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<p>o</p><p>, l l</p><p>Jì</p><p>/</p><p>r Tradruido do origiral en frBncés posrcdon</p><p>Revissr* Aurea Moraes Sa[tc</p><p>hòdlção,Gráfica: Orlado Fcmades</p><p>lr ediçãô:r 1983</p><p>Dircitos adquiridos peta</p><p>EDIçÓES GRAALLTDA.</p><p>Rua Hernrncgildo dçrBgn6, 3 l-A</p><p>Glóris, Rio de J,aneirq RI</p><p>CEPt2024L</p><p>Tel: (O21) 252-8592</p><p>que se Ìeserya o dheito dçsta qadugão.</p><p>Aüea{!:mos pelo:Repobotso postat'</p><p>L992</p><p>Iopresso ao Brasil I pünted in Brozil</p><p>CIP. Brasil. Catalogação na fmte</p><p>Sindiçato Nacioul drÈ Editores de Liuos, RI</p><p>Althusseç Louis,l91&</p><p>(Biblioteca de ciêruias sociais; v. n 25)</p><p>Tradução de: Poeicion</p><p>1. O Esüado 2" Eatado - Teoria I. Tlhrlo tr. Série</p><p>cDD-320.1</p><p>320.101</p><p>cDU_321</p><p>32t.AL</p><p>3-6 lo\</p><p>LOUIS ALTHUSSER</p><p>)úLV4l,vla t N cr/ ' , t fc/ í /</p><p>APARETHOS</p><p>2</p><p>IDEOLOGICOS DE</p><p>ESTADO</p><p>NOTA SOBRE OS APARELHOS</p><p>IDEOLÓGICOS DE ESTAI)O</p><p>Introd.uçfu Crítiea d,c</p><p>J. A. GullHoN ALBUeUBRquE</p><p>Tradução ile</p><p>Welran JosÉ EvexonLrsrA</p><p>Mlnre Lruu VlvplRos DE CAsrno</p><p>6s edição</p><p>N.' CHAM. .-9-?ç..,.).....</p><p>AL( €r, .3</p><p>À04</p><p>4iôq'</p><p>'ã6:õLi '4</p><p>gH</p><p>ilo'</p><p>_,aPABELH0S rDE0LócrC 9&L%-/o,,'</p><p>M;</p><p>Traduçdo'de</p><p>Menre Llune Vrvunos on Cesrno</p><p>s"t'rs-gêe+lt9ysÊgJ,?+9,.9r9!.9_õSi ,j:.Jrg*,_**_,</p><p>Impõe-se que tratemos de uma questão apenas es-</p><p>boçada em nossa s1Álisg, quando falamos da necessi.</p><p>dade de renovação dos meios de produção para que a</p><p>produção seJa possível. Era apenàs uma rápida indica.</p><p>ção. Conslderá-la-emos agora pôr si mesma.</p><p>i Como 9 r{lzig Marx, até uma criança sabe que uma</p><p>fÍormação social que não reproduz as condlções de pro.</p><p>f dução ao mesmo tempo que produz, não sobreviverá</p><p>lnem por um ano.2 Portanto a, condição últlma d.e</p><p>produção é a reprodução dqs condlções de produção.</p><p>Esta pode ser "sÍmples" (e então se ltmlta a reprodu.</p><p>zlr as condições pré.exlstentes de produção) ou "am.</p><p>püada" (quando as amplia). Deixemos, por hora, esta</p><p>dlstinção de lado:</p><p>O que é entáo a Reprodução das Condições de Pro.</p><p>dução?</p><p>Penetramos aqul num domÍnio ao mesmo tempo</p><p>bastante familiar, desde o Liwo II do Capital, e singu.</p><p>I O terto a ser lldo sê constltul de dols trechos de urn estudo</p><p>alnda em curso. O autor Íea questáo de entitulá.los Notas para</p><p>uma pesqulse. As idélas oçostas devem ser consideradas como</p><p>uma introduçáo à dlscussão.</p><p>2 Carta a Kugelmann, ll.?.1868 (Cartas sobre o Capltal, Ed So</p><p>clalea, p. 229).</p><p>\ r "</p><p>53</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>larmente descoúrecido. As evidênclas tenazes (evidêr,</p><p>Tentarernos exarnlnar as eoisas com método,</p><p>Para sÍrnplificar nossa e:rposiçáo e se consideramos</p><p>que toda fopnragão social é resultado de um modo de</p><p>produgão do.q{pnnte, podemos dizer que o proces-</p><p>so de produção aciona as forças produtivas edstentes</p><p>em e sob relagões de:prodtrçãgr{gfipirrns.</p><p>Segue-se que toda formaçáo social para_e$stg,_gg</p><p>mesmo tempo que produz, e para poder prodÈïr,.-dõvì</p><p>reproduzir as condições de sua produção. Ela -deve,portanto, reproduzir:</p><p>1 ) as forças produtivas</p><p>2) as reÌações de produçáo exlstentes</p><p>A Reprodução {91 ljeieg_Cç_E9{sffu_.</p><p>Todo mundo recorúece (mesmo os economistas</p><p>burgueses que cuidam da contabilidade nacional e os</p><p>Qualquer economista, qu" .ri.tã *" ." ãt"i:rgue de</p><p>qualquer capitalista, sabe que é preciso anuafmente</p><p>prever a reposiçáo do.-que se esgota_ ou_se utilÍza na</p><p>produção: matéria.prima, instalações fixas (constnr.</p><p>54</p><p>ç.ges), instnrmentos de produção (rnáquinas), etc., . DÍ.</p><p>zemos: qualquer economista, qualquõr capíta[sta, en-qyryto. am-bos expressam o ponto de vista Aa empiesá,</p><p>contenta^ndose ern comentar sirnplesmente os tõrmoi</p><p>da prática ÍÍnancelra contábÍl da eìmpresa.</p><p>Porém sabemos, gr-agas ao gênio de euesnay _ que</p><p>foi o prÍmeiro a formutal eSte problema que ,,ialta áos</p><p>olhos" - g a9 gênio de Marx - que o reSolveu _ qru</p><p>não é ao nÍvel da empresa gue a ieprodução das coiai</p><p>ções matuÍais da produçãe bode sei penËaOa; pois nú</p><p>e nesse ilvel que ela existe em suas condições reais. Oque acontece ao nÍvel da gmpnesa é um efeito, que dá</p><p>apenas a ldéia da necessidede da reprodução, mãs que</p><p>não perrnite absolutamente pensar suas</p><p>-</p><p>cond.içõej e</p><p>seul meca;nisrnos.</p><p>Basta reÍletir um pouco para se convencer: o Sr. X,</p><p>capitaüsta, que. preg{z tecidos de lã em sua faUrica,</p><p>cleve "reproduzir,' sua rnatéria-prlma, suas máquinas,</p><p>etc.. .. Porérn .quem as_prroduz pÃra a óua produçâo iã"</p><p>gutros capitatistas: o Si. y, um grande criador bJ ovo</p><p>Itla^s da Ausür.álla; o Sr. Z, graíde industrial metalúr.</p><p>glco, produ3or de móquinas-ferra^rnentas, etc, etc, devernpor sua v€2, para produzir ess-es produtos que condi.</p><p>gÍon_am a re_produção <rfs condiçdes de proãuçáõ do</p><p>Sr. X,. reprsdu^zir..as gonglçEes de iua prOpiia pr<iãúçao-,</p><p>e asslm ünÍinitarnente, tudb isso nuúa proporção'tai</p><p>que, Ro mercado nacÍonal (quando náo nõ rnercado</p><p>mundlal), a dernanda de rneiós de produçao tpara á</p><p>reprodução) possa ser satisÍeita pela-oferta,</p><p>. . P*_r" pensar este mecanismo que constitui urna es.pécie de "Íio Eem flm", é necessáriò seguir a traletoriã</p><p>'lglolal" d6-T!íarx, e .est'rtar espgcialrnente as relaçõesde circutação do cap*ar entre íÉãtã" r tpróauçáoãõã</p><p>Iqejos-de produçãot e o Setor II (produção do;;õ;</p><p>9g .o_fo,-to), e a realizagão Oa mãis.vatta, nos üvrosll.e_ $_I _d9 Q9.pitar.</p><p>Não penetraremos na arúlise desta questão, Basta.qgs h1vel mçncionado a e:dstêncüa da necessidade dargproduçáo das condições rnst€riqis d produçáo.</p><p>- ì 5(</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>nqp_P!gçg@_ \</p><p>Certamente alguma colsa terá chamado a atenção \</p><p>do leitor. Referimo-nos à reprodução dos meios de pro '*</p><p>dução, mas não à reprodução das forças produtivas,</p><p>Omitimos portanto a reprodução do que distingue as</p><p>forças produtivas dos meios de produçáo, a saber a</p><p>reprodução da força de trabalho.</p><p>Se a observaçáo do que ocorre na empresa, esps</p><p>cialmente o exame da prática financeira pontábil das</p><p>previsões de amortlzação-inversão, pode dar-nos uma</p><p>idéia aproximada da existência do processo material da</p><p>reprodução, entramos agora num domínio no qual a</p><p>observação do que ocorre na empresa é, senão total-</p><p>mente, quase que totalmente inútil, e por uma boa ra.</p><p>zâo'. a reprodução da força de trabalho se dá, no_ essen-</p><p>cial, fora da empresa,</p><p>Como se assegura.a replsduSip_êglgfçê_de trabs.