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Kelly Alonso Costa
Aula 1
Introdução à Metodologia Científica
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
8
Meta
Apresentar os conceitos básicos e expor um breve histórico sobre a me-
todologia científica e seus elementos fundamentais.
Objetivos
Após esta aula, você deverá ser capaz de:
1. distinguir os conceitos-chave relacionados à metodologia científica e 
sua evolução;
2. reconhecer a importância da leitura na construção do saber;
3. identificar os conceitos básicos para uma pesquisa bibliográfica e seus 
caminhos.
Metodologia Científica
9
Introdução
Nos dias atuais, a sociedade já não se baseia nas produções agrícolas 
ou industriais, mas na produção do saber. A informação nunca foi tão 
acessível às pessoas e o seu volume tão intenso, porém o desafio tem 
sido filtrar e classificar esse fluxo. Compreender as ferramentas adequa-
das para a busca do conhecimento é parte do aprendizado acadêmico e 
desenvolvimento intelectual.
Figura 1.1: A fluência na Era da Informação.
Fonte: https://www.flickr.com/photos/langwitches/5603842003/ 
A transmissão do saber adquirido precisa de métodos que assegurem a 
assimilação e o registro de conceitos e fundamentos para a evolução da 
informação. Dessa forma, chegamos à construção da ciência através da 
busca constante do homem, ao longo da história, pelo conhecimento. 
Essa busca reflete a importância da pesquisa como progresso intelectual 
e o avanço tecnológico através da aquisição de conhecimento.
A curiosidade científica provoca a arguição das leis da ciência e dos fe-
nômenos da natureza em geral e, como resultado desse questionamento, 
o cientista formula as hipóteses que são submetidas às análises lógicas e 
à experimentação que a confirma ou rejeita (BAZZO, 2006).
A pesquisa é uma ferramenta fundamental na busca de informações e 
conhecimento; contudo, a investigação científica necessita de métodos 
e técnicas normatizados. Então, a metodologia científica tem por objeti-
vo apresentar conceitos e teorias que orientam a instrumentalização da 
pesquisa através dos métodos científicos, visando ao processo crítico e à 
elaboração de trabalhos acadêmicos.
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
10
A Metodologia Científica
Ao aluno que acaba de ingressar no nível superior, serão apresen-
tados diversos problemas e questões que o farão adotar uma postura 
crítica para pesquisar as soluções. Por isso, a metodologia científica é 
geralmente apresentada ao aluno no início do curso, para orientá-lo na 
investigação científica e na composição de estudos e trabalhos.
O progresso científico decorre não só de descobertas importantes, 
mas principalmente do esforço sistemático para interpretar os fenôme-
nos. O estudo deve estar fundamentado e metodologicamente estrutu-
rado em procedimentos científicos validados, com o intuito de satis-
fazer questionamentos e/ou esclarecer suas diretrizes, para alcançar o 
princípio da pesquisa. A metodologia científica refere-se à forma como 
funciona o conhecimento científico.
Figura 1.2: O conhecimento científico 
com o desenvolvimento reflexivo. 
Fonte: http://www.freeimages.com/photo/ 
987763
O objetivo da disciplina de Metodologia Científica é favorecer e es-
timular a capacidade reflexiva e a produção escrita do aluno na prática 
da pesquisa científica. Esta disciplina, num nível aplicado, oferece o ins-
trumental científico metodológico básico para a formação acadêmica.
Metodologia Científica
11
A metodologia científica é a disciplina que “estuda os caminhos do 
saber” que pretende orientar e possibilitar condições para o pesquisador 
iniciante utilizar procedimentos sistemáticos e racionais para obter fide-
dignidade dos dados, envolvendo princípios e normas que possibilitem 
trabalhos com resultados confiáveis. Entende-se metodologia como o es-
tudo dos princípios e dos métodos de pesquisa (Laville e Dionne, 1999).
É preciso conhecer e compreender os diversos caminhos para a cons-
trução do conhecimento, para aproveitarmos os frutos da pesquisa e cons-
truirmos nossos próprios saberes. A disciplina de metodologia científica 
apresenta-se como um manual, com o objetivo de apresentar a natureza 
da pesquisa científica hoje, suas práticas e reflexões metodológicas.
A origem da Metodologia Científica
A origem remota do método científico situa-se na Grécia clássica, 
surgindo com o nascimento da dialética, que se apresentava como mé-
todo de pesquisa e busca da verdade por meio da formulação adequada 
de perguntas e respostas. A primeira pergunta relaciona-se à definição 
do tema do diálogo, ou debate. Obtida a resposta, faz-se nova pergun-
ta com base no conteúdo da primeira resposta; e assim por diante, até 
chegar à verdade.
