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1 PROTOCOLOS ASSISTENCIAIS DE OBSTETRÍCIA DA MATERNIDADE CLIMÉRIO DE OLIVEIRA Diabetes Mellitus na Gravidez 1ª Versão Docente: Profa. Dra. Denise dos Santos Barata Preceptores: Dra. Raquel Romero Pinheiro, Dra. Lídia Lima Aragão Sampaio; Dra. Laís Pinheiro Maia; Dra. Licemary Guimarães Lessa Residente: Dr. Gabriel Benevides Validação da 1ª versão em 21 de julho de 2017 1ª Atualização Docente: Profa. Dra. Lídia Lima Aragão Sampaio Preceptores: Dra. Raquel Romero Pinheiro; Dra. Licemary Guimarães Lessa Residente: Dr. Matheus de Sá e Dra. Bruna Ramalho Validação da 1ª atualização em 28 de junho de 2018 1. INTRODUÇÃO A gestação em mulheres diabéticas é uma condição reconhecidamente associada a uma maior frequência de malformações fetais e complicações clínicas maternas, quando comparada as gestações normais. Grandes são os números de complicações fetais tais como malformações, macrossomia, hipoglicemia, hiperbilirrubinemia, policitemia, hipocalcemia, hipomagnesemia, cardiomiopatia hipertrófica e síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido. Quanto às complicações maternas, o inadequado controle glicêmico está relacionado a maiores índices de abortos espontâneos, infecções, hipertensão arterial, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG), hoje definida como pré-eclâmpsia leve e grave, partos pré-termo e cesáreas. Está definido na literatura que um bom controle metabólico está associado a melhores desfechos maternos e fetais. Na gestação ocorre o aumento dos níveis de estrogênio, progesterona, cortisol, prolactina e produção de lactogênio placentário humano. Essas mudanças interferem no metabolismo dos carboidratos, podendo resultar, em mulheres susceptíveis, no desencadeamento de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) e, naquelas previamente diabéticas, em piora do controle glicêmico. As alterações no metabolismo materno são necessárias para suprir a demanda fetal, principalmente no segundo trimestre da gestação. O desenvolvimento da resistência insulínica na gravidez, na maioria destas mulheres, acredita-se já existir anteriormente, à custa de sobrepeso pré-gestacional, de obesidade e da síndrome dos ovários policísticos (SOP) prévio. Pacientes com qualquer tipo de diabetes podem necessitar de insulinoterapia em algum estágio da sua doença ou durante a sobrecarga metabólica da gestação. 2. CONCEITO DE DIABETES MELLITUS 2 O Diabetes Mellitus é uma doença crônica e complexa e evolutiva, necessitando de cuidados médicos, com estratégia de redução dos riscos multifatoriais, através do controle glicêmico. Decorrente do defeito parcial ou total da produção de insulina. A educação contínua do paciente e autogerenciamento, além do apoio, é essencial para prevenir complicações. 3. CLASSIFICAÇÃO O diabetes pode ser classificado em quatro categorias: 3.1. Diabetes tipo 1 - devido à destruição das células beta, levando deficiência de insulina; 3.2. Diabetes tipo 2 - devido a um defeito de ação e secreção de insulina e na regulação da produção hepática de glicose; 3.3. Outros tipos específicos de diabetes, devido a outras causas, por exemplo, defeitos na genéticos na função das células beta, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino (tais como pancreatite, fibrose cística...) e drogas (tal como no tratamento de HIV induzida por química / SIDA ou após transplante de órgãos, corticóides); 3.4. Diabetes Mellitus Gestacional - Diabetes diagnosticada durante a gravidez. 4. CONCEITO DE DIABETES MELLITUS GESTACIONAL Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica, caracterizada por um defeito na produção e/ou na ação da insulina. O DMG é definido como qualquer grau de intolerância à glicose, com início ou primeiro reconhecimento durante a gestação. Independente da condição de persistência ou desaparecimento da alteração metabólica após o parto, assim como não exclui a possibilidade de a intolerância à glicose ter precedido a gravidez. A terminologia para descrever diabetes diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez varia entre as organizações nacionais. Historicamente, o termo "diabetes gestacional" foi definido como o aparecimento ou primeiro reconhecimento de tolerância anormal à glicose durante a gravidez. O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) continua a usar essa terminologia. Nos últimos anos, a Associação Internacional de Diabetes e Gravidez Grupos de Estudo (IADPSG), a American Diabetes Association (ADA), a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), e outros tentaram distinguir mulheres com diabetes pré-existente que seja reconhecido pela primeira vez durante a gravidez daquelas cuja doença é uma manifestação transitória da resistência à insulina relacionada com a gravidez. Esta alteração reconhece a crescente prevalência do tipo não diagnosticada Diabetes tipo 2(DM2) em mulheres não grávidas em idade fértil. 