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Prévia do material em texto

IBADEP
 Instituto Bíblico da Assembleia de Deus Ensino e Pesquisa
 
www.IBADEP.com
Rua IBADEP, S/Nº - Vila Eletrosul / Bairro IBADEP 
 Cx. Postal 248 85980-000 - Guaíra – PR
Fone/Fax: (44) 3642-6642
E-mail: ibadep@ibadep.com
Coord. Pastor M. Douglas Scheffel Jr.
Aluno(a): ___________________________________________________
DIRETORIA
CIEADEP
Pr. Perci Fontoura
Presidente
Pr. Isaias Cardoso dos Santos
1º Vice-Presidente
Pr. Antônio Batista Maia
2º Vice-Presidente
Pr. Daniel Sales Acioly
1º Secretário
Pr. Samuel Azevedo dos Santos
2º Secretário
Pr. Antonio Ferreira
1º Tesoureiro
Pr. Izaias Rodrigues Porto
2º Tesoureiro
IBADEP
 Pastor Douglas Junior Coordenador
Copyright © 2017. IBADEP – Instituto Bíblico da Assembleia de Deus – Ensino e 
Pesquisa.
Antigo Testamento I. IBADEP, 2017. 224p.
Inclui Bibliografia.
3ª Edição – Janeiro/2017
Todos os direitos reservados ao IBADEP
Contato:
Email: ibadep@ibadep.com
Web Site: www.ibadep.com
Fone: (44) 3642 - 6642
Antigo Testamento I
Diagramação e texto:
Equipe IBADEP
Projeto e desenvolvimento:
Pastor Douglas Junior
Direitos e Deveres do Aluno
São direitos do aluno:
1. Estar devidamente matriculado no curso de sua escolha;
2. Conhecer o funcionamento do curso por meio da leitura e aceitação 
do termo constante no sistema online do IBADEP;
3. Receber, mediante solicitação e pagamento de valor previamente es-
tipulado, a carteirinha de estudante; 
4. Ter acesso ao sistema online do IBADEP, onde poderá acessar seus 
dados bem como acompanhar o lançamento de suas notas referentes 
as matérias estudadas; 
5. Receber o certificado do curso que houver concluído com êxito, me-
diante o atendimento dos padrões especificados no manual do curso, 
bem como os abaixo mencionados. 
5.1 O recebimento do certificado está condicionado a:
5.1.1 Conclusão do curso com aproveitamento de todas as matérias 
dentro da média prevista no Manual Geral para Cursos do IBADEP. 
Obs. As notas deverão estar lançadas no Sistema Online do IBADEP;
5.1.2 Solicitação e preenchimento de requerimento específico junto 
ao responsável pelo núcleo de estudos da igreja, que deverá enviar o 
requerimento devidamente preenchido ao IBADEP; 
•	 O requerimento de certificado, bem como outros documentos en-
contra-se também disponível para download no endereço www.iba-
dep.com/downloads
•	 Alunos da modalidade de curso individual deverão solicitar seu cer-
tificado diretamente ao IBADEP mediante preenchimento e envio do 
requerimento; 
5.1.3 Envio prévio de toda a documentação exigida, conforme cons-
tante no Manual Geral para Cursos do IBADEP; 
São Deveres do Aluno:
1. Assistir às aulas e aceitar a orientação sadia da palavra de Deus, in-
dividualmente ou através do Monitor(a); portando-se de forma ética 
para com os professores e colegas de classe; 
2. Honrar o nome de Deus, da Igreja, e do IBADEP, divulgando os 
trabalhos do IBADEP e convidando novos alunos; 
3. Submeter-se às provas e aos trabalhos previstos para o curso e dedi-
car tempo ao estudo diário, conforme o previsto para cada modali-
dade de curso;
4. Entregar toda a documentação exigida;
5. Atentar para os prazos de carência de cada curso, a fim de que, em 
caso de desistência, possa retornar ao curso com aproveitamento das 
matérias já estudadas;
6. Acompanhar suas notas junto ao monitor do núcleo ou diretamente 
através o sistema online do IBADEP;
7. Estar ciente de que, será considerado concluinte, apenas o(a) 
aluno(a) que possua, nos registros junto à sede administrativa do 
IBADEP, todos os documentos exigidos e todas as notas referentes 
às disciplinas que formam a grade curricular do curso concluído, 
estando estas dentro da média prevista no manual geral para cursos 
do IBADEP 
8. Estar ciente de que a certificação do curso não implica na ascensão 
do concluinte ao ministério, seja este como Pastor, Missionário, Diá-
cono ou outro; tal ascensão ministerial é prerrogativa da igreja onde 
o concluinte servir como membro.
9. As convenções que adotam os cursos do IBADEP como pré-requi-
sito para a consagração de obreiros, poderá valer-se de avaliação 
própria, contudo, o concluinte somente terá direito a certificação do 
IBADEP se houver passado pelo sistema de avaliação previsto no 
manual do curso que houver concluído.
Informações mais detalhadas poderão ser encontradas no manual 
geral para cursos do IBADEP, disponível para download no site 
www.ibadep.com bem como em todos os demais canais de comuni-
cação do IBADEP.
Cremos
1. Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: O 
Pai, Filho e o Espírito Santo. (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29).
2. Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível 
de fé normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-
17).
3. Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expi-
atória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua 
ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34 e At 1.9).
4. Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de 
Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expi-
atória e redentora de Jesus Cristo é que pode restaurá-lo a 
Deus (Rm 3.23 e At 3.19).
5. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em 
Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra 
de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus 
(Jo 3.3-8).
6. No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e 
na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de 
Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nos-
so favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9).
7. No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo intei-
ro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do 
Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo 
(Mt 28.19; Rm 6.1-6 e Cl 2.12).
8. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida 
santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no 
Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santifi-
cador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis 
testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14 e 1Pd 1.15).
9. No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por 
Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência 
inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade 
(At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).
10. Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espíri-
to Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua sober-
ana vontade (1Co 12.1-12).
11. Na Segunda Vinda premilenial de Cristo, em duas fases 
distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a 
sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda 
- visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar 
sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16. 17; 1Co 15.51-
54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14).
12. Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de 
Cristo, para receber recompensa dos seus feitos em favor da 
causa de Cristo na terra (2Co 5.10).
13. No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará 
os infiéis (Ap 20.11-15).
14. E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tris-
teza e tormento para os infiéis (Mt 25.46).
Metodologia de Estudo
Para um bom aproveitamento, o aluno deve ser con-
sciente que a dedicação de tempo e esforço no estudo das 
Sagradas Escrituras proporcionará o crescimento na graça e 
sabedoria divina.
Você é o autor de sua história!
Consciente desta realidade se prepara para as provas ou 
trabalhos por fazer.
Siga o roteiro como estudar esta matéria e comprove os 
resultados.
1. Devocional:
a) Inicie o estudo com uma oração, agradecido ao Senhor pela 
oportunidade concedida de ser um Salvo e estudar a sua 
Palavra para melhor servi-lo no seu Reino.
b) Peça a orientação e revelação do Espírito Santo enquanto 
estuda para ser revelado ao seu coração as verdades eternas 
da Palavra de Deus!
c) Para melhor aproveitamento do estudo, seja organizado, leia 
com atenção e medite nas lições.
2. Local de estudo:
Disponibilize um lugar adequadopara estudar. Que deve ser:
a) Arejado e com boa iluminação (de preferência, que a luz 
venha da esquerda);
b) Isolado da circulação de pessoas;
c) Silencioso.
3. Disposição:
Tudo o que fazemos por opção alcança bons resultados. 
Conscientize-se da importância dos itens abaixo:
a) Estabelecer um horário de estudo extraclasse, dividindo-se 
entre as disciplinas do currículo (dispense maior tempo às 
matérias que tiver maior dificuldade);
b) Reservar diariamente tempo para descanso e lazer. 
c) Concentre-se na matéria estudada;
d) Adote postura correta (sentar-se à mesa, tronco ereto), para 
evitar o cansaço físico;
e) Não passar para outra lição antes de dominar bem o que 
estiver estudando;
f) Não abuse da capacidade física e mental.
Quando perceber que está cansado e o estudo não alcança um 
bom rendimento, faça uma pausa para descansar.
4. Aproveitamento das aulas:
Cada disciplina apresenta características próprias, 
envolvendo diferente comportamento raciocínio, analogia, 
interpretação, aplicação ou simplesmente habilidades motoras. 
Exigindo sua participação ativa. 
Para melhor aproveitamento, procure:
a) Colaborar para a manutenção da disciplina na sala-de-aula;
b) Participe ativamente das aulas e pergunte quando algo não 
ficar bem claro;
c) Anotar as observações complementares do monitor em cad-
erno apropriado;
d) Anotar datas de provas ou entrega de trabalhos.
5. Estudo extraclasse:
Observando as dicas dos itens 1 e 2, você deve:
a) Fazer diariamente as tarefas indicadas;
b) Rever os conteúdos do dia;
c) Prepare as aulas da semana seguinte (caso você tenha algu-
ma dúvida, anote-a para apresentá-la ao monitor durante a 
aula). Não deixe que dúvidas se acumulem.
d) Materiais que poderão ajudá-lo:
•	 Mais que uma versão ou tradução da Bíblia Sagrada;
•	 Atlas Bíblico;
•	 Dicionário Bíblico;
•	 Enciclopédia Bíblica;
•	 Livros de História Geral e Bíblica;
•	 Dicionário de Língua Portuguesa;
•	 Livros e apostilas que tratem do assunto.
e) O estudo, sendo em grupo, tenha sempre na mente:
•	 A necessidade de prestar colaboração pessoal;
•	 O direito de todos os integrantes opinarem.
6. Como obter melhor aproveitamento em avaliações:
a) Revise a matéria antes da avaliação;
b) Permaneça calmo e seguro (você estudou!);
c) Concentre-se no que está fazendo;
d) Não tenha pressa;
e) Leia atentamente as questões;
f) Resolva primeiro as questões mais acessíveis;
g) Revise tudo antes de entregar a prova.
Bom Desempenho!
Abreviaturas
a.C. – antes de Cristo.
ARA – Almeida Revista e Atualizada
ARC – Almeida Revista e Corrida
AT – Antigo Testamento
BLH – Bíblia na Linguagem de Hoje
BV – Bíblia Viva
c. – Cerca de, aproximadamente
cap. – capítulo; caps. – capítulos
cf. – confere, compare
d.C. – depois de Cristo.
ex. – por exemplo.
fig. – Sentido Figurado
gr. – grego
hb. – hebraico
IBB – Impressa Bíblica Brasileira
i.e. – isto é
km – Símbolo de quilômetro
lit. – literal, literalmente.
LXX – Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento)
MSS – manuscritos
NT – Novo Testamento
N. T. – Nota do Tradutor
NVI – Nova Versão Internacional
p. – página
ref. – referência; refs. – referências
ss. – e os seguintes (isto é, os versículos consecutivos
 de um capítulo até o seu final. Por exemplo: 1Pe 2.1ss,
 significa 1Pe 2.1-25).
séc. – século (s)
v. – versículo; vv. – versículos
ver – veja
Índice
Capítulo 1
 O Pentateuco.........................................................................15
Capítulo 2 
 Gênesis...................................................................................69
Capítulo 3
 Êxodo - Levítico....................................................................101
 Capítulo 4 
 Números - Deuteronômio...................................................159
 
 
Referências Bibliográficas.................................................221
14 •	Capítulo	1
1515
O Pentateuco
1º
Capítulo
O Pentateuco
16 •	Capítulo	1
O Pentateuco
17
O ícone abaixo indica:
Neste capítulo veremos;
•	 O que é o Pentateuco?
•	 O Pentateuco – Narrativa histórica 
unificada?
•	 Qual é a origem do Pentateuco?
•	 Autoria do Pentateuco
•	 Qualificações de Moisés como Autor do 
Pentateuco
1
Capítulo
Atenção e Foco
O que é o Pentateuco?
O Pentateuco é formado pelos cin-
co primeiros livros do Antigo Testamen-
to: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e 
Deuteronômio. O vocábulo “Pentateuco” 
vem do grego “pente” cinco, e “teúchos”, 
“livro”, “rolo” (originalmente, um vaso ou 
implemento). Os judeus chamam esses 
livros de Torá (i.e., “instrução”), que em 
geral se traduz por lei (Mt 5.17; Lc 16.17; 
At 7.53; 1Co 9.8). Os judeus atribuem à 
Torá maior autoridade e santidade que ao 
restante das Escrituras.
Pentateuco é um modo adequado 
de identificar esses livros. Em virtude dos 
quase dois mil anos de uso, ele está pro-
fundamente enraizado na tradição cristã. 
Entretanto, um termo preciso e informa-
tivo é Torá (hebraico torah). Esse nome 
baseia-se no verbo yarah, ensinar. Torá é, 
portanto, ensino. A atenção cuidadosa a 
esse fato levará à apreciação do conteúdo 
do Pentateuco, seu propósito fundamental: 
instruir o povo de Deus acerca do próprio 
Deus, e dos propósitos divinos concernen-
tes ao povo.
A quantidade de material legal no 
Pentateuco (metade de Êxodo, a maior 
parte de Levítico, grande parte de Números e praticamente todo o 
Deuteronômio) levou à designação comum Lei ou Livros da Lei. 
Essa maneira de ver o Pentateuco desfrutava a sanção do uso que se 
fazia dele no antigo mundo judaico, e mesmo no Novo Testamento 
não é de todo sem razão. Entretanto, estudos recentes têm mostrado 
de modo conclusivo que o Pentateuco é essencialmente um manual 
de instrução (daí torah) cujo propósito era guiar Israel, o povo da 
1
O Pentateuco
18 •	Capítulo	1
aliança, na peregrinação diante de seu Deus. Por exemplo, Gênesis, 
embora contenha poucas leis, ainda assim instrui o povo de Deus 
mediante suas narrativas da história primeva1 e dos patriarcas. A 
lei formava “a constituição e os regulamentos” da nação escolhida. 
Torá é, portanto, a denominação adequada para descrever todo o 
conteúdo e o propósito dessa parte antiga da Bíblia.
Até o Iluminismo2 no século XVIII, havia consenso entre as 
tradições judaica e cristã de que o testemunho do Pentateuco revelava 
Moisés como seu autor. Tanto o Antigo (Dt 1.5; 4.44; 31.9; 33.4; Js 
8.31-34; 1Rs 2.3; 2Rs 14.6; 23.25; 2Cr 23.18; Ed 3.2; Ne 8.1; Ml 4.4) 
como o Novo Testamento (Lc 2.22; 24.44; Jo 1.17; 7.19; At 13.39; 
28.23; 1Co 9.9; Hb 10.28) sustentam a tradição da autoria mosaica. 
Alguns intérpretes, antes do Iluminismo, levantaram questões inci-
dentais sobre discordâncias cronológicas. Observaram, por exem-
plo, a referência aos reis de Israel em Gênesis 36.31, a referência de 
Moisés a si mesmo como varão “mui manso, mais do que todos os 
homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3), e o relato que ele fez de 
sua própria morte (Dt 34.5-12). Tais referências, porém, podem ser 
explicadas ou como resultado da revelação divina sobre o futuro ou 
provavelmente como exemplos de acréscimos posteriores ao texto.
Aqueles que aceitam Moisés como personagem histórico, 
cuja vida e experiência são evidenciadas pelas Escrituras (Êx 2.10-
11; Hb 11.23-24), devem admitir a possibilidade genuína de ele ser 
o autor dos escritos que tradicionalmente levam o seu nome. Vários 
estudiosos declaram positivamente as contribuições significativas de 
Moisés para formação do Pentateuco, mas sustentando que a forma 
final desses livros evidencia algum trabalho de edição posterior à 
época de Moisés. Esses críticos de modo algum negam a inspiração 
divina do Pentateuco ou a confiabilidade de sua história. Antes, 
afirmam que após a morte de Moisés Deus continuou a estimular o 
povo da fé de modo que este desenvolvesse com cuidado as verdades 
ensinadas por Moisés. 
Entre os indícios de que os relatos foram recontados após a 
morte de Moisés encontram-se Deuteronômio 34.10-12 que mos-
tram refletir umalonga história de experiência com profetas que 
não conseguiram se igualar a Moisés. Outros indícios são as notas 
1 Relativo aos tempos primitivos. Antigo, primitivo.
2 Movimento filosófico do séc. XVIII que se caracterizava pela confiança no progresso e na razão, pelo 
desafio à tradição e à autoridade e pelo incentivo à liberdade de pensamento.
O Pentateuco
1
19
históricas que se refere a uma época posterior à conquista da terra 
dos cananeus por Israel (Gn 12.6; 13.7) e identificam nomes de lu-
gares que aparentemente foram atualizados para os que eram usados 
depois da morte de Moisés (compare Gênesis 14.14 com Josué 19.47 
e Juízes 18.29).
Alguns críticos radicais têm negado a possibilidade de en-
volvimento sobrenatural de Deus na história e questionado a fi-
dedignidade da história no Pentateuco. Contudo, qualquer visão 
do Pentateuco deve reconhecer a contribuição real de Moisés e a 
confiabilidade histórica de suas tradições (veja a discussão seguinte 
sobre o Pentateuco como história).
Deuteronômio, o último livro do Pentateuco, foi composto 
por Moisés nas campinas de Moabe (Dt 1.1-5; 4.44-46; 29.1) pouco 
antes de sua morte (Dt 31.2,9,24). Os primeiros quatro livros prova-
velmente compartilham o mesmo período e local de origem. Gênesis, 
Êxodo e Levítico, porém, podem ter sido escritos já por ocasião da 
convocação no Monte Sinai, trinta e oito anos antes. Essa localização 
em Moabe é particularmente apropriada porque Deus já tinha infor-
mado Moisés de que ele não viveria para cruzar o Jordão e participar 
da conquista e povoamento de Canaã (Nm 20.10-13; 27.12-14). Ele 
precisava, portanto, legar3 com urgência ao seu povo a herança da 
revelação divina – o Pentateuco – que o Senhor lhe havia confiado. 
O profeta inspirado tinha de tratar de qualquer questão que o povo 
tivesse acerca de suas origens, propósito e destino naquele exato 
momento e lugar. A data da forma final do Pentateuco tal como 
veio das mãos de Moisés é cerca de 1400 a.C quarenta anos após a 
saída do Egito.
A descrição do Pentateuco como torah, “instrução”, revela de 
imediato o seu propósito: educar o povo de Israel acerca de sua iden-
tidade, sua história, seu papel entre as nações da terra e seu futuro.
O Pentateuco contém informações acerca de coisas como 
a criação, o cosmo e a distribuição e dispersão de povos e nações. 
Entretanto, essas informações têm sua relevância principalmente em 
relação a Israel, povo a qual Moisés se dirigiu em Moabe. O propó-
sito verdadeiro e último da literatura bíblica não pode ser separado 
de sua mensagem teológica. O Pentateuco procurava informar ao 
povo de Deus sobre sua identidade e objetivo. Embora os dois te-
3 Deixar como legado; transmitir, transferir.
1
O Pentateuco
20 •	Capítulo	1
mas, venham à tona freqüentemente em Êxodo, especialmente em 
Deuteronômio, o texto chave que se declara à identidade e ao obje-
tivo de Israel é Êxodo 19.4-6, aqui, na véspera do encontro para a 
aliança no Sinai, o Senhor falou com Israel: “Tendes visto o que fiz 
aos egípcios, como vos levei sobre asas da águia e vos cheguei a mim. 
Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes 
a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre 
todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de 
sacerdotes e nação santa”.
Esse texto que constitui o núcleo do Pentateuco apresenta o 
tema central ao qual se relacionam todos os demais temas e ensinos 
e sob cuja luz eles e todo o Pentateuco devem ser entendidos. Nessa 
afirmação o Senhor proclamou que Ele mesmo havia conduzido 
Israel para si. O texto pressupõe de imediato a libertação de Israel, 
o ato redentor em que Deus venceu o Egito (“tendes visto o que fiz 
aos egípcios”) por meio de intervenção miraculosa (“como vos levei 
sobre asas de águia”). Declara, além disso, que o Deus soberano de 
todas as nações estava oferecendo a uma única nação – Israel – uma 
aliança que lhe concederia o privilégio de servir a todos os povos da 
terra como “reino de sacerdotes e nação santa”.
Esse texto central evidencia o passado como futuro. A refe-
rência ao êxodo naturalmente chama a atenção para o passado de 
Israel. Este havia saído do Egito, uma terra de escravidão, onde tinha 
permanecido temporariamente por 430 anos (Êx 12.40). A razão 
para a longa estada foi uma fome que forçou os patriarcas a fugir de 
Canaã em busca de ajuda. Outra razão, porém, foi que Jacó e seus 
filhos tinham começado a perder sua identidade como a família da 
promessa por se misturarem com os cananeus e se contaminarem 
com seus costumes ímpios. O sórdido4 acontecimento envolvendo 
Judá (Gn 38) ilustra essa tendência de modo muito mais claro.
Moisés teve de reportar-se, dessa maneira, ao tempo dos an-
cestrais da nação até o relato sobre a estada no Egito e até o próprio 
acontecimento do êxodo. Além disso, precisava explicar quem eram 
os patriarcas e por que Deus os chamou. A resposta se encontra na 
antiga aliança patriarcal.
Um homem, Abraão, foi chamado do paganismo sumério 
para fundar uma nação que seria uma bênção para todas as nações 
4 Que tem ou denota sordidez; imundo, abjeto, repugnante.
O Pentateuco
1
21
que reconhecessem sua natureza e vocação peculiar (Gn 12.1-3). 
Israel era essa nação, essa descendência de Abraão, que agora estava 
pronto para desempenhar o papel revelado havia muito tempo.
O propósito do chamado de Abraão e a promessa da aliança a 
ele confiada também são cuidadosamente declarados. A humanidade, 
que Deus criou segundo sua imagem objetivando dominar sobre sua 
criação (Gn 1.26,28), violou essa confiança sagrada e lançou todo o 
universo em ruína caótica5 e rebelião. O que se exigia era um povo 
chamado para fora dessa perdição a fim de manifestar obediência 
piedosa perante o mundo, atuar como mediadores e sacerdócio re-
dentor e preparar de antemão a matriz pela qual o Deus encarnado 
poderia entrar no mundo e concretizar seus planos salvíficos e so-
beranos de recriação. 
Esse povo era Israel. Com certeza, ele entendeu sua vocação, 
mas é provável que isso nunca tenha sido declarado plenamente até 
Moisés fazê-lo nas vésperas da conquista.
A forma que essa recapitulação do significado de Israel assu-
miu foi, evidentemente, o livro de Gênesis. Não é possível saber com 
certeza se o relato desses grandes eventos já existia antes em forma 
escrita, embora haja fortes indícios disso no próprio livro de Gênesis 
(Gn 2.4; 5.1; 6.9; 10.1; 11.10; 11.27; 25.12; 25.19; 36.1).
Moisés deu forma à história como a conhecemos hoje. Ele 
forneceu a Israel a base histórica e teológica da condição de povo 
peculiar (isto é, “propriedade peculiar” de Deus). O restante do 
Pentateuco é, em grande parte, narração histórica dos eventos con-
temporâneos a Moisés e sua geração. Inserida nela, estão o texto da 
aliança do Sinai (Êx 20.1; 23.33), instruções para a criação do taber-
náculo (Êx 25.1-27.21; 30.1-38; 35.4-39.43; Nm 7.1-8.4); seleção e 
consagração de um sacerdócio (Êx 28.1-29.46); sistema de sacrifícios 
e outros regulamentos culturais (maior parte de Levítico); Lei e ritual 
apropriado para o povo no deserto (Nm 5.1-4; 9.15-32) e o texto da 
renovação da aliança (maior parte de Deuteronômio).
Todas essas seções não-narrativas e mesmo as narrativas 
remetem ao tema de Israel como uma comunidade de sacerdotes. O 
Pentateuco, dessa forma, conta de onde veio Israel e por que razão. 
Informando como ele entrou em aliança com o Senhor em seguida 
5 Que está em caos; confuso, desordenado.
1
O Pentateuco
22 •	Capítulo	1
à sua redenção do Egito, que exigências essa aliança impôs sobre ele 
e de que modo ele deve se comportar como povo-servo de um Deus 
santo e soberano.
Os intérpretes assumem uma das três abordagens principais 
do Pentateuco como fonte histórica:
1. Muitos lêem o Pentateuco como um relato fiel dos eventos.
2. Críticos radicais desconsideravam o Pentateuco como uma fon-
te para história. Por exemplo, Julius Wellhausen e sua escola de 
críticada fonte viam as narrativas – notadamente as de Gênesis 
– como reflexos do primeiro milênio a.C. que teriam sido com-
postas, e não dos tempos de Moisés e dos patriarcas (segundo 
milênio a.C.). O crítico Hermann Gunkel uniu esse ceticismo 
histórico a uma rejeição do sobrenatural. Ele via os onze pri-
meiros capítulos de Gênesis como mitos e lendas e as histórias 
dos patriarcas como lendas que fazem parte de uma tradição 
oral ou como poemas épicos. Os críticos mais radicais conside-
ravam apenas o núcleo das tradições mosaicas, o próprio fato 
do êxodo, como história confiável. Mesmo esse evento tinha de 
ser despido de todos os seus matizes6 miraculosos antes que 
pudesse ser aceito como história no sentido estrito7. O restante 
das histórias de Moisés era considerado embelezamento de fatos 
reais ou fictícios idealizadas para justificar crenças e práticas 
religiosas posteriores.
3. Outros vêem o Pentateuco principalmente como uma interpre-
tação teológica de pessoas e acontecimentos reais. Para esses 
intérpretes, nas narrativas foram escritas da perspectiva de uma 
época posterior. Tais estudiosos divergem amplamente quanto à 
possibilidade e valor de se descobrirem os “fatos nus” por trás 
da interpretação bíblica do que ocorreu.
Muitos estudiosos entendem que as descobertas da arque-
ologia científica, relativas à Bíblia servem para confirmar que o 
Pentateuco se encaixa melhor exatamente no ambiente do segundo 
milênio a.C. em que o Antigo Testamento o situa. Assim, a descoberta 
de histórias antigas, sumérias e babilônicas sobre criação e dilúvio 
na biblioteca de Assurbanipal em Nínive, bem como em outras lo-
6 Adornar, ornar, enfeitar, alindar; variar, diversificar.
7 Rigoroso, exato. Que não comporta extensão ou analogia; preciso, restrito.
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calidades, tem proporcionado crédito à Antigüidade desses relatos 
na tradição israelita.
Milhares de documentos de Ebla, Mári, Alalakh e Nuzi con-
firmam, para alguns intérpretes, que o estilo de vida, usos e costumes 
dos patriarcas encaixa-se melhor na Idade Média do Bronze (cerca 
de 2000-1500 a.C.) em que a cronologia bíblica os coloca.
Semelhantemente, o ambiente agora bem conhecido do Novo 
Reino do Egito e Amarna Canaã (cerca de 1570–1300 a.C.) demonstra 
que o relato da história de Israel atribuído à época de Moisés é com-
patível com aquele período. Em suma, a historicidade do Pentateuco 
é afirmada pelo muito que foi ou está sento entendido acerca do seu 
contexto no mundo antigo. Embora isso não possa provar (e de fato 
não prova) a historicidade dos detalhes específicos, em especial dos 
episódios da vida particular de algumas pessoas, bem como de in-
tervenções miraculosas, a evidência mostra que o Pentateuco relata 
fatos históricos genuínos centrados em personagens reais.
A importância fundamental e a relevância do Pentateuco re-
sidem em sua teologia, não em sua historicidade ou mesmo em sua 
forma literária. Que verdade Deus está comunicando acerca de si e 
de seus propósitos? Que significado essa comunicação tinha para o 
Israel do AT e para a Igreja do NT (teologia bíblica)? Que significado 
ela tem para a teologia cristã contemporânea?
Tais perguntas, é óbvio, estão relacionadas à questão do 
tema do propósito do Pentateuco, assunto com que já lidamos an-
teriormente.
O contexto histórico, social e religioso dos escritos mosaicos 
aponta para o seu propósito de instruir Israel acerca do seu passa-
do, presente e futuro. A nação havia sido redimida pelo grandioso 
evento do êxodo com resultado da livre escolha de Israel por Yahweh 
(“aportuguesado Javé”), em cumprimento das promessas feitas aos 
patriarcas. Israel tinha de entender o contexto dessas promessas e 
seu necessário cumprimento sob o prisma da salvação do êxodo e 
da subseqüente aliança no Sinai. Israel agora herdeiro da aliança e o 
povo-servo encarregado de mediar os propósitos salvadores de Javé 
para toda a terra.
O grande tema do Pentateuco, portanto, é o tema da: recon-
ciliação e da ressurreição. A criação de Deus, afetada pela desobe-
diência humana, necessita de restauração. A humanidade, tendo-se 
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O Pentateuco
24 •	Capítulo	1
alienado8 de Deus, necessita de perdão.
O plano redentor de Deus começou com uma promessa 
solene de que abençoaria o mundo por intermédio de Abraão e de 
sua descendência (Israel).
A promessa foi expressa numa aliança concedendo a Abraão, 
descendentes e terra e designando-o como instrumento de Deus para 
a redenção. Séculos mais tarde, essa aliança com Abraão incorporou 
uma aliança de outra espécie.
A aliança do Sinai – um tratado soberano-vassalo – oferecia a 
Israel o papel de mediação redentora se ele se submetesse ao domínio 
de Deus. A aceitação desse papel de servo por parte de Israel produziu 
todo o aparato9 da lei, ritual religioso e sacerdócio. Essas instruções 
capacitavam à nação a viver sua tarefa de servo como povo santo e, 
por meio dessa santidade, atrair à humanidade perdida para o único 
Deus vivo e verdadeiro. Esta é, em resumo, a teologia do Pentateuco.
O cristão também faz parte de um “reino de sacerdotes” (Êx 
19.6; 1Pe 2.5,9; Ap 1.6), com privilégios e responsabilidades corres-
pondentes aos do Israel do Antigo Testamento.
A Igreja, bem como todo e qualquer indivíduo salvo, encon-
tra-se dentro da corrente das promessas graciosas da aliança com 
Deus. Os salvos são feitos “filhos de Deus” (Jo 1.12), libertados da 
escravidão do pecado por meio de um êxodo da redenção pessoal, 
colocados no caminho da peregrinação para a terra prometida e su-
pridos de todos os recursos mediante a nova aliança em que atuarão 
como instrumentos da graça reconciliadora de Deus. 
A teologia do Pentateuco é importante para os cristãos porque 
apresenta os planos eternos de Deus quanto à criação e redenção.
8 Cedido, transferido; vendido.
9 Ostentação em atos públicos ou particulares. Magnificência, luxo, pompa.
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Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
1. Sabemos que o Pentateuco é formado pelos cinco primeiros livros 
da Bíblia; porém, para os judeus é conhecido mais como
a) ☐ Lei do Sinai
b) ☐ Torá
c) ☐ Proféticos
d) ☐ Lei Abraâmica
2. Deuteronômio, o último livro do Pentateuco, foi composto por
a) ☐ Josué nas planícies do Jordão
b) ☐ Abraão no monte Moriá
c) ☐ Moisés nas campinas de Moabe
d) ☐ Arão no monte Sinai
3. O Pentateuco contém informações acerca de coisas como
a) ☐ Os cativeiros do povo de Israel nas nações: Assíria, Babilônia 
e Egito 
b) ☐ O estabelecimento de juízes e reis
c) ☐ A restauração dos povos e nações primitivos
d) ☐ A criação, o cosmo e a distribuição e dispersão de povos e nações
4. A importância fundamental e a relevância do Pentateuco residem 
em sua 
a) ☐ Teologia
b) ☐ Historicidade
c) ☐ Harmonia 
d) ☐ Forma literária 
5. O grande tema do Pentateuco, portanto, é
a) ☐ O restabelecimento de Israel como nação
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O Pentateuco
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b) ☐ O tema da: reconciliação e da ressurreição 
c) ☐ A saída do povo hebreu do Egito à Canaã
d) ☐ Os milagres operados no deserto 
Marque “C” para certo e “E” para errado
6.( ) Moisés deu forma à história como a conhe-
cemos hoje. Ele forneceu a Israel a base his-
tórica e teológica da condição de povo pecu-
liar (isto é, “propriedade peculiar” de Deus)
7.( ) O plano redentor de Deus começou com uma pro-
messa solene de que abençoaria o mundo por inter-
médio de Noé e de sua descendência (seus filhos)
8.( ) A teologia do Pentateuco é importante para 
os cristãos porque apresenta os planos eter-
nos de Deus quanto à criação e redenção.
Anotações
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Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O Pentateuco – Narrativa histórica unificada?
O Pentateuco contém uma grande variedade de material: 
histórias, episódios, leis, rituais, regulamentos, cerimônias, registros 
cronológicos, exortações, etc. Ainda assim, é uma narrativa histórica 
unificada. A importância vital dessa narrativa histórica é atestada 
por seu uso no Novo Testamento como pano de fundo e preparação 
para a obra de Deus em Cristo.
Os autores do Novo Testamento recorrem especialmente à 
seqüência dos atos divinos desde o chamado de Abraão até ao rei-
nado de Davi.
Um exemplo marcante é o discurso de Paulo aos judeus na 
sinagoga de Antioquia da Pisídia (At 13.17-41). Ele começa (v. 17-
23) com um resumo confessional do que Deus fez desde Abraão até 
Davi, passando depois de imediato para Jesus Cristo. Paulo infere10 
que a história desde os patriarcas até Davi é a parte mais significativa 
da narrativa do Antigo Testamento. Ele afirma que Cristo é o ápice 
e o cumprimento dos propósitos redentores de Deus ali iniciados.
Há resumos semelhantes no Antigo Testamento, especial-
mente a confissão prescrita para o ritual das primícias (Dt 26.5-10; 
denominada “o Pentateuco resumido”; compare Dt 6.20-24 e Js 24.2-
13). Essas narrativas contêm os mesmos detalhes básicos dos atos 
salvíficos de Deus:
•	 Deus escolheu Abraão e seus descendentes (At 3.25; Js 24.3) e 
lhes prometeu a terra de Canaã (Dt 6.23).
•	 Israel desceu ao Egito (At 13.17; Js 24.5-7; Dt 6.21s.; 26.8).
•	 Deus conduziu Israel a Canaã conforme prometera (At 13.19; Js 
24.11-13; Dt 6.23; 26.9).
Os blocos que formam o Pentateuco, portanto, são promessas, 
eleição, livramento, aliança, lei e terra.
10 Tirar por conclusão; deduzir pelo raciocínio.
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O Pentateuco
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O elemento central dessas confissões de fé é o Êxodo, pois 
representa tanto o livramento concedido por Javé a Israel, encerrando 
sua escravidão no Egito, como sua eleição para povo de Deus. O ato 
salvífico central de Javé na história de Israel, o Êxodo, serve de modelo 
para outros atos salvíficos (cf. Am 2.4-10; 3.1s; Jr 2.2-7; Sl 77.13-19).
Eis o enredo11 da narrativa do Pentateuco: Javé escolheu o 
povo e os livrou de modo dramático no mar Vermelho como sua 
“propriedade peculiar dentro todos os povos” (Êx 19.5). Depois os 
uniu a si por meio de sua aliança como seu Deus. Seu livramento 
gracioso, imerecido, é, portanto, a base da aliança. Javé deu a lei a seu 
povo, como se lhes fosse uma constituição. Essa história é registrada 
de Êxodo a Deuteronômio.
Gênesis 12-50, o prólogo patriarcal, apresenta a promessa 
de que o livramento do Egito,o cumprimento da aliança e a posse 
da terra serão concretizados. O elemento promessa nessa estrutura 
narrativa é importante e essencial. É apresentado em sua forma mais 
sucinta12 nas palavras de Deus a Abraão em Gênesis 12.1-2.
Como revela a passagem, essa promessa contém três aspectos. 
Consistem em terra, nacionalidade e bênção. Em outras formulações 
da promessa, no entanto, o terceiro elemento, a promessa de bênção, 
é expresso de outras maneiras: “Estabelecerei a minha aliança entre 
mim e ti e a tua descendência” (Gn 17.7a,19); “Serei contigo” (Gn 
26.3,24; 28.15; 46.4; Êx 3.12); “Para ser o teu Deus e da tua descen-
dência” (Gn 17.7c; Êx 6.7; Lv 26.12); “Eu sou o Deus de Abraão, teu 
pai” (Gn 26.24; 46.3; 48.15).
Todas essas formulações diferentes podem ser agrupadas 
com mais proveito à reflexão sob o título “a promessa de um rela-
cionamento com Deus”. Essa promessa, portanto, cujo cumprimen-
to se verifica apenas parcialmente no próprio Pentateuco, inclui 
a posteridade (nacionalidade, comunidade), um relacionamento 
divino-humano e a terra.
Esse tema tripartido13 é repetido nas histórias acerca de 
Abraão (cf. Gn 13.14-17; 15.2-5,18-21; 17.7s, 15-19). Renova-se em 
cada geração patriarcal: Isaque (Gn 26.2-4), Jacó/Israel (Gn 28.13; 
35.11-13), e, José e seus filhos (Gn 48.1-6). Seu cumprimento é pro-
11 Intriga, mexerico, confusão. Manha, ardil, maquinação.
12 Que consta de poucas palavras; breve, resumido, condensado, conciso.
13 Dividido em três partes; tripartite.
O Pentateuco
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31
metido no livramento iniciado no Êxodo (Êx 6.6-8; Dt 34.1-4). A 
história toda recebe um significado teológico especial por causa de 
sua relação com o prefácio, o prólogo primevo (Gn 1-11).
Em contraste com a perspectiva mais restrita da promessa 
e da eleição, que caracteriza Gênesis 12 a Deuteronômio 34, a pers-
pectiva de Gênesis 1-11 é universal. Volta-se para a própria criação. 
Diz como, o homem e mulher passaram a ser inimigos de si mesmos, 
alienados e separados de Deus e de seu próximo.
A sina14 deles envolve desarmonia social, bem como a aliena-
ção individual. Em vista dessa profunda alienação humana, o autor 
de Gênesis 1-11 trata da questão fundamental do relacionamento 
futuro de Deus com a criação. 
Estaria esgotada a perseverança paciente de Deus? Teria ele 
condenado as nações a uma ira perpétua? Em resposta a essas per-
guntas, a eleição e a bênção de Abraão possuem grande significado 
para toda a humanidade. Assim, é notável o contraste entre Gênesis 
1-11 e a história particularizada de promessa, eleição, livramento e 
aliança que ocupa o restante do Pentateuco.
No relacionamento especial de Deus com Abraão e seus 
descendentes repousa a resposta para a angústia de toda a família 
humana. O Pentateuco, portanto, possui duas divisões principais:
•	 Gênesis 1-11
•	 Gênesis 12 à Deuteronômio 34
A relação entre ambas é de pergunta e resposta, problema e 
solução; a chave é Gênesis 12.3.
Essa estrutura não só evidencia à unidade nítida do Penta-
teuco, mas também revela que a estrutura que aqui inicia estende-
se muito além do próprio Pentateuco. No final de Deuteronômio, 
Israel como o povo da aliança de Deus na terra da promessa ainda 
permanece no futuro. Aliás, a plena concretização do plano de Deus 
14 Sorte, destino, fado, fadário.
Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te 
amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.
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O Pentateuco
32 •	Capítulo	1
não está além somente de Deuteronômio 34, mas também de todo o 
Antigo Testamento, que não apresenta, em parte alguma, a solução 
final para o problema universal retratado de modo tão incisivo em 
Gênesis 1-11.
