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Aula 1 
 PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO 
 A psicologia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa razão. Portanto, 
 etimologicamente, psicologia significa 'estudo da alma'" (Bock; Furtado; Teixeira, 1999, p. 32-33). 
 O campo psicológico constitui uma ciência com o objetivo de explicar como o ser humano pode 
 conhecer e interpretar a si mesmo, assim como interpretar e conhecer o mundo em que vive, 
 incluindo a interação entre indivíduos, a relação com a natureza, objetos e os sistemas sociais, 
 econômicos e políticos aos quais estão inseridos. Seu objeto de estudo está centralizado nos seres 
 vivos que estabelecem trocas simbólicas com o meio ambiente. 
 A história da Psicologia abrange cerca de dois milênios, com raízes filosóficas e fisiológicas. As 
 raízes remontam aos grandes filósofos da Grécia antiga, como Sócrates, Platão e Aristóteles, que 
 levantaram questões fundamentais sobre a vida mental, como a natureza da consciência, se as 
 pessoas são inerentemente racionais ou irracionais e a existência do livre-arbítrio (Hoeksema et al ., 
 2012, p. 5). 
 Na filosofia, diversas concepções sobre o conhecimento buscam explicações apoiando-se em outras 
 ciências, como a Psicologia. Schultz e Schultz (2014) afirmam que o interesse pela psicologia 
 remonta aos primeiros pensadores, resultando em obras filosóficas motivadas pelo fascínio pelo 
 nosso próprio comportamento e especulações sobre a natureza e conduta humanas (Schultz; 
 Schultz, 2014, p. 15). A filosofia busca o conhecimento racional das coisas e dos seres humanos, 
 com raízes nos filósofos gregos, especialmente Platão (400 a.C.), continuando o debate sobre esse 
 conceito com René Descartes (século XVII), John Locke (século XVII), David Hume (século XVIII) e 
 Immanuel Kant (século XVIII). 
 A Psicologia também tem suas raízes nos conhecimentos fisiológicos, Hipócrates, o "pai da 
 medicina", contemporâneo de Sócrates, contribuiu significativamente para o desenvolvimento da 
 Psicologia ao estudar as funções do organismo vivo, especialmente as relações entre o cérebro e os 
 órgãos. Suas observações fundamentais lançaram as bases para a perspectiva biológica na 
 Psicologia (Hoeksema et al ., 2012, p. 5). 
 Observe a figura a seguir: 
 Platão e Descartes concebiam a inteligência racional como inata, sendo para Descartes a "assinatura 
 do Criador na criatura". Essa visão fundamenta o racionalismo de Descartes, que preconizava que a 
 1 
 verdade só poderia ser conhecida através do uso da razão. Em contrapartida, Locke e Hume 
 argumentam que nascemos com a mente como uma "tábula rasa", defendendo que a experiência 
 molda nossas mentes, imprimindo nelas um conjunto de conhecimentos (Chauí, 1995, p. 71). 
 Descartes (1596-1650) adotava uma perspectiva inatista, o conhecimento já nasce com o sujeito e irá 
 amadurecer com o tempo. Ele propunha uma abordagem dualista, distinguindo a mente (mundo 
 mental) do corpo (mundo material ou físico). Essa visão implicava que essas entidades têm 
 naturezas distintas, embora interajam entre si (Schultz; Schultz, 2014). 
 No cenário britânico, John Locke (1632-1704), alinhado ao empirismo, defende que a mente se 
 desenvolve progressivamente pela acumulação de experiências sensoriais. Ele acreditava que, ao 
 nascermos, a mente é uma página em branco enriquecida por experiências sensoriais, 
 fundamentando assim a ideia de que todo conhecimento tem origem em experiências empíricas 
 (empirismo) (Schultz; Schultz, 2014, p. 44). 
 David Hume (1711-1776), também defensor do empirismo, concebia a mente como um fluxo de 
 ideias e introduziu as leis de associação, destacando a semelhança ou similaridade e a continuidade 
 no tempo e espaço. Ele afirmava que quanto mais semelhantes e próximas no tempo e espaço, mais 
 prontamente duas ideias se associam (Schultz; Schultz, 2014, p. 49). Resumidamente, Hume 
 enfatizava a associação de ideias como a base fundamental para o entendimento humano. 
 Posteriormente, os pressupostos filosóficos de Kant (1724-1804) revolucionaram essas concepções. 
 A abordagem epistemológica de Kant foi um divisor de águas. Ele compreende o conhecimento como 
 algo derivado da razão, não sendo inato nem adquirido por meio da experiência. A razão, 
 preexistente à experiência, é uma estrutura vazia, igual e universal para todos. As experiências 
 fornecem os conteúdos, e a razão confere a esses conteúdos sua forma. 
 Esse debate ainda persiste nos dias atuais. Hoeksema et al . (2012) classifica esse debate como 
 natureza/criação, ou seja, se as capacidades humanas são inatas ou adquiridas. A visão da natureza 
 sustenta que o ser humano possui um estoque inato de conhecimento e compreensão da realidade. 
 Por outro lado, a visão de criação argumenta que o conhecimento é adquirido por meio de 
 experiências e interações com o meio. 
 No século XIX, a ciência torna-se crucial para explicar diversos fatores, como os sociais, físicos, 
 naturais e comportamentais. Isso se deve à insuficiência das explicações exclusivamente religiosas e 
 abstratas. A transformação econômica e social, impulsionada pela consolidação do capitalismo, 
 também implica o avanço da ciência. 
 Nesse contexto, a Psicologia emerge como uma disciplina científica, desvinculando-se 
 progressivamente dos conhecimentos filosóficos. A psicologia moderna, originada na Alemanha no 
 final do século XIX, teve um marco importante com a fundação do "Laboratório de Psicologia 
 Experimental", em Leipzig, por Wilhelm Wundt, em 1879. Ele é considerado o fundador da psicologia 
 experimental, focando em processos mentais conscientes por meio de observação sistemática e 
 introspecção. 
 Wundt estabeleceu objetivos para a psicologia experimental, incluindo a análise dos processos 
 conscientes, a determinação de seus elementos básicos, o estudo de sua síntese e organização e a 
 descoberta das leis de conexão que governavam sua orientação. 
 Wundt e outros estudiosos, como Weber, Fechner, Edward B. Titchener e William James, 
 estabeleceram novos padrões para a psicologia. Eles buscaram definir o objeto de pesquisa, 
 2 
 delimitar o campo de estudo em relação a outras áreas, formular métodos de estudo e desenvolver 
 teorias consistentes (Bock; Furtado; Teixeira, 2008, p. 41). 
 Apesar de ter surgido na Alemanha, os estudos da psicologia científica crescem nos Estados Unidos, 
 onde surgiram as primeiras abordagens, existentes até os dias atuais. São elas: o Estruturalismo 
 (Edward Titchener), o Funcionalismo (William James) e o Associacionismo (Edward Thorndike). 
 Vamos conhecê-las: 
 ● Estruturalismo: formulado por Titchener (psicólogo treinado por Wundt), possui como ramo 
 de pesquisa a análise das estruturas mentais. O problema da Psicologia era a análise dos 
 fenômenos mentais que Titchener dividiu em três classes: sensações, imagens e 
 sentimentos (Carpigiani, 2010, p. 64). 
 ● Funcionalismo: em 1890, Willian James definiu a Psicologia como “a ciência da vida mental, 
 abrangendo tanto seus fenômenos como as suas condições”. O Funcionalismo teve como 
 propósito compreender o comportamento e suas inter-relações, como também compreender 
 a consciência(Carpigiani, 2010, p. 64). 
 ● Associacionismo: traz como principal representante Edward Thorndike. Essa corrente 
 psicológica traz como concepção a aprendizagem que acontece por meio de um processo de 
 associação de ideias, em que o indivíduo deve partir das mais simples de um determinado 
 tema, indo até as mais complexas. 
 Aula 2 
 UMA BREVE RETROSPECTIVA SOBRE A PSICANÁLISE 
 Você já deve ter ouvido a frase “Freud explica”, mas o que será que Freud explica? Vamos 
 conhecer? Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense que mudou, radicalmente, o 
 modo de pensar a vida psíquica. Freud elegeu as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, 
 a interioridade do homem como temas da investigação científica. A investigação sistemática 
 desses temas levou Freud à criação da psicanálise. 
 Segundo Bock (2018, p. 37), “o termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um 
 método de investigação e a uma prática profissional”. Seus pressupostos partem da 
 descoberta do inconsciente. Em 1900, no livro A interpretação dos sonhos, Freud 
 apresentou a primeira concepção sobre a estrutura e o funcionamento psíquicos. Essa 
 teoria refere-se à existência de três sistemas ou instâncias psíquicas: inconsciente, 
 pré-consciente e consciente. 
 3 
 Inconsciente Pré-consciente Consciente 
 Conjunto de conhecimentos 
 não presentes no campo 
 atual da consciência. É 
 constituído por conteúdos 
 reprimidos, que não têm 
 acesso aos sistemas 
 pré-consciente/consciente, 
 pela ação de censuras 
 internas. Esses conteúdos 
 podem ter sido conscientes, 
 em algum momento, e 
 terem sido reprimidos. 
 Refere-se ao sistema em 
 que permanecem os 
 conteúdos acessíveis à 
 consciência. É aquilo que 
 não está na consciência 
 naquele momento, mas no 
 momento seguinte pode 
 estar. 
 É o sistema do aparelho 
 psíquico que recebe ao 
 mesmo tempo as 
 informações do mundo 
 exterior e do mundo interior. 
 Quadro 1 | Estrutura e o funcionamento psíquicos. Fonte: elaborada pela autora. 
 Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os conceitos de 
 id, ego e superego para referir-se aos sistemas da personalidade. Essas instâncias 
 representam as forças psíquicas que moldam o comportamento humano e influenciam a 
 personalidade. 
 ● Id (Isso): 
 ○ O Id é a parte mais primitiva e instintiva da mente. 
 ○ Opera de acordo com o princípio do prazer, buscando gratificação imediata 
 de desejos e necessidades básicas, sem considerar as consequências 
 sociais ou morais. 
 ○ Age de forma impulsiva e irracional, representando os instintos mais 
 fundamentais, como fome, sede e impulsos sexuais. 
 ● Ego (Eu): 
 ○ O Ego é responsável pela mediação entre as demandas do Id e as restrições 
 da realidade externa. 
 ○ Opera de acordo com o princípio da realidade, buscando satisfazer os 
 desejos do Id de maneira socialmente aceitável e realista. 
 ○ Desenvolve estratégias, toma decisões e equilibra as demandas conflitantes 
 do Id e do Superego. 
 ● Superego (Supereu): 
 ○ O Superego representa as normas morais e sociais internalizadas, 
 funcionando como a voz da consciência. 
 4 
 ○ Desenvolve-se a partir das influências parentais e sociais, incorporando 
 padrões éticos e valores transmitidos culturalmente. 
 ○ Age como um juiz interno, recompensando comportamentos moralmente 
 aceitáveis e punindo comportamentos considerados inadequados. 
 Essas três instâncias interagem dinamicamente na mente, influenciando o comportamento e 
 a personalidade de uma pessoa. O equilíbrio entre o Id, o Ego e o Superego é essencial 
 para a saúde psicológica, e os conflitos entre essas partes podem resultar em ansiedade, 
 comportamentos compulsivos ou mecanismos de defesa psicológica. A compreensão 
 dessas estruturas proporciona uma base valiosa para a análise psicanalítica e a 
 compreensão das motivações subjacentes ao comportamento humano. 
 A descoberta da sexualidade infantil 
 Freud em suas investigações na prática clínica sobre as causas e o funcionamento das 
 neuroses, descobriu que a maioria dos pensamentos e desejos reprimidos se referia a 
 conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos, isto é, na 
 vida infantil estavam as experiências de caráter traumático. Segundo Bock (2018), 
 confirmava-se que as ocorrências desse período da vida deixam marcas profundas na 
 estruturação da pessoa. 
 As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica, nesse sentido, “o 
 indivíduo, nos primeiros anos de vida, encontra o prazer no próprio corpo” (Bock, 2018, p. 