Os métodos gregos não sofreram grandes modificações no Ocidente 
até o século XVII, quando o saber científico acumulado exigiu uma re-
visão da metodologia. As influências das ideias humanísticas do Renas-
cimento, que compreendiam o homem como ser criador e investigador 
do cosmo, viram-se plasmadas no método hipotético-dedutivo, inaugu-
rado por Galileu (ARRUDA, 2008).
Para começar a estudar e entender sobre método científico e sua 
história, uma boa dica é assistir ao filme sobre a vida de Galileu 
Galilei, que empreendeu uma verdadeira revolução no pensa-
mento científico. Ou assistir ao documentário Galileu Galilei no 
link https://www.youtube.com/watch?v=LCws5J7AwIA
Galileu Galilei é conhecido como o “pai da ciência moderna”, pois 
ele foi um dos responsáveis principais pela revolução científica.
http://www.fflch.usp.br/dh/lemad/?p=841
http://www.fflch.usp.br/dh/lemad/?p=841
http://www.fflch.usp.br/dh/lemad/?p=841
https://www.youtube.com/watch?v=LCws5J7AwIA
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
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Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ 
commons/c/cc/Galileo.arp.300pix.jpg 
Galileu estabeleceu um novo método para a ciência natural, ao com-
binar o uso da linguagem matemática na construção das teorias com o 
recurso aos experimentos que permitem comprovar empiricamente as 
hipóteses científicas.
René Descartes, na obra Discours de la méthode (1637; Discurso so-
bre o método), questiona a certeza sobre a existência da realidade apre-
endida pelos sentidos. Introduziu a dúvida metódica, que consiste em 
duvidar de tudo o que é dado pelos sentidos, e mesmo da Matemática, o 
que leva à única certeza: a consciência de duvidar, que leva à consciência 
de existir.
Então, a Metodologia Científica que conhecemos tem sua origem 
no pensamento de Descartes e foi posteriormente desenvolvida empi-
ricamente pelo físico inglês Isaac Newton. Descartes propôs chegar à 
verdade através da dúvida sistemática e da decomposição do problema 
em pequenas partes. Essas proposições definiram a base da pesquisa 
científica. O Círculo de Viena acrescentou a esses princípios a ne-
cessidade de verificação e o método indutivo (positivismo lógico). O 
método indutivo é aquele que parte de questões particulares até chegar 
a conclusões generalizadas.
Ju
st
us
 S
us
te
rm
an
s
Círculo de 
Viena 
Nome como ficou 
conhecido um grupo de 
filósofos que se juntou 
informalmente na 
Universidade de Viena, 
de 1922 a 1936, com a 
coordenação de Moritz 
Schlick. O Círculo surgiu 
por uma necessidade de 
fundamentar a ciência, a 
partir das concepções ou 
acepções que a Filosofia 
da Ciência ganhou no 
século XIX.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cc/Galileo.arp.300pix.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cc/Galileo.arp.300pix.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Viena
http://pt.wikipedia.org/wiki/1922
http://pt.wikipedia.org/wiki/1936
http://pt.wikipedia.org/wiki/Moritz_Schlick
http://pt.wikipedia.org/wiki/Moritz_Schlick
Metodologia Científica
13
A estrutura metodológica da ciência moderna, apoiada na compro-
vação dos fenômenos por meio de leis de inspiração matemática imu-
táveis no tempo, sofreu um forte revés com as doutrinas evolucionistas 
do século XIX e as teorias quântica e relativista, no início do século XX. 
O séculoXX também testemunhou a afirmação das ciências humanas, 
surgidas como tais no século XIX, e sua preocupação em adquirir uma 
base metodológica, inspirada na Física, com o que deixaram definitiva-
mente de ser consideradas disciplinas subordinadas (ARRUDA, 2008). 
Ainda no século XX, o filósofo Karl Popper, entre outros, fez a 
distinção entre matérias científicas e não científicas, que estabeleceu 
a noção de falsificabilidade como critério dedutivo de validação das 
teorias científicas.
Karl Popper demonstrou que nem a verificação nem a indução ser-
viam ao método científico, pois o cientista deve trabalhar com o falsea-
mento, ou seja, deve fazer uma hipótese e testá-la, não procurando pro-
vas de que ela está certa, mas de que ela está errada (HAWKING, 1988).
