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<p>DESCRIÇÃO</p><p>A importância das diferentes formas de recuperação de empresas e da falência no direito</p><p>empresarial.</p><p>PROPÓSITO</p><p>Apresentar os institutos da recuperação de empresa (judicial e extrajudicial) e da falência, sua</p><p>dinâmica, sujeito passivo e pressupostos. Compreender como se desenvolve o processo</p><p>falimentar e os efeitos da sentença de falência sobre o falido e os credores.</p><p>PREPARAÇÃO</p><p>Antes de iniciar a leitura e o estudo do conteúdo, tenha em mãos a lei de falências e</p><p>recuperação de empresas (Lei nº 11.101/2005), que é a principal fonte legislativa para a</p><p>compreensão do conteúdo dos módulos deste tema, e o Código Civil.</p><p>OBJETIVOS</p><p>MÓDULO 1</p><p>Reconhecer os objetivos da recuperação da empresa, suas modalidades (judicial e</p><p>extrajudicial) e seus requisitos</p><p>MÓDULO 2</p><p>Identificar o conceito de falência, seus princípios, pressupostos, sujeito passivo da falência e os</p><p>órgãos responsáveis por sua administração</p><p>MÓDULO 1</p><p> Reconhecer os objetivos da recuperação da empresa, suas modalidades (judicial e</p><p>extrajudicial) e seus requisitos</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A finalidade deste módulo é compreender os objetivos da recuperação da empresa e as suas</p><p>modalidades (judicial e extrajudicial); expor os requisitos subjetivos e objetivos para o pedido</p><p>de recuperação; relacionar o plano de recuperação e o papel dos credores na sua aprovação;</p><p>identificar as peculiaridades do plano especial de recuperação para micro e pequenas</p><p>empresas.</p><p>A RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS É UM INSTITUTO DE</p><p>ACESSO RESTRITO A CERTOS EMPRESÁRIOS.</p><p>VERIFICAREMOS SER PRECISO QUE O REQUERENTE</p><p>COMPROVE POSSUIR OS REQUISITOS PESSOAIS</p><p>(SUBJETIVOS) E A DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA QUE</p><p>SEU PEDIDO POSSA SER ANALISADO E A RECUPERAÇÃO,</p><p>PROCESSADA (REQUISITOS OBJETIVOS).</p><p>Destacamos, desde já, que a recuperação de empresas, por beneficiar o empresário dando-lhe</p><p>a oportunidade de renegociar suas dívidas e propor um plano de recuperação a seus credores,</p><p>não pode ser, em caso algum, concedida a empresários sem registro (empresário irregular) ou</p><p>sociedade empresária sem registro na Junta Comercial.</p><p>A recuperação de empresas se desenvolve a partir de um plano elaborado pelo devedor, mas</p><p>que precisa ser analisado, avaliado e votado, se necessário, pelos credores sujeitos aos efeitos</p><p>do instituto. O instituto da recuperação tem vários objetivos, que veremos em item próprio, mas</p><p>o principal deles e que todo empresário almeja quando a requer é evitar a decretação da</p><p>falência, que pode ser iminente.</p><p>Existem duas espécies de recuperação de empresas:</p><p>Recuperação judicial</p><p>A espécie mais comum é aquela em que o devedor inicia um processo judicial e apresenta seu</p><p>plano aos credores, que podem impugná-lo. Se não houver impugnação, a tendência é que o</p><p>plano seja homologado e a recuperação, concedida, caso não haja um impedimento objetivo</p><p>ou todas as cláusulas do plano possam ser homologadas. Caso o plano não seja aprovado</p><p>pelos credores, a falência deverá ser decretada.</p><p></p><p>Recuperação extrajudicial</p><p>Também se desenvolve a partir de um plano apresentado aos credores, mas a votação e a</p><p>assinatura do plano ocorrem extrajudicialmente, isto é, sem que seja aberto um processo</p><p>judicial. Também não há atuação do Ministério Público ou de administrador judicial nessa</p><p>recuperação. O devedor, após ter seu plano aprovado, requer ao juiz sua homologação, para</p><p>que o plano possa ter seu cumprimento iniciado.