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<p>Direitos humanos e violência</p><p>JULLYANA BENTO</p><p>Os problemas</p><p>ligados à violência</p><p>são numerosos,</p><p>complexos e de</p><p>natureza distinta</p><p>Sociologia: causas e efeitos da violência</p><p>urbana.</p><p>Antropologia: ritos e manifestações da</p><p>violência em diversas comunidades</p><p>Psicologia: a violência como manifestação</p><p>inata de instintos primitivos</p><p>Direito: legitimidade do seu emprego e sua</p><p>justificação racional.</p><p>Violência</p><p>distinção entre:</p><p>Poder X Coação</p><p>Vontade consciente X pulsão</p><p>Determinismo X Liberdade</p><p>A violência está ainda</p><p>enredada em problemas</p><p>conceituais referentes à</p><p>● Multicausal</p><p>● Pluridimensional</p><p>● Multifacetado</p><p>● Intransparente</p><p>A violência é um fenômeno:</p><p>Toda ação cometida ou omitida que</p><p>implique a morte de uma ou mais</p><p>pessoas ou que lhes inflige, de</p><p>maneira intencional ou não,</p><p>sofrimento, lesões físicas, psíquicas</p><p>ou morais contra a sua vontade ou</p><p>com o concurso da mesma</p><p>O que é a violência?</p><p>● Por que agimos de forma violenta?</p><p>● Por que somos, em princípio, contra a</p><p>violência e, em certas ocasiões, a</p><p>praticamos?</p><p>● Em que situações a violência pode ser</p><p>praticada?</p><p>● Podem existir uma fundamentação racional</p><p>e uma justificação moral da violência?</p><p>Convém, todavia, indagar:</p><p>“ Por que morrer e matar de</p><p>raiva, de fome e de sede são</p><p>tantas vezes gestos naturais ?”</p><p>Caetano Veloso</p><p>Ações</p><p>Pessoas</p><p>Situações</p><p>A violência envolve</p><p>● Horroriza</p><p>● Constrange</p><p>● Envergonha</p><p>● Inquieta</p><p>● Aterroriza</p><p>● Revolta</p><p>Violência: conotação pejorativa</p><p>A violência pode ser considerada como</p><p>um ato moralmente negativo, mas nem</p><p>todo ato moralmente negativo se</p><p>caracteriza como violento</p><p>A violência e a questão da moralidade</p><p>se traduz em violência do poder</p><p>Existem formas de poder que são</p><p>exercidas de maneira não violenta</p><p>O poder da violência nem sempre</p><p>Violência e poder</p><p>Levantes revolucionários</p><p>Guerras de libertação</p><p>Ação catalítica</p><p>O caráter positivo da violência</p><p>Caráter plurifacetado</p><p>Complexidade</p><p>Violência</p><p>físicos</p><p>Torturas</p><p>Agressões</p><p>Homicídios</p><p>Lesões corporais</p><p>Maus tratos Sofrimento Roubo</p><p>s</p><p>Mutilações ferimentos Mortes</p><p>É comum se pensar a violência</p><p>apenas em seus aspectos</p><p>● Fragmentação do espaço urbano</p><p>● Degradação da vida nas grandes</p><p>cidades</p><p>● Miséria econômica</p><p>● Marginalização social</p><p>● Desemprego</p><p>O problema social da violência</p><p>● Acesso desigual à terra</p><p>● Concentração fundiária</p><p>● Estruturas arcaicas de poder</p><p>● Violação dos direitos civis dos</p><p>trabalhadores rurais</p><p>● Milícias armadas por latifundiários</p><p>● Precarização das relações de</p><p>trabalho</p><p>Os fatores sócio econômicos</p><p>são quase sempre</p><p>necessários para explicar</p><p>certos tipos de violência,</p><p>mas não são suficientes para</p><p>elucidar a sua origem onto-</p><p>axiológica</p><p>A desigualdade social é um fator</p><p>predisponente e, em alguns casos,</p><p>condicionante da violência, mas tudo</p><p>depende do contexto, das relações</p><p>intersubjetivas, dos fatores psicossociais,</p><p>da estatura moral dos indivíduos, ou</p><p>seja, o problema envolve dimensões</p><p>existenciais complexas</p><p>Nosso modo de compreender e</p><p>definir a violência depende:</p><p>● Valores sociais</p><p>● Regras culturais</p><p>● Ordenamentos normativos</p><p>● Circunstâncias históricas</p><p>O surgimento e o</p><p>recrudescimento</p><p>da violência depende do</p><p>modo como a ela</p><p>reagimos</p><p>Por que somos tão instáveis</p><p>em nossas formas de</p><p>compreensão e em nossas</p><p>atitudes de reprovação da</p><p>violência?