Thomas Kuhn percebeu que os paradigmas são elementos essen-
ciais do método científico, sendo os momentos de mudança de paradig-
mas chamados de revoluções científicas.
Mais recentemente, a Metodologia Científica tem sido debatida pela 
crítica ao pensamento cartesiano elaborada pelo filósofo francês Edgar 
Morin. Ele propõe, no lugar da divisão do objeto de pesquisa em partes, 
uma visão sistêmica, do todo. Esse novo paradigma é chamado Teoria 
da Complexidade (complexidade entendida como abraçar o todo).
As noções acerca do mundo estão em constante mudança. É possível 
o surgimento de novas teorias e situações com base nos conhecimentos 
firmemente estabelecidos ou novas contestações. Por isso, a ciência ad-
mite que mesmo seus princípios gerais e seguros podem ser refutados 
(ARRUDA, 2008).
Os métodos científicos, seus conceitos e suas características serão 
detalhados numa aula específica à frente. Contudo, de uma forma geral, 
as etapas do método científico podem ser apresentadas de forma resu-
mida como:
- Observação: análise crítica dos fatos.
- Questionamento: elaboração de uma pergunta ou identificação de um 
problema a ser resolvido.
Paradigma 
Representação de um 
modelo ou padrão a 
ser seguido. Pode ser 
entendido também como 
uma referência inicial 
como base de modelo para 
estudos e pesquisas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Padr%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pesquisa
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
14
- Formulação de hipótese: possível resposta a uma pergunta ou solução 
de um problema.
- Realização de dedução: previsão possível baseada na hipótese.
- Experimentação: teste da dedução ou novas observações para testar a 
dedução. Ao se realizar o experimento, deve-se trabalhar com grupo de 
controle.
- Conclusão: Etapa em que se aceita ou se rejeita uma hipótese.
Atividade 1
Atende ao Objetivo 1 
Leia com atenção o texto e resolva as questões propostas.
Todos os dias, após levantar-se da cama, João vai até o quintal. Seu ca-
chorro, Tob, repete sempre o mesmo comportamento: pula no peito de 
João, corre até a casinha e aproxima-se do prato de comida vazio e da 
vasilha de água quase seca, demonstrando que tem fome e sede. Certo 
dia, João teve uma surpresa ao chegar ao quintal: Tob não pulou em seu 
colo e a comida quase não havia sido tocada.
a) De acordo com o texto, qual é o problema do João?
b) Elabore duas hipóteses que possam ajudar a solucionar esse problema.
Resposta Comentada
As pessoas identificam o problema central de alguma situação, mas 
visualizam todo o ambiente de perspectivas diferentes. Não deve ter 
sido muito difícil para você identificar qual o problema do João, não é 
mesmo? No primeiro momento, você percebeu a quebra da rotina no 
comportamento do cachorro e questionou o motivo. Dessa forma, você 
analisou e identificou o problema a ser resolvido. O próximo passo é 
buscar possíveis soluções com base no ambiente descrito e também no 
seu conhecimento pessoal. Então, estamos formulando hipóteses para 
Metodologia Científica
15
uma possível dedução. No caso do texto, há várias hipóteses possíveis 
para o comportamento do cachorro, como doença, morte, fuga, tristeza, 
entre outros.
Fonte do exercício – Professora Karla Muzzi (http://karlamuzzi.blogspot.
com.br)
A Metodologia Científica e a Engenharia 
de Produção
A assimilação dos conceitos da pesquisa deve ter por objetivo o de-
senvolvimento de um espírito crítico e observador, características perti-
nentes aos alunos de engenharia. A inclusão desta disciplina nos cursos 
de engenharia está intrínseca ao processo de globalização do conheci-
mento e à necessidade do aluno de engenharia dominar novas tecnolo-
gias, monitorando os avanços científicos.
A engenharia busca a solução para um problema que está diretamen-
te associado à forma como se realiza a investigação, ou seja, o método 
que é utilizado. Pode-se dizer que o engenheiro terá sua competência 
reconhecida e será remunerado por isso na medida em que, com habi-
lidade e sensibilidade, puder transformar o conhecimento em soluções 
úteis para a empresa e, consequentemente, para a sociedade (GUIMA-
RÃES FILHO; PEREIRA, 2003).
Figura 1.3: A engenharia e suas soluções.