 41), e há um desenvolvimento progressivo que levou Freud a postular as fases do 
 desenvolvimento sexual em: 
 ● Fase Oral (0-1 ano): 
 ○ Durante o primeiro ano de vida, a boca é a principal zona erógena. 
 ○ A principal fonte de prazer é a amamentação ou a alimentação, e o bebê 
 aprende a obter satisfação através da boca. 
 ● Fase Anal (1-3 anos): 
 ○ A ênfase muda para a região anal, e o controle dos esfíncteres torna-se uma 
 fonte de conflito e prazer. 
 ○ A criança começa a explorar o controle sobre suas funções corporais, 
 desenvolvendo um senso de autonomia. 
 ● Fase Fálica (3-6 anos): 
 ○ O foco da zona erógena muda para os genitais. 
 ○ Nesta fase, ocorre o Complexo de Édipo, onde as crianças desenvolvem 
 atração pelo progenitor do sexo oposto e rivalidade com o progenitor do 
 mesmo sexo. 
 ● Período de Latência (6 anos até a puberdade): 
 ○ A energia sexual é reprimida e direcionada para atividades sociais e 
 educacionais. 
 ○ Não há um foco significativo na sexualidade durante esse período. 
 ● Fase Genital (puberdade em diante): 
 ○ Início da maturidade sexual. 
 ○ A energia sexual é redirecionada para relacionamentos românticos e 
 atividades sexuais maduras. 
 5 
 O Complexo de Édipo refere-se a um estágio do desenvolvimento psicossexual que ocorre 
 por volta dos 3 aos 6 anos de idade. Durante essa fase, segundo Freud, as crianças 
 experimentam sentimentos ambíguos e conflitantes em relação aos pais, mais 
 especificamente desenvolvendo atração inconsciente pelo progenitor do sexo oposto 
 (Complexo de Édipo positivo) e rivalidade com o progenitor do mesmo sexo. 
 Para Freud, esse conflito é considerado crucial no desenvolvimento da personalidade, 
 influenciando a formação de normas morais, identidade de gênero e relacionamentos 
 futuros. O processo de resolução do Complexo de Édipo envolve a internalização das 
 regras sociais e a aceitação da autoridade dos pais, formando a base para o 
 desenvolvimento do Superego, a instância psíquica responsável pela moralidade e 
 consciência. O Complexo de Édipo é central na teoria freudiana, embora tenha sido 
 criticado e reinterpretado ao longo do tempo. 
 Como apresentado anteriormente, p ara contextualizar alguns elementos da psicanálise que 
 você aprendeu nesta aula, vamos considerar uma situação comum na infância: a vontade 
 de uma criança de pegar um brinquedo que pertence a um colega enquanto estão 
 brincando juntos. 
 Id: Imagine uma criança que se chama Ana, cujo Id está predominando nesse momento. 
 Ela está totalmente focada no desejo imediato de ter o brinquedo que o colega está usando. 
 O Id de Ana está impulsionando-a a satisfazer seu desejo sem se preocupar com as 
 consequências ou com os sentimentos do colega. 
 Superego: Por outro lado, o Superego de Anaentra em cena. Internalizando as normas 
 sociais e morais que aprendeu, o Superego adverte Ana sobre o comportamento 
 inadequado de pegar o brinquedo sem permissão. Ele destaca que isso não é justo e que 
 ela deve respeitar os sentimentos do colega. 
 Ego: O Ego de Ana tenta mediar esse conflito. Ele reconhece o desejo do Id de ter o 
 brinquedo, mas também está ciente das regras sociais internalizadas pelo Superego. O Ego 
 procura uma solução equilibrada, como pedir educadamente ao colega para compartilhar o 
 brinquedo ou esperar sua vez. 
 Nessa situação, há um conflito entre as forças internas de Ana. O Id busca a gratificação 
 imediata, o Superego impõe as normas morais aprendidas e o Ego tenta equilibrar essas 
 forças para encontrar uma solução aceitável socialmente. 
 Esse exemplo ilustra como, desde cedo, as crianças começam a enfrentar conflitos 
 psicológicos internos, moldando o desenvolvimento de suas personalidades e habilidades 
 sociais. 
 6 
 Aula 3 
 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA ESCOLAR 
 Estudante, a escola desempenha um papel fundamental na educação formal e, ao longo da 
 história, enfrentou diversos desafios que demandam uma abordagem cuidadosa, reflexiva e 
 crítica por parte dos profissionais da educação. É essencial estabelecer um diálogo e uma 
 articulação contínuos, especialmente com diversas áreas do conhecimento, incluindo a 
 Psicologia. 
 Conforme destacado por Nogaro e Eidt (2015, p. 156), "a educação em si não existe: ela se 
 materializa no contexto e nas relações vividas na sociedade e é concretizada por sujeitos 
 humanos". Isso ressalta a importância de compreender que a educação não é uma entidade 
 isolada, mas sim algo que se manifesta nas interações e dinâmicas sociais. 
 Portanto, é crucial que os profissionais da educação estejam atentos às nuances do 
 contexto em que estão inseridos, promovendo um ensino que esteja alinhado com as 
 necessidades e realidades dos sujeitos envolvidos. O diálogo constante e a colaboração 
 com diversas disciplinas, como a Psicologia, enriquecem essa abordagem, proporcionando 
 uma compreensão mais holística e eficaz do processo educacional. 
 Na história da educação brasileira, desde a colônia, o ensino visava formar um padrão de 
 homem moldável e civilizado. Infelizmente, nos dias atuais, muitas vezes nos deparamos 
 com o currículo, a organização dos espaços e dos tempos no cotidiano escolar sendo 
 considerados sob uma perspectiva de controle, em vez de aprendizagens. 
 O encontro da Psicologia com a educação formal ocorre dentro dessa ideologia de controle, 
 enraizada em uma tradição positivista. Em outras palavras, os conhecimentos da Psicologia 
 chegam à instituição escolar por meio de diagnósticos, instrumentos e laudos excludentes e 
 de controle, psicologizando e patologizando as queixas escolares (Oliveira-Menegotto; 
 Fontoura, 2015). 
 Como apontam Barbosa e Souza (2012), a Psicologia Educacional no Brasil impregnou-se 
 dos princípios do movimento higienista, no início até meados do século XX, tendo como 
 propósito diferenciar os sujeitos mentalmente saudáveis daqueles que não o eram, 
 legitimando o psicólogo, por possuir condições de manejar instrumentos científicos restritos 
 ao seu campo, a diferenciar os sujeitos aptos dos não aptos. Tal perspectiva da Psicologia 
 era eminentemente clínica e de caráter individual, e servia aos propósitos de ajustamento e 
 de classificação, não levando em consideração a crítica e a compreensão social (Silva, 
 Pedro, Silva, Rezende, & Barbosa, 2013; Wanderer, & Pedroza, 2010). O social, por sua 
 vez, era somente levado em consideração, na medida em que a preocupação girava em 
 torno de normalizar e adaptar o sujeito para o convívio em sociedade (Angelucci, Kalmus, 
 Paparelli, & Patto, 2004; Barbosa, 2012; Tuleski, & cols., 2005). (Oliveira-Menegotto; 
 Fontoura, 2015, p. 379) 
 O campo da Psicologia Educacional se consolidou através de um olhar sobre a criança que 
 não aprende. "As primeiras aproximações entre a Psicologia e a escola pautaram-se numa 
 7 
 visão associacionista e mecanicista, a partir de ideias deterministas e dicotômicas acerca da 
 aprendizagem e do desenvolvimento humano" (Oliveira-Menegotto; Fontoura, 2015, p. 380). 
 Conforme Oliveira-Menegotto e Fontoura (2015, p. 380), a história da Psicologia 
 Educacional e Escolar brasileira é dividida em períodos históricos, que são: 
 1. Colonização, saberes psicológicos e Educação (1500-1906). 
 2. A Psicologia em outros campos de conhecimento (1906-1930). 
 3. Desenvolvimentismo – a Escola Nova e os psicologistas na Educação (1930-1962). 
 4. A Psicologia Educacional e a Psicologia do Escolar (1962-1981). 
 5. O período da crítica (1981-1990). 
 6. A Psicologia Educacional e Escolar e a reconstrução (1990-2000). 
 7. A virada do século: novos rumos? (2000 – até os dias atuais). 
 Como em todas as ciências, existem movimentos de resistência, e foi a partir dessas ideias 
 contrárias que a Psicologia e a escola, aos poucos, superaram a lógica determinista, 
 dicotômica e segregacionista do processo de aprendizagem e desenvolvimento humano. 
 Uma nova percepção sobre o aluno emergiu na década de 1970, graças a profissionais da 
 Educação e da Psicologia, que passaram a considerar fatores de natureza histórica, social, 
 cultural, política e econômica nos processos de aprendizagem e desenvolvimento humano. 
 A Psicologia, como ciência, começou a contribuir com a educação a partir de outro 
 paradigma, enxergando o aluno em sua totalidade, e o erro não é mais interpretado pelo 
 viés patológico, mas sim como um processo inerente ao aprendizado (Valle, 2003). 
 Portanto, as contribuições do campo da Psicologia da Educação no contexto educacional 
 iniciaram um processo de inclusão, considerando a totalidade do indivíduo e reconhecendo 
 o contexto educacional de forma social, cultural, econômica e política. Embora não 
 possamos afirmar que as linhas e pensamentos higienistas, excludentes e segregativos 
 foram totalmente extintos na Psicologia e Educação, podemos afirmar que a produção 
 científica nas duas áreas tem evoluído cada vez mais no sentido de considerar a 
 pluralidade, a totalidade e a interdisciplinaridade, contemplando todos os protagonistas do 
 contexto escolar. 
 A busca e o grande desafio do campo da Psicologia Educacional e Escolar não devem ser 
 o motivo pelo qual o aluno não aprende, mas sim entender como ocorre o processo que 
 leva a esse resultado. 
 Desde o início deste texto, referimo-nos à Psicologia Educacional e Escolar, mas qual é a 
 diferença? As diferenciações entre Psicologia Educacional e Psicologia Escolar surgem 
 devido ao objeto de interesse, às finalidades e aos métodos de investigação e/ou 
 intervenção (Barbosa; Souza, 2012). 
 É necessário considerar a diversidade de concepções, abordagens e sistemas teóricos que 
 constituem as várias produções de conhecimento. Dessa forma, a definição adotada nesta 
 disciplina tem como embasamento teórico a definição de Antunes (2007). A Psicologia 
 Educacional é uma subárea de conhecimento da Psicologia, com vocação para a produção 
 de saberes relativos ao fenômeno psicológico constituinte do processo educativo. A 
 Psicologia Escolar define-se pelo âmbito profissional e refere-se a um campo de ação 
 8 
 determinado, ou seja, a escola e as relações que aí se estabelecem; fundamenta sua 
 atuação nos conhecimentos produzidos pela Psicologia da Educação, por outras subáreas 
 da psicologia e por outras áreas de conhecimento (Barbosa; Souza, 2012). 
 Essa definição não deve ser vista apenas como a Psicologia Educacional atuando no nível 
 teórico e a Psicologia Escolar em nível prático. São recortes e olhares diferenciados, 
 dependentes, que se complementam e derivam da mesma área, com o objetivo de 
 contribuir para a educação. 
 Para sintetizar as contribuiçõesmais importantes dessas subáreas da Psicologia para a 
 educação, é fundamental definir o ponto de vista que estamos adotando. Nesse sentido, 
 vamos abordar a questão a partir da perspectiva de uma educação dialógica, crítica, 
 reflexiva e da democratização do saber. 
 Nessa perspectiva, a Psicologia Educacional e Escolar contribui para o contexto 
 educacional por meio de pesquisas, participação, observação e intervenção, sendo crucial o 
 enfoque colaborativo e interdisciplinar. De acordo com Antunes (2007) e Oliveira-Menegotto; 
 Fontoura (2015), suas contribuições incluem: 
 ● Facilitação do acesso e criação de condições para a permanência de todos os 
 educandos na escola. 
 ● Transformação da escola com foco em condições efetivas de escolarização. 