</p><p>lho? Ela é assegurada ao se dar à força de trabalho o</p><p>meio material de se reproduzir: o salário. O salário</p><p>consta na contabilidade de cada empresa, mas como</p><p>"capital mão-de-obra" ? e de forma alguma ço_mc Sqndt-</p><p>çáo da reprodução metefiãl-&-.Ìõ-rça de trabalho,--</p><p>No entanto é assÍm que ele "atua", uma vez que o</p><p>salário representa apenas a parte do.. valor_ pr-o_dui4ido</p><p>pelo gasto da força de trabalho, tndigp_e_pçlyel- parÊ_Sua</p><p>reprodução, quer dizer, tndispensável.para a r_econstf</p><p>túçáo da força de trabalho-do-assalariado (para ti-hã:</p><p>bitaçáo, vestuário e alimentação, em suÌna, pra que ele</p><p>esteja em condições de tornar a se apresentar nâ ma.</p><p>nhã seguinte - ó todas as santas manfras - ao</p><p>-g,ti-"ng</p><p>da empresa); e acrescentemos: indispensável para a cria-</p><p>ção e educação das crianças nas quais o proletariado se</p><p>reproduz (em X unÍdades: podendo X ser igual a 0,1,2,</p><p>etc. . ) como força do trabaÌho.</p><p>I-embremos que esta quantidade de valor (o salá-</p><p>rio) necessário para a reprodução da Íorça de trabalho</p><p>3 Marx elaborou o concglto clentÍllco deste noçÁo: capltal va.</p><p>riável.</p><p>5ó</p><p>não está apenas determinada pelas necessÍdades de um</p><p>SM.I.G. "biológico", mas também por um mÍnjmo</p><p>histórico (Mam assinalava: os operários ingleses preci-</p><p>sam de cerveja e os operários franceses de vlnÌto) e,</p><p>portanto, historicamente variável.</p><p>Lembremos também que esse mÍnimo é duplamente</p><p>histórico enquanto não está definido pelas necessidades</p><p>históricas da classe operária recorüecidas pela classe</p><p>capitalista, mas por necessidades históricas impostas</p><p>pela luta da classe operária (dupla luta de classes: con.</p><p>tra o aurÍrento da Jorirada de trabalho e contra a dimi-</p><p>nuiçáo dos salários).</p><p>Entretanto não basta assegurar à força de trabalho</p><p>as condições materiais de sua reprodução para que se</p><p>reprodrrza como força de trabalho. Dissemos que â</p><p>Íorça de trabalho disporúvel</p><p>deve ser "competente", isto</p><p>é, apta a ser utilizad"B no sistema complexo do processo</p><p>de produção. O desenvolvimento das forças produtivas</p><p>e o tlpo de tmidade historicamente constitutivo das</p><p>forças produtivas num dado momento determinam que</p><p>a força de trabalho deve ser (diversamente) qualificada</p><p>e entÉo reproduzida como tal. Diversamente: conforme</p><p>às êÌigências da divisão social-técnica do trabalho, nos</p><p>sêug dlfgjgntes t'cargos" e "empregos".</p><p>Ora, vejamos, como se dá esta repro{tçio da qua-</p><p>ltficação-(diversificada) da força de trabalho no regime</p><p>6-itaiista? Ao contrário do qne ocorria nas formaçôes</p><p>soclais escravÍstas e servis, esta reprodução da qualifi'</p><p>cação da força de trabalho tende (trata'se de uma lei</p><p>tendencial) a dar-se náo mais no "local de trabaÌho" (a</p><p>aprendizagem na própria produçáo) porém, cada vez</p><p>mais, fora da proflução, através do sistema escolar capi'</p><p>talistg e- de outras instâncias e instituições.</p><p>Ora, o que se aprende na escola? É possível chegar-</p><p>se a um ponto mais ou menos avançado nos estudos,</p><p>porém de qualquer rnaneira aprendese a ler, escrever,</p><p>e contar, ou seja, algumas técnicas, e outras coisas tam-</p><p>bém, lnclusive elementos (que podem ser mdimentares</p><p>ou ao contfário aprofundados) de "cultura cientÍfica"</p><p>ou "literária" diretamente utiüzáveis nos diferentes pos'</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>I</p><p>I</p><p>i</p><p>f3.:^iryf gl:l?s, a escota (mas também ourras</p><p>i*lr$sj:jgj:lt"r lo4õ t Ts;Ëj, e ouros apars,</p><p>Hg:_"T: -o -</p><p>Bcércto Í qgg1 -o</p><p>[:ËJ],lhüi";":ï;ï</p><p>li*"iï:l"i*{?-g:-suain-reúã;.ïôããïã?*"gËüï'da produção, dB explqrqõão ã d;;</p><p>ume</p><p>:?y^::i:^_"ll:",,9s-tir{=176püA_ìJ'.ülriiãhffi</p><p>f,f , d;:'ili*1-,,9:lr::Tiósariiãnúe,;=;-ffi</p><p>,r,:,,1.",*^:ï*g:i13r-!g: operáriosii út; ; d, ,ffiáil:tlores r cap*atisras ), seja a'de-aúit;ãín; ïiOrâïffi</p><p>19s gggdlqs), seJa a de.grandes sacerdores da ideologiadominante (seus,,funciõnários',) etc</p><p>de trabalho evidencia, como</p><p>ão somente a reproduçao ae</p><p>nnbém a reprodúção áe sua</p><p>inante, ou da ,,pr-ática,, desú</p><p>somenre mas ramìcérn:, pJ,? ï?&Hl,i# H"ï"Jil</p><p>gção dq força de_trabaÍho ," ,rã"gura em e sob asformas de submissão ideotógica.</p><p>:--</p><p>-.9o?</p><p>o que recorüecemos a presença de uma novarealidade: a ideologia</p><p>Faremos aqul duas obsenaçóes:</p><p>A primeira servirá para completar nossa aná-lÍse ds reprodução.</p><p>Acabamos de_ estudar rapidamente as formas dareprodução rìns Íorgas produiiv;;-;</p><p>3íif#üã"-e"r^'u';'r"ãoã-cüïó'ËiË3tï;"ï?h#ïïi</p><p>.^jl!""mgs pgrqnto desra quesrão. Mas para ob-rcrrnos os rneios de fazêlo, temós</p><p>-qr."</p><p>nou.*ente daruma grande volta.</p><p>A _segunda observação é que para dar esta volta so.mos obrigados a recolocar nóssa- velha qu"rt"oi o ú-,é uma sociedade?</p><p>lnÍraostrutura e Supercstrutura</p><p>Já tfuemos a , oport'nidade. de insistir sobre ocaÉter revotucionóriô Oa cãncãpçaJ-^roi*t" do ,,todo</p><p>{ Em Pozr Merz e Ltre le Coptlarlt, Maspero, t965.</p><p>58</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>social", naquilo em que ela se distingue da ,,totalidade"</p><p>produção ), a à sup-e1es!ryJufg,.,.que_..compreende _dgis</p><p>"níve,is"ou'.'i_ns-tâncias"._g. jl$Ëco.p_olÍlige_Lq_qi_rcüg__e</p><p>Além de seu interesse teórico-pedagógico (que apon.</p><p>ta a diferença entre Mam e Hegel), esta représentãção</p><p>oferece a seguinte vantagem teórica fundamental: ela per.</p><p>.mite inscrever no quadro teórico de seus conceitos es.</p><p>senciais o que denominamos seu índiee de elico,cin res.</p><p>pectiuo. O que se entende por isto?</p><p>Qualquer um pode facilmente perceber que a re.</p><p>presentação da estrutura de toda a sociedade como um</p><p>edifÍcio composto por Ìrma base (infra-estrutura) sobre</p><p>a qual erguem-se os dois "andares', da superestruhrra</p><p>constitui uma metáfora, mais precisamente, uma metá.</p><p>fora espacial: um tópico.o Como toda metáfora, esta</p><p>sugere, faz ver alguma coisa. O que? Justamente lsto:</p><p>que os andares superlores não poderlam ,.sustentar.se"</p><p>(no ar) por si sós se não se apoiassem sobre sua base.</p><p>A metáfora do edifÍcio tem então como objetivo</p><p>primeiro representar a "determinação em úItima ins-</p><p>lância" pela base econômica. Esta metáfora espacial</p><p>tem então como resultado dotar a base de um Índice</p><p>de eficácia conhecido nos oélebres termos: determina.</p><p>çáo em última instância do que ocorre nos "andares"</p><p>da superestrutura pelo que ocorre na base econômica.</p><p>A partir desbe ínüce de eficácia "em útima instân.</p><p>cia", os "andares" da superestrutura encontram-se evi.</p><p>5 Tópico, do grego lopos: local. Um tóptco represente, num</p><p>espaço deÍinido, os locais respectivos ocupados poi este ou Bque.</p><p>la realidade: desta manelra o econômico está embalxo (a búe)</p><p>c a superestnrtura em clrns.</p><p>ó0 61</p><p>dentemente afetados por rliferentes índices de eficácia.</p><p>Que tipo de Índices?