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<p>(fl. 118 do volume 2). Nas razões de apelo extremo, sustenta a preliminar de repercussão geral e, no mérito, aponta violação aos artigos 2º e 198 da Constituição Federal. É o relatório. DECIDO. Ab initio, a repercussão geral pressupõe recurso admissível sob o crivo dos demais requisitos constitucionais e processuais de admissibilidade (art. 323 do RISTF). Consectariamente, se o recurso é inadmissível por outro motivo, não há como se pretender seja reconhecida a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso (art. 102, III, § 3º, da CF). Não merece prosperar o presente recurso. O acórdão recorrido não destoa da jurisprudência desta Suprema Corte que já se firmou no sentido de que o fornecimento de medicamentos a pacientes hipossuficientes é dever solidário dos entes federados, podendo ser requeridos em qualquer esfera (federal, estadual e municipal). Nesse sentido, invoco os seguintes julgados: SAÚDE fornecimento DE REMÉDIOS. O preceito do artigo 196 da Constituição Federal assegura aos necessitados o fornecimento, pelo Estado, dos medicamentos indispensáveis ao restabelecimento da saúde. (ARE 744.170-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio,Primeira Turma, DJe 3/2/2014) PACIENTE PORTADORA DE DOENÇA ONCOLÓGICA NEOPLASIA MALIGNA DE BAÇO PESSOA DESTITUÍDA DE RECURSOS FINANCEIROS DIREITO À VIDA E À SAÚDE NECESSIDADE IMPERIOSA DE SE PRESERVAR, POR RAZÕES DE CARÁTER ÉTICO-JURÍDICO, A INTEGRIDADE DESSE DIREITO ESSENCIAL FORNECIMENTO GRATUITO DE MEIOS INDISPENSÁVEIS AO TRATAMENTO E À PRESERVAÇÃO DA SAÚDE DE PESSOAS CARENTES DEVER CONSTITUCIONAL DO ESTADO (CF, ARTS. 5º, CAPUT, E 196) PRECEDENTES (STF) RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DAS PESSOAS POLÍTICAS QUE INTEGRAM O ESTADO FEDERAL BRASILEIRO CONSEQUENTE POSSIBILIDADE DE AJUIZAMENTO DA AÇÃO CONTRA UM, ALGUNS OU TODOS OS ENTES ESTATAIS RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.” (RE 716.777-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJe 16/5/2013) Ex positis, DESPROVEJO o recurso extraordinário, com fundamento no disposto no artigo 21, § 1º, do RISTF. Publique-se. Brasília, 31 de outubro de 2014.Ministro Luiz FuxRelatorDocumento assinado digitalmente</p><p>(STF - RE: 814427 CE, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 31/10/2014, Data de Publicação: DJe-217 DIVULG 04/11/2014 PUBLIC 05/11/2014)</p><p>Portanto, resta evidenciado, sem qualquer embaraço, o direito ao fornecimento do medicamento necessário ao tratamento do Requerente gratuitamente por parte do Estado lato sensu, tendo em vista que estão cabalmente demonstrados os requisitos para tanto, quais sejam: a necessidade do tratamento, bem como a obrigação do Estado de garantir o direito à saúde aos administrados.</p><p>3.2. DA PROTEÇÃO INFRACONSTITUCIONAL</p><p>A Lei 8.080/90, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências, estabelece logo de plano, no art. 2º “que a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”.</p><p>A supracitada Lei regula o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecendo que os entes da administração direta deverão “executar ações de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica” (art. 6º, I, “d”) e determinando, dentre os objetivos do SUS:</p><p>Art. 5º (...)</p><p>III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.</p><p>Na administração descentralizada do Sistema Único de Saúde, cada ente possui sua atribuição, devido à forma de Estado que possuímos: a União em políticas de âmbito nacional, o Estado em políticas de âmbito estadual e o Município em políticas de âmbito local.</p><p>Mas a responsabilidade de gerir e implementar os recursos do Sistema Único na saúde é obrigação de todos, pois a responsabilidade é solidária, já que o sistema é único e será financiado, nos termos do art. 195, “com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes”. Nesse sentido:</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO Tutela antecipada em ação ordinária de obrigação de fazer Saúde Pessoa hipossuficiente e portadora de "Osteoporose" Medicamento prescrito por médico Indisponibilidade do medicamento pelo SUS Direito fundamental ao fornecimento gratuito de medicamentos, insumos e ao custeio de tratamentos Aplicação dos arts. 1º, III, e 6º da CF Presença dos requisitos Autorizadores da antecipação da tutela. RECURSO DESPROVIDO. 1. Os princípios da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e da preservação da saúde dos cidadãos em geral (art. 6º da CF) impõem ao Município, de modo solidário com os demais entes públicos (art. 196 da CF), a obrigação de fornecer, prontamente, em favor de pessoa hipossuficiente, que comprova a urgente necessidade do medicamento, por prescrição médica, de idoneidade presumida. 