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Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
1
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
Professor: Alex Sandra Soares e Renato Soares 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
2
Introdução 3
Análise do movimento humano 3
Complexo articular do ombro 5
Articulação esternoclavicular 5
Articulação acromioclavicular 6
Articulação escapulotorácica 7
Articulação subacromial 11
Complexo articular do cotovelo 18
 Articulação umerorradial 20
Articulação radioulnar proximal 20
Suporte ligamentar 21
Os movimentos do complexo do cotovelo 21
Complexo do punho e da mão 24
Os movimentos do complexo do punho e mão 29
Referências 37
Sumário
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
3
Introdução
Esta aula tem como objetivo principal apre-
sentar noções de anatomia e conceitos teóricos 
relacionados à movimentação dos membros 
superiores. Ao longo do texto, notas clínicas 
serão apresentadas para reforçar característi-
cas relacionadas a anatomia e a biomecânica 
local. Além disso, em alguns momentos, elas 
vêm acompanhadas de questões relacionadas 
à aula, que têm como função levar o aluno a 
reflexão acerca dos conteúdos apresentados. 
Inicialmente, serão abordados conceitos 
relacionados à análise do movimento huma-
no, os quais serão utilizados na abordagem 
de cada complexo do membro superior: om-
bro, cotovelo, punho e mão. A descrição ana-
tômica se focará nos aspectos relacionados à 
movimentação articular. Assim, as superfícies 
articulares, os estabilizadores estáticos e di-
nâmicos e os músculos atuantes serão en-
fatizados ao longo da aula. Depois, os movi-
mentos fisiológicos e artrocinemáticos serão 
apresentados e discutidos do ponto de vista 
teórico e prático.
Análise do movimento humano 
A associação da cinesiologia e da biomecâ-
nica é fundamental na análise do movimento 
humano, uma vez que a primeira descreve 
qualitativamente o movimento e a segunda 
o quantifica. 
A cinesiologia é a ciência que tem como 
objetivo descrever o movimento humano. 
Nesse caso, durante a realização de um mo-
vimento como a abdução do complexo do 
ombro, por meio das análises cinesiológicas, 
pode ser realizada a descrição da trajetória 
do braço e do antebraço, identificadas as fa-
ses do movimento e definidos os músculos 
atuantes (ENOKA, 2000)
Para mensurar parâmetros como a veloci-
dade de execução, devem-se utilizar concei-
tos da biomecânica. Esta baseia-se na mecâ-
nica clássica para a descrição do movimento 
humano. A cinemática e a cinética são duas 
grandes áreas de estudo dela que utilizare-
mos ao longo da aula. Ao se estudar carac-
terísticas como posição, velocidade e acele-
ração sem considerar as forças que geram o 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
4
movimento, estamos estudando os conceitos 
da cinemática. Já ao estudarmos as forças, 
estudamos os conceitos da cinética (HALL, 
1993; AMADIO, DUARTE, 1996).
A cinemática articular é dividida em dois 
tipos de movimento: o osteocinemático e o 
artrocinemático. O movimento osteocinemá-
tico ocorre quando a diáfise óssea forma o 
raio de um círculo imaginário em um ponto 
fixo. Ou seja, corresponde ao movimento fi-
siológico realizado voluntariamente pelo ser 
humano de acordo com os planos cardeais 
do corpo. A flexão e a extensão, a abdução 
e a adução e a rotação interna e externa são 
exemplos de movimentos osteocinemáticos. 
Ele é comumente chamado de movimento 
fisiológico, termo que será utilizado na pre-
sente aula.
Já os movimentos que ocorrem nas su-
perfícies articulares durante a realização dos 
movimentos fisiológicos são denominados 
movimentos artrocinemáticos. Caso um mo-
vimento artrocinemático esteja alterado ou 
bloqueado, não é possível realizar o movi-
mento fisiológico em toda a sua amplitude. 
Tais movimentos garantem que as superfí-
cies articulares mantenham o contato em 
todo o arco de movimento e dessa forma 
contribuem diretamente para a estabilidade 
local. Nas articulações sinoviais, as superfí-
cies articulares determinam os movimentos 
artrocinemáticos locais: o deslizamento, o 
rolamento ou o movimento giratório. 
No deslizamento, um ponto de uma das 
superfícies articulares entra em contato com 
diferentes pontos da superfície articular oposta. 
Ou seja, nesse caso, temos a translação. 
A direção do deslizamento é determinada 
pelo formato da superfície articular, fato 
que determina a regra do côncavo-convexo, 
que se relaciona diretamente à forma das 
superfícies articulares que se encontram em 
movimento. Ou seja, se a superfície articular 
móvel for côncava, desliza na mesma direção 
da diáfise óssea ou do movimento angular. 
Já se for convexa, desliza na direção oposta 
à diáfise óssea. No exemplo da figura 1, 
extensão do joelho em cadeia cinética 
aberta, a tíbia (superfície articular côncava) 
desliza na mesma direção da diáfise óssea ou 
do movimento angular. 
Figura 1 – Ilustração da regra do côncavo-convexo. 
No movimento de extensão do joelho, a tíbia, que 
apresenta superfície articular côncava, desliza ou 
escorrega na mesma direção do movimento.
No rolamento, os pontos de contato das 
superfícies articulares mudam constante-
mente, ou seja, novos pontos de uma super-
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
5
fície entram em contato com novos pontos 
da superfície oposta.
No movimento giratório, uma extremidade 
óssea gira sobre a outra ao redor de um eixo 
longitudinal. Nesse caso, o osso roda man-
tendo seu eixo mecânico estacionário. 
No corpo humano, a maior parte das arti-
culações realiza movimentos compostos, nos 
quais os três movimentos artrocinemáticos 
ocorrem simultaneamente. 
Diversas lesões articulares são causadas 
por alteração ou falta desses componentes, 
uma vez que os movimentos osteocinemáti-
cos e atrocinemáticos são interdependentes 
e ocorrem em conjunto. Assim, compreen-
der a artrocinemática é fundamental para o 
profissional que trabalha com o movimento 
humano.
Vídeo 1: definição dos seguintes conceitos: 
biomecânica, cinesiologia, osteocinemática, 
artrocinemática, regra do côncavo-convexo
Complexo articular do ombro
O complexo do ombro ou cintura escapu-
lar é o primeiro elo do tronco com o esque-
leto apendicular e tem como função prin-
cipal o posicionamento da mão no espaço. 
Tal função depende diretamente da grande 
mobilidade local, principal característica des-
se complexo. Contudo, a grande mobilidade 
pode levar a instabilidade articular. No treina-
mento físico, nos programas de reabilitação 
e prevenção de lesão do complexo do ombro, 
é fundamental que mobilidade e estabilidade 
sejam norteadores do trabalho a ser realiza-
do. 
O complexo do ombro é formado por três 
ossos, o úmero, a clavícula e a escápula, e 
cinco articulações: três verdadeiras, esterno-
clavicular, acromioclavicular e glenoumeral 
(figura 2, números 5, 4 e 1, respectivamen-
te) e duas falsas, escápulo-torácica e suba-
cromial (figura 2, números 3 e 2, respectiva-
mente). 
Figura 2 – Ilustração das articulações que formam 
o complexo do ombro. 1 - articulação glenoumeral, 
2 - articulação subacromial, 3 – articulação escápulo-
torácica, 4 - articulação acromioclavicular e 5 - 
articulação esternoclavicular. Fonte: Kapandji, 1990.
Articulação esternoclavicular
A articulação esternoclavicular é do tipo 
selar, na qual ocorrem predominantemente 
os movimentos de deslizamento. Ela é for-
mada pela extremidade da clavícula (verti-
calmente orientada de forma convexa e ho-
rizontalmente, de forma côncava), a incisura 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
6
clavicular do manúbrio do esterno e a car-
tilagem da primeira costela. As superfícies 
articulares são extremamente irregulares, 
contudo, um menisco muito grosso minimi-
za tal característica e aumenta a congruência 
local. Os ligamentos costoclavicular, esterno-
claviculares (anterior e posterior) e intercla-
vicular, em conjunto com o menisco local e 
o músculo subclávio, são responsáveis pela 
grande estabilidade da articulação. O subclá-vio tem função motora muitas vezes ques-
tionável, mas funciona como um ligamento 
dinâmico para a articulação. Ele contrai-se e 
puxa a clavícula em direção ao manúbrio es-
ternal. 
