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Ebook da Unidade - Gestão e Sustentabilidade

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<p>Unidade 1</p><p>Gestão e Sustentabilidade</p><p>Sustentabilidade</p><p>na Construção Civil</p><p>Diretor Executivo</p><p>DAVID LIRA STEPHEN BARROS</p><p>Gerente Editorial</p><p>CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA</p><p>Projeto Gráfico</p><p>TIAGO DA ROCHA</p><p>Autoria</p><p>ALINE EVELYN LIMA BEZERRA</p><p>DAYANNA COSTA</p><p>AUTORIA</p><p>Aline Evelyn Lima Bezerra</p><p>Sou formada em Ciências Contábeis pela Universidade</p><p>Estadual da Paraíba (UEPB) e pós-graduada em Gestão Ambiental e</p><p>Desenvolvimento Sustentável, com experiência em escrita de material</p><p>didático nas áreas: contabilidade geral e tributária, gestão de estoques,</p><p>marketing e propaganda e publicidade. Tenho experiência profissional</p><p>na área fiscal e tributária há mais de quatro anos, bem como no setor</p><p>contábil, em escritório contábil, com especialidade em construção civil,</p><p>além de outros clientes dos mais diversos ramos e portes. Trabalhei em</p><p>empresas do ramo turístico e comercial, no setor administrativo. Na área</p><p>acadêmica, atuei como pesquisadora no Programa Institucional de Bolsas</p><p>de Iniciação Científica pela Universidade Estadual da Paraíba durante 2</p><p>anos, na área de gestão empresarial, principalmente nos seguintes temas:</p><p>a sustentabilidade empresarial, a partir dos enfoques econômicos, sociais</p><p>e ambientais; e responsabilidade social universitária. Sou apaixonada pelo</p><p>que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão</p><p>iniciando em suas profissões.</p><p>Dayanna Costa</p><p>Sou mestre em Administração pelo Programa de Pós-Graduação</p><p>em Administração da UFPB (2019), área de concentração administração</p><p>e sociedade e mestre em Recursos Naturais, pelo Programa de Pós-</p><p>Graduação em Recursos Naturais da UFCG (2014), com ênfase na linha</p><p>de pesquisa sustentabilidade e competitividade. Possuo graduação em</p><p>Administração pela Universidade Federal de Campina Grande (2010).</p><p>Atuo como pesquisadora no Grupo de Estudos em Gestão da Inovação</p><p>Tecnológica da UFCG, cadastrado no diretório de grupos de pesquisa</p><p>do CNPQ, na linha de pesquisa Inovação e Desenvolvimento Regional l,</p><p>voltado aos seguintes temas: administração geral, gestão da inovação,</p><p>desenvolvimento regional. Atuou como pesquisadora do Grupo de</p><p>Estratégia Empresarial e Meio Ambiente, cadastrado no diretório de</p><p>grupos de pesquisa do CNPQ, na linha de pesquisa estratégia ambiental</p><p>e competitividade com ênfase em modelos e ferramentas de gestão</p><p>ambiental com foco nos seguintes temas: administração geral e gestão</p><p>ambiental. Atualmente, atuo como professora no curso de Administração</p><p>da Unidade Acadêmica de Administração de Contabilidade (UAAC), na</p><p>Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), no regime de professor</p><p>substituto.</p><p>Por isso, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu</p><p>elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar</p><p>você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!</p><p>ICONOGRÁFICOS</p><p>Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez</p><p>que:</p><p>OBJETIVO:</p><p>para o início do</p><p>desenvolvimento de</p><p>uma nova compe-</p><p>tência;</p><p>DEFINIÇÃO:</p><p>houver necessidade</p><p>de se apresentar um</p><p>novo conceito;</p><p>NOTA:</p><p>quando forem</p><p>necessários obser-</p><p>vações ou comple-</p><p>mentações para o</p><p>seu conhecimento;</p><p>IMPORTANTE:</p><p>as observações</p><p>escritas tiveram que</p><p>ser priorizadas para</p><p>você;</p><p>EXPLICANDO</p><p>MELHOR:</p><p>algo precisa ser</p><p>melhor explicado ou</p><p>detalhado;</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>curiosidades e</p><p>indagações lúdicas</p><p>sobre o tema em</p><p>estudo, se forem</p><p>necessárias;</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>textos, referências</p><p>bibliográficas e links</p><p>para aprofundamen-</p><p>to do seu conheci-</p><p>mento;</p><p>REFLITA:</p><p>se houver a neces-</p><p>sidade de chamar a</p><p>atenção sobre algo</p><p>a ser refletido ou dis-</p><p>cutido sobre;</p><p>ACESSE:</p><p>se for preciso aces-</p><p>sar um ou mais sites</p><p>para fazer download,</p><p>assistir vídeos, ler</p><p>textos, ouvir podcast;</p><p>RESUMINDO:</p><p>quando for preciso</p><p>se fazer um resumo</p><p>acumulativo das últi-</p><p>mas abordagens;</p><p>ATIVIDADES:</p><p>quando alguma</p><p>atividade de au-</p><p>toaprendizagem for</p><p>aplicada;</p><p>TESTANDO:</p><p>quando o desen-</p><p>volvimento de uma</p><p>competência for</p><p>concluído e questões</p><p>forem explicadas;</p><p>SUMÁRIO</p><p>Definição de sustentabilidade ...............................................................12</p><p>Origens do conceito de sustentabilidade ..................................................................... 12</p><p>História dos produtos (de onde vêm e para onde vão) .................... 12</p><p>História da sustentabilidade ................................................................................. 15</p><p>Definição de sustentabilidade ...............................................................................................18</p><p>Desenvolvimento sustentável .............................................................. 22</p><p>Introdução ao desenvolvimento sustentável..............................................................22</p><p>Práticas de desenvolvimento sustentável ....................................................................23</p><p>Relatório de Brundtland .............................................................................................................27</p><p>The Global Goals (as metas globais) ...................................................................................29</p><p>Indicadores de sustentabilidade ..........................................................33</p><p>História dos indicadores de sustentabilidade ............................................................33</p><p>O que são indicadores de sustentabilidade ................................................................37</p><p>Sistema de indicadores nacional ......................................................................37</p><p>Indicadores de sustentabilidade econômica ......................................... 38</p><p>Indicadores de sustentabilidade social ...................................................... 39</p><p>Indicadores de sustentabilidade ambiental ............................................ 39</p><p>Global Reporting Initiative (GRI) ............................................................................41</p><p>Conferência Rio+20 .....................................................................................44</p><p>Eco-92......................................................................................................................................................44</p><p>Agenda 21 ..........................................................................................................................45</p><p>Carta da Terra ..................................................................................................................47</p><p>Rio+10 ...................................................................................................................................................... 49</p><p>Declaração de Joanesburgo ............................................................................... 49</p><p>Rio+20 ...................................................................................................................................................... 50</p><p>9</p><p>UNIDADE</p><p>01</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>10</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Você sabia que o desenvolvimento sustentável é um dos temas mais</p><p>debatidos da atualidade e que líderes do mundo inteiro se juntam para</p><p>estabelecer metas sustentáveis para o planeta? Sim, a sustentabilidade,</p><p>hoje, é um tema amplamente debatido. No entanto, nem sempre foi</p><p>assim. No primeiro capítulo, você aprenderá onde tudo começou e o</p><p>que é sustentabilidade, que é utilizar meios de suprir as necessidades</p><p>do presente sem afetar as gerações futuras, em aspectos ambientais,</p><p>econômicos e sociais.</p><p>No segundo capítulo, será falado sobre as práticas de desenvolvimento</p><p>sustentável; o relatório de Brundtland, documento intitulado como O nosso</p><p>futuro comum; e o The Global Goals, as metas globais, criadas em 2015, que</p><p>apresentam dezessete objetivos para serem cumpridos até 2030.</p><p>No capítulo 3, você verá alguns indicadores de sustentabilidade, a</p><p>partir do enfoque econômico, social e ambiental, e aprenderá também</p><p>sobre Global Reporting Initiative (GRI). Por fim, será mostrado</p><p>de Brasília, Brasília, 2005.</p><p>NORDHAUS, W. D.; TOBIN, J. Economic research: retrospect and</p><p>prospect. Is Growth Obsolete, v. 5, 1972.</p><p>RELATÓRIO Brundtland “nosso futuro comum” – definição e princípios.</p><p>Instituto Brasileiro de Sustentabilidade, [2021]. Disponível em: https://www.</p><p>inbs.com.br/ead/Arquivos%20Cursos/SANeMeT/RELAT%23U00d3RIO%20</p><p>BRUNDTLAND%20%23U201cNOSSO%20FUTURO%20COMUM%23U201d.</p><p>pdf. Acesso em: 31 dez. 2020.</p><p>SOBRE a Rio+20. RIO+20, c2011. Disponível em: http://www.rio20.</p><p>gov.br/sobre_a_rio_mais_20.html. Acesso em: 6 jan. 2021.</p><p>STADLER, A.; MAIOLI, M. R. Organizações e desenvolvimento</p><p>sustentável. Curitiba: Intersaberes, 2012.</p><p>SUSTENTABILIDADE. In: Dicio: Dicionário Online de Português,</p><p>c2021. Disponível em: https://www.dicio.com.br/sustentabilidade/.</p><p>Acesso em: 31 dez. 2020.</p><p>THE GLOBAL goals. The global goals for stainable development, 30</p><p>abr. 2020. Disponível em: https://www.globalgoals.org/. Acesso em: 23 jul. 2021.