Essa consumação encontra-se no Filho de Abraão (Mt 1.1), 
que atrai todas as pessoas para si (Jo 12.32). Ele assim encerra alie-
nação da humanidade para com Deus e dos indivíduos entre si, re-
tratada de modo tão pungente15 no prólogo primevo.
15 Que punge. Comovente, doloroso, lancinante.
Quando o Antigo Testamento termina, Israel ainda está à espera 
da consumação final, quando a esperança será cumprida, e a 
promessa, concretizada.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anotações
O Pentateuco
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Qual é a origem do Pentateuco?
O Pentateuco revela, além da clara unidade definida de pro-
pósito e plano, uma diversidade igualmente impressionante. Essa 
complexidade tem dado lugar a várias teorias acerca de sua origem.
Muitas dessas teorias, infelizmente, oferecem opiniões acerca 
de sua origem, data e autoria que avaliam negativamente seu valor 
histórico e teológico. Uma vez que se entenda que o Pentateuco ori-
ginou-se muitos séculos após o período mosaico, pensa-se às vezes 
que preserva poucas informações históricas genuínas.
Por exemplo, J. Wellhausen, um eloqüente proponente16 dessas 
teorias, via o Pentateuco como um produto dos períodos do exílio e 
do pós-exílio e, portanto, somente como o ponto de partida para a 
história do judaísmo e não do antigo Israel. Embora a concepção de 
Wellhausen esteja hoje tão modificada, a ponto de ser quase irreco-
nhecível, a modificação não resultou numa avaliação mais favorável 
ao Pentateuco. Aliás, de acordo com uma escola de pensamento im-
portante acerca do Antigo Testamento, representada por estudiosos 
como Martin Noth, mal se pode fazer alguma declaração histórica 
positiva com base nas tradições do Pentateuco. 
Noth alega que é errado ver Moisés como o fundador de uma 
religião ou mesmo falar de uma religião mosaica.Como vimos, porém, o Pentateuco é uniforme na afirmação 
de que Deus tem agido na história em favor de toda a família huma-
na nos eventos das histórias dos patriarcas e de Moisés. Concepções 
como as de Noth atacam o próprio cerne da proclamação bíblica.
Reagir contra tais críticas extremistas é a única abordagem 
possível para os que confiam na verdade da Bíblia. É preciso combater 
o erro. Entretanto, os estudiosos conservadores com muita freqüên-
cia reagem indo para outro extremo, sem produzir uma introdução 
completa ao Pentateuco – uma introdução que leve em consideração 
tanto às provas da unidade básica da Lei, como à diversidade em que 
se baseiam as teorias de abordagem negativa.
16 Que ou quem propõe.
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O Pentateuco
34 •	Capítulo	1
Evidências Literárias da Complexidade
Assim que se começa a lidar com o caráter literário do Penta-
teuco, depara-se com uma mistura de lei e história. Nenhum código 
de leis, antigo ou moderno, traz algo parecido.
A narrativa histórica atravessa e interrompe constantemente 
a legislação. Essa dualidade deve ser reconhecida quando se busca 
a origem do Pentateuco. Deus não se limitou a promulgar17 um có-
digo de leis ou a redimir o povo por meio de uma série especial de 
atos salvíficos. Fez uma coisa e outra, escolheu um povo e pela lei 
estabeleceu um relacionamento com ele.
O Pentateuco, portanto, possui um caráter duplo intencional: 
blocos de conteúdo legal totalmente integrados à narrativa.
Outras complexidades literárias também se tornam óbvias 
numa análise cuidadosa do texto:
•	 Tanto a narrativa como a divisão legal apresenta uma notável falta 
de continuidade e ordem quanto ao assunto tratado. Por exemplo, 
não há seqüência entre Gênesis 4.26 e 5.1; aliás, Gênesis 2.4b – 
4.26 interrompe a linha do relato de Gênesis 1.1-2.4a; 5.1ss. De 
novo, há uma descontinuidade clara entre Gênesis 19.38 e 20.1, 
assim como entre Êxodo 19.25 e 20.1. De fato, o decálogo que 
se encontra em Êxodo 20.1-17 distingue-se da narrativa de seu 
contexto literário (Êx 19.1-25; 20.18-21). Além disso, os próprios 
códigos legais não são agrupados sob nenhuma ordem lógica.
•	 Dada à diversidade do material, não é de surpreender que se en-
contrem diferenças significativas de vocabulário, sintaxe18, estilo 
e de composição geral das várias seções da obra. Tais diferenças, 
por exemplo, são manifestadas na comparação dos códigos de 
leis de Levítico e de Deuteronômio.
•	 Outra evidência de complexidade literária é o uso variável dos 
nomes divinos Javé (“Senhor”) e Elohim (“Deus”) de Gênesis 1 
à Êxodo 6. Embora esses nomes muitas vezes ocorram sem evi-
denciar nenhum motivo que justifique a escolha, alguns capítulos 
ou partes de capítulos, especialmente em Gênesis, usa exclusiva 
ou predominante um nome ou outro. Há uma correlação entre 
17 Transmitir ao vulgo; tornar público; publicar oficialmente.
18 Parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a 
relação lógica das frases entre si; construção gramatical.
O Pentateuco
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o nome escolhido e os conceitos teológicos apresentados na 
passagem.
•	 Ocorrem duplicações ou triplicações de material no Pentateu-
co. O que interessa não são as repetições simples de material 
idêntico, mas a repetição do mesmo assunto básico, repleto de 
elementos em comum, mas com certas divergências marcantes. 
Embora expoentes zelosos da teoria da fonte documentária 
tenham identificado com duplas passagens que teriam outras 
explicações muito mais simples, permanece o fato de que certos 
números de tais duplicações não podem ser explicados de pronto. 
Por exemplo: Em dois relatos, Abraão arrisca a honra de Sara 
fazendo-a passar por sua irmã (Gn 12; 20; compare o episódio 
surpreendentemente parecido de Isaque, Gn 26.6-11). O nome 
Berseba19 comemora não apenas uma aliança entre Abraão e 
Abimeleque (Gn 21.22-31), mas também um acordo entre Isaque 
e Abimeleque (Gn 26.26-33). A passagem sobre animais puros e 
impuros em Levítico 11.1-47 aparece duplicada em Deuteronô-
mio 14.3-21, e a passagem acerca de escravos ocorre três vezes 
(Êx 21.1-11; Lv 25.39-55; Dt 15.12-18).
As evidências insinuam uma longa história de transmissão e 
de desenvolvimento do texto. Um número notável de termos, fatos 
e observações exigem uma data posterior à de Moisés. Declarações 
como “nesse tempo os cananeus habitavam essa terra” (Gn 12.6; 13.7) 
e “comeram maná até que chegaram aos limites da terra de Canaã” 
(Êx 16.35) implicam que Israel já ocupava Canaã.
Gênesis 14.14 indica que Abraão perseguiu os captores de 
Ló até Dã, mas o lugar só recebeu esse nome quando Dã capturou a 
cidade após a conquista (Js 19.47; Jz 18.29).
19 Poço do Juramento.
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O Pentateuco
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O Pentateuco
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Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
9. O Pentateuco contém uma grande variedade de material, a saber
a) ☐ Cinco livros representados por escritores inspirados e intér-
pretes da lei
b) ☐ Histórias, episódios, leis, rituais, regulamentos, cerimônias, 
registros cronológicos, exortações
c) ☐ Regras para sobrevivência humana, exortações acerca do plano 
para a salvação
d) ☐ Profecias que já se cumpriram e que ainda se cumprirão
10. Os autores do Novo Testamento recorrem especialmente à se-
qüência dos atos divinos desde o
a) ☐ Chamado de Abraão até o ministério de Moisés 
b) ☐ Chamado de Moisés até o reinado de Salomão
c) ☐ Chamado de Abraão até o reinado de Davi
d) ☐ Chamado de Moisés até à entrada em Cana
11. Não faz parte da história registrada de Êxodo a Deuteronômio
a) ☐ Deus escolheu Abraão e seus descendentes e lhes prometeu 
a terra de Canaã 
b) ☐ Javé deu a lei a seu povo, como se lhes fosse uma constituição
c) ☐ O livramento gracioso de Deus, imerecido, é, portanto, a base 
da aliança
d) ☐ Javé escolheu o povo e os livrou de modo dramático no mar 
Vermelho como sua “propriedade peculiar dentro todos os 
povos”
12. Gênesis 12-50, o prólogo patriarcal, apresenta a promessa que 
contém três aspectos fundamentais. Portanto, assinale o incorreto
a) ☐ Terra
b) ☐ Nacionalidade
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O Pentateuco
38 •	Capítulo	1
c) ☐ Bênção
d) ☐ Cessar dos conflitos 
13. É errado dizer que
a) ☐ Assim que se começa a lidar com o caráter literário do Penta-
teuco, depara-se com uma mistura de lei e história 
b) ☐ A legislação atravessa e interrompe constantemente a narrati-
va histórica. Essa dualidade deve ser reconhecida quando se 
busca a origem do Pentateuco
c) ☐ Deus não se limitou a promulgar um código de leis ou a redi-
mir o povo por meio de uma série especial de atos salvíficos. 
Fez uma coisa e outra, escolheu um povo e pela lei estabeleceu 
um relacionamento com ele
d) ☐ O Pentateuco, portanto, possui um caráter duplo intencional: 
blocos de conteúdo legal totalmente integrados à narrativa
Marque “C” para certo e “E” para errado
14.( ) O Pentateuco é uma narrativa histórica unificada. A 
importância vital dessa narrativa histórica é atesta-
da por seu uso no Novo Testamento como pano de 
fundo e preparação para a obra de Deus em Cristo
15.( ) O Pentateuco revela, além da clara unidade defi-
nida de propósito e plano, uma diversidade igual-
mente impressionante. Essa complexidade tem 
dado lugar a várias teorias acerca de sua origem
16.( ) Em dois relatos, Abraão arrisca a honra de Sara fazen-
do-a passar por sua irmã (Gn 12; 20). Episódio sur-
preendentemente parecido com de Jacó (Gn 26.6-11)
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Autoria do Pentateuco
É comum nos círculos liberais ou neo-ortodoxos20 afirmar 
que Moisés não tem relação com a composição do Pentateuco. A 
maior parte dos críticos que sustentam essa versão acredita que os 
ditos livros de Moisés foram escritos por diversos autores anônimos, 
tendo início no século IX a.C. e terminando com a parte final, o 
“Código sacerdotal”, por volta de 445 a.C. – a tempo de Esdras lê-lo 
em voz alta na Festa dos Tabernáculos (cf. Ne 8).
Outros especialistas, de modo especial, os da escola da crí-
tica da forma, acham que só pequeníssima parte do Pentateuco foi 
escrita até o tempo de Esdras, ainda que algumas partes tenham 
existido antes sob a forma de tradição oral, durante séculos – talvez 
remontando ao tempo do próprio Moisés.
Tendo em vista o consenso entre os especialistas não-evangé-
licos de que as vindicações da autoria mosaica são todas especiosas21, 
é bom que façamos uma revisão, pelo menos breve, da evidência 
sólida e irresistível, tanto interna como externa, de que o Pentateuco 
todo é obra autêntica de Moisés sob a inspiração do Espírito Santo.
20 Teologia elaborada por Karl Barth, Emil Brunner e Reinhold Niebuhr. Seu objetivo: opor-se ao 
liberalismo que, desde o século XIX, vinha levando o povo de Deus à apatia.
21 De aparências enganadoras; ilusório, enganoso.
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O Pentateuco
42 •	Capítulo	1
Testemunho Bíblico da Autoria Mosaica
Qual o testemunho bíblico da autoria mosaica?
O Pentateuco com freqüência se refere a Moisés como seu 
autor, a começar por Êxodo 17.14: “Então, disse o SENHOR a Moi-
sés: Escreve isto para memória num livro e repete-o a Josué, porque 
eu hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do 
céu”. Em Êxodo 24.4 lemos: “Moisés escreveu todas as palavras do 
SENHOR...”. Lemos, ainda, no v. 7: “E tomou o livro da aliança e o 
leu ao povo...”.
Outra referência ao fato de Moisés ter escrito o Pentateuco 
encontra-se em Êxodo 34.27, Números 33.1,2 e Deuteronômio 31.9, 
das quais, na última temos: “Esta lei, escreveu-a Moisés e a deu aos 
sacerdotes...”. Dois versículos adiante encontram uma exigência se-
vera a respeito do futuro: “... quando todo o Israel vier a comparecer 
perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que este escolher, lerá esta 
lei diante de todo o Israel”. Essa norma sabidamente percorre Êxodo, 
Levítico, Números e a maior parte de Deuteronômio (pelo menos 
até o capítulo 30, inclusive).
Mais tarde, após a morte de Moisés, o Senhor deu estas ins-
truções a Josué, sucessor de Moisés: “Não cesses de falar deste livro 
da lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhascuidado de fazer 
segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu 
caminho e serás bem sucedido” (Js 1.8). 
Negar a autoria de Moisés significa que todos os versículos 
acima citados são infundados22 e indignos de aceitação. Josué 8.32-
34 registra que a congregação de Israel estava reunida fora da cidade 
de Siquém, no sopé23 do monte Ebal e do monte Gerizim, quando 
Josué leu em voz alta a lei de Moisés, escrita em tábuas de pedra, e 
os trechos de Levítico e de Deuteronômio referentes às bênçãos e 
22 Que não tem fundamento, alicerce, base ou motivo; sem razão de ser; desmotivado. 
23 Base (de montanha); falda. A parte inferior de encosta, muro, etc.
O Pentateuco
1
43
às maldições, como Moisés havia feito anteriormente (cf. Dt 27.26).
Se a hipótese documentária estiver correta, esse relato tam-
bém deve ser rejeitado por se tratar de mera invencionice. Outras 
referências do Antigo Testamento à autoria mosaica do Pentateuco 
são 1Reis 2.3; 2Reis 14.6; 21.8; Esdras 6.18; Neemias 13.1; Daniel 
9.11-13 e Malaquias 4.4.
Todos esses testemunhos também deveriam ser totalmente 
rejeitados por se tratar de erros. Cristo e os apóstolos igualmente de-
ram testemunho inequívoco24 de que Moisés foi o autor da Torá (Lei).
Em João 5.46,47, Jesus disse: “Porque, se de fato crêsseis 
em Moisés, também creríeis em mim; portanto ele escreveu a meu 
respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas 
minhas palavras?”.
Deveras! De maneira semelhante, em João 7.19 Jesus disse: 
“Não vos deu Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a observa...”.
Se a confirmação de Cristo de que Moisés foi de fato o autor 
do Pentateuco é descartada – como de fato o faz a teoria da crítica 
moderna – segue-se indubitavelmente25 a negação da autoridade do 
próprio Cristo. Pois, se o Senhor estava enganado a respeito de uma 
verdade factual26 e histórica desse tipo, poderia enganar-se também 
a respeito de princípios e doutrinas que estivesse ensinando.
Em Atos 3.22 Pedro diz a seus compatriotas: “Disse, na ver-
dade, Moisés: O Senhor Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um 
profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser” 
(cf. Dt 18.15). Afirmou Paulo em Romanos 10.5: “Ora, Moisés des-
creve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que pratica a justiça 
decorrente da lei viverá por ela”.
 Mas a teoria JEDP27, de Wellhausen, e a crítica moderna 
racionalista negam que Moisés tenha escrito quaisquer dessas coisas. 
Isso significa que Cristo e os apóstolos estavam totalmente enganados 
ao julgarem que Moisés as tenha escrito de fato? 
Um erro dessa categoria, tratando-se de fatos históricos que 
podem ser atestados, levanta séria dúvida quanto a poderem os en-
24 Em que não há equívoco; claro, evidente, manifesto.
25 Sobre que não pode haver dúvida; incontestável, irrefragável.
26 Relativo a, ou que se baseia em fato(s).
27 A sigla refere-se aos códigos Eloísta, Javista, Deuteronômico e Sacerdotal (“Priestly” em inglês, de onde 
se extrai o “P”).
1
O Pentateuco
44 •	Capítulo	1
sinos teológicos que tratam de assuntos metafísicos28 fora de nossa 
capacidade de comprovação, ser aceitos como dignos de confiança 
ou cheios de autoridade. Assim vemos que a questão da autentici-
dade de Moisés como escritor do Pentateuco é assunto da maior 
importância para o cristão. A autoridade do próprio Cristo está em 
jogo nessa questão.
28 Transcendente. Difícil de compreender; sutil, nebuloso.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anotações
O Pentateuco
1
45
Evidência Interna da Composição Mosaica
Qual a evidência interna da composição mosaica?
Além dos testemunhos diretamente oriundos29 dos trechos 
do Pentateuco mencionados acima, temos o testemunho de alusões30 
fortuitas31 a acontecimentos ou questões da época, a situações so-
ciais ou políticas ou a assuntos relacionados ao clima ou à geografia.
Quando todos esses fatores são pesados de modo imparcial 
e corretos, chega-se à seguinte conclusão: o autor desses livros e seus 
leitores devem ter vivido originariamente no Egito. Além disso, esses 
fatores revelam que tiveram pouco ou nenhum conhecimento direto 
da Palestina, dela sabendo apenas por meio de tradições orais, vindas 
de seus antepassados. Citamos as seguintes evidências:
1. O clima e as condições atmosféricas mencionadas no Êxodo são 
tipicamente egípcias, não palestinas (cf. a referência à seqüência 
da colheita, em relação à praga da saraiva, em Êxodo 9.31,32).
2. As árvores e os animais a que se faz referência de Êxodo a Deu-
teronômio são todos naturais do Egito ou da Península do Si-
nai, e nenhum deles é peculiar à Palestina. A árvore chamada 
acácia é nativa do Egito e do Sinai, mas dificilmente se encontra 
em Canaã, exceto ao redor do mar Morto. Essa árvore forneceu 
madeira para grande parte do mobiliário do tabernáculo.
As peles com que o exterior do tabernáculo foi recoberto eram 
de um animal chamado tahas, ou dugongo, que é estranho à Palesti-
na, mas encontrado nos mares adjacentes ao Egito e ao monte Sinai.
Quanto à lista de animais limpos e imundos que encontra-
mos em Levítico 11 e em Deuteronômio 14, alguns são peculiares 
à Península do Sinai, como o dîson, ou ovelha montês (Dt 14.5); o 
ya‘anah, ou avestruz (Lv 11.16); e ote’ô, ou antílope selvagem (Dt 14.5). 
29 Originário, proveniente, procedente; natural.
30 Menção, referência, relação.
31 Casual, acidental, eventual. Inopinado, imprevisto.
1
O Pentateuco46 •	Capítulo	1
É difícil imaginar como uma lista desse tipo poderia ter sido feita 
nove séculos após o povo de Israel ter vivido todo esse tempo numa 
terra que não tinha nenhum desses animais.
3. Mais conclusivas ainda são as referências geográficas que anun-
ciam perspectivas de uma pessoa não familiarizada com a Pa-
lestina, mas boa conhecedora do Egito.
•	 Em Gênesis 13.10, em que o autor deseja transmitir aos leitores 
como era verde o vale do Jordão, ele o compara a uma localida-
de bem conhecida da região oriental do delta do Nilo, perto de 
Mendes, entre Busiris e Tânis. Declara ele que o vale do Jordão 
era “como a terra do Egito, como quem vai para Zoar”. Nada 
poderia ser mais evidente com base nessa referência casual que 
o fato de o autor estar escrevendo para um grupo de pessoas 
não-familiarizadas com a aparência das regiões da Palestina, mas 
pessoalmente familiarizadas com a aparência do baixo Egito. Tal 
familiaridade só poderia crescer no próprio Egito, e isso se en-
quadram muito bem numa datação mosaica para a composição 
do livro de Gênesis.
•	 A fundação de Quiriate-Arba (nome pré-israelita de Hebrom, 
no sul de Judá), segundo Números 13.22, ocorreu “sete anos 
antes de Zoã no Egito”. Isso implica com toda a clareza que os 
leitores de Moisés estavam bem cientes da data da fundação de 
Zoã, mas desconheciam a data em que Hebrom – que se tornaria 
uma das mais importantes cidades de Israel após a conquista – 
havia sido fundada.
•	 Em Gênesis 33.18 há uma referência a “cidade de Siquém na terra 
de Canaã”. Para um povo que havia vivido na Palestina mais de 
sete séculos a partir da conquista (de acordo com a data atribuída 
a essa passagem pela escolha de Wellhausen), parece-nos estranho 
ser preciso dizer que uma cidade tão importante como Siquém 
ficava “na terra de Canaã”. Todavia, seria perfeitamente cabível 
um povo que ainda não se houvesse estabelecido ali – como era 
o caso do povo conduzido por Moisés.
4. A atmosfera e a ambientação do deserto prevalecem por toda 
a narrativa, desde Êxodo 16 até o fim de Deuteronômio (con-
quanto haja algumas referências à agricultura, como previsões 
das condições da terra que logo o povo haveria de conquistar). 
A importância atribuída a um grande tabernáculo (tenda) como 
O Pentateuco
1
47
lugar central de culto e reunião, dificilmente teria pertinência32 a 
um público leitor que houvesse vivido na Palestina mais de sete 
séculos, e só estivesse familiarizado com o templo de Salomão 
ou com o de Zorobabel como santuário central.
A explicação de Wellhausen para isso, que o tabernáculo era 
simplesmente extrapolação artificial do templo, não se harmoniza 
aos fatos reais; o templo era muito diferente em tamanho e no mo-
biliário em comparação ao tabernáculo, descrito na Torá. Todavia, 
nem mesmo essa teoria de ficção histórica supre alguma explicação 
sobre por que os contemporâneos de Esdras teriam estado tão in-
teressados num mero tabernáculo a ponto de a ele devotar tantos 
capítulos em Êxodo (25-40) e a ele referir-se em quase três quartas 
partes de Levítico e também com muita freqüência em Números e 
em Deuteronômio. Não se consegue encontrar outro exemplo de 
tamanha atenção dada a uma estrutura que na verdade (segundo 
Wellhausen) jamais existiu, e nunca exerceu influência sobre a ge-
ração para a qual aqueles textos foram escritos.
5. Há grande evidência de natureza técnica e lingüística que se 
pode reunir em apoio da existência de um contexto egípcio para 
todo o texto da Torá. Podem-se encontrar exemplos cheios de 
minúsculas a esse respeito no livro “Merece confiança o Antigo 
Testamento?” da Editora Vida Nova. Basta que se diga que existe 
um enorme número de nomes egípcios e de palavras tomadas de 
empréstimo da língua egípcia que se encontram mais no Penta-
teuco que em qualquer outra seção das Escrituras. Isso é o que 
se poderia esperar de um autor que houvesse sido educado no 
Egito e escrevesse para um povo nascido e vivido nesse mesmo 
ambiente.
6. Se o Pentateuco tivesse sido escrito entre os séculos IX e V a.C. 
como crê e ensina aquela Escola Documentária, e extrapolasse as 
práticas religiosas e as perspectivas políticas dos séculos V e VI, 
indo até os tempos de Moisés (mediante uma mentira piedosa), 
seria razoável esperar que esse documento espúrio33, forjado34 
muito tempo depois de Jerusalém tornar-se a capital do reino 
israelita, ter-se-ia referido a Jerusalém por esse nome em muitas 
32 Importante, relevante, válido.
33 Não genuíno; suposto, hipotético. Que não é do autor ao qual se atribui. Adulterado, modificado, 
falsificado. Ilegítimo, ilegal:
34 Falso, forjado.
1
O Pentateuco
48 •	Capítulo	1
ocasiões. É certo que teria incluído algumas profecias sobre as 
futuras conquistas dessa cidade e de sua situação privilegiada 
como localidade permanente do templo de Javé. Entretanto, um 
exame minucioso de todo o texto de Gênesis até Deuteronômio 
leva-nos à espantosa conclusão de que o nome de Jerusalém 
jamais é mencionado.
É certo que o monte Moriá aparece em Gênesis 22 como o 
local em que Abraão tentou oferecer o filho, Isaque, em sacrifício, 
mas nenhuma ideia há ali de que aquele seria o local do futuro tem-
plo. Em Gênesis 14 há uma referência a Melquisedeque como “rei 
de Salém” – tampouco temos algum indício de que mais tarde essa 
cidade haveria de tornar-se a capital política e religiosa da comuni-
dade hebraica.
Em Deuteronômio 12.5-18 encontramos referências a um 
“lugar que o SENHOR, vosso Deus, escolher de todas as vossas 
tribos, para ali pôr o seu nome e sua habitação; e para lá ireis”. Tais 
referências são verdades, são tão genéricas que podem incluir cidades 
como Siló e Gibeão, em que o tabernáculo foi guardado por longos 
períodos antes da construção do templo de Salomão; entretanto, é 
justo presumir que Deuteronômio 12.5 tenha a intenção de prever 
o estabelecimento do templo de Jerusalém.
No entanto, é quase impossível explicar as razões por que 
essa obra de Moisés, alegadamente espúria, escrita muito mais tarde 
do que se supõe, deixe de mencionar Jerusalém pelo nome, embora 
houvesse o máximo de incentivos para que esse nome ali constasse. 
Só a suposição que a Torá foi autenticamente mosaica, ou pelo menos 
composta muito antes da conquista de Jerusalém no ano 1000 a.C. 
pode explicar a ausência do nome dessa cidade.
7. Ao datar documentos literários, é da maior importância avaliar 
os termos-chave aparentemente em uso na época em que o autor 
executou seu trabalho. No caso de um livro religioso, os títulos 
pelos quais Deus é caracteristicamente chamado assumem grande 
importância. Durante o período entre 850-450 a.C., encontramos 
crescente realce atribuído ao título de YHWH seba’ôt (Às vezes 
traduzido em nossas versões por “SENHOR dos Exércitos”).
O Pentateuco
1
49
Esse nome confere especial realce à onipotência do Deus da 
aliança de Israel, e ocorre 67 vezes em Isaías (final do século VIII 
a.C.), 83 vezes em Jeremias (final do século VII e início do VI a.C.), 
treze vezes nos dois capítulos de Ageu (final do século VI a.C.) e 51 
vezes nos catorze capítulos de Zacarias (final do século VI e início 
do V a.C.). Esses profetas cobrem quase todo o tempo durante o 
qual o texto do Pentateuco esteve sendo composto na forma dos 
manuscritos J, E, D e P.
Entretanto, é de espantar que nem uma única vez o título 
“SENHOR dos Exércitos” se encontre no Pentateuco todo. Na pers-
pectiva da ciência da literatura comparada, esse fato seria considerado 
evidência mais forte que a Torá teria sido composta numa época em 
que o título “SENHOR dos Exércitos” não era utilizado. Portanto, 
toda a Torá, até mesmo o chamado Código sacerdotal, devem ter sido 
compostos antes do século VIII a.C. Caso essa dedução seja válida, 
toda a hipótese documentária deve ser totalmente abandonada.
8. Se a parte do Pentateuco chamada Código sacerdotal de fato foi 
composta nos séculos VI e V a.C. seria de se esperar que algu-
mas instituições caracteristicamentelevíticas e certos valores 
culturais do povo, introduzidos a partir dos dias de Davi, fossem 
mencionados com alguma freqüência no Pentateuco. Dentre 
estes, estariam os corais, formados pelos cantores do templo, os 
quais Davi organizou lançando 24 sortes (1Cr 25), e aos quais 
tantas referências esse fazem nos títulos dos Salmos. No entanto, 
nenhum coral organizado por cantores levíticos é mencionado 
uma única vez na Torá.
A ordem dos escribas (soperîm) certamente teria sido mencio-
nada, pois o grande chefe deles, o próprio Esdras, estaria concluindo 
grandes porções do Pentateuco a tempo de celebrar-se a Festa dos 
Tabernáculos em 445 a.C. – segundo a hipótese de Wellhausen. 
Entretanto, por alguma estranha razão, nenhuma referência se per-
cebe, de modo algum à ordem dos escribas, nem à função deles, e 
tampouco um indício35 profético de que um dia haveria de existir 
um corpo de guardiões do texto sagrado.
A partir da época de Salomão passou a existir uma importan-
tíssima classe de serviçais no templo, conhecidos como netinins (“os 
35 Sinal, vestígio, indicação.
1
O Pentateuco
50 •	Capítulo	1
que foram dados”, i.e., dados para o serviço do Senhor no templo). O 
número dos netinins (392) que se uniram aos 42 mil que retornou da 
Babilônia em 538 a.C. está incluído nas estatísticas de Esdras 2.58 e 
de Neemias 7.60, ao lado da contagem dos levitas e dos sacerdotes. 
No entanto, não existem referências a eles ou previsão a respeito 
deles no “Documento P”. Que estranho!
Desde o tempo de Davi, “o mavioso36 salmista de Israel” 
(2Sm 23.1), fazia-se uso abundante de vários instrumentos musicais 
(de corda, de sopro, de percussão – desses três tipos) em relação ao 
culto público diante de Deus. É certo que a sanção de Moisés para 
tão importante característica do culto levítico deveria aparecer na 
Torá, tivesse esta sido composta tardiamente, no século X a.C ou 
depois. É de surpreender, no entanto, que não exista uma única 
referência a instrumentos para acompanhamento musical no culto 
do tabernáculo. É impossível harmonizar esse fato com a data de 
composição no século V a.C. Não resta a menor dúvida de que um 
corpo sacerdotal profissional como esse, descrito pelos autores da 
crítica documentária, teria tido a maior das motivações para incluir 
tais instituições tão queridas entre as ordenações de “Moisés”.
9. (9) O Pentateuco, especialmente Deuteronômio, contém várias 
referências à futura conquista de Canaã pelos descendentes de 
Abraão. O autor de Deuteronômio escreve cheio de confiança 
em que as hostes hebraicas venceriam toda oposição dentro da 
terra de Canaã, derrotariam todos os exércitos inimigos e im-
plodiriam todas as cidades que decidissem atacar.
Isso se reflete com clareza em todas as repetidas exortações 
para que destruíssem todos os templos e santuários cananeus, e tudo 
se reduzisse a pó (Dt 7.5; 12.2,3; cf. Êx 23.24; 34.13). Visto que todas 
as nações defendem seus relicários37 sagrados com a máxima força de 
que é capaz, a presunção de que Israel seria capaz de destruir todos 
os santuários pagãos por toda a terra presume a supremacia militar 
do povo de Javé após a invasão de Canaã. Em que outra circunstância 
na carreira da nação hebréia poder-se-ia nutrir tão grande confiança 
senão nos dias de Moisés e de Josué?
36 Afável, afetuoso, terno. Piedoso, compassivo.
37 Recinto especial, ou urna, cofre, caixa, etc., próprio para guardar as relíquias de um santo; osculatório.
O Pentateuco
1
51
Aqui, outra vez, a evidência interna aponta com força para 
uma data de composição nos dias de Moisés. Nada poderia estar 
mais fora da realidade do que supor que Josias, em 621 a.C., quando 
Judá era um pequenino estado vassalo38 sob o domínio do Império 
Assírio, pudesse almejar destruir todos os altares idólatras, demolir 
todos os altos (massebah), árvores veneradas (’aser‘ah) e esmagar 
todas as estruturas de templos, reduzindo-os a pó, de norte a sul, de 
leste a oeste da Palestina. Como poderia a pequenina colônia que 
lutava para sobreviver esperar eliminar todos os relicários religiosos 
de Dã até Berseba? A única conclusão que se pode tirar das ordens 
exaradas39 no Pentateuco para que se destruíssem todos os traços 
da idolatria é que estava na capacidade militar de Israel o poder de 
fazer cumprir essas ordens por todo o país. Nada, porém, seria menos 
cabível nos dias de Zacarias, de Esdras e de Neemias que planejar e 
executar tão grande extirpação do culto idólatra em toda a Palestina.
A Grande batalha deles era a sobrevivência, em face das rei-
teradas más colheitas e grandes hostilidades por parte das nações 
vizinhas. Nem o “Documento P” do tempo de Esdras, poderia har-
monizar-se com as passagens aqui mencionadas.
10. Deuteronômio 13.2-11 prescreve a pena de morte por apedreja-
mento para qualquer idólatra ou falso profeta, fosse irmão, es-
posa, filho. Os versículos de 12 a 17 prosseguem dizendo que até 
mesmo uma cidade toda que se voltasse para a idolatria deveria 
ter todos os seus moradores sentenciados à morte. Todas as suas 
casas deveriam ser reduzidas a pó e cinza, todas as propriedades 
condenadas a essa excomunhão. Isso não é teoria visionária40, 
mas ordem séria com procedimentos investigadores nela em-
butidos, o que refletia um programa que deveria ser posto em 
execução no Israel da época.
No entanto, quando examinamos o registro bíblico da situ-
ação espiritual de Judá no século VII a.C. (ou, na verdade, no séc. 
VIII, a partir do tempo de Acaz), descobrimos que a adoração de 
ídolo era tolerada em quase todos os recantos do reino – exceto 
durante a reforma religiosa empreendida por Ezequias e por Josias. 
Isso teria induzido à destruição de todas as cidades e vilas, incluin-
38 Que paga tributo a alguém. Subordinado, submisso. 
39 Consignar ou registrar por escrito; lavrar.
40 Que tem ideias extravagantes; excêntrico.
1
O Pentateuco
52 •	Capítulo	1
do-se Jerusalém.
Ninguém cria leis cuja implementação seja totalmente im-
possível de ser executada, por causa das condições reinantes. A úni-
ca época em que tal legislação poderia ter sido posta em vigor foi a 
dos dias de Moisés e de Josué – e possivelmente nos dias de Davi (já 
nos dias de Salomão, o culto às relíquias nos “lugares altos” estava 
sendo praticado).
O Pentateuco
1
53
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
1. Afirmam que Moisés não tem nenhuma relação com a composi-
ção do Pentateuco
a) ☐ Os neo-ortodoxos 
b) ☐ A escola da crítica da forma
c) ☐ Os cristãos
d) ☐ Os judeus
2. “Não cesses de falar deste livro da lei; antes, medita nele dia e 
noite...”. São instruções do Senhor dadas, após a morte de Moisés, à
a) ☐ Calebe
b) ☐ Eleazar
c) ☐ Josué 
d) ☐ Finéias 
3. Para evidenciar a composição mosaica, o clima e as condições 
atmosféricas mencionadas no Êxodo são tipicamente
a) ☐ Palestinos
b) ☐ Egípcios
c) ☐ Babilônicos
d) ☐ Assírios
4. Não está relacionado com as evidencias internas da composição 
mosaica
a) ☐ Há grande evidência de natureza técnica e lingüística que se 
pode reunir em apoio da existência de um contexto egípcio 
para todo o texto da Torá
b) ☐ A árvore chamada acácia é nativa do Egito e do Sinai, mas difi-
cilmente se encontra em Canaã, exceto ao redor do mar Morto
c) ☐ A atmosfera e a ambientação do deserto prevalecem por toda 
a narrativa, desde Êxodo 16 até o fim de Deuteronômio
1
O Pentateuco
54 •	Capítulo	1
d) ☐ As árvores e os animais a que se faz referência de Êxodo a 
Deuteronômio são todos naturais do Palestina 
5. É incorreto dizer que
a) ☐ Deuteronômio 13.2-11 prescreve a pena de morte por apedre-
jamento para qualquer idólatra ou falso profeta, fosse irmão, 
esposa, filho
b) ☐ A partir do tempo Ezequias e Josias a adoração de ídolo era 
tolerada em quase todos os recantos do reino de Judá - exceto 
durante a reforma religiosa empreendida por Acaz
c) ☐ Época em que a legislação poderia ter sido posta em vigor foi a 
dos dias de Moisés e de Josué – e possivelmente nos dias deDavi
d) ☐ Nos dias de Salomão, o culto às relíquias nos “lugares altos” 
estava sendo praticado
Marque “C” para certo e “E” para errado
6.( ) As peles com que o exterior do tabernáculo foi re-
coberto eram de um animal chamado tahas, ou du-
gongo, que é estranho ao Egito e monte Sinai, mas 
encontrado nos mares adjacentes à Palestina
7.( ) No Pentateuco há várias referências a instrumentos para 
acompanhamento musical no culto do tabernáculo
8.( ) O Pentateuco, especialmente Deuteronômio, tam-
bém contém várias referências à futura conquis-
ta de Canaã pelos descendentes de Ismael
Anotações
55
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anotações
Anotações56
O Pentateuco
1
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Qualificações de Moisés como Autor do 
Pentateuco
Quais são as qualificações de Moisés como autor do 
Pentateuco?
Tendo em mente as referências bíblicas da educação acadê-
mica de Moisés, torna-se patente que ele possuía as qualificações 
certas para empreender uma obra do porte da Torá.
•	 Recebeu excelente formação como príncipe criado na corte do 
Egito (At 7.22), num país em que a cultura era superior a de 
qualquer outra nação do Crescente Fértil. Até mesmo os cabos 
dos espelhos e das escovas de dente eram adornados com ins-
crições hieroglíficas, bem como as paredes de todos os prédios 
da administração pública.
•	 Deve ter percebido de seus ancestrais israelitas, as leis orais que 
eram obedecidas na Mesopotâmia, de onde Abraão tinha vindo.
•	 É provável que recebeu de sua mãe e parentes consangüíneos 
conhecimento pleno da vida dos patriarcas, desde Adão até José; 
e, com base nessa riqueza da tradição oral, ele teria recebido to-
das as informações contidas no livro de Gênesis, por estar sob a 
orientação do Espírito Santo ao redigir o texto inspirado da Torá.
•	 Residido por muitos anos no Egito e também na terra de Midiã, 
no Sinai, adquiriu conhecimento pessoal sobre o clima, práti-
cas agrícolas e as peculiaridades geográficas egípcias como da 
Península do Sinai, o que é óbvio por todo o texto (Êxodo até 
Deuteronômio), que tratam do mundo do século XV a.C, nas 
vizinhanças do mar Vermelho e do rio Nilo.
•	 Sendo designado por Deus para ser o fundador de uma nova 
nação, que deveria ser governada pela lei concedida pelo Se-
nhor, Moisés compõe sua obra, incluindo Gênesis, com todos 
os relatos integrais do trato gracioso de Deus com os ancestrais 
1
O Pentateuco
58 •	Capítulo	1
dos israelitas antes da imigração da família de Jacó ao Egito. A 
jovem nação deveria ser governada segundo as leis de Deus, em 
vez de por um déspota41 real, à semelhança das nações pagãs.
•	 Moisés recebeu a responsabilidade de compor (sob inspiração e 
orientação de Deus) uma lista cuidadosamente pormenorizada 
de todas as leis que Deus havia concedido a fim de guiar seu 
povo pelo caminho da justiça, da piedade e do culto. Ao longo 
do período de quarenta anos de peregrinação, Moisés tinha todo 
o tempo e oportunidade que precisava para esboçar o sistema 
integral das leis religiosas e civis que Deus lhe havia revelado, as 
quais serviriam de constituição da nova comunidade teocrática.
41 Senhor absoluto e arbitrário; tirano, opressor. Dominador absoluto.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anotações
O Pentateuco
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A Falácia42 Principal em que se Baseia a 
Hipótese Documentária
Qual a falácia principal em que se baseia a hipótese 
documentária?
A mais séria de todas as pressuposições falsas subjacentes à 
hipótese documentária e à abordagem crítica da forma (a primeira 
presume que nenhuma parte da Torá teve forma escrita senão depois 
de meados do século IX a.C., e, a segunda afirma que todo o texto 
hebraico do Pentateuco só foi redigido depois do exílio), é que os 
israelitas esperaram durante muitos séculos, após a fundação de sua 
comunidade, até terem a Torá na forma escrita. 