</p><p>Seu lndice de eficácia (ou de determinaçáo), en.</p><p>quanto determinado pela determinação em última ins-</p><p>tância da base, é pensado peÌa tradição marxista sob</p><p>dtres formas: t ) a existêncla de uma ,,autonomia rela-</p><p>tiva" da superestrutura em reÌaçáo à base; 2) a exis-</p><p>tência de uma "ação de retorno" dâ superestrutura so-</p><p>bre a base.</p><p>Podemos então afirmar que a grande vantagem</p><p>teórlco do tipó de eficácia "derivada" próprio à superes.</p><p>fÍcio (base e superestmtura) consistè em mostrãr ao</p><p>mesrno tempo que as questões de determinação (ou de</p><p>Írdice de eficácia) são fundamentais; e que é a base</p><p>que determina em última Ínstância todo o edifÍcio; como</p><p>consequêncla somos obrigados a colocar o problema</p><p>teórlco do tipo de eficácia "derivada" próprio à superes-</p><p>trutura, isto é, somos obrigados a pensar no que a tra-</p><p>dição marrlsta designa petos termos conjuntos de auto.</p><p>nomia relatlva da superestrutura e de "ação de retor-</p><p>no" da sup€restrutura sobre a base.</p><p>O maior inconveniente desta representâção da es.</p><p>trutura de toda a sociedade pela metáfora eipacial do</p><p>sílirfsig está evidentemente no fato de ser elã metafó.</p><p>rica: lsto é, de permanecer descritiva,</p><p>Parece-nos desejável e possível representar as coi-</p><p>sas de outra maneira.</p><p>Que sejamos bem entendidos: não recusamos em</p><p>absoluto a metáfora clássica, já que ela mesma nos</p><p>obrlga a superá.la. E não a superaremos afastando.a</p><p>como caduca. Pretendemos simplesmente pensar o que</p><p>ela nos dá sob a forma de uma descriçáo.</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>. .Pensamos_gue é a partir da reprodução que é pos.</p><p>sÍvel e necessário peru;ar o que caiacterúa o'essericial</p><p>da existènsia e naturez,a dz superestruhrra. Basta colo.</p><p>car'se no ponto de vista da reprodução para que se es-</p><p>c$p.am mútas questões que a metáfora espacial do</p><p>edifÍcio indicava a existência sem dar.thes resposta con.</p><p>ceitual.</p><p>Sustentamos como tese Íundamental que somente</p><p>é possÍvel levantar estas questões (e portanto respon.</p><p>dêlas) a prtir do ponto de tsista dn reprodução.</p><p>Analisaremos brevemente o Direito, o Estado e a</p><p>ideologia a pa,rtir deste ponto de vista. E mostraremos</p><p>ao mesrïo tempo o que ocorTe a partir do ponto de</p><p>vista da prática e da produgáo por um lado, e</p><p>-da</p><p>repro.</p><p>dugão por outro.</p><p>rb,</p><p>gurar a sua dorninação sobre a classe operária, para</p><p>submet$la âo processo de e4loqSão da mais:vellg'tãuer</p><p>d,iaeÌ, à e:çlonação capitaüsta).]</p><p>pagou com seu sangue esta ocperiência) quando s po</p><p>lÍcia e sew órgãos au:dlirares são ,,ultrapassados p"io,</p><p>lcontecimentos"; e, acima deste conjunto, o Chefe deEslggo, o Governo e a Adminisirãfao.</p><p>_ Apresenüada desta forma, a ,,teoria marxista-lenj_nista" do Estado toca o e</p><p>neúrum momento de duvid</p><p>Da Teoria Descritiva à Teoria propriamente Dita</p><p>.,^.tio 9.ntanto, como o assinalamos na metáfora doedifÍcio (Ínfra'estrutura e r.rpérãJ*tura) também estaapresentação da natureza Ao pstaAõ permanece descri_tiva em parte.</p><p>Como usaremos constantemente este acljetivo (des-critivo) torna,se necessária um" à*iricagãõìú;';d;;qualquer eqúvoco.</p><p>^</p><p>Quando, ao Íalarmoq da metáfora do ed.ifÍcio ou dateoria marxista do Estado dir;;;s-ìue são concepcões;ivas de seu-objeto, íao ã-"ãã;r], inrenção crÍrióa. beló-</p><p>"ónt-ü-</p><p>carar esta etapa como tran.</p><p>uolvinlento da teoria. e ,rór_.itiva,' aponta este careter</p><p>conjunção dos termos em.</p><p>ta espécie de ,,contradição,,.</p><p>toca.se em parte com o ad.</p><p>rmpanha. Isso signlfica exa.</p><p>Btsa,ocomeço'.,ï1Ïl9rï'#i:ï;,Í:ï'#.,iïfri:</p><p>a forma "descriüva" ,rn aú;;.;p;;"r" a reoria exige,</p><p>63</p><p>I</p><p>pelo efeito mesmo desta "contrâdlção", um desenvolvl-</p><p>mento da teoria que supere a forma da "descrição",</p><p>Precisemos nosso pensamento voltando âo nosso</p><p>objeto presente: o Estado.</p><p>Quando dizemos que a "teoria" marxlsta do Estado</p><p>que utilizamos é parcialmente "descritiva", isto significa</p><p>em primeiro lugar e antes de mais nada que esta "teo-</p><p>ria" descritiva é, sem dúvida alguma, o irúcio da teorla</p><p>mancista do Estado, e que tal irúclo nos fornece o es-</p><p>sencial isto é, o princÍpio decisivo de todo desenvolvi-</p><p>mento posterior da teoria.</p><p>Diremos, com efeito, que â teoria descritiva do Es.</p><p>tado é ju.sta uma vez que a definição dada por èÌa de</p><p>seu objeto pode perfeitarnente corresponder à imensa</p><p>maiora dos fatos observáveis no domínio que lhe con.</p><p>cerne. Assim, a deffurição de Estado como Estado de</p><p>classe, existente no aparelho repressivo de Estado, elu.</p><p>cida de maneira fulgurante todos os fatos observáveis</p><p>nos dlferentes niveis da repressão, qualquer que seJa</p><p>o seu domÍnio: desde os rnassecres de jurúo de 1848 e</p><p>da Comuna de Paris, do domingo sangronto de maio de</p><p>1905 em Petrogrado, da Resistência, de Charonne, etc..,</p><p>até as mais simples (e relativamente anódinas) inter.</p><p>venções de uma "censura" que proÍbe a Religioso de</p><p>Diderot ou uma obra de Gatti sobre Franco; eluclda</p><p>todas as formas diretas ou lndiretas de exploração e</p><p>extermínio das massas populares (as guerras lmperia-</p><p>listas); elucida a sútil domlnagão cotidiana aonde se</p><p>evidencia (nas formas de democracia política, por exem-</p><p>plo) o que Iénin chamou depois de Marx de ditadura</p><p>da burguesia.</p><p>Entretanto, a teoria descritiva do Estado represen-</p><p>ta uma etapa da constituição da teorla, que exige ela</p><p>mesma a "superação" desta etapa. Poftanto está claro</p><p>que se a definição ern questÍio nos fornece os meios</p><p>para identificar e reconhecer os fatos opressivos e arti.</p><p>culá-los com o Estado concebido como aparelho repres.</p><p>sivo de Estado, esta "articulação" dá lugar a um tipo</p><p>de evidência muito especial, a que teremos oportuni.</p><p>darie de nos referir mais adia.nte: "Sim, é asslm, eqtá</p><p>O essencial da teoria marxista do Estado</p><p>Mesmo depois de uma revolução soeial como a de</p><p>l9l?, grande parte do aparelho de Estado permanecia</p><p>6 Ver mals adlante: Acerca da rdeologra,</p><p>& 65</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>da "Ceoria marxista do Es-</p><p>l l ) o</p><p>srvo do Estado; 2) deve-se distinguir o póder Oe esiaào</p><p>do aparelho de Esr-a_do; B) o oujeliy,s_dd-.tura de cfaúõs</p><p>O que deve ser acrescentado à ,,teoria marxista" do</p><p>Eçtado é, entáo, outra coisa.</p><p>Devemos avançar com prudência num catnpo emque os clássicos do ma,Snqmõ nos precedeiarntíïi"iìãl</p><p>mas sem ter sistematizado sob urina íorma teOrica ôiavÍurços decisivos que suas àxperiências e procedimen.</p><p>66</p><p>6i</p><p>T.i</p><p>Destacar</p><p>a repressão adÍninistratiïa, pgr exemp]o, pode revrstlr.</p><p>se de formas não fÍsicas ) ̂</p><p>-</p><p>AIE religiosos (o sistema das diferentes lgrejas)</p><p>AIE escolar (o sistema das diferenües ,,escolas" pú.