Fonte: http://www.freeimages.com/photo/913660
http://karlamuzzi.blogspot.com.br
http://karlamuzzi.blogspot.com.br
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
16
A resolução CNE/CES 11, de 11 de março de 2002, que institui as Di-
retrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia, 
diz em seu artigo 3º: O Curso de Graduação em Engenharia tem como 
perfil do formando egresso/profissional o engenheiro, com formação 
generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a absorver e de-
senvolver novas tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e criativa 
na identificação e resolução de problemas, considerando seus aspectos 
políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e 
humanística, em atendimento às demandas da sociedade.
Para identificar e analisar as soluções, utilizando os métodos ade-
quados num mundo em constante transformação tecnológica, o profis-
sional de engenharia precisa de conhecimentos multidisciplinares com 
competências técnicas. A formação desse profissional exige leitura, es-
tudo e reflexão, um longo caminho iniciado pela introdução à pesquisa.
A pesquisa científica tem sido a plataforma das ciências da engenha-
ria para atender à demanda histórica por soluções otimizadas. Desde a 
revolução industrial, a organização empresarial tem evoluído em ritmo 
acelerado na procura de melhorias e desenvolvimento da eficiência e a 
eficácia do trabalho realizado em processos industriais. Dessa forma, a 
engenharia de produção investiga métodos e técnicas para o progresso 
da gestão dos meios produtivos.
Figura 1.4: Esfera de ação característica dos diversos profissionais nos pro-
cessos decisórios.
Fonte: Cunha (2002)
Metodologia Científica
17
O ramo de Engenharia de Produção concentra-se na gestão dos sis-
temas de produção, definidos como todo conjunto de recursos organi-
zados, de modo a obter produtos ou serviços de modo sistemático. A 
gestão dos sistemas de produção é realizada via utilização de métodos 
e técnicas que visam a otimizar o emprego dos recursos existentes no 
próprio sistema de produção.
Contudo, no mercado atual, o engenheiro de produção precisa en-
xergar além dos métodos e dos sistemas; ele precisa integrar e motivar 
o capital humano na organização. A empresa, na Era da Informação, 
considera as pessoas como um ativo das organizações.
Essa mudança de paradigma pode ser observada no filme Tem-
pos Modernos, em que um operário sofre com a exigência quase 
escrava da indústria.
O filme apresenta a necessidade de humanização da indústria 
e chama a atenção para a necessidade de uma perspectiva mais 
abrangente em relação às pessoas.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/3/36/Modern_
Times_poster.jpg
O capital humano 
é composto pelo 
conhecimento, expertise, 
poder de inovação 
e habilidade dos 
empregados adicionados 
aos valores, à cultura e à 
filosofia da empresa.
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
18
O engenheiro de produção precisa ser capaz deatuar fundamental-
mente na organização das atividades de produção e estabelecer as inter-
faces entre as áreas que atuam diretamente sobre os sistemas técnicos, 
entre a área administrativa da empresa e a gestão de pessoas. Este perfil 
tem tornado este profissional muito procurado pelas empresas por sua 
capacitação híbrida gerencial-técnica (Cunha, 2002).
As propostas de aprendizagens nesse livro estão associadas às aplica-
ções práticas em situações que envolvem os fundamentos de metodolo-
gia científica e que serão de grande importância ao longo do curso em 
engenharia de produção, nas diversas disciplinas. Então, propõe-se uma 
aprendizagem continuada baseada nos métodos científicos fundamen-
tais em resultados, análises e conclusões.
A Leitura
A pesquisa é um ato a ser internalizado através de vários caminhos 
e experiências. Uma das formas necessárias para essa conversão de in-
formações e conhecimento é o desenvolvimento da leitura de forma 
continuada e constante. O ato de ler desperta as percepções, desenvolve 
as ideias, proporciona o entendimento, avança para a interpretação e 
culmina no nível mais complexo, que é o processo crítico.
Figura 1.5: A evolução através da leitura.
Capacitação 
híbrida 
Expressão que indica a 
união de qualidades e de 
características de áreas 
distintas no desempenho 
de um único profissional.
Metodologia Científica
19
A leitura estrutura o ato de estudar e o ato de escrever, condições 
básicas para qualquer aluno que deseja sucesso no aprendizado. O hábi-
to de ler nasce da iniciativa e da perseverança do aluno em tornar esse 
ato parte do seu cotidiano. A assimilação passiva não produz nenhum 
resultado eficaz, ou seja, o estudante precisa se convencer de que sua 
aprendizagem é uma tarefa sobremaneira pessoal e de que desenvolver 
o hábito da leitura faz parte do amadurecimento do aluno acadêmico.