3 A prevalência do DMG está definida entre 3% e 13% na gestação, variando em todo o mundo entre os grupos raciais e éticos, geralmente em paralelo com a prevalência do diabetes tipo 2. Também varia por causa das diferenças nas práticas de triagem, as características da população (por exemplo, o índice de média idade e massa corporal [IMC] de mulheres grávidas), método de ensaio e os critérios de diagnóstico. Prevalência tem vindo a aumentar ao longo do tempo, possivelmente devido ao aumento da idade média materna e peso. Complicações maternas e fetais associadas Vários efeitos adversos têm sido associados com diabetes durante a gravidez: Pré-eclâmpsia Polidrâmnio Fetos grandes para a idade gestacional e macrossomia Organomegalias fetais (hepatomegalia, cardiomegalia) Traumas no nascimento (parto distócico) Maior prevalência de parto cirúrgico Maior mortalidade perinatal Problemas respiratórios neonatais e complicações metabólicas (hipoglicemia, hiperbilirrubinemia, hipocalcemia, policitemia) 5. OBJETIVOS Diagnosticar precocemente o Diabetes na gestação; Reconhecer fatores de riscos para o Diabetes Gestacional e diabetes mellitus na gestação; Identificar sinais de complicações na evolução da doença, com objetivo de reduzir morbimortalidade materna e fetal; Otimizar tratamento com objetivo de reduzir complicações na gestação; Orientar a paciente sobre a doença e os cuidados a serem tomados. 6. FATORES DE RISCO PARA DMG) e obesidade materna Idade de 25 anos ou mais; História familiar de DM em parentes de 1º grau; Antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal; Baixa estatura ( < 1,50m); Sobrepeso, obesidade ou ganho de peso excessivo na gestação atual; Intolerância à glicose anterior a gestação; 4 Deposição central excessiva de gordura corporal; Síndrome dos ovários policísticos; Uso de medicamentos hiperglicemiantes (corticoides, diuréticos tiazídicos); Crescimento fetal excessivo, aumento do volume de líquido amniótico, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual; Macrossomia (peso > 4kg) ou história de DMG prévio; 7. RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO Anteriormente não existia consenso em relação ao método ideal para diagnóstico do DMG. Atualmente adotamos o modelo recomendado pela International Association for the Study of Diabetes and Pregnancy Group - IADPSG (Diabetes Care, volume 33, Number 3, March 2010), que utilizou os resultados do estudo HAPO (N ENGL J MED 358;19, MAY 8, 2008) realizado em 25.505 gestantes, demonstrando associação entre os valores da glicemia materna e desfechos perinatais. Rastreamento:Na primeira consulta pré-natal deve ser solicitada glicemia de jejum. Caso glicemia de jejum < 92mg/dl, considera-se rastreio negativo, entretanto, deverá ser submetida ao TTOG 75g com 24 - 28 semanas (rastreio universal). Caso glicemia plasmática em jejum ≥ 92 mg/dl e < 126 mg/dl, é feito o diagnóstico de DMG precoce. Deve-se confirmar o resultado com uma segunda dosagem da glicemia de jejum. Caso o valor encontrado seja ≥ 126 mg/dl, é feito o diagnóstico de diabetes mellitus pré- gestacional. Deve-se confirmar o diagnóstico com nova glicemia de jejum. Solicitar Hb glicada para avaliar controle glicêmico durante a organogênese. No período de 24-28 semanas seve ser solicitado TTOG 75g para todas as pacientes com rastreio negativo - rastreio universal. Não aplicar TTOG em pacientes já diagnosticadas com DMG ou DM prévio. Deve-se realizar o TTOG com dieta sem restrição de carboidratos ou com, no mínino, ingestão de 150g de carboidratos nos 3 dias anteriores ao teste, com jejum de 8 horas. 5 FLUXOGRAMA PARA DIAGNÓSTICO DE DIABETES NA GESTAÇÃO GLICEMIA DE JEJUM NA PRIMEIRA CONSULTA DE PRÉ-NATAL (ATÉ 20 SEMANAS) <92mg/dl 92 – 125mg/dl ≥126mg/dl RASTREIO NEGATIVO Repetir glicemia Repetir glicemia e solicitar HbA1c TTOG com 24-28 semanas 92 – 125mg/dl ≥ 126mg/dl (Rastreio universal) ou HbA1c ≥6,5% DMG PRECOCE (SBD 2017-2018) DMG PRÉVIO (ADA 2018/ SBD 2017-2018) jejum ≥ 92mg/dl 1h ≥ 180 mg/dl 2h ≥ 153 mg/dl (1 ou mais valores alterados) 2h≥200mg/dl DMG (Estudo HAPO/IADPSG/ADA) DM PRÉVIO (OMS 2013) OBS: Se glicemia de jejum no primeiro trimestre ≥200mg/dl com sintomas de descompensação glicêmica, considerar diagnóstico de DM prévio sem necessidade de confirmação. 6 8. CONDUTAS NO AMBULATÓRIO O acompanhamento da paciente com DMG ou diabetes prévio abrange 5 pontos fundamentais: pré-natal (orientações obstétricas), orientação nutricional, atividade física, monitorização glicêmica, e tratamento medicamentoso. 