A articulação esternoclavicular é a única li-
gação entre o membro superior e o esquele-
to axial. Ainda que se caracterize como uma 
articulação selar extremamente estável, fun-
cional como uma junta esferoide. Entre as 
superfícies articulares locais, ocorrem os mo-
vimentos de deslizamento anteroposterior e 
superoinferior. Além disso, a clavícula roda ao 
redor do seu eixo longitudinal. Os movimen-
tos locais incluem a protração e a retração 
(15° a 20°) no plano horizontal, a elevação e 
a depressão (30° a 40°) no plano frontal e a 
rotação (40° a 50°). Na protração, a clavícula 
desliza e rola anteriormente na junta ester-
noclavicular; já na retração, ocorre o oposto. 
Na elevação, o movimento da clavícula ocor-
re sobre o manúbrio esternal, fato que leva 
ao deslizamento para baixo desse osso; já na 
depressão, ela desliza para cima. Esses mo-
vimentos artrocinemáticos são fundamentais 
para completa amplitude de movimento local 
e de todo o complexo do ombro. 
Nota clínica
A articulação esternoclavicular é extre-
mamente forte. Dessa forma, as luxações 
locais são raras, mas as fraturas da clavícu-
la ocorrem frequentemente. 
Articulação acromioclavicular
A extremidade acromial da clavícula arti-
cula-se com o acrômio da escápula e forma a 
articulação acromioclavicular, classificada 
como plana. Semelhantemente à esterno-
clavicular, é recoberta por fibrocartilagem e 
possui um disco articular. Superiormente, o 
ligamento acromioclavicular reforça a articu-
lação, com a função de impedir a subida da 
clavícula nos traumas diretos. Já os ligamen-
tos coracoclaviculares, conoide e trapezoide 
mantêm a integridade local e impedem que 
o acrômio deslize inferiormente em relação 
à clavícula. Tais ligamentos suspendem o 
membro superior livremente em relação ao 
tronco. 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
7
A partir da articulação acromioclavicular, a 
escápula move-se amplamente. Por se tra-
tar de uma superfície de deslizamento fun-
damental para o movimento do complexo do 
ombro, a junção entre a escápula e o tórax 
é definida como uma articulação fisiológica. 
A articulação acromioclavicular não possui 
nenhum músculo que se conecte às suas su-
perfícies ósseas e produza movimento. As-
sim, os músculos que se fixam à escápula 
funcionam como motores para ela. 
A articulação acromioclavicular possui mo-
vimentos triplanares: rotação em direção an-
teroposterior, rotação supero-inferior e pro-
tração e retração. A rotação anteroposterior 
da clavícula na escápula (5° a 8°) ocorre no 
eixo longitudinal, contudo, essa articulação 
contribui pouco para esse movimento, o qual 
ocorre principalmente na articulação ester-
noclavicular (40° a 50º). A rotação superior e 
inferior é essencial para a elevação do com-
plexo do ombro. Nesse caso, nota-se a aber-
tura ou o fechamento do ângulo escapulo-
clavicular. Na protração, ocorre o movimento 
anterior da extremidade acromial, e o inver-
so ocorre na protração.
Articulação escapulotorácica
A escápula, com seu formato curvilíneo, 
contorna a parede torácica dorsal e desliza 
facilmente pelas oito costelas superiores, for-
mando dessa forma uma junta fisiológica, a 
articulação escapulotorácica. O formato 
triangular e chato da escápula forma uma 
grande área para inserção de músculos, que 
a ligam à articulação glenoumeral (músculos 
intrínsecos da articulação glenoumeral - del-
toide e redondo maior - e músculos do man-
guito rotador - supraespinal, infraespinal, 
redondo menor e subescapular) e conectam 
o membro superior ao tronco (anteriormen-
te: músculos peitoral maior, peitoral menor, 
subclávio e serrátil anterior; posteriormente: 
músculos trapézio, latíssimo do dorso, levan-
tador da escápula, romboide maior e romboi-
de menor).
Os ligamentos coracoclaviculares e os 
músculos ao seu redor sustentam e estabili-
zam a escápula nos movimentos do comple-
xo do ombro. A escápula forma um ângulo de 
30° com o gradil costal, está rodada discre-
tamente no sentido da linha média a partir 
da sua extremidade superior e inclina-se an-
teriormente em relação ao plano sagital. Tal 
posicionamento orienta um plano fisiológico 
para o movimento do complexo do ombro, o 
plano da escápula. 
Os movimentos de elevação que ocorrem 
no plano frontal (abdução) e sagital (flexão) 
não estão de acordo com o plano escapular. O 
plano da escápula está posicionado 30° a 45° 
à frente do plano frontal (figura 3). Quando o 
membro superior se movimenta obedecendo 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
8
a esse plano, a escápula desliza livremente em relação ao gradil costal, otimizando assim o 
movimento de todo o complexo do ombro. Dois músculos são fundamentais no deslizamento 
escapular, o serrátil anterior, fixado entre o gradil costal e a escápula, e o subescapular, 
fixado entre o úmero e a borda medial da escápula. Esses músculos, os quais formam uma 
superfície de deslizamento e ancoragem da escápula, oferecem a mobilidade necessária 
para que a cavidade glenoide posicione-se adequadamente e a cabeça umeral alcance a 
amplitude extrema de elevação do membro superior, cerca de 200°.
A sincronização entre os movimentos da escápula e do úmero determinam o ritmo escápulo-
umeral. A alteração do posicionamento da escápula, a falta de mobilidade local, a alteração 
da sinergia dos músculos que controlam os movimentos da escápula e o encurtamento 
muscular podem alterar o ritmo e culminar na diminuição da amplitude dos movimentos 
fisiológicos ou em patologias, como a síndrome do impacto.
Figura 3 – Ilustração dos planos sagital, frontal e da escápula.
A escápula possui funções que se relacionam ao movimento de todo o complexo do om-
bro. Entre elas, podemos destacar: a manutenção do posicionamento adequado da cavidade 
glenoide em relação ao úmero, a realização da protrusão e da retrusão do ombro, facilitando 
a realização de movimentos como o do arremesso, a elevação do acrômio durante os mo-
vimentos de abdução e flexão, evitando assim o pinçamento subacromial, e a transferência 
de velocidade, energia e força provenientes dos membros inferiores e do tronco para os 
membros superiores. 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
9
A escápula realiza movimentos de rotação, deslizamento lateral e vertical em relação ao 
gradil costal, conforme ilustrado na figura 4.
Figura 4 – Ilustração dos movimentos elementares da escápula: a) rotação, b) deslizamento lateral e c) deslizamento vertical.
A rotação escapular ocorre em torno do eixo perpendicular ao plano da escápula. 
Na rotação para cima (figura 4a, lado esquerdo), a escápula roda para cima de tal forma 
que o ângulo inferior orienta-se para fora do gradil costal e a cavidade glenoide dirige-se 
para o alto. A rotação escapular pode alcançar a amplitude de 60°, como ocorre na abdução 
da articulação glenoumeral. Na rotação para baixo, ocorre o movimento oposto. 
No deslizamento lateral, ela dirige-se laterolateralmente, ou seja, para dentro, ou aduz 
(figura 4b, lado direito), e para fora, ou abduz (amplitude total de 10 mm a 12 mm) (figura 
4b, lado esquerdo). No deslocamento vertical, desliza superiormente ou para o alto (figura 
4c, lado esquerdo) e inferiormente ou para baixo (15 mm) (figura 4c, lado direito). 
Esses movimentos são considerados elementares da articulação. Durante a elevação da 
articulação glenoumeral, há a combinação deles em amplitude variáveis. 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
10
O quadro 1 apresenta os movimentos elementares da escápula e os músculos responsá-
veis por eles.
Quadro 1 – Movimentos elementares da escápula e respectivas ações musculares
Elevação
Trapézio fibras descendentes, levantador da 
escápula, romboide maior e menor.
Depressão Trapézio fibras ascendentes, subclávio, 
peitoral menor, serrátil anterior.
Rotaçãopara cima
Trapézio fibras descendentes, trapézio fibras 
ascendentes e serrátil anterior.
Rotação para baixo
Levantador da escápula, subclávio, peitoral 
menor, romboide maior e menor.
Protração Serrátil anterior e peitoral menor.
Retração Trapézio fibras transversas, romboide maior e menor.
Nota clínica
A função do serrátil anterior é fundamental para o posicionamento e a movimentação 
da escápula. 
Nos casos de paralisia do músculo devido a lesão do nervo torácico longo, a margem 
medial da escápula move-se lateral e posteriormente e, consequentemente, ela afasta-
se do gradil costal. Essa condição é visível nas avaliações posturais ao se analisar o ritmo 
escapuloumeral durante a abdução do complexo do ombro e nos exercícios de flexão de 
braços em cadeia cinética fechada. 
A escápula alada é um achado comum nas avaliações posturais. Qual a repercussão 
disso sobre o complexo do ombro?
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
11
Articulação subacromial
O espaço delimitado entre o tubérculo maior da cabeça umeral (inferiormente), o proces-
so coracoide (anteromedialmente) e o arco coracoacromial (superiormente) forma os limites 
da articulação subacromial. 