</p><p>‘WE The People’ for The Global Goals | Global Goals. [S. l.: s. n.], 2016.</p><p>1 vídeo (2m58s). Publicado pelo canal The Global Goals. Disponível em:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=RpqVmvMCmp0&feature=emb_</p><p>logo. Acesso em: 6 jan. 2021.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>https://antigo.mma.gov.br/informacoes-ambientais/indicadores-ambientais.html</p><p>https://antigo.mma.gov.br/informacoes-ambientais/indicadores-ambientais.html</p><p>https://portais.ufma.br/PortalUnidade/ufmasustentavel/paginas/noticias/noticia.jsf?id=52507</p><p>https://portais.ufma.br/PortalUnidade/ufmasustentavel/paginas/noticias/noticia.jsf?id=52507</p><p>https://www.inbs.com.br/ead/Arquivos%20Cursos/SANeMeT/RELAT%23U00d3RIO%20BRUNDTLAND%20%23U201cNOSSO%20FUTURO%20COMUM%23U201d.pdf</p><p>https://www.inbs.com.br/ead/Arquivos%20Cursos/SANeMeT/RELAT%23U00d3RIO%20BRUNDTLAND%20%23U201cNOSSO%20FUTURO%20COMUM%23U201d.pdf</p><p>https://www.inbs.com.br/ead/Arquivos%20Cursos/SANeMeT/RELAT%23U00d3RIO%20BRUNDTLAND%20%23U201cNOSSO%20FUTURO%20COMUM%23U201d.pdf</p><p>https://www.inbs.com.br/ead/Arquivos%20Cursos/SANeMeT/RELAT%23U00d3RIO%20BRUNDTLAND%20%23U201cNOSSO%20FUTURO%20COMUM%23U201d.pdf</p><p>https://www.dicio.com.br/sustentabilidade/</p><p>https://www.globalgoals.org/</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=RpqVmvMCmp0&feature=emb_logo</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=RpqVmvMCmp0&feature=emb_logo</p><p>Definição de sustentabilidade</p><p>Origens do conceito de sustentabilidade</p><p>História dos produtos (de onde vêm e para onde vão)</p><p>História da sustentabilidade</p><p>Definição de sustentabilidade</p><p>Desenvolvimento sustentável</p><p>Introdução ao desenvolvimento sustentável</p><p>Práticas de desenvolvimento sustentável</p><p>Relatório de Brundtland</p><p>The Global Goals (as metas globais)</p><p>Indicadores de sustentabilidade</p><p>História dos indicadores de sustentabilidade</p><p>O que são indicadores de sustentabilidade</p><p>Sistema de indicadores nacional</p><p>Indicadores de sustentabilidade econômica</p><p>Indicadores de sustentabilidade social</p><p>Indicadores de sustentabilidade ambiental</p><p>Global Reporting Initiative (GRI)</p><p>Conferência Rio+20</p><p>Eco-92</p><p>Agenda 21</p><p>Carta da Terra</p><p>Rio+10</p><p>Declaração de Joanesburgo</p><p>Rio+20</p><p>a Conferência</p><p>das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Eco-92, que deu</p><p>embasamento para a Rio+10 e Rio+20. Entendeu? Ao longo desta unidade</p><p>letiva, você vai mergulhar neste universo!</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>11</p><p>OBJETIVOS</p><p>Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no</p><p>desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término</p><p>desta etapa de estudos:</p><p>1. Definir o conceito de sustentabilidade, discernindo sobre sua</p><p>importância e aplicabilidade;</p><p>2. Discernir acerca do desenvolvimento sustentável em cidades e na</p><p>sociedade como um todo;</p><p>3. Avaliar os diversos indicadores de sustentabilidade;</p><p>4. Compreender os resultados práticos da Conferência das Nações</p><p>Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20.</p><p>Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?</p><p>Ao trabalho!</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>12</p><p>Definição de sustentabilidade</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo, você será capaz de entender</p><p>como e onde surgiu a sustentabilidade, seu significado e</p><p>objetivo. Isso será fundamental para compreensão de toda</p><p>a unidade, tendo em vista que, nessa competência, você</p><p>aprenderá os aspectos básicos. E então? Motivado para</p><p>desenvolver essa competência? Então, vamos lá. Avante!</p><p>Origens do conceito de sustentabilidade</p><p>História dos produtos (de onde vêm e para onde vão)</p><p>A economia capitalista é marcada por características em que a</p><p>valorização do dinheiro prevalece sobre as questões sociais e ambientais,</p><p>acarretando desastres naturais e desigualdades sociais.</p><p>REFLITA:</p><p>Você já parou para pensar de onde vêm as coisas que</p><p>compramos e para onde vão?</p><p>Existe um sistema de produção que pode ser visualizado no</p><p>organograma abaixo:</p><p>Figura 1 – Organograma evidenciando de onde vêm a para onde vão os produtos</p><p>Extração Produção</p><p>Tratamento</p><p>de lixo</p><p>Distribuição</p><p>Consumo</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor (2020).</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>13</p><p>Como pode ser observado, existe um sistema linear de produção,</p><p>ou seja, onde tudo começa na extração, na exploração dos recursos</p><p>naturais disponíveis no planeta.</p><p>No entanto, vivemos em planeta finito. Como o sistema de produção</p><p>é linear, encontramos a primeira limitação: os recursos naturais também</p><p>são finitos. Somente nas últimas três décadas, foram consumidos em</p><p>torno de 33% dos recursos naturais do planeta, como pode ser observado</p><p>no gráfico.</p><p>Figura 2 – Gráfico: utilização dos recursos naturais do planeta Terra</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor (2020).</p><p>Um dos países que mais consomem esses recursos naturais é</p><p>o Estados Unidos, utilizando cerca de 30% dos recursos totais de todo</p><p>o planeta. Se todos os países utilizassem os recursos com a mesma</p><p>intensidade que os Estados Unidos, seriam necessários três vezes mais</p><p>recursos para suprir essa demanda. Somente na Amazônia, em 2014,</p><p>2.000 árvore foram derrubadas por minuto.</p><p>Os fatos citados acima influenciam diretamente a degradação</p><p>ambiental, bem como as comunidades em que os locais de extração</p><p>estão situados. Após a extração, as matérias-primas vão para produção</p><p>e chegamos a uma nova fase, muito importante para esse contexto de</p><p>conscientização ambiental.</p><p>É no setor produtivo, industrial, que as matérias-primas são</p><p>transformadas em produtos. Nessa fase de transição, são alocadas</p><p>grandes quantidades de recursos naturais para máquinas, corroborando</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>14</p><p>com o que acontece na fase anterior (de extração). Assim, são utilizados</p><p>em grandes quantidades recursos naturais finitos. Ainda nessa etapa,</p><p>para que as matérias-primas sejam transformadas em produtos finais, é</p><p>necessária a adição de químicos nesses materiais, em que apenas uma</p><p>pequena parcela deles são testadas. Assim, é desconhecido o nível do</p><p>impacto desses químicos tanto à saúde de quem consome quanto ao</p><p>meio ambiente, tendo em vista que, durante a produção, são liberadas</p><p>grandes quantidades de gases e poluentes ao meio ambiente.</p><p>Além dos malefícios supracitados, os operários da indústria e</p><p>moradores próximos à indústria também são afetados, por acabarem</p><p>inalando esses gases e poluentes. Obviamente, os operários só trabalham</p><p>em locais assim por falta de opção, o que gera também mão de obra</p><p>barata, devido ao fluxo de operários sem alternativa.</p><p>Após, os produtos são distribuídos ao varejo para que sejam</p><p>consumidos. Nessa fase, é importante destacar que os consumidores</p><p>precisam constantemente trocar seus pertences, alguns porque se</p><p>tornam obsoletos e ultrapassados e outros porque realmente perdem a</p><p>utilidade, condições que são atribuídas aos produtos de forma proposital,</p><p>por meio de duas estratégias:</p><p>1. Obsolescência programada – produtos são feitos com prazos</p><p>de validade relativamente curtos, para que, em determinado</p><p>tempo, a mercadoria comece a apresentar limitações quanto ao</p><p>seu uso. Esses prazos são calculados de forma que o consumidor</p><p>não perceba que está adquirindo um produto com um tempo de</p><p>duração menor do que deveria.</p><p>EXEMPLO: uma grande parcela dos eletrodomésticos. É comum</p><p>observarmos alguém dizer que, antigamente, os eletrodomésticos</p><p>duravam mais. Eles realmente duravam, até que as empresas começaram</p><p>a perceber que a quantidade de venda estava limitada e a solução foi</p><p>diminuir o prazo de validade desses produtos.</p><p>2. Obsolescência perceptiva – nesse caso, os objetos ainda são</p><p>úteis, mas são trocados antes dos prazos de validade, porque</p><p>é disseminada a ideia de que aquele item deve ser trocado.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>15</p><p>Normalmente, essas ideias são espalhadas por meio de mídias</p><p>digitais.</p><p>EXEMPLO: é facilmente notável esse tipo de estratégia no mundo</p><p>das modas, em que estilos de roupas, sapatos, maquiagem e cabelos</p><p>variam de acordo com época do ano, localização e outros fatores.</p><p>Esses dois tipos de estratégias fazem com que os produtos que</p><p>não estão de fato obsoletos sejam jogados fora e virem lixo em menos</p><p>de um ano. Os lixos normalmente são queimados ou aterrados. Quando</p><p>queimados, geram uma das toxinas mais prejudiciais que existem. Mas o</p><p>impacto causado em decorrência desse lixo acaba se tornando irrisório</p><p>quando comparado aos impactos que são causados pela produção dos</p><p>novos produtos.</p><p>Alguns desses materiais são, sim, reciclados. No entanto, é uma</p><p>parcela muito pequena de reciclagem que não chega nem perto de suprir</p><p>os malefícios causados.</p><p>Dessa forma, podemos observar que essa linha de produção não</p><p>dispõe de soluções para as limitações que existem. Entretanto, em cada</p><p>fase da produção, existem equipes de intervenção. Lá na fase inicial, existe</p><p>um grupo propagando a ideia do não desmate, consuma menos energia</p><p>e assim por diante nas fases seguintes, assim como existe um grupo</p><p>de intervenção na fase final, que incentiva a compra de produtos mais</p><p>duráveis e produtos sustentáveis, além de grupos de apoio que podem</p><p>ser observados em todas as fases, agindo em defesa das pessoas, dos</p><p>operários, do trabalho infantil e das comunidades em geral. É por meio</p><p>dessas práticas que é possível consolidar as estratégias do conceito de</p><p>sustentabilidade que veremos nos próximos tópicos.