8.1. PRÉ-NATAL (ORIENTAÇÕES OBSTÉTRICAS) Na primeira consulta pré-natal, gestantes com diabetes prévio necessitam de avaliação clínica e laboratorial detalhada: ANAMNESE: – Idade de início do diabetes – Hábitos nutricionais – Atividades físicas – Controle glicêmico – Frequência/gravidade de episódios de hipoglicemia – Complicações do diabetes: retinopatia, nefropatia, neuropatia – Associação com hipertensão arterial crônica – Doença periodontal – Medicamentos utilizados EXAME FÍSICO: – Estatura, peso, índice de massa corporal – Pressão arterial – Palpação de tireóide – Avaliação dos pés EXAMES COMPLEMENTARES: – Hemoglobina glicada (HbA1c) - deve ser medida na primeira consulta pré-natal; depois mensalmente, até que valoras <6,5% sejam alcançados, quando então poderá ser avaliada a cada 2 ou 3 meses – Microalbuminúria e/ou proteinúria de 24 horas – Creatinina sérica – Ácido úrico – TSH – Urocultura – Fundoscopia 7 – Ecocardiografia e ECG Deverão ser repetidos com 20, 28 e 34 semanas de idade gestacional: microalbuminúria e/ou proteinúria de 24 horas, creatinina sérica e urocultura. Para pacientes com diabetes gestacional, essa avaliação não se faz necessária. Individualizar solicitação de perfil lipídico (colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos) AVALIAÇÃO OBSTÉTRICA: – PRIMEIRO TRIMESTRE: entre 11 sem e 13 sem 6 dias, solicitamos US para estimativa da idade gestacional e rastreio morfológico do primeiro trimestre. – SEGUNDO TRIMESTRE: US morfológica Doppler obstétrico, USTV (cervicometria). US mensal a partir da 24a semana. Entre 24 e 28 semanas solicitamos a Ecocardiografia Fetal para todas as pacientes portadoras de DM prévio. – TERCEIRO TRIMESTRE: US para avaliar crescimento fetal e volume do líquido amniótico com 28 / 32 / 36 / 38 / 39 semanas. Doppler fetal com 28 semanas, especialmente se houver hipertensão arterial, toxemia ou vasculopatia. Individualizar seguimento na presença de vasculopatia ou outro fator de risco para crescimento restrito (CIUR). Perfil Biofísico Fetal (PBF) a cada 15 dias alternando com cardiotocografia (CTG) sempre para pacientes em tratamento medicamentoso e/ou com difícil controle glicêmico e/ou portadoras de alterações metabólicas, com objetivo de ter avaliação de vitalidade fetal semanal. CTG no termo - para pacientes controladas com dieta. Mobilograma - Contagem de movimentos fetais: orientar a partir de 28 semanas. Considera-se adequado 6 movimentos fetais durante 1 hora após refeições ou 10 movimentos fetais ao longo do dia). Caso reduzido – solicitar PBF de urgência. SE DESCOMPENSAÇÃO AGUDA – SOLICITAR CARDIOTOCOGRAFIA E US COM PBF. 8 Frequência de consultas de pré-natal: . Em casos de DM prévio e DMG em uso de insulina: mensais até 20 semanas; quinzenal até 32 semanas; semanal após 32 semanas. . Em casos de DMG em controle com dieta: mensais até 28 semanas; quinzenal até 34 semanas; semanal após 34 semanas. Pacientes com diagnóstico de DMG ou diabetes prévio devem ser encaminhadas ao ambulatório de endocrinologia, nutrição, educador físico e odontologia. Se descontrole metabólico, solicitar internação. 8.2. ORIENTAÇÕES DIETÉTICAS A American Diabetes Association (ADA) recomenda que a terapia de nutrição para DMG proporcione uma nutrição adequada para promover bem-estar fetal e materno e alcançar a normoglicemia com ausência de cetonas, e proporcionando níveis adequados de energia para ganho de peso adequado durante a gravidez. Na prática clínica, as mulheres muitas vezes exigem 1800-2200 kcal por dia. Para as mulheres que estão em peso corporal ideal durante a gravidez, as necessidades calóricas são de 30 kcal/kg/dia; para as mulheres que estão acima do peso, a exigência calórica é 22 a 25 kcal/ kg/dia; e para as mulheres com obesidade mórbida, o requisito calórico é de 12 a 14 kcal/kg/dia (peso apresentar grávida). Para aquelas mulheres que estão abaixo do peso, as necessidades calóricas podem ser até 40 kcal/kg/dia para atingir ganhos de peso recomendado, metas de glicose no sangue, e ingestão de nutrientes. Uma vez que as necessidades calóricas são calculadas, a ingestão de carboidratos deve ser distribuída entre as refeições e lanches para diminuir a hiperglicemia pós-prandial. Não há evidências seguras quanto à ingestão de carboidratos ideal para o tratamento de DMG. No entanto, deve-se limitar a ingestão de hidratos de carbono a menos do que 40%do total de calorias, enquanto assegurado que não se concretiza cetonúria. Um plano de refeição típica para as mulheres com GDM inclui três refeições de tamanho pequeno a moderado e dois a quatro lanches. Muitas mulheres vão precisar de ajuste individual, dependendo dos níveis de glicose pós-prandial, que são diretamente dependentes do conteúdo de carboidrato da refeição ou lanche. O aumento pós-prandial da glicose, 9 portanto, pode ser melhorado, se a dieta de hidratos de carbono for restrita. Além disso, sabemos que uma dieta com baixo índice glicêmico, em que fontes de carboidratos são compostas principalmente de frutas, legumes e grãos integrais, com baixo consumo de produtos à base de farinha, tem um efeito favorável sobre a glicemia pós-prandial, e reduz significativamente a necessidade de terapia com insulina; no entanto, um efeito claro sobre o resultado da gravidez, particularmente macrossomia, parto por cesariana, e ganho de peso materno ainda não foi comprovado. Os restantes das calorias provenientes de