Do ponto de vista anatômico, não se pode fazer tal denominação, mas o deslizamento 
presente nessa região durante os movimentos do complexo do ombro levam à classificação 
dela como articulação do ponto de vista fisiológico. Nesse espaço, passam importantes es-
truturas do complexo do ombro: a cabeça do úmero, o tendão da cabeça longa do músculo 
bíceps braquial, a porção superior da cápsula articular, o músculo supraespinal e as margens 
superiores dos músculos subescapular e infraespinal, a bursa subdeltoidea e a superfície 
inferior do arco coracoacromial. 
O espaço anatômico presente é diminuído durante os movimentos de elevação do com-
plexo do ombro, especialmente entre 60° e 120°, uma vez que, nesse arco de movimento, 
as estruturas locais podem ser comprimidas pela cabeça do úmero. Os movimentos artroci-
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
12
nemáticos garantem a integridade articular durante os osteocinemáticos, contudo, qualquer 
desarranjo pode levar a síndrome do impacto. 
Nota clínica
biomecânica_complexo_ombro_parteII
A síndrome do impacto caracteriza-se como o pinçamento das estruturas contidas 
no espaço subacromial durante a elevação do ombro. Esse pinçamento ocorre em um 
determinado momento durante a elevação da articulação glenoumeral, especialmente 
entre 60° e 120°. Assim, determina um arco doloroso ou uma limitação dolorosa do 
movimento.
O pinçamento é mais comum entre indivíduos de meia idade ou mais velhos. Acome-
te preferencialmente profissionais que utilizam o movimento repetitivo de abdução do 
ombro ou atletas de esporte de arremesso.
O pinçamento subacromial está relacionado ao arco doloroso, ou seja, à medida que 
o indivíduo realiza a elevação do ombro, a compressão das estruturas subacromiais de-
flagra a dor. 
O arco doloroso pode ocorrer por comprometimento da porção subacromial da bursa 
subacromial ou sudeltoidea, tendinite do supraespinal, infraespinal, redondo menor ou 
subescapular, tendinite na cabeça longa do bíceps braquial e estiramento da articulação 
acromioclavicular inferior. 
Várias podem ser as causas do desenvolvimento dos sintomas. Algumas podem re-
lacionar-se à biomecânica da articulação glenoumeral. Detectar a origem do problema 
pode levar ao seu tratamento efetivo. 
Quando a causa não é tratada, o fator irritante crônico se manterá, e os sintomas 
serão aliviados, contudo retornarão, e então o processo se tornará crônico. Entre as 
causas da patologia, podemos destacar: hipermobilidade da cápsula e dos ligamentos 
glenoumerais, diminuição da mobilidade escápulo-torácica durante a elevação do com-
plexo do ombro e perda da sinergia muscular durante a elevação.
Como estes fatores apontados anteriormente podem levar ao surgimento da patologia?
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
13
Articulação glenoumeral
A articulação glenoumeral é do tipo 
esferoide multiaxial, formada pela cabeça 
umeral, orientada medialmente, para o alto 
e para trás, e pela cavidade glenoide da es-
cápula, disposta lateralmente, para o alto e 
para frente. 
A cavidade glenoide é plana, o que con-
tribui para a grande mobilidade articular, po-
rém pouco estável. O lábio glenoidal, estru-
tura fibrocartilaginosa inserida na margem 
da cavidade e na cápsula articular, aumenta 
em 50% a profundidade local, propiciando 
aumento da congruência articular. 
O encaixe do tipo bola e soquete dessa 
articulação garante ao complexo do ombro 
movimentos tridimensionais amplos com di-
versas variantes. 
O lábio glenoidal, a cápsula articular e o 
suporte ligamentar formam o grupo dos es-
tabilizadores estáticos locais, que se somam 
aos estabilizadores dinâmicos com intuito de 
garantir estabilidade em toda a amplitude de 
movimento. A cápsula articular, fixada infe-
riormente ao colo do úmero e superiormente 
à margem óssea da cavidade glenoide, é re-
forçada pelos ligamentos glenoumerais supe-
rior, médio e inferior. Os três feixes reforçam 
anteriormente a cápsula, pois se fixam entre 
a cavidade glenoide, o tubérculo menor e o 
colo anatômico do úmero. Superiormente, o 
ligamento coracoumeral e o arco coracoacro-
mial oferecem proteção à articulação glenou-
meral.
Entre os estabilizadores dinâmicos locais, 
destaca-se o manguito rotador. Esse mangui-
to musculocutâneo que envolve a articulação 
glenoumeral é formado por quatro músculos: 
o supraespinal, o infraespinal, o redondo me-
nor e o subescapular. 
Durante os movimentos que incluem a 
elevação do ombro, o manguito rotador re-
gula a posição da cabeça do úmero dentro 
da cavidade glenoide. Durante a abdução, 
produz a coaptação transversal e a transla-
ção inferior da cabeça umeral, permitindo 
que o movimento ocorra sem compressão 
das estruturas que se encontram no arco co-
racoacromial (figura 5). Em conjunto, a ca-
beça longa do bíceps auxilia na coaptação 
transversal da cabeça umeral. Esses múscu-
los ainda funcionam como reforço anterior e 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
14
posterior da cápsula, controlando os movimentos artrocinemáticos locais. O deslizamento 
anterior da cabeça umeral, presente, por exemplo, nos movimentos que associam abdução 
e rotação externa, é controlado pelos músculos subescapular e pela cabeça longa do bíceps. 
Já o supraespinal, o infraespinal e o redondo menor estabilizam a cabeça umeral no desli-
zamento posterior.
Figura 5 – Ilustração das linhas de força desenvolvida pelos músculos do manguito rotador.
A estabilidade longitudinal também é assistida pelos músculos locais. Anteriormente, os 
músculos peitoral maior (porção clavicular), coracobraquial e cabeça curta do bíceps e, 
posteriormente, os músculos deltoide e tríceps braquial estabilizam a articulação glenoumeral 
dos esforços longitudinais.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
15
Nota clínica
A grande mobilidade da articulação glenoumeral facilita a ocorrência de episódios 
de luxação local em esportes de alta velocidade, nos quais a articulação é exigida nos 
extremos da amplitude de movimento. 
Desequilíbrio muscular com predomínio dos rotadores internos sobre os externos e 
episódios de luxação recorrente ao alcançar objetos acima da cabeça são alguns dos 
sinais apresentados por aqueles que sofreram uma luxação do ombro. 
Os movimentos que levam a um novo episódio de lesão frequentemente são simples e 
pouco estressantes, como se espreguiçar ao acordar. 
Após o tratamento, conservador ou cirúrgico, para total retorno às atividades laborais 
e esportivas, o portador da luxação do ombro deve passar por uma série de orientações 
e exercícios específicos para restauração do controle neuromuscular local. 
Quais são os pontos fundamentais a ser recuperados do ponto de vista biomecânico 
após a luxação anterior da articulação glenoumeral?
A articulação glenoumeral possuitrês graus de liberdade: abdução e adução (plano fron-
tal, eixo anteroposterior), flexão e extensão (plano sagital, eixo látero-lateral) e rotação 
interna e externa (plano transverso, eixo longitudinal). 
No plano horizontal (eixo vertical), têm-se ainda os movimentos de adução (45°) e abdu-
ção (135°) horizontais.
Durante os movimentos da articulação glenoumeral, os movimentos de rolamento e des-
lizamento estão de acordo com a regra do côncavo-convexo. 
O movimento dela depende diretamente da integridade e da mobilidade das demais arti-
culações do complexo do ombro. Todas as articulações locais trabalham conjuntamente em 
todos os movimentos fisiológicos locais. 
A abdução glenoumeral é dividida em três fases: de 0° a 90°, de 90° a 150° e de 150° 
a 180°. Em cada fase, os músculos atuantes, as articulações do complexo do ombro e os 
movimentos artrocinemáticos obedecem a um padrão. A seguir, descreveremos cada fase.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
16
•	 Abdução de 0° a 90°
Atualmente, há um consenso em que os 
músculos deltoide e supraespinal trabalham 
em conjunto toda a amplitude de movimento 
da articulação. Porém, nos instantes iniciais, 
de 0° a 30°, há um predomínio do supraespi-
nal sobre o deltoide. 
Nesse momento, os demais músculos do 
manguito rotador e o bíceps braquial tra-
cionam a cabeça do úmero para dentro da 
cavidade glenoide, desempenhando o papel 
de coaptadores articulares. Em média a 20° 
de abdução, a escápula começa a rodar para 
cima, e a clavícula eleva-se e roda ao redor 
do seu eixo longitudinal. A 90°, a elevação 
cessa em função da tensão do ligamento 
costo-clavicular. Além disso, nesse ponto, o 
movimento na articulação glenoumeral é in-
terrompido pelo contato do tubérculo maior 
do úmero com o arco coracoacromial. 