Tal pressuposição desaparece diante de todas as descobertas 
arqueológicas dos últimos oitenta anos, segundo os quais todos os 
vizinhos de Israel conservaram registros escritos sobre sua história e 
religião desde antes dos tempos de Moisés. Talvez as grandes quan-
tidades de inscrições em pedra, barro e papiro exumado43 na Meso-
potâmia e no Egito poderiam ser questionados como comprovantes 
necessários do extenso uso da escrita na própria Palestina – até a 
descoberta em 1887 dos tijolos de barro de Tell el-Amarna, no Egito, 
que datam de cerca de 1420 a 1380 a.C. (época de Moisés e Josué).
Esse arquivo contém centenas de tabuinhas escritas em ca-
racteres cuneiformes babilônicos (nessa época era a língua da corres-
pondência diplomática no Oriente Próximo). Eram comunicações à 
corte egípcia por parte de oficiais e de reis palestinos. Muitas dessas 
cartas contêm relatos de invasões e ataques dos Ha-bi-ru (a pronúncia 
também pode ter sido “habiru”) contra as cidades-estados de Canaã.
O próprio Wellhausen concluiu que teria de desprezar com-
pletamente essa evidência, após a publicação inicial desses tijolos de 
42 Afirmação falsa ou errônea. 
43 Tirar da sepultura; desenterrar.
1
O Pentateuco
60 •	Capítulo	1
Amarna, cerca de 1890. Ele se recusou a considerar as implicações 
dos fatos descobertos e agora estabelecidos de que Canaã, até mesmo 
antes da conquista israelita completar-se, possuía uma civilização de 
elevado nível de instrução literária (ainda que escrevessem na língua 
babilônica, em vez de em seu próprio idioma). Os proponentes44 
posteriores da hipótese documentária revelaram-se igualmente inca-
pazes de abertura no que concerne às implicações dessas descobertas.
O golpe mais cruel sobreveio, porém, quando se decifraram 
as inscrições alfabéticas de Serabit e el Khadim, na região das minas 
de turquesa do Sinai, exploradas pelos egípcios durante o II Milênio 
a.C. Tais inscrições consistiam num novo jogo de símbolos alfabéti-
cos, parecidos com os hieróglifos egípcios, mas escritos num dialeto 
cananeu, muito parecido com o hebraico. Eles continham registros 
de quotas de mineração e dedicatórias à deusa fenícia Baalat (ao que 
tudo indica equivalente da divindade egípcia Hathor). O estilo irre-
gular da execução exclui toda possibilidade de atribuir essesescritos 
a um grupo seleto de escribas profissionais.
Existe apenas uma conclusão possível a ser tirada dessas 
inscrições publicadas em “The Proto Sinaitic Inscriptions And Their 
Decipherment” (Cambridge, Harvard University, 1966). Já nos séculos 
XVII e XVI a.C., até mesmo as pessoas das camadas sociais mais bai-
xas da população cananéia, os escravos das minas que trabalhavam 
sob feitores egípcios, sabiam ler e escrever em sua própria língua.
Uma terceira descoberta importante foi à biblioteca de tabui-
nhas de barro na região Síria ao norte de Ras es-Shamra, conhecida 
em tempos antigos como Ugarite, onde havia centenas de tabuinhas 
escritas por volta de 1400 a.C., num dialeto cuneiforme cananeu, 
muito parecido com o hebraico. Ao lado de cartas comerciais e do-
cumentos do governo (alguns dos quais registrados em caracteres 
babilônicos cuneiformes), esses tijolos continham muita literatura 
religiosa, relacionada aos amores, às guerras e às aventuras empol-
gantes de várias divindades do panteão cananeu, como El, Anate, 
Baal, Asserate, Mote e muitos outros; compostas em forma poética, 
em semelhança da poesia hebraica de paralelismos, como as que se 
encontram no Pentateuco e nos Salmos de Davi.
44 Que ou quem propõe.
O Pentateuco
1
61
Temos aqui novamente provas irrefutáveis45 que os conquis-
tadores hebreus sob o comando de Josué, tendo emigrado de uma 
cultura que atribuía grande valor às letras, no Egito, chegaram à outra 
civilização que usava a escrita com incomum liberdade. Além disso, 
a alta porcentagem de literatura religiosa encontrada tanto em Ras 
Shamra como em Serabit el-Khadim nega veemente a suposição que, 
de todos os povos do antigo Oriente Próximo, somente os hebreus 
não se interessaram nem se esforçaram por dar forma escrita a seus 
conceitos religiosos, senão mil anos mais tarde. Só a modalidade de 
desvio mental por parte de estudiosos liberais pode explicar como 
desprezam e evitam a grande massa de dados objetivos que agora 
dão apoio à proposição que Moisés poderia ter escrito e com toda a 
probabilidade realmente escreveu os livros que lhe são atribuídos.
Uma falácia mais absurda ainda acha-se sob a abordagem 
moderna da teoria documentária, não só com respeito à autoria do 
Pentateuco, mas também no que se refere à composição de Isaías 40-
66 como obra autêntica do próprio Isaías, que viveu no século VIII 
a.C, e com respeito à data do século VI para o livro de Daniel. Todas 
essas teorias racionalistas que atribuem datação muito posterior e 
natureza espúria a esses livros do AT repousam numa suposição 
firmemente sustentada: a impossibilidade categórica da profecia 
bem-sucedida de acontecimentos futuros.
Toma-se por certa a inexistência da revelação divina autêntica 
nas Escrituras, de modo que todas as profecias que pela aparência 
teriam sido cumpridas, na verdade foi resultado de mentira piedosa. 
Noutras palavras, as predições não foram escritas senão depois de 
“cumpridas” – ou quando prestes a cumprir-se.
O resultado é uma falácia lógica conhecida como petitio 
principii, ou raciocínio em círculo. Isso significa que a Bíblia dá 
testemunho da existência de um Deus pessoal que opera milagres 
e que revela seus propósitos para o futuro aos profetas escolhidos 
para orientação e o estímulo de predições cumpridas. As Escrituras 
fornecem a mais impressionante evidência dos fenômenos sobrena-
turais, demonstradas por um Deus pessoal que tem cuidado de seu 
povo o suficiente para revelar-se a Ele, e revelar sua vontade quanto 
à salvação. No entanto, o racionalista aborda essa evidência toda 
com a mente completamente fechada, presumindo que não existe 
45 Que não se pode refutar; evidente, irrecusável, incontestável.
1
O Pentateuco
62 •	Capítulo	1
o chamado sobrenatural, e que, portanto, não são possíveis que se 
cumpram as profecias. Existindo esse tipo de desvio, é impossível dar 
a devida atenção a qualquer evidência que diga respeito ao assunto 
que estamos investigando.
Após cuidadosa ponderação e estudo da história do surgimen-
to da alta crítica moderna, segundo a prática dos adeptos da doutrina 
documentária e da escola da crítica da forma, estamos convictos que 
a razão básica para a recusa em aceitar a evidência arqueológica ob-
jetiva, que parece hostil ante a teoria desses críticos, que desaprovam 
o sobrenatural, encontra-se na mentalidade de autodefesa essencial-
mente subjetiva. Assim é que se torna absolutamente essencial que 
os documentaristas atribuam às predições do cativeiro babilônico e 
a subseqüente restauração (como as que encontramos em Levítico 
26 e em Deuteronômio 28) a uma época em que tais acontecimentos 
já pertenciam ao passado. Essa é a verdadeira base filosófica para 
que se atribuam tais partes (que estão incluídas no “Código dos Sa-
cerdotes” ou “Escola Deuteronômica”) ao século V a.C., ou mil anos 
depois da época em que as pessoas crêem terem sido escritas. É que, 
obviamente, nenhum mortal pode predizer com sucesso o que ainda 
está no futuro, ainda que á uns poucos anos. Visto que um Moisés 
do século XV a.C. precisaria ter previsto o que haveria de acontecer 
em 587 e em 537 a.C. a fim de poder escrever uns capítulos como 
esses, na verdade ele nunca poderia tê-los escrito. No entanto, o Pen-
tateuco afirma que Moisés apenas escreveu o que o Deus Todo-Po-
deroso lhe revelou; ele não registrou o mero produto de sua previsão 
profética. Daí não haver nenhuma dificuldade lógica em supor que 
Moisés poderia ter previsto, sob inspiração divina, acontecimentos 
que ainda estavam num futuro longínquo – ou que Isaías no início 
do século VII poderia saber de antemão do cativeiro babilônico e 
do subseqüente retorno a Judá, ou que Daniel poderia ter predito os 
grandes acontecimentos da história ainda por ocorrerem entre seus 
próprios dias (580 a.C.) e a vinda de Antíoco Epifânio em 170 a.C.
Em todos esses casos a profecia foi proveniente de Deus, o 
Senhor da história, e não de homem. Portanto, não existe razão lógica 
por que Deus devesse ignorar o futuro que ele próprio faz aconte-
cer. Além de tudo, o horizonte profético de Daniel (Dn 9.24-27) na 
verdade aprofunda-se e vai além do período dos macabeus, que lhe 
atribuíram estudiosos racionalistas, pois a profecia aponta para 27 
d.C. como ano exato em que Cristo nasceu (Dn 9.25,26). O mesmo 
O Pentateuco
1
63
se deve dizer a respeito da predição de Deuteronômio 28.68 sobre as 
conseqüências da queda de Jerusalém em 70 d.C. e da predição de 
Isaías 13.19,20, da total e permanente desolação da Babilônia, que não 
aconteceu senão depois da conquista maometana do século VII d.C.
Não há esperança alguma em tentar explicar o cumprimento 
de profecias como essas, tanto tempo depois, mediante a alegação 
de que os livros que as contêm foram escritos depois dos aconteci-
mentos. Vemos, assim, que esse princípio orientador subjacente à 
estrutura completa da hipótese documentária, de modo algum pode 
manter-se em base objetiva e científica. Portanto, essa teoria deve ser 
abandonada em todas as instituições de ensino superior nas quais 
ainda é ensinada.Anotações
1
O Pentateuco
64 •	Capítulo	1
O Pentateuco
1
65
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
9. Quanto às qualidades de Moisés, assinale a incerta
a) ☐ Recebeu excelente formação como príncipe criado na corte do 
Egito, num país em que a cultura era superior a de qualquer 
outra nação do Crescente Fértil
b) ☐ Deve ter percebido de ancestrais egípcios, as leis orais que eram 
obedecidas no Egito, de onde Jacó tinha vivido
c) ☐ É provável que recebeu de sua mãe e parentes consangüíneos 
conhecimento pleno da vida dos patriarcas, desde Adão até José
d) ☐ Com base na riqueza da tradição oral, ele teria recebido todas 
as informações contidas no livro de Gênesis
10. Moisés tinha todo o tempo e oportunidade que precisava para 
esboçar o sistema integral das leis religiosas e civis que Deus lhe 
havia revelado
a) ☐ Ao longo do período de quarenta anos de peregrinação
b) ☐ Ao longo do período de cem anos de peregrinação
c) ☐ Ao longo do período de oitenta anos de peregrinação
d) ☐ Ao longo do período de vinte anos de peregrinação
11. Afirmam que os israelitas esperaram durante muitos séculos, 
após a fundação de sua comunidade
a) ☐ O terminismo e o territorialismo
b) ☐ A crítica das religiões comparadas
c) ☐ A baixa crítica
d) ☐ A hipótese documentária e a crítica da forma
12. Comprova que Canaã, até mesmo antes da conquista israelita 
completar-se, possuía uma civilização de elevado nível de instrução 
literária
a) ☐ Julius Wellhausen
1
O Pentateuco
66 •	Capítulo	1
b) ☐ A teoria JEDP
c) ☐ A arqueologia
d) ☐ A crítica moderna racionalista
13. Quanto à descoberta da biblioteca de tabuinhas de barro na região 
Síria ao norte de Ras es-Shamra, é errado dizer que
a) ☐ Era conhecida em tempos antigos como Ugarite, onde havia 
centenas de tabuinhas escritas por volta de 1400 a.C., num 
dialeto cuneiforme cananeu, parecido com o hebraico
b) ☐ Esses tijolos continham somente narrativas de aventuras em-
polgantes de várias divindades como: Baal, El e Anate 
c) ☐ São compostas em forma poética, em semelhança da poesia 
hebraica de paralelismos, como as que se encontram no Pen-
tateuco e nos Salmos de Davi
d) ☐ São provas de que os comandados de Josué, tendo emigrado 
de uma cultura que atribuía grande valor às letras, no Egito, 
chegaram à outra civilização que usava a escrita com inco-
mum liberdade
Marque “C” para certo e “E” para errado
14.( ) Moisés residiu-se por muitos anos no Egito e também 
na terra de Midiã, no Sinai, adquiriu conhecimento 
pessoal sobre o clima, práticas agrícolas e as peculiari-
dades geográficas egípcias como da Península do Sinai
15.( ) O racionalista presume que não existe o chamado sobre-
natural e que não é possível o cumprimento das profecias
16.( ) A hipótese documentária, de modo algum pode 
manter-se em base objetiva e científica. Portan-
to, deve ser abandonada nas instituições de en-
sino superior nas quais ainda é ensinada
Anotações
67
AnotaçõesAnotações
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Gênesis
2º
Capítulo
Gênesis
70 •	Capítulo	2
Gênesis
71
Gênesis
O livro de Gênesis toma seu nome 
da versão grega do Antigo Testamento (a 
Septuaginta), que o chamou Gênesis, ter-
mo que significa começo. É uma tradução 
precisa de bereshit, a primeira palavra no 
livro hebraico.
O título é adequado ao conteúdo do 
livro, pois este diz respeito à origem divina 
de todas as coisas, seja matéria ou energia, 
seres vivos ou inanimados. Isso significa 
que, com exceção de Deus, todas as coisas 
remontam ao ponto de partida em que os 
planos e as obras de Deus tomaram forma.
Bereshit demonstra que Deus criou 
“os céus e a terra” como o primeiro ato da 
criação (Gn 1.1).
As tradições judaica e cristã têm 
atribuído de maneira quase unânime a 
autoria de Gênesis a Moisés (veja a Lição 
1). Gênesis é o único livro do Pentateu-
co que não menciona Moisés nem indica 
algo sobre sua autoria. A omissão pode 
ter ocorrido porque os últimos eventos do 
livro precedem Moisés em vários séculos. 
Também, os livros bíblicos raramente in-
dicam seus autores.
Contudo, o restante do Pentateuco é baseado em Gênesis, sem 
o qual as constantes alusões46 aos patriarcas e outras pessoas e eventos 
não fariam sentido. A síntese da conclusão de Gênesis (Gn 46.8-27) 
em Êxodo 1.1-7 serve como uma ponte entre os patriarcas e a liber-
tação no êxodo e destaca a continuidade da história do Pentateuco.
46 Menção, referência, relação.
O ícone abaixo indica:
Neste capítulo veremos;
•	 Gênesis
•	 Abraão: A Obediência da Fé 
•	 A Luta de Jacó Pelas Promessas
•	 A Libertação Mediante José
2
Capítulo
Atenção e Foco
2
Gênesis
72 •	Capítulo	2
Por que ler esse livro?
Se você é como a maioria das pessoas, e talvez já tenha se 
preocupado com as profundas questões da vida, como: Por que es-
tamos aqui? Qual o significado da vida?
Gênesis leva-nos ao início das eras para encontrar as respos-
tas. Esse livro fala sobre começos: as primeiras plantas e os primeiros 
animais; o primeiro homem e a primeira mulher; o primeiro pecado; 
o primeiro anúncio da salvação de Deus. Mostra também a maneira 
de Deus tratar com Noé, com Abraão e com muitos outros, demons-
trando o desejo de ter comunhão com o seu povo.
O nome Gênesis descreve pelo menos um dos principais 
temas do livro – as origens. Ele relata as origens dos céus e da terra, 
de todas as coisas criadas que neles existem. Descreve a relação pac-
tual47 de Deus com a humanidade, o pecado, a redenção, as nações 
e Israel, o povo escolhido de Deus.
As origens, porém, não é um tema-síntese48 inteiramente 
satisfatório, pois não há resposta à questão históricae teológica 
fundamental – por quê? Saber o que Deus fez – Ele criou todas as 
coisas – é importante. Mas, saber por que Deus agiu na criação e pela 
redenção é compreender a verdadeira essência da revelação divina.
O tema de Gênesis centraliza-se em volta da primeira de-
claração de Deus ao homem e à mulher registrada no texto sagrado, 
ou seja, Gênesis 1.26-28: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa 
imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do 
mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e 
sobre todo réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem 
à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. 
E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e 
enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre 
as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra”.
Os versículos acima deixam claro que Deus criou o homem e 
a mulher para abençoá-los e a fim de que pudessem exercer domínio 
em lugar dele sobre toda a criação. A desobediência humana amea-
çou o plano de Deus para a humanidade expressa na criação. Deus 
respondeu chamando Abraão, por meio de quem a bênção divina 
triunfaria por fim. Como essa é uma questão de teologia, será mais 
produtivo considerá-la adiante sob o subtítulo “Propósito e Teologia”.
47 Referente a pacto; pactício.
48 Reunião de elementos concretos ou abstratos em um todo; fusão, composição.
2
Gênesis
73
Como foi escrito?
As três principais seções de Gênesis são caracterizadas por 
tipos literários distintos. Os eventos primevos (Gn 1-11) são dis-
postos em uma forma de narrativa poética para ajudar a transmissão 
oral. As narrativas sobre os três primeiros patriarcas (Gn 12-36; 38) 
são relatos acerca de ancestrais mantidos em registros familiares. 
A narrativa de José (Gn 37; 39-50) é um breve conto, com tensão 
e resolução. Dentro de cada um desses principais tipos literários, 
porém, encontram-se outros tipos menores tais como genealogias 
(Gn 5.3-32; 11.10-32), narrativas em que Deus aparece (Gn 17-18; 
32.22-30), palavras de Deus (Gn 25.23), bênçãos (Gn 1.28; 9.1; 27.27-
29) e ditados tribais (Gn 49.3-27). Gênesis apresenta a história na 
plena acepção do termo. Apresenta, porém, essa história em forma 
de narrativa que abrange grande número de tipos literários a fim de 
comunicar sua mensagem teológica de modo claro e eficaz.
•	 O alvo da criação de Deus: domínio, bênção e 
relacionamento (Gn 1.1-2.25);
•	 O pecado, suas conseqüências e a graça salvadora 
de Deus (Gn 3.1-10.32);
•	 Abraão: a obediência da fé (Gn 12.1-22.19);
•	 Isaque: elo das promessas de Deus a Abraão (Gn 
22.20-25.18);
•	 A luta de Jacó pelas promessas (Gn 25.19-36.43);
•	 A libertação mediante José (Gn 37.1-50.26).
2
Gênesis
74 •	Capítulo	2
Propósito e Teologia
O que se deve buscar em Gênesis?
O propósito de Gênesis era dar à nação de Israel uma expli-
cação sobre sua existência no limiar49 da conquista de Canaã (veja 
o tema).
Moisés tinha em mãos tradições escritas e orais acerca do 
passado de Israel e registros concernentes a outros grandes temas 
de Gênesis. Ele foi, porém, o primeiro a organizar esse material, a 
escolher no meio de tudo o que era apropriado aos propósitos reden-
tores de Deus e a compô-los na forma atual. Sua tarefa como autor 
inspirado e profético foi tornar claro ao seu povo como e por que 
Deus o tinha trazido à existência. Também desejava que os israeli-
tas soubessem qual era a missão deles como um povo sacerdotal da 
aliança e como sua situação presente cumpria promessas antigas. 
Uma atenção concentrada nos temas que ligam Gênesis ao restante 
do Pentateuco tornam-se claro esses propósitos.
Deus havia revelado a Abraão que ele receberia a terra de 
Canaã (Gn 12.1,5,7; 13.15), que seus descendentes deixariam essa 
terra por um tempo (Gn 15.13), mas seriam libertados da sua terra 
de opressão para voltar à terra da promessa (Gn 15.16). Essa terra 
seria deles para sempre (Gn 17.8) como uma arena dentro (e a partir) 
da qual se tornaria instrumento de bênção para todas as nações da 
terra (Gn 12.2-3; 27.29).
José entendeu isso e viu em sua própria peregrinação no 
Egito à preservação de seu povo por Deus (Gn 45.7-8). Deus o tinha 
enviado para lá a fim de salvá-los da extinção física e espiritual (Gn 
50.20). Viria o tempo em que Deus se lembraria de sua promessa a 
Abraão, Isaque e Jacó e os faria voltar à Canaã (Gn 50.24).
49 Entrada, começo, início.
2
Gênesis
75
O elo com Êxodo é evidente no chamado de Moisés para li-
derar seu povo do Egito à terra prometida (Êx 3.6-10,16-17; 6.2-8). 
O privilégio deles como nação da aliança – um “reino de sacerdotes 
e nação santa” (Êx 19.6) – recorda a promessa de Deus de que iria 
abençoar as nações por intermédio de Abraão (Gn 12.3; 22.18). A 
renovação da aliança nas campinas de Moabe repete os mesmos temas.
O Senhor estava para guiar seu povo para Canaã a fim de 
que a possuíssem como herança (Dt 4.1; 5.33; 7.1,12-16; 8.1-10; 9.5; 
11.8-12,24-25). Ali eles o serviriam como agentes da redenção, um 
catalisador50 ao redor do quais as nações seriam reconciliadas com 
Deus (Dt 4.5-8; 28.10).
A mensagem teológica de Gênesis, porém, vai além dos inte-
resses limitados de Israel. Gênesis de fato dá a razão de ser de Israel, 
mas faz mais do que isso. Explica a condição humana que clama por 
um povo da aliança. Isto é, revela os grandes propósitos criativos 
e redentores de Deus que têm seu foco em Israel como agência de 
recriação e salvação.
Os propósitos originais e eternos de Deus são esboçados em 
Gênesis 1.26-28. Deus criou o homem e a mulher como sua imagem 
para abençoá-los de tal modo que eles exercessem em nome dele o 
domínio sobre toda a criação. Os temas-chave da teologia bíblica e 
de Gênesis são, portanto, “a bênção de Deus e o domínio humano 
debaixo do reinado de Deus”.
A queda da humanidade no pecado subverteu51 o alvo divino 
de bênção e domínio. Precisava ser desenvolvido um processo de 
redenção desse estado de queda e de restabelecimento do mandato 
divino original da aliança. Isso se concretizou em forma de esco-
lha de Abraão, por cuja descendência (Israel e por fim o Messias) 
poderia cumprir os propósitos divinos da criação. Esse homem e a 
nação, ligados por aliança eterna a Javé, foram encarregados da ta-
refa de servir-lhe como o modelo de um povo sob domínio divino e 
o veículo mediante o qual um relacionamento salvador poderia ser 
estabelecido entre Deus e o mundo alienado52 das nações.
Obviamente, Israel fracassou como povo-servo, fracasso este 
já previsto na Torá (Lv 26.14-39; Dt 28.15-68). Os alvos de Deus não 
50 Estimulante, dinamizador, incentivador.
51 Destruir, aniquilar (o que está assente); arruinar, derrubar.
52 Louco, doido, desvairado, alheado.
2
Gênesis
76 •	Capítulo	2
podem, porém, ser frustrados. Por isso, um remanescente, por fim, 
reduzido a um único descendente de Abraão – Jesus, o Cristo Sal-
vador – que cumpriu em sua vida e morte os propósitos redentores 
e soberanos de Deus. A Igreja existe agora como seu corpo a fim de 
servir, assim como Israel foi escolhido e redimido para servir.
O povo de Deus do Antigo Testamento serviu como modelo 
do Reino do Senhor e como o instrumento que tornou possível a 
realização da obra reconciliadora sobre a terra por intermédio do 
seu povo do Novo Testamento. A teologia de Gênesis, portanto, é 
envolvida pelos propósitos do Reino de Deus que, em seu objetivo 
último, apesar dos fracassos humanos, não pode ser impedido de 
manifestar a sua glória mediante sua criação e soberania.
O Alvo da Criação de Deus: Domínio, Bênção e 
Relacionamento (Gn 1.1-2.25)
Os registros bíblicos descrevem a criação, a queda, o dilúvio, 
a torre de Babel e a distribuição da raça humana. Abrangem todos 
os aspectos da experiência humana de Abraão para comprometer-se 
ao serviço pactual ao Senhor.
Os dois relatos da criação (Gn 1.1-2.3; 2.4-25) destinam-se 
demonstrar, respectivamente, asoberania de Deus:
•	 Caracterizada pela sabedoria e pelo poder absoluto;
•	 Em criar especialmente a humanidade para governar em Seu 
lugar todas as demais criaturas. 
Embora as histórias da criação sejam fundamentalmente teo-
lógicas e não científicas, nada nelas é contestado pela compreensão 
científica moderna. 
Gênesis insiste em que todas as formas de vida foram criadas 
“segundo a sua espécie” (Gn 1.11-12,21,24-25); ou seja, elas não 
evoluíram cruzando linhas de espécies. O mais importante é que 
o homem e a mulher foram criados como “imagem de Deus” (Gn 
1.26). Em outras palavras, a humanidade foi criada para representar 
Deus sobre a terra e para dominar todas as coisas em seu nome (Gn 
1.26-28). A vontade de Deus era abençoar a humanidade e relacio-
nar-se com o homem.
2
Gênesis
77
O Pecado, suas Conseqüências e a Graça Salvadora de 
Deus (Gn 3.1-10.32)
O privilégio do domínio também acarretava responsabilida-
de e limitação. O fato de ser colocado no jardim para “o cultivar e 
o guardar” representa a responsabilidade humana (Gn 2.15). A ár-
vore no meio do jardim, que os seres humanos não deviam comer, 
representava aquelas áreas de domínio reservadas somente a Javé.
O homem e a mulher, entretanto, desobedeceram a Deus e co-
meram do fruto. Eles “morreram” no que diz respeito aos privilégios 
da aliança (Gn 2.17) e foram alvos de acusação e julgamento do seu 
Soberano (Gn 3.14-19,22-24). Isso acarretou sofrimento, tristeza e 
conseqüente morte física.
Deus havia criado o homem e a mulher para desfrutarem 
comunhão com ele e entre si. A desobediência deles fez com que se 
apartassem do SENHOR e também um do outro.
O tipo de pecado e suas conseqüências que se estabelece no 
Éden repetem-se ao longo de Gênesis, a saber: nos relatos de Caim, 
na geração do dilúvio e nos homens de Sodoma.
A queda significa que os homens estão predispostos a pecar. 
Embora Deus puna o pecado, este não frustra o propósito último e 
gracioso de Deus em relação à sua criação humana. Embutido na 
maldição estava o lampejo53 de uma promessa de que a descendên-
cia da mulher um dia levaria a raça humana ao triunfo (Gn 3.15).
As conseqüências do pecado tornaram-se claras 
na segunda geração, onde, Caim, o filho mais velho de 
Adão, matou seu irmão Abel (Gn 4.8). Exatamente como 
os seus pais tinham sido expulsos da presença de Deus 
no jardim (Gn 3.23), Caim é expulso para viver como 
nômade54 no oriente (Gn 4.16). Embutido na maldição 
estava o lampejo da graça, o “sinal de Caim” (Gn 4.15), 
simbolizando a proteção de Deus.
53 Clarão ou brilho repentino. Manifestação rápida e/ou brilhante duma ideia.
54 Diz-se das tribos ou povos errantes, sem habitação fixa que se deslocam constantemente em busca de 
alimentos, pastagens, etc.
2
Gênesis
78 •	Capítulo	2
A benção do domínio e a maldição do pecado (Gn 4.17-5.32).
A genealogia de Caim ilustra a tensão entre a bênção de Deus 
e o pecado que se propaga. Mediante as realizações dos descendentes 
de Caim, a humanidade começou a experimentar a bênção do domí-
nio sobre a criação. O avanço nas artes e na tecnologia era, porém, 
acompanhado pelo avanço no pecado, como se pode ver no cântico 
de Lameque, orgulhando-se de um assassinato (Gn 4.23-24).
Enquanto isso, o mandato redentor de Deus revelado na cria-
ção continuava por intermédio de outro filho de Adão e Eva – Sete 
(Gn 4.25-26). Sua genealogia (Gn 5.1-32) levou diretamente a Noé, a 
quem foi reafirmada a promessa original da criação (Gn 6.18; 9.1-7).
A libertação pela graça de Deus e a obediência de Noé 
(Gn 6.1-9.29).
Com o passar do tempo, tornou-se cada vez mais claro que a 
humanidade não tinha vontade nem capacidade de viver de acordo 
com as responsabilidades de administração. Os homens violaram 
novamente seu próprio lugar dentro da ordem divina, ultrapassando 
os limites que Deus lhes havia estabelecido.
Como conseqüência da mistura imprópria dos “filhos de Deus” 
(entendido ou como anjos ou como dominadores sobre a terra) com 
as “filhas dos homens” (Gn 6.1-4), Deus viu novamente a necessidade 
de reafirmar seu senhorio (Gn 6.3) e dar um novo começo que pudesse 
conceder à raça humana outra oportunidade de obedecer.
A conseqüência do pecado foi o grande dilúvio (Gn 6.5-8), uma 
catástrofe55 tão grande que toda a vida e as instituições pereceram 
da face da terra (Gn 7.22-23). A graça de Deus continuava agindo, 
preservando um remanescente na arca. Em resposta ao culto de seu 
povo, Deus prometeu nunca mais destruir a terra enquanto a histó-
ria seguisse seu curso (Gn 8.20-22). A promessa de Deus para Noé 
reafirmava as promessas de bênção e domínio dadas na criação (Gn 
9.1-19). Embora haja diferenças de detalhes em comparação com a 
declaração original de Gênesis 1.26-28, o mandato central é idêntico. 
A nova humanidade que brotaria de Noé e seus filhos foi chamada 
55 Acontecimento súbito de conseqüências trágicas e calamitosas. Grande desastre ou desgraça; calamidade.
2
Gênesis
79
para exercer domínio sobre toda a terra como a imagem de Deus. 
O sinal de permanência dessa disposição era o arco-íris (Gn 9.12).
Uma vez mais, como que para sublinhar os efeitos da queda 
sobre a fidelidade humana, Noé cai vítima do seu ambiente. Adão 
havia pecado por comer um fruto proibido; Noé pecou por perver-
ter o uso de um fruto permitido. Ambos os casos ilustram o fato de 
que os homens desassistidos56 nunca conseguem elevar-se ao nível 
da responsabilidade ordenada por Deus.
Quando Noé soube do ultraje que havia sofrido nas mãos de 
seu filho Cam, amaldiçoou a descendência de Cam – os cananeus. 
E abençoou os descendentes dos outros dois filhos (Gn 9.24-27). 
Isso coloca em movimento os relacionamentos dentro da tríplice 
divisão da raça humana que daí em diante determinaria para sempre 
o curso da história. Deus engrandeceria Jafé (os gentios), mais no 
devido tempo Jafé encontraria refúgio nas tendas de Sem (Israel), 
que resguardam e protegem. Os semitas seriam, portanto, o canal 
da graça redentora.
A reafirmação da bênção de Deus (Gn 10.1-32).
O “quadro das nações” (Gn 10) demonstra o cumprimento 
da ordem de Deus de que os homens fossem frutíferos e enchessem 
a terra.
Os semitas ocupam o ponto culminante, e a atenção concen-
tra-se em Héber (Gn 10.21,24-25), de quem os hebreus (hb. ibri) 
tomaram nome. Esse ancestral de Abraão antecede os patriarcas 
dos judeus, sobre quem está o foco da segunda metade de Gênesis.
A confusão em Babel (Gn 11.1-32).
A história da torre de Babel (Gn 11.1-9) separa a genealogia 
da linhagem de Noé até Héber e Pelegue da genealogia que liga Noé 
e Abraão (Gn 11.10-32). Nos dias de Pelegue, filho de Héber “se re-
partiu a terra” (Gn 10.25). Por meio de Abraão e a aliança abraâmica 
ela seria algum dia unida novamente.
56 Privados de assistências, amparos, ajudas; desprotegidos.
2
Gênesis
80 •	Capítulo	2
A história de Babel ilustra, assim, o falso e rebelde sentimento 
humano de solidariedade humanista que procura escapar do mandato 
da criação para encher a terra sob o domínio de Deus. A dispersão 
das nações cumpre esse propósito, mas não produz a submissão à 
vontade de Deus que faça do verdadeiro serviço uma realidade. Essa 
é a razão pela qual tinha de ser estabelecida uma nova aliança, com 
aspectos redentores.
2
Gênesis
81
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
1. Quanto ao livro de Gênesis, assinale a alternativa que não condiz 
com a verdade
a) ☐ O livro de Gênesis toma seu nome da versão grega do Antigo 
Testamento (a Septuaginta)
b) ☐ Gênesis é um termo que significa revelação
c) ☐ É uma tradução precisa de bereshit, a primeira palavra no 
livro hebraico
d) ☐ Bereshit demonstra que Deus criou “os céus e a terra” como o 
primeiro ato da criação
2. Sabe-se que as três principais seções de Gênesis são caracterizadas 
por tipos literários distintos, portanto, os relatos acerca de ancestrais 
mantidos em registros familiares são
a) ☐ Os eventos primevos
b) ☐ As narrativas de José
c)☐ As narrativas sobre os três primeiros patriarcas
d) ☐ Genealogias, narrativas em que Deus aparece, palavras de 
Deus, bênçãos e ditados tribais
3. Homem a quem foi reafirmado a promessa original da criação
a) ☐ Noé
b) ☐ Lameque
c) ☐ Caim
d) ☐ Enoque
4. A nova humanidade que brotaria de Noé e seus filhos foi chamada 
para exercer domínio sobre toda a terra como a imagem de Deus. O 
sinal de permanência dessa disposição era
a) ☐ A chuva
b) ☐ A estrela
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Gênesis
82 •	Capítulo	2
c) ☐ O arco-íris
d) ☐ A pomba
5. Noé amaldiçoou um de seus filhos, conseqüentemente sua des-
cendência, cujo nome é
a) ☐ Aram
b) ☐ Sem
c) ☐ Jafé
d) ☐ Cam 
Marque “C” para certo e “E” para errado
6.( ) Os temas-chave da teologia bíblica e de Gêne-
sis são, portanto, “a bênção de Deus e o domí-
nio humano debaixo do reinado de Deus”
7.( ) O alvo da Criação de Deus é: domí-
nio, bênção e relacionamento
8.( ) Nos dias de Pelegue, filho de Héber “uniu-se a ter-
ra” (Gn 10.25). Por meio de Abraão e a aliança abraâ-
mica ela seria algum dia repartida novamente
Anotações
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Abraão: A Obediência da Fé (Gn 12.1-22.19)
A história dos patriarcas centraliza-se e baseia-se na aliança 
ao qual Deus fez com Abraão, em sua chamada.
A história da raça humana desde a queda até os dias de Abraão 
era suficiente para mostrar que os grandes propósitos reais de Deus 
não poderiam ser alcançados até que a humanidade fosse redimida e 
restaurada à capacidade de guardar a aliança. Já fora dada a promessa 
de que a descendência da mulher algum dia prevaleceria sobre as 
forças que se opõem a Deus.
Agora, essa promessa da descendência estava para se cumprir 
em um homem e seus descendentes, cuja cabeça devia ser o Messias, 
que realizaria a salvação e o domínio.
Promessas de Deus: descendentes, bênção e terra (Gn 12.1-9).
Abraão foi chamado do paganismo sumério para a fé no Deus 
vivo. Deus lhe concedeu um conjunto incondicional de promessas 
– descendentes e bênção. Prometeu guiá-lo para Canaã, o cenário 
terreno para a concretização das promessas divinas (Gn 12.1-3). 
Quando Abraão chegou a Canaã, recebeu a promessa divina de uma 
terra (Gn 12.4-9).
Promessas sob ameaça (Gn 12.10-20).
Uma vez feito a promessa de Deus, seu cumprimento foi “ame-
açado”. Confrontado pela fome, Abraão deixou a terra prometida e 
colocou Sara – o elo com os descendentes prometidos – numa po-
sição potencialmente comprometedora, de membro do harém57 do 
Faraó (Gn 12.10-20).
57 Parte da casa muçulmana destinada à habitação das mulheres.
2
Gênesis
86 •	Capítulo	2
Alcançando a promessa de terra (Gn 13.1-18).
Abraão antecipou a história de seus descendentes habitando 
por breve tempo em Canaã, peregrinando no Egito (Gn 12.10-20) 
e saindo dali com riquezas e honra como Israel fez mais tarde no 
êxodo (Êx 11.1-3; 12.35-36).
Então, em sua própria “conquista” e ocupação, Abraão dividiu 
a terra com Ló (Gn 13.6-13). Os territórios através dos quais ele tinha 
viajado antes como nômade agora havia se tornado sua habitação 
permanente (Gn 13.14-18).
Possuindo a terra, abençoando os vizinhos (Gn 14.1-24).
O domínio de Abraão sobre sua herança não seria sem lutas. A 
invasão e a dominação das cidades da planície pelos reis do oriente 
(Gn 14.1-12) representavam resistência à reivindicação da terra por 
Abraão. Este, agindo em nome de El Elyon, o Deus Altíssimo (Gn 
14.20,22), venceu essa ameaça.
Ao resgatar o povo de Ló (Gn 14.16), Abraão estava cumprindo 
a ordem divina de ser uma bênção para outras nações.
A promessa da descendência e da terra (Gn 15.1-21).
Embora tivesse herdado a terra por promessa, Abraão ainda 
não tinha a descendência prometida, mesmo depois de dez anos 
na propriedade (cf. Gn 16.3). O Senhor reafirmou sua promessa 
incalculável (Gn 15.5). Essa hoste de descendentes, Javé prometeu, 
Abraão iria para uma terra de peregrinação, assim como tinha feito 
anteriormente, mas no fim voltaria com riquezas para encher a terra 
da promessa (Gn 15.12-21).
O esforço humano para concretizar a promessa de Deus 
(Gn 16.1-16).
Sara, esposa de Abraão, tinha passado da idade de ter filhos. 
Então, ela e o marido, seguindo o costume da época, decidiram que 
a promessa de descendência só se cumpriria se eles assumissem o 
2
Gênesis
87
comando da situação. Sara ofereceu sua serva a Abraão para ser a mãe 
substituta. No devido tempo nasceu um filho, Ismael (Gn 16.15-16). 
Essa tentativa de encurtar os caminhos e os métodos de Deus não 
poderia oferecer vantagem.
A reafirmação da promessa de herdeiro (Gn 17.1-18.15).
Uma vez mais o Senhor afirmou suas intenções expressas na 
aliança. Abraão seria o pai de nações (Gn 17.1-8), mas as nações 
nasceriam de Sara e não de Agar (Gn 17.16). Como sinal de sua 
inabalável58 lealdade às promessas da aliança, o Senhor estabeleceu 
o rito da circuncisão59 (Gn 17.9-14).
Logo, o Senhor se manifestou como o Anjo do Senhor, revelando 
a Abraão e Sara que, dentro de um ano, ela daria à luz ao descendente 
prometido (Gn 18.10).
Uma bênção sobre as nações vizinhas (Gn 18.16-19.38).
Deus lembrou a Abraão que ele era o meio escolhido para 
abençoar as nações (Gn 18.18). Como ilustração do que isso signi-
ficava, Javé revelou a Abraão que estava indo a Sodoma e Gomorra 
para destruir aquelas cidades cuja pecaminosidade havia se tornando 
irremediável.