</p><p>blicas e privadas)</p><p>AIE familiar 6</p><p>AIE JurÍdico Y</p><p>AIE polÍtico (o sistema polÍtico, os dlferentes par.</p><p>tidos)</p><p>AIE slndical</p><p>AIE de irúormação (a imprensa, o rÉdio, a televl.</p><p>sâo, etc ) - -</p><p>AIE cultural ([etras, Belas Artes, esportes, etc. , , )</p><p>Nós afirmamos: os AIE não se confundem com o</p><p>Aparelho (repressivo) de Esüado, Em que conãiìGã</p><p>diferença?</p><p>tj _A Íamilia desempenhâ claramente outres ,,ftrnções,' que a de</p><p>AIE, Elá intervém na reprodução da força de tiabalnô, nÍa ãclependendo dos modos de produção, unidaãe ae p59ãúfaã t õu t</p><p>irnidade de consumo.</p><p>9 O "Dileito" pertence. ao mesmo rcmpo ao Aparelho trepressi.vo) rlo Estado e ao sistemR dos AIE.</p><p>rrS 69</p><p>e a 99asjão de expressar,se neles, utilizando as contra.</p><p>l0-Em um texto patético, datado de tg3?, Kmpskaia reÌata os</p><p>esforços desesperados de lénin, e o que ela i,ia como ã-rãu</p><p>fracasso ("Le chemln preounü.</p><p>--t</p><p>i ,</p><p>1\</p><p>I</p><p>I</p><p>1</p><p>I</p><p>I</p><p>ì</p><p>1l</p><p>dições existentes ou conquistândo pela luta posÍções de.</p><p>combate l0 blt.</p><p>Concluamos nossasr observagões.</p><p>Se a tese que propÌrsarros tem Íundamento, volta-</p><p>mos, precisando-a quanto a um questÍio, à teoria mar.</p><p>xista clássica do Estado. Diremos que por um lado é</p><p>preciso distinguir o poder do Estado (bua detenção</p><p>por. . . ) e por outro o Aparelho de tstado. Mas acres-</p><p>centamos que o Aparelho de Estado compreende--dois</p><p>corpos: o corpo das lnstituiçõés que constituem_o_qpa.</p><p>relho represFiyg do Estado, e o oorpo de -instituiçÕ_eé</p><p>que representam o corpo dos Aparelhos ldeolónç_qs io.</p><p>Estado.</p><p>Mas, se é assim, não podemos deixar de colocar a</p><p>seguÍnte questão, mesmo no estado bastante sumário</p><p>de nossas indicações: qual é exatamente o papel dos</p><p>{parelhos ldeoló,gico--s_g,o Eg.ta!g? qual é o fundamento</p><p>d_e. sua importância? Em -óútras palavras: a que çor-</p><p>responde a "firnçiol'-destes Aparelhos ldeológicos 3o_</p><p>l0 bis O que, em breves palavras, se dia aqul ar,etes de luts de</p><p>classes nos AIE não pretende evidentemente esgotar a questão</p><p>de luta de classes.</p><p>Para tratar desta questãrr, devese ter presente dois prln.</p><p>cÍpios.</p><p>O primeirb princÍpio foi Íormulado por MaDC no preÍáclo</p><p>da Contribuiçôo: "Quando corulderamos tels abalos (ums revo</p><p>lução social), é necessárlo dtstinguir entre o abalo materisl -</p><p>que pode ser constatado de mEnelra clentlÍlcamente rigorosa</p><p>- das condições de produção econômicas, e as Íormas Jurldlcas,</p><p>polÍticas, religiosas, artÍsticas ou íüosóÍlces etravés das quals</p><p>os homens tomem consclêncla deste corúito e o levam ató o</p><p>fim" A luta de classes se expressa e se ererce portsnto nas</p><p>Íormas ideológicas, e poÉànto se exerce também nas formas</p><p>ideológrcas dos AIE. Mas a luts de classes ultrapassa emplr.</p><p>mente estes íormas, e é porque ele as ultrspaEsa que a lute</p><p>das classes exploradas pode se exercer nos AIE, voltaÍrdo I</p><p>arma da ldeologla contra as class€s no poder.</p><p>Isto em ÍunçÁo do segundo prlncÍplo: e luta das classes</p><p>ultrapassa os AIE porque ela não üem stras raÍaes ns ideologla,</p><p>mas na InÍraestrutura, nas relaçóes de produçóo, que são te</p><p>laçôes de expÌoreção, e que constltuem a bss€ dss releções de</p><p>classe. \</p><p>Est-ado, que. não funcionam através da repressão, mas</p><p>da-irÌeologia?</p><p>G</p><p>ll Sobre a reprodução das relações de produção</p><p>I</p><p>P-odemos então responder'à nossa: questeo central,</p><p>mantida em suspenso por tanto, tempo: como é asse.</p><p>gurada a repfpdução das relaçÕes de produção?</p><p>Na llnguagem metafórica do tópico ( Infra-estrutura,</p><p>Superestrutura) diremos: efa é, pm grahde partet',</p><p>assegurqda pela superestrütüia jurídiao-política e ideo'</p><p>t949a.</p><p>Porém, uma vez que julgamos indispensável ultra'</p><p>passar ests Unguaggm ainrla descritiva, diremos: ela é,</p><p>ern-erdããtpâitérr. assezurada pelo exercício do poder</p><p>dô-Ëítãdõ-nos aparethós de Estado, o'Apaielhb (re-</p><p>pí,essivo) do Estado, por um Ìadg, e os Aparelhos ldeo'</p><p>lógicos do Estado por outro.</p><p>4 * Reunimos ,o que foi dito anterÍormente'nos três</p><p>pontos segúntes:</p><p>1. Todos os aparelhos do Estado funcionam ora</p><p>através da repressão, ora através da ideologia, com a</p><p>dlÍerença, de que o Aparelho (repressivo) do Estado</p><p>fi:nciona prÍncipalrnente através da repressão enquanto</p><p>que os Aparelhos Ideológicos do Estado funcionam</p><p>prtncipalmente através da ideôlogia,</p><p>2. Ao passo que o Aparelho (repressivo) do. Es-</p><p>tado constitui um todo organ,izado cujos diversos com'</p><p>ponentes estão centralizados por uma unidade de dire-</p><p>çáo, a da polÍttca da luta de classes aplicada pelos</p><p>fepresentantes polÍticos dâs classes domlnantes, que</p><p>detëirã-õ-boder do Estado, - os Aparelhos ldeológicos</p><p>do Estado são múlttplos, distintos e relativamente au'</p><p>ll Em grande pert€. Pots as releçÕes de produçôo sào entes de</p><p>mels nada reproduzidas pela materialidade do processo de pro'</p><p>dução e do processo de circulaçáo' Mas não devemos esquecer</p><p>que ss relações ldeológicas estóo presentes nesies mesmos .pro'</p><p>oeBsos.</p><p>\72 t . )</p><p>tônomos, susceptÍveis de oferecer um campo obJetÍvoàs contradições que expressarn, de formas'õrtliúta.</p><p>das, ora mais amplas, bs efeitos dos choquói-;ï;-;</p><p>Iuta das classes capitaüsta e</p><p>proretária, ass-imlõi.ã-oã</p><p>suas formas subordinadas.</p><p>. 3 Enquanto que a rrnidade do Aparelho (repres-</p><p>sivo) do Estado está assegurada por sua organJzaçáocentratizada, unificada sob- a aireçìao aol rep-rãõntãn-tes das classes no poder, executántes aa pãiiu;- d;luta de classes das c[asses'rro poáér-- a unidade entreos diÍerentes Aparelhos Ideoiógicos do Eúão ã;;</p><p>19seg'urada, geralmente de mane-ira contraOtOriÀ, Ëi;ideologia dominante, a da çtasss dominante</p><p>Tendo em conta estas caracteristicas, podemos nosrepresentar a reprodução das relações dd proCucaõlã</p><p>ca segurnte maneira, segundo uma espécie ãe ,,diïisão_</p><p>do trabalho":</p><p>O.papel do aparelho repressÍvo do Estado consisteessencialmente, como ap_areUro repressivo,</p><p>"_ ã;*ti;peÌa força (fÍsica ou náo) as,cóndiçõ"" póiitïõ. -ãã</p><p>reprodução das relações de produção, que lao em-úttima instância relações de - explordçáo, 'Não</p><p>ãpËii""--ãaparelho de Estado_contribui para sua prOpriã-iõro,</p><p>duçáo (exisrem no Esrago capitatista as aiiáiìi"sïõ.lÍticas, as dinastias mititares,</p><p>"ió.i</p><p>m"" também, esobretudo o Aparetho de Estado assegura pera repiãiiaò(da_ força fÍsica mais brutd es simËt", ôrd"üï;iãibições administrativas, à censura</p><p>"$ricita</p><p>." i-pri"iã",</p><p>gt:.). ?s. eondições potÍticas do exerËÍcio dos Âp;-;h;Ideológicos do Estado.