 ● Tradução do princípio de educação inclusiva, incorporando não apenas a educação 
 de alunos com deficiência, mas também todos aqueles que, por diversos motivos, 
 são excluídos da escola e de seus benefícios. 
 ● Consideração da educação como constituída por múltiplos determinantes, incluindo 
 fatores de ordem psicológica. 
 ● Compreensão do processo de ensino e aprendizagem e sua articulação com o 
 desenvolvimento, fundamentada na concreticidade humana (determinações 
 sócio-históricas), compreendida a partir das categorias totalidade, contradição, 
 mediação e superação. 
 ● Compreensão dos fatores presentes no processo educativo através de mediações 
 teóricas "fortes", garantindo uma relação indissolúvel entre teoria e prática 
 pedagógica cotidiana. 
 ● Compreensão do educando a partir da perspectiva de classe e em suas condições 
 concretas de vida, uma condição necessária para construir uma prática pedagógica 
 verdadeiramente inclusiva e transformadora. 
 ● No reconhecimento do educador/professor como sujeito do processo educativo, o 
 que se traduz na necessidade de mudanças profundas nas políticas de formação 
 inicial e continuada desse protagonista fundamental da educação. 
 ● No domínio do referencial teórico da psicologia necessário à educação, mediatizado 
 por conhecimentos próprios do campo educativo e de áreas de conhecimento 
 correlatas. 
 ● Na criação de espaços de fala e escuta dos fenômenos escolares, envolvendo os 
 atores que fazem parte desse cenário. 
 ● Na relevância da intersubjetividade, do vivido, da experiência. 
 ● Na escuta do não dito, com o objetivo de compreender a instituição em sua 
 complexidade, pois a complexidade não é intrínseca ao fenômeno, mas ao olhar que 
 é colocado sobre ele. 
 9 
 ● Em criar um espaço para escutar as demandas da escola, desenvolvendo formas de 
 reflexão dentro e sobre a escola, considerando todos os envolvidos. 
 ● Sem deixar de considerar o contexto político, econômico, social, cultural e histórico 
 em que os indivíduos estão inseridos. 
 Atualmente, o grande desafio da educação e da Psicologia é compreender o indivíduo, seu 
 desenvolvimento e suas aprendizagens em um contexto de transformações rápidas, com 
 grandes avanços tecnológicos e valores diferenciados. O educador minimamente atento 
 percebe o vazio na cultura contemporânea hipermoderna e as perturbadas manifestações 
 juvenis de indisciplina e rebeldia, o individualismo exacerbado (narcisismo), a crise de 
 identidade, a banalização do corpo e dos valores, a indolência, as desagregações e as 
 violências de toda ordem. "A velocidade das mudanças na Psicologia e Educação e os 
 novos meios de comunicação, turbinados pelas novas tecnologias, contribuem para a 
 intensificação e agravamento desses problemas" (Casali, 2015, p. 30 apud Nogaro; Eidt, 
 2015, p. 158). 
 Em uma sociedade denominada por Zygmunt Bauman de sociedade líquida, caracterizada 
 pelo sociólogo como uma sociedade onde os paradigmas são voláteis, os modelos não 
 duráveis e a liquidez substituem aquilo que é sólido, qual é o compromisso da escola? 
 A escola deve ter como compromisso promover o esclarecimento, a reflexão crítica e 
 consciente, além de proporcionar novas perspectivas. É necessário que a escola construa 
 espaços e dê voz aos indivíduos para discutir e dialogar sobre a vida que desejam viver, 
 abordando questões e polêmicas contemporâneas de todas as naturezas – econômicas, 
 políticas, sociais, culturais e históricas – sem rótulos e preconceitos. 
 Como apresentado no início da aula, i magine a seguinte situação, um professor 
 universitário propôs à sua turma dividir-se em dois grupos. Ambos devem aprofundar seus 
 estudos sobre a Psicologia da Educação e Educação Escolar. Entretanto, a parte específica 
 consiste em um grupo imerso na Psicologia da Educação e o outro imerso na Psicologia 
 Escolar. Eles devem utilizar a rede de aprendizagens, colaborar, interagir e compartilhar as 
 aprendizagens. 
 Existem diferenças quando se fala em Psicologia Escolar e Psicologia Educacional/da 
 Educação? Qual é o histórico das proximidades entre a ciência da Psicologia e a ciência da 
 Educação? Como podemos considerar as contribuições da Psicologia para o contexto 
 educacional na atualidade? 
 É importante iniciar a construção sistematizada dessa aprendizagem entendendo a escola 
 como espaço legítimo da educação formal ao longo da história. 
 Em seguida, deve-se contextualizar historicamente o encontro da Psicologia com a 
 Educação formal. Como os conhecimentos da Psicologia chegam até a Instituição Escolar? 
 Quais são os períodos históricos da História da Psicologia Educacional e Escolar brasileira? 
 Torna-se fundamental também compreender as diferenciações entre Psicologia Educacional 
 e Psicologia Escolar, considerando o objeto de interesse, as finalidades e os métodos de 
 investigação e/ou intervenção. 
 10 
 Aula 4 
 PRÁTICAS EDUCATIVAS COMO CONTEXTOS DE 
 DESENVOLVIMENTO 
 Até agora, nos dedicamos a entender a Psicologia da Educação e da Aprendizagem como 
 uma disciplina nuclear da teoria educacional para que você pudesse delimitar com clareza o 
 seu objeto de estudo e, consequentemente, como ela se constitui como uma 
 disciplina-ponte entre a Psicologia e a Educação. Agora, nosso objetivo de aprendizagem é 
 entender, do ponto de vista da psicologia da educação, como as práticas educativas 
 familiares, sociais e escolares impactam o desenvolvimento da criança. Para chegarmos a 
 esse objetivo, vamos conhecer uma situação-problema? 
 A disciplina Seminário, que compõe a estrutura do curso de Licenciatura, propõe aos alunos 
 o desafio de compreender a contribuição e influência da família, da escola e das relações 
 sociais na formação do cidadão. 
 Para dialogarmos sobre essa situação-problema, podemos partir dos seguintes 
 questionamentos: qual é a natureza social e a função socializadora da educação? Quais 
 são as práticas educativas e os âmbitos da educação? Quais são as práticas educativas na 
 família (sistema e funções)? Qual é a importância das relações sociais no desenvolvimento 
 do indivíduo? Imagine-se como aluno da disciplina mencionada e realize a leitura pensando 
 nessas questões, vamos começar? 
 Segundo Savater (2005, p. 33), o aprendizado vai além da mera interação direta com as 
 coisas. Parte do conhecimento provém dessa experiência, no entanto, o que define o ser 
 humano não é apenas o ato de aprender, mas, mais significativamente, a capacidade de 
 aprender com outros seres humanos, de ser ensinado por eles. O autor argumenta que 
 nosso verdadeiro educador não é o mundo material, os eventos naturais ou a chamada 
 "cultura" com seus rituais e suas técnicas, mas sim a conexão intersubjetiva com outras 
 consciências (Savater, 2005, p. 34). 
 O desenvolvimento pessoal, então, surge da interação entre a bagagem biológica e cultural, 
 mediada pelos sujeitos do contexto social. A bagagem biológica, representada pelo código 
 genético, é notavelmente flexível e exerce pouco controle sobre o comportamento futuro do 
 indivíduo (Salvador et al ., 1999, p. 142). Por outro lado, a bagagem cultural refere-se às 
 experiências proporcionadas pelo gruposocial. 
 Portanto, a compreensão do desenvolvimento humano deve abranger um sistema global e 
 integrado, considerando as inter-relações entre o biológico, o social, o fisiológico e o 
 cultural. Ao estudar essas interações, a educação ganha condições mais sólidas para 
 compreender o processo educacional dos indivíduos. 
 O conceito de "desenvolvimento" está intrinsecamente ligado aos aspectos culturais e 
 sociais, tornando crucial a consideração dos vínculos entre aprendizagem, cultura e 
 11 
 desenvolvimento. A educação, conforme Salvador et al . (1999, p. 143), é a "chave que 
 explica essas relações". Reflita: 
 [...] o fato de ensinar a nossos semelhantes e de aprender com nossos semelhantes é mais 
 importante para o estabelecimento de nossa humanidade do que qualquer um dos 
 conhecimentos concretos que assim perpetuam ou se transmitem. (Savater, 2005, p. 35) 
 É evidente a função socializadora da educação, que nos permite conservar, compartilhar e 
 aprofundar na nossa cultura, fazendo-nos partícipes do conjunto de valores, de normas, de 
 estratégias e conhecimentos próprios do grupo social que nos acolhe; é evidente também a 
 sua natureza social (Salvador et al ., 1999, p. 143). 
 Nesse sentido, 
 [...] A realidade dos nossos semelhantes implica que todos nós protagonizamos a mesma 
 história: eles contam para nós, contam-nos coisas e, com sua escuta, tornam significativa a 
 história que nós também vamos contando. Ninguém é sujeito na solidão e no isolamento, 
 sempre se é sujeito entre outros sujeitos: o sentido da vida humana não é um monólogo, 
 mas provém do intercâmbio de sentidos, da polifonia oral. Antes de mais nada a educação é 
 a revelação dos outros, da condição humana como um concerto de cumplicidade 
 inevitáveis. (Savater, 2005, p. 38) 
 O primeiro ambiente educativo no processo de formação humana é o contexto familiar. 
 Além disso, o ambiente escolar é meticulosamente planejado para influenciar 
 intencionalmente o desenvolvimento do indivíduo. Na esfera familiar, a educação se 
 desenrola por meio de situações cotidianas e habituais. Já no ambiente escolar, a formação 
 humana acontece por meio de situações educativas formais e intencionais, mediadas por 
 um currículo escolar. 
 O que queremos destacar aqui é que a educação, em sentido amplo, não se limita ao 
 processo de escolarização. Ela vai além à medida que alcança suas finalidades de 
 socialização e individualização progressiva. No campo educacional, reconhecemos a 
 educação como um fenômeno social complexo, ocorrendo em três universos distintos. A 
 educação se desdobra em três instâncias, com distinções e delimitações mantidas por 
 linhas tênues que as distinguem e entrelaçam: são as instâncias informal, formal e não 
 formal. 
 ● A educação formal é um processo sistemático de escolarização, inserido em um 
 sistema educativo e um currículo escolar específico para esse fim. O processo 
 educativo é intensamente organizado, planejado e sistemático, visando atingir 
 objetivos específicos. 
 ● A educação informal, segundo Trilla (1993, p. 22), consiste em "processos 
 educativos produzidos de maneira indiferenciada e subordinada a outros objetivos e 
 processos sociais, nos quais a função educativa não é dominante, não possuindo 
 uma especificidade. São processos em que a educação se produz de maneira 
 difusa". 
 ● A educação não formal é aquela em que os processos educativos ocorrem de 
 maneira indiferenciada e subordinada a objetivos sociais. Conforme afirma Trilla 
 12 
 (1993, p. 23), "[...] são processos em que a educação se produz de uma maneira 
 difusa". 
 Modelo ecológico (bioecológico) 
 O modelo ecológico do desenvolvimento humano proposto por Bronfenbrenner (1979) nos 
 indica os contextos (ambientes) nos quais a criança se desenvolve: microssistema, 
 mesossistema ou exossistema. 
 ● Microssistema: refere-se ao conjunto de atividades, papeis e relações interpessoais 
 experimentados pelo sujeito em seu contexto ou espaço, incluindo relações 
 familiares e institucionais. 
 ● Mesossistema: representa as interações entre dois ou mais contextos nos quais o 
 sujeito participa ativamente. 
 ● Exossistema: engloba contextos nos quais o sujeito não está diretamente 
 envolvido. 
 ● Macrossistema: envolve o conjunto de valores culturais de um grupo social. 
 Bronfenbrenner (1979) nos oferece insights valiosos sobre os contextos de 
 desenvolvimento, enfatizando que tanto a família quanto a escola precisa proporcionar à 
 criança a incorporação gradual de padrões de atividade complexos e envolvê-la em 
 atividades em que participa com o auxílio de outros, mas de maneira independente. 