2. Antecipação dos efeitos de tutela jurisdicional, para obrigar o Poder Público a fornecer medicamentos, insumos ou custear tratamentos, é viável ante a satisfação dos pressupostos legais (art. 273 do CPC) e orientação jurisprudencial dominante. (TJ-SP - Agravo de Instrumento AI 20373500320148260000 SP 2037350-03.2014.8.26.0000. Data de publicação: 10/04/2014)</p><p>Portanto, não restam dúvidas que o direito da Demandante encontra amparo legal e jurisprudencial, constituindo DEVER do Estado assegurar a universalidade da proteção à saúde, bastando para isso que tenha competência no caso concreto para assegurar e concretizar o direito à saúde.</p><p>4. DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL.</p><p>Conforme disciplina Antônio Notariano Junior e Gilberto Gomes Bruschi[footnoteRef:1]: [1: ORIGEM; AGRAVO contra as Decisões de Primeiro Grau, Ed. Método, 1ª Ed., 2006, p. 88.]</p><p>(...) além da possibilidade de concessão de efeito suspensivo em favor do Agravante, pode também o relator conceder, total ou parcialmente, a antecipação da tutela recursal, desde que a decisão recorrida tenha indeferido pedido de concessão de antecipação de tutela de urgência pretendida. Nesse caso, em vez de suspender a decisão proferida até o final do julgamento, irá determinar provisoriamente que a liminar pleiteada em grau inferior seja concedida, atuando de forma ativa, sendo exatamente por isso que a doutrina acabou por denominar esse pode dado ao relator de efeito ativo. (grifos nossos)</p><p>O Código de Processo Civil, em seu art. 1.019, inciso I, dispõe acerca da antecipação de tutela no agravo de instrumento, senão vejamos:</p><p>Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:</p><p>I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;</p><p>Os requisitos para a concessão da medida antecipatória acima destacada, não vêm expressamente demonstrados no artigo transcrito. Portanto, faz-se mister uma interpretação analógica, através da qual chega-se a conclusão de que devem ser observados os requisitos previstos no art. 300 do mesmo diploma legal.</p><p>O artigo 300 do Código de Processo Civil estabelece os pressupostos para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela judicial na situação em apreço, quais sejam:</p><p>Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.</p><p>A probabilidade do direito encontra-se consubstanciada na efetiva realidade dos fatos, como demonstram os documentos juntados, tendo sido o diagnóstico comprovado por meio de laudos, exames e relatórios médicos, bem como, prescrição médica do medicamento em questão.</p><p>O perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo decorre do tempo necessário para a devida prestação jurisdicional, a qual não transcorrerá sem danos ao Requerente, sendo imperiosa a necessidade da tutela de urgência.</p><p>Fundamenta-se</p><p>a tutela de urgência, ainda, pelo princípio da necessidade, a partir da constatação de que, sem ela, a espera pela sentença de mérito importaria em denegação de justiça, já que a efetividade da prestação jurisdicional restaria gravemente comprometida. Reconhece-se, assim, a existência de casos em que a tutela somente servirá à Demandante se Ementa:</p><p>AGRAVO INTERNO. DECISÃO MONOCRÁTICA NEGANDO PROVIMENTO A AGRAVO DE INSTRUMENTO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. TUTELA ANTECIPADA DEFERIDA. MANUTENÇÃO DO JULGADO. 1 - Encontra-se comprovado nos autos que a Autora é portadora de Artrite Psoríase, sendo-lhe prescritos para o controle da enfermidade, os medicamentos pleiteados (petição inicial cuja cópia instrui o presente agravo - fls. 12 e 13). Tal comprovação advém de receituário e laudo médico da rede pública de saúde (Hospital Universitário Pedro Ernesto - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - serviço de reumatologia). Ou seja, há comprovação e justificativa nos autos para o pleito de concessão antecipada dos medicamentos descritos na inicial. 2 - Melhor dizendo: mediante prescrição expressa de médico especialista da rede pública, não se sustenta a tese estatal de impossibilidade de fornecimento de medicamento não padronizado; uso inadequado ou incorreto. Precedentes jurisprudenciais. 3 - O agravante não trouxe aos autos, de forma efetiva, qualquer argumento ou fato capaz de modificar o decidido, pretendendo tão somente a sua revisão pelo Órgão Colegiado. 4 DESPROVIMENTO DO RECURSO DE AGRAVO INTERNO. (TJ-RJ - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 00612443720148190000 RJ 0061244-37.2014.8.19.0000) Data de publicação: 16/01/2015</p><p>Destarte, não se pode olvidar a urgência deste pleito, haja vista que a demora da decisão pode resultar no óbito do agravante.