos na situação, não às normas seguidas pela Administração Pública.</p><p>XXXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – TIPO 1 – BRANCO</p><p>27</p><p>Amadeu, assim que concluiu o ensino médio, inscreveu-se e foi aprovado em concurso público para o cargo de técnico administrativo do quadro permanente de determinado Tribunal Regional Federal, cargo em que alcançou a estabilidade, após o preenchimento dos respectivos requisitos legais.</p><p>Enquanto estava no exercício das funções desse cargo, Amadeu cursou e concluiu a Faculdade de Direito, razão pela qual decidiu prestar concurso público e foi aprovado para ingressar como advogado de certa sociedade de economia mista federal, que recebe recursos da União para o seu custeio geral.</p><p>Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.</p><p>A) Amadeu poderá acumular o cargo no Tribunal com o emprego na sociedade de economia mista federal, se houver compatibilidade de horários (art. 37, XVI, XVII CF).</p><p>B) A estabilidade já alcançada por Amadeu estende-se à sociedade de economia mista, considerando-se que aquela se consuma no serviço público, e não no cargo (art. 41 CF; art. 19 ADCT; Súmula 390 do TST).</p><p>C) Amadeu, ao ser contratado pela sociedade de economia mista, continua submetido ao teto remuneratório do serviço público federal. (art. 37, XI, § 9º CF).</p><p>D) Amadeu poderia ser transferido para integrar os quadros da sociedade de economia mista sem a realização de novo concurso público (regra é o concurso público).</p><p>XXXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – TIPO 1 – BRANCO</p><p>28</p><p>O Ministério Público Federal denunciou Marcos, fiscal da Receita Federal, pelo crime de peculato doloso, em decorrência da existência de provas contundentes de que tal servidor apropriou-se de dinheiro público de que tinha guarda.</p><p>Ao tomar conhecimento de tais fatos, durante o trâmite do processo penal, a autoridade administrativa competente determinou a instauração de processo administrativo disciplinar, que, após o devido processo legal, levou à demissão de Marcos antes do julgamento da ação penal.</p><p>Sobre a questão apresentada, assinale a afirmativa correta.</p><p>A) A Administração fica vinculada à capitulação estabelecida no processo penal, vedada a incidência de qualquer falta residual no âmbito administrativo, considerando que o peculato constitui crime contra a Administração Pública.</p><p>B) A demissão de Marcos na esfera administrativa é válida, mas a superveniência de eventual sentença penal absolutória, por ausência de provas, exige a reintegração do servidor no mesmo cargo que ocupava.</p><p>C) O processo administrativo disciplinar deveria ter sido instaurado para apurar a conduta de Marcos, mas impunha-se sua suspensão diante da existência de processo criminal pelos mesmos fatos.</p><p>D) Deve ser aplicado ao processo administrativo disciplinar o prazo prescricional previsto na lei penal para o crime de peculato cometido por Marcos.</p><p>XXXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – TIPO 1 – BRANCO</p><p>29</p><p>O Município Alfa pretende formalizar uma parceria público-privada para a realização de obras, instalação de postes e prestação de serviços de iluminação pública. A contraprestação da concessionária vencedora da licitação seria inteiramente custeada pela Administração Pública local, mediante ordem bancária e por outorga de direitos sobre bens públicos dominicais</p><p>do município.</p><p>Sobre essa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.</p><p>A) A contratação almejada não é possível, porque o ordenamento não admite que a Administração arque com o custeio integral de parceria público-privada.</p><p>B) A outorga de direitos sobre bens públicos dominicais não é contraprestação admissível para a formalização da parceria.</p><p>C) O Município Alfa deveria utilizar-se de concessão administrativa para a formalização da contratação pretendida.</p><p>D) A natureza individual (uti singuli) do serviço em questão exige a cobrança de tarifa do usuário para a realização da parceria público-privada almejada.</p><p>Aula do dia 28/09/2021</p><p>Poderes Administrativos</p><p>Conceito.</p><p>Conjunto de prerrogativas ou de competências de direito público, conferidas à Administração, com o objetivo de permitir a aplicação da supremacia do interesse público e a realização do bem comum.</p><p>Características:</p><p>1) Poder-dever;</p><p>2) Irrenunciável;</p><p>3) Condicionado à lei.</p><p>Poder vinculado e poder discricionário</p><p>Poder Vinculado é aquele em que o administrador não tem liberdade de escolha;</p><p>No Poder Discricionário, o administrador também está subordinado à lei, diferenciando-se do Vinculado, porque o agente tem liberdade para atuar de acordo com um juízo de conveniência e oportunidade, de tal forma que, havendo duas alternativas, o administrador poderá optar por uma delas, escolhendo a que, em seu entendimento, preserve melhor o interesse público</p><p>Poder hierárquico</p><p>O vínculo de autoridade entre os órgãos de escalonamento superior com os de escalonamento inferior se denomina hierarquia e desse fato (hierarquia entre os órgãos) decorrem poderes como o de ordenar e fiscalizar atividades, por exemplo.</p><p>Poder disciplinar</p><p>O Poder Disciplinar conferido à Administração Pública lhe permite punir e apenar a prática de infrações funcionais dos servidores e de todos que estiverem sujeitos à disciplina dos órgãos e serviços da Administração, como é o caso daqueles que com ela contratam.