Abraão tinha consciência de que isso implicava a morte de seu 
próprio sobrinho Ló, que vivia em Sodoma. Portanto, exerceu seu 
ministério de mediação pleiteando junto a Deus que poupasse os 
justos e, assim, as cidades em que eles viviam. Embora nem mesmo 
dez justos pudessem ser encontrados, e as cidades, por conseguinte, 
fossem submetidas a julgamento, pode-se ver claramente o papel de 
Abraão como alguém em quem as nações poderiam ser abençoadas 
(Gn 18.22; 19.29).
58 Firme, fixo, arraigado, constante:
59 Rito de iniciação, que consiste em cortar o prepúcio.
2
Gênesis
88 •	Capítulo	2
A ameaça à promessa de herdeiro (Gn 20.1-18).
O encontro de Abraão com Abimeleque de Gerar (Gn 20) tam-
bém dá testemunho do papel de Abraão como mediador. Ele mentiu 
a Abimeleque acerca de Sara, afirmando que ela era apenas sua irmã.
Abimeleque levou-a para seu próprio harém, colocando em 
risco a promessa divina de descendência por intermédio de Sara. Antes 
que o caso pudesse ir mais longe, o Senhor revelou a Abimeleque que 
Abraão era um profeta (Gn 20.7), alguém cujas orações eram eficazes.
Então, a praga que Javé havia trazido sobre Abimeleque por 
causa de sua conduta em relação a Sara foi removida em resposta 
à intercessão de Abraão (Gn 20.17). Uma vez mais fica evidente a 
função de Abraão como dispensador da bênção ou maldição.
O cumprimento da promessa de herdeiro (Gn 21.1-34).
Finalmente nasceu Isaque, o filho da aliança (Gn 21.1-7). 
Por meio de Ismael, Deus honrou sua promessa de que não é só os 
hebreus, mas, “numerosas nações” chamariam Abraão de “pai” (Gn 
21.8-21; cf. 25.12-18).
A obediência e a bênção de Abraão (Gn 22.1-19).
Poucos anos depois o Senhor provou a Abraão (Gn 22.1), or-
denando-lhe que oferecesse seu filho da aliança como holocausto.
A intenção era ensinar a Abraão que a bênção da aliança exige 
total compromisso e obediência.
O relato enfatiza também que a obediência pactual traz nova 
dádiva de bênção da aliança (Gn 22.16-18). A prontidão de Abraão 
para entregar seu filho garantiu o cumprimento das promessas de 
Deus para consigo.
2
Gênesis
89
Isaque: O Elo com as Promessas de Deus a Abraão 
(Gn 22.20-25.18; 26.1-33)
Isaque cumpriu um papel passivo do elo, de modo bem diferente 
dos demais patriarcas, os quais tiveram um papel ativo na realização 
das promessas de Deus. Abraão já havia esperado pelo nascimento 
de Isaque; mostrou-se pronto para oferecer Isaque como sacrifício. 
Depois da morte e do funeral de Sara (Gn 23.1-20), Abraão tomou 
providências para que Isaque recebesse uma esposa dentre os seus 
próprios parentes de Harã (Gn 24.1-67; cf. 22.20-24). Agiu dessa 
forma para assegurar que a promessa de descendência continuasse 
na próxima geração. Feito isso, Abraão morreu (Gn 25.7-8) e foi 
sepultado ao lado da esposa por Ismael e Isaque. Este raramente 
ocupou o centro do palco.
Nos anos seguintes, Isaque, que antes havia sido objeto das 
ações de seus pais, tornou-se objeto de luta de seu filho Jacó pelas 
promessas (Gn 27.1-40).
Uma cena rara focalizando Isaque mostra-o como o elo me-
diante o qual se cumpriram às promessas divinas de que iria receber 
terra e seria fonte de bênçãos para as nações.
O Senhor enviou Isaque para viver entre os filisteus de Ge-
rar como Abraão havia feito (Gn 26.1-6). Ali Isaque, a contragosto, 
abençoou as nações cavando poços de que os filisteus se apropria-
ram para o seu uso. Isaque e seu clã60 provaram ser tamanha fonte 
de alimentos aos seus vizinhos, que Abimeleque, rei dos filisteus, fez 
aliança com ele, reconhecendo-lhe os direitos na terra prometida.
A Luta de Jacó Pelas Promessas 
(Gn 25.19-34; 27.1-36.43)
Isaque exerceu o papel de um elo passivocom as promessas 
de Deus a Abraão. Em contrapartida, Jacó, o caçula de Isaque, lutou 
ao longo de sua vida pelo melhor que Deus havia prometido.
60 Unidade social formada por indivíduos ligados a um ancestral comum por laços de descendência 
demonstráveis ou putativos.
2
Gênesis
90 •	Capítulo	2
O começo da luta (Gn 25.19-26).
Assim como a esterilidade de Sara exigiu a Abraão que con-
fiasse em Deus para obter o descendente, a mesma deficiência em 
Rebeca exigiu séria oração do marido Isaque (Gn 25.21). Javé, agindo 
fielmente com a promessa que fizera a Abraão, respondeu e concedeu 
não só um, mas dois filhos: Esaú e Jacó.
O fato de Jacó nascer agarrado ao calcanhar de Esaú num 
esforço por ser o primogênito (Gn 25.26) introduz o tema principal 
das histórias de Jacó – sua luta pelas bênçãos prometidas.
A luta pelo direito de primogenitura (Gn 25.27-34).
Contrariando as normas sobre sucessão e herança, o Senhor 
deu a Jacó os direitos de primogenitura, embora humanamente Jacó 
tenha manipulado seu irmão a fim de recebê-la (Gn 25.27-34). Esaú, 
sendo o filho mais velho de Isaque, devia ter herdado o direito de 
primogenitura, o direito à liderança da família. No entanto, ele o 
perdeu num momento de autopiedade (Gn 25.27-34).
A luta pela bênção (Gn 26.34-28.9).
Esaú ainda conservava sua posição como herdeiro das pro-
messas da aliança em sucessão a Abraão e Isaque. Mas quando ficou 
evidente por meio de seu casamento com mulheres hititas que ele 
era indigno do privilégio da aliança (Gn 26.34-35), sua mãe Rebeca 
pôs-se a substitui-lo pelo irmão Jacó.
Quando chegou o dia de Isaque designar Esaú como benefi-
ciário das bênçãos prometidas de Deus, Jacó apareceu em seu lugar. 
Estando Isaque já cego foi enganado, e concedeu sua bênção irre-
vogável (Gn 27.27-29).
No mundo antigo, o ato de proferir uma bênção, do mesmo 
modo que a assinatura de um contrato em nossos dias, dava às pa-
lavras uma força de obrigação. Jacó conseguiu assim o controle do 
direito de primogenitura e da bênção. Embora o meio pelo qual 
adquiriu a bênção não tenha sido honroso, porém, o Senhor havia 
predito o seu triunfo já na ocasião de seu nascimento (Gn 25.23). 
2
Gênesis
91
Enfurecido por esse desenrolar dos acontecimentos, Esaú 
planejou matar seu irmão.
Rebeca instou com Jacó para que fugisse para Padã-Arã, sua 
terra natal, a fim de salvar sua vida e também para conseguir uma 
esposa dentre seus parentes.
A fidelidade de Deus quanto às promessas (Gn 28.10-22).
O cuidado vigilante de Deus se torna evidente em Betel, onde 
Jacó encontrou a Javé num sonho (Gn 28.10-12). Ele se revelou a 
Jacó como o Deus de seus pais, aquele que daria continuidade às 
promessas da aliança através dele (Gn 28.13-14).
A luta continua (Gn 29.1-31.55).
Encorajado dessa forma, Jacó foi até Harã, onde planejou junto 
ao seu tio Labão o direito de se casar com suas filhas Lia (ou Léia) 
e Raquel (Gn 29.1-30).
A promessa divina de muitos descendentes começou a se 
cumprir com Jacó se tornando pai de onze filhos e uma filha na luta 
das esposas por filhos (Gn 29.31-30.24). Em sua luta contra o astuto 
tio Labão, Jacó se tornou próspero, além de suas mais fantásticas ex-
pectativas (Gn 30.25-43). Raquel se uniu a Jacó na luta contra Labão 
roubando-lhe os ídolos do lar (Gn 31.17-35).
Com Labão decidido a se vingar, só a intervenção de Deus num 
sonho trouxe um final pacífico à sua luta com Jacó (Gn 31.36-55).
O retorno à terra prometida (Gn 32.1-33.17).
Finalmente, após vinte anos, Jacó retornou à sua terra natal. 
No caminho, ficou sabendo que Esaú vinha ao seu encontro (Gn 
32.3-8). Temendo que seus próprios esforços para salvaguardar-se 
da vingança de Esaú fossem insuficientes, Jacó suplicou ao Senhor 
que o livrasse (Gn 32.9-21).
O Senhor apareceu novamente a Jacó, dessa vez em forma de 
adversário humano e lutou com o patriarca por toda a noite (Gn 32.22-
2
Gênesis
92 •	Capítulo	2
32). Impressionado com a luta persistente, o “homem” abençoou a 
Jacó com uma mudança de nome (de Jacó para Israel, príncipe de 
Deus). O enganador (hb. ya akob) havia se tornado nobre, apto para 
governar por meio da autoridade do Deus Soberano.
O encontro com Esaú logo a seguir foi pacífico (Gn 33.1-17). 
De fato, Jacó viu no perdão de Esaú o reflexo da face de Deus.
A ameaça da assimilação (Gn 33.18-34.31).
Jacó se mudou para Canaã, chegando inicialmente a Siquém, o 
primeiro ponto de parada do seu avô Abraão (Gn 33.18-20; veja 12.6). 
Tendo obtido uma grande propriedade ali, Jacó edificou um altar.
O estupro de Diná ilustra com cores vivas a moralidade licen-
ciosa dos cananeus nativos (Gn 34.1-7). A proposta de casamento 
de Siquém ilustra a ameaça do casamento misto (Gn 34.8-24). A 
matança dos homens de Siquém (Gn 34.25-31) antecipa a conquista 
da terra por Israel sob liderança de Josué.
A reafirmação das promessas (Gn 35.1-36.43).
Jacó viajou para Betel, de novo nos passos de Abraão (Gn 35.1-
7; veja 12.8). Ali, como tinha ocorrido antes, Jacó viu o Senhor numa 
visão e recebeu ainda outra promessa de presença divina e bênção 
(Gn 35.9-12). Ele seria pai de nações e reis e herdaria a terra de seus 
pais. A lista de seus descendentes imediatos (Gn 35.23-26) atesta o 
início do cumprimento da promessa.
Mesmo Esaú, que teve de se contentar com uma bênção se-
cundária (Gn 27.39-40), deu origem a um povo poderoso (Gn 36).
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Gênesis
93
A Libertação Mediante José (Gn 37.1-50.26)
O papel de Israel como “o povo da promessa” estava sendo 
colocado em risco pela aceitação dos baixos padrões morais dos 
cananeus nativos. O incesto61 entre Rúben e a concubina de seu pai 
(Gn 35.22) dá uma ideia dessa transigência62 moral. O casamento 
de Judá com a cananéia Sua e o seu caso posterior com a sua nora 
Tamar torna claro o perigo.
A fim de preservar seu povo, Javé removeu os israelitas desse 
ambiente pecaminoso para o Egito, onde poderiam amadurecer e se 
tornar em uma “nação da aliança”, condição para a qual ele os estava 
preparando. Isso explica a história de José. Seus irmãos o venderam 
para o Egito a fim de se livrarem do irmão sonhador. Deus, no en-
tanto, usou essa expressão de ódio como oportunidade para salvar 
Israel tanto da fome física como da extinção espiritual.
A ascensão de José à posição de autoridade no Egito, em 
cumprimento de seus sonhos dados por Deus, ilustra a bênção do 
Senhor sobre seu povo. A sabedoria de José na administração dos 
negócios agrícolas do Egito é mais um cumprimento da promessa 
divina: “abençoarei os que te abençoarem”. Ficou comprovado que 
o que parecia uma série de disparates63 e injustiças nas experiências 
terrenas de José era, na verdade, Deus agindo nas sombras para 
demonstrar sua obra soberana do Reino entre as nações. Ninguém 
tinha mais consciência disso do que José, pelo menos nos últimos anos.
Depois de se revelar aos irmãos, ele disse: “Deus me enviou 
adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra e para vos 
preservar a vida por um grande livramento” (Gn 45.7). Anos mais 
tarde, após a morte de Jacó, quando os irmãos de José temiam por 
sua vingança, ele lhes lembrou: “Vós, na verdade, intentastes o mal 
contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer [...] que se 
conserve muita gente em vida” (Gn 50.20).
A tragédia humana havia se tornada ocasião para triunfo divino. 
O último desejo de José – ser sepultado na terra da promessa – olha 
adiante, para a futura tragédia da experiência de escravidão de Israel, 
e antecipa o triunfo de Deus no êxodo (Gn 50.22-26).
61 União sexual ilícita entre parentes consangüíneos, afins ou adotivos.
62 Ato ou efeito de transigir; condescendência, tolerância.
63 Dito ou ação desarrazoada; absurdo.
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Gênesis
94 •	Capítulo	2
A Mensagem Para Hoje
Como aplicar?
Uma contribuição óbvia do livro de Gênesis ao mundo moder-
no é a sua explicação sobre as origens das coisas que não poderiam 
ser entendidas de nenhum outro modo. Ou seja, ele tem valor cien-
tífico e histórico, mesmo que este não seja seupropósito principal. 
Mais fundamentalmente, Gênesis lida com a essência do significado 
do fato de os seres humanos terem sido criados à imagem de Deus.
Quem somos nós? Por que existimos? O que devemos fazer?
A não consideração dos planos de Deus para a humanidade 
tem resultado em pensamentos e ações caóticos64, sem propósito. Em 
última análise, a vida sem o verdadeiro conhecimento da natureza 
humana como imagem de Deus, e da função humana na adminis-
tração da criação de Deus, é uma vida sem sentido.
Quando alguém vive o resto de seus dias à luz de 
Gênesis, vê a vida em contato e harmonia com o Deus 
do universo. O domínio de Deus se torna uma realidade 
à medida que os seres humanos se conformam com os 
alvos divinos para a sua criação. Gênesis resume as in-
tenções do Criador. Como pecadores, somos incapazes 
de realizar os propósitos de Deus para as nossas vidas 
mediante nossos próprios esforços. Só a intervenção de 
Deus traz esperança para nossa vida. Nossa salvação é 
obra de Deus.
64 Que está em caos; confuso, desordenado.
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Gênesis
95
O Valor Ético
Qual é a principal lição de Gênesis?
O Efeito horrível do pecado é um dos temas admiráveis de 
Gênesis. Essa maleficência frustrou os planos de Deus para a raça 
humana. Portanto, tinha de ser tratado antes que esses planos pu-
dessem ser concretizados.
Gênesis ensina o horror e a seriedade do pecado e suas reper-
cussões trágicas. Além da história da “queda”, cada relato em Gênesis 
mostra às pessoas como viver de modo vitorioso diante de elementos 
contrários a Deus que atuam neste mundo decaído e descreve o que 
acontece quando fracassamos nisso.
Caim, por sua falta de fé, desonrou a Deus e depois matou seu 
irmão. Lameque, com orgulho jactancioso, revelou os absurdos das 
concepções humanas da vida. A mistura das sociedades dos “filhos 
de Deus” e humana mostra o resultado inevitável da desobediência 
às regras quanto às posições na vida definidas por Deus. O orgulho 
dos construtores da torre de Babel demonstra a arrogância do povo 
que procura tornar conhecido o próprio nome em vez de honrar o 
nome do Senhor.
Os modelos de fé e obediência – Abel, Enoque, Noé, Abraão 
e José – são instrutivos. O compromisso deles com a justiça e com 
a integridade de vida fala com eloqüência do que significa ser um 
cidadão do Reino, trabalhando fielmente para cumprir as elevadas 
e santas responsabilidades desse chamado.
2
Gênesis
96 •	Capítulo	2
2
Gênesis
97
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
9. Quanto a Abraão, é incerto dizer que
a) ☐ A história dos patriarcas centraliza-se e baseia-se na aliança 
ao qual Deus fez com ele
b) ☐ Foi chamado do paganismo assírio para a fé no Deus vivo
c) ☐ Deus lhe concedeu um conjunto incondicional de promessas 
– descendentes e bênção
d) ☐ Prometeu guiá-lo para Canaã, o cenário terreno para a con-
cretização das promessas divinas
10. Cumpriu um papel passivo do elo, de modo bem diferente dos 
demais patriarcas, os quais tiveram um papel ativo na realização das 
promessas de Deus
a) ☐ Abraão
b) ☐ José
c) ☐ Jacó
d) ☐ Isaque
11. A mudança de nome de Jacó para Israel, príncipe de Deus, ocorreu 
a) ☐ Durante sua fuga à Padã-Arã, para que seu irmão Esaú não 
o matasse
b) ☐ Após o Senhor ter aparecido novamente, dessa vez em forma 
de adversário humano para lutar contra ele por toda a noite
c) ☐ Em sua viagem à Betel, onde, viu o Senhor numa visão e rece-
beu ainda outra promessa de presença divina e bênção
d) ☐ No caminho de sua ida ao Egito, onde fora morar num lugar 
designado por José, seu filho 
12. A proposta de casamento de Siquém, ilustra
a) ☐ A benção do casamento
b) ☐ A benção do casamento na direção de Deus
2
Gênesis
98 •	Capítulo	2
c) ☐ A ameaça do casamento misto
d) ☐ A ameaça do casamento entre consangüíneos
13. Não agiu como modelo de fé e obediência
a) ☐ Lameque
b) ☐ Abel
c) ☐ Enoque
d) ☐ José
Marque “C” para certo e “E” para errado
14.( ) Por meio de Ismael, Deus honrou sua promessa de 
que só os hebreus chamariam Abraão de “pai”
15.( ) A sabedoria de José na administração dos negócios 
agrícolas do Egito é mais um cumprimento da pro-
messa divina: “abençoarei os que te abençoarem”
16.( ) Uma contribuição óbvia do livro de Gênesis ao mundo 
moderno é a sua explicação sobre as origens das coi-
sas que podem ser entendidas de diversas maneiras
Anotações
99
AnotaçõesAnotações
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Êxodo - Levítico
3º
Capítulo
Êxodo - Levítico
102 •	Capítulo	3
Êxodo - Levítico
103
Êxodo - Levítico
Uma fuga espetacular e uma cena 
de perseguição de arrepiar os cabelos são 
apenas duas das muitas histórias que en-
chem as páginas do livro de Êxodo. Mas 
esse livro é muito mais que uma aventura 
épica65; relata o livramento sobrenatural 
de Deus para com um povo.
Apesar da intervenção de Deus, os 
israelitas foram incapazes de permanece-
rem fiéis – mesmo diante de milagres que 
Ele realizou no meio deles. Mas, observar 
a falta de fé do povo de Israel pode servir 
de clara lição. Mesmo um povo imperfei-
to pode conhecer o Deus que o ama de 
modo perfeito.
Êxodo, cujo significado é “saída, 
partida”, foi o título que a Septuaginta, 
tradução do vocábulo grego “éksodos”, deu 
ao segundo livro da Torá (cf. Êx 19.1).
Alguns intérpretes entendem que 
as declarações contidas em Êxodo 17.14; 
24.4; 34.27 apontam Moisés como o autor 
da forma final do livro.
Outros estudiosos entendem que 
tais declarações indicam que Moisés 
escreveu só partes específicas, como o 
relato da derrota dos amalequitas (Êx 17.8-13), o “livro da aliança” 
(caps. 21-23) e as instruções em Êxodo 34.10-26. 
Os críticos mais radicais negam toda ligação de Moisés com 
o material de Êxodo. Os intérpretes que aceitam a autoria tradicio-
65 Fora do comum; incomum, extraordinário, homérico. Respeitante à epopéia (ação ou série de ações 
heróicas) e aos heróis.
O ícone abaixo indica:
Neste capítulo veremos;
•	 Êxodo - Levítico
•	 Extrutura Literária
•	 Propósito e Teologia
•	 Deus e a Libertação da Escravidão 
Egípcia
•	 Levítico
•	 A Necessidade de Mediadores Sacer-
dotais
3
Capítulo
Atenção e Foco
Êxodo - Levítico
3
104 •	Capítulo	3
nal do livro sustentam que Moisés o colocou em sua forma presente 
desde a peregrinação no Sinai (cerca de 1444 a.C.) até a conquista 
das planícies de Moabe, logo antes de sua morte (cerca de 1406 a.C.). 
Moisés foi testemunha ocular de praticamente todas as ocorrências 
do livro, exceto Êxodo 1.1-2.10.
A primeira seção, com certeza, pode ter chegado a ele por 
fontes escritas ou orais. O restante do livro traz todos os indícios66 
de ter sido composto como um diário registrado à medida que os 
vários episódios aconteciam.
O autor, portanto, designa Moisés como o editor final de uma 
coletânea de memórias. Outros intérpretes vêem o livro de Êxodo 
como produto da reflexão inspirada de muitas gerações do povo 
de Deus que trabalharam para discernir o significado do evento do 
êxodo para o culto e para a vida prática.
66 Sinal, vestígio, indicação.
Êxodo- Levítico
3
105
Por que ler esse livro?
É difícil destacar um tema que unifique todos os dados va-
riados de Êxodo.
Um grupo de estudiosos vê o encontro do Sinai, onde a nação redi-
mida encontrou Javé e concordou em firmar aliança com Ele, como 
o centro teológico. A perseguição de Israel no Egito; o nascimento 
de Moisés, seu exílio em Midiã e sua volta para o Egito como líder 
de Israel; e o próprio acontecimento grandioso do Êxodo; são fatores 
que levam ao ápice o compromisso da aliança. Assim também, tudo 
o que ocorreu depois – o estabelecimento dos métodos de adoração, 
sacerdócio e tabernáculo – brotam da aliança e permitem que ela 
possa ser colocada em prática.
Um segundo grupo de estudiosos vê a presença de Deus com Israel e 
em seu meio como o centro teológico do livro. A presença salvadora 
do Senhor com Israel resulta em livramento da escravidão egípcia 
(Êx 1-15). A presença contínua de Javé com os israelitas exige culto 
e obediência ao compromisso da aliança (Êx 16-40).
Um terceiro grupo vê o senhorio do Pai como o tema teológico cen-
tral. Em Êxodo, Deus é revelado como Senhor da história (Êx 1.1-
7.7), Senhor da natureza (Êx 7.8-18.27), Senhor de Israel, o povo da 
aliança (Êx 19.1-24.14) e Senhor do culto (Êx 25.1-40.38).
Como foi escrito?
Êxodo inclui vários tipos e gêneros literários, entre eles poesia, 
textos de aliança e material legal. Não é possível examinar aqui todo 
o livro e identificar a rica variedade de expressões literárias; portanto, 
é preciso ater-nos a poucas passagens.
Um dos grandes poemas do Antigo Testamento é o “Cântico 
do Mar” (Êx 15.1-18,21). Essa obra celebra o livramento de Israel, o 
êxodo do Egito, com a travessia do mar Vermelho (Êx 15.1a). O po-
ema mistura características de hino de louvor, cântico de coroação, 
litania67 e salmo de vitória. Essa mistura dá a entender que tenha 
múltiplos propósitos.
67 Oração formada por uma série de invocações curtas e respostas repetidas. 
Êxodo - Levítico
3
106 •	Capítulo	3
A presença de certos temas e termos característicos de mitos 
mesopotâmicos e cananeus não indica que seja um simples mito, 
nem mesmo moldado segundo os mitos.
O poema só emprega as imagens e o estilo vivo da poesia mí-
tica68 para comunicar a majestade esplêndida de Deus e seu domínio 
sobre seus inimigos. Por um lado, os paralelos entre a poesia épica 
ugarítica69 da Idade Posterior do Bronze (cerca de 1500-1200 a.C.) 
dão evidências de sua grande antigüidade e composição mosaica. 
Benefício ainda maior proveio da descoberta de que partes do livro, 
especificamente Êxodo 20.1-23.33, lembram, tanto em forma como em 
conteúdo, certos textos de alianças e códigos legais do antigo Oriente.
Estudiosos têm observado paralelos nítidos entre textos hiti-
tas antigos, textos de aliança e textos legais do Antigo Testamento. 
Uma conseqüência disso é que, pelo menos agora, muitos estudiosos 
pensam que essas passagens de Êxodo são muito mais antigas do 
que se imaginava.
De acordo com alguns estudiosos, Êxodo 20-23 segue o padrão 
de um tratado soberano-vassalo, em que um grande rei, como o rei 
hitita, iniciava um contrato com um rei derrotado ou mais fraco 
(agora um vassalo ou agente dos hititas) e firmava alguns compro-
missos da parte do rei hitita. Os textos dos tratados hititas contêm 
invariavelmente certas cláusulas70 numa ordem em geral inalterável.
O texto de aliança em Êxodo 20-23, como o tratado hititas, 
contém estipulações71 tanto gerais como específicas.
Os Dez Mandamentos (Êx 20.1-17) constituem a chamada 
seção de “estipulações gerais” do texto de aliança. Eles definem prin-
cípios fundamentais de comportamento sem referências a motivos 
ou resultados.
A segunda divisão principal, Êxodo 21.1-23.19, é descrita como 
“estipulações específicas”. Seu propósito é detalhar os princípios es-
tabelecidos dos Dez Mandamentos e tratar de problemas específicos 
enfrentados pela comunidade.
68 Relativo ou pertencente a mito.
69 Referente à antiga cidade de Ugarit (na atual Síria). A língua que era falada nessa cidade.
70 Cada um dos artigos ou disposições dum contrato, tratado, testamento, ou qualquer outro documento 
semelhante, público ou privado.
71 Ajuste, convenção, contrato. Condição de um ajuste ou contrato; cláusula.
Êxodo - Levítico
3
107
A primeira subdivisão dessa parte (Êx 21.1-22.7) consiste em 
jurisprudência72. Ali os estatutos dizem: “Se alguém... eis a penali-
dade”. A segunda subdivisão (Êx 22.18-23.19) é composta principal-
mente de absolutos morais: “Não...” ou “Se fizerdes isto e aquilo... 
não fareis isto e aquilo”.
A importante percepção teológica obtida quando se reconhece 
que Êxodo 20-23 é aliança em natureza, não só lei, depende em última 
análise da comparação com tratados antigos do Oriente.
O livro insere material legal (Êx 20-23) entre narrativas que 
prenunciam (Êx 19) e relatam o compromisso de Israel com a aliança 
(Êx 24). Essa estrutura de inserção dá a entender que as partes legais 
encontram seu devido lugar no contexto da aliança. Em outras 
palavras, Êxodo não é um tratado legal “abstrato”. Antes, é lei nascida 
na situação “concreta” da aliança de Javé firmando compromisso 
com a nação de Israel, a quem Ele livrou da escravidão egípcia.
Extrutura Literária
É árdua a tarefa de descobrir a estrutura literária de Êxodo. 
Alguns intérpretes discernem uma estrutura geográfica.
•	 Israel no Egito (Êx 1.1-13.16);
•	 Israel no deserto (Êx 13.17-18.27);
•	 Israel no Sinai (Êx 19.1-40.38).
Outros se atêm ao conteúdo para esboçar Êxodo:
•	 Livramento do Egito e jornada em direção ao Sinai (Êx 1.1-18.27);
•	 Aliança no Sinai (Êx 19.1-24.18);
•	 Instruções para o tabernáculo e para o culto (Êx 25.1-31.18);
•	 Quebra e renovação da aliança (Êx 32.1-34.35);
•	 Construção do tabernáculo (Êx 35.1-40.38).
72 Ciência do direito e das leis. Conjunto de soluções dadas às questões de direito pelos tribunais superiores. 
Interpretação reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu julgamento.
Êxodo - Levítico
3
108 •	Capítulo	3
Ainda outros intérpretes focalizam um tema teológico central. 
Por exemplo, Êxodo pode ser dividido em duas partes centradas 
no nascimento físico (Êx 1.1-15.27) e espiritual (Êx 16.1-40.38) da 
nação de Israel. O esboço a seguir toma a presença de Javé como o 
tema central de Êxodo.
•	 A presença salvadora de Deus: libertação da es-
cravidão egípcia (Êx 1.1-13.16);
•	 A presença orientadora e provedora de Deus: a 
jornada para o Sinai (Êx 13.17-18.27);
•	 A presença existente de Deus: a aliança do Sinai 
(Êx 19.1-24.18);
•	 A presença do Deus a ser adorado: regras para o 
tabernáculo e para os sacerdotes (Êx 25.1-31.18);
•	 A presença de um Deus que disciplina e perdoa 
junto a um povo desobediente (Êx 32.1-34.35);
•	 A presença permanente de Deus junto a uma co-
munidade obediente e que o adora (Êx 35.1-40.38).
Êxodo - Levítico
3
109
Propósito e Teologia
 O que se deve buscar em Êxodo?
O livro de Êxodo é a história de dois parceiros em aliança – 
Deus e Israel. Aponta, em forma de narrativa, como Israel tornou-se 
povo de Javé e estabelece os termos da aliança pela qual a nação devia 
viver como povo de Deus. Define o caráter do Deus fiel, poderoso, 
salvador e santo que estabelece uma aliança com Israel - caráter esse 
que é revelado pelo nome e também pelos atos de Deus.
•	 Nome. O mais importante dos nomes de Deus é Javé, o nome da 
aliança, Javé designa Deus como o “Eu Sou”, que está presente 
com o seu povo e age em favor dele. Outro nome importante, “o 
Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Êx 3.6,15-
16), retrata Deus como aquele que é fiel às suas promessas aos 
patriarcas.
•	 Atos. Êxodo também revela o caráter de Deus por meio de seus 
atos. Deus preservou Israel da fome, enviando José ao Egito (Êx 
1.1-7). Faraós vêm e vão (Êx 1.8); Deus, porém, permanece o 
mesmo e preserva seu povo através da opressão da escravatura 
(Êx 1.8-2.10). O Deus de Israel resgata e salva (Êx 6.6;14.30), guia 
e provê (Êx 15.13,25; 16.4,8), disciplina e perdoa (Êx 32.1-34.35).
Êxodo também define o caráter do povo de Deus. Linhas de 
ligação com Gênesis, especialmente com as narrativas acerca dos 
patriarcas, demonstram que os propósitos do Senhor para com Is-
rael repousavam nas promessas aos pais. O livro olha também para 
o futuro, para a terra da promessa, pois a terra era indispensável 
para Israel ser uma nação plena. Coloca-se, por conseguinte, como 
encruzilhada entre as promessas do passado e a culminação73 delas 
no futuro.
73 Auge, apogeu, zênite; culminação.
Êxodo - Levítico
3
110 •	Capítulo	3
O seu ápice teológico aparece em Êxodo 19.4-6, que esboça 
a verdadeira natureza de Israel e seu lugar no plano de Deus. Javé 
havia julgado os egípcios; libertado seu povo “sobre asas de águias” 
e o aproximara deles mesmo no Sinai. Ali o Senhor ofereceu a Israel 
uma aliança. Se fosse aceita e vivenciada, a aliança faria com que Israel 
fosse “propriedade peculiar”, escolhido como “reino de sacerdotes” 
e “nação santa”. O povo aceitou esses termos e jurou: “Tudo o que o 
SENHOR falou faremos” (Êx 19.8).
Para Israel, ser reino de sacerdotes implicava que o povo de 
Deus atuaria como mediador e intercessor, pois esse é o âmago da 
função sacerdotal. Israel devia preencher a lacuna entre o Deus santo 
e um mundo alienado. Em outras palavras, Israel tornar-se-ia um 
povo de servos, servos de Javé, cuja tarefa era ser um canal de recon-
ciliação. Essa missão foi pronunciada na aliança que os descendentes 
de Abraão (Israel) foram apontados como o meio pelo qual todas as 
nações da terra seriam abençoadas (Gn 12.1-3; 22.18; 26.4).
O chamado de Israel para a aliança era fundamentado, não 
em seu mérito, mas na livre escolha de Deus: “vos levei sobre asas 
de águia e vos cheguei a mim” (Êx 19.4). A aliança, portanto, não 
fez de Israel o povo de Javé. Israel era povo de Javé por descender de 
Abraão, Isaque e Jacó, os receptores das promessas de Deus. Mesmo 
o êxodo, por conseguinte, não criou o povo de Deus.
O êxodo resgatou o povo escravizado de Deus, formou com 
eles uma nação e os colocou numa posição histórica e teológica em 
que pudesse aceitar (ou rejeitar) voluntariamente a responsabilida-
de de tornar-se instrumento de Deus para abençoar todas as nações 
(cf. Sl 114.1-2).
Em outras palavras, a oferta da aliança só acarretava função. 
Não fazia de Israel povo de Deus, pois tal relacionamento fora esta-
belecido e reconhecido muito antes (cf. Êx 3.7; 4.22-23; 5.1). O que 
a aliança do Sinai realizou foi definir a tarefa do povo de Javé.
Para concluir, a teologia de Êxodo está arraigada no serviço. 
Ela está centrada na verdade que um povo escolhido, libertado da 
escravidão a um poder hostil pelo poder de Javé, foi levado a um 
ponto decisivo. Que faria com a oferta divina de torná-lo o povo de 
servos há muito prometida a Abraão? A aceitação voluntária dessa 
oferta generosa abrigou o povo às suas condições, detalhadas no livro 
da aliança (Êx 20.1-23.22) e no restante do livro de Êxodo.
Êxodo - Levítico
3
111
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
1. Êxodo, foi o título dado pela Septuaginta, cujo significado é 
a) ☐ “Passagem”
b) ☐ “Jornada”
c) ☐ “Despedida”
d) ☐ “Saída, partida”
2. De acordo com um grupo de estudiosos, são acontecimentos que 
brotam da aliança e permitem que ela possa ser colocada em prática
a) ☐ O estabelecimento dos métodos de adoração, sacerdócio e 
tabernáculo
b) ☐ O próprio acontecimento grandioso do Êxodo
c) ☐ A perseguição de Israel no Egito
d) ☐ O nascimento de Moisés, seu exílio em Midiã e sua volta para 
o Egito como líder de Israel
3. Sabendo que o livro de Êxodo possui um dos grandes poemas do 
Antigo Testamento, assinale a alternativa correta
a) ☐ O poema é conhecido como o “Cântico de Hesbom”
b) ☐ Emprega as imagens somente, para comunicar a majestade 
esplêndida de Deus e seu domínio sobre seus inimigos 
c) ☐ Essa obra celebra o livramento de Israel, o êxodo do Egito, com 
a travessia do mar Vermelho 
d) Não mistura características de hino de louvor, cântico de coroação, 
e sim, litania e salmo de vitória
4. O livro de Êxodo é a história de dois parceiros em aliança, que são
a) ☐ Moisés e Arão 
b) ☐ Deus e Israel
c) ☐ Moisés e Israel 
Êxodo - Levítico
3
112 •	Capítulo	3
d) ☐ Deus e Moisés
5. O que a aliança do Sinai realizou foi
a) ☐ Definir a tarefa do povo de Javé
b) ☐ Estabelecer um relacionamento à Israel como povo de Deus
c) ☐ Fundamentar a aliança, devido aos méritos de Israel
d) ☐ A aliança, portanto, fez de Israel o povo de Javé
Marque “C” para certo e “E” para errado
6.( ) Alguns intérpretes apontam Moisés como o autor da for-
ma final do livro, outros, como os críticos mais radicais, 
negam toda ligação de Moisés com o material de Êxodo
7.( ) Êxodo inclui vários tipos e gêneros literários, en-
tre eles poesia, textos de aliança e material legal
8.( ) Êxodo não é um tratado legal “concreto”. Antes, é 
lei nascida na situação “abstrata” da aliança de Javé 
firmando compromisso com a nação de Israel
Anotações
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AnotaçõesAnotações
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Êxodo - Levítico
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Deus e a Libertação da Escravidão Egípcia 
(Êx 1.1-13.16)
A presença de Deus em seu povo oprimido (Êx 1.1-22).
A história de Êxodo começa recordando o relato, contido em 
Gênesis, da descida de Jacó e seus filhos ao Egito e sua permanência 
ali até depois da morte de José (Gn 46-50). O elo com Gênesis lembra 
aos leitores que Deus enviou Israel ao Egito para livrá-lo da fome. 
A prosperidade e sucesso na nova terra mostram que Israel era 
beneficiário das bênçãos de Deus para a criação e para Abraão (Êx 
1.1-7). Mas, a hospitalidade egípcia não sobreviveu muito depois de 
José; dentro de uma geração ou duas antes do nascimento de Moi-
sés, transformou-se em amargura hostilidade e opressão. Israel foi 
subjugado a trabalho forçado e por fim, sujeito à matança de seus 
recém-nascidos de sexo masculino (Êx 1.8-22).
Mesmo nos anos de opressão, Deus estava com Israel, fa-
zendo-o prosperar (Êx 1.12,20). O Senhor havia revelado a Abraão 
que sua descendência sofreria opressão, mas que sua servidão seria 
suspensa por um grande ato redentor. Os egípcios seriam julgados, 
e o povo (Israel), escravizado, liberto para retornar à própria terra 
(Gn 15.13-16).
A experiência de escravidão não foi um desastre que provou a 
irrelevância de Deus; foi só uma parte do plano redentor do Senhor 
da história. Em oposição ao Senhor da história encontram-se os fara-
ós, que iam e vinham (Êx 1.8; 2.23) e tremiam de medo (Êx 1.9-10).
A presença de Deus com o jovem Moisés (Êx 2.1-22).
A presença salvadora de Deus é evidente no início da vida 
de Moisés, o agente humano no livramento divino. Os pais levitas 
de Moisés o salvaram de morte cruel, escondendo-o num cesto no 
Nilo (Êx 2.1-10).
Êxodo - Levítico
3
116 •	Capítulo	3
Resgatado pela filha de Faraó, o menino foi criado pela própria 
mãe, que o apresentou ao Deus de Israel.
Ainda que mais tarde tenha desfrutado os privilégios da corte 
real, Moisés jamais esqueceu sua herança israelita. Ao ver um com-
patriota hebreu ser maltratado, foi em seu socorro, matando assim 
o oficial egípcio (Êx 2.11-14). Esse ato impulsivo, embora heróico, 
forçou-o ao exílio em Midiã. Ali foi ajudar as filhas de Reuel (Jetro), 
sacerdote midianita. Lá se casou com Zípora, uma das filhas do pas-
tor (Êx 2.15-22).
Deus revela sua presença a Moisés (Êx 2.12-4.17).
A morte do antigo rei do Egito abriu caminho para a volta 
de Moisés a fim de conduzir seu povo à liberdade (Êx 2.23-25). 
Mas, primeiro o Deus eterno tinha de revelar-se a ele, fazendo uma 
demonstração convincente de seu poder e propósitos. Deus o fez 
no monte de Horebe(Sinai), na sarça ardente que não se consumia 
(Êx 3.1-12).
Nessa manifestação maravilhosa, o Senhor identificou-se como 
o Deus dos ancestrais74 de Israel, aquele que tinha consciência do 
sofrimento de seu povo e agora vinha para cumprir a promessa de 
livramento e terra. Mesmo conhecendo o Deus de seus pais e as 
antigas promessas da aliança, Moisés precisava saber com exatidão 
como Deus se identificaria para com seu povo. A resposta foi como 
Javé, o “Eu Sou”, que os redimiria e viveria entre eles (Êx 3.13-22).