proteína (menos do que 20% do total de calorias) e gorduras (40% de calorias; ingestão de gordura saturada deve ser < 7% do total de calorias). A ingestão de proteína deve ser distribuída ao longo do dia, incluída em todas as refeições e lanches para promover a saciedade e fornecem calorias adequadas. Um lanche antes de dormir pode ser necessário para evitar cetose durante a noite. Ajuste do plano de refeições deve ser contínuo, e baseado nos resultados da automonitorização glicêmica, apetite, e os padrões de ganho de peso. A perda de peso durante a gravidez geralmente não é recomendada, embora haja controvérsia sobre esta recomendação para as mulheres marcadamente obesas. CONTROLE DO GANHO PONDERAL: Baixo Peso 12,5–18,0kg (total na gestação): 2,3kg (1ºTrimestre); 0,5Kg por semana (2º e 3º Trimestre) Adequado 11,5–16,0 kg (total na gestação): 1,6kg (1ºTrimestre); 0,4 (2º e 3ºTrimestre) Sobrepeso 7,0–11,5 (total na gestação): 0,9 (1ºTrimestre); 0,3 (2º e 3ºTrimestre) Obesidade 7 kg (total na Gestação): 0,3 Kgs por semana (2º e 3ºTrimestre) Indicar adoçantes artificiais (Sucralose, Stévia, Aspartame, Sacarina e Acessulfame-K), com moderação, na dieta a ser seguida (SBD 2017/2018); 8.3. ORIENTAÇÕES EM RELAÇÃO À ATIVIDADE FÍSICA Exercícios que aumentam a massa muscular melhoram o controle glicêmico principalmente do aumento de sensibilidade dos tecidos à insulina. Como resultado, tanto a glicemia em jejum tanto pós-prandial podem ser reduzidas e, em algumas mulheres com DMG, a necessidade de insulina pode ser evitada. Caminhadas e exercícios de baixo impacto, são recomendados, na frequência igual ou maior que três vezes por semana, por pelo menos 30 minutos, de preferência após as refeições. 10 A ADA incentiva um programa de exercício moderado, como parte do plano de tratamento para mulheres com diabetes gestacional e sem contra-indicações médicas ou obstétricas para este nível de atividade física. 8.4. MONITORIZAÇÃO GLICÊMICA CONTROLE GLICÊMICO - PERFIL GLICÊMICO: a. A domicílio com glicosímetro – ideal, pois retrata seu cotidiano; b. Ambulatorial no laboratório MCO, sendo que a maternidade deverá fornecer as refeições; considerar perfil glicêmico ambulatorial em caso de dificuldade de aquisição de glicosímetro na rede municipal; c. Internada na impossibilidade das opções acima ou paciente descompensada; • Em pacientes portadoras de DMG ou DM2 solicitar glicemias em jejum e 2 horas após as refeições. Em pacientes em uso de insulina solicitar glicemias antes e 2 horas após as refeições, 22 horas e 3 horas. Perfil glicêmico: fornecer fitas e glicosímetro. O treinamento da paciente deverá ser realizado no ambulatório pela enfermagem ou no dia da alta da enfermaria. Após duas semanas de dieta, se os níveis glicêmicos permanecerem elevados (glicemia de jejum > 95mg/dl ou 1 hora pós-prandial >140 ou 2 horas pós-prandial >120 mg/dl), deve-se iniciar tratamento farmacológico. Podemos utilizar o critério de um terço dos valores alterados no mesmo horário durante 2 semanas para iniciar tratamento farmacológico; Avaliar o uso de insulina de acordo com o perfil glicêmico; O critério de crescimento fetal para iniciar a insulinoterapia é uma alternativa sugerida quando a medida da circunferência abdominal fetal for igual ou superior ao percentil 75 em uma ultrassonografia realizada ente a 29a e a 33a semana de gestação. A conduta obstétrica de uso de corticosteróides para maturação pulmonar fetal não é contra-indicada, mas deve-se administrá-los de forma concomitante ao monitoramento intensivo da glicemia e aos ajustes da dose de insulina, se necessário. 11 8.5. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: Caso, após duas semanas de dieta, os níveis glicêmicos permanecerem elevados (glicemia de jejum > 95mg/dl ou 1 hora pós-prandial >140 ou 2 horas pós-prandial >120 mg/dl), deve-se iniciar tratamento farmacológico. METFORMINA: Número crescente de estudos não mostra efeitos deletérios materno-fetais de seu uso na gestação. Apesar de constar em bula, por determinação da ANVISA, que a metformina é categoria B, isto é, os estudos realizados em animais não demonstram risco fetal, não havendo trabalhos controlados em mulheres ou animais grávidos, um estudo randomizado controlado (NEJM 2008;3582003-15) observou que o uso da metformina a partir do segundo trimestre foi seguro para as mães e para os fetos de mulheres com diabetes gestacional. Outro estudo (Diabetes Care, vol 34, oct 2011) avaliou crianças expostas à metformina na fase intrauterina não demonstrou risco de complicações. (SBD 2017/2018) Dose: 500-2550mg/dia – dar preferência para metformina de liberação prolongada (XR) Suspender metformina 48hs antes do procedimento cirúrgico eletivo ou com 37 semanas se vitalidade fetal preservada. INSULINOTERAPIA: Avaliar o uso de insulina de acordo com o perfil glicêmico, individualizando cada caso. Início de insulinoterapia e cálculo sugerido no Serviço: 1º trimestre : Peso da gestante X 0,3 UI de insulina 2º trimestre : Peso da gestante X 0,4 UI de insulina 3º trimestre : Peso da gestante X 0,5 UI de insulina Cálculo individualizado no sobrepeso e obesidade. Em geral associam-se insulinas humanas intermediária e rápida (NPH e regular, respectivamente – fornecidas pelo SUS) Ajuste progressivo e individual conforme as glicemias obtidas no perfil glicêmico. 