</p><p>Com efeito, são estes</p><p>12 No que diz resoeito</p><p>LRarte da reproduçáo assegurada peloAparetho repressivo Oo nôtaao ã-oi-ip",iïu,os ldeológÍcos doEs[ado.</p><p>1^</p><p>Toga" (por vezes tensa) entre o aparelho repressivo</p><p>do Estado e os Aparefios Ideológicos do Estado e entre</p><p>os diferentes Aparelhos Ideotógicos dq Estado é asse.</p><p>gurada.</p><p>Somos levados a formular a hipótese seguinte, em</p><p>função mesmo da diversidade dos aparelhos úeológicos</p><p>do Estado em seu papel único, pois que comum, dã re.</p><p>produção das relagões de produçáo, I</p><p>Enumeramos, nas formações sociais capitalistas</p><p>contemporâneas um número relativamente elèvado de</p><p>aparelhos ideológicos do Estado: o aparelho escolâr, o</p><p>qpÊrelho-religlasg,. q _apa_Ielbo_ÍamÍiiàr, o aparelho polÍ-</p><p>tigA--oiparelho sindical, o aparelho de iúormeçãõ, o</p><p>apare-lh.o cgltjrral etc. , ,</p><p>, i</p><p>75</p><p>?Í i</p><p>mâs também a sua hegemonia tdeológica, indlspensá.</p><p>vel à reprodução das relações de produção capÍtaiistas.</p><p>tade 4qs classes dorninantesl). Ne Alernanha as coisas</p><p>i7</p><p>antes de ,,atravessar,' a Repúbüca de lVeimar e de en.tregar.se ao nazismo,</p><p>- _P9r.qug o'aparelho escolar é o aparelho ideológicode Estado dominante nas formaçoes iociaiJ úpit4Ë!;e como funciona?</p><p>No momento é suficiente responder:</p><p>I - Todos os aparelhos ideológtcos de Estado,</p><p>Syaisquel qu-e sejam, concorrem para o mesmo Íim: areprodução das reìaçõ9: g.".prodüção, isto è,</p><p>-Aai'jëUl</p><p>ções de exploração capitatistâs, '='</p><p>7ÍÌ</p><p>- ì</p><p>?( l</p><p>da ideologia (saber-lratar as consciênclas com o..r€s:.</p><p>peito, ou seja, o desprezo, a chantageln, a demagogia</p><p>que convêm, com as.ênfases na Moral, na Virtude, na</p><p>"Transcendência", na Nação, no papel da França no</p><p>Mundo, etc.) .</p><p>Certamente muitas destas Virtudes (modéstia, resig,</p><p>nação, submlssão de uma parte, cinismo_rj_espfgzo,_se-</p><p>gurança, altivez, grandeza, o falar bem, habilidade) se</p><p>aprendem também nas FamÍlias, na lgreja, no Exército,</p><p>nos Belos Livros, nos filmeS, e mesmó- nos estádios.</p><p>Porém nenhum aparelho ideológico do Estado dispõe</p><p>durante tantos anos da audiência obrigatória (e por</p><p>menos que isso signifique, gratuita.,,), 5 a 6 dias num</p><p>total de ?, numa média de I horas por dia, da totali.</p><p>dade das crianças da formação social capitalista.</p><p>É pela aprendizagem de alguns saberes contidos na</p><p>inculcaçâo maciça Oalaeologia ãa classe dominante qüè,</p><p>em grande parte, sáo _.reproduzidas as relações de pro-</p><p>dução de uma Íormaçâo social capitalista, ou seja, as</p><p>relações entre exploradores e elçlorados, e entre explo-</p><p>rados a exploradores. Os meeanismos que prodüzerrr</p><p>esse resultado vital para o regime capitalista sáo natu-</p><p>ralmente encobertos e dissimulados por uma ideologia</p><p>da Escola universalmente aceita, que é uma das formas</p><p>essenciais da ideologia burguesa dqm-ingnte: uma _ideo.</p><p>logia que repreSentã a nscõla como neutra, dèsprõi,iáa</p><p>de ideologia (uma vez que é leiga), aonde os pr-qfp_s:</p><p>sores, respeitosos da "consciência" e da "liberdadel'</p><p>das crianças que lhes são confiadas (com toda ço-nfian.</p><p>ça) pelos "pais" (que por sua vez sáo também livres,</p><p>isto é, proprietários de seus filhos), conduzëìfr-na's"à</p><p>ìiberdade, à moralidade, à responsabilidade aduÌta pèlb</p><p>seu exemplo, conhecimentos, literatura e virtudeS. "liber.</p><p>tárias",</p><p>Peço desculpas aos professores que, em condições</p><p>assustadoras, tentam voltar contra a ideologia, contra</p><p>o sistema e contra as práticas- _@, as</p><p>poucas armâs que podem encontrar na histó_ria. e nQ</p><p>saber que "ensihamr'.'São uma espéôlé--iG-1iõiois, uas</p><p>eles são raros, e mútos (a malorla). náo têm-nem um</p><p>princípio de susp91!a.do "trabalh-q'l-Ere o sisterna-fqdg</p><p>,\</p><p>Rô</p><p>os UDtapassa.-e-esmaga) os obriga a- fa,zer, ou, o que é</p><p>p!oi, põem todo. seu empenho e engenhosidade em</p><p>faaê-lo de acordo com a última orientaçáo (os famosos</p><p>De fato, a lgreJa foi substttuída pela Escola em</p><p>dial ile claSses.</p><p>Acerca da ldeologia</p><p>Quando apresentamos o conceito de Aparelhos ldeo'</p><p>lóglcos do Estado, quando dissemos que os AÏE funcio-</p><p>naiarn "através da ideologia", invocamos uma reaÌi'</p><p>dade acerca da qual é necessário dizer algumas pala'</p><p>vras: a ideologia,</p><p>Sabe-se que a expressão: ideologia, foi forjada por</p><p>Cabanis, Destutt de Tracy e seus amigos, e que desig'</p><p>nava por objeto a teoria (genérica) das idéias, Quando,</p><p>50 anos mais tarde, Mârx retoma o termo, ele lhe con'</p><p>Íere, desde &s suas Obras da Juventude, um sentido total'</p><p>mente dtstürto. A tdeologla é, aÍ, um sistema de idéias,</p><p>de represèntaçóes que domlna o espÍrlto de um homem</p><p>ou de um $upo soolal. A luta politico-ideológica condu'</p><p>zida por Marx desde seus artigos na Gazeta Rpnana iria</p><p>{ | l</p><p>rapidaÌnente levá-ro.ao corúronto com esta rearidade eobrigá-lo a aprofunda, *as;;ileiias intuiçoes.</p><p>portanto estamos diar</p><p>gares), ele não contém estem grande parte de uma t</p><p>Desejaria arriscar_me a propor um primeiro e muitoesquemático esboç_o. _As tesés qïã ú.u""ntarei não sáocerramente improvisadas, mas não podem .;r-;;t";tadas e corriprovaaÀ, istã j;;"ffi;"d,as ou rerificadas,a não ser através Oe estuãbs-" *ãil""" aprofi:ndactaq.</p><p>A ldeologia não tem história</p><p>. Uma advertência antes</p><p>Por outro lado, se. eu posso apresentar o projeto deulna teoÌi. do ideologi^ ,;"- g;ot"à'ü .r* teoria é um</p><p>82</p><p>dos elementoÍ- do qr:al dependem as teorias das ideolo,gias, isto irnplica nuTna prbposição aparentemente para-doxal que enunciarei nos .ãg,riilur'termos: a id.eologtanã,o tem história.</p><p>muia aparece com todas as</p><p>teologia atemã. Marx a</p><p>"rrrn.ea'que, segundo ele, náo tem</p><p>rral (subentenda.se: e as de,</p><p>.- .</p><p>N".ideologia alemã, esta fórmula aparece num con.texto nitidamente posiúivista, a iaeotogia e concebÍdacomo pura ilusão,</p><p>-puro-</p><p>sonho, ou seja, nada. Toda asua realidade esüá fora dela</p><p>sada como uma construçác</p><p>exatamente o rnesmo esta</p><p>autores anteriores a Freud,</p><p>, vez gue a filosofÍa é a ideo.</p><p>'ologia alemã..</p><p>, a ideologia não tem histó.rra,_ utna vez que sua história está fãra dela, i;</p><p>-;;;;</p><p>está a única história, a dos inaivíúos concretos etc</p><p>n trad_uçáo direta para o por-</p><p>cragmática pela guâl a paitii</p><p>lifere-ntes pode-se õonrtruii ou.a. açáo de construçao sem úÃrém que nÉo se co'ntl</p><p>-cóm</p><p>ìï</p><p>- ì</p><p>Na ldeologia alem.õ, e tese de que a ldeologia não tem</p><p>história é portanto uma tese prrramenüe negativa que</p><p>significa ao mesmo tempo que;</p><p>l. - a ideologia, não é nada mais do que puro</p><p>sonho (fabricada não se sabe por que poder a não ser</p><p>pela alienaçáo da divisão do trabalho, porém esta deter.</p><p>minaçáo também é uma determinaçâo negatiaa),</p><p>2, - a ideologia não tem história, o que não quler</p><p>dizer que ela não tenha uma história (pelo contráriò,.