</p><p>A NEGATIVA DE HOMOLOGAÇÃO NÃO ACARRETA A</p><p>DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA, PODENDO O PEDIDO SER</p><p>RENOVADO.</p><p>OBJETIVOS DA RECUPERAÇÃO DE</p><p>EMPRESAS</p><p>Como já exposto, toda recuperação tem como principal objetivo evitar a decretação da falência,</p><p>que pode ser iminente diante da grave situação financeira pela qual passa o devedor no</p><p>momento do pedido.</p><p>Historicamente, desde o Código Comercial de 1850 até a última lei de falências anterior à Lei</p><p>nº 11.101/2005 (o Decreto-lei nº 7.661/1945), o comerciante podia propor a seus credores um</p><p>prazo maior para pagar suas dívidas com ou sem abatimento, mas sem apresentar um plano</p><p>de recuperação.</p><p>Tratava-se de uma simples “moratória” ou “concordata”, que, além de ter um limite máximo</p><p>para o pagamento (três ou dois anos), só atingia os credores quirografários, ou seja, aqueles</p><p>sem preferência ou privilégio no recebimento do crédito.</p><p>Atualmente, na Lei nº 11.101/2005, que disciplina tanto o instituto da falência como a</p><p>recuperação de empresas, o artigo 47 dispõe:</p><p>A RECUPERAÇÃO JUDICIAL TEM POR OBJETIVO</p><p>VIABILIZAR A SUPERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE CRISE</p><p>ECONÔMICO-FINANCEIRA DO DEVEDOR, A FIM DE</p><p>PERMITIR A MANUTENÇÃO DA FONTE PRODUTORA,</p><p>DO EMPREGO DOS TRABALHADORES E DOS</p><p>INTERESSES DOS CREDORES, PROMOVENDO,</p><p>ASSIM, A PRESERVAÇÃO DA EMPRESA, SUA FUNÇÃO</p><p>SOCIAL E O ESTÍMULO À ATIVIDADE ECONÔMICA.</p><p>Percebe-se que o artigo traz cinco princípios a serem observados na condução de todo o</p><p>processo de recuperação judicial, de forma que possam os órgãos da recuperação e os</p><p>credores dar apoio à empresa com reais chances de recuperação, harmonizando e tutelando</p><p>os interesses da coletividade, sem perder de vista os princípios fundamentais. Falaremos de</p><p>cada um deles a seguir:</p><p>CHANCES DE RECUPERAÇÃO</p><p>Para que isso aconteça, é muito importante que o devedor apresente os documentos</p><p>exigidos pela lei e faculte aos credores uma ampla fiscalização de sua atividade,</p><p>independentemente das atribuições do administrador judicial.</p><p>SUPERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE CRISE ECONÔMICO-</p><p>FINANCEIRA</p><p>O primeiro princípio revela que é necessária a medida para a reorganização do empresário.</p><p>Veremos a necessidade de se comprovar por meio de documentos contábeis a deterioração da</p><p>situação patrimonial do devedor em curto ou médio prazo na petição de recuperação.</p><p>Embora o artigo 47 não mencione o termo “falência”, deduzimos que a situação de crise do</p><p>devedor pode levá-lo à falência, pois, se o plano for rejeitado pelos credores, a falência terá</p><p>que ser decretada (confira o artigo 56, parágrafo 4º, da Lei nº 11.101/2005).</p><p>MANUTENÇÃO DA FONTE PRODUTORA</p><p>O segundo princípio diz respeito à manutenção da fonte produtora, que é a empresa em si.</p><p>Também há uma relação indireta com a falência, pois, nesse instituto, o estabelecimento é</p><p>lacrado e a empresa sofre liquidação do seu patrimônio. Com a recuperação, evita-se essa</p><p>liquidação, mantendo-se a atividade.</p><p>javascript:void(0)</p><p>EMPREGO DOS TRABALHADORES</p><p>O terceiro princípio é decorrente do segundo, pois, se a empresa é a organização dos fatores</p><p>de produção pelo empresário (e, dentre eles, estão compreendidos capital e mão de obra), é</p><p>natural que sua continuidade também mantenha os empregos, porém sem nenhuma garantia</p><p>ou punição para o empresário que demitir.