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Lição 1 - Exercício da Profissão de 
Corretor de Imóveis 
1. Fundamentação Legal 
O profissional corretor de imóveis é o único habilitado a exercer atividades 
privativas concernentes às operações imobiliárias, na medida em que, en-
quanto técnico de transações imobiliárias, consiste naquele que é o detentor 
de todo o conhecimento para conduzir, com segurança jurídica, os negócios 
imobiliários.
Conforme estudaremos no capítulo que tratará sobre os conhecimentos obri-
gatórios para o corretor de imóveis, por ser este profissional a figura central 
que conduz, administra, intermedia, ou media, e direciona todas as operações 
imobiliárias, a sua importância para o mercado imobiliário é irrefutável.
Desempenhando suas atividades profissionais, aprimorando sua performan-
ce comercial e habilidades negociais, o corretor perceberá que a negociação 
imobiliária evoluirá de acordo com a forma pela qual conduzirá os processos. 
Assim, quanto mais conhecimentos tiver, mais céleres e eficientes serão seus 
fechamentos.
Neste sentido, é possível concluir que é apenas através da intermediação rea-
lizada pelo corretor de imóveis que as operações imobiliárias são realizadas. 
Portanto, desenvolver e evoluir suas técnicas de mediação, fazendo com que 
as partes negociantes cedam reciprocamente de maneira a ajustar suas von-
tades a uma finalidade mútua, é condição inafastável para seu sucesso pro-
fissional.
No que se refere à disciplina jurídica que regulamenta o exercício profissional 
do corretor de imóveis, imperioso destacar, preliminarmente, as legislações 
colacionadas a seguir.
Tanto a Resolução do COFECI, número 327 de 1992, quanto a Lei número 6.530 
de 1978, alterada em alguns pontos pelas Leis de número 10.795 de 2003 e 
13.097 de 2015 e regulamentada pelo Decreto de número 81.871 de 1978, espe-
cificam que as operações imobiliárias são atividades privativas de exercício 
do profissional técnico corretor de imóveis.
Além disso, detalham com especificidade quais as transações imobiliárias que 
estão compreendidas nesse exercício privativo, ao mesmo tempo em que res-
salvam todas as demais operações em geral, ainda que não especificadas.
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1. Resolução COFECI nº 327 de 25/06/1992: 
O Presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis – COFECI, no uso das atribuições 
que lhe são conferidas pelos Arts. 4º e 16, XVI e XVII, da Lei nº 6.530, de 12 de maio de 1978 e 
art. 10, III, do Decreto nº 81.871, de 29 de junho de 1978;
Considerando que para atender ao seu objetivo institucional de disciplinar o exercício da 
profissão de Corretor de Imóveis, cabe adotar as medidas necessárias ao funcionamento 
regular e eficiente dos Conselhos Regionais;
Considerando que a inscrição de pessoas físicas e jurídicas nos Conselhos Regionais constitui 
condição essencial para o exercício da profissão do Corretor de Imóveis;
Resolve:
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA INSCRIÇÃO
Art. 1º Constituem atos privativos da profissão de Corretor de Imóveis os de intermediação 
nas transações em geral sobre imóveis, inclusive, na compra e venda, promessa de venda, 
cessão, promessa de cessão, permuta, incorporação, loteamento e locação.
Art. 2º O exercício da atividade de intermediação imobiliária, inclusive o de atos privativos 
da profissão de Corretor de Imóveis, somente é permitido às pessoas físicas e jurídicas 
detentoras de inscrição nos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis e que satisfaçam 
as condições para o exercício profissional.
2. LEI Nº 6.530, DE 12 DE MAIO DE 1978. 
Dá nova regulamentação à profissão de Corretor de Imóveis, disciplina o funcionamento de 
seus órgãos de fiscalização e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu 
sanciono a seguinte Lei:
Art 1º O exercício da profissão de Corretor de Imóveis, no território nacional, é regido pelo 
disposto na presente lei.
Art 2º O exercício da profissão de Corretor de Imóveis será permitido ao possuidor de título 
de Técnico em Transações Imobiliárias.
Art 3º Compete ao Corretor de Imóveis exercer a intermediação na compra, venda, permuta 
e locação de imóveis, podendo, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária.
Resolução COFECI nº 327 de 25/06/19921: 
Artigo 1º: Constituem atos privativos da profissão de Corretor de Imó-
veis os de intermediação nas transações em geral sobre imóveis, inclu-
sive, na compra e venda, promessa de venda, cessão, promessa de cessão, 
permuta, incorporação, loteamento e locação.