12 Damos preferência a iniciar o esquema insulínico nos horários conforme tabela abaixo: antes do desjejum antes do almoço antes do jantar ao deitar InsulinaR/ur 3 x /dia + NPH 3 x /dia 1/3 NPH 1/3 NPH 1/3 NPH NPHNPH 1/3 R/Ur 1/3 R/Ur 1/3 R/Ur PROPRIEDADES FARMACODINÂMICAS DAS INSULINAS NPH E REGULAR INSULINA INÍCIO DE AÇÃO PICO DE AÇÃO DURAÇÃO DO EFEITO TERAPÊUTICO NPH 2-4h 4-10h 10-18h REGULAR 0,5-1h 2-3h 5-8h Em mulheres que usavam insulina antes da gravidez, geralmente é necessário reduzir sua dose em 10 a 20%, durante o primeiro trimestre. No segundo trimestre, essa dose pode ser aumentada. No terceiro trimestre, o aumento da produção de hormônios placentários com ação antagônica à da insulina resulta em necessidade ainda maior de elevação da dose da insulina, chegando a atingir o dobro ou o triplo da dose usada em pré-gravidez. 9. CONDUTAS NA ENFERMARIA Na admissão, prescrever e iniciar o perfil glicêmico imediato (em pacientes com dieta, solicitar glicemias em jejum e 2hs após refeições, em pacientes com insulinoterapia, solicitar glicemias em antes e 2hs após refeições, 22hs e 3hs). • Dieta para diabética (considerar o IMC pré-gestacional para a restrição calórica). • O controle metabólico é realizado com glicemiascapilares por glicosímetro. • O treinamento da paciente deverá ser realizado durante a internação pela enfermagem. • Início de insulinoterapia e cálculo sugerido no Serviço (página 6). 13 PARÂMETROS DE BOM CONTROLE GLICÊMICOS NA GESTANTE: Os parâmetros de bom controle são: glicemia de jejum menor que 95 mg/dl; glicemias pós-prandiais de 1 h ≤140 mg/dl, e de 2 h ≤120 mg/dl. Em mulheres com risco aumentado para hipoglicemia esses alvos devem ser aumentados para: o valor de glicemia de jejum de até 99 mg/dl o e, ao deitar e/ou entre 2 e 4 horas da madrugada, de 80 até 120 mg/dl. Nas enfermarias e ambulatório foi preconizado o valor abaixo de 70mg/dl para considerarmos hipoglicemia e para que sejam tomadas medidas corretivas. Proceder conforme protocolo institucional Sempre se investigar o motivo da hipoglicemia, geralmente houve vômito, menor ingestão de alimento, atraso na refeição, descida para realizar exames, etc. Neste caso é a chamada hipoglicemia “esporádica” e só necessita de orientação e correção do fator precipitante. 10. CONDUTA NA HIPOGLICEMIA EM GESTANTES DIABÉTICAS: SE GLICEMIA < 70 mg/dl - PACIENTE CONSCIENTE: 1) Adiar a aplicação da insulina regular do horário até a correção da hipoglicemia Aplicar a insulina NPH do horário 2) Oferecer: 3 ampolas de glicose 50% via oral em água filtrada – NA ENFERMARIA ou 1 colher de sopa de mel ou 150 ml de suco de fruta com açúcar NO AMBULATÓRIO OU RESIDÊNCIA 3) Repetir a glicemia após 15 minutos Se glicemia > 70mg/dl – Correção da hipoglicemia – Aplicar a dose de insulina regular prescrita para o horário. Se glicemia < 70 mg/dl ou não houver melhora dos sintomas de hipoglicemia – repete o líquido açucarado. Repetir glicemia com 15 minutos – Se glicemia<70mg/dl, puncionar acesso venoso e administrar 6 ampolas de glicose 25% EV - CHAMAR MÉDICO PLANTONISTA. 14 SE GLICEMIA < 70 mg/dl COM PACIENTE SONOLENTA OU DESORIENTADA: 1) Adiar a aplicação da insulina regular do horário até a correção da hipoglicemia Aplicar a insulina NPH do horário 2) Puncionar acesso venoso 3) Administrar 6 ampolas de glicose 25% EV 4) Repetir glicemia após 10 minutos Se glicemia > 70mg/dl e paciente consciente – Correção da hipoglicemia – Aplicar a insulina regular prescrita para o horário. Se glicemia <70mg/dl - Repetir 6 ampolas de glicose 25% EV - CHAMAR MÉDICO PLANTONISTA. PACIENTE EM ALTA HOSPITALAR APÓS AJUSTE DE DOSE OU INICIO DE INSULINOTERAPIA Durante perfil glicêmico, glicemias mantidas entre 70 – 200mg/dl, nas últimas 24 horas; Checar se a paciente está apta a aplicar insulina e a realizar glicemias capilares, com tempo de internamento mínimo de 72 horas para automonitorização domiciliar. Orientar preenchimento adequado da tabela (fornecidas e padronizadas) com glicemias para trazer em consultas de pré-natal e com endocrinologista; Retorno da paciente para o médico assistente do pré-natal prévio e de alto risco ou encaminhamento para médicos pré-natalistas de alto risco da maternidade, assegurando atendimento em 1 semana; Todas deverão agendar consultas simultâneas com obstetra e endocrinologista Apoio da enfermagem na marcação das consultas na alta. 11. CONDUTA PARA GESTANTES DIABÉTICAS NO PARTO Momento do Parto Paciente diabética controlada com dieta – interrupção com 40 semanas (ACOG fev/2018); Paciente diabética em tratamento farmacológico oral compensada - interrupção com 38/39 semanas (ACOG fev/2018); Paciente diabética em insulinoterapia compensada - interrupção com 38 semanas (ACOG fev/2018); 15 Paciente diabética com descompensação materno e/ou fetal (macrossomia, polidrâmnio, glicemias de difícil controle), em uso ou não de tratamento farmacológico: considerar internamento e interrupção entre 34 - 37,6 semanas, individualizando cada caso (ACOG fev/2018); Nunca ultrapassar 40 semanas independentemente da situação; Recomenda-se utilizar corticóide para maturação pulmonar fetal nos casos de complicações clínicas maternas, que indiquem a interrupção da gravidez antes das 36 semanas (ajustando dose de insulina quando necessário) (NEJM 2016). Via de parto a critério do obstetra. Atentar para tamanho fetal e distorcia. 11.1. Gestantes em trabalho de parto espontâneo Realizar uma glicemia capilar na admissão; Suspender uso de insulina; Ingestão de líquidos claros a partir da fase de latência; Monitorar glicemia de 2/2 horas na fase de latência e de 1/1 hora na fase ativa; Durante o trabalho de parto, os níveis de glicemia capilar devem ser mantidos em torno de 70 e 140mg/dL; Se glicemia <70mg/dL, seguir correção de hipoglicemia; Se glicemia>140mg/dL iniciar infusão de insulina intravenosa a 1U/h ou insulina regular subcutânea conforme glicemias capilares. Quando o trabalho de parto for de início espontâneo e já se tive administrado a insulina diária, recomenda-se a manutenção de um acesso venoso com infusão contínua de glicose (solução glicosada a 5% 125 a 150ml/h), além do monitoramento da glicemia capilar a cada hora. 11.2. Na indução programada do parto A indução deve ser programada para o início da manhã; Se a indução for iniciada com algum método de preparação do colo, por exemplo, misoprostol ou ocitocina, manter a dieta e o regime usual de insulina até início do trabalho de parto e depois seguir com protocolo de trabalho de parto espontâneo; 11.3. Cesariana programada Propomos o agendamento de parto eletivo, centralizando marcação no CO, definindo a data prevista para o parto, com justificativa baseada no protocolo (“interrupção da gestação conforme protocolo”); via de parto sugerida com indicação médica. 16 A cesariana deve ser programada para o início da manhã; se possível 1. Em gestantes tratadas com dieta: sem condutas diferenciadas no parto. 2. Em gestantes em insulinoterapia: Na véspera do parto cesareano: Recomenda-se jejum para sólidos de 8h e de 4h para líquidos; Manter insulina regular do jantar; Em pacientes utilizando insulina NPH, deve-se reduzir a dose pela metade da dose usual na noite anterior e na manhã do parto (Obstet Gynecol Clin N Am 44 (2017). No dia do parto cesareano: Solução intravenosa de glicose a 5% 125-150ml/h até o parto; Monitorar glicemia de 2/2h até o parto; Fluidos intraparto a critério do anestesiologista; Suspender o esquema de insulina utilizado previamente pela paciente; Insulinoterapia: – Gestantes tratadas com insulinoterapia (DMG ou DM2 ou DM1): insulina regular SC ou intravenosa em bomba de insulina (reservada para gestantes com doses elevadas de insulina e esquemas mistos de insulina regular com NPH em três ou mais aplicações ao dia). Insulina regular conforme HGT de 1/1 ou 2/2h, durante o parto • 120 a 160: 01 UI, • 161 a 200: 02 UI, • 201 a 250: 04 UI, • 251 a 300: 06 UI, • > 301: Avaliar necessidade de insulinização venosa Intervalos de dose entre as aplicações ≥4 horas Se glicemia abaixo de 70mg/dl – Glicose a 25% 06 ampolas EV. Nas DM1, idealmente usar insulina sob bomba EV ao iniciar o jejum. Grande risco de cetoacidose no parto. 17 ESQUEMA DE INSULINA VENOSA INTRAPARTO CONFORME GLICEMIAS Monitoramento horário da glicemia (período pré e pós-operatório) Dose inicial: 1 U/h Glicemia Insulina (UI/h) < 70 0 de INS Fazer 6 ampolas de glicose a 25% 70 a 100 0 101 a 150 1 151 a 200 2 201 a 250 4 251 a 300 6 301 a 350 8 > 401 Fazer bolus de 0,1 U/kg 12. CONDUTA NO PÓS PARTO No puerpério, pacientes com diabetes gestacional voltam a receber dieta para não diabéticos e a insulinoterapia anteriormente é suspensa. Deve-se fazer a monitorizaçãoglicêmica no período imediatamente após o parto, inicialmente de duas em duas horas, ainda no centro obstétrico, com aumento dos intervalos de acordo com o controle glicêmico. Quando necessário, fazer insulina de ação rápida (IR), nas primeiras 24h após o parto (pós-operatório imediato), conforme glicemias monitoradas por HGT: • Menor que 200: não aplicar • 200 a 250: 04 UI, • 250 a 300: 06 UI, • > 301: 08 UI - Avaliar necessidade de insulinização venosa Solução: 100 ml de Soro Fisiológico + 100 unidades de INS Regular Em cada 1 ml da solução = 1 U de insulina 18 Na enfermaria, após alta do Centro Obstétrico, instituímos monitoração glicêmica com em jejum e 2h após cada refeição no caso das pacientes com diabetes gestacional e diabéticas prévias sem insulinoterapia. No caso de diabéticas em insulinoterapia, manter perfil glicêmico completo (antes