</p><p>É importantíssima essa ressalva porque a leitura do texto do artigo 47 pode dar a impressão de</p><p>que a recuperação asseguraria uma estabilidade no emprego, quando, ao contrário, os</p><p>empregados podem ser atingidos com a medida, tanto com redução de salário como com</p><p>demissão.</p><p>INTERESSES DOS CREDORES</p><p>Os dois últimos princípios completam o cenário vislumbrado pelo legislador. O interesse dos</p><p>credores está expresso no poder que eles têm de aprovar ou não o plano ou propor</p><p>modificações. A recuperação, embora seja concedida pelo juiz, sempre depende da</p><p>manifestação favorável dos credores ao plano, seja tácita ou expressa.</p><p>Em caso de negativa quanto à aprovação, a falência será decretada, assim como se, durante o</p><p>período de supervisão judicial (confira o artigo 61 da Lei nº 11.101/2005), houver deliberação</p><p>dos credores nesse sentido.</p><p>PRESERVAÇÃO DA EMPRESA</p><p>O último princípio se refere à preservação da empresa, que se relaciona com a manutenção da</p><p>fonte produtora e de seus efeitos positivos e imediatos na promoção da função social</p><p>(mantendo empregos, contratos, tributos, fornecimento de produtos e/ou serviços etc.) e do</p><p>estímulo à atividade econômica.</p><p>Percebe-se, assim, que falência e recuperação têm objetivos bem distintos e antagônicos, de</p><p>modo que o falido não pode requerer sua recuperação, já que o legislador considera a falência</p><p>a situação em que a</p><p>sem vínculo empregatício.</p><p>BREVES NOÇÕES SOBRE PROCEDIMENTO</p><p>FALIMENTAR</p><p>O procedimento falimentar de liquidação dos bens do empresário individual, que também</p><p>dissolve a sociedade empresária, pode ser dividido em três fases.</p><p>Essas fases são denominadas de acordo com o objetivo de cada uma delas:</p><p>FASE</p><p>PRELIMINAR</p><p>FASE</p><p>DE INFORMAÇÃO OU INSTRUÇÃO</p><p>FASE</p><p>DE LIQUIDAÇÃO</p><p>FASE PRELIMINAR</p><p>Com o escopo de aferir a presença dos pressupostos objetivo e subjetivo.</p><p>FASE DE INFORMAÇÃO OU INSTRUÇÃO</p><p>Visando à formação da massa falida (objetiva e subjetiva) e à apuração de responsabilidade</p><p>penal do falido.</p><p>FASE DE LIQUIDAÇÃO</p><p>Com o fito de liquidar o patrimônio falimentar.</p><p>FASE PRELIMINAR OU PRÉ-FALIMENTAR</p><p>Esta fase se inicia com o requerimento de falência, seja ele feito pelo credor ou pelo próprio</p><p>devedor, e termina com a decretação da falência. Caso a decisão seja pelo indeferimento</p><p>(sentença denegatória), o processo se encerra com essa decisão.</p><p> ATENÇÃO</p><p>É nessa fase que o devedor tem a oportunidade de apresentar defesa e provas para que o juiz</p><p>não decrete a falência, inclusive lhe é dada a oportunidade de depositar o valor correspondente</p><p>ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios,</p><p>impedindo-se, com esse depósito, a decretação da falência, exceto se o pedido tiver</p><p>fundamento na prática de atos de falência.</p><p>Cabe ressaltar a possibilidade de o devedor, nesta fase, requerer sua recuperação judicial, o</p><p>que suspenderá a tramitação do processo de falência até a decisão sobre o pedido.</p><p>FASE DE INFORMAÇÃO OU DE INSTRUÇÃO</p><p>É a primeira fase após a decretação da falência e a segunda do processo. Neste momento,</p><p>serão produzidos os efeitos da falência em relação aos credores, como:</p><p>Suspensão do curso das ações anteriormente iniciadas contra o devedor;</p><p>Suspensão da fluência dos juros;</p><p>Vencimento antecipado das dívidas do falido;</p><p>Necessidade de habilitação no processo para os créditos não relacionados pelo devedor.