A leitura constitui-se em fator decisivo de estudo, pois propicia a 
ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações básicas ou es-
pecíficas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização 
do pensamento, o enriquecimento de vocabulário e o melhor entendi-
mento do conteúdo das obras (Lakatos e Marconi, 2003).
Para que você consiga uma leitura proveitosa, é interessante que faça 
o fichamento e siga algumas dicas valiosas.
•	 Ter atenção: é necessário concentração para buscar o entendimento, 
a assimilação e a apreensão dos conteúdos básicos do texto.
•	 Intenção: propósito de conseguir um aproveitamento intelectual por 
meio da leitura.
•	 Reflexão: observar todos os ângulos e ponderar as informações, des-
cobrir novas perspectivas e pontos de vista. A reflexão favorece o en-
tendimento e a assimilação das ideias do autor, aprofundando, assim, 
nosso conhecimento.
•	 Espírito crítico: implica julgamento, comparação, aprovação ou não 
do texto. É a avaliação do texto.
•	 Análise: (a) divisão do tema em partes e (b) determinações das rela-
ções existentes entre elas.
•	 Síntese: tem como objetivo não perder a sequência lógica do pensa-
mento. É a reconstituição das partes decompostas pela análise.
Agora faça uma reflexão sobre a presença da leitura na sua vida... 
Quantos livros você já leu?... Qual foi o último livro que você leu?... 
Quais foram as suas impressões sobre esse livro?... Qual foi o livro de 
que você mais gostou?... Quantos livros você lê por ano?
Fichamento 
Retirar do texto 
informações essenciais, 
utilizando marcações. 
Resumo das 
referências que serão 
consultadas ao longo 
do trabalho.
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
20
Figura 1.6: A leitura é uma fonte de inspiração para ideias.
Fonte: http://www.freeimages.com/photo/1439841
Após a análise das respostas sobre as questões de leitura, você pode 
desafiar a si mesmo, começar ou intensificar ainda hoje o hábito da lei-
tura! Comece com os assuntos com que você se identifica; conheça os 
tipos de texto (informativo, descritivo, conto, poema, crônica, etc.); re-
serve tempo e local para a leitura e entre em grupos de discussão na 
internet ou com seus amigos.
Com o tempo, você vai notar que sua percepção ficará mais sensível e 
seu censo crítico mais apurado. A leitura contínua também irá deixá-lo 
mais íntimo dos diversos tipos de texto, entre eles o texto científico com 
as suas especificações.
Numa forma de sintetizar as ideias sobre a importância da leitura, 
Teixeira (2010) apresenta um diagrama sobre a leitura:
http://www.freeimages.com/photo/1439841
Metodologia Científica
21
Figura 1.7: O que é leitura.
Fonte: Teixeira, 2010
É interessante observar como o ato de ler pode ser desdobrado em 
diferentes objetivos e classificações. A leitura é mais que a simples deco-
dificação das palavras escritas. Na verdade, a leitura possui sutilezas in-
trínsecas aos seus níveis inter-relacionados que podem expressar respos-
tas a estímulos, como na leitura sensorial. Internalizar as experiências do 
autor ou estimular lembranças e experiências pessoais, como na leitura 
emocional; ou ainda perceber no objeto lido o que interessa ao sistema 
de ideias ao qual o leitor está buscando através da leitura racional.
Existem elementos auxiliares na identificação do texto para uma lei-
tura adequada (Marconi e Lakatos, 2003).
•	 Título: estabelece o assunto e, às vezes, até a intenção do autor.
•	 A data de publicação: contextualiza o texto e fornece elementos para 
certificar-se de sua atualidade e aceitação.
•	 A “orelha” ou contracapa: local que possibilita aferir as credenciais 
ou qualificações do autor. Podemos identificar para qual público a 
obra é destinada.
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
22
•	 O índice ou sumário: apresenta todos os tópicos abordados na obra 
e como ela está dividida.
•	 A introdução, prefácio ou nota do autor: indica os objetivos do autor 
e, muitas vezes, a metodologia por ele empregada.
•	 A bibliografia: fornece as informações a respeito das obras consultadas. 
Há algumas formas de entender a leitura com suas características e 
objetivos. Para a disciplina de metodologia, o que nos interessa particu-
larmente é a leitura informativa ou de estudo. Essa leitura visa à absor-
ção mais completa do conteúdo e de todos os significados, devendo-se 
ler, reler, utilizar o dicionário, marcar ou sublinhar palavras ou frases-
-chave e fazer resumos (Marconi e Lakatos, 2003).