 Dessa maneira, podemos entender que o processo educativo assume diversas formas e se 
 desenrola em variados contextos. As práticas educativas nesses ambientes desempenham 
 um papel crucial no desenvolvimento pessoal do sujeito, pois a aprendizagem ocorre à 
 medida que ele se apropria de forma pessoal da realidade e reestrutura seu conhecimento, 
 reconhecendo que esse processo é não apenas cognitivo, mas também social. 
 No ambiente escolar, os alunos adquirem aprendizagens por meio da educação formal, que 
 é intencional e estruturada para desenvolver competências relacionadas ao conhecimento e 
 à aplicação, bem como aos aspectos de ser e conviver. A educação não formal acontece 
 fora desse ambiente, envolvendo meios culturais e de comunicação, enquanto a 
 aprendizagem não formal está muitas vezes associada a um ambiente mais agradável, 
 caracterizado por liberdade, desejo e entretenimento. A educação informal, por sua vez, 
 ocorre espontaneamente no dia a dia, por meio de relações, vivências e experiências. 
 Ao considerarmos o tripé da educação formal, não formal e informal, a Psicologia, não 
 apenas no campo educacional, contribui significativamente para a compreensão das 
 relações intra e interpessoais, subjetividades, desejos, necessidades individuais, relações 
 familiares, escolares, grupais e sociais, além da construção de identidade. 
 A Psicologia como ciência proporciona uma compreensão mais profunda do processo de 
 aprendizagem em diferentes contextos sociais, considerando aspectos fisiológicos, 
 cognitivos e psicossociais dos indivíduos. 
 13 
 Exemplificando, podemos observar como a linguagem dirigida às crianças e o aprendizado 
 de habilidades específicas para se adaptarem a diferentes situações têm impacto na 
 formação, especialmente quando a família considera a criança como um interlocutor ativo, 
 envolvendo-a em tarefas compartilhadas, fazendo toda a diferença nesse processo. 
 O desafio dos alunos da disciplina de Seminário é compreender a contribuição e influência 
 da família, da escola e das relações sociais na formação do cidadão, levando em 
 consideração os seguintes questionamentos: qual é a natureza social e a função 
 socializadora da educação? Quais são as práticas educativas e âmbitos da educação? 
 Quais são as práticas educativas na família (sistema e funções)? Qual é a importância das 
 relações sociais no desenvolvimento do indivíduo? 
 Respondendo às questões iniciais, a educação, em sentido amplo, não se reduz ao 
 processo de escolarização; ela vai além, à medida que suas finalidades (socialização e 
 individualização progressiva) são alcançadas. No campo educacional, reconhecemos que a 
 educação é um fenômeno social complexo que ocorre em três universos tripartidos: 
 educação formal, educação não formal e educação informal. Quais são os contextos desses 
 universos educacionais? 
 Por fim, qual é a reflexão sobre o desenvolvimento e a aprendizagem dos indivíduos, 
 levando em consideração a família, a escola e as relações sociais? Os grupos devem 
 socializar suas aprendizagens de forma interativa! Quem sabe utilizar no momento da 
 socialização algumas dinâmicas, brincadeiras, jogos, entre outros. Éimportante pensar nas 
 formas mais significativas para a socialização das aprendizagens adquiridas. 
 Como primeira mediadora entre o homem e a cultura, a família constitui a unidade dinâmica 
 das relações de cunho afetivo, social e cognitivo que estão imersas nas condições 
 materiais, históricas e culturais de um dado grupo social. Ela é a matriz da aprendizagem 
 humana, com significados e práticas culturais próprias que geram modelos de relação 
 interpessoal e de construção individual e coletiva. Os acontecimentos e as experiências 
 familiares propiciam a formação de repertórios comportamentais, de ações e resoluções de 
 problemas com significados universais (cuidados com a infância) e particulares (percepção 
 da escola para uma determinada família). 
 Essas vivências integram a experiência coletiva e individual que organiza, interfere e a torna 
 uma unidade dinâmica, estruturando as formas de subjetivação e interação social. E é por 
 meio das interações familiares que se concretizam as transformações nas sociedades que, 
 por sua vez, influenciarão as relações familiares futuras, caracterizando-se por um processo 
 de influências bidirecionais, entre os membros familiares e os diferentes ambientes que 
 compõem os sistemas sociais, dentre eles a escola, constituem fator preponderante para o 
 desenvolvimento da pessoa (Dessen; Polonia, 2007, p. 22). 
 Possíveis respostas: 
 A educação possui uma natureza intrinsecamente social, pois é através dela que os 
 indivíduos adquirem conhecimentos, valores, normas e habilidades necessárias para 
 participar efetivamente da sociedade. Além de transmitir conhecimento acadêmico, a 
 14 
 educação desempenha um papel crucial na socialização dos indivíduos. Isso significa que 
 ela ajuda os indivíduos a aprenderem como se comportar dentro de normas culturais e 
 sociais, como interagir com os outros, como desenvolver habilidades de comunicação e 
 como se engajar em processos colaborativos. 
 As práticas educativas referem-se aos métodos e estratégias utilizados para facilitar o 
 aprendizado e o desenvolvimento dos indivíduos. Elas ocorrem em diversos âmbitos: 
 1. Educação Formal: É o tipo de educação que ocorre em instituições educacionais 
 estruturadas, como escolas, universidades e centros de formação profissional. 
 2. Educação Informal: Refere-se ao aprendizado que ocorre fora do ambiente escolar, 
 muitas vezes de maneira não estruturada, através de experiências cotidianas, interações 
 sociais e mídias. 
 3. Educação Não Formal: Está organizada e sistemática, mas ocorre fora do sistema 
 educacional convencional. Exemplos incluem cursos de treinamento profissional, workshops 
 e programas de educação comunitária. 
 A família desempenha um papel fundamental na educação inicial e contínua dos indivíduos. 
 Suas práticas educativas são informais e ocorrem através de: Modelagem de 
 Comportamento, transmissão de valores e normas, suporte emocional e social. As relações 
 sociais desempenham um papel vital no desenvolvimento emocional, cognitivo e 
 comportamental dos indivíduos. 
 Encerramento da Unidade 
 PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO 
 Para desenvolver a competência desta Unidade, que é conhecer e identificar princípios 
 centrais no que se refere à Psicologia, especificamente Psicologia da Educação e 
 Psicologia Escolar, você deve, primeiramente, familiarizar-se com os conceitos que 
 delimitam a psicologia enquanto ciência. Para tanto, realizamos uma viagem pela história da 
 psicologia, buscando situar diferentes perspectivas sobre a aprendizagem e o 
 desenvolvimento. 
 Vimos que o campo psicológico constitui uma ciência com o objetivo de explicar como o ser 
 humano pode conhecer e interpretar a si mesmo, assim como interpretar e conhecer o 
 mundo em que vive, incluindo a interação entre indivíduos, a relação com a natureza, 
 objetos e os sistemas sociais, econômicos e políticos aos quais estão inseridos. Seu objeto 
 de estudo está centralizado nos seres vivos que estabelecem trocas simbólicas com o meio 
 ambiente. 
 Dentre os conteúdos abordados, exploramos um pouco da história da psicanálise e seus 
 conceitos que, ainda hoje, são amplamente discutidos e possuem grande relevância quando 
 pensamos na história da psicologia. Entretanto, visando alcançar a competência proposta, 
 você percebeu que existem diferenças notáveis ao abordar a Psicologia Escolar e a 
 Psicologia Educacional. 
 15 
 Na trajetória da Psicologia Educacional, inicialmente voltada para a criança com 
 dificuldades de aprendizado, as abordagens eram associacionistas e mecanicistas, com 
 visões deterministas e dicotômicas (Oliveira-Menegotto; Fontoura, 2015, p. 380). Na década 
 de 1970, profissionais de Educação e Psicologia trouxeram uma visão mais ampla, 
 considerando fatores históricos, sociais e culturais no processo de aprendizagem. A 
 Psicologia, como ciência, passou a enxergar o aluno integralmente, percebendo o erro não 
 como patológico, mas como parte do aprendizado (Valle, 2003). 
 Reflita 
 Nesse contexto, você considera que a escola, em seu compromisso, deve fomentar 
 esclarecimento, reflexão crítica e oferecer novas perspectivas para a psicologia da 
 educação? Como a Psicologia da Educação, enquanto área de conhecimento, pode 
 subsidiar o trabalho dos professores? 
 O desafio da diversidade na escola 
 Ana, uma professora do ensino fundamental, enfrenta o desafio de lidar com uma turma 
 diversificada, composta por alunos de diferentes origens culturais, sociais e níveis de 
 habilidade. A escola, alinhada com o compromisso de fomentar esclarecimento, reflexão 
 crítica e oferecer novas perspectivas para a psicologia da educação, busca integrar práticas 
 que considerem a complexidade dessa diversidade. 
 Ana decide explorar os princípios da Psicologia Educacional para melhor compreender as 
 necessidades individuais de seus alunos. Ela utiliza abordagens que vão além das visões 
 tradicionais, reconhecendo fatores históricos, sociais e culturais que influenciam o processo 
 de aprendizagem. 
 Ao aplicar esses conceitos, Ana cria estratégias personalizadas para atender às diversas 
 necessidades da turma. Ela utiliza métodos que consideram a troca simbólica dos alunos 
 com o meio ambiente, promovendo uma aprendizagem mais significativa. 
 Além disso, Ana organiza debates abertos sobre questões contemporâneas, incentivando a 
 reflexão crítica entre os alunos. Ela busca criar um ambiente inclusivo, em que as 
 diferenças não são apenas toleradas, mas valorizadas. A psicologia da educação, nesse 
 cenário, subsidia o trabalho de Ana, permitindo uma abordagem mais holística e eficaz para 
 a diversidade em sala de aula. 
 Assim, o compromisso da escola em proporcionar esclarecimento e novas perspectivas se 
 reflete na prática de Ana, demonstrando como a integração da psicologia da educação pode 
 16 
 enriquecer o ambiente escolar e promover o desenvolvimento integral dos alunos. 
 Reflita 
 Diante desse contexto, quais medidas você acha que a escola implementa para que Ana 
 possa trabalhar como descrito? 
 Resolução do estudo de caso 
 Diante dos desafios apresentados por Ana, a escola reconhece a importância de abraçar a 
 diversidade e promover um ambiente inclusivo. Em resposta ao compromisso de fomentar 
 esclarecimento, reflexão crítica e novas perspectivas para a psicologia da educação, 
 algumas medidas são implementadas: 
 ● Formação continuada: a escola investe em programas de formação continuada 
 para os professores, focados na compreensão da diversidade e nas práticas 
 pedagógicas inclusivas. Essa formação busca fortalecer a capacidade dos 
 educadores em aplicar conceitos da Psicologia Educacional de maneira prática.● Recursos pedagógicos diversificados: a escola disponibiliza recursos 
 pedagógicos variados, adaptados para atender às diferentes necessidades dos 
 alunos. Isso inclui materiais que consideram a diversidade cultural, social e de 
 habilidades, promovendo uma aprendizagem mais significativa. 
 ● Espaços de diálogo e reflexão: são criados espaços regulares de diálogo entre 
 alunos, professores e pais para discutir questões relacionadas à diversidade. Esses 
 espaços visam estimular a reflexão crítica e promover o respeito às diferenças, 
 alinhados com os princípios da Psicologia Educacional. 
 ● Suporte psicológico: a escola implementa serviços de suporte psicológico, 
 oferecendo acompanhamento a alunos que possam enfrentar desafios emocionais 
 devido à diversidade. Isso envolve a colaboração estreita com profissionais da 
 Psicologia Educacional para garantir um suporte integral. 
 Ao adotar essas medidas, a escola busca não apenas enfrentar os desafios presentes, mas 
 também criar um ambiente educacional mais enriquecedor, inclusivo e alinhado com os 
 avanços da psicologia da educação. A resolução destaca a importância de uma abordagem 
 integrada, que reconhece e valoriza a diversidade como um ativo essencial para o processo 
 educacional. 