</p><p>Também serão produzidos os efeitos da falência em relação ao próprio falido, como:</p><p>Dissolução da sociedade empresária;</p><p>Desapossamento dos seus bens;</p><p>Perda do direito de administração de seu negócio;</p><p>Inabilitação para o exercício de qualquer atividade empresarial.</p><p> ATENÇÃO</p><p>A fase é denominada de informação ou de instrução, pois será nela que ocorrerão os</p><p>procedimentos fundamentais para a formação da massa falida, ou seja, a habilitação e a</p><p>verificação dos créditos pelo administrador judicial (para formar a massa de credores) e a</p><p>arrecadação dos bens, livros e documentos (para formar a massa de bens).</p><p>Nesta fase, o administrador judicial examinará a escrituração do falido e de seus atos</p><p>anteriores e posteriores à decretação da falência, tanto para instruir eventuais medidas penais</p><p>de apuração de crimes falimentares como para investigar atos fraudulentos praticados antes da</p><p>falência em conluio do devedor com terceiros, passíveis de revogação.</p><p>FASE DE LIQUIDAÇÃO</p><p>Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de falência,</p><p>encerra-se a segunda fase e inicia-se a terceira e última, com a realização do ativo, isto é, a</p><p>venda judicial dos bens arrecadados (em leilão, por propostas fechadas, por lances orais ou</p><p>por pregão) para o pagamento aos credores. A fase de liquidação finda com a sentença de</p><p>encerramento da falência.</p><p>A venda judicial dos bens arrecadados observará uma ordem legal que privilegia:</p><p>a alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco, passando pela</p><p></p><p>venda isolada ou parcial de filiais ou unidades produtivas do devedor,</p><p></p><p>alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos, até chegar a</p><p></p><p>alienação dos bens individualmente considerados.</p><p>Em qualquer modalidade de alienação dos ativos, conjunta ou separada, inclusive da empresa</p><p>ou de suas filiais, o bem ou o conjunto de bens objeto da alienação estará livre de qualquer</p><p>ônus que o grave (hipoteca, penhor, usufruto etc.) e não haverá sucessão do arrematante nas</p><p>obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária ou trabalhista.</p><p>Essa regra, prevista no artigo 141, da Lei nº 11.101/2005, visa facilitar a obtenção de um valor</p><p>maior que o de avaliação na venda judicial, pois o arrematante não terá que arcar com nenhum</p><p>pagamento ao credor do falido.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Haverá sucessão para o arrematante se este for: sócio da sociedade falida ou de sociedade</p><p>controlada pelo falido; parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto) grau, consanguíneo</p><p>ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou identificado como agente do falido com o</p><p>objetivo de fraudar a sucessão.</p><p>EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DO FALIDO</p><p>E SUA REABILITAÇÃO</p><p>Após o encerramento da liquidação dos bens do falido, com o pagamento aos credores de</p><p>acordo com a ordem do artigo 83, o administrador judicial deve tomar os preparativos para a</p><p>finalização do processo, eis que a finalidade liquidatória da falência já foi atingida. Isso não</p><p>significa que todos os credores receberam seus créditos, mas que o ativo apurado do falido foi</p><p>integralmente realizado.</p><p>As providências finais e prévias à sentença de encerramento são:</p><p>julgamento das contas do administrador judicial, em processo paralelo ao da falência</p><p></p><p>apresentação do relatório final pelo mesmo administrador</p><p> ATENÇÃO</p><p>É importante consignar que, nesse relatório final, o administrador judicial indicará o valor do</p><p>ativo e o do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos pagamentos feitos aos</p><p>credores, e especificará justificadamente as responsabilidades com que continuará o</p><p>falido. Após o cumprimento dessas providências, a falência será encerrada por sentença.