</p><p>Portanto, indispensável é a concessão de tutela de urgência, determinando-se ao Agravado que forneça o fármaco recomendado, qual seja, de acordo com prescrição médica, garantindo a disponibilização imediata e continua para o tratamento de saúde do Agravante.</p><p>5. DOS PEDIDOS.</p><p>Ante o exposto, restando perfeitamente comprovadas os pontos apresentados, requer a Agravante:</p><p>a) o deferimento dos efeitos da antecipação da tutela recursal, para determinar que o Agravado forneça o medicamento vindicado, qual seja, “Glúten Free”, na forma prescrita na receita anexa, sob pena de, no caso de descumprimento da decisão, incidência de multa diária, fixada na mesma decisão antecipatória, até que seja provido o medicamento ora requerido, sem prejuízo de outras providências que se tornarem necessárias, inclusive bloqueio de verbas públicas e responsabilização administrativa e criminal pelos agentes públicos responsáveis pelo descumprimento da decisão;</p><p>b) O recebimento, conhecimento e provimento do presente Agravo de Instrumento, reformando-se a decisão e primeira instância a fim de que seja determinado o fornecimento da medicação “Glúten Free” ao Requerente;</p><p>c) A intimação do agravado para, querendo, apresentar as contrarrazões ao presente agravo;</p><p>d) A condenação do agravado no pagamento dos ônus sucumbenciais;</p><p>e) Os benefícios da Justiça Gratuita, consoante prevê a Lei nº. 1.060/50, por ser pessoa declaradamente pobre.</p><p>Termos em que pede deferimento.</p><p>Cidade..., data...</p><p>ADVOGADO</p><p>OAB nº...</p>a tutela de urgência, ainda, pelo princípio da necessidade, a partir da constatação de que, sem ela, a espera pela sentença de mérito importaria em denegação de justiça, já que a efetividade da prestação jurisdicional restaria gravemente comprometida. Reconhece-se, assim, a existência de casos em que a tutela somente servirá à Demandante se Ementa: AGRAVO INTERNO. DECISÃO MONOCRÁTICA NEGANDO PROVIMENTO A AGRAVO DE INSTRUMENTO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. TUTELA ANTECIPADA DEFERIDA. MANUTENÇÃO DO JULGADO. 1 - Encontra-se comprovado nos autos que a Autora é portadora de Artrite Psoríase, sendo-lhe prescritos para o controle da enfermidade, os medicamentos pleiteados (petição inicial cuja cópia instrui o presente agravo - fls. 12 e 13). Tal comprovação advém de receituário e laudo médico da rede pública de saúde (Hospital Universitário Pedro Ernesto - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - serviço de reumatologia). Ou seja, há comprovação e justificativa nos autos para o pleito de concessão antecipada dos medicamentos descritos na inicial. 2 - Melhor dizendo: mediante prescrição expressa de médico especialista da rede pública, não se sustenta a tese estatal de impossibilidade de fornecimento de medicamento não padronizado; uso inadequado ou incorreto. Precedentes jurisprudenciais. 3 - O agravante não trouxe aos autos, de forma efetiva, qualquer argumento ou fato capaz de modificar o decidido, pretendendo tão somente a sua revisão pelo Órgão Colegiado. 4 DESPROVIMENTO DO RECURSO DE AGRAVO INTERNO. (TJ-RJ - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 00612443720148190000 RJ 0061244-37.2014.8.19.0000) Data de publicação: 16/01/2015 Destarte, não se pode olvidar a urgência deste pleito, haja vista que a demora da decisão pode resultar no óbito do agravante. Portanto, indispensável é a concessão de tutela de urgência, determinando-se ao Agravado que forneça o fármaco recomendado, qual seja, de acordo com prescrição médica, garantindo a disponibilização imediata e continua para o tratamento de saúde do Agravante. 5. DOS PEDIDOS. Ante o exposto, restando perfeitamente comprovadas os pontos apresentados, requer a Agravante: a) o deferimento dos efeitos da antecipação da tutela recursal, para determinar que o Agravado forneça o medicamento vindicado, qual seja, “Glúten Free”, na forma prescrita na receita anexa, sob pena de, no caso de descumprimento da decisão, incidência de multa diária, fixada na mesma decisão antecipatória, até que seja provido o medicamento ora requerido, sem prejuízo de outras providências que se tornarem necessárias, inclusive bloqueio de verbas públicas e responsabilização administrativa e criminal pelos agentes públicos responsáveis pelo descumprimento da decisão; b) O recebimento, conhecimento e provimento do presente Agravo de Instrumento, reformando-se a decisão e primeira instância a fim de que seja determinado o fornecimento da medicação “Glúten Free” ao Requerente; c) A intimação do agravado para, querendo, apresentar as contrarrazões ao presente agravo; d) A condenação do agravado no pagamento dos ônus sucumbenciais; e) Os benefícios da Justiça Gratuita, consoante prevê a Lei nº. 1.060/50, por ser pessoa declaradamente pobre. Termos em que pede deferimento. Cidade..., data... ADVOGADO OAB nº...