 Exploramos a teoria elaborada por Freud sobre o estudo do aparelho psíquico, 
 desvendando as intrincadas camadas da mente que moldam nossa experiência e 
 influenciam nosso comportamento. Ao longo desse percurso, vimos como as ideias 
 freudianas abriram novas perspectivas para a compreensão dos processos mentais e da 
 dinâmica psicológica. Ao mergulharmos nessas reflexões, compreendemos não apenas as 
 contribuições de Freud à psicanálise, mas também os alicerces sobre os quais se erguem 
 as modernas teorias psicológicas. 
 17 
 Freud apresentou a primeira concepção sobre a estrutura e o funcionamento psíquicos. 
 Essa teoria refere-se à existência de três sistemas ou instâncias psíquicas: inconsciente, 
 pré-consciente e consciente. 
 18 
 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM 
 Aula 1 
 O BEHAVIORISMO 
 Quando um comportamento do outro é considerado inadequado, é possível modificá-lo? 
 Como? Muitas pessoas já fizeram esse questionamento e, hoje, vamos conhecer o 
 behaviorismo ou comportamentalismo, destacando principalmente as contribuições de 
 Skinner para a compreensão do comportamento e dos processos de aprendizagem 
 considerados relevantes para a educação. 
 Os behavioristas, na busca por compreender o comportamento ( behavior , em inglês) 
 observável ou manifesto, enfatizam as relações entre esse e o ambiente, ou seja, enfocam 
 em seus estudos o papel e a influência dos estímulos ambientais na determinação de 
 nossas ações (Piletti, 2012). 
 A opção teórica e metodológica do behaviorismo, de apenas estudar (observar e descrever) 
 o comportamento observável como forma de ajustá-lo ao meio, pode ser entendida em 
 razão de que nos anos 1950, os Estado Unidos (palco central do behaviorismo) 
 vivenciavam um crescente processo de urbanização, com o avanço industrial e a expansão 
 do sistema escolar. Processo que contribuiu para que a psicologia tivesse um papel ativo 
 em conformidade com a exigência de adequação dos indivíduos às escolas, às fábricas, 
 colaborando nos exames, na classificação, na seleção e no controle sobre o indivíduo, 
 necessários nesses novos espaços. 
 Na busca de métodos objetivos embasados na experimentação, Edward Lee Thorndike 
 (1874-1949) ficou conhecido por sua “Lei do efeito”, a qual preconizava que o indivíduo 
 responde à punição ou à recompensa. Veja bem, há uma ênfase nas sensações agradáveis 
 e desagradáveis, como importantes fixadoras das respostas dadas pelos indivíduos. O 
 efeito do prazer é o que fixa a resposta. (Piletti, 2013, p.14) 
 John Broadus Watson (1878-1958), o primeiro a usar o termo behaviorismo em 1913, 
 declarava que o grande foco da psicologia, enquanto ciência objetiva, deveria ser o 
 comportamento concreto do ser humano, visando à sua previsão e ao seu controle. Assim, 
 segundo Piletti (2013), essa ciência do comportamento, fundada por Watson, veio a ser 
 chamada de análise comportamental. 
 Condicionamento clássico 
 Também chamado de condicionamento respondente, o condicionamento clássico é um 
 conceito importante na psicologia que foi desenvolvido pelo psicólogo russo Ivan Pavlov 
 (1849-1936). Vamos entender isso de uma maneira didática! 
 19 
 Imagine um cachorro que começa a salivar quando vê comida. Isso é uma resposta natural, 
 certo? Agora, se toda vez que o cachorro é alimentado, toca uma campainha, e isso 
 acontece repetidamente, o cachorro começa a associar a campainha à comida. 
 Eventualmente, o simples som da campainha faz com que o cachorro salive, mesmo sem a 
 presença da comida. 
 Aqui, a comida é um estímulo natural que provoca uma resposta natural de salivar. A 
 campainha, inicialmente neutra, torna-se um estímulo condicionado porque, ao longo do 
 tempo, ela passa a provocar a mesma resposta que a comida, agora chamada de resposta 
 condicionada. Essa foi uma experiência realizada por Pavlov. 
 Portanto, no condicionamento clássico, há uma associação entre um estímulo que 
 naturalmente evoca uma resposta e outro estímulo inicialmente neutro. Essa associação 
 leva a uma mudança no comportamento, em que o estímulo neutro passa a evocar a 
 resposta originalmente associada ao estímulo natural. 
 Em resumo, o condicionamento clássico é um processo de aprendizado por associação, em 
 que um estímulo inicialmente neutro se torna capaz de provocar uma resposta, devido à sua 
 associação repetida com um estímulo que naturalmente provoca essa resposta. 
 Condicionamento operante 
 Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) acrescentou o seu conceito-chave de 
 condicionamento operante ao condicionamento clássico de Pavlov. Skinner foi um dos 
 psicólogos mais conhecidos dos Estados Unidos, realizou experimentos com ratos em 
 laboratório colocando-os em caixas-gaiolas, sua teoria resulta na crença de que os 
 comportamentos podem ser moldados. Nesse sentido, é necessário considerar as 
 contingências, ou seja, como ocorre a relação desse indivíduo com o meio, as 
 contingências permitem entender o comportamento do sujeito. 
 Vamos descomplicar o condicionamento operante! 
 Imagine um rato em uma caixa. Agora, sempre que o rato pressiona uma alavanca, recebe 
 um pedaço de queijo. Nesse cenário, o ato de pressionar a alavanca é o comportamento, e 
 o queijo é a recompensa. 
 A palavra-chave aqui é "operante", pois o comportamento do rato opera sobre o ambiente 
 para receber uma consequência. Se o rato percebe que pressionar a alavanca resulta em 
 uma recompensa agradável (o queijo), é mais provável que ele repita esse comportamento 
 no futuro. 
 Mas e se o rato pressionar a alavanca e nada acontecer? Ou se algo desagradável 
 acontecer? Nesses casos, o rato pode ser menos propenso a pressionar a alavanca 
 novamente. Isso é o básico da punição e extinção no condicionamento operante. 
 Os reforçadores considerados básicos (primários) são os relacionados à sobrevivência, 
 como água, comida, roupa quando se está com frio. Por outro lado, há diversos eventos 
 ambientais que não são baseados na sobrevivência biológica e que, no entanto, funcionam 
 20 
 como reforçadores, são estímulos que foram associados a um reforçador primário e que são 
 denominados reforçadores condicionados, como o dinheiro, a atenção, o elogio. (Piletti, 
 2013, p. 19) 
 Em resumo, no condicionamento operante, os comportamentos são moldados pelas 
 consequências que os seguem. Recompensas aumentam a probabilidade de repetição do 
 comportamento, enquanto punições ou a ausência de recompensas podem reduzir essa 
 probabilidade. 
 ● Reforçador positivo (recompensa) = aumento da resposta. 
 ○ Retirada = redução da resposta. 
 ● Reforçador negativo = aumento da resposta, podendo direcionar à fuga, esquiva 
 ou alívio. 
 ○ Punição (castigo, penalidade)= redução da resposta. 
 Portanto, pense no condicionamento operante como um processo de aprendizado onde as 
 ações que levam a resultados positivos são fortalecidas, enquanto as que levam a 
 resultados negativos podem se enfraquecer. Lembre-se que os reforçadores e punidores 
 são diversificados, diferem de cultura para cultura e, ao longo da vida, a pessoa pode mudar 
 em relação a eles – o que era reforçador pode deixar de sê-lo. 
 Eventos consequentes 
 1. Reforçamento: 
 ● Reforçamento é um processo no qual um estímulo aumenta a probabilidade de 
 ocorrência de um comportamento. 
 ● Pode ser positivo, quando um estímulo é adicionado para aumentar a frequência do 
 comportamento, ou negativo, quando um estímulo é removido para o mesmo fim. 
 2. Esquiva: 
 ● Esquiva é um comportamento que ocorre para prevenir a apresentação de um 
 estímulo aversivo. 
 ● O indivíduo se envolve em uma ação para evitar a ocorrência de consequências 
 desagradáveis. 
 3. Fuga: 
 ● Fuga é um comportamento que ocorre para cessar um estímulo aversivo já 
 presente. 
 ● O indivíduo se envolve em uma ação para escapar de consequências desagradáveis 
 que já estão ocorrendo. 
 21 
 4. Extinção: 
 ● Extinção é o processo de enfraquecimento de um comportamento previamente 
 reforçado. 
 ● Isso ocorre quando o reforçador é removido, resultando na diminuição da frequência 
 do comportamento ao longo do tempo. 
 5. Punição: 
 ● Punição é um processo no qual a apresentação de um estímulo aversivo diminui a 
 probabilidade de ocorrência de um comportamento. 
 ● Os behavioristas propuseram a substituição definitiva de práticas punitivas por 
 procedimentos de construção de comportamentos desejáveis. 
 Esses conceitos são fundamentais para entender como os comportamentos são 
 modificados por meio do condicionamento operante, conforme proposto pela teoria 
 behaviorista de Skinner. 
 Vamos Exercitar? 
 Você percebeu que na teoria behaviorista, proposta por Skinner, os princípios do 
 condicionamento operante são fundamentais para compreender como os comportamentos 
 podem ser moldados e modificados. Para tanto, é essencial compreender como os 
 conceitos de reforçamento, punição, extinção, esquiva e fuga funcionam na modificação 
 comportamental. 
 Para moldar comportamentos desejados, o reforçamento positivo é uma ferramenta eficaz. 
 Ao oferecer um estímulo agradável após a ocorrência de um comportamento desejado, 
 aumentamos a probabilidade de que esse comportamento se repita. Por exemplo, elogiar 
 um aluno sempre que ele participa ativamente em sala de aula pode aumentar sua 
 motivação para contribuir mais frequentemente. 
 Além disso, o reforçamento negativo também pode ser utilizado para moldar 
 comportamentos desejados. Ao remover um estímulo aversivo após a ocorrência de um 
 comportamento desejado, incentivamos a repetição desse comportamento. Por exemplo, 
 permitir que um aluno termine uma tarefa mais cedo após demonstrar um bom 
 comportamento em sala de aula pode aumentar sua motivação para continuar agindo de 
 forma positiva. 
 Por outro lado, para extinguir padrões de comportamento indesejados, a extinção pode ser 
 uma estratégia. Ao deixar de reforçar um comportamento indesejado, seja através da 
 remoção de reforçadores positivos ou negativos, pode-se enfraquecer gradualmente a 
 ocorrência desse comportamento. Por exemplo, se uma criança chora para chamar a 
 atenção dos pais, ignorar esse comportamento pode eventualmente levar à sua extinção. 
 No entanto, é importante mencionar que a punição também pode ser utilizada para suprimir 
 comportamentos indesejados. Ao apresentar um estímulo aversivo após a ocorrência de um 
 22 
 comportamento indesejado, diminuímos a probabilidade de que esse comportamento se 
 repita no futuro. No entanto, é crucial utilizar a punição com cautela, pois pode levar a 
 efeitos colaterais indesejados, como o desenvolvimento de ansiedade ou agressividade. 
 O comportamento que ocorre para escapar de um estímulo aversivo que já está presente é 
 chamado de fuga. Exemplo: Cão saltando para fora do sofá para evitar um som 
 desagradável. Na esquiva é caracterizada como o comportamento que ocorre para prevenir 
 a exposição a um estímulo aversivo antecipado. Exemplo: Estudante seguindo um 
 cronograma de estudo e usando técnicas de relaxamento para evitar ansiedade extrema 
 antes das provas. 
 De modo geral, os princípios do condicionamento operante oferecem um conjunto de 
 ferramentas poderosas para moldar comportamentos desejados e extinguir padrões 
 indesejados. Ao entender como esses princípios funcionam e aplicá-los de maneira 
 estratégica, podemos promover mudanças positivas no comportamento humano. 
 Aula 2 
 O BEHAVIORISMO E A EDUCAÇÃO 
 Skinner propôs pensar a filosofia da ciência do comportamento – do Behaviorismo, sob o 
 nome Behaviorismo Radical. A posição assumida por Skinner é a de um sujeito que 
 questiona “o porquê” do comportamento, muito mais do que um sujeito que busca conhecer 
 o “como”, assentado pela ciência. 