•	 Abdução de 90° a 150°
A rotação da escápula para cima ou no 
sentido anti-horário alcança o seu limite nes-
se instante. 
Seu objetivo é posicionar a cavidade gle-
noide para cima e para o lado enquanto o 
úmero roda lateralmente e desliza inferior-
mente, tirando o tubérculo maior da área de 
impactação do arco coracoacromial. A rota-
ção para cima do ângulo inferior da escápu-
la e o posicionamento da cavidade glenoide 
lateralmente e para o alto ocorrem graças à 
ação conjunta das fibras ascendentes e des-
centes do trapézio e do serrátil anterior. 
O músculo trapézio posiciona a cavidade 
glenoide, e o serrátil anterior realiza a co-
aptação da escápula contra o gradil costal. 
Nesse momento, é possível verificar a rota-
ção para cima da escápula, a aproximação 
do ângulo inferior em direção ao gradil costal 
e a queda da porção superior (espinha da es-
cápula). A rotação escapular ocorre concomi-
tantemente à rotação posterior (30° a 40°) e 
à elevação (30°) da clavícula, movimentação 
que envolve as articulações esternoclavicular 
e acromioclavicular. À medida que a amplitu-
de de movimento aumenta, há o tensiona-
mento da porção anteroinferior da cápsula.
•	 Abdução de 150° a 180°
Nessa fase, as articulações vertebrais par-
ticipam ativamente do movimento de abdu-
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
17
ção. Há uma inclinação lateral do tronco realizada pelos músculos paravertebrais do lado 
oposto do ombro abduzido. Se os dois membros superiores são abduzidos, é necessário que 
ocorra o aumento da hiperlordose lombar. Em relação ao úmero, nesses instantes finais, ele 
roda medialmente para prover liberdade à porção anteroinferior da cápsula articular. 
Durante a abdução, a uma elevação de 10° da porção medial da clavícula, o ângulo esca-
puloclavicular abre-se 70° e, como dito anteriormente, a clavícula roda no sentido posterior 
cerca de 45°.
Ao se considerar o movimento da escápula, os movimentos elementares somam-se, as-
semelhando-se a um movimento de sino. Até 120° de abdução, a cada dois graus de mo-
vimento na articulação glenoumeral, há um grau na escapulotorácica; depois, a relação é 
de um para um. Um movimento de báscula ocorre de tal forma que, na escápula, o ângulo 
inferior se dirige para a frente e para cima, enquanto a parte superior, correspondente à 
espinha da escápula, se desloca para baixo e para trás. Isso foi descrito na fase correspon-
dente a 90° a 150° como a aproximação do ângulo inferior em direção ao gradil costal e a 
queda da espinha da escápula. 
Durante a flexão, os movimentos artrocinemáticos são semelhantes aos descritos para a 
abdução. As principais diferenças relacionam-se às amplitudes. A adução a partir da posição 
anatômica não ocorre, mas necessita ser associada à flexão para alcançar a amplitude de 
movimento de 45°. 
O deslizamento da cabeça umeral é fundamental em todos os movimentos fisiológicos 
da articulação. Durante a rotação interna, o úmero desliza posteriormente, e, na externa, 
anteriormente. Na adução, desliza posteriormente, e, na abdução horizontal, anteriormente.
O quadro 2 apresenta os movimentos fisiológicos da articulação glenoumeral e os múscu-
los responsáveis por eles. 
Quadro 2 – Movimentos fisiológicos da articulação glenoumeral e respectivos músculos responsáveis 
Flexão Peitoral maior, deltoide fibras anteriores, coracobraquial.
Extensão Grande dorsal, redondo maior, redondo menor, deltoide fibras posteriores.
Abdução Deltoide, supraespinal.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
18
Adução Latíssimo do dorso, redondo maior e menor.
Rotação interna
Subescapular, redondo maior, grande dorsal, peitoral 
maior (secundário fibras anteriores do deltoide).
Rotação externa Infraespinhoso e redondo menor (secundário, deltoide fibras posteriores).
Adução 
horizontal
Deltoide fibras anteriores, subescapular, peitoral 
maior e menor e serrátil anterior.
Abdução 
horizontal
Supraespinal, infraespinal, redondo maior, redondo menor, 
trapézio fibras transversa e latíssimo do dorso.
Nota clínica
A abdução associada à rotação externa compõe o mecanismo de lesão mais frequente 
do complexo do ombro, a luxação anterior.
Quais músculos devem ser trabalhados após sua ocorrência? Por quê?
 
Complexo articular do cotovelo
O complexo do cotovelo é composto por três articulações envolvidas por uma única cáp-
sula articular que têm como função realizar a junção mecânica entre o braço e o antebraço. 
Dessa forma, trabalha em conjunto com o complexo do ombro com a finalidade de aproxi-
mar e afastar os objetos apanhados pela mão. 
O complexo do cotovelo é formado por três ossos - o úmero, o rádio e a ulna - e três ar-
ticulações - a umeroulnar, a umerorradial e a radiulnar proximal. 
Articulação umeroulnar
A articulação umeroulnar, do tipo gínglimo (ou em dobradiça) uniaxial, é a principal do 
complexo do cotovelo. Na extremidade inferior do úmero, a superfície articular da tróclea 
umeral possui a estrutura de um carretel, que se estende anteriormente até a fossa supratro-
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
19
clear e posteriormente até a fossa olecraniana. Essas duas fossas têm a função de aumentar a 
amplitude da flexo-extensão, uma vez que retardam o contato do processo coronoide da ulna 
com a fossa supratroclear durante a flexão e do olécrano com a fossa olecraniana durante 
a extensão (figura 6). 
Dessa forma, a incisura troclear da ulna, com seu formato de 180° de arco, pode deslizar 
e alcançar os níveis extremos de amplitude articular. 
Figura 6 – Ilustração das fossas supratroclear (anteriormente) e olecraniana (posteriomente). Note 
que, durante a flexo-extensão, as fossas retardam o contato do úmero com a ulna e aumentam 
a amplitude de movimento do complexo do cotovelo. Fonte: Kapandji, 1990.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
20
 O ângulo de carregamento é uma carac-
terística da articulação umeroulnar. Anterior-
mente, o sulco troclear umeral é verticalizado e 
paralelo ao sulco longitudinal do úmero. Já pos-
teriormente, o sulco tem direção oblíqua para 
baixo e para fora, o que determina um ângulo 
agudo de 15° com o eixo longitudinal poste-
rior do úmero. Taiscaracterísticas determinam 
a angulação valga característica do complexo 
do cotovelo, maior nas mulheres (13° a 16°, 
vista anterior em posição anatômica) do que 
nos homens (11° a 14°) (figura 7). 
Figura 7 – Ilustração do ângulo de carregamento.
Ainda que a articulação umeroulnar fun-
cione como uma dobradiça, apresenta 5° de 
rotação interna e externa no final dos movi-
mentos de flexo-extensão (VIEIRA; CAETA-
NO, 1999). Essa rotação é fundamental para 
que a articulação alcance os extremos da 
amplitude articular.
 Articulação umerorradial
A articulação umerorradial é uma junta si-
novial em gínglimo que atua em conjunto com 
a ulna nos movimentos de flexo-extensão do 
complexo do cotovelo. Durante a flexo-exten-
são, a face superior côncava da cabeça do rá-
dio desliza sobre o capítulo do úmero, e, na 
pronação e na supinação, gira como um pivô.
Articulação radioulnar proximal
A prono-supinação é definida como o mo-
vimento de rotação do antebraço em torno 
de seu eixo longitudinal. Tal movimento ofe-
rece ao punho um terceiro grau de liberdade 
caracterizado como fundamental para diver-
sas atividades funcionais da mão, por exem-
plo, abrir uma maçaneta. 
A prono-supinação dá-se na articulação 
radioulnar proximal, pertencente ao comple-
xo do cotovelo, e na radioulnar distal, per-
tencente ao punho. 
Na articulação radiulnar proximal, o rádio 
e a ulna estão lado a lado, formando uma 
articulação uniaxial em pivô do tipo trocoi-
de. Esta é formada entre a cabeça do rádio 
convexa e o anel ósseo fibroso pertencente à 
incisura radial da ulna côncava. Estabilizando 
a cabeça do rádio à ulna nessa região, está 
o ligamento anular, o qual compõe 80% da 
superfície articular.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
21
Suporte ligamentar
Os ossos do complexo do cotovelo são fi-
xados pela cápsula articular, reforçada late-
ralmente pelos ligamentos colateral lateral e 
anular, os quais formam o complexo do liga-
mento colateral lateral ou radial, e medial-
mente pelo ligamento colateral medial.