</p><p>História da sustentabilidade</p><p>Em decorrência de um mundo moderno e capitalista, nunca se</p><p>falou tanto sobre sustentabilidade e normalmente é passada a imagem</p><p>de que esse conceito é um pensamento relativamente novo.</p><p>Essa ideia de que o conceito de sustentabilidade é algo novo surge</p><p>do achismo de que os malefícios causados ao meio ambiente pelo uso</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>16</p><p>irracional dos recursos naturais são apenas indícios de consequências</p><p>que poderão vir a acontecer.</p><p>REFLITA:</p><p>Você já ouviu falar de alguns destes temas: efeito estufa,</p><p>aquecimento global e/ou distúrbio ecológico? E há quanto</p><p>tempo você ouve falar desses temas?</p><p>Os temas supracitados são assuntos discutidos há anos, justamente</p><p>porque as consequências do uso irracional dos</p><p>recursos naturais que o</p><p>planeta oferece já são perceptíveis e vêm sendo percebido ao longo</p><p>dos anos.</p><p>Assim, a ideia de sustentabilidade ou conceitos de conscientização</p><p>ambiental foram criados há muitos anos. Segundo Boff (2016), em</p><p>1560, na Alemanha, incorreu pela primeira vez a preocupação pelo uso</p><p>racional de florestas, na perspectiva de que elas pudessem se manter</p><p>permanentemente, premissa que deu início à palavra sustentabilidade a</p><p>partir da palavra alemã Nachhaltigkeit.</p><p>Embora a palavra tenha surgido em 1560, os conceitos de</p><p>sustentabilidade começaram a aparecer em 1713. De forma estratégica, o</p><p>capitão Hans Carl von Carlowitz desenvolveu métricas de uso sustentável</p><p>da madeira, tendo em vista o desgaste que fornos de mineração criados</p><p>na Saxônia, Alemanha, causavam ao meio ambiente.</p><p>Embora existissem práticas de sustentabilidade desde 1560, bem</p><p>como ideias sustentáveis disseminadas pelas comunidades ligadas à</p><p>silvicultura, os discursos sobres práticas e estratégias ambientais só</p><p>começaram a ser incitados por autores em torno da década de 1950,</p><p>quando a ocorrência de chuvas radiativas, começaram preocupar a</p><p>comunidade científica (MACHADO, 2005).</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>17</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>A silvicultura tem como objetivo encontrar meios de</p><p>restaurar florestas e melhorar o povoamento, tendo papel</p><p>fundamental no controle de desmatamento e contribuindo</p><p>de forma positiva para o reflorestamento e prevenção para</p><p>uso racional dos recursos naturais.</p><p>Em 1970, foi criado o clube de Roma, que publicou um relatório</p><p>sobre Os limites do crescimento (BOFF, 2016). Em 1972, considerando os</p><p>acontecimentos das últimas décadas, a ONU realizou, em Estocolmo, a</p><p>primeira conferência mundial sobre o meio ambiente, conhecida como</p><p>Conferência de Estocolmo, reunindo diversos países desenvolvidos e não</p><p>desenvolvidos.</p><p>No Brasil, as discussões sobre sustentabilidade começaram a</p><p>surgir na década de 1960, mas ganharam força apenas a partir dos anos</p><p>1990, quando diversos autores de renome começaram a discutir o tema</p><p>(BROWN; MARSHALL; DILLARD, 2006).</p><p>As conferências e discussões sobre sustentabilidade começaram a</p><p>ser desencadeadas em diversos países. Inclusive, em 1992. a Conferência</p><p>das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD)</p><p>foi realizada no Rio de Janeiro. Ela ficou conhecida como Rio-92 e tinha como</p><p>objetivo buscar meios de conciliar o desenvolvimento socioeconômico</p><p>com a utilização dos recursos naturais disponíveis no planeta.</p><p>Dessa forma, é possível perceber que:</p><p>O princípio de sustentabilidade surge como uma</p><p>resposta à fratura da razão modernizadora e como</p><p>uma condição para construir uma nova racionalidade</p><p>produtiva, fundada no potencial ecológico e em novos</p><p>sentidos de civilização a partir da diversidade cultural</p><p>do gênero humano. Trata-se da reapropriação da</p><p>natureza e da invenção do mundo; não só de um mundo</p><p>no qual caibam muitos mundos, mas de um mundo</p><p>conformado por uma diversidade de mundos, abrindo</p><p>o cerco da ordem econômica-ecológica globalizada.</p><p>(LEFF, 2001, p. 31)</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>18</p><p>Ainda que existam princípios de sustentabilidade desde 1560,</p><p>práticas de sustentabilidade que surgem em resposta à fratura da razão</p><p>modernizadora deverão ser adaptadas e adequadas às novas situações</p><p>ocasionadas por essa modernidade. Assim, as práticas de sustentabilidade</p><p>estão em constante adaptação e sempre devem ser pensadas a longo prazo.</p><p>Definição de sustentabilidade</p><p>Agora que aprendemos de onde a sustentabilidade surgiu, é</p><p>possível entender qual o real significado de sustentabilidade e para que</p><p>ela serve.</p><p>Em sua definição literal, a palavra sustentabilidade, que vem do</p><p>latim sustentare, significa:</p><p>Conceito que, relacionando aspectos econômicos, sociais,</p><p>culturais e ambientais, busca suprir as necessidades do</p><p>presente sem afetar as gerações futuras. Qualidade ou</p><p>propriedade do que é sustentável, do que é necessário à</p><p>conservação da vida. (SUTENTABILIDADE, 2021, on-line)</p><p>Assim, considerando sua definição literal, podemos resumir que</p><p>a sustentabilidade tem como objetivo conservar, sustentar e cuidar, de</p><p>forma que as ações realizadas agora não afetem de forma prejudicial as</p><p>gerações futuras. Então, aqui já podemos concluir que a sustentabilidade</p><p>tem relação direta com a conservação por um longo período.</p><p>Costumamos pensar que a sustentabilidade diz respeito somente</p><p>ao aspecto ambiental. No entanto, sustentabilidade é muito mais que isso</p><p>e diz respeito aos aspectos econômicos, sociais e ambientais de qualquer</p><p>organização, sendo necessário observar quais os impactos reais, positivos</p><p>ou negativos, são causadas por essas três dimensões.</p><p>A convergência dessas três dimensões: ambiental, social e</p><p>econômica, é conhecida como Triple Bottom Line (TBL) ou tripé da</p><p>sustentabilidade.</p><p>1. Ambiental: as práticas de sustentabilidade elaboradas a partir do</p><p>enfoque ambiental são as práticas mais conhecidas e têm como</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>19</p><p>objetivo minimizar os impactos causados ao meio ambiente pelas</p><p>ações do homem, na busca por permanência a longo prazo.</p><p>2. Social: os indícios de estratégias sociais buscam promover o</p><p>bem-estar e qualidade de vida a determinadas comunidades.</p><p>Quando relacionado a indústrias e empresas privadas, as ações se</p><p>concentram em torno das pessoas que fazem parte da organização,</p><p>como stakeholders e operários. Além disso, existe uma parte da</p><p>sustentabilidade mais voltada para pessoas que não estão ligadas</p><p>diretamente às organizações, mas que são prejudicadas por causa</p><p>de suas práticas.</p><p>EXEMPLO: pessoas que moram próximas a usinas que têm</p><p>características poluidoras e são afetadas prejudicialmente com isso.</p><p>3. Econômico: esse é resultado das organizações e medido em</p><p>valores econômicos, ou seja, lucratividade das organizações.</p><p>Lembrando que, na sustentabilidade, os valores econômicos</p><p>só são considerados positivos quando atrelados aos resultados</p><p>ambientais e sociais.</p><p>Figura 3 – Sobreposição das três principais dimensões da sustentabilidade: ambiental,</p><p>social e econômica</p><p>Dimensão</p><p>Ambiental</p><p>Dimensão</p><p>Econômica</p><p>Dimensão</p><p>Social</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>Conforme pode ser observado na figura acima, a junção das três</p><p>dimensões formam a sustentabilidade, mas ainda há nichos diferentes</p><p>formados por esses três enfoques, que são:</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>20</p><p>1. Socioambiental: é a relação entre os problemas sociais ligados ao</p><p>meio ambiente. Com relação à sustentabilidade socioambiental,</p><p>existe uma integração para resolução de problemas sociais e</p><p>ambientais.</p><p>2. Ecoeficiência: a ecoeficiência busca meios de manter maior</p><p>rentabilidade, utilizando o mínimo de recursos naturais, a</p><p>fim de minimizar impactos ambientais, corroborando com a</p><p>sustentabilidade em termos de conservação e prevenção.</p><p>3. Socioeconômica: a sustentabilidade socioeconômica se preocupa em</p><p>como a rentabilidade, a parte econômica, pode impactar a sociedade,</p><p>na expectativa de promover qualidade de vida e bem-estar.</p><p>Por fim, podemos concluir que a sustentabilidade busca impor</p><p>métodos de promover bem-estar por meio da satisfação humana, sem</p><p>causar impactos ambientais e, ainda, utilizando a prevenção de impactos</p><p>como aliada para obtenção de resultados econômicos. Em resumo, a</p><p>sustentabilidade dentro de uma organização pode ser considerada a partir</p><p>dos resultados obtidos, pelos enfoques econômicos, sociais e ambientais.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>21</p><p>RESUMINDO:</p><p>Chegamos ao fim do primeiro capítulo, e então? Gostou</p><p>do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora,</p><p>só para termos certeza de que você realmente entendeu</p><p>o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o</p><p>que vimos. Você deve ter aprendido que, ao contrário do</p><p>que normalmente é evidenciado, os indícios acerca da</p><p>sustentabilidade surgiram em 1560, na Alemanha, com</p><p>a palavra</p><p>Nachhaltigkeit, que significa sustentabilidade</p><p>e que tinha como premissa a permanência de florestas</p><p>inclusive em condições de desmatamento. A partir de</p><p>então, as práticas sustentáveis começaram a ser adotadas</p><p>e debatidas com mais frequência, até chegarmos ao</p><p>conceito de sustentabilidade que temos hoje, o qual você</p><p>deve ter notado que ainda está sendo aprimorado a cada</p><p>novidade surge. Mas você lembra qual é o conceito de</p><p>sustentabilidade atualmente? Sustentabilidade significa</p><p>conservar, sustentar, cuidar, ou seja, dar apoio, não deixar</p><p>acabar. E só pra ter certeza de que você aprendeu tudo,</p><p>vale ressaltar que a sustentabilidade só existe hoje porque</p><p>vivemos em um planeta finito, mas que o sistema de</p><p>produção funciona de forma linear, utilizando de forma</p><p>irracional os recursos naturais limitados. Agora que</p><p>aprendemos como tudo começou, vamos continuar a</p><p>aprender sobre as práticas e o desenvolvimento sustentável.