 Assim, ele alvitrou, como horizonte compreensivo do comportamento, um modelo de 
 seleção pelas consequências. Aqui, muito mais do que compreender aquilo que é anterior 
 ao comportamento, o estímulo no qual se dedicaram a estudar Pavlov e Watson, estava o 
 desejo em desvendar a relação entre consequência e comportamento e o quanto essa 
 relação produz subsídios capazes de compreender a manutenção de comportamentos e/ou 
 a extinção comportamental. (Neves; Kruguer; Frison, 2019, p. 496) 
 Os elementos fundamentais desse processo são: 
 1. Estímulo: inicia-se com a apresentação de um estímulo, um evento ou uma 
 situação que desencadeia uma resposta comportamental. 
 2. Resposta: a resposta é a reação do organismo ao estímulo, sendo observável e 
 passível de mensuração. 
 3. Reforço: Skinner enfatiza a relevância do reforço na formação de comportamentos. 
 Reforço pode ser positivo, envolvendo a introdução de algo agradável, ou negativo, 
 caracterizado pela remoção de algo aversivo. O reforço positivo aumenta a 
 probabilidade de repetição da resposta, enquanto o reforço negativo fortalece a 
 resposta pela retirada de um estímulo aversivo. 
 4. Punição: a punição positiva implica a introdução de algo aversivo, enquanto a 
 punição negativa consiste na remoção de algo positivo. 
 23 
 5. Condicionamento operante: a aprendizagem ocorre por meio do condicionamento 
 operante, no qual as consequências do comportamento exercem influência direta na 
 probabilidade de sua recorrência futura. 
 6. Programação de reforço: Skinner introduziu a concepção de programação de 
 reforço, uma abordagem sistemática que envolve a administração cuidadosa e 
 planejada de reforço para modelar comportamentos desejados. 
 Perceba que a compreensão e aplicação desses princípios pelos educadores são 
 importantes para a criação de ambientes propícios à formação e modificação de 
 comportamentos, aprimorando, assim, o processo de aprendizagem. 
 Máquinas de ensinar 
 As "máquinas de ensinar" criadas por Skinner referem-se a dispositivos mecânicos ou 
 sistemas projetados para facilitar o ensino e a aprendizagem, aplicando os princípios do 
 condicionamento operante. Skinner desenvolveu essas máquinas como uma extensão 
 prática de sua teoria behaviorista. Duas máquinas notáveis são o "ensino programado" e o 
 "projeto de máquina de ensinar". 
 Skinner propôs o "ensino programado", um método sistemático que dividia o conteúdo em 
 pequenas unidades de aprendizagem. Os alunos avançavam passo a passo, recebendo 
 feedback imediato e reforços positivos ao completar cada unidade. Essa abordagem visava 
 individualizar a aprendizagem, permitindo que os alunos progredirem em seu próprio ritmo. 
 Ele também trabalhou no design de uma máquina de ensinar mecânica. Essa máquina 
 consistia em uma caixa com alavancas, botões e luzes. O aluno interage com a máquina, 
 recebendo estímulos e fornecendo respostas.Dependendo da resposta dada, a máquina 
 fornece reforço positivo ou encaminha o aluno para a próxima etapa do conteúdo. 
 Um dos modelos descritos na literatura consiste em um aparato de tamanho aproximado ao 
 de uma máquina de escrever, que possui uma abertura superior por onde o aluno visualiza 
 a tarefa a ser resolvida. Em uma abertura, à direita da máquina, o aluno escreve a resposta 
 da atividade. Após ter respondido a atividade, é necessário acionar uma alavanca que 
 imprime a resposta do aluno junto a sua respectiva questão e, em seguida, o aluno deve 
 girar um botão. Se a resposta estiver correta, o botão gira com facilidade, e uma nova 
 questão surge para ser resolvida, se o botão não girar, significa que a resposta está 
 incorreta, e que o aluno precisa fazer uma nova tentativa até solucionar a questão. (Neves; 
 Kruguer; Frison, 2019, p. 496) 
 Segundo as autoras, as atividades que o aluno resolve são cuidadosamente programadas 
 de modo que a resolução de cada questão depende da resposta da questão anterior, 
 proporcionando, assim, que o aluno faça um progresso contínuo, partindo de atividades 
 simples até atingir um nível desejado de complexidade. Vamos entender melhor o 
 funcionamento? 
 24 
 ● Estímulo e resposta: as máquinas de ensinar seguiam a lógica do estímulo e 
 resposta, onde o aluno recebia estímulos (perguntas ou problemas) e respondia de 
 acordo. 
 ● Reforço: o reforço positivo era aplicado quando o aluno fornecia a resposta correta, 
 incentivando a repetição do comportamento desejado. Esse reforço podia ser 
 imediato e personalizado. 
 ● Autodirecionamento: a ideia era que, ao avançar em pequenos passos, os alunos 
 podiam autodirigir seu aprendizado, promovendo a autonomia e a eficiência no 
 processo educacional. 
 ● Utilização: inicialmente, as máquinas de ensinar foram concebidas para serem 
 utilizadas em ambientes educacionais formais, como escolas e universidades. Além 
 do ensino acadêmico, algumas máquinas foram usadas em contextos de 
 treinamento profissional para desenvolver habilidades específicas. 
 Embora as máquinas de ensinar tenham enfrentado críticas e não tenham se popularizado 
 como inicialmente previsto, contribuíram para o desenvolvimento de estratégias 
 educacionais mais personalizadas e tecnologicamente avançadas nos anos subsequentes. 
 A punição em sala de aula 
 B.F. Skinner, embora tenha contribuído significativamente para a compreensão do 
 comportamento humano e o desenvolvimento da teoria behaviorista, apresentou críticas 
 consideráveis ao uso da punição em sala de aula. Suas preocupações foram principalmente 
 direcionadas aos efeitos negativos e limitações associadas ao emprego da punição como 
 estratégia educacional. 
 Skinner argumentava que a punição muitas vezes resultava em efeitos temporários no 
 comportamento. Embora a punição possa suprimir o comportamento indesejado a curto 
 prazo, ela não oferece uma solução duradoura e não promove a aprendizagem significativa. 
 Ele observou que a punição muitas vezes leva os indivíduos a aprenderem a evitar a 
 punição, em vez de compreenderem por que determinado comportamento é indesejado. 
 Isso poderia resultar em uma falta de compreensão real das consequências do 
 comportamento. 
 Nesse sentido, destacou a possibilidade de efeitos colaterais indesejados da punição, como 
 ressentimento, medo e hostilidade. Essas reações emocionais podem prejudicar o 
 relacionamento entre o educador e o aluno, comprometendo o ambiente educacional. 
 Mas o que fazer em situações de indisciplina, por exemplo? Skinner enfatizava a 
 importância de explorar alternativas à punição, como o reforço positivo. Argumentava que 
 reforçar comportamentos desejados seria mais eficaz na promoção de uma mudança 
 comportamental sustentável. 
 Chegamos ao final de mais uma aula, espero que você tenha percebido que as críticas de 
 Skinner à punição em sala de aula destacam a necessidade de abordagens mais positivas e 
 instrutivas para promover a aprendizagem e a modificação de comportamentos. Essas 
 críticas continuam a influenciar as práticas educacionais contemporâneas, incentivando 
 25 
 métodos mais centrados no reforço positivo e na compreensão dos alunos. 
 Vamos Exercitar? 
 Atualmente, uma analogia contemporânea às máquinas de ensinar de Skinner seria a 
 utilização de plataformas e aplicativos de aprendizagem adaptativa. Essas ferramentas 
 incorporam princípios semelhantes, visando personalizar o processo de ensino de acordo 
 com as necessidades individuais dos alunos. Um exemplo notável é a "Khan Academy". 
 A Khan Academy é uma plataforma on-line que oferece aulas e exercícios em uma 
 variedade de disciplinas. Ela adota uma abordagem de ensino programado, dividindo os 
 conceitos em unidades menores. Os alunos avançam no material à medida que 
 demonstram compreensão, recebendo feedback imediato e reforços positivos. A plataforma 
 adapta o conteúdo com base nas respostas dos alunos, personalizando a experiência de 
 aprendizagem. 
 Funcionamento: 
 ● Estímulo e resposta: os alunos interagem com a plataforma, respondendo a 
 perguntas e completando exercícios, que funcionam como estímulos. 
 ● Reforço positivo: respostas corretas são seguidas por feedback positivo, e os 
 alunos são encorajados a progredir para níveis mais avançados. 
 ● Autodirecionamento: a plataforma permite que os alunos avancem no material de 
 forma independente, revisando conceitos conforme necessário. 
 Essas plataformas representam uma evolução das ideias de Skinner, incorporando avanços 
 tecnológicos para oferecer uma abordagem mais flexível e personalizada ao ensino. Elas 
 continuam a moldar a educação contemporânea, destacando a importância da adaptação 
 do ensino às necessidades individuais dos alunos. 
 Saiba Mais 
 Que tal continuar aprendendo sobre o tema? No artigo indicado a seguir, a obra de Skinner 
 é utilizada como parâmetro para analisar o Plano de Metas Compromisso Todos pela 
 Educação (Brasil, 2007). Com base na leitura e análise dos textos de Skinner e do 
 Compromisso, quinze temas foram identificados, dentre eles: avaliação do aluno, ritmo de 
 ensino, permanência do aluno na escola, evasão, formação de profissionais do ensino e 
 avaliação do professor. 
 Constataram-se compatibilidades entre as propostas de Skinner e o Compromisso, o que, 
 por um lado, aponta para a possibilidade de que a nova prática educacional gerada pelo 
 Compromisso produza a melhoria do ensino; e, por outro lado, sugere uma possível 
 contribuição da análise do comportamento para a proposição e avaliação de políticas 
 públicas. 
 26 
 Assim, este trabalho aponta um caminho para se concretizar a aproximação de analistas do 
 comportamento aos programas governamentais, sugerindo como propostas produzidas pela 
 análise do comportamento poderiam ser aplicadas para atingir os objetivos de tais 
 programas. 
 Aula 3 
 LEV VIGOTSKI: APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO 
 Lev Vigotski, renomado psicólogo e educador do século XX, desempenhou um papel 
 fundamental no entendimento do desenvolvimento humano. Sua abordagem, conhecida 
 como teoria histórico-cultural, trouxe contribuições significativas para a psicologia cognitiva 
 e educacional. Ao mergulharmos nos conceitos de Vigotski, exploraremos o processo de 
 humanização do homem: os instrumentos e signos, as funções psicológicas superiores e as 
 complexas ações reflexas e intencionais. 
 A teoria de Vigotski propõe concepções diferentes de desenvolvimento e aprendizagem de 
 outras matrizes epistemológicas, como as de Jean Piaget, Henri Wallon ou Freud, por 
 exemplo. Nas práticas pedagógicas no Brasil, Jean Piaget é uma importante referência. 
 Para Piaget, o sujeito se desenvolve e, por isso, aprende. Já para Vigotski, os sujeitos 
 aprendem e, por isso, se desenvolvem. 
 Temos como exemplo algumas divergências nas relações entre desenvolvimento e 
 aprendizagem em Piaget e Vygotsky. Ambos são consideradosteóricos interacionistas, mas 
 o primeiro compreende que é necessário o desenvolvimento de determinados aspectos 
 cognitivos para que, com a interação, a criança venha a aprender características 
 condizentes com seu estágio de desenvolvimento, focando na gênese do conhecimento (daí 
 a terminologia Epistemologia Genética). Para ele, determinados aspectos devem ser 
 trabalhados em determinadas faixas etárias (apesar de tal característica não se dar de 
 forma engessada). 
 Vygotsky, por sua vez, compreende que a aprendizagem "puxa" o desenvolvimento (para 
 ele, aprender é se desenvolver), ou seja, com a interação, a pessoa irá desenvolver 
 diferentes aspectos. Assim, este autor busca um trabalho focando em aspectos que o 
 aprendente ainda não realiza sozinho, mas que com auxílio consegue aprender (o que 
 caracteriza o que se denomina de aprendizagem prospectiva). (Melo, 2020, p. 354) 
 Lev Vigotski, nascido em 1896, foi um pioneiro na psicologia cultural e histórica. Sua obra, 
 embora interrompida prematuramente por sua morte em 1934, influenciou gerações 
 subsequentes. Seu foco na interação social e cultural como impulsionadores do 
 desenvolvimento individual destaca-se como um marco na psicologia. 