</p><p>urna vez que ela não é mais do que o pátido reflexo va.\</p><p>zio invertido da história real ) mas que ela náo tem uma t *</p><p>história szra.</p><p> lese que gostaria de defender, retomando fonnal-</p><p>mente os termos da ldeologia</p><p>alemõ. ("a ideologia não</p><p>tem hisfória")'é radicalmente diferente da tese posibi.</p><p>vista-historicísta da ldeologia alemõ..</p><p>Porque, por um lado, acredito poder sustentar que</p><p>ns ideologias têm uma história sua (embora seja ela,</p><p>em última instância, determinada pela luta de classes);</p><p>e por outro lado, acredito poder sustentar ao mesmo</p><p>tempo que a ideologia em geral não tem historu, nào</p><p>em um sentido negativo ( o de que sua hÍstória está fora</p><p>dela), mas num sentido totalmente positivo.</p><p>Este sentido é positÍvo se consideramos que a ideo-</p><p>logia tem uma estrutura e um funcionamento tais que</p><p>f.azem dela uma realidade não-histórica, isto é, omni.</p><p>histórica, no sentido em què esta estrutura e este iup.</p><p>cionamento se apresentam na mesma forma imutável</p><p>errr toda história, no sentido em que o Manllesto defÍne</p><p>a histórÍa como história da luta de classes, ou seja, his.</p><p>tória das sociedades de classe.</p><p>Eu diria, fornecendo uma referência teórica reto-</p><p>mando o exemplo do corüo, desta vez ns, concepção freu.</p><p>diana, que nossa proposição: a ideologia não tem tús.</p><p>tória pode e deve (e de uma forma que nada tem de</p><p>arbitrária, mas que é pelo contrário teoricamente neces-</p><p>sária, pois há um vÍnculo orgÈÍrico entre ss duas pro-</p><p>posições) ser diretamente relacionadâ à proposição de</p><p>Freud de que o intonsc'tente ë etenn isto é, rÉo tom</p><p>história.</p><p>84</p><p>F:is porque me considero autorizado, ao lrlenos pre.</p><p>sunüivamente, a propor uma teoria da ideologia em ge.</p><p>ral, no mesmo sentido em que Freud aprese-trtou r'.,,ár,</p><p>teoria do inconsciente em geral,</p><p>classes" e à sua históiia.</p><p>A ldeologh ó uma "reprêsentação" da relação imaginária</p><p>dos Indlvlduos com suas condições reals, de exlJtência</p><p>Para abordar a üese central sobre a estrutura e o</p><p>Tese 1: A Ídeologla representa a relação imaginá-</p><p>rla dos lndivÍduos com suas condições reais de exis-</p><p>tência.</p><p>Dlz-se comumente que a tdeoÌogla religiosa, a ideo,</p><p>logta moral, a ldeologla JurÍdica, a ideologla polÍtica, etc,</p><p>são "concepções de rnundol'. Contrapomos, â menos que</p><p>se vlva uma dessas ideologias como a verdade (se, por</p><p>exemplo, se "crê" em Deus, no Dever, na Justiça etc.),</p><p>que esta tdeotogta de que falamos a partir de um ponto</p><p>1y</p><p>8.s</p><p>de vista crÍtico, de um exame semelhante ao do e[nótug,-r</p><p>dos mitos de uma "sociedade primitiva", que essas "con.</p><p>cepções de mundo': sáo em grande parte imaginárias, ou</p><p>seja, náo "correspondem à realidade".</p><p>Portanto, adrnitindo que elas não correspondem à</p><p>realidacie e que então elas constituem uma ilusão, admi.</p><p>timos que elas se referem à realidade e que basta "in.</p><p>terpretá-las" para encontrar, sob a sua representação</p><p>imaginária do mundo, a realidade mesma desse mundo</p><p>(ideologia = i lusão/alusão).</p><p>Existem diferentes tipos de interpretação. As meis</p><p>conhecidas sáo a mecanicista, corrente no sécúo XVIII,</p><p>(Deus é a representação imaginária do Rei real) e a</p><p>"hermeneuúica", inaugurada pelos primeiros Padres da</p><p>Igreja e retomada por Feuerbach e pela escola teológico.</p><p>filosófica originada nele, por exemplo o teólogo Barth,</p><p>etc, (para Feuerbach, por exemplo, Deus é a essência</p><p>do Homem real), Chego ao essencial aÍirmando que, in.</p><p>terpretando a transposiçáo (e inversão) imaginária da</p><p>ideologia, concluÍmos gue nas ideologias "os homens re-</p><p>presentam-se, de forma imaglnária, suas condições reais</p><p>de existència".</p><p>Infelizmente esta interpretação deixa em suspenso</p><p>um pequeno problema: porque os homens .,necessltam"</p><p>dessa transposiçáo imagürá,ria de suas condlçôes reals</p><p>de existência, para "representar.se" suas condÍçóes de</p><p>existência reais?</p><p>A primeira resposta (a do século XVIII) propõe</p><p>uma solução simples: Pqr culpa dos Padres ou dos Dés.</p><p>potas. Eìes "forjaram" Belas Mentiras para que, petrsan.</p><p>do obedecer a Deus, os homens obedecessem de fato aos</p><p>Padres ou &os Déspotas, que na maiorla das vezes alla.</p><p>vam-se em sua impostura: os padres a senrlço dos dés.</p><p>potas ou vice.versa, segundo as posigões poUticas dos</p><p>"teóricos" em questão, Hé portanto uma causa para a</p><p>transposição imaginária das eondições de existência</p><p>reais: essa causa é a existência de um pequeno grupo de</p><p>homens cínicos que assentam sua domÍnação e sua etçlo.</p><p>rnq'áo do "povo" sobre uma representBção Íalseada do</p><p>86</p><p>myndg, imaginada por eles para subjugar os espÍritos</p><p>pela dominação de sua imaginaçáo.</p><p>. A sggun+ resposta (a de Feuerbach, retomada pa.</p><p>Iavra por palavra por Marx em suas Obras d,a Juvèn-</p><p>tude) é mais "profunda", e igualmente falsa, Ela busca</p><p>e encontra uma causa para a transposição e deforma.</p><p>çáo imaginária das condições de existência reais dos</p><p>homens, para a alienação no ÍmagÍnário da representa-</p><p>ção das condições de existência dos homens. Eita causa</p><p>não é nem mais os padres ou os déspotas, nem a sua</p><p>própria imaginaçáo ativa ou a imaginaçáo passiva de</p><p>suas vÍtimas. Esta causa, é a alÍenaçáo material que rei.</p><p>na nas conüçÕes mesmas de existência dos homens. É</p><p>desta maneira que Marx defende, na euestdo Jud.ía e em</p><p>Retomo aquÍ ume tese já apresentad,a: náo sáo as</p><p>suas condÍções reais de existêncÍa, seu mundo real que</p><p>os "bomens" "se representam" na ideologia, o que e</p><p>nelas representado é, antes de mais nada, a sua reiaçáo</p><p>com as suas condições reais de exÍstência. É esta rela.</p><p>em sua verdade),</p><p>" ì</p><p>B?</p><p>Em linguagem marxista, se é verdade que a reprê</p><p>sentação das condições de existência reais dos indivÍduos</p><p>Sendo assim, a questão da "causa" da deforn çãoimaginária rlas relações reais na ideologia desaparece, e</p><p>deve ser substituÍda por uma outra quèstão: põr que a</p><p>representação dos indivÍduos de sua relação (individual)</p><p>mos porque no prossegulmento de nossa e:çoslção, por</p><p>hora, náo iremos mals longe.</p><p>Tese II: A ideologia tem uma e:dstência materlal</p><p>13 Emprego propositalmente este lermo bastante moderno. p\ls</p><p>mesmo nos melos comunistas, a ,,expÌicaçóo,' de tal desvio pc.</p><p>l i l . ico tofiort,unlsmo dc tl lreltn ou de osquerdo) poto açãã ?1,</p><p>rrma "clique" é lnÍelizmenle írequente. \..</p><p>lÌ lÌ 8()</p><p>que esta relação imaginária é em sl mestna dotada de</p><p>uma existência material</p><p>Constatramos..o segurnte: )</p><p>\dJm ind.ivÍduo crê em Deus, ou no Dever, ou na Jus.