 O ligamento colateral lateral estende-se 
desde a margem proximal da cabeça radial 
até a porção proximal da ulna. O ligamen-
to anular envolve a cabeça do rádio a partir 
das margens anterior e posterior da incisura 
radial. 
O ligamento colateral medial origina-se 
dos dois terços centrais da superfície ante-
roinferior do epicôndilo medial do úmero e 
parte para a porção proximal da ulna. Gra-
ças ao formato das superfícies articulares, 
aos ligamentos locais, à cápsula articular e 
às unidades musculotendíneas, o complexo 
do cotovelo é considerado estável, fato que 
caracteriza tal articulação como propensa às 
lesões por esforços repetitivos.
Os ligamentos locais têm como função a 
manutenção da coaptação articular, a res-
trição dos movimentos laterais (estresse em 
valgo e varo) e a fixação da cabeça radial 
durante os movimentos de prono-supinação. 
Nota clínica
A cabeça do rádio não possui caracte-
rísticas anatômicas para suportar os es-
forços de tração. O único elemento que 
impede a descida desse osso em relação à 
ulna é a membrana interóssea. A luxação 
da articulação radioulnar proximal ocor-
re principalmente em crianças em idade 
pré-escolar. A história do episódio inclui 
o levantamento abrupto da criança pelo 
antebraço. Nesse caso, o complexo do co-
tovelo encontra-se em extensão, e o an-
tebraço, pronado. A tração pode romper 
o ligamento anular, e a cabeça do rádio 
então é exposta.
Os movimentos do complexo do coto-
velo
Os movimentos do complexo do cotovelo 
envolvem importantes forças de tração nas 
unidades musculotendíneas e ligamentares e 
grande força de cisalhamento e compressão 
nas extremidades ósseas. 
O movimento de flexo-extensão do coto-
velo (plano sagital, eixo laterolateral) ocorre 
nas articulações umeroulnar e umerorradial. 
Já a prono-supinação ocorre na radioulnar 
proximal e distal. Ao se partir da extensão 
total, é possível alcançar ativamente 145° de 
flexão. Já passivamente, pode-se chegar a 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
22
160° de flexão e 10° de hiperextensão. Ro-
tações automáticas, adução e abdução ocor-
rem simultaneamente aos movimentos de 
flexo-extensão. Além disso, a prono-supina-
ção compõe o movimento nos extremos da 
amplitude de movimento. 
Durante a flexão, tem-se o deslizamento 
anterior da incisura troclear na tróclea ume-
ral até o momento em que o processo co-
ronoide alcança a fossa coronoide; o rádio 
aproxima-se do capítulo, aumentando as 
forças de compressão local, e a ulna supina 
e aduz em relação ao úmero. Na extensão, 
ocorre o oposto: a incisura troclear desliza 
posteriomente na tróclea umeral, e o bico do 
olécrano alcança a fossa olecraniana; o rádio 
afasta-se do capítulo, e a ulna prona e abduz 
em relação ao úmero.
A capacidade de adução e abdução da 
ulna fica mais evidente durante a prono-
-supinação. Na posição totalmente supinada, 
ela aproxima-se da linha média do corpo, 
ou seja, aduz. Já na pronação, afasta-se, ou 
seja, abduz. 
Os principais flexores do cotovelo são os 
músculos braquial, bíceps braquial e bra-
quiorradial. Os músculos pronador redondo, 
flexor radial do carpo, flexor ulnar do carpo 
e extensor radial longo do carpo atuam no 
movimento de forma secundária. A ação dos 
flexores do cotovelo é máxima próximo a 
90°; nessa posição, a força muscular torna-
-se perpendicular à direção do braço de ala-
vanca, fato que favorece a ação dos motores 
primários da articulação. O principal extensor 
do cotovelo é o músculo tríceps braquial; o 
ancôneo atua no início do movimento e para 
manutenção dele.
O ato de alimentar-se depende diretamen-
te do complexo do cotovelo. Quando pega-
mos o alimento, realizamos a extensão com-
binada com a pronação, e, ao levá-lo à boca, 
a flexão com a supinação. O músculo bíceps 
braquial, responsável pelas duas ações, é 
chamado de músculo da alimentação.
No complexo do cotovelo, as restrições im-
postas pelas estruturas locais são bastante 
evidentes. A extensão do cotovelo é limitada 
pelo apoio do bico do olécrano na fossa ole-
craniana, pela tensão da parte anterior da 
cápsula articular e pela resistência da mus-
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
23
culatura flexora. Caso os limites articulares 
sejam ultrapassados, podem ocorrer fratura 
do olécrano e ruptura da cápsula. A luxa-
ção posterior do cotovelo está entre as mais 
comuns do corpo humano. Caso o olécrano 
resista ao estresse de uma hiperextensão, a 
articulação pode então se luxar.
A flexão da articulação realizada ativa-
mente é limitada pelo contato das massas 
musculares da loja anterior do braço e do 
antebraço, especialmente pelo músculo bí-
ceps braquial. Já na flexão passiva, as mas-
sas musculares acomodam-se, e, então, o 
movimento alcança até 160°. Nos extremos 
da amplitude de flexão, o apoio da cabeça 
radial na fossa supracondiliana, a tensão da 
parte posterior da cápsula e a tensão passi-
va do músculo tríceps braquial restringem o 
movimento.
A prono-supinação corresponde à rotação 
do antebraço em torno do seu eixo longitu-
dinal. Partindo da posição intermediária as-
sociada à flexão do cotovelo, a supinação 
alcança 90°, e a pronação, 85°, ou seja, a 
rotação axial do antebraço alcança aproxi-
madamente 180°.
Graças a esse movimento, o punho ganha 
um terceiro grau de liberdade para a mão. O 
eixo do movimento corresponde exatamente 
ao do manuseio de ferramentas. 
A prono-supinação interfere diretamente 
na articulação radiocarpiana, por exemplo, 
os movimentos de desvio ulnar e radial de-
pendem diretamente da prono-supinação. 
A pronação do antebraço produz o desvio 
ulnar do punho, o qual, consequentemente, 
posiciona a pinça para movimentos finos rea-
lizada entre o polegar, o indicador e o médio. 
Esse movimento é necessário para tarefas 
que requeiram alta habilidade, como pegar 
um grão de arroz sobre uma mesa. Já a supi-
nação associa-se ao desvio radial e favorece 
a preensão de força. 
Durante a pronação,o rádio gira em torno 
da ulna. Ele dirige-se para baixo e para fora; 
consequentemente, afasta-se da ulna e per-
mite a passagem da tuberosidade bicipital. 
Na supinação, ocorre o movimento oposto. 
Os músculos que efetuam a supinação são 
bíceps braquial, supinador, abdutor longo do 
polegar, extensor curto do polegar e exten-
sor próprio do indicador. 
Os dois primeiros são os principais; já os 
demais possuem uma pequena vantagem 
mecânica para supinação. Os músculos pro-
nadores são pronador redondo, pronador 
quadrado, flexor radial do carpo, palmar lon-
go e extensor radial do carpo, sendo que os 
principais são os dois pronadores. Os três úl-
timos músculos são secundários.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
24
Nota clínica
 A epicondilite lateral, ou cotovelo de tenista, é uma das principais lesões do complexo 
do cotovelo. O processo inflamatório atinge particularmente o tendão do extensor 
radial curto do carpo. A dor aparece gradualmente sobre a face externa do cotovelo 
e intensifica-se nos movimentos de flexão do punho associados a pronação. A flexão 
resistida do punho é dolorosa. A etiologia é desconhecida, contudo, algumas teorias 
são levantadas para procurar elucidar as causas do problema: 1) fadiga por overuse; 2) 
quando o punho está fletido e então é realizado o desvio ulnar associado a pronação, o 
extensor radial curto do carpo é forçado sobre a cabeça do rádio; e 3) trauma direto ou 
contração violenta.
Qual a melhor forma de trabalhar os extensores do cotovelo com a finalidade de 
prevenir lesões e ou recidivas?
Complexo do punho e da mão
A mão, órgão efetor do membro superior, agrega estruturas anatômicas e características 
mecânicas capazes de desempenhar com grande destreza tarefas motoras finas, como tocar 
piano, e grossas, como as executadas por um carateca para partir fibras de madeira e tijolos. 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
25
O complexo do punho e da mão é formado por 27 ossos: no punho, oito ossos do carpo, 
e, na mão, cinco metacarpos e 14 falanges. O complexo do punho e da mão relaciona-se 
ainda diretamente à articulação radiulnar distal. 
Graças às articulações radiulnar proximal e distal, o punho tem à sua disposição o movi-
mento rotacional. 