Artigo 2º: O exercício da atividade de intermediação imobiliária, in-
clusive o de atos privativos da profissão de Corretor de Imóveis, somente 
é permitido às pessoas físicas e jurídicas detentoras de inscrição nos 
Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis e que satisfaçam as con-
dições para o exercício profissional.
LEI Nº 6.530, DE 12 DE MAIO DE 19782. 
Artigo 3º: Compete ao Corretor de Imóveis exercer a intermediação na 
compra, venda, permuta e locação de imóveis, podendo, ainda, opinar 
quanto à comercialização imobiliária.
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Decreto nº 81.871 de 29/06/78:
Artigo 2º: Compete ao corretor de imóveis exercer a intermediação na 
compra, venda, permuta e locação de imóveis e opinar quanto à co-
mercialização imobiliária.
Portanto, resta inequívoco que apenas e tão somente ao corretor de imóveis 
cabe a atribuição de realizar operações imobiliárias, preterindo, inclusive, nes-
te mister, qualquer outro profissional ainda que portador de título superior.
Entretanto, o papel desempenhado pelo corretor de imóveis na sociedade 
contemporânea tem sua importância majorada na medida em que instru-
mentaliza a realização de sonhos e possibilita a circulação de riquezas, crian-
do oportunidades de negócios, movimentações financeiras, atendimento de 
demandas sociais, recolhimentos de tributos para serem aplicados em políti-
cas públicas e gerando renda (formal e informal).
2. Breve Histórico da Profissão 
Historicamente, a corretagem imobiliária no Brasil teve início no período co-
lonial com a chegada da Corte Real3 portuguesa no país. Porém, caracterizadas 
pela informalidade em sua origem, as atividades do corretor de imóveis, bem 
como a maneira de desenvolvê-las, se alteraram gradativamente com o passar 
do tempo, profissionalizando e adquirindo contornos mais técnicos, deman-
dando do profissional constante aprendizado para se destacar no mercado.
Inicialmente, mais precisamente em meados de 1807, conhecidos por agentes 
de negócios imobiliários, estes buscavam os proprietários de imóveis que po-
deriam ser vendidos aos estrangeiros que chegavam ao Brasil. No entanto, a 
limitação dos precários meios de comunicação existentes à época dificultava 
a descoberta de novas oportunidades de negócios.
A comunicação e troca de informações sobre potenciais operações imobi-
liárias se dava através de reuniões entre agentes imobiliários, que ocorriam 
nos locais mais movimentados das maiores cidades. Nesses encontros, nego-
ciantes e interessados, também, marcavam presença, viabilizando-se, dessa 
forma, o desempenho da atividade.
Apenas no ano de 1937 é que teve origem o primeiro Sindicato dos Corretores 
de Imóveis, com vistas a obter o reconhecimento legal dessa atividade e a 
sua regulamentação como profissão, estabelecendo-se condições para o seu 
exercício.
3. A chegada da Corte Real
A chegada da Corte Real portuguesa ao Brasil é o marco inaugural da atividade de 
corretagem no Brasil, vez que sua chegada desalojou, sem qualquer tipo de indenização, 
diversos moradores de suas residências para que estas passassem a abrigar a Corte e seus 
empregados. O motim popular fez com que alguns portugueses indenizassem os proprietários 
das residências desocupadas, o que foi intermediado por negociadores contratados, sendo 
eles considerados os primeiros corretores de imóveis no Brasil.
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Com o surgimento de empresas imobiliárias, ficou evidente a necessária regula-
mentação do exercício da Profissão de Corretor de Imóveis pelo Poder Público, 
oqual, em 27 de agosto de 19624, criou a Lei 4.116, revogada em 1978 pelo Decreto 
81.871, preservando-se todos os direitos dos corretores inscritos durante a vi-
gência da lei anterior e exigindo atendimento de novos requisitos para aqueles 
que pretendessem ingressar na profissão após a publicação do Decreto.
Também em 1962, mais precisamente no dia 26 de outubro de 1962, ocorreu 
a primeira reunião do Conselho Federal de Corretores de Imóveis do Brasil 
(COFECI), que estabeleceu a criação dos Conselhos Regionais de Corretores 
de Imóveis (CRECI). 
Entre os anos de 1980 e 1990, a profissão se consolidou com a criação de 24 
Conselhos Regionais que desempenham, dentre outras atribuições, a função 
de exercer efetiva fiscalização da profissão. 