</p><p>Até o próximo capítulo!</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>22</p><p>Desenvolvimento sustentável</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo, você aprenderá sobre os</p><p>conceitos e práticas de desenvolvimento sustentável e</p><p>como algumas dessas práticas surgiram, a partir das ações</p><p>dispostas no relatório de Brundtland. Aprenderá também</p><p>sobre o The global goals (as metas globais), um dos temas</p><p>mais importantes para a atualidade. Esses assuntos serão</p><p>imprescindíveis para sua vida profissional e pessoal, tendo</p><p>em vista que são métricas que deverão se tornar hábitos</p><p>em qualquer meio. E então? Motivado para desenvolver</p><p>essa competência? Então, vamos lá. Avante!</p><p>Introdução ao desenvolvimento sustentável</p><p>Para entendermos o que é desenvolvimento sustentável, é</p><p>imprescindível conhecer o conceito da palavra desenvolvimento</p><p>sustentável. Vamos começar com desenvolvimento, que remete a</p><p>progresso ou evolução de aspectos quantitativos e qualitativos. Já</p><p>sustentabilidade diz respeito a sustentar, conservar. Considerando essas</p><p>duas definições, desenvolvimento sustentável diz respeito à evolução</p><p>da geração atual de uma forma produtiva, sem que possa comprometer</p><p>recursos e habitat das próximas gerações.</p><p>Segundo Camargo (2020), as definições de desenvolvimento</p><p>sustentável mais conhecidas estão dispostas no relatório Nosso futuro</p><p>comum, em 1991:</p><p>Desenvolvimento sustentável é um novo tipo de</p><p>desenvolvimento capaz de manter o progresso humano</p><p>não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em</p><p>todo o planeta e até um futuro longínquo.</p><p>O desenvolvimento sustentável é aquele que atende</p><p>as necessidades do presente sem comprometer a</p><p>capacidade de as gerações futuras atenderem as suas</p><p>próprias necessidades.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>23</p><p>Em essência, o desenvolvimento sustentável é um</p><p>processo de transformação no qual a exploração dos</p><p>recursos, a direção dos investimentos, a orientação do</p><p>desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional</p><p>se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro,</p><p>a fim de atender as necessidades e aspirações humanas.</p><p>(RELATÓRIO, 1991, p. 4)</p><p>A partir desses conceitos de desenvolvimento sustentável, foi</p><p>possível a elaboração de princípios regulamentadores, que são objetivos</p><p>específicos a partir de perspectivas ambientais, sociais e econômicas, a</p><p>fim de garantir sustentabilidade.</p><p>Práticas de desenvolvimento sustentável</p><p>Já percebemos que o conceito de desenvolvimento sustentável é</p><p>um conceito regulamentador e instituidor de práticas sustentáveis para</p><p>que as ações atuais não comprometam o bem-estar do futuro. Essas</p><p>práticas devem estar associadas à sustentabilidade ambiental e social.</p><p>Acerca das práticas ambientais, é possível perceber inúmeras</p><p>estratégias, pois o mundo percebeu primeiro a necessidade de</p><p>preservação ambiental para a sobrevivência.</p><p>No Quadro 1, é possível verificar algumas práticas de políticas</p><p>públicas que podem ser adotadas pelos órgãos governamentais.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>24</p><p>Quadro 1 – Resumo das políticas públicas ambientais</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>25</p><p>Fonte: Stadler e Maioli (2012).</p><p>As ações ambientais não devem partir somente de órgãos públicos</p><p>ou privados, é fundamental que a população esteja em benefício do meio</p><p>ambiente. Ações bem simples, como economizar água e energia, diminuir</p><p>uso dos descartáveis, procurar comprar de empresas sustentáveis,</p><p>reutilizar produtos etc., podem fazer grande diferença para o meio</p><p>ambiente.</p><p>Quanto às práticas sociais, ainda é necessário muito amadurecimento</p><p>para o estabelecimento de objetivos e métricas. Infelizmente, os estudos</p><p>sobre questões sociais ainda são relativamente novos. Entretanto, a</p><p>sustentabilidade social é fundamental para o desenvolvimento, tendo em</p><p>vista que trata das condições básicas, como saúde, educação, segurança</p><p>e bem-estar.</p><p>Nesse âmbito, existe a ISO 26.000, norma regulamentadora</p><p>publicada em 1º de novembro de 2010, que trata do sistema de gestão da</p><p>responsabilidade social, que impõe a organizações diretrizes acerca do</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>26</p><p>trabalho infantil, saúde e segurança no trabalho, discriminação, igualdade</p><p>de gêneros, jornadas de trabalho etc.</p><p>A ISO 26.000 ainda dispõe sobre:</p><p>• Conceitos, termos e definições referentes à responsabilidade</p><p>social.</p><p>• Histórico, tendências e características da responsabilidade social.</p><p>• Princípios e práticas relativas à responsabilidade social.</p><p>• Os temas centrais e as questões referentes à responsabilidade</p><p>social.</p><p>• Integração, implementação e promoção de comportamento</p><p>socialmente responsável em toda a organização e por meio de</p><p>suas políticas e práticas dentro de sua esfera de influência.</p><p>• Identificação e engajamento de partes interessadas.</p><p>• Comunicação de compromissos, desempenho e outras</p><p>informações referentes à responsabilidade social.</p><p>Para que o desenvolvimento sustentável a partir do enfoque social</p><p>funcione de forma positiva, a sociedade tem uma grande contribuição,</p><p>tendo em vista que somente agir de forma ética faz grande diferença no</p><p>mundo, pois as práticas individuais acabam influenciando a comunidade</p><p>ao seu redor, seja de forma positiva ou negativa.</p><p>REFLITA:</p><p>É possível perceber que, para que as práticas supracitadas</p><p>funcionem em prol do desenvolvimento sustentável, é</p><p>necessário que órgãos governamentais, outros órgãos</p><p>públicos – por exemplo, igrejas – empresas privadas e</p><p>sociedade ajam em conjunto.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>27</p><p>Relatório de Brundtland</p><p>O relatório de Brundtland é um documento que foi elaborado</p><p>na década de 1980, intitulado Nosso futuro comum. Foi elaborado pela</p><p>Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que tinha</p><p>como chefe, na época, a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem</p><p>Brundtland.</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Caso queira se aprofundar no assunto, assista ao vídeo</p><p>Gro Brundtland - uma das principais lideranças mundiais</p><p>nas áreas de meio ambiente e de saúde, que trata do</p><p>desenvolvimento sustentável e de como Gro Brundtland</p><p>– considerada uma grande influenciadora ambiental da</p><p>atualidade europeia – foi importante nesse processo,</p><p>clicando aqui.</p><p>A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento</p><p>começou os debates e estudos acerca do desenvolvimento sustentável</p><p>em 1983, que tinha como objetivo elaborar soluções e/ou propostas</p><p>ambientais.</p><p>Em 1987, saiu o resultado dessa comissão e foi publicado o</p><p>documento intitulado Nosso futuro comum, também conhecido como</p><p>relatório de Brundtland. Nesses três anos, foram ouvidos líderes de</p><p>governos de todo o mundo acerca de questões ambientais. Foram</p><p>realizadas reuniões em regiões desenvolvidas e não desenvolvidas,</p><p>possibilitando, assim, que vários pontos de vistas, de diferentes países e</p><p>situações, pudessem ser considerados para a elaboração das propostas</p><p>que estariam dispostas no relatório.</p><p>O relatório enfatiza que existe um problema no sistema de produção</p><p>linear, com relação aos recursos ambientais, buscando</p><p>soluções para que</p><p>o sistema de produção se adeque ao desenvolvimento sustentável.</p><p>O relatório Brundtland apresentou algumas ações a serem tomadas</p><p>pelos governos, que você pode conferir a seguir.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=3pqys-lv1fk</p><p>28</p><p>1. Em âmbito nacional:</p><p>a. Limitar do crescimento populacional.</p><p>b. Garantia de alimentação em longo prazo.</p><p>c. Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas.</p><p>d. Diminuir o consumo de energia e promover o desenvolvimento de</p><p>tecnologias que admitam o uso de fontes energéticas renováveis.</p><p>e. Aumentar a produção industrial nos países não industrializados à</p><p>base de tecnologias ecologicamente adaptadas.</p><p>f. Controlar a urbanização selvagem e integração entre campo e</p><p>cidades menores.</p><p>1. Em âmbito internacional:</p><p>a. As organizações de desenvolvimento devem adaptar uma</p><p>estratégia de desenvolvimento sustentável.</p><p>b. A comunidade internacional deve proteger os ecossistemas</p><p>supranacionais como a Antártica, os oceanos e o espaço.</p><p>c. Que as guerras devem ser banidas e que a ONU deve implantar</p><p>um programa de desenvolvimento sustentável.</p><p>Foram evidenciadas também outras medidas para a implantação</p><p>de um programa que seja pelo menos minimamente compatível com o</p><p>desenvolvimento sustentável, quais sejam:</p><p>a. Uso de novos materiais na construção.</p><p>b. Reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais.</p><p>c. Aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia,</p><p>como a solar, a eólica e a geotérmica.