 Siga em frente... 
 A teoria histórico-cultural postula que o desenvolvimento humano é moldado pelo contexto 
 sociocultural. Essa abordagem destaca a importância das interações sociais, linguagem e 
 cultura na construção do conhecimento. A aprendizagem é vista como um processo social, 
 em que a mediação é essencial para o desenvolvimento cognitivo. 
 27 
 A humanização é analisada através dos "instrumentos e signos". Instrumentos são 
 ferramentas físicas ou conceituais que ampliam nossas capacidades, enquanto os signos, 
 como a linguagem, representam significados compartilhados. Esses elementos são cruciais 
 para a formação da identidade e da cultura. 
 As funções psicológicas superiores referem-se a processos mentais avançados, como 
 pensamento abstrato e resolução de problemas. Vigotski destaca a importância da zona 
 proximal (iminente) de desenvolvimento, onde a orientação e apoio social impulsionam a 
 aquisição dessas funções. 
 As funções psicológicas superiores, conceito central na teoria de Vigotski, referem-se a 
 processos cognitivos complexos que se desenvolvem ao longo da vida e são influenciados 
 por fatores socioculturais. Aqui estão alguns exemplos de funções psicológicas superiores: 
 1. Linguagem 
 ● Descrição: a capacidade de usar a linguagem para expressar pensamentos 
 complexos, comunicar ideias abstratas e formar conceitos. 
 ● Importância: essencial para o pensamento reflexivo e a comunicação avançada, a 
 linguagem é uma função psicológica superior que se desenvolve com a interação 
 social. 
 2. Pensamento abstrato 
 ● Descrição: a habilidade de pensar em conceitos e ideias que não estão diretamente 
 ligados a objetos ou situações concretas. 
 ● Importância: o pensamento abstrato permite a resolução de problemas complexos, 
 tomada de decisões e planejamento a longo prazo. 
 3. Memória de trabalho 
 ● Descrição: a capacidade de reter temporariamente e manipular informações 
 necessárias para realizar tarefas cognitivas. 
 ● Importância: crucial para a aprendizagem, a memória de trabalho facilita a 
 compreensão de informações e a resolução de problemas em tempo real. 
 4. Resolução de problemas 
 ● Descrição: a habilidade de enfrentar desafios complexos, identificar soluções e 
 aplicar estratégias para superar obstáculos. 
 ● Importância: fundamentais em diversas áreas da vida, as funções psicológicas 
 superiores de resolução de problemas contribuem para o desenvolvimento de 
 habilidades práticas. 
 5. Atenção seletiva 
 ● Descrição: a capacidade de concentrar-se em estímulos específicos, ignorando 
 distrações e focando em informações relevantes. 
 28 
 ● Importância: importante para o processamento eficiente de informações, a atenção 
 seletiva é essencial em contextos em que a concentração é necessária. 
 6. Imaginação e criatividade 
 ● Descrição: a capacidade de conceber novas ideias, soluções inovadoras e 
 expressar-se de maneira criativa. 
 ● Importância: fundamentais para a inovação e expressão artística, a imaginação e 
 criatividade são funções psicológicas superiores que enriquecem a experiência 
 humana. 
 Esses exemplos ilustram como as funções psicológicas superiores desempenham seu 
 papel no funcionamento cognitivo e no comportamento humano, sendo moldadas e 
 aprimoradas por meio de interações sociais e experiências culturais. 
 Diferenciamos as ações reflexas e intencionais, fundamentais para compreender o 
 comportamento humano. As reflexões são respostas automáticas, enquanto as intencionais 
 são guiadas por objetivos conscientes. A análise dessas ações fornece insights valiosos 
 sobre a interação entre impulsos automáticos e escolhas deliberadas. 
 Em suma, a compreensão profunda de Vigotski e da teoria histórico-cultural é importante 
 para profissionais em diversas áreas. Esses conceitos não são apenas acadêmicos, mas 
 possuem implicações práticas. Ao correlacionarmos teoria e prática, enxergamos aplicações 
 que determinam a ação pedagógica dos professores. Em sala de aula, por exemplo, 
 entender o papel dos signos no desenvolvimento da linguagem pode orientar práticas 
 pedagógicas mais eficazes. 
 Ao vincular os conceitos abstratos à realidade profissional, promovemos uma compreensão 
 holística que impacta positivamente nossa atuação. Vigotski, com sua visão inovadora, nos 
 convida a transcender a teoria, aplicando-a de maneira consciente e transformadora. 
 Vamos Exercitar? 
 Vamos explorar um exemplo prático da utilização de instrumentos e signos no contexto da 
 educação, destacando como esses elementos são cruciais na mediação do processo de 
 aprendizagem. 
 Exemplo: sala de aula interativa 
 ● Instrumento: tecnologia educacional. 
 ● Descrição: em uma sala de aula moderna, tablets ou computadores podem ser 
 considerados instrumentos. Eles oferecem acesso a recursos digitais, como 
 aplicativos educacionais, simuladores e vídeos interativos. 
 ● Signo: ícones e símbolos visuais 
 ● Descrição: ícones e símbolos visuais na interface dos dispositivos representam 
 conceitos, ações ou direções. Por exemplo, um ícone de lupa pode significar busca, 
 enquanto um símbolo de alto-falante indica áudio. 
 29 
 Como funciona: 
 ● Instrumento em ação: os alunos utilizam tablets como instrumentos para acessar 
 um aplicativo de aprendizagem interativa. 
 ● Signos visuais: ícones na tela representam atividades específicas, como exercícios 
 interativos, quizzes ou leituras adicionais. 
 ● Mediação pelo professor: o professor atua como mediador, fornecendo 
 orientações, esclarecendo dúvidas e incentivando a participação ativa dos alunos. 
 Importância: 
 ● Engajamento: a utilização desses instrumentos digitais e signos visuais aumenta o 
 engajamento dos alunos, tornando o processo de aprendizagem mais dinâmico e 
 atraente. 
 ● Mediação social: o professor desempenha um papel fundamental na mediação, 
 utilizando esses instrumentos e signos para conectar conceitos abstratos ao 
 conhecimento prévio dos alunos. 
 ● Adaptação cultural: a escolha de instrumentos e signos pode ser adaptada à 
 cultura e ao contexto dos alunos, facilitando a compreensão e a aplicação prática 
 dos conceitos. 
 Nesse exemplo, os tablets (instrumentos) e os ícones/símbolos visuais (signos) não apenas 
 proporcionam acesso a informações, mas também servem como mediadores que facilitam a 
 compreensão e a assimilação do conhecimento. Essa abordagem reflete a interação 
 dinâmica entre instrumentos e signos na promoção da aprendizagem, alinhando-se aos 
 princípios da teoria histórico-cultural de Vigotski. 
 As aprendizagens que acontecem na zona de desenvolvimento proximal alavancam o 
 desenvolvimento do indivíduo, criando uma nova zona, que promovenovas necessidades 
 de aprendizagem, etc. Por esse motivo, pode-se dizer que desenvolvimento e 
 aprendizagem são processos indissociáveis na abordagem sócio-histórica. A aprendizagem 
 vai ocorrer exatamente na zona de desenvolvimento proximal, com aquilo que o indivíduo 
 ainda não é capaz de aprender sozinho. Nesse sentido, o papel do professor, de acordo 
 com Vigotski, é mediar a relação entre o estudante e o mundo, favorecendo a 
 aprendizagem. 
 Aula 4 
 TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL E EDUCAÇÃO 
 Iniciaremos esta seção falando sobre Vigotski. Lev Semenovitch Vigotski (1896-1934) foi um 
 psicólogo bielorrusso que, apesar da sua morte precoce, deixou um grande legado para a 
 Psicologia e a Educação. O trabalho de Vigotski e de sua psicologia sócio-histórica são 
 30 
 muito importantes para a Educação porque atribuem um papel fundamental às relações 
 sociais para o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos. A corrente pedagógica que se 
 originou após sua proposta é denominada socioconstrutivismo ou sociointeracionismo, em 
 oposição ao construtivismo de Piaget, que atribuía importância muito maior às questões 
 internas de construção do conhecimento do que ao meio em que o indivíduo se insere 
 (Oliveira, 1993). 
 Vigotski (1996) rejeitava as propostas teóricas que concentravam esforços somente nas 
 capacidades inatas ou na constituição do indivíduo como produto do meio exterior. Para a 
 psicologia histórico-cultural, a formação do indivíduo depende de uma relação dialética 
 entre o sujeito e a sociedade em que ele se insere. Uma relação dialética ocorre quando o 
 indivíduo modifica o ambiente e o ambiente modifica o indivíduo. Além disso, o trabalho de 
 Vigotski dá ênfase ao processo histórico-social e ao papel da linguagem no 
 desenvolvimento dos indivíduos (Vigotski, 1996). 
 Para Vigotski, todas as características individuais são construídas a partir da relação do 
 indivíduo com o meio. Essas relações se dão pela mediação de instrumentos técnicos (por 
 exemplo, ferramentas de trabalho) ou simbólicos (como a linguagem). De acordo com o 
 autor, os instrumentos e os símbolos são construídos pela espécie humana para mediar a 
 relação entre os homens e a realidade. 
 A linguagem, especialmente, faz parte de um sistema simbólico fundamental para as 
 relações humanas e foi elaborada pelos indivíduos ao longo de sua história como 
 sociedade. A linguagem funciona como um instrumento capaz de transformar nossa 
 aprendizagem, pois, quando um indivíduo aprende a linguagem específica do seu meio 
 sociocultural, ele é capaz de alavancar seu próprio desenvolvimento. Nesse sentido, a 
 mediação das relações humanas por meio de símbolos, especialmente da linguagem, 
 constitui um conceito central na psicologia sócio-histórica (Vigotski, 1998). 
 Para Vygotsky, é na interação entre as pessoas que, em primeiro lugar, se constrói o 
 conhecimento que depois será intrapessoal, ou seja, será partilhado pelo grupo junto ao 
 qual tal conhecimento foi conquistado ou construído (Martins, [s. d.]). 
 Na abordagem vigotskiana, a relação entre o desenvolvimento natural da criança e a 
 aprendizagem está intrinsecamente ligada à vivência social da espécie humana. O 
 desenvolvimento precisa ser impulsionado pelo meio e pelos processos de socialização. 
 Sendo assim, as estruturas e os processos biológicos naturais do indivíduo são insuficientes 
 para promover a aprendizagem se esse indivíduo não estiver inserido em um ambiente 
 social e cultural permeado de práticas que facilitem seu aprendizado (Oliveira, 1993). 
 A criança não é capaz de se desenvolver somente por conta do passar do tempo, pois 
 Vigotski considera que ela não possui os instrumentos técnicos e simbólicos necessários 
 para isso. Esses instrumentos são adquiridos pelo meio social e cultural. Uma forma mais 
 fácil de compreender como se dá o processo de desenvolvimento e aprendizagem na 
 psicologia sócio-histórica é através do conceito de zona de desenvolvimento proximal ou 
 iminente, você pode encontrar as duas nomenclaturas na literatura. Vigotski (1996) 
 considera que qualquer indivíduo possui um nível de desenvolvimento real, ou seja, a 
 capacidade de realizar determinada tarefa de modo independente, sem auxílio de terceiros. 
 31 
 A zona de desenvolvimento proximal (iminente) diz respeito à capacidade do indivíduo de 
 realizar uma tarefa ou resolver um problema com a ajuda de outra pessoa mais experiente. 
 Para entender o papel da mediação e da zona de desenvolvimento proximal na 
 aprendizagem, veja o exemplo a seguir: 
 Uma criança em processo de alfabetização já consegue identificar fonemas e formar 
 sílabas (nível de desenvolvimento real), mas ainda tem dificuldade para ler palavras 
 inteiras (nível de desenvolvimento potencial). A zona de desenvolvimento proximal diz 
 respeito à distância entre o que a criança já sabe fazer e o que ela precisa aprender para 
 evoluir na aprendizagem. Com o auxílio do professor (mediação), que lê as palavras com 
 a entonação e pronúncias corretas, a criança passa a ler palavras inteiras sem dificuldade 
 e alavancar seu desenvolvimento. 