A partir do Decreto de 1978, tornaram-se condições para o desempenho da 
profissão de corretor de imóveis, cumulativamente: ser portador de “Título 
de Técnico em Transações Imobiliárias” e promover sua “inscrição” nos res-
pectivos Conselhos Regionais de Corretagem (CRECI). Não seria “ Corretores 
de Imóveis “?
3. Mercado Imobiliário: Estrutura, Responsabilidades, Deveres e o 
Papel do Corretor na Sociedade
Atendidas ambas as condições acima elencadas, o corretor imobiliário pode 
atuar, regularmente, no mercado imobiliário, que abrange diversas pessoas, 
sejam físicas ou jurídicas, além de operações e empreendimentos, haja vista o 
fato de estarem compreendidos como participantes do mercado imobiliário: 
os corretores, os estagiários, os leiloeiros, os peritos (judiciais ou particulares) 
avaliadores de imóveis, as imobiliárias, os fornecedores de insumos e mão de 
obra para a construção civil, as construtoras, incorporadoras e loteadores, ad-
ministradoras de imóveis, as partes envolvidas nas operações imobiliárias, os 
agentes de financiamento, as assessorias de análise de crédito, os escritórios 
especializados e demais prestadores de serviços atuantes no ramo imobiliário, 
dentre outros, revelando-se, dessa forma, a importância deste setor de mer-
cado na movimentação da economia do país, considerando a infinidade de 
negociações e relações jurídicas travadas entre todos esses agentes setoriais.
4.
Mesmo antes disso, no ano de 1938 tem origem a Associação Profissional dos Corretores 
de Imóveis em São Paulo, órgão que em 1942 torna-se Sindicato. De início, os Sindicatos 
não tinham foco na fiscalização da profissão para os Conselhos Regionais e o Federal. Ao 
contrário disso, o Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (SCIESP) 
destacou-se ao apoiar a regulamentação da profissão para o fim de garantir segurança e boa 
fama nas transações imobiliárias, mas ainda assim, no que diz respeito à regulamentação da 
profissão, os Sindicatos perderam a sua força ideológica e foram substituídos no desempenho 
deste papel pelos Conselhos e, atualmente, desempenham apenas a função de atuação na 
defesa dos interesses da categoria.
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Desta feita, conclui-se que o papel desempenhado pelo corretor de imóveis, 
nesta estrutura imobiliária gigantesca e de imprescindibilidade econômica 
imensurável, é extremamente importante na condução dos negócios imobi-
liários, também em virtude dos reflexos que cada operação imobiliária provo-
ca na sociedade como um todo.
Porém, assim como a importância do exercício profissional da atividade de 
corretagem de imóveis merece relevo e grande destaque, faz-se necessário 
ressaltar que responsabilidades acompanham o desempenho desta profissão.
Tanto é verdade, que vários diplomas jurídicos preocuparam-se em regula-
mentar tais atividades. Citaremos alguns apenas de maneira exemplificativa: 
Código Civil, Código Penal, Código de Defesa do Consumidor, Código de Ética 
Profissional do Corretor de Imóveis (Resolução COFECI 326/1992) e Lei das 
Contravenções Penais, além de outras normatizações publicadas pelo Poder 
Público ou pelos próprios Conselhos Regionais e Federal, que discorrem so-
bre as responsabilizações aplicáveis aos corretores de imóveis, que, eventual-
mente, atuem em desacordo com a lei.
A Lei das Contravenções Penais estabelece inclusive, no Capítulo VI, intitula-
do “Das Contravenções Relativas à Organização do Trabalho”, em seu artigo 
47, a possibilidade de prisão, conforme se nota a seguir: 
“Artigo 47: Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a 
exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu 
exercício:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de qui-
nhentos mil réis a cinco contos de réis”.
O Código de Ética Profissional do Corretor de Imóveis, criado com o advento 
da Resolução COFECI 326/1992, estabelece, com níveis de detalhes, “a forma 
pela qual se deve conduzir o Corretor de Imóveis quando no exercício profis-
sional” (artigo 1º), definindo as obrigações e as consequências pelo descum-
primento das normas nele estabelecidas, fazendo remissão à aplicação das 
penas consoante estabelecido na legislação em vigor5.
5. Código de Ética Profissional:
“Art. 7º – Compete ao CRECI, em cuja jurisdição se encontrar inscrito o Corretor de Imóveis, a 
apuração das faltas que cometer contra este Código, e a aplicação das penalidades previstas 
na legislação em vigor. 
Art. 8º – Comete grave transgressão ética o Corretor de Imóveis que desatender os preceitos 
dos artigos 3º, I, V, VI, e IX; 4º, II, III, IV, V, VII, VIII, IX e X; 6º, I, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, 
XI, XII, XIII, XIX e XX, e transgressão de natureza leve o que desatender os demais preceitos 
deste Código”.