</p><p>fiça, etc. Esta crença provém (para todo mundo, isto é,</p><p>para todos gue vivem na representação ideológica da</p><p>ideologia, que reduz a ideologia, por definiçáo, às idéias</p><p>dotadas de existência espiritual) das tdéias do dito tn.</p><p>divÍduo enquanto sujeito possuidor de uma consciência</p><p>na qual estáo as idéias de sua crença. A partir disso,</p><p>isto é, a partir do dispositivo "conceitual" perfeitamen-</p><p>te ideológieo assim estabelecido, (um suJeito dotado de</p><p>uma consciência aonde livremente ele formula as idéias</p><p>em que crê), o comportamento material do dito indi.</p><p>vÍduo decorre naturalmente. ,</p><p>O indivÍduo em questão se conduz de tal ou qual</p><p>maneira, adota tal ou qual comportAmento prático, e,</p><p>o que é mais, participa de certas práticas regulamenta.</p><p>das que são as do aparelho ideológico do qual "depen-</p><p>dem" as idéias que ele livremente escolheu com plena</p><p>consciência, enguanto sujeito. Se eÌe crê em Deus, ele</p><p>vai à lgreja assistir à Missa, ele se ajoelha, reza, se con-</p><p>fessa, faz penitênoia (outrora ela era rnaterial no sen.</p><p>tido corrente do termo), e naturalmente se arrepende,</p><p>e continua, etc. Se ele crê no Dever, ele terá compor.</p><p>tamentos correspondentes, inscritos nas práticss rltuaÍs,</p><p>"segundo os bons costumes". Se ele crê na Justlga, ele</p><p>se submeterá sem dÍscussáo às regras do DÍrelto, e po.</p><p>derá mesmo protestar quando elas são violadas, assünar</p><p>petições, lomar parte em uma manifestação, etc.</p><p>Em todo esse esquefna, constatamos portanto que</p><p>a representaçáo ideológica da ideologia é, ela mesma,</p><p>forçada a reconhecer que todo "suJeito" dotado de uma</p><p>"consciência" e crendo nas "idélas" que sua "censclên.</p><p>cia" Ìhe inspira, aceitando.as livremente, deve "aglr sc</p><p>gundo suas idéias", imprimindo nos atos de sua prática</p><p>maferial as suas próprias idéias enquanto sujeito li.</p><p>vre. Se ele náo o taz, "algo vai m&1",</p><p>Na verdade se ele nâo taz o que, em função de</p><p>sÌrâs crenças, deveria |.az,et, é porque faz algo diferente,</p><p>90</p><p>o que, sempre em função do mesmo esquema</p><p>idealista,</p><p>deixa perceber que ele tem em mente iáéias d.iferentes</p><p>das que proclama, e que ele age segundo outras idéias,</p><p>seja como um homem ',inconseqúente" (,,ninguém é</p><p>voluntariamente m&u"), ou cínico, ou perverso.</p><p>pqye3s.os) que ele realiza. Esta ideologia fala de atos:</p><p>nós falaremos de atos inscritos em piáticas, E obser-</p><p>AUás, devemos à "dialética,' defensiva de pascal a</p><p>. -.llremos</p><p>portanto, considerando um sujeito (tal</p><p>indivÍduo), que a existência das idéias de sua crença é</p><p>' N.T. no original em inglês.</p><p>Ì</p><p>9l</p><p>material, pois suas idéias são seus atos materiais inse-</p><p>ridos em prálÍcas materiais, reguladas por rituais ma.</p><p>teriais, eles mesmos definidos pelo aparelho ideológico</p><p>material de onde provêm as ideias do dito sujeito, Na-</p><p>turalmente, os quatro adjetivos "materiais" referem-se</p><p>a cliferentes modalidades: a materialidâde de um deslo-</p><p>r:amento para a missa, de uma genuflexão, de um sinatt</p><p>da cruz ou de um mea culpa, de uma frase, de uma ora-</p><p>'ção, de uma contriçáo, de uma penitência, de um oÌhar, \, *</p><p>de um aperto de mâo, de um discurso verbal interno</p><p>(a consciência) ou de um discurso verbal externo náo</p><p>são uma mesma e única materialidade, Deixamos em</p><p>suspenso a teoria da diferença das modalidades da ma-</p><p>terialidade.</p><p>Resta que nessa apresentaçáo invertida das cotsas,</p><p>náo nos deparamos exatamente com uma "inversão" uma</p><p>vez que constatamos que certas noções pura e simples.</p><p>mente desapareceram em nossa apresentação enquanto</p><p>que outras permanecem e que novos termos aparecem.</p><p>Desaparece: o termo idêias.</p><p>Permanecem: os termos suJelto, consciência, cren.</p><p>ça, atos.</p><p>Aparecem: os ierÍnos prátlcas, rituais, aparelho</p><p>ideológlco.</p><p>NÉo se trete portânto de uma lnversão, mas de um</p><p>remanejamento bastante estranho dedo o resultado que</p><p>obtemos.</p><p>As idéias desaparecem enquanto üals (enquanto do'</p><p>tadas de uma eústência ldeal, espirltual), na medida</p><p>mesma em gue se evidenciava que sua existência estava</p><p>inscrita nos atos das práticas reguladas por rituais de'</p><p>finidos em última instância por um aparelho ideoló</p><p>glco. O sujeito portanto atua enquanto agente do se'</p><p>guinte sistema (enunciado em. sua ordem de determlna</p><p>Ção real): a ideologia existente ern um aparelho tdecr</p><p>lógico material, que prescreve práticas materiais regu'</p><p>ladas por um rituaÌ material, práticas estas que existem</p><p>nos atos materiais de um suJelto, que age consciente</p><p>mente segundo suâ crença,</p><p>92</p><p>Nesta formulação conservamos as seguintes noções:</p><p>sujeito, consciência, crença, atos. Desta sequência extrai-</p><p>remos o termo central decisivo, do qual depende todo</p><p>o demais: a noção de suJeito.</p><p>E enunciamos duas teses simultâneas:</p><p>,' 1. - só há prática através de e sob uma ideologia</p><p>2. - só há ideologia pelo sujeito e para o sqjeito</p><p>Podemos agora abordar a nossa tese central,</p><p>A ldeologia interpela os individuos enquanto suieitos</p><p>Esbp tese vem simpÌesmente e:çlicitar a nossa últi-</p><p>ma formulação: só há ideoiogia pelo sujeito e para os</p><p>sujeitos. ou seja, a ideologia existe para sujeitos con-</p><p>cretos, e esta destinação da ideologia só é possÍvel pelo</p><p>sujeito: isto é, pela categoria de sujeito e de seu funcio-</p><p>namento.</p><p>Queremos dizer com isso, mesmo que esta categoria</p><p>(o sujeito) não apareça assim denominada, que com o</p><p>surgimento da ideologia burguesa, e sobretudo com o</p><p>dâ ideologia jurídica ta a categoria de sujeito (que</p><p>pode aparecer sob outras denominações: como em Pla-</p><p>táo por exemplo, a alma, Deus, etc.) é a categoria cons-</p><p>tltutlva de toda ideologia, seja qual for a determinaçáo</p><p>(regional ou de olasse) e seja qual for o momento his-</p><p>tórico, - uma'vez que â ideologia não tem história.</p><p>Dlzemos: a categoria de suJeito é constitutiva de</p><p>toda ideologia, mas, ao mesmo tempo, e imediatamen-</p><p>te, - acrescentamos gue a categoria d,e sujeito nã,o é</p><p>constitutioa de todn ideol,ogia, umn Dez que toda tdeo-</p><p>logia tent por fwqã,o (é o que a deline) "corutltuit'' in-</p><p>dío[cl,uos cornretos ern sujeitos. É neste jogo de dupla</p><p>constttulção que se localiza o funcionamento de toda</p><p>ideologÍa, não sendo a ideologia mais do que o seu fun-</p><p>14 Que laz da categoria jurÍdica de "sujeito de direiüo" uma</p><p>nocâo ldeológlca: o homem é naturalmente um suJeito'</p><p>93</p><p>clonamento nas formas materiais de existência deste</p><p>mesmo funcionamento.</p><p>Para compreender o que daÍ decorre, é preciso es-</p><p>anirnal ideológico".</p><p>O fato do autor, enquanto autor de um d.iscurso</p><p>que se pretende cientÍfico, estar completamente aÌrsen-</p><p>te, como "sujeito", de "seu" discurso cientÍfico (todo</p><p>o discurso cientÍfico é por definição um discurso sem</p><p>sujeito, só existe um "Sujeito da ciência,' numa ideolo.