Moisés sentiu-se despreparado para a tarefa dada por Deus. O 
ponto crucial não era o “quem sou eu?” de Moisés, mas, o “Eu serei 
contigo” de Deus (Êx 3.11-12). Moisés duvidou que o povo aceitasse 
sua liderança ou cresse em seu relato sobre a experiência da sarça 
ardente. Assim, Javé lhe deu evidência tangível de sua presença e 
bênção, transformando o cajado de Moisés numa serpente e fazendo 
sua mão ficar leprosa (Êx 4.1-9).
Ainda sem confiar no sucesso, Moisés alegou que não era elo-
qüente. Mais uma vez, diante de suas objeções, Javé prometeu fazer 
de se irmão Arão seu porta-voz. Aliás, Deus já havia enviado Arão 
ao seu encontro (Êx 4.10-17).
74 As pessoas de quem se descende; antecessores, antepassados, ascendentes, avós.
Êxodo - Levítico
3
117
A presença de Deus com Moisés no Egito (Êx 4.18-13.16).
Moisés finalmente rendeu-se a Deus e voltou ao Egito com 
esta mensagem à Faraó: “Israel é meu filho, meu primogênito [...] 
deixa ir meu filho, para que me sirva” (Êx 4.22,23).
No percurso, Javé encontrou-se com Moisés e ameaçou ma-
tá-lo porque ele, que estava para conduzir o povo circuncidado de 
Israel, falhara, deixando de circuncidar o próprio filho. Só a rápida 
intervenção de Zípora o salvou, pois ela logo circuncidou o filho em 
obediência às exigências da aliança (Êx 4.18-26).
Nos limites do deserto Moisés encontrou Arão. Juntos, entraram 
no Egito para enfrentar os anciões de Israel. Depois de Moisés relatar 
tudo o que Deus havia dito e feito, os anciões e o povo ouviram com 
fé e se curvaram diante do Senhor (Êx 4.27-31). A pergunta do Faraó: 
“quem é o SENHOR para que lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel?” (Êx 
5.2), prepara o palco para o conflito que domina a cena até Êxodo 15.
Antes de terminar o drama da redenção, Faraó “conheceria o 
SENHOR” e se submeteria à sua poderosa presença salvadora. Mas, 
Faraó intensificava os sofrimentos dos israelitas (Êx 5.1-21). E isso 
fez com que Moisés, amargurado, acusasse Javé (Êx 5.22-6.1).
O Pai renovou sua promessa de estar com Israel no livramento, 
promessa baseada de modo seguro no próprio nome da aliança, Javé 
(Êx 6.2-9). Deus ordenou que Moisés voltasse à presença de Faraó 
com a promessa de que o monarca egípcio ficaria sabendo que havia 
uma autoridade maior.
Moisés seria como o próprio Deus para com Faraó, e Arão 
seria seu profeta. Por seus atos poderosos de julgamento, Deus se 
faria conhecer aos egípcios (Êx 6.28-7.7). Várias vezes Moisés e Arão 
ordenaram a Faraó que deixasse o povo de Deus sair do Egito para 
prestarem cultos. Apesar dos sinais, maravilhas e pragas que revelaram 
a presença poderosa do Senhor, o rei do Egito não se abrandou75.
Na primeira rodada do conflito, o bordão76 de Arão tornou-se numa 
serpente que engoliu as dos magos egípcios (Êx 7.8-13).
75 Tornar brando; amolecer.
76 Pau grosso, de arrimo; cajado, báculo, bastão, vara, vara-pau.
Êxodo - Levítico
3
118 •	Capítulo	3
Seguiram-se três pragas:
•	 O Nilo foi transformado em sangue (Êx 7.14-25),
•	 A terra ficou cheia de rãs (Êx 8.1-15),
•	 E o Egito foi afligido por piolhos (Êx 8.16-19). 
Os próprios mágicos de Faraó conseguiram repetir os dois 
primeiros feitos, de modo que ele não se impressionou. Mas, o rei 
egípcio pediu que Moisés e Arão orassem: “Rogai ao SENHOR que 
tire as rãs de mim e do meu povo” (Êx 8.8). Faraó estava travando 
conhecimento com Javé, o Deus de Israel. 
A praga dos piolhos, a última da primeira rodada, excedeu 
os poderes mágicos dos magos egípcios, fazendo-os confessar: “Isto 
é o dedo de Deus” (Êx 8.19).
Na segunda rodada do conflito, a praga das moscas (Êx 8.20-32) 
demonstrou que Javé estava presente no Egito. Nessa praga, a grave 
doença do gado (Êx 9.1-7) e os tumores (Êx 9.8-12), Deus fez distinção 
entre os egípcios que sofreram o julgamento de Deus e os israelitas, 
que gozaram de sua proteção (Êx 8.23; 9.7,11).
A terceira rodada do conflito consiste igualmente em três pragas. 
Antes de enviar o granizo77 (Êx 9.13-35), o Senhor afirmou que só 
Ele é Senhor da história. Javé havia levantado Faraó com o propó-
sito expresso de demonstrar seu poder grandioso e proclamar seu 
santo nome (Êx 9.16). Aliás, alguns dos oficiais do monarca egípcio 
“temiam a palavra do SENHOR” (Êx 9.20), e Faraó confessou seu 
pecado (Êx 9.27). 
A oração de Moisés para acabar com o granizo demonstrou 
que “a terra é do SENHOR” (Êx 9.29). Faraó, porém, voltou a endu-
recer o seu coração. As pragas de gafanhotos (Êx 10.1-20) e densas 
trevas (Êx 10.21-29) seguiram-se inutilmente.
A quarta e decisiva rodada do conflito consistiu em uma única praga: 
a morte do primogênito de cada família no Egito. Por fim, Faraó 
permitiu que Israel deixasse o Egito com suas ovelhas e gados (Êx 
12.31-32).
77 Tipo de precipitação atmosférica na qual as gotas de água se congelam ao atravessar uma camada de 
ar frio, caindo sob a forma de glóbulos ou pedaços de gelo, separadamente ou aglomerados em blocos 
irregulares; saraiva, chuva de pedra.
Êxodo - Levítico
3
119
A estrutura de Êxodo 11-13 delineia a importância teológica 
permanente dessa praga final. Aqui o linguajar da narrativa relata 
eventos salvadores únicos (Êx 11.1-10; 12.29-42; 13.17-22) alterna-
se com uma fala institucional aplicável ao culto contínuo de Israel 
(Êx 12.1-28,43-13.16). 
A Celebração da Páscoa, a Consagração dos Primogênitos e 
a Festa dos Pães Asmos servem como memoriais contínuos daquilo 
que Deus fez para redimir seu povo. 
Os primogênitos de todas as famílias de Israel pertenciam ao 
Senhor porque Ele os poupou quando dizimou as famílias do Egito 
(Êx 13.11-16).
A Jornada do Sinai – Orientação e Provisão Divina 
(Êx 13.17-18.27)
Êxodo 1.1–13.16, que se concentra na presença poderosa, sal-
vadora de Deus, chega com firmeza à sua conclusão dramática – a 
morte dos primogênitos do Egito e o êxodo de Israel. 
Êxodo 13.17–18.27 focaliza igualmente a presença de Deus, 
que aqui orienta, guarda e protege.
Por meio das colunas de nuvem e fogo, o Senhor guiou Israel 
de Sucote ao deserto de Etã, logo ao oeste do mar Vermelho (ou de 
Juncos, Êxodo 13.17-22). Ali pareciam encurralados pelo mar ao 
leste, pelos desertos ao norte e ao sul e pelos exércitos egípcios que 
avançavam pelo oeste. Mais uma vez o Senhor endureceu o coração 
de Faraó, de modo que, pela sua derrota, o Egito soubesse que Javé 
é Deus (Êx 14.1-18).
Através de uma noite inteira de angústia, a presença do Senhor 
guardou Israel dos exércitos do Egito (Êx 14.19-20). Então Javé, no 
ato redentor mais maravilhoso do Antigo Testamento, abriu o mar 
para que seu povo pudesse passar com segurança, enquanto seus 
inimigos pereciam (Êx 14.21-31).
Dali em diante, por várias gerações, Israel comemorou sua 
salvação cantando cânticos triunfantes de Moisés e Miriã, hinos que 
louvaram Javé como Soberano e Salvador (Êx 15.1-21).
A jornada do mar Vermelho ao Sinai foi repleta de milagres, 
assim como: provisão de água (Êx 15.22-37), codornizes (Êx 16.1-
Êxodo - Levítico
3
120 •	Capítulo	3
20), maná (Êx 16.21-36) e novamente água (Êx 17.1-7). Tudo isso 
ocorreu apesar da insubordinação queixosa de Israel. Tribos hostis 
e selvagens do deserto também caíram diante do povo de Deus à 
medida que ele o fazia avançar, triunfante (Êx 17.8-16).
Quando pesados encargos administrativos ameaçavam sobre-
carregar Moisés, seu sogro Jetro, lhe ensinou como distribuir melhor 
a tarefa (Êx 18.1-27).
A Aliança do Sinai e a Presença Divina 
(Êx 19.1-24.18)Várias vezes no relato das pragas Moisés transmitiu a mensagem 
de Deus à Faraó: “Deixa ir o meu povo, para que me adore (ou sirva)”. 
Por fim, chegou o momento de culto possibilitado pelo êxodo e pela 
libertação.
No Sinai, Israel devia comprometer-se com Deus em aliança. 
Javé baseou seu chamado ao compromisso por aliança em seus atos 
poderosos de livramento (Êx 19.4). Só por meio da obediência à 
aliança de Deus, Israel podia cumprir sua função como “reino de 
sacerdotes e nação santa” (Êx 19.5-6).
O povo foi unânime em concordar com suas condições, de 
modo que Moisés preparou-se para subir o monte Sinai a fim de 
celebrar solenemente o acordo (Êx 19.7-15). Quando estava ele para 
subir, Javé desceu, visitando o monte com relâmpagos e trovões de 
sua presença gloriosa. Moisés alertou o povo a respeitar a presença 
santa (e potencialmente perigosa) de Deus no monte (Êx 19.16-25).
Conforme já apontado, a aliança sinaítica (ou mosaica) está 
em forma textual de tratado soberano–vassalo bem comum no an-
tigo Oriente Próximo.
O tratado estabelecia a relação entre o rei (Deus) e seus servos 
(Israel). Seu primeiro trecho é um preâmbulo78 que apresenta aquele 
que estabelece a aliança, o próprio Deus (Êx 20.2a).
Em seguida, um prólogo histórico esboça o já decorrido rela-
cionamento das partes e justifica a presente aliança (Êx 20.2b). Se-
gue-se então a divisão conhecida como as estipulações gerais, nesse 
78 Preliminar.
Êxodo - Levítico
3
121
caso, o Decálogo ou Dez Mandamentos (Êx 20.3-17).
Após um breve interlúdio narrativo (Êx 20.18-22), o livro da 
aliança (Êx 20.23-23.33) fornece as estipulações específicas do tratado.
As partes contratantes com freqüência selavam o acordo com 
votos e com uma cerimônia que incluía uma refeição de confraterni-
zação. A aliança sinaítica também teve seu sacrifício, selando o voto 
com sangue (Êx 24.1-8) e com uma refeição de aliança (Êx 24.9-11).
A aliança ou os textos do pacto também tinha de ser prepara-
dos em duplicata e preservados em lugar seguro para leitura regular, 
periódica. Assim, Moisés desceu da montanha com as tábuas de pedra 
que deviam ser guardadas na arca da aliança (Êx 24.12-18; 25.16).
A Presença de Deus: Regras do Tabernáculo e 
Sacerdotes (Êx 25.1-31.18)
Uma vez que Javé e seu povo Israel concluíram a aliança, era 
preciso tomar providências para que o grande Rei vivesse e reinasse 
entre eles. Assim, seguem-se instruções detalhadas para a construção 
do tabernáculo (ou tenda de culto) com seus acessórios (Êx 25.1-
27.21; 30.1-31.18) e para as vestes e consagração dos sacerdotes (Êx 
28.1-29.46).
Os sacerdotes atuavam como mediadores da aliança. Ofere-
ciam sacrifícios em favor da nação e outras formas de tributos para 
o grande Deus e Rei.
A Presença de Deus: Disciplina e Perdão 
(Êx 32.1-34.35)
A comunhão da aliança entrou quase de imediato num perí-
odo difícil. Antes mesmo de Moisés descer do monte com as tábuas 
de pedra e com outros textos da aliança, o povo, com apoio de Arão, 
violou os termos da aliança, fundindo um ídolo de ouro e curvan-
do-se diante dele. 
Esse ato de apostasia provocou o julgamento de Deus até uma 
ameaça de aniquilação (Êx 32.1-29). Só a intercessão de Moisés evi-
tou a anulação da aliança com a comunidade maior (Êx 32.30-35). 
Êxodo - Levítico
3
122 •	Capítulo	3
O Senhor atentou para o clamor de Moisés e não destruiu comple-
tamente, de imediato, os idólatras (Êx 32.33-34).
Deus renovou sua promessa de levar o povo à terra da promes-
sa. Javé, porém, declarou que não podia seguir com Israel, a menos 
que destruísse o povo obstinado e rebelde (Êx 33.1-6).
Duas narrativas que destacam a intimidade de Deus com Moi-
sés (Êx 33.7-11,18-23) só salientam ainda mais a separação entre o 
Santo e Israel. O povo de Deus jamais conseguiria chegar à terra da 
promessa sem a presença de Deus.
Por duas vezes Moisés intercedeu perante Deus em favor do Israel 
rebelde (Êx 33.15-17; 34.9). Javé por duas vezes revelou-se a Moisés como 
um Deus de misericórdia e compaixão (Êx 33.19; 34.6-7). A misericór-
dia e compaixão de Deus – não a fidelidade de Israel - formavam a 
base para a renovação da aliança violada (Êx 34.1-28). 
Ao descer do monte com as tábuas da aliança, Moisés apareceu 
diante do povo com a face brilhante pelo reflexo da glória de Deus 
(Êx 34.29-35).
A Presença de Deus: Obediência e Adoração 
(Êx 35.1-40.38)
Êxodo encerra-se com a resposta de Israel à oferta divina de 
perdão. Logo se iniciou o trabalho de construção do tabernáculo 
(Êx 35.1-40.33).
Quando por fim completado, totalmente de acordo com a ins-
trução explícita do Senhor e pela sabedoria de seu Espírito, a estrutura 
foi preenchida com a glória impressionante de Deus (Êx 40.34-38). 
Por meio da nuvem e do fogo, Deus revelava sua presença 
entre o povo de Israel, quer o tabernáculo estivesse parado, quer em 
trânsito rumo à sua morada terrena definitiva em Canaã.
Êxodo - Levítico
3
123
A Mensagem para Hoje
Como aplicar?
O livramento do êxodo está para o Antigo Testamento assim 
como a morte e ressurreição de Cristo estão para o Novo Testamen-
to – o ato central, definitivo, pelo qual Deus intervém para salvar 
seu povo.
O Antigo Testamento ilustra como os atos redentores de Deus 
exigem uma resposta do seu povo. A proclamação dos atos salvado-
res de Deus no êxodo era a função principal do culto de Israel (cf. Sl 
78.11-55; 105.23-45; 106.7-33; 136.10-16).
O culto cristão centraliza-se no ato salvador de Deus em Cristo 
(cf. os hinos em Filipenses 2.6-11 e Apocalipse 5.12). A intervenção 
salvadora de Deus no êxodo formou a base tanto do chamado pro-
fético à obediência (Os 13.4) como do anúncio de julgamento contra 
os que violassem a aliança (Am 3.1-2; Os 11.1-5; Jr 2.5-9). Hoje, o 
ato salvador de Deus em Cristo forma a base para o chamado à vida 
cristã (Rm 6.1-14). Os atos salvadores de Deus no passado deram a 
Israel a esperança de que Ele interviria para os salvar no futuro (Is 
11.16; Mq 7.15). Assim também, o ato salvador de Deus em Cristo 
é a base para a esperança cristã (Rm 8.28-39).
O livramento no êxodo, a aliança sinaítica, a experiência do 
deserto e a promessa de uma terra fornecem modelos da vida cris-
tã. Aquele que crê, tendo já sido incondicionalmente adotado pela 
família de Deus, empreende o próprio “êxodo”, deixando de ser 
escravo do pecado e do mal para servir sob a nova aliança. Os cris-
tãos vivem suas peregrinações no deserto do sistema deste mundo 
como que correndo rumo à terra eterna da promessa ainda por vir 
e desfrutando dela.
Êxodo - Levítico
3
124 •	Capítulo	3
O Valor Ético
 Qual é a principal lição de Êxodo?
Deus salvou seu antigo povo de Israel e fez aliança com ele, 
exigindo dele um estilo de vida coerente com esse chamado santo. 
Ele exige de todos os que se consideram seu povo essa mesma adesão 
a seus padrões imutáveis.
Os Dez Mandamentos são algumas expressões do próprio 
caráter de um Deus santo, fiel, glorioso e salvador.
Mesmo os “estatutos” e “julgamentos” voltados para o Israel do 
Antigo Testamento exemplificam padrões de santidade e integridade, 
sendo partes indispensáveis do que Deus espera de seu povo de todas 
as épocas. Pode-se também aprender muito acerca de vida prática 
e dos relacionamentos pelo exame cuidadoso das seções narrativas.
É inevitável que se fique impressionado com a fé dos pais pie-
dosos que, diante de perseguição e perigo, entregaram seu filho nas 
mãos de Javé e esperaram para ver como ele o protegeria. Desde o 
nascimento, Moisés desfrutou os benefícios de um ambiente espiri-
tual saudável em casa.
É evidente que o próprio Moisés inspira os leitores a uma vida 
de dependência e ainda a uma determinação obstinada. Apesar da 
lentidão para atender ao chamado do Senhor no deserto, ele pros-
seguiu em fé, desafiando as estruturas políticas e militares da maior 
nação da terra. Pelo poder de seu Deus, Moisés superou o insuperável 
e testemunhou inúmeras intervenções miraculosas.
Seriapossível citar muitos outros exemplos, mas esses são 
suficientes para mostrar que Êxodo é eterno em sua importância 
moral e ética, bem como teológica.
Êxodo - Levítico
3
125
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
9. Moisés casou-se com uma das filhas de Reuel (Jetro), por nome de
a) ☐ Mirian
b) ☐ Zípora
c) ☐ Débora
d) ☐ Zenaide
10. Primeira praga a exceder os poderes mágicos dos magos egípcios, 
fazendo-os confessar: “Isto é o dedo de Deus”
a) ☐ A praga dos piolhos
b) ☐ A praga das moscas
c) ☐ As pragas de gafanhotos
d) ☐ A praga de granizo
11. Não faz parte das festas que servem como memoriais contínuos 
daquilo que Deus fez para redimir seu povo
a) ☐ A Celebração da Páscoa
b) ☐ A Consagração dos Primogênitos
c) ☐ A Festa dos Pães Asmos
d) ☐ A Festa dos Tabernáculos
12. O Senhor guiou Israel de Sucote ao deserto de Etã, logo ao oeste 
do mar Vermelho, por meio
a) ☐ De visões e profecias
b) ☐ Das colunas de nuvem e fogo
c) ☐ Das estrelas
d) ☐ Do sol e da lua
Êxodo - Levítico
3
126 •	Capítulo	3
13. Sabendo que, a jornada do mar Vermelho ao Sinai foi repleta de 
milagres, portanto, aponte a alternativa que não corresponde com 
os milagres acontecidos ali
a) ☐ Provisão de água
b) ☐ Provisão de codornizes
c) ☐ Provisão de maná
d) ☐ Provisão de leite e mel
Marque “C” para certo e “E” para errado
14.( ) O ato do povo, com apoio de Arão em vio-
lar os termos da aliança, fundindo um ídolo de 
ouro e curvar-se diante dele, provocou o julga-
mento de Deus e uma ameaça de aniquilação
15.( ) O livramento no êxodo, a aliança sinaítica, a ex-
periência do deserto e a promessa de uma ter-
ra fornecem modelos da vida cristã
16.( ) Afirmar que o livramento do êxodo está para o 
Antigo Testamento assim como a morte e res-
surreição de Cristo estão para o Novo Testa-
mento é fazer uma comparação incerta
Anotações
127
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anotações
Anotações128
Êxodo - Levítico
3
129
Levítico
O nome Levítico vem da antiga tradução grega, a Septuaginta, 
que intitulou a composição Leueitikon, ou seja, (O Livro dos) Levitas. 
Os levitas, porém, não são as personagens principais do livro. O título 
destaca mais a utilidade do livro para os levitas em seu ministério 
como líderes do culto e mestres da moral.
O último versículo de Levítico localiza o livro em seu contexto 
nas Escrituras: “São os mandamentos que o SENHOR ordenou a 
Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai” (Lv 27.34).
Uma tradução ampliada ilumina melhor o contexto: “Estes são 
os mandamentos [obrigações prescritas pela aliança] que o SENHOR 
[Javé, o Deus da aliança] deu a Moisés [o mediador da aliança] no 
monte Sinai [o local da aliança] para Israel [o povo da aliança]”.
Em primeiro lugar, não se pode compreender Levítico à 
parte do propósito de Deus para seu povo da aliança. No relato do 
embate79 entre Moisés e Faraó em Êxodo 4-12, Deus exigiu várias 
vezes que Israel tivesse liberdade para cultuá-lo (Êx 4.23; 7.16; 8.1; 
9.1; 10.3; 12.31).
Num sentido real, o livramento do êxodo estava incompleto 
até Israel começar a cultuar a Deus no Sinai (Êx 3.12), cumprindo 
assim o alvo de Deus para o êxodo.
Israel foi libertado da escravidão egípcia e conduzido a uma 
nova relação de aliança com Deus exatamente para que tivesse li-
berdade de culto.
Em segundo lugar, não se pode compreender Levítico à parte 
do desejo divino de estar com o povo de sua aliança. Mas, já que o 
Deus Santo não pode tolerar o pecado, a experiência idólatra de Is-
rael com o bezerro de ouro (Êx 32) levou Deus a um dilema80. Por 
duas vezes Ele alertou os israelitas: “És povo de dura cerviz81; se por 
um momento eu subir no meio de ti, te consumirei” (Êx 33.5; veja 
79 Choque impetuoso; encontro violento; colisão. Oposição, resistência.
80 Situação embaraçosa com duas saídas difíceis ou penosas.
81 Submeter-se à autoridade, à escravidão.
Êxodo - Levítico
3
130 •	Capítulo	3
também Êx 33.3).
Como um Deus santo poderia permanecer com um povo de-
sobediente e rebelde? Êxodo 34-40 e o livro de Levítico respondem 
a essa pergunta.
Tema
Por que ler esse livro?
O propósito geral do livro de Levítico era comunicar a mara-
vilhosa santidade do Deus de Israel e delinear os meios pelos quais 
o povo poderia ter acesso a Ele.
Isso está em harmonia com o grande tema central da aliança 
no Pentateuco, tema que descreve a relação entre o Senhor e Israel 
como a de um grande Rei e um povo vassalo (servo).
Assim como os servos tinham de seguir o devido protocolo 
para se aproximar do rei, Israel precisava reconhecer a própria in-
dignidade para entrar nos preceitos sagrados da morada de Deus.
O abismo entre o povo e seu Deus só podia ser vencido pela 
confissão da indignidade e por uma profunda submissão aos ritos e 
cerimônias prescritos82 por Deus como pré-requisitos para comunhão.
82 Explicitamente ordenado ou estabelecido. Que prescreveu.
Êxodo - Levítico
3
131
Formas Literárias
Como foi escrito?
Com exceção de poucas passagens narrativas (Lv 8-10) e uma 
seção de bênção e maldição (Lv 26), Levítico consiste em material 
legal, particularmente de natureza cultural (cerimonial). A maior 
parte desse material é altamente estruturada em forma quase poética 
(Levítico 1-7 e, em menor grau, Levítico 11-15).
A parte final de Levítico (cap. 17-26) é uma coleção vaga de 
material legal conhecida como “código de santidade”, termo adequado 
que expressa a noção predominante de santidade ali contida. A 
forma legal da maior parte de Levítico (prescrições e estatutos) dá 
a entender que ele pertence a um texto de aliança. De fato, ele trata 
das exigências da aliança que regulam os meios pelos quais a nação 
e os indivíduos israelitas poderiam estabelecer e manter o devido 
relacionamento com o Senhor Deus. Nesse sentido, Levítico, como 
boa parte de Êxodo, é um corpo de estipulações da aliança com o 
propósito de fechar o abismo entre a santidade de Deus e o pecado 
da humanidade.
Êxodo - Levítico
3
132 •	Capítulo	3
Propósito e Teologia
O que se deve buscar em Levítico?
Israel era uma “nação santa”, ou seja, uma nação separada para 
ser povo especial de Deus. Portanto, Israel foi chamado para cumprir 
uma missão especial para Deus sobre a terra, por causa de seu ato 
salvador (cf. Lv 22.32-33): “Eu sou o SENHOR, que vos santifico, que 
vos tirei da terra do Egito, para ser o vosso Deus”. Tendo aceitado esse 
encargo da aliança, Israel tornou-se vassalo de Deus, o mediador de 
sua graça salvadora para todas as nações da terra. Mas a incapacidade 
de Israel para viver de acordo com os requisitos da aliança de Deus 
ameaçava sua condição como “nação santa”.
Para ser uma nação santa, Israel precisava de um meio pelo qual 
essa santidade – ou separação – pudesse ser mantida. Precisava de 
um conjunto de orientações que estipulassem cada aspecto daquele 
relacionamento entre a nação e seu Deus.
O povo de Deus tinha de aprender a relação entre a santidade 
como posição e a santidade como condição. Como posição, santida-
de significa separação de uma pessoa, objeto ou instituição para uso 
de um deus. Isso não implica necessariamente nenhum corolário83 
ético ou moral; os vizinhos pagãos de Israel separavam prostitutas 
“sagradas” para o culto de seus deuses.
Israel separou um lugar sagrado (o tabernáculo), rituais (os 
sacrifícios), pessoas (os sacerdotes) e dias (o sábado, as festas, o ano 
sabático e de jubileu), consagrando-os. Tudo o que não foi designado 
santo é comum ou profano. 
Como condição, a santidade passa a englobar pureza moral e 
retidão. A própria santidade de Deus implica não só sua distância e 
singularidade, mas também sua perfeição moral. As pessoas e coisas 
que Ele santifica e declara santas devem também manifestar retidão 
83 Proposição que imediatamente se deduz de outra demonstrada. Decorrência, dedução, conseqüência, 
resultado, consectário.
Êxodo - Levítico
3
133
moral. O código de santidade de Levítico 16-25 destaca a santidade 
como uma condição moral.
Levítico esboça como Israel podia prestar a devida homenagem 
a Deus para cultivar e manter a relação criada pelo compromisso 
mútuo com a aliança. Uma vez que Israel não conseguia viver de 
acordo com os compromissos da aliança, não podia aproximar-se 
do Deus santo.
Só Deus podia proporcionar um sistema que purificasse o 
povo pecador e seu lugar de culto, de modo que tivesse condições 
de aparecer diante do Santo e servi-Lo.
Esses sacrifícios tornavam justa a pessoa que, pela fé, aceitasse 
os benefícios expiatórios dos sacrifícios.
Deus também proveu um sistema de ofertas para as pessoas 
expressarem o devido entendimento dos benefícios de sua graça 
e manifestarem gratidão por eles. O povo santo também tinha de 
aprender sobre as linhas rígidas que separam o santo do profano84 
e ser continuamente lembrado delas por meio da visão de exemplos 
dessas diferenças na vida diária.
Algo era santo ou não, conforme o Deus soberano o declarasse, 
de acordo com os critérios inescrutáveis85 dele mesmo e a santidade 
inerente86 a Ele. Em sua soberania, Deus fez uma lista de animais 
impuros, separando-os dos puros. Ele considerou impuras certas 
doenças, certos fungos e outros fenômenos. Aqueles que entrassem 
em contato com o impuro tornavam-se também impuros. Mesmo as 
secreções do corpo eram impuras, e o surgimento delas era suficiente 
para rotular de impuro o indivíduo assim afetado.
A aparente natureza arbitrária das categorias de pureza e im-
pureza deixa claro que a santidade é, em essência, uma questão 
de discernimento divino. Javé fez essas distinções com propósitos 
educativos.
Israel como povo separado de todos os outros povos precisava 
aprender, por meio de exemplos cotidianos e comuns, que Deus lan-
ça um julgamento soberano sobre todas as coisas. O povo precisava 
aprender que Ele reserva apenas para si o julgamento que determina 
se uma pessoa, objeto ou condição conforma-secom sua definição de 
84 Contrário ao respeito devido a coisas sagradas.
85 Não escrutável; insondável, impenetrável.
86 Que está por natureza inseparavelmente ligado a alguma coisa ou pessoa.
Êxodo - Levítico
3
134 •	Capítulo	3
santidade. Só assim Israel compreenderia o significado da santidade 
de si mesmo e como essa santidade era essencial para que pudesse 
realizar os propósitos para os quais fora eleito e redimido.
Se Israel fora chamado para ser santo, era ainda mais necessário 
que os sacerdotes, que em certo sentido eram os “mediadores dos 
mediadores”, fossem santos diante de Deus.
A nação com seus indivíduos tinham acesso ao Senhor, mas 
de modo limitado. O acesso perfeito só era atingido por meio de sa-
cerdotes. Evidentemente, os sacerdotes precisavam atingir padrões 
incomuns de santidade. Assim, Levítico também trata da questão da 
consagração e instrução dos sacerdotes.
Por fim, Deus ordenou não só princípios de acesso pelos quais 
seu povo-servo achega-se a Ele, mas também designou períodos e 
lugares especiais. Assim, Levítico, como Êxodo, instrui a comunidade 
da aliança a encontrar Deus como uma comunidade, no tabernáculo, 
o santuário central a que envolve com sua glória, como sinal visível 
de sua habitação no meio dela.
Não era permitido aproximar-se de Deus ao acaso ou por ca-
pricho. Nenhum rei mantém audiência à vontade do súdito. Antes, 
o rei estabelece períodos regulares de reunião com seu povo, quando 
recebe o tributo deles e trata de seus interesses.
Do mesmo modo, o Senhor revelou um calendário de rituais, 
um programa de acordo com o qual a comunidade como tal podia 
(e devia) aparecer diante Dele para louvá-Lo e buscar sua face.
Os sábados, as luas novas e dias de festa foram, portanto, 
separados para o encontro regular da nação-serva com seu Deus 
soberano. Tempos e lugares não eram irrelevantes87, conforme es-
clarece Levítico.
Num contexto de aliança, eles atestavam o governo do Senhor 
entre seu povo e a necessidade de se achegarem onde e quando Ele 
lhes havia decretado.
87 De pouca ou nenhuma importância; irrisório.
Êxodo - Levítico
3
135
A Necessidade de Sacrifício (Lv 1-7)
A primeira divisão principal de Levítico (cap. 1-7) trata da na-
tureza, do propósito e do ritual do sacrifício. A declaração concisa88 
que conclui essa divisão (Lv 7.37-38) situa todo o sistema sacrificial 
no contexto da aliança de Deus com Israel no monte Sinai.
Deus libertou Israel da escravidão egípcia, para que fosse livre 
para cultuar. Levítico 1-7 instruía Israel sobre como cultuar devida-
mente. Deus deseja comunhão com seu povo.
A rebelião dos israelitas, porém, transformou a relação contínua 
num problema para um Deus santo. Levítico 1-7 apresenta aqueles 
sacrifícios que possibilitavam uma comunhão renovada entre Deus 
e o seu povo (Veja “Propósito e teologia”).
Como expressão de tributo e devoção ao Senhor, o sacrifício 
precisava ser oferecido com coração sincero, mas também de acordo 
com prescrições claramente distintas e bem compreendidas. Diferentes 
tipos de ofertas prestavam-se a uma variedade de propósitos. Assim, 
era necessário um manual elaborado de procedimentos para mostrar 
ao povo de Deus como se achegar de modo adequado ao Senhor Deus.
Os holocaustos (Lv 1.1-17).
O holocausto podia consistir em gado (Lv 1.3) ou gado miú-
do (Lv 1.10), ou mesmo uma ave (Lv 1.14). “Oferta queimada” (hb. 
Olah) dá a entender que a vítima era totalmente consumida sobre o 
altar; ou seja, tudo era dado para o Senhor e nada restava, fosse para 
o ofertante, fosse para o sacerdote (Lv 1.4).
Ao colocar a mão na cabeça do animal, o ofertante estava reco-
nhecendo a função substitutiva da vítima, onde esta, de fato, pagava 
o preço do pecado do ofertante.
Seja boi, cordeiro ou pombo; o sacrifício do animal tornava-
se “aroma agradável” (Lv 1.9,13,17) diante de Deus, um meio de 
completar uma relação harmoniosa entre uma pessoa e Ele.
88 Sucinto, resumido. Breve, lacônico. Preciso, exato.
Êxodo - Levítico
3
136 •	Capítulo	3
Ofertas de manjares (Lv 2.1-16).
A oferta de manjares parece ter sempre seguido o holocausto 
(Nm 28.1-8), consistindo em farinha e azeite (Lv 2.1-2). Embora 
também oferecesse um “aroma agradável” (Lv 2.2,9,12), não era 
totalmente consumida pelo fogo, mas partilhada com os sacerdotes 
(Lv 2.3). Assim, seu propósito não era tanto obter expiação.
Mas como dão a entender, seu nome (minhah, ou seja, dádiva, 
tributo) e o uso do sal (Lv 2.13), atestava a relação de aliança esta-
belecida pela expiação. Ou seja, a oferta de manjares era um tributo 
de colheita pago ao Senhor soberano.
Ofertas pacíficas (Lv 3.1-17).
A oferta pacífica podia ser de gado (Lv 3.1), cordeiro (Lv 3.7) 
ou cabra (Lv 3.12). O propósito não era, como na oferta de manjares, 
efetuarem expiação, mas, celebrar a aliança. Ela produzia um aroma 
agradável (Lv 3.5,16), atestando o prazer de Deus no ofertante.
Tanto assim, a oferta pacífica era de fato considerada uma 
refeição comum em que o Senhor, o ofertante e os sacerdotes 
“sentavam-se” para comer suas respectivas partes (Lv 3.5-11,16; 
veja também Levítico 7.15-18,28-34).
Ofertas pelo pecado (Lv 4.1-5.13).
A paz ou comunhão entre um ser humano e Deus não podia 
ser alcançada enquanto o pecado formasse uma barreira entre eles, 
assim era preciso encontrar meios para sanar89 o problema.
O pecado podia ser involuntário ou consciente. Os rituais de 
Levítico proporcionavam expiação só por pecados involuntários (Lv 
4.2,13 22,27). A pessoa que pecasse por opção (“pecar atrevidamen-
te”; ARA; hebraico “pecar com a mão elevada”) seria eliminada para 
sempre do povo de Deus (Nm 15.30; cf. 19.13).
89 Tornar são; curar, sarar.
Êxodo - Levítico
3
137
A remoção de pecados não intencionais exigia sacrifícios es-
pecíficos (Lv 4.1-5.13). Entre eles estavam o gado e o cordeiro (aqui, 
uma fêmea, Lv 4.32), mas também o bode, a cabra, a rola, a pomba 
ou mesmo a farinha.
A natureza da oferta dependia da condição do ofertante. Assim, 
o pecado do sacerdote exigia um novilho (Lv 4.1-12), cujo sangue era 
espargido no lugar santo do tabernáculo (Lv 4.6-7). A purificação da 
congregação como um todo também exigia um novilho, cujo sangue 
era aplicado pelo sacerdote da maneira acima descrita (Lv 4.13-21). 
O pecado inadvertido de um príncipe era expiado pelo sacrifício de 
um bode, sendo o sangue aplicado no grande altar (Lv 4.22-26). Uma 
pessoa comum apresentava uma cabra ou cordeira, ou mesmo, sendo 
pobre, duas rolas ou apenas um punhado de farinha (Lv 4.27-5.13).
Se tudo isso fosse feito segundo o ritual e o intento correto, o 
pecado seria perdoado (Lv 4.26,31,35; 5.6,10,13).
A oferta pela transgressão (Lv 5.14-6.7).
A expiação de pecados por ignorância (Lv 4.1-35) ou pecados 
por omissão (Lv 5.1-13) devia ser seguida pela devida compensação 
à pessoa prejudicada (Lv 5.14-19).
A oferta pela transgressão era sempre um carneiro sem defeito 
(Lv 5.15). Se o ofertante houvesse retido algo do santuário, talvez 
uma oferta prometida, era preciso acrescentar uma pena de 20% à 
oferta (Lv 5.16).
Se o pecado causasse a perda ou destruição de propriedade 
alheia, a parte culpada precisava oferecer um cordeiro perfeito e, de 
novo, fazer restituição de 120% (Lv 6.1-7).
Esperava-se reparação; pois, embora o perdão venha pela graça, 
o pecado sempre produz conseqüências danosas, especialmente em 
forma de perda para outros seres humanos.
Sacerdotes e ofertas (Lv 6.8-7.38).
Levítico 6.8–7.36 é um breve “manual para sacerdotes” para 
instruir esses líderes do culto acerca dos rituais adequados para sa-
crifícios e ofertas. A ordem de seu conteúdo conforma-se em grande 
Êxodo - Levítico
3
138 •	Capítulo	3
parte com a dos sacrifícios já delineada.
A lei do holocausto (Lv 6.8-13) exigia que o fogo do altar fosse 
mantido aceso dia e noite. O fogo contínuo simbolizava a necessidade 
contínua de sacrifícios para expiar os pecados do povo.
A lei das ofertas de grãos (Lv 6.14-23) e das ofertas pelope-
cado (Lv 6.24-30) repete a instrução anterior (caps. 2 e 4), mas da 
perspectiva dos sacerdotes.
As atribuições sacerdotais na oferta pelo pecado (Lv 7.1-10) e 
ofertas pacíficas (Lv 7.11-36) especificam de modo bem detalhado 
a porção do sacrifício que caberia aos sacerdotes. Levítico 7.37-38 
resume todo o sistema de sacrifícios e o situa no contexto da aliança 
mosaica no monte Sinai. (Veja a introdução).
Êxodo - Levítico
3
139
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
1. A parte final de Levítico (cap. 17-26) é uma coleção vaga de ma-
terial legal conhecida como
a) ☐ “Código de honestidade”
b) ☐ “Código de moralidade”
c) ☐ “Código de santidade”
d) ☐ “Código de lealdade”
2. O povo de Deus tinha de aprender a relação entre a santidade como 
posição e a santidade como condição. Como condição, santidade
a) ☐ Passa a englobar pureza moral e retidão
b) ☐ É a qualidade ou estado de santo
c) ☐ É aquele que tem bom coração, bondoso em extremo
d) ☐ Significa separação de uma pessoa, objeto ou instituição para 
uso de um deus
3. A primeira divisão principal de Levítico (cap. 1-7) trata da natu-
reza, do propósito e do
a) ☐ Ritual da oferta
b) ☐ Ritual do sacrifício
c) ☐ Ritual do sumo sacerdote
d) ☐ Ritual da Páscoa
4. A oferta pacífica podia ser de gado, cordeiro ou cabra. Portanto 
seu propósito era
a) ☐ Remover os pecados não intencionais
b) ☐ Pagar tributo de colheita ao Senhor
c) ☐ Efetuar expiação por pecados involuntários
d) ☐ Celebrar a aliança
Êxodo - Levítico
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140 •	Capítulo	3
5. A lei do holocausto (Lv 6.8-13) exigia que o fogo do altar fosse 
mantido aceso
a) ☐ Dia e noite
b) ☐ Durante a noite inteira, até ao raiar do sol
c) ☐ Somente durante o dia
d) ☐ De manhã e à tarde
Marque “C” para certo e “E” para errado
6.( ) O propósito geral do livro de Levítico era comunicar 
a maravilhosa santidade do Deus de Israel e delinear 
os meios pelos quais o povo poderia ter acesso a Ele
7.( ) O pecado podia ser involuntário ou conscien-
te. Os rituais de Levítico proporcionavam expia-
ção por pecados involuntários e voluntários
8. ( ) A pessoa que pecasse por opção (“pecar atrevidamen-
te”; ARA; hebraico “pecar com a mão elevada”) teria 
que levar ao sacerdote uma oferta pela transgressão
Anotações
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Anotações142
Êxodo - Levítico
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143
A Necessidade de Mediadores Sacerdotais 
(Lv 8-10)
A função de Moisés como mediador em favor de Israel rebelde 
(Êx 32.30-32; 33.12-17; 34.8-9) destaca a necessidade de mediadores 
constituídos por Deus para continuar seu ministério de intercessão 
ao longo da história de Israel. Êxodo 28-29 especifica que esses me-
diadores serão os sacerdotes.