</p><p>Percebemos que o encerramento da falência, por si só, não extingue as obrigações do falido,</p><p>salvo obviamente se todos os créditos tiverem sido pagos. Entretanto, a lei prevê que o falido</p><p>pode requerer a extinção de suas obrigações ao juiz mesmo sem ter pagado a todos os seus</p><p>credores.</p><p>LEI</p><p>Tal situação de pagamento parcial está descrita no artigo 158, inciso II, da Lei nº</p><p>11.101/2005.</p><p> RESUMINDO</p><p>Todos os credores das cinco primeiras classes, da ordem do artigo 83, receberam seus</p><p>créditos integralmente e, na classe dos quirografários, o pagamento foi de mais da metade do</p><p>valor. Com isso, o falido está desobrigado de pagar o restante aos credores quirografários e de</p><p>pagar qualquer valor aos credores das 7ª e 8ª classes, do artigo 83, sendo reabilitado para</p><p>retomar sua empresa com a sentença de encerramento, que declarará a extinção de suas</p><p>obrigações.</p><p>Caso nem essa situação de pagamento parcial não seja atingida ao fim da liquidação, o falido</p><p>continuará com responsabilidade perante os credores não satisfeitos, mas apenas durante</p><p>certo prazo.</p><p>Isso porque também extingue as obrigações do falido:</p><p>(i) o decurso do prazo de 5 (cinco) anos</p><p>Contado do encerramento da falência, se ele não tiver sido condenado por prática de crime</p><p>falimentar.</p><p>javascript:void(0)</p><p></p><p>(ii) o decurso do prazo de 10 (dez) anos</p><p>Contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime</p><p>falimentar.</p><p>Podemos concluir que a extinção das obrigações pode se dar tanto pelo pagamento quanto</p><p>pela prescrição.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Vale esclarecer que a extinção das obrigações do falido pela prescrição só se aplica ao</p><p>empresário individual ou ao sócio de responsabilidade ilimitada da sociedade falida, ambos</p><p>pessoas naturais. Essa limitação decorre do fato de a sociedade empresária ser dissolvida com</p><p>a decretação da falência e extinta com seu encerramento.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. ESTUDAMOS QUE, NO PROCESSO DE FALÊNCIA, OS CRÉDITOS</p><p>TRABALHISTAS NÃO TERÃO ASSEGURADO O PAGAMENTO INTEGRAL,</p><p>DEPENDENDO DO VALOR APURADO. ASSINALE A ÚNICA AFIRMATIVA</p><p>QUE APRESENTA CORRETAMENTE A CLASSIFICAÇÃO DO CRÉDITO</p><p>TRABALHISTA DEPENDENDO DO VALOR.</p><p>A) Crédito trabalhista, preferencial, até o valor de 150 salários-mínimos por credor, sendo o</p><p>saldo que exceder esse limite considerado crédito com privilégio</p><p>geral.</p><p>B) Crédito trabalhista, quirografário, até o valor de 100 salários-mínimos por credor, sendo o</p><p>saldo que exceder esse limite considerado crédito privilegiado.</p><p>C) Crédito trabalhista, preferencial, até o valor de 150 salários-mínimos por credor, sendo o</p><p>saldo que exceder esse limite considerado crédito quirografário.</p><p>D) Crédito trabalhista, com garantia real, até o valor de 100 salários-mínimos por credor, sendo</p><p>o saldo que exceder esse limite considerado crédito quirografário.</p><p>2. A ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA É COMPARTILHADA POR VÁRIOS</p><p>ÓRGÃOS, COMO O JUIZ, O COMITÊ DE CREDORES, O REPRESENTANTE</p><p>DO MINISTÉRIO PÚBLICO E, FUNDAMENTALMENTE, PELO</p><p>ADMINISTRADOR JUDICIAL, QUE DEVE SER NOMEADO PELO JUIZ NO</p><p>MOMENTO DA DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DE ACORDO COM O</p><p>CRITÉRIO SEGUINTE:</p><p>A) Profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas</p><p>ou contador, ou pessoa jurídica especializada.