A prono-supinação depende diretamente da integridade das articulações radiulnar proxi-
mal e distal, pois ambas movimentam-se conjuntamente a partir de um mesmo eixo articular 
que as atravessa. 
A radiulnar distal é uma articulação sinovial do tipo trocoide, formada pela cabeça da ulna 
e pela incisura ulnar do rádio, unidas por um disco articular fibrocartilaginoso. Esse disco 
fixa-se medialmente à margem da incisura ulnar e lateralmente ao processo estiloide do 
rádio e forma a superfície proximal da articulação radiocarpiana. 
O complexo do punho é formado pelas articulações radiocarpiana e mediocarpiana. A 
articulação radiocarpiana é formada proximalmente pela extremidade distal do rádio e pelo 
complexo da fibrocartilagem triangular e distalmente pelos ossos escafoide, semilunar e pi-
ramidal, pertencentes à primeira fileira dos ossos do carpo. 
Como descrito anteriormente, o complexo da fibrocartilagem é formado por um disco ar-
ticular localizado entre a fileira proximal do carpo e a ulna. 
Essa articulação é do tipo elipsoide, sendo que a superfície proximal (rádio e complexo 
da fibrocartilagem) é côncava e se articula na sua correspondente convexa formada pela 
porção distal da articulação. Na fileira proximal do carpo, tem-se ainda o pisiforme, o qual 
não se articula com o rádio e está à frente do piramidal, inserido no músculo flexor ulnar do 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
26
carpo. A principal função desse osso sesamoide é aumentar o torque produzido pelo mús-
culo flexor ulnar do carpo. 
Figura 8 - Ilustração das superfícies proximal e distal da articulação radiocarpiana. Fonte: Adaptado de Kapandgi, 1990.
A articulação mediocarpiana tem como limite proximal a primeira fileira dos ossos do car-
po e distal a segunda fileira, composta pelos ossos hamato, capitato, trapézio e trapezoide. 
O escafoide é o maior dos ossos do carpo e é considerado ponto-chave para o complexo do 
punho, pois liga as duas fileiras e garante estabilidade local. 
Figura 9 - Ilustração das fileiras proximal e distal dos ossos do carpo e articulação mediocarpiana. Fonte: Adaptado de Kapandgi, 
1991.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
27
A estabilidade da articulação radiocarpia-
na é garantida pela extensa cápsula articu-
lar e pelos ligamentos radiocárpico palmar, 
radiocárpico dorsal, colateral ulnar do carpo 
e colateral radial do carpo. A fileira proximal 
dos ossos não possui inserções musculares. 
A estabilidade local depende diretamente da 
cápsula e do ligamento interósseo entre o 
escafoide, o semilunar e o piramidal. As ar-
ticulações intercárpicas são estabilizadas por 
uma série de ligamentos intrínsecos.
Diversos tendões flexores e extensores 
divididos em compartimentos cruzam o pu-
nho. Esses compartimentos são delimitados 
por uma estrutura ligamentar que cruza os 
tendões e previne que eles sejam estrangu-
lados quando o punho se movimenta. Essa 
estrutura é chamada de retináculo. Na região 
dorsal do punho, tem-se o retináculo exten-
sor, e, na porção palmar, o flexor. 
O retináculo extensor tem origem na bor-
da lateral distal do rádio e migra para a su-
perfície posterior distal da ulna e para seu 
processo estiloide. Os compartimentos deli-
mitados pelos retináculos e pelos ossos são 
fibrósseos e revestidos por bainhas sinoviais. 
Os seguintes tendões formam o retináculo 
extensor: túnel 1 - músculo abdutor longo 
do polegar e extensor curto do polegar; túnel 
2 - músculo extensor radial longo e curto do 
carpo; túnel 3 - músculo extensor curto do 
polegar; túnel 4 - os quatro tendões do mús-
culo extensor dos dedos e o músculo exten-
sor do indicador; túnel 5 - músculo extensor 
do dedo mínimo; e túnel 6 - músculo exten-
sor ulnar do carpo. Os retináculos aumentam 
a efetividade e a eficiência dos extensores do 
punho e dos dedos. 
Na região anterior do punho, tem-se o 
retináculo flexor. O ligamento transverso do 
carpo recobre os ossos escafoide e trape-
zoide lateralmente e o pisiforme e o hámulo 
do hamato medialmente, formando o túnel. 
O assoalho deste é formado pelo ligamento 
radiocarpal palmar e pelo complexo do liga-
mento palmar. Doze tendões flexores do pu-
nho, os quais se originam na parte medial do 
antebraço e inserem-se no aspecto palmar 
da mão, e o nervo mediano atravessam o tú-
nel do carpo. Os tendões que passam por ele 
são: os quatro tendões dos músculos flexo-
res superficiais dos dedos, os quatro tendões 
dos músculos flexores profundos dos dedos, 
o músculo flexor longo do polegar, o músculo 
flexor radial do carpo e o nervo mediano.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
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Nota clínica
Os sintomas relacionados à síndrome do túnel do carpo referem-se à compressão do 
nervo mediano, a qual pode gerar desde formigamento dos dedos polegar, indicador 
e médio até atrofia dos músculos tenares. O canal do carpo é uma área relativamente 
estreita, e qualquer alteração das estruturas locais diminui a passagem dos tendões e 
do nervo. Essa compressão pode ser iniciada por uma tenossinovite (inflamação de uma 
bainha tendínea) dos tendões flexores em função de microtraumas, por fratura ou por 
luxação de qualquer um dos carpais. 
Cada um dos dedos possui uma articulação carpometacarpal correspondente, a qual 
aumenta de mobilidade do segundo para o quinto dedo. O primeiro metacarpo e o trapézio 
formam a articulação carpometacarpiana do polegar. 
Essa articulação selar é a mais importante do polegar, pois permite que ele realize a flexo-
extensão, a adução e a abdução e a oponência. As demais articulações carpometacarpais são 
planas, e a mobilidade em cada uma delas difere. 
Durante a flexo-extensão e a abdução e adução, o movimento na segunda e na terceira 
articulação metacarpalé mínimo, a quarta é ligeiramente móvel, e a quinta, muito móvel. 
Nelas, os ossos estão unidos pelos ligamentos carpometacárpicos dorsais, carpometacárpicos 
palmares e carpometacárpicos interósseos. 
A articulação metacarpofalangiana do polegar é uma articulação do tipo gínglimo. Nesse 
caso, a superfície convexa da cabeça metacarpal articula-se com a superfície côncava da base 
da falange. No polegar, a articulação metacarpofalangiana realiza somente os movimentos de 
flexo-extensão. 
As articulações metacarpofalangianas do segundo ao quinto dedos são bicondilares, formadas 
pelas cabeças dos metacarpos que se articulam com as bases das falanges proximais de cada 
dedo. Os metacarpos têm uma base proximal, um corpo e uma cabeça distal. Do segundo ao 
quinto dedo, eles articulam-se com as falanges e formam as articulações metacarpofalangianas 
do tipo plana, biaxiais, com cabeças convexas em ambas as extremidades, ou seja, nas 
falanges e nos metacarpos. Nessas articulações, ocorrem os movimentos de flexo-extensão e 
a abdução e adução. 
Nos dedos, as falanges formam três fileiras, a proximal, a média e a distal, exceto o polegar, 
que não possui a falange média. A articulação interfalangeana do polegar e as interfalangianas 
proximal e distal do segundo ao quinto dedos são do tipo gínglimo. Elas possuem somente o 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
29
movimento de flexo-extensão e são bastante 
estáveis. 
Os movimentos do complexo do punho 
e mão
Os movimentos do complexo do punho se-
rão descritos a partir da posição anatômica. 
Assim, considera-se que o antebraço se en-
contra supinado. 
No movimento de prono-supinação, a ex-
tremidade distal do rádio movimenta-se a 
partir da ulna fixada. Durante a pronação, a 
incisura ulnar do rádio, côncava, desliza em 
torno da cabeça ulnar, convexa, limitada ao 
final do arco pelo impacto entre os dois os-
sos. Já na supinação, movimento oposto, a 
membrana interóssea e a impactação entre 
a incisura ulnar do rádio e o processo esti-
loide ulnar freiam o movimento. As articu-
lações radiulnar proximal e distal estão inti-
mamente interligadas durante o movimento 
de prono-supinação; qualquer alteração de 
posicionamento ou distância entre o rádio e 
a ulna interfere na função e na estabilidade 
local. Uma fratura da cabeça do rádio, por 
exemplo, altera essa disposição e prejudica 
a função local. 
Os movimentos do punho ocorrem em tor-
no de dois eixos. A flexão (85°) e a exten-
são (90°), no eixo látero-lateral e no plano 
sagital; a adução (45°) ou desvio ulnar e a 
abdução (15°) ou desvio radial, no eixo an-
teroposterior e no plano frontal.