</p><p>A questão é:</p><p>● Violência da neutralidade</p><p>● Violência da calma</p><p>● Violência da indiferença</p><p>● Violência do silêncio</p><p>● Violência da covardia</p><p>● Violência do egoísmo</p><p>A violência simbólica/difusa</p><p>A naturalização do</p><p>fenômeno da violência</p><p>Deve-se evitar:</p><p>Existem muitos atos violentos destituídos</p><p>de interesse de sobrevivência</p><p>A violência = simples instinto de agressão</p><p>A violência não é diretamente</p><p>proporcional ao acirramento da</p><p>luta pela sobrevivência</p><p>Todavia, no homem o instinto de</p><p>combate ultrapassa o interesse de</p><p>sobrevivência da espécie</p><p>Instinto de combate</p><p>Agressividade</p><p>Hobbes : Homo homini lupus</p><p>Os sistemas de controle (direito,</p><p>moral, religião) e os ritos de</p><p>inibição (esportes, artes) da</p><p>agressividade não conseguem</p><p>suprimir os impulsos hostis e</p><p>destrutivos dos homens</p><p>● Perda de referenciais éticos</p><p>● Individualismo anárquico</p><p>● Segregação social</p><p>● Cultura do medo</p><p>● Exacerbação dos conflitos</p><p>● Enfraquecimento dos laços de sociabilidade</p><p>Fatores desencadeadores da</p><p>violência</p><p>●</p><p>●</p><p>●</p><p>●</p><p>●</p><p>●</p><p>●</p><p>Desapego aos princípios de justiça</p><p>Corrupção e apologia da criminalidade</p><p>Discriminação a grupos e minorias</p><p>Herança histórica do autoritarismo</p><p>Relações sociais baseadas no</p><p>mandonismo</p><p>Hierarquização e desigualdades sócio-</p><p>econômicas</p><p>Anomia</p><p>A adoção de penas draconianas, a</p><p>ameaça da pena de morte ou a</p><p>redução do limite etário de</p><p>imputabilidade também não são</p><p>suficientes para arrefecer a marcha</p><p>crescente da violência enquanto</p><p>fenômeno de sociedade</p><p>Violência da cultura</p><p>Cultura da violência</p><p>● Coisificação (reificação) do homem</p><p>● Desumanização dos indivíduos</p><p>● Perseguição/aniquilamento</p><p>● Exclusão/marginalização</p><p>● Eliminação de toda qualidade humana</p><p>superior</p><p>Banalização da violência</p><p>●</p><p>●</p><p>●</p><p>●</p><p>●</p><p>Violência: o que justifica a sua</p><p>emergência?</p><p>A impotência da razão (crise da</p><p>racionalidade) ?</p><p>A fraqueza da vontade (moral hedonista)?</p><p>O modelo de civilização?</p><p>O determinismo biológico?</p><p>A nossa insensibilidade aos fenômenos</p><p>extremos?</p><p>Como conter a marchar</p><p>irrefreável da violência?</p><p>● Fortalecendo uma educação em</p><p>direitos humanos?</p><p>● Por intermédio de campanhas</p><p>conscientizadoras?</p><p>● Com o combate ostensivo ao crime</p><p>organizado?</p><p>● Instituindo uma cultura da paz?</p><p>A questão é:</p><p>Como encontrar respostas ou</p><p>saídas para o insano, a</p><p>brutalidade, a selvageria?</p><p>O espanto e a perplexidade são as</p><p>únicas armas que nos restam diante</p><p>da tragédia, do atroz, do mal radical?</p><p>“Todo monumento de</p><p>cultura é também</p><p>monumento de barbárie”</p><p>Walter Benjamin</p><p>O que é o mal?</p><p>Qual a sua origem ?</p><p>Por que o praticamos?</p><p>A violência e a questão do mal</p><p>Em face de tantos genocídios,</p><p>limpeza étnica, massacre de</p><p>populações civis, tribalismos e</p><p>intolerância, como acreditar no</p><p>progresso moral da humanidade?</p><p>O mal é uma perversão da razão</p><p>ou é produto da fraqueza da</p><p>vontade?</p><p>O mal é uma entidade metafísica,</p><p>um fato natural ou é produto da</p><p>decisão humana ?</p><p>● Intelectualismo moral socrático □</p><p>ninguém pratica o mal deliberadamente</p><p>(o mal está ligado à ignorância.</p><p>● Kant □ mal radical □ liberdade □</p><p>autonomia da vontade □ decisão</p><p>consciente.</p><p>O problema da radicalidade é</p><p>substituído hoje pelo da</p><p>banalidade do mal (Hannah Arendt)</p><p>O mal não é obra de uma força demoníaca</p><p>ou de um gênio maligno</p><p>O mal pode originar-se de cidadãos</p><p>comuns, sujeitos normais, pessoas</p><p>honestas e responsáveis.</p><p>Arendt denuncia a normalidade</p><p>de seus autores. Homens</p><p>ordinários que se transformam</p><p>em assassinos cruéis. A ameaça</p><p>aterradora de indivíduos comuns</p><p>que se transmutam em diabos</p><p>com formas humanas</p><p>Mal ordinário</p><p>Como entender e justificar as</p><p>numerosas zonas sombrias que</p><p>habitam nosso comportamento ?</p><p>Como compreender o problema da</p><p>existência do mal em um mundo</p><p>governado por um Deus bom ?</p><p>Como instituir uma cultuar da paz num</p><p>mundo onde os fenômenos extremos são</p><p>sempre possíveis?</p><p>O mal desafia o pensamento porque</p><p>elimina a medida do humano</p><p>Como</p><p>aceitar aquilo que não pode ser</p><p>justificado?</p><p>● A história transformou o trágico</p><p>não em destino, mas em terror</p><p>● Muitas coisas são inquietantes,</p><p>mas nada é mais inquietante do que</p><p>o homem</p><p>Os gregos já vaticinavam:</p>