A segunda parte principal de Levítico, caps 8-10, descreve o 
estabelecimento do sacerdócio em resposta a essa necessidade.
A consagração de sacerdotes (Lv 8.1-36).
Moisés convocou toda a congregação para que se reunisse diante 
do tabernáculo onde testemunharia a consagração de Arão e seus 
filhos ao sacerdócio (Lv 8.1-5). A ornamentação deles pelas vestes e 
outros acessórios lhes fornecia identidade e falava simbolicamente 
do significado e da função de seu ofício (Lv 9.6-9; veja Êx 28). Eles 
foram então ungidos (Lv 8.10-13). E em favor deles Moisés ofereceu 
um sacrifício pelo pecado (Lv 8.14-17), uma oferta queimada (Lv 
8.18-21), e uma oferta de consagração que simboliza a dedicação de 
Arão e seus filhos ao ministério sacerdotal (Lv 8.22-30). Então, como 
em todos os sacrifícios pacíficos, eles comeram o carneiro da consa-
gração durante um período de sete dias de purificação (Lv 8.31-36).
A função dos sacerdotes (Lv 9.1-24)
Depois de devidamente separados, Arão e seus filhos podiam 
oferecer sacrifícios, e assim fizeram assunto que ocupa Levítico 9. O 
propósito desses primeiros sacrifícios era colocar em vigor a unidade 
entre Deus e seu povo (Lv 9.1-7). A grande variedade de ofertas, pelo 
povo e pelos sacerdotes, atesta a importância desse dia específico. 
O dia devia marcar a manifestação do Senhor entre eles (Lv 9.4,24), 
Êxodo - Levítico
3
144 •	Capítulo	3
manifestação que exigia deles total dedicação e pureza (Lv 9.8-24).
O fracasso dos sacerdotes (Lv 10.1-20).
O ritual da função e dos sacrifícios sacerdotais deve ser 
executado exatamente de acordo com a prescrição divina, e isso se 
destaca em Levítico 10. Uma falha nessa questão implicava severíssimo 
julgamento.
Dois dos filhos de Arão, Nadabe e Abiú, ofereceram “fogo 
estranho” diante do Senhor no altar do incenso (Lv 10.1). O “fogo 
estranho” talvez fosse o fogo como o usado num culto estrangeiro. O 
que fica claro é que a violação da exigência divina de ser glorificado 
(Lv 10.3) provocou sua rápida vingança.
Arão e seus dois filhos sobreviventes tiveram de permanecer 
no tabernáculo para completar as ofertas descritas no capítulo 9.
O fato de eles deixarem de comer aquelas partes dos animais 
que lhes cabiam desagradou a Moisés (Lv 10.16).
Ao ouvir a explicação de Arão – de que temia ofender ainda 
mais ao Senhor (Lv 10.19) –, Moisés compreendeu e ficou satisfeito.
Puro e o Impuro – A Separação (Lv 11-15)
Deus chamou Israel para ser um povo separado para o serviço 
(Êx 19.5-6). Israel era, porém, constantemente tentado a se conformar 
aos padrões de sua vizinhança no Egito e em Canaã (Lv 18.3).
As leis de pureza e impureza testemunham a “separação” de 
Israel e lembram ao povo de Deus que não pode haver condescen-
dência90 em seus padrões.
O Senhor havia diretamente encarregado Arão a fazer distin-
ção entre o santo e o profano91 (Lv 10.10). Levítico 11-15 fornece 
exemplos.
90 Que condescende, transige; transigente.
91 Contrário ao respeito devido a coisas sagradas.
Êxodo - Levítico
3
145
Animais puros e impuros (Lv 11.1-47).
O primeiro desses exemplos era na área da vida animal, pois 
nem todos eram adequados ao consumo humano. Ainda que prin-
cípios de higiene possam estar indiretamente implicados92, a lição 
principal a se aprender era que, por Deus ser santo, seu povo devia 
ser também santo (Lv 11.44,47).
A santidade ou separação do povo devia ser ilustrada por há-
bitos alimentares distintos.
A impureza após o parto (Lv 12.1-8).
O segundo exemplo da distinção entre pureza e impureza ritual 
é visto na impureza associada ao parto (cap. 12). O confronto com a 
legislação semelhante no capítulo 15 esclarece que a impureza brota 
das secreções do corpo associadas ao nascimento, não ao ato ou ao 
fato do nascimento em si. Não se esclarece por que as secreções ou 
emissões são impuras.
Muitos estudiosos entendem que a perda de fluidos do corpo, 
especialmente de sangue, pode significar o início da própria morte, 
e até a impureza máxima.
A impureza da enfermidade (Lv 13.1-14.57).
Levítico 13-14 trata-se da manifestação de “doenças infec-
ciosas de pele” e “fungos” no corpo, nas vestes ou mesmo na causa 
dos afligidos, considerando-os sinais de impureza (Lv 13.8,11,15).
De todas as enfermidades da Bíblia, nenhuma é considerada 
mais séria ou repugnante que a chamada lepra (freqüentemente cha-
mada assim ainda que de modo impreciso). Os muitos sintomas e 
prescrições para cura registrados em Levítico 13.1-46 indicam uma 
variedade de diferentes afecções93.
A purificação deles após a cura requeria a oferta de sacrifícios 
específicos (Lv 14.1-32). Do mesmo modo, as vestes contaminadas 
por tais doenças também precisavam ser lavadas ou queimadas (Lv 
92 Envolvido, comprometido.
93 Conjunto de fenômenos mórbidos que dependem da mesma lesão.
Êxodo - Levítico
3
146 •	Capítulo	3
13.47-59). As casas contaminadas pela doença manifestavam-na 
por meio de fungos, condição que precisava ser sanada por reparos 
nas partes afetadas da casa ou mesmo derrubando-a (Lv 14.33-53).
As emissões impuras (Lv 15.1-33).
O último tipo de impureza em Levítico consiste em: emissões 
anormais dos homens provocados por enfermidades (Lv 15.1-15), na 
emissão de sêmen (Lv 15.16-17) e no fluxo menstrual (Lv 15.19-24) 
e outros tipos de emissões femininas de sangue (Lv 15.25-30). Tudo 
isso não era inerentemente impuro, mas simbolizava a impureza, 
sendo, portanto, necessária à purificação pelo devido ritual e sacri-
fício, para que a santidade do povo de Deus pudesse ser asseverada 
e mantida (Lv 15.31-33).
Dia da Expiação – Uma Necessidade (Lv 16)
O maior ato de purificação – que envolvia toda a nação – era 
realizado no Dia da Expiação. Nesse dia, o sumo sacerdote primei-
ro oferecia o sacrifício por si mesmo (Lv 16.1-14). Então, matava 
um bode como oferta pelo pecado de todo o povo (Lv 16.15-19) e 
expulsava outro (o expiatório) do acampamento como símbolo da 
remoção do pecado da comunidade (Lv 16.20-22). 
Após um holocausto (Lv 16.24), o acampamento era purifi-
cado do sangue e dos restos do animal por cerimônias de banhos e 
queima fora do acampamento (Lv 16.27-28).
O autor de Hebreus desenvolveu imagens do Dia da Expia-
ção para destacar a superioridade do sacerdócio de Cristo (Hb 8.6; 
9.7,11-26).
Hebreus 13.11-12 empregam a figura do novilho e do bode 
queimados fora do acampamento como ilustração dos sofrimentos 
de Cristo fora dos muros da cidade de Jerusalém.
De acordo com uma interpretação de 2Coríntios 5.21, Pau-
lo faz alusão ao ritual do Dia da Expiação ao falar de Cristo como 
oferta pelo pecado.
Êxodo - Levítico
3
147
Vida Santificada - Uma Necessidade (Lv 17-25)
A divisão mais longa de Levítico (cap. 17-25) é às vezes chamada 
de “código de santidade” porque contém uma lista detalhada de regras 
variadas a respeito da obtenção e manutenção da santidade em Israel. 
As divisões anteriores de Levítico preocupavam-se principalmente 
com a santidade como “posição”.
Nos capítulos 17-25 (especialmente no cap. 19), a atenção 
volta-se para a santidade como condição moral. Essa miscelânea94 
de leis pode ser classificada em dez categorias principais.
Sacrifício e sangue (Lv 17.1-16).
Uma vez que o sangue equivalia à própria vida e era o meio 
ordenado por Deus para realizar a expiação (Lv 17.11), nenhum 
animal podia ser morto fora do tabernáculo (Lv 17.1-7). 
No antigo Oriente Próximo, não se matava simplesmente pela 
carne. Para Israel, abater carne fora dos recintos era derramar sangue 
para território alheio e, talvez, deuses alheios. Os cristãos de Corinto 
enfrentaram problema semelhantecom respeito à carne abatida num 
ambiente pagão (1Co 8; 10.14-33).
Como metáfora da vida, o sangue era sacrossanto e não podia 
ser ingerido (Lv 17.10-13). Isso diz respeito não só a animais ofereci-
dos em sacrifício, mas também a caças selvagens e a outros animais 
comestíveis (Lv 17.14-16).
As relações sexuais (Lv 18.1-30).
Padrões estritos de santidade também precisavam ser obser-
vados na área das relações sexuais.
Ao contrário das práticas do mundo pagão (Lv 18.1-5,24-30), 
o povo do Senhor precisava casar-se dentro da própria sociedade, 
mas não de modo incestuoso. Assim, o homem não podia casar-se 
com a mãe (Lv 18.7), madrasta (Lv 18.8), irmã ou meia-irmã (Lv 
18.9,11), neta (Lv 18.10), tia de sangue (Lv 18.12-13), esposa do tio 
94 Mistura de variadas compilações literárias.
Êxodo - Levítico
3
148 •	Capítulo	3
(Lv 18.14), nora (Lv 18.15), cunhada (Lv 18.16) ou enteada ou neta 
do enteado (Lv 18.17). Assim também, o adultério (Lv 18.20), o sa-
crifício de crianças (Lv 18.21), a homossexualidade (Lv 18.22) e a 
bestialidade95 (Lv 18.23) eram rigorosamente proibidos.
Os relacionamentos interpessoais (Lv 19.1-37).
A santidade de Deus (Lv 19.1-2) significava que os israelitas pre-
cisavam manifestar santidade em seus relacionamentos interpessoais.
As freqüentes repetições dos Dez Mandamentos (adoração ao 
único Deus, honra aos pais, guarda do sábado, Lv 19.3; as proibições 
do roubo, da mentira e do falso testemunho Lv 19.11-12) servem 
como lembretes de que o estilo de vida de santidade era condição 
da aliança de Deus com Israel.
Várias vezes o povo de Deus foi lembrado de que o compor-
tamento moral não é opcional para os que chamam Javé de Senhor 
(Lv 19.3-4,10,12,14,16,18,25,28,30-32,34,36-37). 
A conduta requerida pelo povo de Deus sobrepujava96 questões 
rituais, incluindo provisão ao pobre (Lv 19.9-10); cuidado para com 
os desvalidos97 (Lv 19.13-14); prática da justiça (Lv 19.15-16); amor 
ao próximo (Lv 19.17-18); respeito aos idosos (Lv 19.32); cuidado 
para com os estrangeiros (Lv 19.33-34) e justiça no comércio e nos 
negócios (Lv 19.35-36).
A memória dos atos poderosos de Deus para livrar Israel da 
escravidão egípcia devia motivar o povo de Deus a viver com com-
paixão e justiça (Lv 19.34-35).
O reconhecimento da santidade de Deus e a memória do que 
Deus fez para nos livrar – não da escravidão egípcia, mas do pecado, 
por intermédio da morte de Cristo – continua a motivar os cristãos 
a uma vida santa. Assim, não surpreende que os escritores do Novo 
Testamento muitas vezes façam ressoar o ensino ético de Levítico 
19 (por exemplo, Mt 22.39; Rm 13.9; Gl 5.14; Tg 2.8).
95 Prática de atos libidinosos com animais; bestialismo.
96 Passar por cima de; tornar-se superior a; vencer, dominar.
97 Desprotegido, desamparado. Desgraçado, miserável:
Êxodo - Levítico
3
149
As ofensas capitais (Lv 20.1-27).
As leis a respeito das ofensas capitais devem ser compreen-
didas como contraponto ao paganismo. Os crimes capitais tendem 
a suprimir as diferenças entre o povo santo de Deus e o mundo em 
geral. Assim, o culto a Moloque, o deus dos amonitas, era punido 
com morte (Lv 20.2-5). Assim também as práticas religiosas pagãs 
(Lv 20.6), a maldição lançada contra os pais (Lv 20.9) e o incesto e 
outros desvios sexuais (Lv 20.10-21). 
De novo, Israel era um povo separado, cujo estilo de vida devia 
refletir essa separação para o serviço de um Deus santo (Lv 20.22-26).
O culto e a santidade (Lv 21.1-22.33).
Obviamente, a santidade devia permear98 a vida religiosa de 
Israel, de modo que instruções detalhadas regulavam o sacerdócio 
(Lv 21) e o consumo de ofertas sacrificiais (Lv 22).
Os sacerdotes comuns (Lv 21.1-9) e o sumo sacerdote (Lv 21,10-
15) tinham de seguir orientações rígidas em relação a ritos de luto e 
casamento. Precisavam submeter-se a critérios rígidos de perfeição 
física para estarem aptos ao serviço (Lv 21.16-24). Essa exigência dá 
a entender que a santidade interior deve ter expressão externa, física.
Os sacerdotes tinham de estar cerimonialmente puros antes 
de tomar parte dos sacrifícios (Lv 22.1-9). Então, eles e a família 
podiam desfrutar junta a refeição, tomando a porção a que tinham 
direito (Lv 22.10-16).
Todo animal oferecido em sacrifício tinha de ser espécime99 
perfeito, pois, oferecer a Javé algo que não é de melhor seria profa-
nação ao seu santo nome (Lv 22.32; cf. Ml 1.6-8).
Os dias santificados (Lv 23.1-44).
Para o antigo israelita, o viver santo implicava a devida obser-
vância dos dias santificados (Lv 23). Esses eram: o sábado (Lv 23.1-3); 
a Páscoa e os Pães Asmos (Lv 23.4-8); as Primícias (Lv 23.9-14) e a 
98 Penetrar, atravessar, traspassar, trespassar.
99 Modelo, amostra, exemplo, tipo.
Êxodo - Levítico
3
150 •	Capítulo	3
Festa das Semanas (ou Pentecostes, Lv 23.15-22).
As festas de outono eram também observadas, consistindo 
na Festa das Trombetas ou Ano-Novo (Lv 23.23-25), o Dia da Ex-
piação ou Yom Kippur (Lv 23.26-32) e a Festa dos Tabernáculos ou 
das Cabanas (Lv 23.33-36), lembrança da experiência israelita no 
deserto (Lv 23.39-43).
Consagração e profanação (Lv 24.1-23).
Deus forneceu o devido protocolo na administração dos as-
suntos do tabernáculo (Lv 24.1-9). Mas, exigiu que a violação da 
santidade divina fosse punida, fato que fica claro na narrativa acerca 
do blasfemo (Lv 24.10-16).
Esse incidente criou jurisprudência para casos relacionados 
que, direta ou indiretamente, violavam o caráter de Deus e as exi-
gências feitas a um povo que alegava fidelidade a ele (Lv 24.17-23).
O Ano Sabático e o Ano do Jubileu (Lv 25.1-55).
Observar adequadamente o Ano Sabático e o Jubileu devia 
dar testemunho da condição de Israel como povo santo (Lv 25.1-
55). A terra precisava ter descanso; assim, a cada sete anos, separa-
va-se um ano em que nada se plantava (Lv 25.1-7). Então, após sete 
desses ciclos, o qüinquagésimo ano também era separado para o 
rejuvenescimento da terra, devolução das terras penhoradas e atos 
semelhantes (Lv 25.8-22).
A redenção das propriedades devia lembrar ao povo que a 
terra era de Javé, sendo na realidade cedida ao povo (Lv 25.23-38).
Assim também, os que haviam sido obrigados à escravidão 
eram libertados no Ano do Jubileu.
Era muito impróprio que Israel, povo libertado por Javé da 
escravidão, tolerasse a escravidão em seus limites. Um povo santo 
tinha de ser um povo livre (Lv 25.39-55).
Êxodo - Levítico
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151
A Bênção e a Maldição (Lv 26)
A natureza do livro, uma aliança em sua essência, é extre-
mamente clara na declaração concisa em Levítico 27.34, que situa 
todo o livro no contexto da aliança do Sinai. As listas de bênçãos e 
maldições compreendidas no cap. 26 reforçam essa ideia de Levítico 
como texto de aliança.
Tais listas são bem conhecidas em outros textos do Oriente 
Próximo, pelos quais incutem nos receptores da aliança a seriedade 
do compromisso assumido.
A obediência resultava em grande bênção, mas a desobediência 
acarretava julgamento. Assim, uma exortação geral (Lv 26.1-2) intro-
duz bênçãos (Lv 26.3-13) e maldições (Lv 26.14-45) que se seguem 
à obediência e à desobediência aos termos da aliança.
A aflição das maldições, porém, é aliviada por uma declaração 
de graça. O Senhor afirmou que seu povo pecaria e sofreria exílio, 
mas mesmo assim o arrependimento seria possível. Então, Deus, 
em conformidade com suas antigas promessas contidas na aliança, 
restauraria o povo para si e para a terra (Lv 26.40-45).
As Ofertas de Dedicação (Lv 27)
Levítico encerra com regras a respeito das ofertas de dedi-
cação (cap.27). Localizadas aqui, essas leis talvez indiquem meios 
apropriados de responder às opções de estilo de vida postuladas100 
pelas bênçãos e maldições.
Elas formam uma conclusão adequada para Levítico, pois a 
dedicação de uma pessoa e suas posses ao serviço de Deus está no 
centro da santidade.
Essas leis consistem de votos pessoais de serviço ao Senhor (Lv 
27.2-8), ofertas votivas101 de animais puros e impuros (Lv27.9-13) e 
dedicação de casas (Lv 27.14-15) ou terras (Lv 27.16-25).
Todos eles podiam ser redimidos ou resgatados para uso “se-
cular” após pagamento do devido preço de redenção ao sacerdote.
100 Requerer, documentando a alegação.
101 Relativo a voto. Ofertado em cumprimento de voto ou promessa. 
Êxodo - Levítico
3
152 •	Capítulo	3
Os primogênitos e os dízimos não podiam ser dedicados ao 
Senhor porque já eram de sua propriedade (Lv 27.26-27,30-33).
Tudo o que fosse dedicado de modo irrevogável a Deus não 
podia ser vendido ou resgatado para uso particular, mas devia ser 
destruído como oferta a Deus (Lv 27.28-29).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anotações
Êxodo - Levítico
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153
Mensagem para Hoje
Como aplicar?
O livro de Levítico, sem dúvida, é um dos mais negligenciados 
do Antigo Testamento, exatamente porque os cristãos de hoje não 
conseguem ver sua importância para a vida atual.
Quando, porém, se percebe que seus principais temas ou ideais 
– a santidade de Deus, sua aliança com seu povo e as conseqüentes 
exigências de um viver santo – são eternos e irrevogáveis, torna-se 
imediatamente clara a pertinência102 do livro.
Deus escolheu Israel para ser seu povo e servo, e representan-
te de si mesmo e de seus propósitos salvadores sobre a terra. Esse 
mesmo Deus redime hoje, em Jesus Cristo, um povo para servir em 
função equivalente.
Os sacrifícios, rituais, cerimônias e dias santificados podem 
ter perdido sua condição legal para a Igreja, mas os princípios de 
santidade por eles incorporados e demonstrados são princípios que 
devam caracterizar o povo do Senhor de todas as gerações, caso 
queira servir a Ele de maneira efetiva como sal e luz.
102 Importante, relevante, válido.
Êxodo - Levítico
3
154 •	Capítulo	3
O Valor Ético
Qual é a principal lição de Levítico?
Os rituais de Levítico encontram seu cumprimento no sacrifício 
de Cristo, não sendo, assim, regras vigentes103 no culto cristão. Con-
trastando com isso, um apreço pela santidade de Deus e a memória 
do que Deus fez para nosso livramento – não da escravidão egípcia, 
mas do pecado, por intermédio da morte de Cristo – continua a 
motivar os cristãos a um viver santo.
Não surpreende, portanto, que os autores do Novo Testamento 
reflitam muitas vezes os ensinamentos éticos de textos como Levítico 
19 (Mt 22.39; Rm 13.9; Gl 5.14; Tg 2.8).
A legislação detalhada e complexa de Levítico está perfei-
tamente assentada nos princípios da aliança resumidos nos Dez 
Mandamentos. Essas leis encontram seu significado maior no reco-
nhecimento de que o Deus que libertou Israel da escravidão egípcia 
(e nos libertou) é inteiramente santo.
É possível encontrar a verdadeira esperança e felicidade ape-
nas quando se atende corretamente a esse Deus por intermédio de 
uma vida santa e dedicada ao serviço. Várias e várias vezes, Levítico 
alega que isso precisa ser feito por que Deus é Javé, ou seja, o com-
portamento humano é bem-sucedido à medida que reconhece o 
direito do Redentor sobre nossa vida e se empenha para espelhar a 
santidade de Deus. 
Não se pode encontrar motivação mais elevada para uma inte-
gridade pessoal e comunitária do que a encontrada no tema principal 
de Levítico: “Eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, 
para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis santos, porque eu 
sou santo” (Lv 11.45).
103 Que vige ou vigora; vigorante.
Êxodo - Levítico
3
155
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
9. Moisés convocou toda a congregação para que se reunisse diante 
do tabernáculo onde testemunharia a consagração de
a) ☐ Arão e seus filhos ao sacerdócio
b) ☐ Finéias ao sacerdócio
c) ☐ Gerson ao sacerdócio
d) ☐ Arão, Gerson, Nadabe, Abiú e Itamar
10. Dois dos filhos de Arão que ofereceram “fogo estranho” diante 
do Senhor no altar do incenso
a) ☐ Eleazar e Itamar
b) ☐ Finéias e Gerson
c) ☐ Coate e Merari
d) ☐ Nadabe e Abiú
11. O Senhor havia diretamente encarregado Arão a fazer distinçãoentre o santo e o profano, portanto, assinale o exemplo que não con-
diz com as leis de impureza de Levítico 11-15
a) ☐ Animais puros e impuros
b) ☐ A impureza após o parto
c) ☐ A impureza das palavras
d) ☐ A impureza da enfermidade
12. A lembrança da experiência israelita no deserto comemora-se
a) ☐ Na Páscoa e na Festa dos Pães Asmos
b) ☐ Na Festa dos Tabernáculos ou das Cabanas
c) ☐ Na Festa das Trombetas ou Ano-Novo
d) ☐ Na Festa das Semanas
Êxodo - Levítico
3
156 •	Capítulo	3
13. Quanto às ofertas da dedicação, é incerto dizer que
a) ☐ Essas leis consistem de votos pessoais de serviço ao Senhor
b) ☐ São ofertas votivas de animais puros e impuros
c) ☐ São ofertas de dedicação de casas ou terras
d) ☐ São ofertas de dedicação de primogênitos e dos dízimos
	Marque “C” para certo e “E” para errado
14.( ) O maior ato de purificação – que envolvia toda 
a nação – era realizado no Dia da Expiação
15.( ) A legislação detalhada e complexa de Levíti-
co está perfeitamente assentada nos princípios da 
aliança resumidos no Sermão da Montanha
16.( ) O livro de Levítico, sem dúvida, é um dos mais ne-
gligenciados do Antigo Testamento atualmente
Anotações
157
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anotações
Anotações158
159
Números 
Deuteronômio
4º
Capítulo
Números - Deuteronômio
160 •	Capítulo	4
Êxodo - Levítico
161
Números 
O nome hebraico desse livro (bemi-
dbar) significa “no deserto”, sendo assim, 
o modo mais adequado de descrever seu 
conteúdo é: um tratado imediatamente 
ambientado nos desertos do Sinai, Negue-
be e Transjordânia.
O título que usamos, “Números”, 
traduz Arithmoi, título usado pela antiga 
tradução grega, a Septuaginta. O termo 
reflete obviamente o censo das tribos de 
Israel no início do livro e as outras listas 
e contagens.
O último versículo de Números re-
sume o todo ao dizer: “São estes os man-
damentos e os juízos que ordenou o SE-
NHOR, por intermédio de Moisés, aos 
filhos de Israel nas campinas de Moabe, 
junto ao Jordão, na altura de Jericó” (Nm 
36.13).
Moisés havia liderado os israelitas 
desde o monte Sinai até à entrada da terra 
prometida.
O versículo final dá a entender que 
Números instrui Israel a respeito dos pré
-requisitos para obter posse da terra pro-
metida e desfrutá-la.
O ícone abaixo indica:
Neste capítulo veremos;
•	 Números
•	 Propósito e Teologia
•	 A Rejeição da Promessa Divina de 
Terra
•	 Deuteronômio
•	 O Ambiente da Aliança
•	 Povo de Deus – Um Povo Peculiar
4
Capítulo
Atenção e Foco
4
Números - Deuteronômio
162 •	Capítulo	4
Por que ler esse livro?
O livro de Números é mais que um mero diário de viagem 
que narra a jornada de Israel desde o monte Sinai até às planícies 
de Moabe. As narrativas e leis contidas ali apresentam as condições 
para que Israel pudesse ter posse da terra prometida e a desfrutasse.
Essas condições incluíam um desejo tenaz104 de possuir a 
terra prometida por Deus, respeito aos líderes por Ele estabelecidos 
e preocupação em manter a santidade da comunidade da aliança e 
da terra prometida.
Alertas freqüentes quanto ao perigo da rebelião105 e a certeza 
do julgamento divino contra o pecado também instigavam106 Israel 
a prosseguir rumo ao alvo: a posse da terra prometida.
Números documentam que quando os israelitas eram fiéis 
às condições da aliança, a viagem e a vida corriam bem para eles. 
Quando eram desobedientes, porém, pagavam o preço com derrotas, 
atrasos e mortes no deserto.
O livro, portanto, ensina às gerações posteriores que a confor-
midade com a aliança traz bênção, mas a rejeição da aliança acarreta 
tragédia e sofrimento. O livro fala da organização efetiva das tribos 
para formar uma comunidade religiosa e política distinta para a 
conquista e ocupação de Canaã.
Isso explica o interesse extraordinário na contagem das tri-
bos, em sua organização para viajar e acampar e na centralização do 
tabernáculo e do sacerdócio como o centro da vida de Israel como 
povo da aliança. Isso também explica a introdução de nova legislação, 
especialmente de natureza cultural ou cerimonial.
Os mandamentos e estatutos adequados para o futuro estabe-
lecimento em Canaã nem sempre seriam importantes para o povo 
num estágio nômade107, transitório da vida.
Números prenuncia a posse da terra prometida e assim fornece 
instruções especiais para tal período e condição.
104 Pertinaz, aferrado, obstinado.
105 Oposição, resistência. Teimosia, obstinação, birra. 
106 Incitar, induzir, mover, estimular, açular, acirrar.
107 Diz-se das tribos ou povos errantes, sem habitação fixa que se deslocam constantemente em busca de 
alimentos, pastagens, etc.
4
Números - Deuteronômio
163
Como foi escrito?
Grande parte de Números descreve um período aproximado 
de quarenta anos da história de Israel quase em forma de “diário”.
Ao que parece, Moisés manteve um livro em que anotava 
eventos significativos que pudessem constituir, e constituíram, suas 
memórias pessoais (cf. Nm 33.2).
Números, portanto, é história, e narrativa, de características 
individuais. Além do material narrativo, contém:
•	 Listas de censos108 (Nm 1.5-46; 3.14-39; 4.34-49; 26.5-51);
•	 Um manual de organização para acampamento e marcha 
(Nm 2.1-31);
•	 Regras para as ordens sacerdotais e levíticas (Nm 3.40-4.33; 8.5-
26; 18.1-32);
•	 Também contém leis de sacrifícios e rituais (Nm 5.1-7.89; 9.1-
10.10; 15.1-41; 19.1-22; 28.1-36.16);
•	 Instruções acerca da conquista e divisão da terra (Nm 32.33-42; 
34.1-35.34);
•	 Leis regulamentando heranças (Nm 36.1-12);
•	 Poesias: um trecho do “livro das guerras de Javé” (Nm 21.14-
15), o “cântico do poço” (Nm 21.17-18), o “cântico de Hesbom” 
(Nm 21.27-30);
•	 E os vários oráculos proféticos de Balaão (Nm 23.7-10,18-24; 
24.3-9,15-24).
Essa rica diversidade de formas é uma das principais carac-
terísticas da historiografia bíblica. A história dos propósitos reden-
tores de Deus para Israel e todo o mundo é contada numa narrativa 
pontuada e iluminada por mandamentos, exortações, ilustrações, 
provérbios e cânticos.
Números, portanto, não é mera história, é instrução para um 
viver santo. Ainda que sejam diversos os estilos literários, porém, 
o alvo da posse da terra prometida por Deus é um fator unificador 
constante.
108 Conjunto dos dados estatísticos dos habitantes de uma cidade, província, estado, nação, etc., com todas 
as suas características; censo demográfico, recenseamento.
4
Números - Deuteronômio
164 •	Capítulo	4
A organização de Israel para a conquista da terra pro-
metida (Nm 1.1-10.10);
A rejeição da promessa divina de terra (Nm 10.11-14.45);
A peregrinação fora da terra prometida: a jornada nas 
planícies de Moabe (Nm 15.1-22.1);
A luta contra os obstáculos à terra prometida por Deus 
(Nm 22.2-25.18);
Uma nova preparação para a conquista (Nm 26.1-36.13);
Propósito e Teologia
O que se deve buscar em Números?
O seu material diversificado aponta para um alvo comum – a 
posse da terra prometida por Deus aos patriarcas.
Números começam com um censo que revela que Deus havia 
abençoado Israel com a força necessária para a conquista da terra 
prometida (Nm 1.1-2.34).
A organização para o culto (Nm 3.1-4.49), as instruções para 
manutenção da pureza do povo de Deus (Nm 5.1-6.27) e a construção 
do tabernáculo (Nm 7.1-8.26) possibilitavam a habitação de Deus com 
esse povo (Nm 9.15) – condição necessária para a obtenção da terra.
Ainda que Deus tivesse capacitado seu povo para a conquista 
(Nm 10.11-36), o coração dos israelitas muitas vezes ansiava pelo 
Egito (Nm 11.1-35; 14.2-4; 20.2-5; 21.4-5). Rejeitaram Moisés, o 
líder destacado por Deus para conduzi-los a terra prometida (Nm 
12.1-15). Por fim, Israel rejeitou a dádiva divina da terra (Nm 12.16-
14.45). Tendo desprezado a dádiva de Deus, Israel estava condenado 
a vagar109 no deserto (Nm 15.1-22.1).
109 Andar sem destino; errar, vagabundear, vaguear.
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Números - Deuteronômio
165
Várias vezes, Israel rebelou-se contra os líderes escolhidos 
por Deus, sofrendo julgamento (Nm 16.1-50). Mesmo Moisés não 
conseguiu confiar no poder da Palavra de Deus (Nm 20.1-29), sendo 
excluído da terra da promessa. Deus, porém, é fiel às suas promes-
sas. Ele venceu os obstáculos à posse da terra por parte de Israel – a 
ameaça externa das maldições de Balaão (Nm 22.2-24.25) e ameaça 
interna da idolatria e imortalidade de Israel (Nm 25.1-18).
Após a morte da geração rebelde, Deus voltou a abençoar Is-
rael com a força capaz de conquistar a terra (Nm 26) e premiou as 
filhas de Zelofeade, que, ao contrário da geração anterior, desejavam 
sinceramente sua parte na terra (Nm 27.1-11; 35.50-36.13).
A providência de Deus em colocar Josué como sucessor de 
Moisés preparou as condições para o sucesso na conquista da terra. 
Mesmo os textos legais de Números prenunciavam a vida na terra 
prometida. Esses textos regulamentavam seu culto (Nm 15) e man-
tinham sua pureza (Nm 19 e 35).
O livro de Êxodo conta como os israelitas colocaram-se sob 
a soberania de Deus – com todas as responsabilidades e todos os 
privilégios envolvidos – aceitando os termos da aliança sinaítica. 
Eles se tornaram uma nação santa (sua condição) e um reino de 
sacerdotes (sua função).
Númerosfalam dos sucessos e fracassos de Israel no modo 
de viver a aliança enquanto rumavam para a terra da promessa. O 
deserto tornou-se campo de provas, uma arena em que Israel teve 
oportunidade de manifestar seu compromisso com o Deus que havia 
chamado e comissionado.
Historicamente, foi a primeira oportunidade que tiveram para 
passar a área receptiva da aliança para a esfera executiva da aliança.
A incapacidade de Israel ou, pelo menos, sua recusa em de-
sempenhar sua função como mediador obediente, manifestou-se 
várias vezes, a saber:
•	 O povo rebelou-se em Taberá e em Quibrote-Hataavá (Nm 11.3,34).
•	 Desafiou a autoridade de Moisés como representante da aliança 
(Nm 12).
•	 Rejeitou o relato dos espias que incentivaram a conquista da terra 
de Canaã (Nm 14.1-10). 
•	 Rejeitou a função sacerdotal de Arão (Nm 16). 
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Números - Deuteronômio
166 •	Capítulo	4
•	 Cometeu idolatria e imoralidade de Baal-Peor (Nm 25). 
Cada caso de rebeldia era recebido com desgosto divino e 
punição. Mas, a constância do Senhor, sua fidelidade ao que pro-
metera na aliança, permaneceu inalterada. Aliás, a antiga promessa 
abraâmica de que os que abençoassem Israel seriam abençoados e 
os que amaldiçoassem Israel seriam amaldiçoados permaneceu in-
tata110 (Nm 24.9). 
Ainda mais notável, já que vinha dos lábios do vidente111 pa-
gão, Balaão, foi a grande revelação messiânica de que “uma estrela 
procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro112” (Nm 24.17), palavra 
que confirmava a função de Israel como a fonte de bênção redentora 
e reinante para o mundo todo (cf. Gn 49.10).
Israel Organização e a Conquista (Nm 1.1-10.10)
A aliança com Israel fora concluída no Sinai e suas estipulações 
sociais, políticas e religiosas haviam sido delineadas (Êx 20-40). Então, 
o Senhor ordenou que seu povo deixasse o monte santo e tomasse o 
rumo da terra da promessa.
A organização das tribos para a guerra (Nm 1.1-2-34).
O censo dos homens em idade militar (Nm 1.3) revelou uma 
força de ataque de 603.550 (seiscentos e três mil e quinhentos e cin-
qüenta) homens (Nm 1.46), excluindo os levitas. Deus cumprira sua 
promessa a Abraão, dando-lhe descendência numerosa.
Com esse exército, Israel estava bem preparado para tomar a 
terra prometida.
Para facilitar a movimentação e o acampamento de tamanha 
tropa, tornaram-se necessárias instruções explícitas com respeito à 
organização por tribos, clãs e famílias.
110 Não tocado. Ileso, incólume. Puro, impoluto, intocado.
111 Diz-se de pessoa dotada, segundo a crença de muitos, da faculdade de visão sobrenatural de cenas 
futuras ou de cenas que estão ocorrendo em lugares onde ela não está presente.
112 Bastão de apoio usado outrora pelos reis e generais. Insígnia real ou de comando.
4
Números - Deuteronômio
167
O acampamento dos israelitas foi organizado com a morada 
de Deus, o tabernáculo, no seu centro (Nm 2.17). Os levitas e os 
sacerdotes acampavam mais próximos do tabernáculo, com os 
sacerdotes guardando a entrada no lado leste (Nm 3.38). As “tribos 
leigas” acampavam um pouco mais longe, com Judá ocupando a 
posição de liderança, também ao leste (Nm 2.9).
Tal organização dá ênfase à manutenção da pureza do 
tabernáculo. Os levitas eram responsáveis pelo transporte e pela 
manutenção do tabernáculo, de modo que permaneceram fora do 
censo militar (Nm 1.47-54).
A organização dos levitas para o culto (Nm 3.1-4.49).
Os levitas haviam sido separados para o serviço especial de 
Javé como substitutos dos primogênitos de Israel (Nm 3.12-13; cf. 
4.34-49). Moisés organizou-os de acordo com os três filhos de Levi 
– Gerson, Coate e Merari (Nm 3.14-20).
•	 Os gersonitas eram responsáveis pelas cortinas, o reposteiro113 e 
o revestimento do tabernáculo (Nm 3.21-26; 4.21-28);
•	 Os coatitas, pelos seus móveis (Nm 3.27-32; 4.1-20);
•	 E os meraritas, por sua estrutura de sustentação (Nm 3.33-37; 
4.29-33).
A preservação da pureza do povo de Deus (Nm 5.1-6.27).
A santidade do tabernáculo – aspecto esclarecido pela regu-
lamentação detalhada de seu manuseio (Nm 3-4) – deu origem à 
consideração de várias ordenanças ligadas à santidade e à separação 
(Nm 5.1-6.27). Assim, Moisés tratou de impureza cerimonial (Nm 
5.1-4), de pecado e restituição (Nm 5.5-10) e de testes a serem aplica-
dos à mulher acusada de adultério pelo marido (Nm 5.11-31). Uma 
vez que o nazireado114 era um exemplo clássico de alguém separado 
para o serviço divino, Moisés estabeleceu orientações a respeito do 
voto de nazireado (Nm 6.1-21).
113 Cortina ou peça de estofo pendente das portas interiores da casa.
114 Consagrado.
4
Números - Deuteronômio
168 •	Capítulo	4
A bênção ensinada por Moisés a Arão e aos sacerdotes capta 
a própria essência do que significa para Israel ser o povo de Javé – 
uma fonte de bênção que torna conhecida a presença graciosa de 
Deus (Nm 6.24-27).
A provisão de uma morada para Deus no acampamento 
(Nm 7.1-8.26; 9.15).
Os respectivos líderes das doze tribos levaram as próprias 
ofertas de tributo ao Senhor no tabernáculo, reconhecendo com isso 
sua soberania sobre toda a esfera política e religiosa (Nm 7.1-88). 
Dia a dia as tribos chegavam uma após as outras, levando utensílios 
de prata e ouro e grande número de animais para sacrifício. Ainda 
mais importante que essas ofertas generosas, porém, era a entrega 
que Israel fazia de si mesmo para o Senhor. 