A extensão do punho ocorre preferen-
cialmente na articulação mediocarpal, cerca 
de 60%, acompanhada dos movimentos de 
desvio radial e de pronação, que apresentam 
pequena amplitude. Já na flexão, 60% do 
movimento ocorre na articulação radiocarpal 
e 40% na mediocarpal, nesse caso, acompa-
nhada do desvio ulnar e da supinação.
No plano sagital, durante a extensão, a 
fileira proximal convexa desliza para cima 
e anteriormente (ou na direção palmar). O 
deslizamento anterior segue a regra do côn-
cavo-convexo, ou seja, a superfície convexa 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
30
formada pelos ossos escafoide, semilunar e piramidal dirige-se no sentido oposto ao do 
movimento fisiológico. Na articulação mediocarpiana, o trapézio e o trapezoide côncavos 
deslizam posterior ou dorsalmente em relação ao escafoide, que é convexo. Já o hamato e 
o capitato, convexos, deslizam anteriormente. 
O oposto ocorre na flexão: a fileira proximal dos ossos do carpo desliza para baixo e pos-
teriormente, o trapézio e o trapezoide deslizam anteriormente, e o hamato e o piramidal, 
posteriormente. A figura 10 ilustra o movimento artrocinemático da fileira proximal dos os-
sos do carpo durante a flexo-extensão.
Figura 10 - Ilustração do deslizamento anterior da fileira proximal dos ossos do carpo durante 
a extensão e posterior durante a flexão. Fonte: Adaptado de Kapangi, 1991.
Durante o desvio radial, a fileira proximal desliza para cima e para dentro, e a distal vai 
para baixo e para fora. Esse deslizamento inverte-se no desvio ulnar. 
Neste, a 30°, a força de compressão é aplicada perpendicularmente ao plano de desliza-
mento, gerando a posição de maior estabilidade do punho, a qual corresponde à posição de 
função da mão.
Os motores principais para a flexão do punho são os músculos flexor radial do carpo, 
flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos. Os músculos flexor profundo dos de-
dos, palmar longo e flexor longo do polegar atuam de forma secundária. Em relação aos 
extensores, existem três músculos principais: extensor radial longo do carpo, extensor radial 
curto do carpo e extensor ulnar do carpo. A disposição dos músculos extensores dos dedos, 
extensor do dedo mínimo, extensor longo do polegar e extensor do indicador fazem com que 
eles sejam considerados extensores auxiliares do punho. 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
31
Os desvios radial e ulnar resultam da con-
tração sinérgica de músculos que são res-
ponsáveis pela flexão e pela extensão do pu-
nho. O desvio radial resulta da contração dos 
músculos flexor radial do carpo e extensor 
radial longo e curto do carpo. Em função da 
linha de tração dos músculos extensores pro-
fundos do punho (abdutor longo do polegar, 
extensor curto do polegar, extensor longo do 
polegar, extensor do indicador e supinador), 
estes podem auxiliar no desvio radial. Já o 
desvio ulnar é realizado pelo flexor ulnar do 
carpo e pelo extensor ulnar.
A mão possui músculos denominados in-
trínsecos e extrínsecos. Os intrínsecos têm 
origem nos segmentos carpianos e na mão; 
já os extrínsecos, no antebraço e no úme-
ro. Os músculos intrínsecos dividem-se em 
três grupos: relacionados ao polegar, que se 
encontram no lado radial e são responsáveis 
pela eminência tenar; relacionados ao dedo 
mínimo, que são encontrados no lado ulnar 
e responsáveis pela eminência hipotenar; e 
intrínsecos, dispostos no meio da mão, entre 
os metacarpais. 
Oito músculos atuam sobre o polegar, qua-
tro intrínsecos e quatro extrínsecos. Os mús-
culos intrínsecos da eminência tenar são: fle-
xor curto do polegar, oponente do polegar, 
abdutor curto do polegar e adutor do pole-
gar. Os extrínsecos são: extensor longo do 
polegar, extensor curto do polegar, abdutor 
longo do polegar e flexor longo do polegar. 
A flexão do polegar ocorre quando a pri-
meira articulação metacarpofalangiana é 
movida transversalmente à palma, e a ex-
tensão corresponde ao retomo. A abdução 
do polegar ocorre no plano perpendicular à 
mão a partir da posição anatômica. Nela, o 
primeiro metacarpal afasta-se do segundo, e 
a adução é o retorno. A oposição envolve a 
combinação de abdução, circundução e rota-
ção. Nesse caso, a ponta do polegar vai de 
encontro à ponta dos demais dedos, ou em 
oposição a eles. 
Os movimentos do polegar ocorrem gra-
ças a complexas interações neuromusculares 
e mecânicas entre os músculos intrínsecos 
e extrínsecos. Os principais extensores são 
os músculos extensor radial longo e curto do 
carpo e os secundários, o oponente do pole-
gar e o abdutor curto do polegar. Os múscu-
los flexores longo e curto são responsáveis 
pela flexão. Na adução, além do adutor do 
polegar, participam extensor longo do po-
legar, flexor longo do polegar, flexor curto 
do polegar e adutor do polegar. A abdução 
ocorre pela ação dos músculos abdutor cur-
to e longo do polegar. Na oposição, quando 
o polegar é suavemente colocado nessa po-
sição, os músculos tenares são mais ativos 
que os hipotenares. O principal músculo do 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
32
movimento é o oponente do polegar, e o fle-
xor curto do polegar tem ação secundária. O 
principal músculo hipotenar é o oponente do 
dedo mínimo.
Os músculos intrínsecos da região hipote-
nar são: o abdutor do dedo mínimo, o flexor 
curto do dedo mínimo e o oponente dodedo 
mínimo. A função de cada um está direta-
mente relacionada à sua denominação. Os 
músculos extrínsecos hipotenares são pal-
mar curto, abdutor do dedo mínimo, flexor 
curto do dedo mínimo e oponente do dedo 
mínimo.
Os músculos intrínsecos da mão dividem-
-se em três grupos: quatro lumbricais, quatro 
interósseos dorsais e três interósseos palma-
res. Os lumbricais localizam-se na palma da 
mão, e os interósseos, entre os metacarpais. 
Em conjunto, eles fletem as articulações me-
tacarpofalangianas e estendem as interfalan-
gianas médias e distais. Nas metacarpofalan-
gianas, os lumbricais e os interósseos formam 
o sistema principal de movimento. 
Quando a mão segura um objeto, ela desen-
volve o movimento de preensão, dividido em 
preensão de força ou preensão de precisão. 
Na primeira, todos os músculos extrínsecos e 
intrínsecos participam, exceto os lumbricais 
(excluindo o quarto). Já segunda, os músculos 
intrínsecos fornecem as características neces-
sárias para o controle dos movimentos finos. 
Os músculos interósseos palmares e dorsais, 
por exemplo, controlam de forma delicada as 
forças de compressão. 
Os fatores determinantes para a realiza-
ção da preensão palmar incluem: mobilidade 
normal da primeira articulação carpometa-
carpiana e, em menor extensão, da quarta e 
da quinta; rigidez relativa da segunda e da 
terceira articulações carpometacarpianas; es-
tabilidade normal dos arcos longitudinais dos 
dedos e do polegar; sinergismo e antagonis-
mo balanceados entre musculatura intrínseca 
e extrínseca da mão; porção sensorial, com-
primento, mobilidade e posição normais de 
cada raio.
Pode-se dividir a preensão nas seguintes 
fases: 1) abertura da mão, realizada pela ação 
simultânea dos músculos intrínsecos da mão 
e dos músculos extensores longos; 2) fecha-
mento dos dedos e do polegar para agarrar o 
objeto, sob a responsabilidade dos músculos 
flexores e de oposição extrínsecos e intrínse-
cos; 3) modulação da força de acordo com as 
características e o peso do objeto, sob ação 
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
33
dos músculos flexores e de oposição extrínsecos e intrínsecos; e, finalmente, 4) abertura da 
mão, semelhante ao início do movimento. 
A preensão de força, aquela utilizada para segurar um objeto firmemente pela mão, e a de 
precisão, que envolve movimentos de pinça, realizadas pela mão sofrem repercussão direta 
da posição do punho. A força e a potência durante a preensão são maiores quando o punho 
se encontra em extensão e desvio ulnar. Utiliza-se a flexão isométrica, há a aproximação 
das eminências tenar e hipotenar e a função intacta das estruturas da extremidade ulnar 
da mão. Essa preensão associa preferencialmente os músculos extrínsecos e o adutor do 
polegar. Já na preensão de precisão, o polegar deve se posicionar perpendicular à mão, e os 
músculos intrínsecos são os motores principais. Nesse caso, eles funcionam predominante-
mente contraídos de forma isotônica, e, uma vez que tais posições requerem um alto nível 
de informação sensorial, são usadas áreas com maior quantidade de receptores sensoriais. 