</p><p>B) Preferencialmente, quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3º (terceiro) grau</p><p>com o falido, seus administradores, controladores ou representantes legais.</p><p>C) Preferencialmente, um dos maiores credores do falido, escolhido pelo juiz a partir da relação</p><p>de credores apresentada no processo.</p><p>D) Serventuário da justiça, preferencialmente liquidante ou avaliador judicial, exceto se não</p><p>houver nenhum na comarca, quando o juiz nomeará pessoa de sua confiança.</p><p>GABARITO</p><p>1. Estudamos que, no processo de falência, os créditos trabalhistas não terão</p><p>assegurado o pagamento integral, dependendo do valor apurado. Assinale a única</p><p>afirmativa que apresenta corretamente a classificação do crédito trabalhista dependendo</p><p>do valor.</p><p>A alternativa "C " está correta.</p><p>A única resposta correta é a letra C, porque, de acordo com o artigo 83, incisos I e VI, da Lei nº</p><p>11.101/2005, o crédito trabalhista é preferencial, até o valor de 150 salários-mínimos por</p><p>credor, sendo o saldo que exceder esse limite considerado crédito quirografário.</p><p>2. A administração da falência é compartilhada por vários órgãos, como o juiz, o comitê</p><p>de credores, o representante do Ministério Público e, fundamentalmente, pelo</p><p>administrador judicial, que deve ser nomeado pelo juiz no momento da decretação da</p><p>falência de acordo com o critério seguinte:</p><p>A alternativa "A " está correta.</p><p>Apenas a alternativa A está correta, pois o administrador judicial será profissional idôneo,</p><p>preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa</p><p>jurídica especializada, como determina o artigo 21 da Lei nº 11.101/2005.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Você finalizou o estudo dos módulos sobre recuperação de empresas e falência. No Módulo 1,</p><p>aprendeu que a recuperação de empresas é um instituto acessível somente aos devedores</p><p>empresários ou às sociedades empresárias que comprovarem os requisitos subjetivos e</p><p>objetivos e que, com a concessão da medida, fica afastada temporariamente a possibilidade de</p><p>decretação da falência pelos credores sujeitos aos efeitos do instituto.</p><p>Você compreendeu que o processo de recuperação se desenvolve em três fases, sendo a</p><p>segunda a mais importante, pois é nela que o plano é apresentado pelo devedor, são</p><p>verificados os créditos e é realizada, se houver objeção, a assembleia de credores.</p><p>Durante essa fase, tem atuação fundamental o administrador judicial na fiscalização das</p><p>atividades do devedor e na elaboração de relatórios mensais de acompanhamento da</p><p>recuperação, que deverá ser encerrada após dois anos da data de sua concessão, mesmo que</p><p>o plano não esteja integralmente cumprido.</p><p>No Módulo 2, foram apresentados os conceitos estático e dinâmico de falência, seus princípios</p><p>e pressupostos. Você percebeu que se trata de um concurso de credores concebido</p><p>exclusivamente para o devedor empresário ou a sociedade empresária, mas que, mesmo</p><p>assim, existem pessoas excluídas do concurso ou a ele submetidas, ainda que não sejam</p><p>empresários.</p><p>Foi comentado, ademais, que a falência depende de uma sentença judicial e não pode ser</p><p>decretada de ofício, sendo necessário um requerimento, seja do próprio devedor ou de</p><p>qualquer credor.