O povo havia separado e dedicado os levitas para Javé como 
tesouro de propriedade especial (Nm 8.5-19). Isso já fora ordenado 
(Nm 3.5-10), mas agora ocorria de fato (Nm 8.20-26).
A celebração da Páscoa e a saída do acampamento 
(Nm 9.1-10.10).
De modo oportuno, a saída de Israel, deixando o Sinai, rumo a 
Canaã, seguiu-se à celebração da Páscoa, a mesma festa que precedeu 
o êxodo do Egito (Nm 9.1-14). Assim, como o primeiro êxodo foi 
marcado pela manifestação da glória de Deus, que guiou Israel por 
fogo e nuvem, também a jornada pelo deserto seguiu sua liderança 
(Nm 9.15-23).
A locomoção e a parada de Israel eram determinadas por Javé, 
conforme representadas nos símbolos de sua presença gloriosa.
O sinal para locomoção e para outras ocasiões em que o Se-
nhor liderasse seu povo seria o tocar de trombetas de prata, uma 
testemunha audível de sua presença entre eles (Nm 10.1-10).
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Números - Deuteronômio
169
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
1. O nome hebraico do livro de Números (bemidbar) significa
a) ☐ “Censo”
b) ☐ “No ermo”
c) ☐ “Contagens” 
d) ☐ “No deserto”
2. Quanto ao livro de Números, é correto afirmar que
a) ☐ Prenuncia a posse da terra prometida e assim fornece instru-
ções especiais para tal período e condição 
b) ☐ O seu material diversificado aponta para um alvo comum – a 
posse da terra prometida por Deus a Moisés 
c) ☐ Possui um material estritamente narrativo, porém não contém 
regras para as ordens sacerdotais e levíticas
d) ☐ Fala da organização efetiva das tribos para formar uma comu-
nidade belicosa e guerreira para a conquista de Canaã
3. Grande parte de Números descreve um período aproximado de
a) ☐ 20 anos da história de Israel quase em forma de “narração”
b) ☐ 40 anos da história de Israel quase em forma de “diário”
c) ☐ 80 anos da história de Israel quase em forma de “narração” 
d) ☐ 50 anos da história de Israel quase em forma de “diário”
4. O censo dos homens em idade militar excluiu os
a) ☐ Levitas
b) ☐ Benjamitas
c) ☐ Rubenitas
d) ☐ Gaditas
4
Números - Deuteronômio
170 •	Capítulo	4
5. Sabendo que o trabalho dos levitas no tabernáculo fora divididos 
entre os gersonitas, os meraritas e os coatitas, portanto, os meraritas
a) ☐ Eram responsáveis pelas cortinas e pelo reposteiro
b) ☐ Eram responsáveis pela estrutura de sustentação
c) ☐ Eram responsáveis pelo revestimento
d) ☐ Eram responsáveis pelos móveis
Marque “C” para certo e “E” para errado
6.( ) Números, portanto, é história, e narrativa, de ca-
racterísticas individuais. Além do material narrati-
vo, contém: instruções acerca da conquistae divisão 
da terra; poesias e leis regulamentando heranças
7.( ) O livro de Êxodo fala dos sucessos e fracassos de 
Israel no modo de viver a aliança enquanto ru-
mavam para a terra da promessa. Números con-
ta como os israelitas colocaram-se sob a soberania 
de Deus aceitando os termos da aliança sinaítica
8.( ) O sinal para locomoção e para outras ocasi-
ões em que o Senhor liderasse seu povo se-
ria o tocar de tamborins e harpas, uma teste-
munha audível de sua presença entre eles
Anotações
171
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anotações
Anotações172
4
Números - Deuteronômio
173
A Rejeição da Promessa Divina de Terra 
(Nm 10.11-14.45)
Pouco mais de um ano após o êxodo (Nm 10.11), da saída, 
e após três meses no Sinai (Êx 19.1), Israel seguiu para a terra da 
promessa, mobilizado para a conquista. Seguindo o movimento 
da nuvem de glória, o acampamento saiu da maneira previamente 
ordenada. À frente de todo o acampamento seguia a arca de Deus, 
o símbolo de sua presença orientadora e protetora (Nm 10.33-36).
Saudades do Egito (Nm 11.1-35).
Mal a jornada havia começado, o povo começou a reclamar e a 
murmurar. A conseqüência foi julgamento por fogo, uma visitação de 
Deus só estancada115 pela intercessão urgente de Moisés (Nm 11.1-3).
A principal reclamação parece ter sido por insatisfação com 
o maná, fornecido de maneira miraculosa por Deus (Êx 16.13-20), 
e anseio pelas iguarias116 do Egito (Nm 11.4-9). A agitação foi tão 
intensa que Moisés parecia sucumbir sob o peso da liderança. As-
sim, a bondade do Senhor providenciou-lhe setenta líderes cheios 
do Espírito para ajudá-lo nessas questões (Nm 11.10-30).
A isso, Deus fez seguir-se uma provisão de codornizes em vôo 
rasante, que o povo consumiu com tamanha voracidade, que o Senhor 
lhe infligiu julgamento mais uma vez (Nm 11.31-35).
A rejeição do profeta de Deus (Nm 12.1-15).
A seleção de setenta anciãos de Israel para assistir Moisés en-
fureceu seus irmãos, Miriã e Arão. Eles viram nisso uma diminuição 
no prestígio e na liderança que possuíam.
115 Saciar, satisfazer, matar.
116 Comida fina, delicada e/ou apetitosa.
4
Números - Deuteronômio
174 •	Capítulo	4
Miriã, uma profetisa, havia desempenhado papel importante 
no êxodo (cf. Êx 15.20-21); enquanto Arão obviamente era o grande 
sumo sacerdote. Sob o pretexto de criticar Moisés por ter-se casado 
fora do povo da aliança (Nm 12.1), registraram seus verdadeiros 
sentimentos desafiando a autoridade profética dele (Nm 12.2).
A conseqüência foi um castigo severo de Javé e seu lembrete de 
que Moisés, o mediador da aliança, era único entre todos os servos de 
Deus. Deus falou a Moisés abertamente, não em visões e sonhos (Nm 
12.5-8). O sinal dessa relação especial estava na própria capacidade 
de Moisés restaurar a irmã enferma à pureza ritual (Nm 12.9-15).
A rejeição da dádiva divina de terra (Nm 13.1-14.15).
Em alguma parte do norte do Neguebe, perto de Canaã, o 
Senhor ordenou que Moisés enviasse espias que pudessem conferir 
os pontos fortes e os pontos fracos de seus habitantes e prescrever 
uma ação tática para a conquista (Nm 12.16-13.2). Os doze homens 
que foram enviados, inclusive Josué e Calebe, percorreram toda a 
extensão de Canaã (Nm 13.17-25) e voltaram com relatos diversos.
A terra era rica e fértil, diziam, mas a maioria argumentava 
que não podia ser tomada por causa da força superior de seus ci-
dadãos (Nm 13.26-29). Apesar das afirmações de Calebe a respeito 
da presença e do poder do Senhor, o povo deu ouvidos ao relato da 
maioria e recusou-se a prosseguir (Nm 13.30-14.3).
O povo rejeitou a dádiva divina da terra prometida. Uma vez 
mais, estava em jogo a liderança de Moisés. Na realidade, o povo exi-
giu que ele renunciasse em favor de alguém que o liderasse na volta 
ao Egito (Nm 14.4-10). Sua resposta contundente117 ao povo – e ao 
Senhor que o testou ameaçando destruí-lo – é notável.
Se Israel não conseguisse entrar em Canaã, disse, o mundo 
inteiro entenderia que Javé não merece confiança (Nm 14.11-19). 
Ele precisava perdoar o povo por causa do seu próprio nome, se 
não pelo povo.
Movido por essa intercessão, o Senhor aplacou-se118, mas 
anunciou a Moisés e ao povo que não viveriam para ver a terra da 
117 Incisivo, decisivo. Extremamente agressivo.
118 Tornar plácido; tranqüilizar, serenar, apaziguar.
4
Números - Deuteronômio
175
promessa. Em lugar disso, morreriam no deserto, deixando para os 
filhos desfrutar a promessa de Deus (Nm 14.26-35). Só Josué e Ca-
lebe, que haviam confiado em Deus quanto à vitória e à conquista, 
veriam pessoalmente a terra onde havia leite e mel (Nm 14.36-38).
Tendo recusado a oportunidade de entrar em Canaã com o Se-
nhor, o povo então resolveu, perversamente, fazê-lo sem Ele. Deixando 
a arca no acampamento, avançou para o norte, sendo enfrentado e 
derrotado pelos amalequitas e cananeus da região montanhosa do 
sul (Nm 14.39-45). Assim, o povo começou seus quarenta anos de 
jornada sem objetivo no deserto.
A Jornada nas Planícies de Moabe (Nm 15.1-22.1)
Com ironia admirável, o Senhor, que acabara de sentenciar o 
povo de Israel à morte no deserto, delineou de imediato os princípios 
do sacrifício e do serviço a serem seguidos pelos seus descendentes 
na terra de Canaã (Nm 15.1-41).
Esses princípios concordam em geral com os procedimentos 
de Levítico 1-7, embora haja algumas emendas adequadas a uma 
vida estabelecida, não nômade. Dá-se atenção especial às ofertas 
pelo pecado, pois este sempre seria um problema, mesmo na terra 
prometida.
Como que para ilustrar esse fato, a breve narrativa sobre um 
transgressor do sábado aparece após a instrução a respeito do pecado 
voluntário (Nm 15.32-36). Sua morte por apedrejamento salienta a 
seriedade de tal pecado e deu origem à nova ênfase na necessidade 
de Israel lembrar quem ele era como povo e o que o Senhor exigia 
dele (Nm 15.37-41).
A rejeição do sacerdote de Deus (Nm 16.1-50).
Uma segunda ilustração do problema contínuo do pecado se-
gue-se na história da rebelião de Corá contra a autoridade sacerdotal 
de Arão (Nm 16.1-17.13). Corá era levita, mas não sacerdote. Ele se 
ressentiu por ser excluído e contestou a alegação de que era de Arão 
e de seus filhos o direito exclusivo de serem mediadores diante de 
Deus. Moisés, portanto, ordenou que Corá e seus seguidores chegas-
4
Números - Deuteronômio
176 •	Capítulo	4
sem ao santuário, onde eles e Arão ofereceriam incenso diante do 
Senhor. Aquele cuja oferta fosse aceita seria legitimado (Nm 16.4-17).
Quando chegou o momento da verdade, o Senhor apareceu 
em sua glória, ameaçando destruir não só a Corá e a seus colabora-
dores, mas toda a congregação. Só a intercessão de Moisés e Arão 
evitou isso (Nm 16.20-24).
Corá, com seus amigos e família, foi tragado numa grande 
fenda na terra (Nm 16.25-35). Assim, foi encerrada a rebelião de 
sacerdotes rivais.
O julgamento divino não acabou com a murmuração do povo. 
De novo, o Senhor o ameaçou com aniquilação. Só a mediação fiel de 
Moisés livrou-o mais uma vez, ainda que milhares tenham morrido 
numa praga (Nm 16.41-50).
A legitimação do sacerdote de Deus (Nm 17.1-13).
A congregação contestou de novo a escolha divina dos líde-
res. Quando o bordão de Arão (o símbolo da tribo de Levi) brotou 
e floresceu, ficou claro que a linhagem sacerdotal estava nele e em 
sua família (Nm 17.1-13).
Sacerdotes, levitas e pureza (Nm 18.1-19.22).
Terminada essa crise, era de novo necessário detalhar os deveres 
e privilégios dos sacerdotes e levitas (Nm 18.1-32). Levando natu-
ralmente a uma discussão de outras questões cultuais, em especial a 
purificação (Nm 19.1-22). O que exigia coisas como a morte de uma 
bezerra vermelha como oferta pelo pecado, sendo aplicável à impu-
reza causada pelo contato com um cadáver (Nm 19.11-13) e à tenda 
contaminada pela morte de alguém em seu interior (Nm 19.14-19).
A falta de confiança na Palavra de Deus (Nm 20.1-13).
A narrativa da jornada continua com o relato da chegada de 
Israel a Cades-Barnéia, o centro dos trinta e oito anos de peregrina-
ção de Israel pelo deserto.
4
Números - Deuteronômio
177
Cades foi o local onde Miriã morreu, (Arão veio a desfalecer 
num monte próximo dali, chamado Hor) (Nm 20.1,28), destacando 
as sérias conseqüências da rebelião da primeira geração no deserto. 
Ali o povo voltou a se rebelar contra Moisés por falta de água (Nm 
20.1-9).
Moisés, o homem “mui manso”, irou-se e bateu na rocha, em 
vez de falar, conforme o Senhor lhe havia instruído. Números descre-
ve depois o pecado de Moisés como falta de respeitopela santidade 
de Deus (Nm 27.14). Contudo, seu ato temerário119 resultou numa 
bênção para Israel – água abundante – mas, uma maldição para ele 
próprio – censura e exclusão da terra prometida (Nm 20.10-13). De 
acordo com Salmos 106.32, o profeta do deserto sofreu pelo pecado 
dos israelitas: “... e, por causa deles, sucedeu mal a Moisés”.
Jornada a Moabe (Nm 20.14-22.1).
Fiel, porém, ao compromisso, Moisés fez planos para continuar 
a jornada até Canaã. Primeiro buscou permissão do rei de Edom para 
atravessar a terra pela estrada real – permissão negada (Nm 20.14-21). 
Então, envolveu os cananeus de Arade num conflito que terminou 
em sólida vitória israelita (Nm 21.1-3). Israel motivado prosseguiu.
Ainda que persistisse em rebelar-se de tempos em tempos (Nm 
21.4-9), por fim chegou a Moabe (Nm 21.10-20).
Sua chegada causou grande preocupação aos inimigos de 
Israel. Seom, rei dos amorreus, tentou deter o avanço do povo de 
Deus, mas não conseguiu (Nm 21.21-32). Ogue, rei de Basã, tam-
bém sofreu derrota nas mãos de Israel. Vale frisar que, acredita-se 
em ser, Ogue um homem de mui grande estatura, pois, a Bíblia nos 
relata que seu leito, de ferro, possuía nove côvados (quatro metros 
aproximadamente) de comprimento por quatro (cerca de um metro 
e oitenta) de largura (Dt 3.11). 
Assim, Moisés e seus seguidores finalmente chegaram às pla-
nícies de Moabe, logo a leste da terra que o Senhor lhes havia pro-
metido (Nm 21.33-22.1).
119 Arriscado, imprudente, perigoso.
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Números - Deuteronômio
178 •	Capítulo	4
A Terra Prometida e os Obstáculos (Nm 22.2-25.18)
A derrota dos amorreus e basanitas indicou que o caminho 
estava aberto para Israel conquistar a terra prometida. Antes de 
entrar na terra, porém, Israel enfrentaria obstáculos rumo à terra 
prometida por Deus.
•	 O primeiro obstáculo foi externo – a ameaça da maldição de 
Balaão (Nm 22.2-24.25);
•	 O segundo obstáculo foi interno – a ameaça da influência dos 
padrões de conduta sexual dos moabitas (Nm 25.1-18).
A ameaça externa (Nm 22.2-24.25).
Balaque, rei de Moabe, conclui que sua nação seria a próxi-
ma a cair diante de Israel. Assim, contratou os serviços de Balaão, 
famoso vidente da Mesopotâmia. O Senhor alertou-o de que não 
devia colaborar com Balaque, pois era inútil tentar amaldiçoar um 
povo abençoado por Deus (Nm 22.2-20).
Balaão prosseguiu para Moabe, esperando satisfazer o pedido 
de Balaque, mas havia aprendido que poderia dizer só o que o Deus 
de Israel permitisse (Nm 22.21-55). Em Moabe, Balaão começou uma 
série de maldições que eram convertidas pelo Senhor em magníficas 
bênçãos para seu povo (Nm 22.36-24.25). Predisse a hoste inume-
rável de Israel, então à fidelidade do Senhor para com seu povo, sua 
prosperidade e sucesso e o surgimento de um governante israelita 
que subjugaria os vizinhos de Israel. Assim, o plano diabólico de 
Balaque – amaldiçoar Israel – resultou exatamente no oposto: um 
derramar magnífico da bênção de Deus sobre seu povo e, por meio 
dele, sobre todo o mundo.
A ameaça interna (Nm 25.1-18).
Mas o que Balaão não conseguiu fazer, os próprios impulsos 
vis de Israel conseguiram. Enquanto estavam nas planícies de Moabe, 
depararam com o culto licencioso120 de Baal em Peor e logo foram 
atraídos por seus fascínios (Nm 25.1-5).
120 Sensual, libidinoso; libertino.
4
Números - Deuteronômio
179
Só o zelo de Finéias, filho do sumo sacerdote Eleazar e neto 
de Arão, evitou uma apostasia completa (Nm 25.6-13). Com a lança 
na mão, ele matou os cabeças do tumulto. Assim, obteve expiação 
(Nm 25.13), mas não antes que milhares de compatriotas israelitas 
tivessem perecido numa praga enviada por Deus.
Preparação para a Conquista (Nm 26.1-36.13)
Tendo então aberto o caminho para a travessia do Jordão e 
para a conquista de Canaã, o Senhor deu instruções a esse respeito. 
Ordenou um novo censo de tribos (Nm 26.1-65) e delineou alguns 
princípios de herança para famílias que não tivessem filhos homens 
(Nm 27.1-11). O desejo sincero de participar da terra dada por Deus, 
manifestado pelas filhas de Zelofeade, contrasta nitidamente com o 
desdém121 com que a geração anterior tratou a dádiva.
Um sucessor para Moisés (Nm 27.1-23).
Deus revelou a sua vontade quanto a um sucessor para Moi-
sés. Seria alguém que se tornaria o mediador da aliança na terra de 
Canaã, onde Moisés não pôde entrar.
O sucessor era Josué, o servo fiel do Senhor, a quem foi con-
ferido a dignidade de Moisés (Nm 27.12-23).
Instruções para o culto na terra prometida (Nm 28.1-30.16).
As condições da vida estabelecida na terra exigiam ajustes na 
vida e na prática religiosa. Assim, o Senhor revelou novas regras para 
os sacrifícios e dias santificados (Nm 28.1-29.40) e reiterou, com 
algum refinamento, leis do voto: como tomá-lo e como encerrá-lo 
(Nm 30.1-16).
121 ou efeito de desdenhar; desprezo com orgulho. Altivez, arrogância.
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Números - Deuteronômio
180 •	Capítulo	4
A manutenção da pureza de Israel (Nm 31.1-54).
Havia também a questão pendente dos midianitas. Eles ha-
viam levado os israelitas à degradante devassidão de Baal-Peor (Nm 
25.16-18) e, assim, tinham de sofrer o terrível julgamento divino. 
Doze mil homens de Israel foram convocados para a tarefa. Tendo 
matado a Balaão e a todos os reis e homens de Midiã, eles voltaram 
ao acampamento em triunfo (Nm 31.1-12).
Uma vez que a rebelião em Baal-Peor envolvia imoralidade 
sexual, Moisés exigiu que as midianitas não virgens também fossem 
mortas (Nm 31.13-54).
Um novo retorno (Nm 32.1-42).
Canaã, propriamente dita era a terra prometida aos patriarcas. 
Ainda assim, algumas tribos israelitas, como, Rúben, Gade e meia 
tribo de Manassés, pediram a Moisés que lhes fossem permitidos 
terem herança na Transjordânia, exatamente onde estavam (Nm 
32.1-19). Essas tribos, como a geração anterior, pareciam dispostas 
a rejeitar a terra que Deus havia prometido conceder-lhes. Moisés, 
relutante, atendeu ao pedido delas, sob a condição de que ajudassem 
seus companheiros a conquistar Canaã e fossem para sempre fiéis 
ao Senhor (Nm 32.20-42).
Lembrança e prenúncio da conquista (Nm 33.1-36.13).
A recitação do itinerário de Israel desde o Egito (Nm 33.1-49) 
serve como lembrete do cuidado de Deus através dos anos no deserto. 
As instruções finais de Moisés acerca da conquista (Nm 33.50-56) e a 
distribuição de territórios entre as tribos, prenunciam o cumprimento 
da promessa divina da terra, conforme registrado no livro de Josué.
Instruções a respeito das cidades dos levitas e das cidades de 
refúgio (Nm 35.1-8) deviam guardar a terra prometida da poluição 
causada pelo derramamento de sangue inocente (Nm 35.9-34).
A narrativa final em Números destaca o desejo das filhas de 
Zelofeade de ter parte na herança da terra. Deus premiou o anseio 
delas por sua promessa provendo leis de herança para famílias que não 
possuírem herdeiros do sexo masculino (Nm 36.1-12). Estava então 
tudo pronto para a declaração final da aliança incorporada no livro de 
Deuteronômio e para a conquista de Canaã relatada no livro de Josué.
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Números - Deuteronômio
181
Mensagem para Hoje
Como aplicar?
Deus deseja o melhor para os antigos israelitas – dar-lhes 
uma bela terra como lar. Assim também, Ele deseja o melhor para as 
pessoas contemporâneas. Porém, as mesmas têm livre escolha – ou 
aceitam ou desprezam as promessas divinas.
Os israelitas que deixaram o Egito rejeitaram a dádiva divina 
e morreram no deserto. Assim também, aqueles que hoje rejeitam a 
oferta generosa da salvação em Cristo correm seu risco.
A história da peregrinação de Israel, partindo do Sinai, o lugar 
de seu compromisso inicial com Deus, até as planícies de Moabe, 
onde Israel manifestou-se disposto a concretizar todas as promessas 
de Deus, lança luz sobre a experiência cristã.
É evidente que Israel, como os fiéis de hoje, experimentou 
tempos de fracasso abismal.
As freqüentes murmurações de Israel contra Moisés (e contra 
Deus) ilustram como o povo não se satisfazia e não sesatisfaz com 
o que devia ser nosso máximo prazer – experimentar o cuidado e a 
direção de Deus em nossa vida. Israel, com saudades dos bons tem-
pos no Egito ilustra que os prazeres do pecado continuam atraentes 
mesmo aos que foram redimidos por Deus. Portanto, a rebelião 
contra Deus traz conseqüências medonhas. O julgamento, porém, 
não é a palavra final de Deus: aqueles que se apegam tenazmente às 
promessas dEle são recompensados.
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Números - Deuteronômio
182 •	Capítulo	4
O Valor Ético
Qual é a principal lição de Números?
A resposta de Israel à liderança de Moisés e Arão e às exi-
gências da aliança em geral ditou o grau de sucesso ou fracasso que 
caracterizou sua jornada pelo deserto.
O princípio é cristalino: sempre que havia obediência irrestrita, 
havia sucesso ilimitado.
Sempre que havia rebelião obstinada122, vinha o fracasso.
A exigência de compromisso com Deus não é hoje menos real 
e necessária.
A forte mensagem ética que ressoa em alto e bom som em Nú-
meros é que Deus possui um plano que leva à bênção. Mas o plano 
é construído em torno de princípios e práticas de comportamento 
que não podem ser abrandados ou negociados.
Deus deseja abençoar os seus, mas essa benção é firmada na 
submissão ao seu governo. O sucesso na vida depende não só de 
fazer a vontade dEle, mas de fazê-la da maneira por Ele prescrita.
122 Manter-se na teima ou erro; porfiar, relutar.
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Números - Deuteronômio
183
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
9. Dois dos doze homens enviados como espias que foram os únicos 
a confiar em Deus quanto à vitória e à conquista
a) ☐ Oséias (Josué) e Calebe
b) ☐ Josué e Gadiel
c) ☐ Geuel e Josué
d) ☐ Gadiel e Calebe
10. Moisés, o homem “mui manso”, irou-se e bateu na rocha, em vez 
de falar, conforme o Senhor lhe havia instruído. Contudo, seu ato 
temerário resultou em
a) ☐ Uma maldição para Israel, falta de água; mas, uma benção para 
ele próprio, entrada na terra prometida
b) ☐ Uma maldição para Israel, falta de água; e, uma maldição para 
ele próprio, censura e exclusão da terra prometida
c) ☐ Uma bênção para Israel, água abundante; mas, uma maldição 
para ele próprio, censura e exclusão da terra prometida
d) ☐ Uma bênção para Israel, água abundante; e, uma bênção para 
ele próprio, entrada na terra prometida
11. _______ rei de Moabe, conclui que sua nação seria a próxima a 
cair diante de Israel. Assim, contratou os serviços de ______, famoso 
vidente da Mesopotâmia
a) ☐ Balaque, Balaão
b) ☐ Anaque, Balaque 
c) ☐ Balaão, Moloque
d) ☐ Baal, Anaque
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Números - Deuteronômio
184 •	Capítulo	4
12. O servo fiel do Senhor, a quem foi conferido a dignidade de 
Moisés, o qual foi sucessor do mesmo
a) ☐ Calebe
b) ☐ Reuel
c) ☐ Jetro
d) ☐ Josué
13. Deviam guardar a terra prometida da poluição causada pelo 
derramamento de sangue inocente
a) ☐ Instruções a respeito das cidades dos sacerdotes e das cidades 
de descanso
b) ☐ Instruções a respeito das cidades dos patriarcas e das cidades 
de restauração
c) ☐ Instruções a respeito das cidades dos levitas e das cidades de 
refúgio 
d) ☐ Instruções a respeito das cidades dos profetas e das cidades 
de fuga
 
Marque “C” para certo e “E” para errado
14.( ) Mal a jornada em busca da terra de Canaã ha-
via começado, porém, o povo começou a recla-
mar e a murmurar. A principal reclamação pare-
ce ter sido por insatisfação com as codornizes
15.( ) Antes de entrar na terra, porém, Israel enfrentaria 
obstáculos rumo à terra prometida por Deus. O pri-
meiro obstáculo foi externo - a ameaça da influên-
cia dos padrões de conduta sexual dos moabitas
16.( ) Algumas tribos israelitas, como, Rúben, Gade e meia 
tribo de Manassés, pediram a Moisés que lhes fos-
sem permitidos terem herança na Transjordânia
Anotações
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AnotaçõesAnotações
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Números - Deuteronômio
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Deuteronômio
O nome Deuteronômio (do grego traduzido por segunda 
lei) surgiu da tradução dada pela Septuaginta à frase hebraica que 
significa “um traslado desta lei” (Dt 17.18).
Deuteronômio não é uma segunda lei, mas uma ampliação da 
primeira, dada no Sinai. Este nome foi obtido da LXX (Septuaginta) 
através de uma tradução inacurada de Deuteronômio 17.18, o qual 
corretamente traduzido daria, “Esta é a cópia (ou repetição) da lei”.
O nome hebraico do livro ‘Ellen haddevarim, “Estas são as 
palavras” ou simplesmente Devarim, “Palavras”. A tradição judaica 
intitula o livro de Misneh Torah, que significa repetição ou “cópia 
da lei” (Dt 17.18).
Em décadas recentes, os estudiosos têm chamado atenção para 
os paralelos notáveis entre o livro de Deuteronômio e os tratados 
hititas (1400-1200 a.C.) e assírios (850-650 a.C.). Ainda que muitos 
analistas estejam convictos de que Deuteronômio foi influenciado 
pela tradição dos tratados ou texto de aliança. É uma declaração de 
aliança incluída no discurso de despedida de Moisés a Israel (Dt 1.1-3; 
34.1-8). Israel havia completado quase quarenta anos de peregrina-
ção pelo deserto e estava para entrar na terra de Canaã e ocupá-la.
A antiga geração rebelde havia morrido e a nova geração tinha 
de ouvir a aliança que Deus fizera com seus pais no Sinai e atender a ela.
Moisés repetiu a história da fidelidade de Deus e exortou a 
nova geração a ser obediente aos mandatos da aliança. Ele repetiu os 
termos da aliança, mas com emendas e restrições adequadas à nova 
situação de conquista e estabelecimento que estava por vir. Além 
disso, Moisés deu condições para as gerações futuras renovarem seu 
compromisso com o Deus da aliança. 
Assim, Deuteronômio é um sermão de “despedida” centraliza-
do na aliança, discurso que toma sua forma fundamental seguindo 
o padrão dos documentos de aliança da Idade Posterior do Bronze.
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Números - Deuteronômio
188 •	Capítulo	4
Por que ler esse livro?
O tema geral de Deuteronômio são os relacionamentos da 
aliança. O que significa para Israel ser povo de Deus no contexto 
da conquista e do estabelecimento na terra? Que privilégios e res-
ponsabilidades implicariam essa condição de povo escolhido para 
aquela geração de Israel e para gerações futuras do povo de Deus?
Na revelação inicial da aliança (Êx 19.4-6), o Senhor decla-
rou que Ele havia libertado seu povo do Egito “sobre asas de águia” 
e depois o tornara seu povo em propriedade especial, um “reino de 
sacerdotes e nação santa”. A vocação dele era ser um povo de servos 
que mediaria a graça salvadora de Deus a todasas nações da terra. 
Deuteronômio continua esse tema destacando a eleição divina de 
Israel (Dt 7.6-11; 10.12-15). Essa função de povo escolhido devia 
ser vivenciada dentro de linhas claramente definidas. Os preceitos 
da aliança regiam cada aspecto da vida política, social e religiosa do 
povo de Deus.
Como foi escrito?
Há amplo consenso de que Deuteronômio é moldado segundo 
fórmulas bem conhecidas de tratados do antigo Oriente Próximo 
(especialmente dos hititas e/ou assírios). Ainda que a tradição dos 
antigos tratados forneça a estrutura geral e o esboço do livro, Deute-
ronômio acrescenta exortações, poesia e outras abordagens adequadas 
a seu caráter mais amplo como um sermão de despedida de Moisés.
O estudo de tratados entre soberano e vassalo firmados pelo 
grande rei dos hititas com governantes vencidos ou dependentes 
revela certos componentes comuns que Deuteronômio incorpora 
na mesma ordem geral. De acordo com Peter Craigie (The Book of 
Deuteronomy, 24,67-68), é possível apresentar os seguintes elemen-
tos-padrão dos textos de aliança hititas e sua localização correspon-
dente em Deuteronômio.
•	 O Preâmbulo (Dt 1.1-5) - fornece o ambiente em que o texto é 
apresentado ao vassalo pelo grande Rei;
•	 O Prólogo Histórico (Dt 1.6-4.49) - esboça o relacionamento 
passado entre as partes contratantes;
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Números - Deuteronômio
189
•	 Os Preceitos Gerais (Dt 5.1-11.32) - são os princípios básicos 
do relacionamento. Eles revelam os propósitos do grande Rei e 
alertam o vassalo quanto às linhas mestras pelos quais executa-
rem esses propósitos;
•	 Os Preceitos Específicos (Dt 12.1-26.15) - detalham as estipula-
ções gerais por meio de casos particulares. Em situações especí-
ficas o vassalo nem sempre seria capaz de deduzir a aplicação do 
princípio geral, sem orientação complementar. Assim, o grande 
Rei não só precisava apresentar expectativas gerais, como prover 
circunstâncias peculiares e singulares.
•	 As Bênçãos e Maldições (Dt 27.1-28.68) - esboçam as conseqüên-
cias da fidelidade e da desobediência à aliança. A obediência fiel 
aos termos da aliança, ou seja, às estipulações estabelecidas em 
Deuteronômio, garantiria que o vassalo seria devidamente re-
compensado, por outro lado, a desobediência traria retribuição 
rápida e certa das mãos do grande Rei.
•	 As Testemunhas do Tratado (Dt 30.19; 31.19; 32.1-43) testificam 
seu valor e o compromisso firmado pelas partes contratantes. 
Mesmo o grande Rei reconhece a necessidade de manter a pro-
messa solenemente feita.
Os elementos dos antigos tratados do Oriente Próximo podem 
ser vistos não só na estrutura mais ampla de Deuteronômio, mas 
também na organização das unidades menores do livro. Por exemplo, 
Deuteronômio 5 contém:
•	 Uma apresentação do grande Rei – “Eu sou o SENHOR, teu 
Deus” (Dt 5.6);
•	 Um prólogo histórico – “que te tirei do Egito, da casa da servi-
dão” (Dt 5.6);
•	 Preceitos da aliança (Dt 5.7-21);
•	 Bênçãos e maldições – “que visito a iniqüidade dos pais nos 
filhos [...] daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até 
mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus man-
damentos” (Dt 5.9-10);
•	 O registro da aliança (Dt 5.22).
4
Números - Deuteronômio
190 •	Capítulo	4
•	 O ambiente da aliança (Dt 1.1-5)
•	 Lições da história do povo de Deus (Dt 1.6-4.40)
•	 Princípios básicos da aliança (Dt 4.44-6.25)
•	 Princípios suplementares da aliança (Dt 7.1-11.32)
•	 Recursos e ameaças para o culto ao único Deus (Dt 
12.1-16.17)
•	 A peculiaridade do povo de Deus (Dt 16.18-26.19)
•	 As maldições e bênçãos da aliança (Dt 27.1-28.69)
•	 A renovação do compromisso com a aliança (Dt 29.1-30.20)
•	 O futuro da aliança (Dt 31.1-29)
•	 O cântico de Moisés sobre a fidelidade de Deus e sobre 
a infidelidade de Israel (Dt 31.30-32.43)
•	 A conclusão do ministério de Moisés (Dt 32.44-34.12)
Propósito e Teologia
O que se deve buscar em Deuteronômio?
O livro de Deuteronômio primeiro declara novamente a alian-
ça entre Javé e Israel para a geração reunida nas planícies de Moabe 
antes da conquista de Canaã sob Josué. 
A maior parte da geração que havia ouvido e aceitado a aliança 
no Sinai, trinta e oito anos antes, estava morta (Dt 2.14; cf. Nm 14.34). 
Seus filhos precisavam agora ouvir a aliança por si, confirmando 
lealdade a ela (Dt 4.1-2). As instruções para confirmação futura da 
aliança dão a entender que cada geração do povo de Deus tinha de 
se apropriar da história dos atos salvadores de Deus (Dt 26.5-9) e se 
comprometer de novo com a aliança (Dt 26.16-19; cf. 5.3-4). 
4
Números - Deuteronômio
191
Em segundo lugar, a mescla de exortações e prescrições da 
aliança em Deuteronômio dá a entender que o livro devia registrar 
as palavras de admoestação, encorajamento e alerta de Moisés para 
a posteridade. Aqueles que estavam para entrar na terra da promes-
sa tinham de aprender do passado, dizia ele, para poderem cumprir 
os propósitos para os quais o Senhor os havia criado (Dt 8.11-20).
A teologia de Deuteronômio não pode ser separada de seu 
tema e forma. Como um documento influenciado pela forma dos 
textos de aliança, ele se torna o veículo pelo qual o Deus soberano 
expressa seus propósitos salvadores e redentores para sua nação serva, 
seu reino de sacerdotes a quem elegeu e libertou da escravidão em 
resposta a antigas promessas patriarcas. O fato de que o Deus que 
livrou Israel da escravidão egípcia é o único Deus verdadeiro é central 
na apresentação que Deuteronômio faz da aliança. Porque só há um 
Deus, Ele exige lealdade total de seu povo (Dt 6.5; 10.12-13) e deve 
ser cultuado no único lugar por Ele escolhido (Dt 12.5,11; 14.23).
O Ambiente da Aliança (Dt 1.1-5)
O início de Deuteronômio encontra Moisés discursando à 
assembleia de Israel em Moabe, logo a leste do rio Jordão. Quarenta 
anos haviam transcorrido desde o êxodo, a longa jornada desde o 
Sinai fora completada, os inimigos na Transjordânia haviam sido 
derrotados e tudo estava pronto para a conquista de Canaã. Assim, 
Moisés pronunciou um discurso de despedida com instruções acerca 
da aliança e exortações pastorais.
Lições da História do Povo de Deus (Dt 1.6-4.40)
Os tratados hititas incluíam um resumo das relações passadas en-
tre o grande rei e seu vassalo. Moisés igualmente recitou os pontos altos 
no relacionamento de Deus com seu povo desde a outorga da aliança 
no Sinai quase quarenta anos antes (Dt 1.6-3.29). Depois desse resumo 
dos fracassos e sucessos de Israel na rota para a terra prometida, Moisés 
exortou o povo de Deus a guardar os mandamentos, a evitar a idolatria 
e a se maravilhar com os atos salvadores de Deus (Dt 4.1-40).
4
Números - Deuteronômio
192 •	Capítulo	4
Fracassos e sucessos na rota para a terra prometida (Dt 1.6-3.29).
O Senhor havia mandado que Israel deixasse o Sinai e se-
guisse rumo à terra prometida (Dt 1.6-8). O caminho fora árduo, 
sobrecarregando Moisés quase ao seu limite (Dt 1.9-18). Mas por 
fim Israel chegou a Cades-Barnéia, na fronteira da terra prometida 
(Dt 1.19-25). Ali o povo rebelou-se, recusando-se a entrar na terra 
(Dt 1.26-33). O Senhor então o condenou vagar pelo deserto até que 
todos morressem (Dt 1.34-40).
Após tentativas inúteis de invadir Canaã sem o auxílio de 
Deus (1.41-46), as tribos seguiram para o norte, desviando-se de 
Edom (2.1-8a), chegando por fim a Moabe (Dt 2.8b-25). Dali pediu 
permissão para atravessar o território amorreu, mas foram repelidos 
com desprezo veemente123 por Seom, rei dos amorreus, e Ogue, rei 
de Basã. Deus entregou esses dois nas mãos de Israel (Dt 2.26-37; 
3.1-11), permitindo assim que Israel tomasse posse de toda a região 
da Transjordânia (Dt 3.12-17). Ali Moisés havia requisitado que 
lhe fosse permitido liderar seu povo até Canaã. O Senhor, porém, 
negou-lhe o pedido porque em Meribá Moisés não havia confiado 
em Deus e não respeitou sua santidade (Dt 3.18-29; cf. Nm 20.12).
Guardar os mandamentos de Deus; evitar a idolatria; 
maravilhar-se com os atos salvadores de Deus (Dt 4.1-40).
Depois desseesboço histórico, Moisés lembrou a seu povo 
seus privilégios especiais como benefício da graça de Javé expressa 
na aliança (Dt 4.1-8).
Moisés instou o povo a lembrar-se do que Deus fizera no 
passado, fazendo-se conhecido a Ele (Dt 4.9-14). O Deus invisível 
que age na história não pode ser representado em pedra ou madeira 
inanimada nem em sua criação (Dt 4.15-24).
A idolatria levaria ao castigo de destruição e exílio (Dt 4.25-
31). O motivo para Israel servir e cultuar exclusivamente a Javé está 
na intervenção singular de Javé em favor de Israel, livrando-o da 
escravidão e firmando com ele uma aliança (Dt 4.32-40).
123 Enérgico, forte, vigoroso.
4
Números - Deuteronômio
193
A instituição das cidades de refúgio (Dt 4.41-43).
Num breve interlúdio narrativo, Moisés separa três cidades 
da Transjordânia como lugares de refúgio no caso de homicídio (Dt 
4.41-43; cf. 19.2-13). Tais cidades tinham o propósito de livrar a terra 
prometida da mancha provocada pelo sangue inocente.
Princípios Básicos da Aliança (Dt 4.44-6.25)
Uma breve introdução coloca a aliança no contexto do êxodo 
do Egito (Dt 4.45) e da conquista bem sucedida do território do outro 
lado do Jordão (Dt 4.46-49).
O coração da aliança: os Dez Mandamentos (Dt 5.1-21).