</p><p>d. Reciclagem de materiais reaproveitáveis.</p><p>e. Consumo racional de água e de alimentos.</p><p>f. Redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na</p><p>produção de alimentos.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>29</p><p>Outro fator importante do qual o relatório de Brundtland trata é a</p><p>pobreza, admitindo que só existe desenvolvimento sustentável em locais</p><p>onde as necessidades básicas existenciais são supridas de forma positiva.</p><p>Assim, o relatório também estabelece metas nesse sentido, por exemplo:</p><p>em determinadas regiões que as necessidades básicas não são atendidas,</p><p>os governos devem encontrar formas de aumentar o desenvolvimento</p><p>econômico naquelas regiões.</p><p>The Global Goals (as metas globais)</p><p>Aconteceu em 15 de setembro de 2015, em Nova Iorque, uma</p><p>reunião elaborada pela Organizações das Nações Unidas (ONU) para a</p><p>definição de metas globais de desenvolvimento sustentável. Essas metas</p><p>foram elaboradas partindo das três premissas:</p><p>I – Combater a pobreza.</p><p>II – Diminuir a desigualdade social.</p><p>III – Combater as mudanças climáticas.</p><p>A partir dessas três premissas, foram criadas 17 metas globais,</p><p>conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com</p><p>o poder de criar um mundo melhor até 2030.</p><p>Atualmente, em 2020, o site oficial do The global goals considera que:</p><p>Já se passaram cinco anos e temos mais trabalho do</p><p>que nunca. Essas metas têm o poder de criar um mundo</p><p>melhor até 2030, acabando com a pobreza, lutando contra</p><p>a desigualdade e abordando a urgência das mudanças</p><p>climáticas. Guiados pelos objetivos, agora cabe a todos</p><p>nós, governos, empresas, sociedade civil e público em</p><p>geral trabalharmos juntos para construir um futuro melhor</p><p>para todos. (THE GLOBAL, 2021, on-line, tradução nossa)</p><p>Para o desenvolvimento dessas 17 metas, foi necessária a realização</p><p>de uma pesquisa com 7 milhões de pessoas, moradores de todo o mundo,</p><p>intitulada Meu mundo. Desse modo, as metas consideraram a realidade</p><p>de diversos povos e culturas.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>30</p><p>Figura 4 – Objetivos de desenvolvimento sustentável</p><p>Fonte: Jesus (2018).</p><p>As 17 metas estão ligadas a seis subtemas: pobreza; saúde e</p><p>bem-estar; educação, habilidades e trabalho; um mundo seguro e justo;</p><p>sustentabilidade; e meio ambiente. Assim:</p><p>1. Erradicação pobreza – pobreza.</p><p>2. Fome zero – saúde e bem-estar.</p><p>3. Boa saúde e bem-estar – saúde e bem-estar.</p><p>4. Qualidade da educação – educação, habilidades e trabalho.</p><p>5. Igualdade de gêneros – um mundo seguro e justo.</p><p>6. Água limpa e saneamento básico – saúde e bem-estar.</p><p>7. Energias renováveis – sustentabilidade.</p><p>8. Bons salário e crescimento – educação, habilidades e trabalho.</p><p>9. Inovação e infraestrutura – sustentabilidade.</p><p>10. Diminuição das desigualdades – pobreza.</p><p>11. Cidades e comunidades sustentáveis – sustentabilidade.</p><p>12. Consumo responsável – sustentabilidade.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>31</p><p>13. Proteger o planeta – meio ambiente.</p><p>14. Viver sob a água – meio ambiente.</p><p>15. Viver na terra – meio ambiente.</p><p>16. Justiça de paz – um mundo seguro e justo.</p><p>17. Parcerias para o objetivo – sustentabilidade.</p><p>Atingir os 17 DOS faz parte de um grupo muito maior de metas,</p><p>169, que buscam atingir 231 indicadores globais, todos voltados ao</p><p>desenvolvimento sustentável.</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Caso queira se aprofundar no assunto, assista ao vídeo</p><p>“We The People” for The Global Goals | Global Goals (“Nós,</p><p>o povo” para os objetivos globais | Metas Globais), em</p><p>que pessoas conhecidas de todo mundo se juntam para</p><p>divulgar e promover os objetivos em busca de um futuro</p><p>melhor para todos, clicando aqui.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=RpqVmvMCmp0&feature=emb_logo</p><p>32</p><p>RESUMINDO:</p><p>Chegamos ao fim de mais um capítulo! Você gostou do que</p><p>lhe mostramos? Aprendeu tudo que ensinamos? Agora, só</p><p>para termos certeza de que você realmente entendeu o</p><p>tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que</p><p>vimos. Primeiramente, você viu uma pequena introdução</p><p>sobre desenvolvimento sustentável, com definição e</p><p>objetivos. Continuando, viu as práticas sustentáveis</p><p>ambientais e sociais e aprendeu sobre o relatório de</p><p>Brundtland, conhecido como Nosso mundo comum, que</p><p>instituiu ações sustentáveis a serem realizadas. Por fim, foi</p><p>mostrado um dos assuntos mais importante da atualidade,</p><p>The Global Goals (as metas globais), que são 17 objetivos</p><p>globais, publicados em 2015, com o objetivo de transformar</p><p>o mundo em um planeta melhor até 2030. Depois de 5 anos</p><p>sendo colocados em prática, os objetivos já surtiram efeitos</p><p>significativos. Os assuntos abordados neste capítulo são de</p><p>suma importância para a sua vida profissional e pessoal, pois</p><p>as ações aqui estudadas podem ser colocadas em prática</p><p>nesse momento por você! E agora que você relembrou</p><p>tudo, vamos lá! Vamos continuar aprendendo como fazer</p><p>um planeta melhor!</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>33</p><p>Indicadores de sustentabilidade</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo, você será capaz de entender</p><p>como os indicadores ambientais são capazes de evidenciar</p><p>os resultados de uma instituição em termos ambientais,</p><p>sociais e econômicos. Aprenderá também sobre o Global</p><p>Reporting Initiative (GRI), organização internacional que</p><p>atua em empresas de todos os setores e tamanhos. Então,</p><p>vamos aprender como aplicar esse conteúdo em sua vida</p><p>profissional? Vamos seguir em frente!</p><p>História dos indicadores de sustentabilidade</p><p>Em 1972, foi publicado pela National Bureau of Economic Research</p><p>(NBER – Escritório Nacional de Pesquisa Econômica), um trabalho de 81</p><p>páginas escrito por William D. Nordhaus e James Tobin, intitulado Is growth</p><p>obsolete? (O crescimento está obsoleto?), no livro  Economic Research:</p><p>retrospect and prospect (Pesquisa econômica: retrospecto e perspectiva),</p><p>do National Bureau of Economic Research (NBER), dos Estados Unidos.</p><p>Levando em consideração somente o título da publicação, pode</p><p>surgir a dúvida: existe relação entre esse trabalho e a história dos</p><p>indicadores de sustentabilidade? De fato, o foco do registro concentrava-</p><p>se em torno de um desenvolvimento econômico de forma obsoleta nos</p><p>Estados Unidos.</p><p>No entanto, já na primeira página do documento, Nordhaus e Tobin</p><p>(1972) esclarecem:</p><p>Críticos desiludidos acusam tanto a ciência econômica</p><p>quanto a política econômica pela obediência cega ao</p><p>“progresso” material agregado e pela negligência de</p><p>seus custosos efeitos</p><p>colaterais. O crescimento, afirmam,</p><p>distorce as prioridades nacionais, piora a distribuição de</p><p>renda e prejudica irreparavelmente o meio ambiente.</p><p>(NORDHAUS; TOBIN, 1972, p. 80, tradução nossa)</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>34</p><p>No documento, os autores explanaram o crescimento econômico de</p><p>uma forma tão ampla que adentraram nos impactos sociais e ambientais</p><p>que o crescimento causava e perceberam, então, que a forma como os</p><p>resultados desse crescimento eram calculados não incluía realmente</p><p>tudo que deveria, como o bem-estar, por exemplo.</p><p>Nesse contexto, foram sugeridos alguns métodos de cálculos para</p><p>o Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB), para que</p><p>esses considerassem bem-estar e desconsiderassem outras medidas,</p><p>chegando ao Measure of Economic Welfare (MEW – Medida de bem-estar</p><p>econômico), que depois se transformou em Measure of Economic Welfare-</p><p>Sustainable (MEW-S – Medida de bem-estar econômico sustentável),</p><p>embora não tenha nenhum indício de aspecto ambiental.</p><p>Dessa forma, esse estudo é considerado, por alguns autores, como</p><p>o precursor no estudo de indicadores de sustentabilidade.</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Caso queira se aprofundar no assunto, leia o trabalho</p><p>de William D. Nordhaus e James Tobin por completo</p><p>clicando aqui.</p><p>Entretanto, a primeira medida que considerou em seu cálculo</p><p>aspectos ambientais foi o Index of Sustainable Economic Welfare (ISEW</p><p>– Índice de bem-estar econômico sustentável), criado em 1989, por Daly</p><p>& Cobb Junior. O índice econômico tinha como objetivo substituir o PIB,</p><p>pois, além dos fatores econômicos, considerava custos de distribuição de</p><p>rendas, poluição e outros custos sustentáveis.</p><p>O ISEW tem como base a fórmula abaixo.</p><p>FÓRMULA: ISEW  =  consumo pessoal +  despesas públicas não</p><p>defensivas - despesas privadas defensivas + formação de capital + serviços</p><p>do trabalho doméstico - custos da degradação ambiental - depreciação</p><p>do capital natural.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>http://www.nber.org/chapters/c7620</p><p>35</p><p>Ele é considerado um dos índices mais importantes de contexto</p><p>histórico, utilizado para cálculo nestes dez países: Canadá, Alemanha,</p><p>Reino Unido, Escócia, Áustria, Holanda, Suécia, Chile, Itália, Austrália e</p><p>Tailândia.</p><p>No entanto, esses dois trabalhos eram indicadores econômicos</p><p>e não existia nenhuma medida de desempenho sustentável. Até que</p><p>Van Bellen, em sua tese de doutorado, publicada em 2002, abordou</p><p>os temas sustentabilidade e métodos de avaliação, por meio da</p><p>análise das principais ferramentas que pretendiam mensurar o grau de</p><p>sustentabilidade e desenvolvimento, a partir de três abordagens, as quais</p><p>você pode conferir abaixo.</p><p>I – O ecological footprint method, que aborda cinco categorias:</p><p>1. Alimentação.