A leitura de estudo ou informativa apresenta três objetivos predomi-
nantes (Marconi e Lakatos, 2003):
•	 certificar-se do conteúdo do texto, constatando o que o autor afirma, 
os dados que apresenta e as informações que oferece;
•	 correlacionar os dados coletados a partir das informações do autor 
com o problema em pauta;
•	 verificar a validade dessas informações.
Lembre-se de que você é responsável por desenvolver as suas com-
petências, buscando conhecimento através de estudo, leitura e escrita. 
Esses três atos são primordiais para o sucesso num curso acadêmico. 
Eles precisam de interação e profunda prática.
Atividade 2
Atende ao Objetivo 2 
Segundo o diagrama O QUE É LEITURA (Teixeira, 2010)(Figura 1.7), 
faça a diferença entre as leituras sensorial, emocional e racional.
Resposta Comentada
A leitura sensorial é feita através de nossos sentidos, gerando uma res-
posta física aos sentidos; já a leitura emocional é feita com os nossos 
Metodologia Científica
23
sentimentos e emoções, fazendo sentido em uma determinada situação, 
ou seja, gerando uma resposta particularizada para o leitor de forma 
subjetiva; e a leitura racional é feita através do nosso raciocínio e refle-
xão, gerando uma resposta intelectual. 
Para você conhecer o texto científico e suas características, leia, em 
ANEXO, ao final da aula, o artigo LEITURA E ESCRITA NA GRADU-
AÇÃO – O TEXTO CIENTÍFICO (autora: Dra. Rosimeiri Darc Cardo-
so), que fala sobre a importância da leitura na graduação e seus efeitos.
Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica faz parte do cotidiano de todos os estudan-
tes e pesquisadores. Atualmente,para realizar uma pesquisa bibliográfi-
ca, contamos com uma série de recursos que não existiam tempos atrás. 
Hoje, não precisamos consultar apenas os livros, pois há várias infor-
mações e referências na rede. Além dos livros, usamos a Internet e os 
programas audiovisuais.
Figura 1.8: O que é leitura.
Fonte: http://www.freeimages.com/photo/1109833
http://www.freeimages.com/photo/1109833
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
24
É de extrema relevância citar as fontes utilizadas, para que a pesquisa 
tenha credibilidade e possamos obter o conhecimento. A etapa da pes-
quisa bibliográfica é importante para qualquer projeto de pesquisa, inde-
pendentemente da área.
Então, O QUE É UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?
É um estudo sistematizado de um determinado tema, processado em 
bases de dados nacionais e internacionais, que contém artigos de revis-
tas científicas, livros, teses e outros documentos. 
O primeiro passo para iniciar uma pesquisa bibliográfica é definir 
qual é o seu objetivo. A pergunta de pesquisa é essencial para determi-
nar o foco da pesquisa. Não esqueça que delimitar o assunto também 
é igualmente importante. A pesquisa bibliográfica deve se estender a 
vários tipos de textos, como periódicos, dissertações e teses e a coleta de 
documentos e contatos importantes, compondo o acervo documental, 
conforme o caso de objeto de estudo.
As pesquisas são feitas segundo contextos específicos, tais como as-
sunto, autores, período de tempo, e combinações entre eles. Para facilitar 
este primeiro passo, faça listas de palavras-chave com os contextos. 
Use palavras-chave específicas associadas ao tema pesquisado.
O próximo passo é onde procurar. As bases multidisciplinares de da-
dos bibliográficas são as mais indicadas; elas são fontes secundárias que 
remetem para identificação de fontes primárias. Geralmente, elas ar-
mazenam grande quantidade de informação estruturada, de forma que 
possa ser consultada rapidamente.
De posse da pesquisa realizada nas distintas bases de dados, o passo 
seguinte é a leitura crítica.
A principal base da pesquisa bibliográfica consiste em análise e lei-
tura de texto. Essas fontes de informação devem ser bem utilizadas - e 
lembre-se de que O CONHECIMENTO PRECISA SER CONSTRU-
ÍDO, E NÃO PODE SER COPIADO. Esta afirmação deve estar re-
gistrada na atitude do aluno do século XXI, usuário assíduo da rede 
eletrônica. A Internet pode ser utilizada, desde que sejam feitas as cor-
retas referências.