e 2h após refeições, 22h e 3h). Deve-se manter glicemias entre 70-200mg/dL. As pacientes diabéticas tipo 1 retornam aos esquemas de insulina pré-gravidicos. Pacientes tipo 2 poderão utilizar metade da dose de insulina prescrita no final da gestação ou hipoglicemiantes orais. Apenas 0,4% da dose de metformina ingerida pela mãe é detectada no leite materno, e a presença da medicação no leite independe do horário da tomada. Estudos com pequena casuística não detectaram a droga em lactentes. A glibenclamida não foi detectada no leite materno, não tendo sido verificada hipoglicemia nos bebês, embora o número de casos estudados também seja reduzido. As pacientes sem diagnóstico prévio de diabetes, diagnosticadas apenas no momento do parto, serão submetidas ao perfil glicêmico na enfermaria e serão encaminhadas como as demais, após a sua alta, para o ambulatório de endocrinologia. 13. AVALIAÇÃO AMBULATORIAL NO PÓS-PARTO A paciente com DMG deve ser reavaliada no ambulatório 6 semanas após o parto para realização de teste oral de tolerância à glicose com sobrecarga de 75 gramas, com a finalidade de detecção daqueles casos em que algum grau de intolerância à glicose tenha persistido. Deve-se respeitar um jejum definido como falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas. Os critérios diagnósticos utilizados serão os de diabetes mellitus e pré-diabetes: CRITÉRIOS Diabetes Mellitus Pré-diabetes HbA1C ≥ 6,5% 5,7 – 6,4% Glicemia de jejum ≥ 126mg/dl 100 – 125mg/dl Glicemia 2h após sobrecarga com 75g de glicose ≥ 200mg/dl 140 – 199mg/dl Glicemia ao acaso ≥ 200mg/dl em pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia - 19 Em torno de 15 a 50% das mulheres com DMG desenvolvem diabetes ou intolerância a glicose após a gestação. Estas devem ser orientadas, portanto, quanto à necessidade de controle de peso, através da adoção de hábitos alimentares saudáveis e atividade física regular. O aleitamento materno por períodos maiores que 3 meses está relacionado com redução do risco de desenvolvimento de DM2 após a gestação. Em pacientes portadoras de DM tipo1 e DM tipo2, solicitar: glicemia de jejum, glicemia pós-pradial 2h e hemoglobina glicada para serem realizadas ambulatorialmente 2 meses após o parto. 14. PLANEJAMENTO NA PRÉ-CONCEPÇÃO O aconselhamento pré-gestação deve ser oferecido a todas as mulheres com diabetes em idade reprodutiva. Em condições ideais, o manejo da gravidez complicada por diabetes deve iniciar-se antes da concepção. Nesse grupo, um aspecto fundamental a ser abordado é a programação da gestação, que deve ser realizada precocemente, no seguimento da mulher diabética em idade fértil, buscando um controle adequado no período pré-concepção, já que há uma correlação bem definida de malformações fetais e hiperglicemia durante a embriogênese. O ambiente metabólico anormal provocado pela hiperglicemia tem impacto significativo na gravidez e no feto. Taxas aumentadas de abortamentos espontâneos são relatadas em mulheres com diabetes prévio à gestação. Vários estudos têm relacionado o aumento de abortamentos espontâneos e anomalias fetais ao mau controle glicêmico. Valores de HbA1c maiores que 8% são relacionados a risco de malformações três a seis vezes maior que quando a HbA1c está abaixo de 8%. Valores considerados adequados para concepção, seriam valores menores que 6-6,5%. As malformações fetais são responsáveis por cerca de 50% das mortes perinatais nessa população. O atendimento à mulher com diabetes que deseja engravidar deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, com cuidadoso planejamento da gravidez para quando o diabetes estiver bem compensado. O valore da HbA1c indicado para uma concepção segura é de no máximo de 6,5%, idealmente <6%, sem a ocorrência de hipoglicemias. Recomenda-se realizar monitorização da glicemia capilar, devendo manter níveis de glicose de jejum de 80 a 100 mg/dl e duas horas após refeições de até 160 mg/dl no período pré-concepcional. O uso de métodos anticoncepcionais deve ser estimulado até a obtenção do controle metabólico adequado. Suplementação com ácido fólico periconcepcional pode reduzir o risco de malformações do tubo neural e outras, devendo ser mantida nas primeiras seis semanas de gestação. 20 A avaliação de comorbidades e complicações crônicas é importante (estadiamento do diabetes utilizando a Classificação de Priscilla White), devido à possibilidade de agravamento durante a gestação. Classificação prognóstica de Priscila White: A1: Diabetes gestacional controlado com dieta A2: Diabetes gestacional controlado com insulina B: DM que surgiu depois dos 20 anos de idade e dura menos de 10 anos C1: DM que surgiu entre 10-19 anos de idade C2: DM que dura entre 10-19 anos D1: DM que surgiu antes dos 10 anos de idade D2: DM que dura ≥ 20 anos D3: Presença de retinopatia não proliferativa D4: Calcificação de vasos em membros inferiores F: Nefropatia diabética H: Cardiopatia decorrente do DM R: Retinopatia proliferativa T: Transplante renal O planejamento familiar deverá ser efetivo, indicando o uso de anticoncepcionais orais de baixas doses e progestínicos isolados. O DIU pode ser indicado em casos individualizados. Os pré-natalistas devem buscar o envolvimento de Assistentes Sociais, encaminhando as pacientes desejosas de realizar contracepção definitiva para avaliação e relatorias especificas, conforme legislação. No pós-parto, agendar consulta no referido ambulatório de planejamento familiar, tentando alinhar com a revisão puerperal e consulta com endocrinologista no setor do ambulatório. 