</p><p>O poder disciplinar é obrigatório. Trata-se de um poder-dever. O servidor que deixa de exercê-lo incorre em crime (prevaricação do art. 319 CP; condescendência criminosa do art. 320 do CP; improbidade administrativa do art. 11, II da Lei 8.429/1992).</p><p>A aplicação da pena deve obedecer o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LV da CF).</p><p>Poder normativo</p><p>É o Poder em função do qual a administração pública edita atos com efeitos gerais e abstratos.</p><p>Manifesta-se por meio do poder regulamentar que cabe aos chefes do Poder Executivo com a finalidade de expedir normas gerais e complementares à lei. O poder de regulamentar a lei está sujeito ao controle pelo Legislativo (art. 49, V CF) e pelo Judiciário (art. 102, I, “a” da CF).</p><p>Poder de polícia</p><p>Conceito. O Poder de Polícia é um instrumento conferido ao administrador que lhe permite condicionar, restringir, frenar o exercício de atividade, o uso e gozo de bens e direitos pelos particulares, em nome do interesse da coletividade.</p><p>O art. 78 do CTN afirma que “Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.”</p><p>A atividade de poder de polícia divide-se em polícia administrativa e polícia judiciária.</p><p>A polícia administrativa incide sobre bens, direitos e atividades e se rege pelo direito administrativo. A polícia administrativa se reparte entre diversos órgãos da administração pública.</p><p>A polícia judiciária atua diretamente sobre pessoas. A polícia judiciária é privativa de corporações especializadas (polícia civil)</p><p>Atributos do poder de polícia</p><p>a) Discricionariedade (Engloba a opção legítima que a administração pública tem de escolher o melhor momento de agir, o meio de atuação e a sanção que mais se enquadra na situação concreta);</p><p>b) autoexecutoriedade (É prerrogativa que detém a administração pública de praticar atos e de executar suas decisões sem precisar socorrer-se previamente ao Poder Judiciário);</p><p>c) Coercibilidade (Característica que torna o ato obrigatório independentemente da vontade do administrado).</p><p>Atributos do ato administrativo:</p><p>a) presunção de legitimidade, legalidade e veracidade;</p><p>b) autoexecutoriedade (O atributo da autoexecutoriedade autoriza a Administração a executar diretamente seus atos e fazer cumprir suas determinações sem precisar recorrer ao Judiciário, admitindo-se até o uso de força, se necessário, sempre que for autorizada por lei);</p><p>c) imperatividade (Em razão da imperatividade, a Administração pode impor unilateralmente as suas determinações válidas, desde que dentro da legalidade, o que retrata a coercibilidade imprescindível ao cumprimento ou à execução de seus atos);</p><p>d) tipicidade.</p><p>Aula do dia 05/10/2021</p><p>Serviço Público</p><p>A noção de serviço público relaciona-se com a atuação positiva do Estado.</p><p>É o ordenamento que outorga a determinada categoria de atividade a qualificação jurídica de serviço público, submetendo-a total ou parcialmente a regime jurídico de direito administrativo.</p><p>Há critérios básicos apontados e bastante questionados pela doutrina para a identificação da noção de serviço público.</p><p>O critério subjetivo ou orgânico segundo o qual o serviço público seria o prestado pelo Estado ou por órgão público;</p><p>O critério material a partir do qual se compreende que o serviço público é a atividade que tem por finalidade a satisfação de necessidades coletivas;</p><p>O critério formal segundo o qual o serviço público seria o exercido em regime jurídico de direito público.</p><p>Princípio da continuidade do serviço público</p><p>Classificação</p><p>Quanto à essencialidade: serviços públicos propriamente ditos (não podem ser delegados) e serviços de utilidade pública (pode ser delegado mediante concessão, permissão e autorização e são remunerados pelos usuários)</p><p>Quanto a delegabilidade: em próprios (não podem ser delegados) e impróprios (a administração os presta remuneradamente ou delega)</p><p>Quanto à determinação do usuário: em serviços de fruição geral (uti universi) ou individual (uti singuli). Uti universi são os prestados à coletividade sem usuário específico (iluminação pública) e uti singuli são aqueles cujos usuários são determinados ou determináveis (energia elétrica, água, gás etc) e são remunerados por tarifa.</p><p>Estado</p><p>Descentralização Política</p><p>- Decorre da CF.</p><p>União</p><p>Estados e DF</p><p>Municípios</p><p>Descentralização Administrativa por Serviços</p><p>- O Poder cria por lei uma pessoa jurídica e a ela outorga a titularidade e a execução de serviço público.</p><p>Pessoa jurídica</p><p>Descentralização Administrativa por colaboração</p><p>- Compreende a delegação apenas da execução do serviço público a uma pessoa jurídica previamente constituída por meio de licitação e formalização de um contrato administrativo.</p><p>Pessoa jurídica</p><p>Administração</p><p>Pública Direta</p><p>Administração</p><p>Pública Indireta</p><p>Concessionárias e</p><p>Permissionárias de</p><p>Serviço Público</p><p>A delegação de serviço ocorre por meio de concessão de serviços públicos ou permissão de serviços públicos, sempre por meio de licitação.</p><p>Licitação</p><p>Lei n. 14.133, de 1º de abril de 2021.</p><p>Lei de Licitações e Contratos Administrativos.</p><p>Art. 193. Revogam-se:</p><p>I - os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na data de publicação desta Lei;</p><p>II - a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, e os arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011, após decorridos 2 (dois) anos da publicação oficial desta Lei.</p><p>image1.png</p>