Lembre-se sempre de que a cópia de trabalhos (plágios), além de ser 
uma prática desonesta, é ilegal.
Os professores Agma Traina e Caetano Traina dão algumas dicas 
para a seleção de artigos durante uma pesquisa bibliográfica (o texto 
Palavras-chave
Palavras que representam 
o conteúdo do artigo; 
resumem os temas 
principais de um texto.
Fontes 
primárias
são descritas como as 
fontes mais próximas à 
origem da informação 
ou ideia em estudo. 
São documentos 
com texto completo 
e outros documentos 
que contenham o seu 
conteúdo na íntegra.
Metodologia Científica
25
completo está disponível em http://www.univasf.edu.br/~ricardo.ara-
mos/comoFazerPesquisasBibliograficas.pdf):
Analisar um artigo é um processo pessoal, mas a regra geral é:
•	 Avalie o título. Se ele estiver dentro do que você está procurando, 
ou se estiver incerto, leia o resumo. Com isso, você já poderá ter 
uma ideia de que o artigo tem algo que lhe interessa. Se não tiver, 
descarte-o. 
•	 Se o artigo for interessante, ou você ainda estiver incerto disso, ob-
tenha agora o texto completo, e dê uma folheada rápida, vendo as 
seções, figuras e tabelas que contém.
•	 E leia as conclusões. Agora você deve ter uma ideia boa sobre o arti-
go ser interessante ou não. 
•	 Daqueles que interessam, leia a introdução, e se suas expectativas 
se confirmarem, salve o arquivo, faça anotações de por que você se 
interessou, e estude o artigo.
Quando estiver acostumado com o processo, analisar um artigo não 
deverá tomar mais do que três ou quatro minutos; quinze minutos, se 
você chegar a ler a introdução. Mas quando um artigo interessar, invista 
nele o tempo que precisar. 
Mas onde encontrar as fontes?
Algumas organizações e/ou base de dados oferecem acervo digital 
e físico. Podemos iniciar pelas instituições oficiais do governo que pos-
suem arquivos importantes que guardam uma enorme quantidade de 
diversos materiais, como dados estatísticos, plantas, projetos, jornais, 
revistas, atas e documentos oficiais. Inicialmente, é recomendado que 
você conheça as regras de cada instituição e suas exigências na apresen-
tação de identificação específica como, por exemplo, uma carta formal 
da faculdade, quando necessário.
Outra base de dados importante é a biblioteca. As bibliotecas pos-
suem livros, arquivos, revistas, catálogos, entre outros acervos, com 
uma infinidade de temas. Atualmente, muitas bibliotecas disponibili-
zam esses acervos através da internet, inclusive o acervo físico disponí-
vel para possível empréstimo.
Podemos encontrar, na rede eletrônica, várias bases de dados virtuais, 
sites de pesquisa e sites de busca. Lembre-se de que a informação precisa 
ter referência fidedigna na composição de um trabalho acadêmico.
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
26
Seguem alguns links úteis à pesquisa:
CAPES (http://www.periodicos.capes.gov.br) - O Portal de Periódicos 
da Capes é uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza às institui-
ções de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica in-
ternacional. Ele conta atualmente com um acervo de mais de 35 mil pe-
riódicos com texto completo, 130 bases referenciais, 11 bases dedicadas 
exclusivamente a patentes, além de livros, enciclopédias e obras de refe-
rência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual.
Web of Science – Base multidisciplinar; acesso através do Portal da 
CAPES.
Scopus - Base multidisciplinar; acesso através do Portal da CAPES.
SciELO (http://www.scielo.org) - Disponibiliza periódicos científi-
cos da América Latina e Caribe.
CNPq (www.cnpq.br) - O Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico (CNPq), agência do Ministério da Ciência, 
Tecnologia e Inovação (MCTI), tem como principais atribuições fo-
mentar a pesquisa científica e tecnológica e incentivar a formação de 
pesquisadores brasileiros. 
IPEA (www.ipea.gov.br) - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
IBGE (www.ibge.gov.br) – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (http://bdtd.ibict.br/)
Banco de Teses da CAPES (http://www.capes.gov.br/servicos/banco-
-de-teses)
Outra dica interessante para a sua pesquisa é identificar os grupos 
de pesquisa/pesquisadores que atuam na área de interesse. Isso pode ser 
feito acompanhando as páginas pessoais desses pesquisadores ou utili-
zando portais de bibliotecas digitais.
Atividade 3
Atende ao Objetivo 3 
Assinale a alternativa correta.