</p><p>2. Habitação.</p><p>3. Transporte.</p><p>4. Bens de consumo.</p><p>5. Serviços.</p><p>II – Dashboard of sustainability, que abrange os fatores:</p><p>1. Meio ambiente – por exemplo, qualidade da água, ar e solo, níveis</p><p>de lixo tóxico.</p><p>2. Economia – por exemplo, emprego, investimentos, produtividade,</p><p>distribuição de receitas, competitividade, inflação e utilização</p><p>eficiente de materiais e energia.</p><p>3. Sociedade – por exemplo, crime, saúde, pobreza, educação,</p><p>governança, gastos militares e cooperação internacional.</p><p>O dashboard of sustainability é resultado da agregação de diversos</p><p>itens, conforme podemos observar no Quadro 2.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>36</p><p>Quadro 2 – Indicadores de fluxo e estoque do dashboard of sustainability</p><p>Fonte: Bellen (2002).</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>37</p><p>III – Barometer of sustainability, em que são calculados índices de</p><p>bem-estar social e da ecosfera. O índice de bem-estar do ecossistema</p><p>considera aspectos da água, terra, ar, biodiversidade e utilização dos</p><p>recursos. Já o índice de bem-estar humano considera o bem-estar</p><p>individual, saúde, educação, desemprego, pobreza, rendimentos, crime,</p><p>negócios e atividades humanas (BELLEN, 2002).</p><p>A partir dessas abordagens expostas por Van Bellen, diversos</p><p>outros autores começaram a estudar o tema. Ainda dentro desse</p><p>mundo de indicadores de sustentabilidade, um dos fatos históricos mais</p><p>significativos é a criação do Global Reporting Initiative (GRI), em 1997, um</p><p>relatório de sustentabilidade voltado à gestão de indicadores ambientais,</p><p>sociais e econômicos dentro de instituições.</p><p>O que são indicadores de sustentabilidade</p><p>Indicador é uma informação quantitativa ou qualitativa que serve</p><p>para medir o resultado ou desempenho de determinada situação,</p><p>acontecimento ou processo em termos de eficiência. Assim, indicador</p><p>significa calcular, apresentar ou estimar algo.</p><p>Já o indicador de sustentabilidade diz respeito aos meios de</p><p>mensurar e/ou apresentar a eficiência, ou seja, os resultados causados</p><p>ao meio ambiente e bem-estar social, em decorrência das práticas</p><p>ambientais e sociais desenvolvidas por instituições públicas ou privadas.</p><p>Sistema de indicadores nacional</p><p>Existe um sistema nacional de medição de indicadores de</p><p>sustentabilidade, o Sistema de Indicadores de Desenvolvimento</p><p>Sustentável (SIDS), publicado em 2000, que considera quatro categorias:</p><p>I. Indicadores ambientais.</p><p>II. Indicadores econômicos (micro e macro).</p><p>III. Indicadores sociais.</p><p>IV. Indicadores institucionais (que trata do funcionamento de</p><p>instituições do terceiro setor).</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>38</p><p>Esse sistema criou um modelo de mensuração, o PER = Pressão-</p><p>Estado-Resposta.</p><p>Os indicadores de pressão são calculados a partir de indicadores</p><p>de emissão de poluentes, eficiência energética, impacto ambiental e</p><p>intervenção territorial, medindo a pressão causada ao meio ambiente.</p><p>Os indicadores que representam o Estado são auferidos por meio da</p><p>sensibilidade, risco e qualidade ambiental de determinadas localidades. A</p><p>partir desses indicadores, é possível mensurar a qualidade do ambiente.</p><p>Já os indicadores de resposta dizem respeito à percepção da</p><p>sociedade com relação à degradação ambiental. Nesse indicador, podem</p><p>ser verificados itens de ações ambientais realizadas pela sociedade ou o</p><p>grau de aceitação da sociedade a ações impostas por grupos.</p><p>Indicadores de sustentabilidade econômica</p><p>Quando se fala em empresa economicamente sustentável, implica</p><p>dizer que a empresa consegue oferecer seus produtos ou serviços a</p><p>preços justos quando comparados aos concorrentes, sendo capaz de</p><p>manter uma vantagem competitiva.</p><p>Os indicadores de desempenho econômico devem ser capazes</p><p>de medir o valor de mercado da organização e lucratividade. Medir o</p><p>valor de mercado da organização é possível por meio de indicadores,</p><p>tais como: totais de ativos da empresa ou capitalização de mercado, que</p><p>corresponde ao valor total de ações de acordo com o preço delas no</p><p>mercado naquele momento.</p><p>A lucratividade pode ser auferida por meio de indicadores de</p><p>retorno, como: o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), que permite</p><p>averiguar quanto a empresa pode gerar de retorno utilizando os recursos</p><p>próprios; Retorno Operacional sobre o Ativo (ROA), que permite calcular</p><p>a eficiência da empresa de gerar lucro a partir de seus ativos; e Retorno</p><p>sobre o Investimento (ROI), que calcula a taxa de retorno ou lucratividade</p><p>em relação ao montante de valor investido.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>39</p><p>IMPORTANTE:</p><p>Vale salientar que, para que uma instituição seja</p><p>economicamente sustentável, ela deve obrigatoriamente</p><p>atrelar a sustentabilidade econômica à eficiência ambiental</p><p>e social.</p><p>Indicadores de sustentabilidade social</p><p>Indicadores sociais permitem avaliar o desenvolvimento social por</p><p>meio de índices como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No</p><p>entanto, os indicadores de sustentabilidade social dizem respeito aos</p><p>impactos que as instituições estão causando à sociedade e quais práticas</p><p>estão sendo adotadas para amenizar os danos.</p><p>EXEMPLO: grandes empresas dispõem de ações para</p><p>empreendedorismo negro ou empoderamento</p><p>feminino com</p><p>fornecimento de bolsas de estudos na busca por inclusão. Os indicadores,</p><p>nesse caso, servem para apresentar os resultados desse projeto, para a</p><p>medição da eficiência e eficácia do projeto.</p><p>Indicadores de sustentabilidade ambiental</p><p>Os indicadores de sustentabilidade ambiental servem para medir</p><p>e evidenciar os impactos causados ao meio ambiente pela prática da</p><p>operacionalidade normal de uma instituição. Existem indicadores que</p><p>também servem para evidenciar quais ações ou boas práticas as empresas</p><p>estão tomando para amenizar esses impactos ambientais.</p><p>Segundo o Ministério do Meio do Ambiente (MMA), “indicadores</p><p>ambientais são estatísticos selecionadas que representam ou resumem</p><p>alguns aspectos do estado do meio ambiente, dos recursos naturais e de</p><p>atividades humanas relacionadas” (INDICADORES, 2021, on-line).</p><p>Com o objetivo de apoiar os Objetivos de Desenvolvimento</p><p>Sustentável (ODS), o MMA desenvolveu alguns indicadores, quais sejam:</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>40</p><p>• Área de floresta pública com uso comunitário.</p><p>• Área de florestas públicas.</p><p>• Área de florestas públicas federais sob concessão florestal.</p><p>• Cobertura do território brasileiro com diretrizes de uso e ocupação</p><p>em bases sustentáveis, definidas por meio de iniciativas de</p><p>Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE).</p><p>• Concentração de Dióxido de Nitrogênio (NO2), na Região</p><p>Metropolitana de São Paulo.</p><p>• Concentração de Material Particulado com Diâmetro Menor que 10</p><p>micrômetros (MP10), na Região Metropolitana (RM) de São Paulo.</p><p>• Destinação adequada de pneus inservíveis no Brasil.</p><p>• Espécies da fauna ameaçadas de extinção com planos de ação</p><p>nacional para conservação das espécies ameaçadas de extinção.</p><p>• Espécies da flora ameaçadas de extinção.</p><p>• Espécies da flora ameaçadas de extinção com planos de ação</p><p>para recuperação e conservação.</p><p>• Índice de efetividade de gestão das unidades de conservação</p><p>federais.</p><p>• Número de ações de fiscalização executadas nas unidades de</p><p>conservação federais.</p><p>• Número de conselhos gestores de unidades de conservação</p><p>criados na esfera federal.</p><p>• Percentual de alcance da meta estabelecida de coleta de óleos</p><p>lubrificantes usados ou contaminados no Brasil.</p><p>• Percentual de espécies da fauna/flora ameaçadas de extinção</p><p>com planos de ação ou outros instrumentos para recuperação e</p><p>conservação.</p><p>• Percentual do território brasileiro abrangido por unidades de</p><p>conservação.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>41</p><p>• Proporção da área marinha brasileira coberta por unidades de</p><p>conservação da natureza.</p><p>• Quantidade de agrotóxico comercializado por classe de</p><p>periculosidade ambiental.</p><p>• Reservação de água doce.</p><p>• Número de participantes alcançados por ações e iniciativas</p><p>de informação e formação com conteúdo de desenvolvimento</p><p>sustentável.</p><p>• Consumo de substâncias que destroem a camada de ozônio.</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o site do</p><p>Ministério do Meio Ambiente e verifique individualmente</p><p>cada indicador, observando a descrição, relevância,</p><p>objetivo alinhado aos ODS e resultados clicando aqui.</p><p>Global Reporting Initiative (GRI)</p><p>Quando se fala na definição de sustentabilidade empresarial,</p><p>pensamos logo que é o resultado de uma organização avaliada a partir de</p><p>aspectos ambientais, sociais e econômico, mas como esses resultados</p><p>podem ser avaliados? E como as sociedades e stakeholders ficam sabendo</p><p>desses resultados? Além desses fatos, imagine que alguém queira fazer</p><p>uma comparação entre duas empresas para aferir qual é mais sustentável.</p><p>Como é possível saber se A ou B é mais sustentável se elas não tiverem o</p><p>mesmo parâmetro de medida?</p><p>A análise uma organização acerca de seus resultados sustentáveis</p><p>torna-se muito difícil se não existir uma métrica específica. Ainda, a</p><p>comparação com relação a outras organizações, sejam do mesmo</p><p>segmento ou não, torna-se praticamente impossível. Assim, o Global</p><p>Reporting Initiative (GRI) existe para tentar resolver esse obstáculo.