As articulações metacarpofalangianas e a porção radial da mão são preferencialmente utili-
zadas.
A tabela a seguir descreve a origem e a inserção de cada músculo do membro superior, 
de acordo com Kendall e McCreary (1987). 
Músculo Origem Inserção Ação
Deltoide
Terço lateral da 
clavícula, acrômio 
e espinha da 
escápula.
Tuberosidade 
deltoidea do úmero.
Abduz o ombro; as fibras anteriores 
flexionam e rodam medialmente; 
as fibras posteriores estendem 
e rodam lateralmente.
Supraespinal
Fossa supraespinhal 
da escápula.
Tubérculo maior 
do úmero.
Abduz o ombro; discreta 
rotação lateral.
Infraespinal
Fossa infraespinhal 
da escápula.
Tubérculo 
maior do úmero 
(posteriormente 
ao supraespinal).
Roda lateralmente o ombro; 
discreta adução.
Subescapular
Fossa subescapular 
da escápula.
Tubérculo menor 
do úmero.
Roda medialmente o ombro.
Redondo maior
Face dorsal do 
ângulo inferior 
da escápula.
Tubérculo menor 
do úmero.
Aduz, estende e roda 
medialmente o ombro.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
34
Redondo menor
Margem lateral 
da escápula.
Tubérculo 
maior do úmero 
(posteriormente ao 
infraespinhal).
Roda lateralmente o ombro, 
aduz e estende.
Coracobraquial
Processo coracoide 
da escápula.
Porção média do 
úmero, face medial.
Flexiona e aduz o ombro.
Bíceps braquial
Cabeça longa: 
tubérculo 
supraglenoidal 
da escápula.
Cabeça curta: 
processo coracoide 
da escápula.
Tuberosidade 
do rádio.
Flexiona o cotovelo e o ombro; 
supina o antebraço.
Braquial
Face anterior da 
metade distal 
do úmero.
Processo coronoide 
da ulna.
Flexiona o cotovelo.
Tríceps braquial
Cabeça longa: 
tubérculo 
infraglenoidal 
da escápula.
Cabeça lateral: face 
posterior do úmero 
acima do sulco 
do nervo radial.
Cabeça medial: face 
posterior do úmero 
abaixo do sulco 
do nervo radial.
Olécrano da ulna.
Estende o cotovelo; a cabeça 
longa também estende o ombro.
Ancôneo
Epicôndilo lateral 
do úmero.
Face lateral do 
olecrano.
Estende o cotovelo.
Pronador 
redondo
Epicôndilo medial do 
úmero e processo 
coronoide da ulna.
Parte média da 
face lateral da 
diáfise do rádio.
Pronação e flexão discreta 
do cotovelo.
Flexor radial 
do carpo
Epicôndilo medial 
do úmero.
Face ventral de 
segundo e terceiro 
metacarpais.
Flexiona e abduz o punho; auxilia 
na flexão do cotovelo; realiza 
a pronação do antebraço.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
35
Palmar longo
Epicôndilo medial 
do úmero.
Aponeurose palmar.
Tensiona a fáscia palmar, 
realizando uma concavidade 
com a palma da mão, 
e flexiona o punho.
Flexor ulnar 
do carpo
Epicôndilo medial 
do úmero, olécrano 
e dois terços 
proximais da face 
posterior da ulna.
Pisiforme, hamato e 
quinto metacarpal.
Flexiona e aduz o punho e pode 
auxiliar na flexão do cotovelo.
Flexor superficial 
dos dedos
Epicôndilo medial 
do úmero, processo 
coronoide da ulna 
e face anterior 
do rádio.
Face ventral das 
falanges médias 
do segundo ao 
quinto dedos.
Flexiona as articulações 
interfalangianas proximais 
do segundo ao quinto dedos, 
auxilia na flexão das articulações 
metacarpofalangianas.
Flexor profundo 
dos dedos
Epicôndilo medial e 
processo coronoide, 
membrana 
interóssea e face 
ventral da ulna.
Face ventral da 
base das falanges 
distais do segundo 
ao quinto dedos.
Flexiona as articulações 
interfalangianas distais do 
segundo ao quinto dedos, auxilia 
na flexão das articulações 
interfalangianas proximais.
Flexor longo 
do polegar
Face ventral do 
rádio e membrana 
interóssea.
Face ventral da 
base da falange 
distal do polegar.
Flexiona a articulação interfalangiana 
do polegar; auxilia na flexão das 
articulações metacarpofalangianas 
e carpometacarpiana; pode 
auxiliar na flexão do punho.
Pronador 
quadrado
Face ventral 
distal da ulna.
Face ventral 
distal do rádio.
Pronação do antebraço.
Braquiorradial
Crista supracondilar 
lateral do úmero.
Processo estiloide 
do rádio.
Flexiona o cotovelo.
Extensor radial 
longo do carpo
Crista supracondilar 
lateral do úmero.
Face dorsal da 
base do segundo 
metacarpal.
Estende e abduz o punho e 
auxilia na flexão do cotovelo.
Extensor radial 
curto do carpo
Epicôndilo lateral 
do úmero.
Face dorsal da 
base do terceiro 
metacarpal.
Estende e auxilia na 
abdução do punho.
Anatomia e Cinesiologia de Membros Superiores
36
Extensor 
dos dedos
Epicôndilo lateral 
do úmero.
Face dorsal das 
falanges do segundo 
ao quinto dedos.
Estende as articulações 
metacarpofalangianas e, em 
conjunto com os lumbricais e 
interósseos, as articulações 
interfalangianas do segundo 
até o quinto dedos. Auxilia na 
abdução do segundo, terceiro 
e quarto dedos e auxilia na 
extensão e abdução do punho. 
Extensor do 
dedo mínimoTendão do 
extensor dos 
dedos.
Tendão do extensor 
dos dedos no dorso 
do dedo mínimo.
Estende as articulações 
metacarpofalangianas e 
interfalangianas do dedo mínimo.
Extensor ulnar 
do carpo
Epicôndilo lateral 
do úmero.
Base do quinto 
metacarpal.
Estende e aduz o punho.
Supinador
Epicôndilo lateral 
do úmero
Extremidade proximal 
da face lateral da 
diáfise do rádio
Supina o antebraço
Abdutor longo 
do polegar
Face posterior do 
meio do rádio e 
ulna e membrana 
interóssea.
Base do primeiro 
metacarpal.
Abduz e estende a articulação 
carpometacarpiana do polegar, 
abduz e auxilia na flexão do punho.
Abdutor curto 
do polegar
Face posterior 
do meio do rádio 
e membrana 
interóssea.
Base da primeira 
falange do polegar.
Abduz as articulações 
carpometacarpiana e 
metacarpofalangiana do 
polegar. Estende a articulação 
interfalangiana do polegar.
Extensor longo 
do polegar
Face posterior 
do meio da ulna 
e membrana 
interóssea.
Base da última 
falange do polegar.
Estende a articulação interfalangiana 
do polegar e auxilia na extensão 
das carpometacarpiana e 
metacarpofalangiana do 
polegar. Auxilia na abdução 
e na extensão do punho.
Oponente do 
polegar
Retináculo dos 
flexores e trapézio.
Borda lateral do 
metacarpal do polegar.
Opõe (flexão, abdução e leve 
rotação medial) a articulação 
carpometacarpiana do polegar.
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37
Flexor curto 
do polegar
Retináculo dos 
flexores, trapézio e 
primeiro metacarpal.
Base da falange 
proximal do polegar
Flexiona as articulações 
carpometacarpiana e 
metacarpofalangiana do 
polegar; auxilia na oposição.
Extensor do 
indicador
Face posterior da 
extremidade distal 
da ulna e membrana 
interóssea.
Tensão do extensor 
dos dedos para o 
dedo indicador.
Estende o dedo indicador.
Abdutor do 
dedo mínimo
Pisiforme e tendão 
do flexor ulnar 
do carpo.
Base da falange 
proximal do 
dedo mínimo.
Abduz, auxilia na oposição 
e pode auxiliar na flexão da 
articulação metacarpofalangiana 
do dedo mínimo.
Flexor curto do 
dedo mínimo
Retináculo dos 
flexores e uncinado.
Base da falange 
proximal do 
dedo mínimo.
Flexiona as articulações 
carpometacarpiana e 
metacarpofalangiana 
do dedo mínimo.
Oponente do 
dedo mínimo
Flexor dos 
retináculos e 
uncinado.
Metacarpal do 
dedo mínimo.
Opõe (flexão com leve rotação) 
a articulação carpometacarpiana 
do dedo mínimo.
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