1) A pesquisa bibliográfica é uma etapa do projeto de pesquisa que:
http://www.periodicos.capes.gov.br
http://www.cnpq.br
http://www.ipea.gov.br
http://www.ibge.gov.br
http://bdtd.ibict.br/
Metodologia Científica
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a) ( ) é usada apenas em trabalhos teóricos desenvolvidos em campos 
como os da Filosofia, Sociologia e Antropologia;
b) ( ) é feita com bases multidisciplinares, em livros e periódicos 
científicos;
c) ( ) tem por finalidade colocar o pesquisador em contato com o fun-
cionamento das bibliotecas;
d) ( ) não é imprescindível para qualquer pesquisa científica;
e) ( ) somente é utilizada pelas ciências humanas.
2) A pesquisa bibliográfica deve começar com palavras-chave de refe-
rência ao tema,
a) ( ) sendo o mais específico possível às ideias principais do texto; 
b) ( ) utilizando apenas o título do projeto; 
c) ( ) tomando como base uma aplicação tecnológica específica; 
d) ( ) sendo o mais abrangente possível incluindo todas as áreas; 
e) ( ) consultando jornais e revistas populares de forma genérica.Resposta Comentada 
1) Dentre as opções mencionadas, a resposta mais abrangente está na 
letra b, pois considera a busca sistematizada em diversas bases de várias 
áreas para uma pesquisa completa em fontes científicas.
2) A letra a possui o objetivo principal das palavras-chave, que é repre-
sentar de forma sintética e específica a busca por conteúdos associados 
ao contexto do tema. Caso você tenha errado essa resposta, não desani-
me! Faça uma revisão sobre a pesquisa bibliográfica. 
E, se você acertou, parabéns! Você já está pronto para começar a navegar 
no mundo científico.
Agora que você já sabe os passos iniciais de uma pesquisa biblio-
gráfica, faça uma visita virtual e conheça o acervo digital do CECIERJ 
– TECA (http://teca.cecierj.edu.br/). Aproveite e faça uma pesquisa sobre 
o conhecimento científico. Aproveite a navegação pelo conhecimento!
http://teca.cecierj.edu.br/
Aula 2 • Introdução à Metodologia Científica
28
Atividade Final
Atende a todos os Objetivos
Faça uma pesquisa bibliográfica com as seguintes etapas:
1 – Escolher um tema relacionado à engenharia de produção;
2 – Especificar de 3 a 5 palavras-chave para o tema escolhido;
3 – Realizar busca em site/base de dados especializado;
4 – Registrar a base utilizada e o número de resultados da busca;
5 – Escolher um artigo/capítulo de obra para leitura;
6 – Registrar título da obra e link;
7 – Após a leitura do material, fazer uma lista com, no mínimo, cinco 
itens dos pontos principais abordados no texto.
Resposta Comentada
Esta atividade tem resposta de caráter pessoal. Com a leitura que fez 
da aula, você deve ter atingido os objetivos. Nesse caso, parabéns! Se 
encontrou alguma dificuldade para realizá-la, releia a aula com atenção.
Resumo 
Na nossa primeira aula, você foi apresentado aos conceitos fundamen-
tais da pesquisa científica e como ela tem grande importância para a 
construção do conhecimento, principalmente para a Engenharia. 
Aprendeu sobre os conceitos da disciplina de metodologia científica, 
sua evolução histórica e o emprego de suas diretrizes na engenharia de 
produção. Também foi destacada a importância da leitura para o me-
lhor aproveitamento da disciplina, assim como a interferência do hábito 
de ler em sua formação no curso acadêmico para a reflexão crítica, o 
estudo e a escrita. A leitura possui elementos auxiliares e objetivos pre-
dominantes. A aula foi concluída com as orientações sobre os conceitos e 
procedimentos de uma pesquisa bibliográfica que será usada ao longo de 
todo o curso. A pesquisa bibliográfica é o primeiro passo para qualquer 
pesquisa com um tema definido. Ela deve ser iniciada com a definição do 
Metodologia Científica
29
objetivo, seguida da realização da busca em fontes primárias, e finaliza-
da com a análise crítica do material pesquisado.
Informações sobre a próxima aula
Na Aula 2, serão introduzidos os conceitos da ciência, seu papel na so-
ciedade, os tipos de conhecimento. Nas demais aulas, serão incluídos os 
novos métodos e as técnicas usadas na estruturação de um texto cientí-
fico, assim como as normas em vigor.

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