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Além disso, disciplina ainda a postura que o corretor de imóveis deva adotar, 
perante a classe de corretores e aos colegas6, determinando que deverão, os 
corretores, exercer a profissão com zelo, discrição, lealdade e probidade, zelar 
pela própria reputação mesmo fora do exercício profissional, defender os di-
reitos e prerrogativas profissionais e a reputação da classe, relacionar-se com 
os colegas, dentro dos princípios de consideração, respeito e solidariedade, 
em consonância com os preceitos de harmonia da classe, dentre outras con-
dutas consideradas apropriadas.
6. 
Art. 3º – Cumpre ao Corretor de Imóveis, em relação ao exercício da profissão, à classe e aos 
colegas:
I – considerar a profissão como alto título de honra e não praticar nem permitir a prática de atos 
que comprometam a sua dignidade;
II – prestigiar as entidades de classe, contribuindo sempre que solicitado, para o sucesso de suas 
iniciativas em proveito da profissão, dos profissionais e da coletividade;
III – manter constante contato com o Conselho Regional respectivo, procurando aprimorar o 
trabalho desse órgão;
IV – zelar pela existência, fins e prestígio dos Conselhos Federal e Regionais, aceitando mandatos 
e encargos que lhes forem confiados e cooperar com os que forem investidos em tais mandatos e 
encargos;
V – observar os postulados impostos por este Código, exercendo seu mister com dignidade;
VI – exercer a profissão com zelo, discrição, lealdade e probidade, observando as prescrições 
legais e regulamentares;
VII – defender os direitos e prerrogativas profissionais e a reputação da classe;
VIII – zelar pela própria reputação mesmo fora do exercício profissional;
IX – auxiliar a fiscalização do exercício profissional, cuidando do cumprimento deste Código, 
comunicando, com discrição e fundamentadamente, aos órgãos competentes, as infrações de que 
tiver ciência;
X – não se referir desairosamente sobre seus colegas;
XI – relacionar-se com os colegas, dentro dos princípios de consideração, respeito e solidariedade, 
em consonância com os preceitos de harmonia da classe;
XII – colocar-se a par da legislação vigente e procurar difundi-la a fim de que seja prestigiado e 
definido o legítimo exercício da profissão;
Art. 4º – Cumpre ao Corretor de Imóveis, em relação aos clientes:
I – inteirar-se de todas as circunstâncias do negócio, antes de oferecê-lo;
II – apresentar, ao oferecer um negócio, dados rigorosamente certos, nunca omitindo detalhes que 
o depreciem,informando o cliente dos riscos e demais circunstâncias que possam comprometer o 
negócio;
III – recusar a transação que saiba ilegal, injusta ou imoral;
IV – comunicar, imediatamente, ao cliente o recebimento de valores ou documentos a ele 
destinados;
V – prestar ao cliente, quanto este as solicite ou logo que concluído o negócio, contas 
pormenorizadas;
VI – zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica do negócio, reservando ao cliente 
a decisão do que lhe interessar pessoalmente;
VII – restituir ao cliente os papéis de que não mais necessite;
VIII – dar recibo das quantias que o cliente pague ou entregue a qualquer título;
IX – contratar, por escrito e previamente, a prestação dos seus serviços profissionais;
X – receber, somente de uma única parte, comissões ou compensações pelo mesmo serviço 
prestado, salvo se, para proceder de modo diverso, tiver havido consentimento de todos os 
interessados, ou for praxe usual na jurisdição;
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Ademais, a normatização que regulamenta a ética do profissional corretor 
de imóveis estipula as condutas a serem seguidas pelo corretor no seu re-
lacionamento com o cliente , por exemplo, estabelecendo a obrigatoriedade 
em recusar transação que saiba ilegal, injusta ou imoral; assim como, realizar 
prestação de contas, emitir recibo dos valores recebidos e contratar, por es-
crito, os ajustes estipulados, dentre outras obrigações.
Portanto, tratamos do exercício da profissão de corretor de imóveis, abordan-
do a fundamentação legal pertinente. Além disso, realizamos um breve estu-
do sobre o histórico da profissão, estabelecemos a relevância do corretor de 
imóveis no desempenho da atividade privativa de intermediação das opera-
ções imobiliárias, definimos os agentes de negócios do mercado imobiliário, 
bem como, sua estrutura e importância econômica, e finalizamos com o pa-
pel do corretor na sociedade, alinhado aos seus deveres e responsabilidades.

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