</p><p>gla da ciència), é um outro problema que, pelo momen.</p><p>to, deixaremos de lado,</p><p>Ídeologia - impor (sem parecer fazâlo, urna vez que</p><p>se tratam de "evidências,') as eúdências como evÍdên.</p><p>cias, que não podemos deixar de reconheeer e d.iante</p><p>das quais, inevitável e natualmente, exclamamos (em</p><p>l5 Os _ lÍnguistas e todos agueles que recorrem à lÍngrÍstÍca</p><p>com diferentes fins, tropeçam Íreqüentemente em dlticüdadesque decorrem do desconhecimento -do</p><p>Jogo dos eÍeitos ldeoió</p><p>cicos em todos os discursos - inclusiye sg dls(,lrnôr oÍentÍÍlcos.</p><p>94</p><p>voz alba, ou no "silêncio da consciência"): ,,é evidente!</p><p>é exatamênte i,ssol é verdadet,,.</p><p>. É nesta 19açao que se exerce a função de recorohe.</p><p>cimmto ideológico, que é uma das duas íunções Aa iaãã.</p><p>logia. enquanto tal (sendo o d,esconhecimenío</p><p>"</p><p>,ú l*.</p><p>ção inversa).</p><p>tQ Fg.t"-duplo</p><p>,,neste rhomento" é mais uma prova da ,,eterni_</p><p>gldul'. da- ideotogia, runê vez que o tntervato 'ae tõmpã ;üï;,s-eprra- nÉo é levado em contâ, escrõvò-àstas tiniras-ã--ï i."abril de 69, vocês as lerÉo</p><p>"ao'mpãra</p><p>qìrl*ao.</p><p>ì</p><p>I</p><p>i</p><p>\</p><p>q.5</p><p>Numa primeira formulaçáo direi: tod.o id.eologia àn-</p><p>terpela os ind,ivíduo,s connretos enqlulnto sujeàtoi con.</p><p>cretos, através do funcionamento da categoiia de su-jetto.</p><p>_ Esta formulação implica, pelo momento, na distin.</p><p>ção entre os indivíduos concretos por um lad.o, e sujei.</p><p>tos concretos por outro, embora o sujeito concreto-só</p><p>exista neste nível num fundamentadò indivtduo eon.</p><p>creÌ,o.</p><p>l? A interpelação, prátinl cotidiana, submetida a um rltual pre</p><p>ctso, toma uma forma bastante especlal na práticâ pollciaf de</p><p>"interpelação", quando se trats de- lnterpelar ,,suspeitos,'.</p><p>96</p><p>Naturalmente, para a comodidade e clareza de ex.</p><p>(90ozo das vezes o interpelado) se volta, acreditando-sue</p><p>peitando.sabendo que se trata dele, reconhecendo por-</p><p>tanto que "certamente é ele" quem está sendo chamádo,</p><p>Porém na ralidade as coisas ocorrem sem sucessão al-</p><p>guma. A existência da ideologia e a interpelação dos</p><p>indivÍduos enquanto sujeitos sáo uma únióa e mesma</p><p>coisa,</p><p>que se seJa verdadeiramente spinozista ou marxista,</p><p>o que, qu8,nto a este aspecto, vem a dar exalamente no</p><p>97</p><p>Ínesmo), O que nos faz dizer que a ideologia não possui</p><p>um etterior (para si mesma) mas que ao mesmo tempo</p><p>ela é eúerioridade (para a ciência e para a realidade),</p><p>Spinoza explicou isto perfeitarnente duzentos anos</p><p>antes de Marx, que o praticou, sem explicá-lo detalha-</p><p>damente, Mas abandonemos esta questão, rica de con.</p><p>seqüências n_ão apenas teóricas, mas direüamente polí-</p><p>ticas, da qual depende por exemplo toda a teoria da crí-</p><p>tica e autocrÍtica, regra de ouro da prátÍca da luta de</p><p>cìasses rnarxista-leninista.</p><p>Fortanto a ideologia interpela os indivíduos enouan.</p><p>to sujeÍtos. Sendo a ideologia eterna, d,evemos agorã s,r-primir a temporalidade eÌn que apresentamos o Íun.</p><p>cionamento da ideorogia e dizer: a ìdeologia sempre/ já.</p><p>rnterpelou os ind,ivÍduos como sujeitos, o que qúer cii.</p><p>zer- qu€ os indivÍduos foram sempre/já interpelados</p><p>pela</p><p>- Ídeologia como sujeitos, o qüe necessari-arnente</p><p>'nos leva a uma últirna formulação: os indiuiauos saò</p><p>semprelja sujeitos. Os individu-os sáo port"r,to ,."úJ.</p><p>tratos' em relação aos sujeÍtos que ex.istèm desde sem.pre. Rsta formulaçáo pode parecer urn paradoxo.</p><p>Que um indivÍduo seja sempreljá sujeito, antes</p><p>mesmo de nascer, é no,entanto a maÍõ stnltes iealiaa.</p><p>cle, acessÍv_el a qualquer urn, sem nenhum paradoxo.</p><p>Que os indivÍduos sejam</p><p>sempre ,.abstratos" em rela.</p><p>ção aos sujeitos que_são desdè sempre, Freud iá oãã.monstrou, assinalando simplesmenté o ritual ideológ:.</p><p>co que envolve a espera de um ,,nascimenüo", este ,,íe.</p><p>liz.acontecirnento". todos sabemos como e guanto é es.perada a criança a nascer. Deixando de tadô os ;.sóntl.</p><p>mentos" Ísto,,prosaicarnente, quer dizer que as formas</p><p>de ideotogia farniliqr/paternãt/maternatTcon:ugãifirã.</p><p>ternal, que constituem a espera do nascimento'dã</p><p>"rian.ça, lhe conferem antecipadamente uma série Ae caraótã.</p><p>rÍsticas: ela ferá o nome do seu pai, terá portanto úâ</p><p>identidade, e será insubstituÍvel. Àntós ae nascei a cí"n</p><p>ça é portanto sujeito, determinada a sê-lo através de e</p><p>na cg$ieuraçio ideológica familiar especÍfica na qual</p><p>ele é "esperado" após ter sido concebiao. lnritil dG;</p><p>que esta corúiguraçáo ideológica familiar é, em sua uni.</p><p>cidade, fortemente estnrturada e que é neste estnrtúa</p><p>98</p><p>ì</p><p>implacável, mais ou menos ,,patológlca" (supondo-se</p><p>que este terrno tenha um sentido determinável) que ojá.presente futuro.sujeito,,encontrará" o,,seu" lugar,</p><p>quer d{zer "tornando,se" o sujeito sexual (menino-ou</p><p>menina) que ele Já é,</p><p>C-ompreende,se que esta pressão e predeterminaçáo</p><p>ideológica, todos os rituais dõ crescimento, da educação</p><p>Íamiliar têm atguma relação com as ,,etapas pregenitãis</p><p>e genÍtais da sexualidade", tal como estudadas Dor</p><p>teld, na "apreensão" do que ele designou, po, sèus</p><p>efeÍtos, como o inconsciente. Mas deixlmos também</p><p>este ponto.</p><p>-Prossigarnos. Deter.nos-emos agora na maneira pela</p><p>qual os "atores" desta encenaçãõ da interpelaçã'o e</p><p>seus respectiv,os papéis estão refletidos na pióprla es.</p><p>truture de toda ideologia.</p><p>Um exemplo: A ideologla religiosa cristã</p><p>Sendo a estrutura formal de toda ideologia sempre</p><p>idêntica, nos contentaremos em analisar apãnal im</p><p>exernplo, acessÍvel a todos, o da ideologia reüliosa; esta</p><p>mesma demonstragão pode ser reprodúzida pãra a'ideo-</p><p>logia rnoral, JurÍdica, polÍtica, estética, etc.</p><p>_ Consideremos.portanto a ideologia religiosa cristá.</p><p>Utillzarçmos urna figxrra de retórÍca ã a ,,farãmõi rar"r;,</p><p>isto é recolheremos num discurso fictÍcio o ç,ue áa</p><p>"dlz" nóo apenas em seus dois Testamentos, atràvés de</p><p>seus teólogos, em seus Sermões, mas em suas prá-</p><p>tlces, seus rituaÍs, suas cerimônias e seus sacramentos.</p><p>A ideologta cristá diz aproximadamente o seguinte.</p><p>_ Ela rlÍz: Dirijo.me a ti, ind.ivíduo humano chamado</p><p>Pedro (todo indivÍduo é chamado por seu nome, no</p><p>sentido passivo, não é nunca ele quó se dá um no*eipara dizer que Deus e:dste e que tu deves lhe prestar</p><p>contas. Ela acresceltat É Deus-quem se dirige a'ti pela</p><p>minha voz (tendo a Escritura iecolhid.o a -palawa</p><p>oe</p><p>gqo, a-,Tradigão a'transmitido, a fnfdiUiUOad,e ponti-</p><p>Ílcra a Íixad.o para s€mpre qua.rrüo às questóes ,,delica.</p><p>99</p>

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