Depois de exortar a geração presente de israelitas a se identificar 
com seus pais no Sinai (Dt 5.1-5), Moisés relacionou os Dez Manda-
mentos, o verdadeiro coração da aliança do Sinai (Dt 5.6-21). Os Dez 
Mandamentos têm a mesma forma básica dos antigos tratados do 
Oriente Próximo. O grande Rei é identificado (“Eu sou o SENHOR, 
teu Deus”), e delineia-se a história de seu relacionamento com seu 
povo-servo – “que te tirei do Egito, da casa da servidão” (Dt 5.6). 
O primeiro mandamento – “não terás outros deuses diante 
de mim” (Dt 5.7) é o princípio básico da aliança. Os mandamentos 
seguintes detalham as implicações da devoção exclusiva de Israel a 
Deus, quanto às suas relações com Deus (Dt 5.8-15) e com outras 
pessoas (Dt 5.16-21). A forma desses mandamentos é praticamen-
te idêntica à de Êxodo 20.2-17. Aqui, porém, a guarda do sábado 
comemora o livramento salvador do Egito (Dt 5.15) e não tanto a 
criação (Êx 20.11).
A função de Moisés como mediador da aliança (Dt 5.22-33).
O retrospecto seguinte da revelação no Sinai destaca a fun-
ção de Moisés como mediador da aliança e um Israel temeroso (Dt 
5.22-33). Moisés desafiou a nova geração à obediência, “Cuidareis 
em fazerdes como vos mandou o SENHOR, vosso Deus” (Dt 5.32-
4
Números - Deuteronômio
194 •	Capítulo	4
33), como condição para uma vida próspera na terra da promessa.
O princípio primordial e básico: amor a Deus - completo e 
exclusivo (Dt 6.1-25). 
A natureza fundamental da relação entre Javé e Israel consiste 
no conhecimento de que Deus é um (Dt 6.4-5) e de que seu povo, para 
gozar os benefícios de suas promessas aos patriarcas, deve prestar-lhe 
fidelidade sincera e obediência inabalável (Dt 6.1-25).
Princípios Suplementares da Aliança (Dt 7.1-11.32)
A exigência básica de amor a Deus - completo e exclusivo 
(Dt 6.5; 10.12) - desdobra-se de várias maneiras em Deuteronômio 
7.1-11.32.
A destruição total dos cananeus (Dt 7.1-26).
Os israelitas tinham o dever de servir a um só Deus na terra da 
promessa, portanto, precisavam destruir por completo os habitantes 
nativos de Canaã que serviam a outros deuses. Eles também preci-
savam recusar qualquer aliança que os prendesse a eles (Dt 7.1-26).
Javé como a fonte de bênção em Canaã (Dt 8.1-9.6).
Israel devia reconhecer que Javé – não os deuses da fertilidade 
de Canaã – é a fonte de todas as bênçãos na terra (Dt 8.1-20). Israel 
também devia reconhecer que a bênção é um produto da graça de 
Deus, não da justiça deles mesmos (Dt 9.1-6).
A função de Moisés como mediador da aliança e intercessor 
(Dt 9.7-10.11).
A função de Moisés como mediador da aliança e intercessor 
para o Israel desobediente é de novo destacada. Os incidentes do 
bezerro de ouro (Dt 9.7-21), as murmurações no deserto (Dt 9.22) e 
4
Números - Deuteronômio
195
a rejeição da dádiva divina da terra (Dt 9.22-24) ilustram a rebeldia 
persistente de Israel. O apelo de Moisés às promessas patriarcais e 
à honra de Deus (Dt 9.25-29) resultou numa renovação da aliança 
(Dt 10.1-11).
Amor a Javé e amor aos necessitados (Dt 10.12-22).
A unidade e a exclusividade de Javé exigem que Ele seja ama-
do por seu povo com um amor que seja sinônimo de fidelidade à 
aliança. Mas o amor a Deus não pode estar divorciado do amor aos 
outros, especialmente aos necessitados. Assim, o centro e o âmago 
da relação não é o legalismo, mas o amor (Dt 10.12-22).
A obediência como prova do amor a Deus (Dt 11.1-32).
O amor deve ser manifesto e, em termos de aliança, isso significa 
obediência. Israel já sentira as conseqüências da desobediência (Dt 
11.1-7), agora precisava compreender de novo que as recompensas 
da bondade de Deus (Dt 11.8-12) só lhe pertenceriam se o amasse 
e guardasse seus mandamentos (Dt 11.13-25), e mais tarde, quando 
entrassem na terra, teriam oportunidade de empenhar sua lealdade 
ao Senhor (Dt 11.26-32).
4
Números - Deuteronômio
196 •	Capítulo	4
4
Números - Deuteronômio
197
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
1. O nome Deuteronômio surgiu da tradução dada pela
a) ☐ Taniah
b) ☐ Septuaginta
c) ☐ Vulgata
d) ☐ Torá
2. Quanto aos elementos-padrão (de acordo com Peter Craigie) dos 
textos de aliança hititas e sua localização correspondente em Deu-
teronômio, é incorreto dizer que
a) ☐ O Preâmbulo (Dt 1.1-5) - fornece o ambiente em que o texto 
é apresentado ao vassalo pelo grande Rei
b) ☐ O Prólogo Histórico (Dt 1.6-4.49) - esboça o relacionamento 
passado entre as partes contratantes
c) ☐ Os Preceitos Gerais (Dt 5.1-11.32) - detalham as estipulações 
gerais por meio de casos particulares
d) ☐ As Bênçãos e Maldições (Dt 27.1-28.68) - esboçam as conse-
qüências da fidelidade e da desobediência à aliança
3. O início de Deuteronômio encontra Moisés discursando à
a) ☐ Assembleia de Israel em Moabe
b) ☐ Assembleia de sacerdotes em Cades
c) ☐ Assembleia de levitas em Edom
d) ☐ Assembleia de príncipes das tribos em Basã
4. As cidades refúgios tinham o propósito de livrar
a) ☐ A terra prometida da mancha provocada pelo sangue culpado 
b) ☐ A cidade santa da mancha provocada pelo sangue inocente
c) ☐ O tabernáculo da mancha provocada pelo sangue culpado
d) ☐ A terra prometida da mancha provocada pelo sangue inocente 
4
Números - Deuteronômio
198 •	Capítulo	4
5. O coração da aliança entre Deus e o povo de Israel é
a) ☐ A Páscoa
b) ☐ O Tabernáculo
c) ☐ A Arca
d) ☐ Os Dez mandamentos
Marque “C” para certo e “E” para errado
6.( ) O Senhor declarou que Ele havia liberta-
do seu povo do Egito “sobre asas de águia” e de-
pois o tornara seu povo em propriedade espe-
cial, um “reino de sacerdotes e nação santa”
7. ( ) O primeiro mandamento – “não terás outros deuses 
diante de mim” (Dt 5.7) é o princípio básico da aliança
8. ( ) O apelo de Moisés às promessas patriarcais e à hon-
ra de Deus resultou em uma divisão da aliança
Anotações
199
AnotaçõesAnotações
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
200
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Números - Deuteronômio
201
Culto ao Único Deus – Recursos e Ameaças 
(Dt 12.1-16.17)
Tendo exposto os princípios amplos da relação e da responsa-
bilidade da aliança (Dt 5.1-11.32), Moisés voltou-se para exemplos 
mais específicos de sua aplicação.
O santuário central (Dt 12.1-28).
Os cananeus nativos cultuavam muitos deuses em numerosos 
santuários locais. Como recurso para o culto ao único Deus verda-
deiro, devia haver apenas um santuário onde se realizaria o culto 
da comunidade de Israel (Dt 12.1-4). Ele não ficaria ao capricho do 
povo, mas no lugar em que Javé fizesse habitar seu nome (Dt 12.11). 
Antes da construção do templo de Jerusalém, esse santuário central 
era o lugar em que ficavam o tabernáculo e a arca da aliança.
Deuses pagãos e falsos profetas (Dt 12.29-13.19).
Israel devia cultuar não só um lugar escolhido por Deus, mas 
também da maneira escolhida por Ele. O povo de Deus estava proi-
bido de adotar as práticas cultuais dos nativos cananeus (Dt 12.31). 
Quando o sangue do animal era derramado, fosse para sacrifício, 
fosse para consumo humano da carne, o sangue não podia ser inge-
rido porque simbolizava a própria vida, sendo, portanto, sagrado (Dt 
12.15-28). O povo de Deus não devia consumir sangue como faziam 
os nativos cananeus. O povo de Deus era ainda proibido de adotar 
outras práticas cultuais cananéias, tais como o sacrifício humano e 
a prostituição cultual (Dt 12.29-31).
A religião cananéia dependia de adivinhos e encantadores como 
canais de revelação e poder. Uma vez que tais práticas implicavam 
lidar com deuses que não Javé, aquilo era obviamente proibido para 
o povo de Israel. 
4
Números - Deuteronômio
202 •	Capítulo	4
Qualquer profeta que amaldiçoasse o povo de Deus, fazendo-o 
afastar-se de Deus, mesmo que viesse de dentro de Israel, devia ser 
morto (Dt 13.1-18).
Preocupação com animais puros e impuros (Dt 14.1-21).
Outra diferença entre Israel e as nações incrédulas à sua volta 
estava na consciência que o povo tinha em relação aos animais e ao 
uso que fazia deles. Israel devia demonstrar sua vocação e caráter 
como povo santo conformando-se às definições divinas de pureza 
e impureza, comendo apenas animais não proibidos (Dt 14.1-21).
Ofertas de gratidão (Dt 14.22-29).
Outra expressão de reverência diante do Deus soberano de 
Israel era a oferta generosa do povo em tributo a Ele, em forma de 
dízimos de toda sua renda (Dt 14.22-29). Ele podia ser em produto 
ou, se o santuário central ficasse muito longe, em espécie. A cada três 
anos, esses dízimos eram usados para atender às necessidades dos 
levitas, servosde Deus especialmente escolhidos, e às necessidades 
dos pobres (Dt 14.28,29).
Preocupação com os pobres e oprimidos (Dt 15.1-18).
Israel também reconhecia Deus como seu único Senhor me-
diante sua preocupação peculiar com os pobres e oprimidos. Todo 
sétimo ano era considerado ano de livramento em que os israelitas 
pobres eram libertados de todos os encargos financeiros que hou-
vessem recaído sobre eles como conseqüência de dívidas contraídas 
junto aos seus compatriotas (Dt 15.1-18).
Ofertas e festas do santuário central (Dt 15.19-16.17).
Deuteronômio 15.19-16.7, como 12.1-18, dá ênfase ao culto 
de Israel ao único Deus vivo no santuário central. Porque o Senhor 
havia poupado da décima praga o primogênito de cada casa de Is-
rael (Êx 13.11-16), os fiéis israelitas deviam oferecer anualmente 
4
Números - Deuteronômio
203
os primogênitos de seu gado e rebanho para expressar devoção 
(Dt 15.19-23). Isso era feito como parte da celebração da Páscoa e 
da Festa dos Pães Asmos que se seguia imediatamente (Dt 16.1-8). 
Outras ocasiões para a comunidade de fé oferecer tributo ao grande 
Rei eram a Festa das Semanas (ou Pentecostes), sete semanas após 
a Páscoa (Dt 16.9-12) e a Festa dos Tabernáculos no sétimo mês do 
ano (Dt 16.13-17).
Povo de Deus – Um Povo Peculiar 
(Dt 16.18-26.19)
Oficiais do reino que amam a justiça e são fiéis à Palavra de 
Deus (Dt 16.18-18.22).
A prática das exigências da aliança por parte da comunida-
de requeria oficiais políticos e religiosos que, sob Deus, pudessem 
garantir estabilidade e obediência. O primeiro grupo consistia em 
“juízes e oficiais” (Dt 16.18-17.13). A tarefa deles era a administração 
imparcial da justiça (Dt 16.18-20) sem recorrer a meios pagãos (Dt 
16.21-17.1). No interesse da justiça, Deuteronômio 17.2-7 fornece 
diretrizes para admissão de provas. Questões muito difíceis para 
resolução local deviam ser decididas por uma corte superior de 
sacerdotes e juízes no santuário central, com a devida punição do 
crime (Dt 17.8-13).
A nação acabaria por desenvolver um governo monárquico 
(Dt 17.14-20). O rei devia ser israelita nato, escolhido pelo próprio 
Senhor (Dt 17.14-15). Ele devia adotar um estilo de vida humilde e 
dependente, ao contrário do que faziam os reis da vizinhança. Isso 
evitaria o acúmulo de cavalos como sinal de poderio militar e multi-
plicação de esposas como sinal de alianças internacionais intricadas124 
(Dt 17.16-17). Por fim, ele devia confiar no Senhor e procurar viver 
pelos princípios apresentados no próprio livro da aliança, o livro de 
Deuteronômio (Dt 17.18-20).
Entre os oficiais religiosos de Israel estavam os sacerdotes e 
levitas. A responsabilidade deles como líderes em Canaã também re-
124 Obscuro, confuso. Enredado, emaranhado.
4
Números - Deuteronômio
204 •	Capítulo	4
cebe breve atenção em Deuteronômio 18.1-8. Uma vez que o Senhor 
era a herança deles, não possuíam terra nem propriedades, devendo 
viver das ofertas e dádivas do povo de Deus.
Os profetas também eram importantes para moldar o curso 
de vida de Israel como povo de Deus (Dt 18.9-22). Todos os povos, 
inclusive os cananeus, tinham seus profetas. Esses praticantes de 
feitiçaria e encantamentos eram, porém, tão maus na presença de 
Deus, que eles mesmos deviam ser repudiados por completo, junto 
com suas técnicas demoníacas (Dt 18.9-14). Em lugar deles, Deus 
levantaria uma ordem de profetas na tradição de Moisés, porta-vozes 
que falariam a verdadeira Palavra do Senhor (Dt 18.15-19). 
Isso, portanto, é uma referência coletiva aos profetas que vi-
riam. Como tal, teve seu cumprimento completo em Jesus (veja Jo 
1.21,25,45; 5.46; 6.14; 7.40; At 3.22-26; 7.37). Qualquer um desse 
grupo de profetas que traísse sua elevada e santa vocação, profe-
tizando falsamente, devia ser morto. O teste fundamental de sua 
integridade seria o cumprimento ou não cumprimento de suas pre-
dições (Dt 18.20-22).
A lei civil peculiar do povo de Deus (Dt 19.1-21).
Embora, por definição, Israel fosse uma comunidade religio-
sa, ainda assim uma comunidade composta de indivíduos, cidadãos 
que deviam viver juntos em paz e ordem. Havia, em outras palavras, 
uma dimensão social e civil na vida como o povo da aliança. Isso 
ditava a necessidade de uma legislação civil que fornecesse regras de 
comportamento num ambiente social (Dt 19.1-22.4). 
A primeira delas tratava da questão do homicídio (Dt 19.1-
13). O sexto mandamento já havia tratado desse princípio (Dt 5.17), 
mas nem todo homicídio era assassinato. Os homicídios deviam ser 
tratados caso a caso. Se o homicídio fosse puramente acidental (Dt 
19.4-6), aquele que o perpetrasse125 podia fugir para uma cidade de 
refúgio designada até que o caso fosse julgado (Dt 19.1-3,7-10; cf. 
Nm 35.9-34). Se, porém, o ato fosse intencional ou premeditação 
dolosa, o homicida devia ser capturado e morto pelo vingador da 
parte afligida (Dt 19.11-13).
125 Cometer, praticar (ato condenável).
4
Números - Deuteronômio
205
O segundo estatuto civil dizia respeito à remoção dos marcos 
de limites (19.14). A terra no âmago126 do legado da aliança, assim, 
fraudar127 o próximo movendo os limites de sua propriedade era 
infringir a dádiva de Deus para ele. 
No centro da lei eqüitativa128 estava à inocência do acusado, 
antes de se provar sua culpa. Ninguém seria condenado pelo depoi-
mento de só uma testemunha; era preciso haver pelo menos duas 
para que se comprovasse o crime (Dt 19.15-19). Falsas testemunhas 
sofreriam as conseqüências do perjúrio129 equivalente às que o acu-
sado teria recebido, caso fosse considerado culpado e punido (Dt 
19.20-21), mostrando que era preciso cuidar para que houvesse justiça.
A condução da guerra santa (Dt 20.1-21.14).
Como nação prestes a envolver as nações cananéias em guerras 
de conquista, Israel recebeu diretrizes para esse empreendimento.
O povo devia confiar que Deus estava com eles e que obteriam 
vitória (Dt 20.1-4). Isso permitia muitos tipos de dispensa do serviço 
militar. O simples contingente130 das tropas não determinaria o re-
sultado, mas só fidelidade aos mandamentos do Senhor (Dt 20.5-9).
Em guerras contra nações distantes, primeiro deviam-se pro-
por as condições para paz. Caso fossem aceitas, a população seria 
poupada, mas reduzida ao serviço de Israel e seu Deus (Dt 20.10-15).
Se, porém, as cidades fossem consagradas ao Senhor como 
parte da herança de Israel em Canaã, devia ser aniquilada para que 
seu povo não levasse Israel à apostasia (Dt 20.16-18).
De tempos em tempos ocorreriam homicídios sem testemu-
nhas. A noção de solidariedade do corpo era tal em Israel, que os 
cidadãos do povoado mais próximo do cadáver eram considerados 
responsáveis. Eles deviam oferecer um novilho como expiação por 
toda comunidade para absolvê-la assim da culpa (Dt 21.1-9).
Como conseqüência da guerra, haveria um fluxo freqüente de 
prisioneiros submetidos ao controle de Israel. As mulheres, em tais 
126 A parte fundamental; o principal, a essência.
127 Enganar, iludir.
128 Que tem, ou em que há eqüidade; reto, justo.
129 Ato ou efeito de perjurar. Juramento falso. 
130 Porção de homens que cada circunscrição territorial tem de dar para o serviço militar.
4
Números - Deuteronômio
206 •	Capítulo	4
casos, podiam tornar-se esposas deles após um período de adaptação. 
Se a adaptação se mostrasse insatisfatória, elas deviam ser libertadas 
(Dt 21.10-14).
Outras leis civis peculiares do povo de Deus (Dt 21.15-22.4).
Embora em parte alguma o Senhor sancione casamentos múl-
tiplos, Ele forneceu diretrizes para resolver melhor uma situação 
difícil. A esposa preferida não devia ter vantagem sobre a esposa 
menos amada na concessão de direitos de herança aos respectivos 
filhos (Dt 21.15-17). Filhos rebeldes a quem os pais não conseguis-
sem controlar podiam ser processados por eles e até executados pelas 
autoridades civis (Dt 21.18-21). 
Em qualquer caso capital, porém, o cadáver não podia ficar 
exposto após o pôr-do-sol, devendoser sepultado no mesmo dia (Dt 
21.22-23; cf. Jo 19.31).
O exemplo final de lei civil estava ligado à propriedade perdida 
(Dt 22.1-4). Qualquer israelita que encontrasse algo que pertencesse 
a um compatriota precisava ou devolvê-lo a ele ou esperar que ele 
viesse reclamá-lo. Se fosse um animal caído pela estrada, a fraterni-
dade exigia que fosse levantado e devolvido.
A pureza peculiar do povo de Deus (Dt 22.5-23.18).
Como a aliança mosaica testifica várias vezes, Israel era povo 
santo e devia viver de modo santo diante do mundo.
A exemplo de Levítico (cf. Lv 17-25), Deuteronômio também 
possui seu “código de santidade”, seu conjunto de diretrizes pelas 
quais Israel devia obter e manter sua pureza (Dt 22.5-23.18). 
Ainda que o motivo da inclusão de algumas dessas leis possa 
escapar ao leitor moderno, sem dúvida, na época e circunstâncias de 
Israel contribuíram para que compreendessem o que significava ser 
um povo peculiar do Senhor, único entre os povos da terra. O uso 
de roupas do sexo oposto era condenado porque se tratava de uma 
mistura antinatural de vestes (Dt 22.5). 
4
Números - Deuteronômio
207
Regras a respeito da proteção de filhotes de pássaros (Dt 22.6-
7), da construção de parapeitos131 no telhado (Dt 22.8), do plantio de 
sementes misturadas (Dt 22.9-11) e do uso de vestes com borlas132 
(Dt 22.12) falam de maneira positiva ou negativa da função de Israel 
como povo distinto dos pagãos ao seu redor.
A pureza ou impureza com freqüência se expressa em relações 
sexuais. Assim, o homem que se casasse com uma mulher que, em 
sua opinião, parecesse não ser virgem, podia exigir que ela provas-
se sua pureza. Se ela conseguisse, ele seria condenado; mas se não 
conseguisse, ela seria apedrejada à morte (Dt 22.13-21). Adúlteros, 
tanto homens como mulheres, deviam morrer (Dt 22.22), bem como 
moças desposadas que tivessem mantido relações sexuais consen-
tidas (Dt 22.23-24). 
Um agressor que estuprasse uma mulher desposada devia 
pagar com a vida (Dt 22.25-27). Quem estuprasse uma jovem não 
desposada tinha de casar-se com ela, pagar ao pai dela um dote133 
generoso e não podia divorciar-se dela (Dt 22.28-29). Por fim, nin-
guém podia envolver-se com a esposa do pai (ou seja, a madrasta) 
em relações sexuais (Dt 22.30).
A santidade do povo de Deus também se revelava na rejeição, 
em sua assembleia, daqueles que tivessem sido castrados (Dt 23.1), 
dos bastardos134 (Dt 23.2) e dos descendentes de amorreus e moa-
bitas (Dt 23.3-6); estes últimos, porque se haviam recusado a serem 
hospitaleiros a Israel no deserto.
 Os edomitas, povo aparentado de Israel, e os egípcios, hos-
pedeiros de Israel em tempos de fome, podiam por vezes entrar 
nos privilégios da aliança (Dt 23.7-8). Os prostitutos cultuais, tanto 
homens como mulheres, eram expressamente proibidos em Israel. 
O ganho ímpio deles não servia como oferta ao Senhor (23.17-18). 
Mas um escravo fugitivo era bem-vindo, e na realidade não devia 
ser forçado a voltar para seu senhor (Dt 23.15-16).
Por fim, a purificação dizia respeito a questões da higiene 
corporal, especificamente no contexto da guerra santa (Dt 23.9-14). 
Os soldados contaminados por secreções corporais deviam purifi-
131 Muro, parede, etc., que se eleva à altura do peito ou pouco menos.
132 Obra de passamanaria formada por um suporte em forma de campânula, do qual pendem inúmeros 
fios; bolota.
133 Conjunto de bens que leva a pessoa que se casa.
134 Diz-se de filho que nasceu fora do matrimônio.
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Números - Deuteronômio
208 •	Capítulo	4
car-se. Eles também deviam enterrar os próprios excrementos. O 
motivo era que o Senhor andava no meio do acampamento. A im-
pureza física era uma afronta a um Deus santo e também indicava 
a impureza espiritual.
As relações interpessoais do povo de Deus (Dt 23.19-25.19).
A atenção dada às leis de pureza originou uma associação 
com preceitos que governavam relações interpessoais em geral (Dt 
23.19-25.19). Trata-se de áreas de vida social que, embora não cul-
tuais por natureza, têm implicações morais e éticas importantes para 
a vida e fé caracterizadas pela aliança. Questões como empréstimos 
para compatriotas e estrangeiros (Dt 23.19-20), votos ao Senhor 
(Dt 23.21-33) e o direito de recorrer às uvas e grãos de um vizinho 
quando de passagem por sua terra (Dt 23.24-25) ilustram o princípio 
de que comportamento correto com Deus e com os outros estão no 
mesmo nível.
De modo semelhante, a aliança trata de problemas como divór-
cio (Dt 24.1-4) e recém-casados (Dt 24.5); penhoras135 (Dt 24.6,10-13); 
rapto (Dt 24.7); doenças de pele contagiosas (Dt 24.8-9); o cuidado 
caridoso para com os pobres, fracos e desempregados (Dt 24.14-15; 
17-22); e o princípio de responsabilidade pelo próprio pecado e de 
risco de punição (Dt 24.16). A justiça exigia que o culpado sofresse 
punição adequada (Dt 25.1-3), que um irmão de um israelita faleci-
do sem filhos gerasse descendentes em nome dele, casando-se com 
sua viúva (Dt 25.5-10), que a mulher não desonrasse sexualmente 
um homem (Dt 25.11-12) e que os pesos e medidas estivessem de 
acordo com o padrão (Dt 25.13-16). 
A justiça estendia-se até ao mundo animal, pois o boi podia 
comer do grão que estivesse debulhando para seu próprio proprie-
tário (Dt 25.4; cf. 1Co 9.9). 
No outro extremo, a justiça de Deus exigia que os inimigos 
de seu povo escolhido experimentassem julgamento nas mãos deles. 
Assim, Amaleque, que havia atacado os israelitas mais velhos e inde-
fesos na jornada pelo deserto (cf. Êx 17.8-16), seria um dia apagado 
da terra (Dt 25.17-19).
135 Dar em garantia ou penhor; empenhar.
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Números - Deuteronômio
209
A reafirmação da aliança em culto (Dt 26.1-15).
A divisão específica de estipulações de Deuteronômio termina 
com as leis da celebração e confirmação da aliança (Dt 26.1-15).
Quando Israel, por fim, entrasse na terra de Canaã, deveria 
reconhecer a provisão fiel do Senhor. O povo devia fazê-lo oferecendo-
lhe suas primícias, recitando ao mesmo tempo a história de sua relação 
beneficente com ele, dentro da aliança, desde os dias dos antigos pais 
até o presente (Dt 26.1-11). 
Essa cerimônia parece ter sido parte da celebração da Festa 
das Semanas (Pentecostes ou Colheita; cf. Êx 23.16; Lv 23.15-21). 
Depois de oferecerem a primeira colheita de grãos para o Senhor, 
os lavradores israelitas deviam entregar aos levitas e outros cidadãos 
dependentes o dízimo da produção (Dt 26.12-15). Desse modo, o 
tributo a Deus e o sustento dos necessitados juntavam-se num ato 
glorioso de culto.
Exortação e interlúdio narrativo (Dt 26.16-19).
Tendo delineado o extenso conjunto de estipulações, Moisés 
ordenou que o povo obedecesse a ele, não só de modo superficial, 
mas de todo o coração e alma (Dt 26.16). A própria essência da 
aliança era a promessa que o povo havia feito de ser o povo de Deus. 
A vontade de Deus era que Israel continuasse a ser seu povo espe-
cial, uma comunhão santa chamada para ser expressão de louvor e 
honra do Senhor.
Bênçãos e Maldições da Aliança (Dt 27.1-28.69)
Um elemento de muitos tratados antigos era a descrição das 
recompensas pelo cumprimento fiel de suas condições e das puni-
ções adequadas à desobediência a eles. As maldições e bênçãos de 
Deuteronômio 27-28 mostram a influência dessa forma de tratado.
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Números - Deuteronômio
210 •	Capítulo	4
A assembleia em Siquém (Dt 27.1-10).
A cerimônia de bênção e maldição, quando Canaã fosse ocu-
pada, devia ser realizada nas proximidades de Siquém, local de an-
tigos encontros patriarcas com Deus (Dt 27.4; cf. Gn 12.6; 35.4; Dt 
11.26-29). Ali Israel devia erigir grandes monumentos caiados136 
que contivessem o texto da aliança e um altar de pedras sobre o 
qual fosse possível sacrificar ofertas adequadas para renovação da 
aliança (Dt 27.1-8).
As maldições que seguem a desobediência a estipulações 
específicas (Dt 27.11-26).
Como povo de Deus (Dt 27.9-10), Israel se postaria metade 
no monte Ebal e metade no monte Gerizim para confirmar seucompromisso com a aliança (Dt 27.11-14). Como um grande coro 
responsivo, representantes tribais colocar-se-iam sobre o monte Ge-
rizim para gritar “amém” ao anúncio de bênçãos, enquanto outros, 
sobre o monte Ebal, fariam o mesmo quando fossem anunciadas as 
maldições.
A primeira lista de maldições (Dt 27.15-26) trata de violações 
representativas da aliança, sem especificações da forma que as mal-
dições poderiam tornar.
As bênçãos que seguem a obediência a estipulações gerais 
(Dt 28.1-14).
A parte de bênçãos (Dt 28.1-14) promete prosperidade no 
campo físico e material e reafirma a intenção divina de fazer de Israel 
um povo exaltado e santo.
136 Revestido de cal.
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Números - Deuteronômio
211
As maldições que seguem a desobediência a estipulações gerais 
(Dt 28.15-68).
A segunda lista de maldições ameaça com perda de prosperidade 
(Dt 28.15-19), doença e pestilência (Dt 28.20-24), derrota e deportação 
com todas as suas implicações (Dt 28.25-35) e uma inversão de 
papéis entre Israel e as nações (Dt 28.36-46). Em vez de ser exaltado 
entre elas, Israel tornar-se-ia servo delas. Tudo isso resultaria numa 
aflição indizível137 e desespero (Dt 28.47-57). De fato, a violação 
da aliança desfaria o êxodo e lançaria a nação de volta às garras da 
servidão (Dt 28.58-68).
A Renovação da Aliança (Dt 29.1-30.20)
Lembrança dos atos salvadores de Deus (Dt 29.1-9).
Moisés repassou os cuidados de Deus com Israel no êxodo e no 
deserto (Dt 29.2-9). Ele exortou o povo a prometer lealdade à aliança 
como à nova geração escolhida pelo Senhor para representá-lo sobre 
a terra (Dt 29.10-21). O compromisso devia ser pessoal e genuíno. 
Caso contrário viria um tempo de julgamento em que as nações 
questionariam se de fato Israel era o povo do Senhor (Dt 29.22-29).
Previsão de rebeldia por parte de Israel, julgamento de Deus e 
graça no arrependimento (Dt 29.10-30.10).
Moisés previu não só a rebeldia de Israel e o julgamento divi-
no (Dt 29.10-29), como também a graça de Deus para com o arre-
pendido. Deus visitaria seu povo no dia de sua calamidade e exílio 
e o faria refletir mais uma vez sobre os privilégios da aliança. Deus, 
então, exerceria sua graça e o restauraria à plena parceria na aliança 
com suas bênçãos (Dt 30.1-10).
137 Que não se pode dizer; inefável: Extraordinário, raro, incomum:
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Números - Deuteronômio
212 •	Capítulo	4
A opção entre seguir a Deus e viver ou rebelar-se e morrer 
(Dt 30.11-20).
A promessa de Israel ser fiel às condições da aliança poderia 
trazer recompensa imediata e duradoura (Dt 30.11-16). Mas a de-
sobediência só produziria julgamento (Dt 30.17-20).
O Futuro da Aliança (Dt 31.1-29)
Deus como o verdadeiro líder de seu povo (Dt 31.1-8).
Embora a cerimônia de renovação da aliança não seja narrada, 
é claro que a geração seguinte de Israel assumiu novo compromisso 
com a aliança (isso fica implícito em Dt 29.10-13). Moisés reafirmou 
a função de Deus como o verdadeiro líder de seu povo (Dt 31.1-8).
A Palavra de Deus a ser registrada e lida (Dt 31.9-13)
A provisão divina para o futuro da aliança incluía um líder 
(Josué) que sucederia Moisés como mediador da aliança (Dt 31.1-
8), bem como uma lei, o texto da aliança colocado sob a guarda dos 
sacerdotes (Dt 31.9-13).
A provisão de Deus para o futuro: um líder, um cântico, um 
livro da lei (Dt 31.14-29).
Deus providenciou Josué como sucessor de Moisés (Dt 
31.14,23). A provisão de Deus para o futuro da aliança também 
incluía um cântico, cujo propósito era lembrar à nação os votos da 
aliança que haviam feito (Dt 31.15-23; cf. 31.30-32.43). Por fim, 
Deus forneceu um registro da lei, de modo que as gerações futuras 
pudessem conhecer a sua vontade (Dt 31.24-27). O Senhor, fiel à 
antiga forma de tratado, invocou o céu e a terra como testemunhas 
das promessas que Israel havia feito por juramento (Dt 31.28-29).
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Números - Deuteronômio
213
O Cântico de Moisés (Dt 31.30-32.43)
Esse hino maravilhoso renova a aliança (Dt 32.1) exalta o Deus 
de Israel por sua grandeza de justiça (Dt 32.2-4) apesar da perver-
sidade138 de seu povo (32.5-6a). Deus os havia criado (Dt 32.6b), 
redimidos (Dt 32.7-9) e preservados (Dt 32.10-14). O povo, por sua 
vez, havia-se rebelado e seguido outros deuses (Dt 32.15-18). Tal 
procedimento provocara o julgamento de Deus no passado e faria o 
mesmo no futuro (Dt 32.19-38). No fim, porém, Deus se lembraria 
de sua aliança e levaria seu povo à salvação (Dt 32.39-43).
Ministério de Moisés – O Fim (Dt 32.44-34.12)
Interlúdio narrativo: o anúncio de sua morte (Dt 32.44-52).
Tendo entoado seu cântico, Moisés instou o povo a subscrever 
suas exigências como instrumento da aliança (Dt 32.44-47). Depois, 
em resposta à ordem do Senhor, Moisés subiu ao monte Nebo para 
esperar o dia da sua morte (Dt 32.48-52). O fato de um líder gran-
dioso como Moisés não ser poupado do julgamento quando falhou 
em sua confiança em Deus e no respeito para com sua santidade ser-
viu como um duro alerta para que Israel evitasse erros com os dele.
O último ato de Moisés: a bênção sobre Israel (Dt 33.1-29).
Antes de deixá-los, Moisés ofereceu aos companheiros israeli-
tas um testamento semelhante àquele com que Jacó abençoara seus 
filhos (cf. Gn 49.2-27). Depois de louvar o Deus do livramento e da 
aliança (Dt 33.2-5), ele mencionou as tribos por nome, atribuindo a 
cada uma delas uma bênção profética (Dt 33.6-25). Ele conclui com 
louvor ao Deus de Israel (Dt 33.26-28) e com uma promessa de que 
seus escolhidos por fim triunfariam sobre todos os seus inimigos 
(Dt 33.29).
138 Qualidade de perverso; fereza. Índole ferina ou ruim.
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Números - Deuteronômio
214 •	Capítulo	4
Epílogo narrativo: a morte de Moisés (Dt 34.1-12).
Tendo subido ao monte Nebo (ou Pisga), Moisés viu toda a 
terra da promessa, terra prometida aos patriarcas, mas negada a ele 
por causa de seu pecado (Dt 34.1-4; cf. 32.51). Ele então morreu e foi 
sepultado pelo Senhor num túmulo desconhecido e não demarcado 
(Dt 34.5-6). Com grande lamento, o povo de Israel chorou sua morte. 
Ainda que Josué possuísse o espírito e a autoridade de Moisés, nem 
ele, nem homem algum seriam comparáveis a esse gigante sobre a 
terra, sendo conhecido “face a face” por Deus (Dt 34.10) e o grande 
porta-voz de Deus.
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Números - Deuteronômio
215
Mensagem para Hoje
Como aplicar?
Deuteronômio foi dirigido especificamente para uma geração 
mais jovem de Israel prestes a entrar na terra prometida. Entretan-
to, transmite princípios e verdades teológicas eternas e adequadas à 
Igreja e ao mundo de hoje. Aquela nova geração de israelitas serve 
como um modelo de povo de Deus em todas as eras. Nós, a exem-
plo deles, somos um povo com um passado em que Deus agiu para 
nossa salvação e revelou sua vontade para nossa vida. Mas não basta 
possuir orgulhosamente uma herança de fé. Nós, como eles, somos 
um povo com um presente. Precisamos também nos dedicar pesso-
almente a Deus hoje. 
Por fim, nós, a exemplo deles somos um povo com futuro que 
depende de nossa fidelidade contínua a Deus. A aliança de Deutero-
nômio prenuncia aquela nova aliança – não escrita em pedra, mas 
no coração dos homens (Jr 31.33-34) – que por fim se cumpre em 
Cristo (Mt 26.28; Mc 14.24; Lc 22.20). O Deus de Israel redimiu o 
povo da servidão e do caos e escolheu identificar-se com eles numa 
aliança eterna. Em seu filho Jesus Cristo e por meio dEle, oferece pela 
graça o mesmo para todos os povos, em todos os lugares.
4
Números - Deuteronômio
216 •	Capítulo	4
O Valor Ético
Qual é a principal lição de Deuteronômio?
O freqüente apelo de Deuteronômio ao amor de Deus (Dt 6.5; 
10.12; 11.1,13,22; 19.9; 30.6,16,20) mostra que o alvo da lei do Antigo 
Testamento não era o legalismo, mas o serviço inspirado no amor. 
Aliás, quando foi questionado sobre a maior das leis do Antigo Tes-
tamento, Jesus citou Deuteronômio 6.4-5. O amor de Israel – como 
o do cristão (1Jo 4.19) – está firmado numa experiência anterior ao 
amor remidor divino. O amor deIsrael por Deus – de novo como 
do cristão (1Jo 3.18; 4.20-21) – só é amor verdadeiro à medida que 
se estende aos outros (Dt 10.19). Os Dez Mandamentos sublinham 
que Deus exige não só respeito do povo (Dt 5.6-15), mas respeito 
para com outros povos (Dt 6.16-21). Embora os Dez Mandamentos 
possuam uma qualidade não condicionada pelo tempo, são verda-
deiramente pertinentes somente aos que têm um compromisso com 
o Deus que está por trás deles.
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Números - Deuteronômio
217
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
 
9. Antes da construção do templo de Jerusalém, esse santuário cen-
tral era o lugar em que
a) ☐ Ficavam o tabernáculo e a arca da aliança
b) ☐ Ficava somente a arca da aliança
c) ☐ Ficava somente o tabernáculo
d) ☐ Ficavam somente as tábuas da Lei
10. É errado afirmar que
a) ☐ Israel devia cultuar não só um lugar escolhido por Deus, mas 
também da maneira escolhida por Ele
b) ☐ O povo de Deus estava proibido de adotar as práticas cultuais 
dos nativos cananeus
c) ☐ O povo de Deus não devia consumir sangue como faziam os 
nativos cananeus, somente se fosse de modo sacrificial
d) ☐ O povo de Deus era proibido em adotar outras práticas cultuais 
cananéias, tal como o sacrifício humano
11. Entre os oficiais religiosos de Israel estavam
a) ☐ Os juízes, sacerdotes e profetas 
b) ☐ Os profetas somente 
c) ☐ Os juízes e oficiais
d) ☐ Os sacerdotes e levitas 
12. Quanto ao homicídio, é incerto dizer que
a) ☐ Se o ato fosse intencional o homicida devia ser capturado e 
morto pelo vingador da parte afligida
b) ☐ Se fosse premeditação dolosa, aquele que o cometia podia 
fugir para uma cidade de refúgio designada até que o caso 
fosse julgado 
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Números - Deuteronômio
218 •	Capítulo	4
c) ☐ Nem todo homicídio era assassinato
d) ☐ Deviam ser tratados caso a caso 
13. Local onde Moisés viu toda a terra da promessa, negada a ele por 
causa de seu pecado, e morreu
a) ☐ Monte Hor
b) ☐ Monte Nebo (ou Pisga)
c) ☐ Monte Seir 
d) ☐ Monte Ararate
Marque “C” para certo e “E” para errado
14.( ) Qualquer profeta que amaldiçoasse o povo de 
Deus, fazendo-o afastar-se de Deus, mesmo que 
viesse de dentro de Israel, devia ser morto
15.( ) Os Dez Mandamentos sublinham que Deus exige não só 
respeito do povo, mas respeito para com outros povos
16.( ) Deuteronômio foi dirigido especificamen-
te para uma geração um pouco velha de Is-
rael prestes a entrar na terra prometida
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