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>https://antigo.mma.gov.br/informacoes-ambientais/indicadores-ambientais.html</p><p>42</p><p>O Global Reporting Initiative foi criado em 1997 por ambientalistas e</p><p>tinha como objetivo criar meios para que as empresas pudessem divulgar</p><p>os impactos que causavam ao meio ambiente. A primeira versão de um</p><p>relatório padrão foi publicada somente em 2000 com as diretrizes GRI (G1).</p><p>Em 2001, virou uma instituição sem fins lucrativos. Com o passar dos anos,</p><p>as diretrizes foram aprimoradas, criando-se as diretrizes G2, em 2002; G3,</p><p>em 2006; e G4, em 2013, que são utilizadas até hoje.</p><p>Atualmente, a GRI tem como objetivo ajudar na elaboração de</p><p>relatórios padronizados com aspectos ambientais, sociais e econômicos,</p><p>evidenciando informações relevantes e fidedignas acerca dos aspectos</p><p>supracitados.</p><p>Por meio do GRI, é possível averiguar e avaliar indicadores de</p><p>sustentabilidade em empresas de qualquer área de atuação e/ou</p><p>tamanho. No relatório com base no GRI, os indicadores representam</p><p>as práticas empresariais adotadas. Segundo as diretrizes do GRI, é</p><p>fundamental a aplicação de princípios que servem para a definição do</p><p>conteúdo do relatório e da qualidade do relatório.</p><p>Quadro 3 – Princípios para definição dos relatórios</p><p>Fonte: GRI 101 (2016).</p><p>Cada princípio exposto no quadro acima deve ser analisado de</p><p>forma individual, contendo características específicas que servem para</p><p>garantir a alta qualidade do relatório.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>43</p><p>RESUMINDO:</p><p>Estamos chegando ao final. No penúltimo capítulo, você</p><p>aprendeu como os indicadores de sustentabilidade</p><p>surgiram, os eventos e a criação de relatórios e autores</p><p>que falaram acerca do assunto. Depois de aprender o</p><p>contexto histórico dos indicadores, você pôde ver que</p><p>eles servem para medir o resultado ou desempenho de</p><p>determinada situação, acontecimento ou processo em</p><p>termos de eficiência. Assim indicador significa calcular,</p><p>apresentar ou estimar algo. No entanto, vimos que se não</p><p>existissem métricas padrões, a análise desses indicadores</p><p>seria praticamente impossível. Então, aprendeu que existe</p><p>o Global Reporting Initiative (GRI), instituição internacional</p><p>que desenvolveu um método padrão de análise do</p><p>desempenho sustentável por meio de indicadores de</p><p>sustentabilidade. O modelo se tornou conhecido em todo</p><p>mundo e pode ser utilizado por empresas de diversos</p><p>setores e tamanhos. Agora que você relembrou tudo o que</p><p>foi estudado neste capítulo, vamos a mais um assunto para</p><p>finalizar a unidade.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>44</p><p>Conferência Rio+20</p><p>Objetivo: Chegamos ao último capítulo. Nesta competência, você</p><p>aprenderá sobre eventos que foram marcantes para o desenvolvimento</p><p>sustentável. No primeiro tópico, aprenderá o que foi a Eco-92, Declaração</p><p>da Terra e Agenda 21. No segundo tópico, verá sobre a Rio+10 e Declaração</p><p>de Joanesburgo. Por fim, aprenderá sobre a Rio+20 e como esses eventos</p><p>impactaram a atualidade. E então? Motivado para desenvolver esta</p><p>competência? Então, vamos lá. Avante!</p><p>Eco-92</p><p>A primeira conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento</p><p>sustentável, que ocorreu em junho de 1992, no Rio de Janeiro, ficou mais</p><p>conhecida como Eco-92, mas também pode ser chamada de Rio-92 ou</p><p>Cúpula da Terra.</p><p>A Eco-92 tinha como objetivo ressaltar a ideia de desenvolvimento</p><p>sustentável, explicando que, com base na utilização de recursos naturais</p><p>de países desenvolvidos, como os Estados Unidos, o planeta não teria</p><p>recursos naturais suficientes para suprir a demanda caso todos os</p><p>países começassem a utilizar esses recursos como se fossem países</p><p>desenvolvidos.</p><p>Na conferência, 179 chefes de governos debateram como podiam</p><p>alinhar seus planos de governos com os objetivos sustentáveis, para</p><p>prevenção e mantimento do meio ambiente a longo prazo. No entanto, a</p><p>conferência contou com a participação de em torno 30 mil pessoas,</p><p>que</p><p>discutiam sobre problemas ambientais, suas consequências e metas para</p><p>serem realizadas.</p><p>Essa conferência tomou uma proporção tão grande no mundo que,</p><p>a partir dela, foram criadas duas conferências: uma sobre biodiversidade</p><p>e outra sobre mudanças climáticas. Além disso, em paralelo, ONGs</p><p>realizaram o fórum global e aprovaram um documento chamado Carta</p><p>da Terra.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>45</p><p>Entretanto, o resultado considerado o mais importante da Eco-92</p><p>foi a aprovação da Agenda 21, documento que serve como guia para os</p><p>países, evidenciando a importância da participação deles nos planos de</p><p>ações.</p><p>Agenda 21</p><p>A Agenda 21 é um documento que tem como objetivo criar um</p><p>plano para que os países entendam a importância de criar soluções</p><p>sustentáveis e, a partir de então, sejam capazes de elaborar suas próprias</p><p>soluções, considerando cada região específica, situação climática,</p><p>situação econômica e outros fatores determinantes que podem influenciar</p><p>os resultados dessas ações.</p><p>Assim, a Agenda 21 serve como manual ou guia, estabelecendo</p><p>metas-bases para o alcance do desenvolvimento sustentável, com base</p><p>em quatro pilares:</p><p>I. Dimensões sociais e econômicas – nas quais são desenvolvidas</p><p>estratégias de políticas públicas para garantia do bem-estar social</p><p>com condições básicas de sobrevivência.</p><p>II. Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento</p><p>– gestão de recursos e resíduos que possam degradar o meio</p><p>ambiente. Nesse pilar, são tratadas formas de gerir esses recursos</p><p>de forma que não venha prejudicar o meio ambiente.</p><p>III. Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais – deve ser</p><p>levado em consideração pessoas de diversos grupos sociais, para</p><p>fortalecimento dos grupos sociais mais relevantes, incluindo essas</p><p>pessoas no processo decisório.</p><p>IV. Meios de implementação – buscar meios de implementação dos</p><p>projetos sustentáveis, sejam meios financeiros ou jurídicos.</p><p>A Agenda 21 foi elaborada com base nos conceitos de</p><p>desenvolvimento sustentável. Alinhado a esses conceitos, a Agenda 21</p><p>incumbe seis premissas básicas:</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>46</p><p>I. Cooperação e parceria – a Agenda 21 expõe, de forma clara e</p><p>consistente, a importância entre parceria e cooperação, seja entre</p><p>países, entre a sociedade ou entre sociedade e governo, para que</p><p>o desenvolvimento sustentável flua de forma coerente.</p><p>II. Educação e desenvolvimento individual – educação e</p><p>desenvolvimento são colocados como fatores primordiais para</p><p>o desenvolvimento. Assim, o documento explicita a necessidade</p><p>de criação de projetos educacionais que envolvam toda a</p><p>comunidade, garantindo o aprendizado e evolução individual de</p><p>todos.</p><p>III. Equidade e fortalecimento dos grupos socialmente vulneráveis –</p><p>garantir equidade para os grupos mais vulneráveis em aspectos</p><p>sociais, como negros, crianças, mulheres, idosos, indígenas,</p><p>LGBTQ+, entre outros grupos em situação de desvantagem. Vale</p><p>salientar que garantir equidade não significa igualdade de direitos,</p><p>mas garantir condições específicas para que as diferenças entre</p><p>esses grupos sejam menos visíveis.</p><p>IV. Planejamento – planejamento é importante em qualquer situação</p><p>e para o desenvolvimento sustentável não é diferente. É necessária</p><p>a definição de metas, objetivos e meios de realização, bem como</p><p>prazos para cumprimentos das metas.</p><p>V. Desenvolvimento da capacidade institucional – a Agenda 21 cita o</p><p>capacity building, que significa capacitação, ou seja, capacitação</p><p>dos recursos humanos de instituições governamentais e não</p><p>governamentais, a fim de que essas pessoas se tornem adaptáveis</p><p>às novas situações.</p><p>VI. Informação – só é possível avaliar resultados ou tomar decisões a</p><p>partir de informações. Por isso, a Agenda 21 enfatiza a necessidade</p><p>de que organizações devem disponibilizar informações acerca</p><p>dos impactos ambientais por meio de banco de dados. Além</p><p>disso, reuniões devem ser realizadas com constância para o</p><p>compartilhamento dessas informações.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>47</p><p>Carta da Terra</p><p>A Carta da Terra é um documento que começou a tomar forma em</p><p>1992, em um evento paralelo à Eco-92, quando se criou o documento-</p><p>base, mas foi somente em 2000 que o documento foi publicado na</p><p>Holanda.</p><p>A Carta da Terra é um documento que evidencia princípios éticos,</p><p>na busca por um mundo mais sustentável e justo para todos. Ao total, são</p><p>16 princípios, dividido em quatro grupos.</p><p>I - Respeitar e cuidar da comunidade de vida:</p><p>1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.</p><p>2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e</p><p>amor.</p><p>3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas,</p><p>sustentáveis e pacíficas.</p><p>4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às</p><p>futuras gerações.</p><p>II – Integridade ecológica:</p><p>5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos</p><p>da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos</p><p>processos naturais que sustentam a vida.</p><p>6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção</p><p>ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma</p><p>postura de precaução.</p><p>7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam</p><p>as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o</p><p>bem-estar comunitário.