 Quanto ao papel do professor-mediador na aprendizagem dos alunos: 
 É fundamental destacarmos que importante no processo interativo não é a figura do 
 professor ou do aluno, mas é o campo interativo criado. A interação está entre as pessoas e 
 é neste espaço hipotético que acontecem as transformações e se estabelece o que 
 consideramos fundamental neste processo: as ações partilhadas, onde a construção do 
 conhecimento se dá de forma conjunta. O importante é perceber que tanto o papel do 
 professor como o do aluno são olhados não como momentos de ações isoladas, mas como 
 momentos convergentes entre si, e que todo o desencadear de discussões e de trocas 
 colabora para que se alcancem os objetivos traçados nos planejamentos de cada série ou 
 curso (Martins, [s. d.]). 
 Para a psicologia sócio-histórica, o professor desempenha um papel ativo e determinante, 
 visto que cabe a ele facilitar um processo que não pode ser construído apenas pelo próprio 
 aluno, priorizando a interação social e a mediação. Para Vigotski (1998), a educação e os 
 procedimentos de ensino precisam se antecipar ao que o aluno não sabe e não é capaz de 
 aprender por conta própria. Cabe ao professor saber identificar o nível de desenvolvimento 
 real e iminente e adequar seu processo de ensino ao percurso de cada aluno. 
 Siga em Frente... 
 Periodização do desenvolvimento 
 Elkonin, psicólogo soviético, discípulo de Vigotski, desenvolveu a ideia de periodização em 
 relação ao desenvolvimento das funções psicológicas superiores, especialmente em 
 crianças. Essa periodização de Elkonin é centrada nas mudanças qualitativas nas 
 atividades mentais e reflete a evolução das formas de comportamento cognitivo. 
 A periodização de Elkonin inclui as seguintes fases: 
 32 
 A primeira infância, aproximadamente de 0 a 3 anos de idade, subdivide-se em primeiro 
 ano de vida e primeira infância. No primeiro ano de vida, de 0 a 1 ano, a atividade principal 
 é a comunicação emocional direta, ou seja, a criança necessita da atenção e cuidados do 
 adulto. Na primeira infância, de 1 a 3 anos, a atividade principal é a atividade objetal 
 manipulatória, onde a criança toma consciência da função social do objeto (Pasqualini, 
 2016). 
 A infância, que vai aproximadamente de 3 a 10 anos de idade, é subdividida em idade 
 pré-escolar e idade escolar. Na idade pré-escolar, de 3 a 6 anos, a criança tem como 
 atividade principal o jogo de papeis, isto é, por meio dos jogos e brincadeiras a criança 
 constroi suas relações sociais. Na idade escolar, de 6 a 10 anos, a atividade principal é o 
 estudo, marcado pela apropriação do conhecimento teórico (Pasqualini, 2016). 
 Na adolescência, destacamos o período da adolescência inicial, de 10 a 14 anos, em que a 
 atividade principal é a comunicação íntima pessoal, e a adolescência, de 14 a 17 anos,tendo como a tividade principal o profissional ou estudo (Pasqualini, 2016). 
 Figura 1 | 
 Periodização do desenvolvimento psíquico. Fonte: Pasqualini e Eidt (2016, p. 107). 
 33 
 Figura 1 | Periodização do desenvolvimento psíquico. Fonte: Pasqualini e Eidt (2016, p. 
 107). 
 Essas fases na periodização de Elkonin representam um caminho progressivo no 
 desenvolvimento cognitivo da criança, destacando a inter-relação entre atividade prática, 
 linguagem e operações mentais. Essa abordagem é fundamental para compreender como 
 as funções psicológicas superiores se desenvolvem ao longo do tempo e como a 
 aprendizagem é mediada por meio de atividades específicas. 
 Vamos Exercitar? 
 Após os estudos que você realizou, analise a seguinte situação-problema: 
 Em uma escola que adota a abordagem da teoria histórico-cultural de Vigotski, um grupo de 
 alunos do primeiro ano enfrenta dificuldades em uma atividade de leitura. A professora 
 percebe que a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é essencial para apoiar o 
 progresso dos alunos, mas ela se depara com desafios na implementação efetiva da 
 mediação. 
 Os alunos apresentam diferentes níveis de competência na leitura e a professora precisa 
 equilibrar as necessidades individuais de cada aluno dentro da sala de aula heterogênea. 
 Alguns alunos estão prontos para avançar para o material mais desafiador, enquanto outros 
 precisam de mais apoio para alcançar o próximo nível. 
 34 
 Além disso, a diversidade cultural na sala de aula influencia as experiências prévias dos 
 alunos com a leitura, tornando a adaptação curricular uma tarefa complexa. A professora 
 percebe que alguns alunos podem ter sido expostos a diferentes práticas de leitura em 
 casa, enquanto outros podem enfrentar barreiras culturais específicas que afetam seu 
 engajamento. 
 A situação é agravada pela limitação de recursos e tempo, com a professora tendo que 
 equilibrar as demandas de ensinar o currículo padrão com a necessidade de proporcionar 
 uma educação sensível à ZDP de cada aluno. 
 Perguntas para reflexão: 
 1. Como a professora pode identificar e avaliar adequadamente a Zona de 
 Desenvolvimento Proximal de cada aluno na área de leitura? 
 2. Quais estratégias a professora pode empregar para mediar a aprendizagem de 
 forma eficaz, considerando a diversidade de níveis de competência e experiências 
 culturais dos alunos? 
 3. Como a escola pode oferecer suporte adicional, como recursos educacionais e 
 formação para professores, para facilitar a implementação bem-sucedida da teoria 
 histórico-cultural na prática diária? 
 4. Como os colegas de classe podem ser envolvidos de maneira colaborativa para criar 
 um ambiente de aprendizado que promova a mediação entre pares, aproveitando a 
 influência social na Zona de Desenvolvimento Proximal? 
 5. Como a escola pode promover uma abordagem inclusiva que reconheça e valorize 
 as diversas experiências culturais dos alunos, facilitando a adaptação curricular para 
 atender às necessidades específicas de cada criança? 
 Possíveis respostas: 
 1. Como a professora pode identificar e avaliar adequadamente a Zona de Desenvolvimento 
 Proximal de cada aluno na área de leitura? 
 A professora pode identificar e avaliar a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) de cada 
 aluno através de uma combinação de observações diretas, avaliações diagnósticas e 
 interações dinâmicas. Observando como os alunos lidam com tarefas de leitura com e sem 
 ajuda, a professora pode identificar o ponto onde a assistência é necessária. Realizar 
 avaliações informais, como conversas sobre leituras, exercícios de leitura guiada e 
 discussões em grupo, pode ajudar a revelar as áreas onde os alunos estão prontos para 
 avançar. Ferramentas como checklists de competências e registros de progresso também 
 podem fornecer insights sobre a ZDP individual. Além disso, a professora pode utilizar 
 feedbacks contínuos e ajustados, bem como atividades em que os alunos expliquem o que 
 compreenderam, para avaliar seu nível de desenvolvimento atual e potencial. 
 2. Quais estratégias a professora pode empregar para mediar a aprendizagem de forma 
 eficaz, considerando a diversidade de níveis de competência e experiências culturais dos 
 alunos? 
 35 
 Para mediar a aprendizagem de forma eficaz, a professora pode empregar diversas 
 estratégias: 
 - Grupos de Trabalho: Dividir a turma em pequenos grupos com níveis de competência 
 variados para facilitar a mediação entre pares, onde alunos mais avançados podem ajudar 
 os que estão com dificuldades. 
 - Instrução Diferenciada: Adaptar as atividades de leitura para atender às necessidades 
 individuais, oferecendo textos de diferentes níveis de dificuldade e tipos de suporte. 
 - Cultura e Contexto: Incorporar materiais de leitura que reflitam as diversas experiências 
 culturais dos alunos, promovendo um ambiente inclusivo e relevante. 
 - Ferramentas de Suporte: Utilizar ferramentas como gráficos de apoio, imagens e vídeos 
 que podem auxiliar na compreensão de leitura. 
 - Feedback Contínuo: Fornecer feedback contínuo e específico para ajudar os alunos a 
 progredirem e ajustarem suas estratégias de leitura. 
 - Leitura Compartilhada: Implementar sessões de leitura compartilhada onde a professora 
 modela estratégias de leitura e pensa em voz alta para demonstrar processos de 
 pensamento. 
 3. Como a escola pode oferecer suporte adicional, como recursos educacionais e formação 
 para professores, para facilitar a implementação bem-sucedida da teoria histórico-cultural 
 na prática diária? 
 A escola pode oferecer suporte adicional através das seguintes medidas: 
 - Formação Contínua: Prover formações regulares para os professores sobre a teoria 
 histórico-cultural, focando em estratégias práticas para aplicar a ZDP e mediação. 
 - Recursos Didáticos: Disponibilizar uma ampla gama de materiais didáticos e recursos 
 tecnológicos que atendam a diferentes níveis de competência e experiências culturais. 
 - Apoio Especializado: Ter especialistas em desenvolvimento infantil e educação inclusiva 
 para apoiar os professores na adaptação curricular e no desenvolvimento de estratégias 
 individualizadas. 
 -Tempo de Planejamento: Garantir que os professores tenham tempo suficiente para 
 planejamento colaborativo e reflexão sobre as práticas de ensino. 
 - Comunidade de Prática: Estabelecer comunidades de prática entre os professores para 
 troca de experiências e estratégias eficazes. 
 4. Como os colegas de classe podem ser envolvidos de maneira colaborativa para criar um 
 ambiente de aprendizado que promova a mediação entre pares, aproveitando a influência 
 social na Zona de Desenvolvimento Proximal? 
 36 
 Os colegas de classe podem ser envolvidos de forma colaborativa através de: 
 - Tutoria entre Pares: Implementar programas de tutoria entre pares onde alunos mais 
 avançados ajudam aqueles com dificuldades, promovendo um aprendizado colaborativo. 
 - Projetos em Grupo: Designar projetos em grupo que incentivem a colaboração e a troca de 
 conhecimentos entre alunos de diferentes níveis. 
 - Discussões e Debates: Facilitar discussões em grupo onde todos os alunos são 
 incentivados a compartilhar suas opiniões e insights sobre os textos lidos. 
 - Jogos Educativos: Utilizar jogos educativos que incentivem a cooperação e o 
 compartilhamento de estratégias de leitura. 
 - Feedback Construtivo: Encorajar os alunos a darem feedback construtivo uns aos outros, 
 promovendo um ambiente de apoio mútuo. 
 5. Como a escola pode promoveruma abordagem inclusiva que reconheça e valorize as 
 diversas experiências culturais dos alunos, facilitando a adaptação curricular para atender 
 às necessidades específicas de cada criança? 
 A escola pode promover uma abordagem inclusiva através de: 
 - Currículo Diversificado: Desenvolver um currículo que inclua materiais e atividades que 
 reflitam a diversidade cultural dos alunos. 
 - Formação Cultural: Oferecer formação para os professores sobre sensibilidade cultural e 
 estratégias inclusivas de ensino. 
 - Eventos Culturais: Organizar eventos e atividades que celebrem a diversidade cultural, 
 promovendo o respeito e a valorização das diferentes origens dos alunos. 
 - Parceria com Famílias: Envolver as famílias no processo educativo, encorajando-as a 
 compartilhar suas culturas e tradições na escola. 
 - Recursos de Apoio: Disponibilizar recursos como livros e materiais em diferentes idiomas 
 e representativos de várias culturas. 
 - Adaptação de Métodos: Adaptar métodos de ensino para incorporar práticas culturais 
 diversas, garantindo que todos os alunos se sintam representados e respeitados. 
 Ao implementar essas estratégias, a professora e a escola podem criar um ambiente de 
 aprendizado que não só apoia o desenvolvimento individual dos alunos, mas também é 
 célebre e valoriza suas experiências culturais diversas, promovendo uma educação 
 inclusiva e equitativa. 
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