21 FLUXOGRAMA DA ASSISTÊNCIA NA GESTANTE DIABÉTICA O esquema terapêutico na paciente com DMG tem três pontos fundamentais: monitorização glicêmica, orientação nutricional e insulinoterapia. GESTANTE DMG e DM tipo 2 Iniciar: Dieta Exercícios Metas glicêmicas atingidas, quando reavaliadas com 15 dias. Avaliar controle glicêmico Metas glicêmicas não atingidas, quando reavaliadas com 15 dias. Glicemias ≤ 200mg • Portadoras de SOP • Obesas com sinais de resistência insulínica • Portadoras DM2 Considerar uso de metformina (500 a 2500mg/dia) Personalizar esquema Metas glicêmicas não atingidas, quando reavaliadas com 15 dias Perfil glicêmico semanal Se glicemias adequadas, monitorar até final da gestação. Controle inadequado Intercorrências obstétricas sugestivas de hiperglicemia (polidramnia, feto GIG, circunferência fetal alterada (≥ percentil 75) INSULINOTERAPIA 22 15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Zugaib M, Francisco RPV. Ostetrícia, 3ª edição, Editora Manole, 2016. 2. Gestacional Diabetes Mellitus – ACOG PRACTICE BULLETIN – Obstetrics e Gynecology vol 131, NO. 2, number 190, Febuary 2018. 3. Avaliação e tratamento do diabetesmellitus gestacional; Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes 2017/2018: 217-222. 4. Avaliação e tratamento da paciente gestante com diabetes mellitus; Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes 2017/2018: 223-232. 5. Uso da Insulina no Tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2; Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes 2017/2018: 195-199 6. Preparo Pré e Pós Operatório do Paciente com Diabetes Mellitus; Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes 2015/2016: 320-323. 7. American Diabetes Association. Management of Diabetes in Pregnancy. Sec. 12. In Standards of Medical Care in Diabetes – 2016. Diabetes Care 2016;39 (suppl. 1): 94 - 98. 8. American Diabetes Association. Diabetes Care in the Hospital. Sec. 12. In Standards of Medical Care in Diabetes – 2016. Diabetes Care 2016;39 (suppl. 1): 99 - 104. 9. American Diabetes Association. Position Statement. Diabetes Care; vol 37,suppl 1, January 2014: 18-20. 10. Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcomes(HAPO Study); N Engl J Med 2008; 358:1991-2002. 11. International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups Recommendations on the Diagnosis and Classification of Hyperglycemia in Pregnancy. Diabetes Care 2010;33, number 3: 676-682. 12. World Health Organization. Diagnostic Criteria and Classification of Hyperglycaemia First Detected in Pregnancy: a World Health Organization Guideline. Diabetes Res Clin Pract. 2013;103(3):341-63. 13. Diabetes na gestação -Uptodate 2018 (Celeste Durnwald, MD; Editores de seção: David M Nathan, MD /Michael F Greene, MD. Revisão da literatura atual em junho de 2018, com ultima atualização em 26 de junho de 2018). 14. Mack LR, Tomich PG. Gestacional Diabetes. Obstet Gynecol Clin N Am 44 (2017) 207-217. 15. Rowan JA, Hague WM, Wanzhen G, Battin M Moore MP. Metformin versus insulin for the treatment of gestacional diabetes. N Engl J Med. 2008;358(19):2003-15. 16. Rowan JA, Rush EC, Obolonkin V, Battin M, Wouldes T, Hague WM. Metformin in gestacional diabetes: the offspring follow-up (Mig TOFU). 17. Rastreamento e Diagnóstico de Diabetes Mellitus Gestacional no Brasil. Organização Pan- Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes. Brasília, DF: OPAS, 2016 18. Golbert A; Campos MAA. Diabetes tipo 1 e gestação. Publicado pela SBEM, vol. 52, nº 2, São Paulo. Marco 2008. (http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302008000200018) http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302008000200018 23 19. Manual de Alto Risco do Ministério da Saúde, 2011. 20. Reece EA, MD, PhD, MBA; Moore T, MD.Os critérios diagnósticos para diabetes gestacional: Mudar ou não mudar? Opinião clínica 2013; Vol 13 n-4; 99-103. 21. RudgeMV; CalderonIM; RamosMD; AbbadeJF& Rugolo LM. Perinatal outcome of pregnancies complicated by diabetes and by maternal daily hyperglycemia not related to diabetes a retrospective 10 years analysis. Gynecol Obstet Invest 50: 108-112,2000. 22. Zugaib M, Bittar RE. Protocolos Assistenciais, 4ª edição, Editora Atheneu, 2013. 23. C Gyamfi-Bannerman el al. Antenatal Betamethasone for women at risk for late preterm delivery. N Engl J Medicine 374;14, april 7, 2016.