</p><p>8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o</p><p>intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>48</p><p>III – Justiça social econômica:</p><p>9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.</p><p>10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os</p><p>níveis promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa</p><p>e sustentável.</p><p>11. Afirmar a igualdade e a equidade dos gêneros como pré-requisitos</p><p>para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso</p><p>universal à educação, à assistência de saúde e às oportunidades</p><p>econômicas.</p><p>12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um</p><p>ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana,</p><p>a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção</p><p>aos direitos dos povos indígenas e minorias.</p><p>IV – Democracia, não violência e paz:</p><p>13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e</p><p>prover transparência e responsabilização no exercício do governo,</p><p>participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.</p><p>14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida,</p><p>os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um</p><p>modo de vida sustentável.</p><p>15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.</p><p>16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Caso queira se aprofundar mais no assunto e conhecer</p><p>mais sobre a Carta da Terra, acesse o site A carta da Terra</p><p>em ação: a iniciativa da carta da Terra – Brasil clicando aqui.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>http://www.cartadaterrabrasil.com.br/prt/index.html</p><p>49</p><p>Rio+10</p><p>A Eco-92 foi tão importante que o tema começou ser difundido</p><p>em outros eventos, como Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento</p><p>Sustentável, em 26 de agosto a 4 de setembro de 2002, em Joanesburgo,</p><p>na África do Sul, também conhecida como Rio+10, porque aconteceu dez</p><p>anos após à Rio-92.</p><p>A conferência tinha como objetivo avaliar e debater formas de</p><p>melhorar as metas e compromissos estabelecidos na Rio-92, mas foi além</p><p>dos temas debatidos na conferência anterior, incluindo aspectos sociais e</p><p>qualidade de vida nas discussões.</p><p>Declaração de Joanesburgo</p><p>Durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável</p><p>(Rio+10), foi publicado um documento, conhecido como Declaração</p><p>de Joanesburgo, em que os países participantes reafirmaram seus</p><p>compromissos assumidos na ECO-92 com o desenvolvimento sustentável,</p><p>corroborando com o cumprimento da Agenda 21, buscando metas de</p><p>implementação dela. Ainda, foram além, acrescentando os</p><p>17 objetivos</p><p>do The global goals ao acordo.</p><p>6. Nesse continente, berço da humanidade, declaramos,</p><p>por meio do Plano de Implementação da Cúpula Mundial</p><p>sobre Desenvolvimento Sustentável e da presente</p><p>Declaração, nossa responsabilidade para com os outros, a</p><p>comunidade maior da vida e as nossas crianças.</p><p>7. Reconhecendo que a humanidade se encontra numa</p><p>encruzilhada, nos unimos em decisão comum, a fim</p><p>de realizar um esforço determinado para responder</p><p>afirmativamente à necessidade de apresentar um plano</p><p>prático e visível, que leve à erradicação da pobreza e ao</p><p>desenvolvimento humano. (DECLARAÇÃO, 2002, p. 1)</p><p>Conforme pode ser observado nos dois trechos retirados da</p><p>declaração, o plano buscava estabelecer planos de ações para a</p><p>implantação das práticas de desenvolvimento. Tal objetivo pode ser</p><p>observado no documento, que foi dividido em seis partes:</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>50</p><p>I. Das origens ao futuro.</p><p>II. De Estocolmo ao Rio de Janeiro a Joanesburgo.</p><p>III. Os desafios que enfrentamos.</p><p>IV. Nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável.</p><p>V. O multilateralismo é o futuro.</p><p>VI. Fazendo acontecer.</p><p>Rio+20</p><p>A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento</p><p>Sustentável (CNUDS), também conhecida como Rio+20, foi realizada 20</p><p>anos depois da Eco-92, também no Rio de Janeiro, de 13 a 22 de junho</p><p>de 2012, com participações de 193 Estados-membros da ONU e outros</p><p>milhares de participantes, divididos em: sociedade civil internacional,</p><p>indivíduos e voluntariado.</p><p>Para a realização dos debates, foi criada uma pergunta básica:</p><p>“se você pudesse construir o futuro, o que você gostaria de fazer?”. A</p><p>conferência pode ser dividida em dois temas principais: a economia verde</p><p>no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza;</p><p>e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.</p><p>I – A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável</p><p>e da erradicação da pobreza: a economia verde é uma ferramenta que</p><p>serve para redução de danos ambientais e prevenção ambiental, ligada</p><p>à igualdade social e bem-estar. Na conferência, foi abordado o tema</p><p>focando o desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza, com</p><p>programas elaborados para atender à realidade das diferentes regiões.</p><p>II – Estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável:</p><p>foram realizados debates em busca de melhoramento da estrutura</p><p>institucional das instituições do sistema ONU que se dedicam aos três</p><p>pilares do desenvolvimento sustentável, para que os programas que se</p><p>dedicam ao estudo desses pilares possam agir em conjunto. Assim, foram</p><p>sugeridas alterações em algumas organizações, como a Comissão sobre</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>51</p><p>Desenvolvimento Sustentável (CDS) e Programa das Nações Unidas para</p><p>o Meio Ambiente (PNUMA).</p><p>Além desses dois temas principais, também foi debatido o balanço</p><p>das mudanças e feitos realizados nos últimos 20 anos, entre a Eco-92</p><p>e Rio+20, em termos de desenvolvimento ambiental; economia verde,</p><p>seus objetivos e importância do tema para a sociedade; erradicação da</p><p>pobreza; e práticas públicas de desenvolvimento sustentável.</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>O resumo da Conferência das Nações Unidades sobre o</p><p>Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 pode ser vista no</p><p>site da própria conferência clicando aqui.</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20.html</p><p>52</p><p>RESUMINDO:</p><p>Chegamos ao fim do último capítulo. E aí? Gostou do</p><p>que aprendeu? Então, que tal relembrarmos de tudo</p><p>que você aprendeu nesta competência só para termos</p><p>certeza que você vai finalizar a unidade sabendo de</p><p>tudo? Nesta competência, você aprendeu sobre as</p><p>conferências mais importantes para o desenvolvimento</p><p>sustentável. A Conferência das Nações Unidas sobre o</p><p>Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como</p><p>Cúpula da Terra, Eco-92 ou Rio-92, aconteceu em junho de</p><p>1992, no Rio de Janeiro, e tinha como objetivo ressaltar a</p><p>ideia de desenvolvimento sustentável. Seu maior feito foi</p><p>a Agenda 21, documento que definiu metas e ações para</p><p>o desenvolvimento sustentável. Durante essa conferência,</p><p>em eventos paralelos, também foi criada a Carta da Terra,</p><p>documento que evidencia princípios éticos, na busca por</p><p>um mundo mais sustentável e justo para todos. Dez anos</p><p>depois, aconteceu em Joanesburgo, na África, a Rio+10,</p><p>que tinha como objetivo reafirmar os objetivos da Eco-92.</p><p>Nesse evento, foi elaborada a Declaração de Joanesburgo,</p><p>que explicou meios de implementação dos objetivos</p><p>sustentáveis. Vinte anos depois da Eco-92, aconteceu,</p><p>também no Rio de Janeiro, em 2012, a Rio+20, colocando</p><p>em evidência o questionamento “se você pudesse construir</p><p>o futuro, o que você gostaria de fazer?”, debatendo</p><p>os seguintes temas: a economia verde no contexto</p><p>do desenvolvimento sustentável e da erradicação da</p><p>pobreza; e a estrutura institucional para o desenvolvimento</p><p>sustentável. E então? Gostou do que aprendeu? Espero que</p><p>tenha gostado. Até a próxima!</p><p>Sustentabilidade na Construção Civil</p><p>53</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>A CARTA da Terra. A Carta da Terra em ação: a iniciativa da Carta</p><p>da Terra – Brasil, [2021]. Disponível em: http://www.cartadaterrabrasil.</p><p>com.br/prt/index.html. Acesso em: 6 jan. 2021.</p><p>BELLEN, H. M.  Indicadores de sustentabilidade: uma análise</p><p>comparativa. 2002. 235 f. Tede (Doutorado em Engenharia da Produção) –</p><p>Universidade de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.</p><p>BOFF, L. Sustentabilidade: o que é, o que não é. 5. ed. Petropolis:</p><p>Rio de Janeiro: Vozes, 2016.</p><p>BROWN, D.; MARSHALL, R. S.; DILLARD, J. F. Triple bottom line: a</p><p>business metaphor for a social construct. Estados Unidos de América:</p><p>Portland State University, 2006.</p><p>CAMARGO, A. L. B. Desenvolvimento sustentável: dimensões e</p><p>desafios. 1. ed. Papirus: São Paulo, 2020.</p><p>DECLARAÇÃO de Joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável.</p><p>CETESB-SP, 2002. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/proclima/wp-</p><p>content/uploads/sites/36/2013/12/decpol.pdf. Acesso em: 6 jan. 2021.</p><p>GRI 101: Fundamentos 2016. GRI, [2021]. Disponível em: https://</p><p>www.globalreporting.org/how-to-use-the-gri-standards/gri-standards-</p><p>portuguese-translations/. Acesso em: 5 de jan. 2021.</p><p>GRO Brundtland- uma das principais lideranças mundiais nas áreas</p><p>de meio ambiente e de saúde. [S. l.: s. n.], 2012. 1 vídeo (5m14s). Publicado</p><p>pelo canal TV Cultura. Disponível em: https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=3pqys-lv1fk. Acesso em: 6 jan. 2021.</p><p>ISO 26000. Inmetro, [2021]. Disponível em: http://www.inmetro.gov.</p><p>br/qualidade/responsabilidade_social/iso26000.asp. 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