</p><p>O processo de falência desenvolve-se em três fases, sendo que, na primeira delas, não há</p><p>ainda tecnicamente a falência, diante da ausência de sentença. Nessa fase, ocorre a discussão</p><p>do pedido de falência e apresentação das provas e das defesas do devedor.</p><p>Após a sentença, inicia-se o período de informação ou instrução, no qual tem atuação</p><p>fundamental o administrador judicial na arrecadação dos bens, verificação dos créditos</p><p>habilitados e relacionados pelo falido, análise dos contratos, documentação, no exame de livros</p><p>e na continuação do negócio (se autorizada), entre outras atribuições.</p><p>O objetivo dessa fase é apurar o ativo e verificar o passivo, a fim de possibilitar a liquidação do</p><p>patrimônio falimentar. A última fase, dedicada à liquidação, se desenvolve logo após o término</p><p>da arrecadação, mesmo que ainda não tenha sido publicado o quadro-geral de credores. Os</p><p>credores receberão seus créditos do produto apurado nas vendas judiciais, havendo uma</p><p>prioridade dos credores extraconcursais sobre os concursais e, nesse grupo, será observada a</p><p>ordem do artigo 83 da Lei nº 11.101/2005.</p><p>Caso tenha havido pagamento aos credores integral ou parcial, após o término da liquidação, o</p><p>falido empresário individual poderá requerer ao juiz a extinção de suas obrigações por</p><p>sentença, concomitantemente com o encerramento da falência, que o reabilitará ao exercício</p><p>da empresa.</p><p>Na impossibilidade de comprovar o pagamento nas bases exigidas por lei, a prescrição em</p><p>cinco ou dez anos após o encerramento da falência permitirá a declaração da extinção das</p><p>obrigações do falido.</p><p>AVALIAÇÃO DO TEMA:</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de falência e recuperação de empresa. 28. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2017.</p><p>BERTOLDI, Marcelo Marco; RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. Curso avançado de Direito</p><p>Comercial. 11. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.</p><p>BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Lei de recuperação de empresas e falência – Lei</p><p>11.101/2005: comentada artigo por artigo. 12. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.</p><p>COELHO, Fabio Ulhoa. Novo Manual de Direito Comercial. 31. ed. São Paulo: Revista dos</p><p>Tribunais, 2020.</p><p>FAZZIO JUNIOR, Waldo. Lei de Falência e Recuperação de Empresas. 8. ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2019.</p><p>MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro: Falência e Recuperação de Empresas.</p><p>11. ed. São Paulo: Atlas, 2020.</p><p>NEGRÃO, Ricardo. Curso de Direito Comercial e de Empresa: v. 3 - Recuperação de</p><p>empresas, falência e procedimentos concursais administrativos. 11. ed. São Paulo: Saraiva,</p><p>2017</p><p>SALOMÃO, Luis Felipe; SANTOS, Paulo Penalva. Recuperação judicial, extrajudicial e</p><p>falência: teoria e prática. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.</p><p>TEIXEIRA, Tarcisio. Direito empresarial sistematizado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.</p><p>TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: v. 3 – Falência e recuperação de</p><p>empresas. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.</p><p>empresa é irrecuperável. Por essa razão, os esforços devem ser</p><p>canalizados para a empresa viável e, sendo inviável, a falência é a única medida a ser aplicada</p><p>em benefício dos credores e da sociedade.</p><p>Como dissemos na introdução, o momento em que o devedor requer sua recuperação judicial é</p><p>delicado e sua falência é iminente caso ele não obtenha o benefício legal.</p><p>O APROFUNDAMENTO DA CRISE DURANTE A RECUPERAÇÃO</p><p>É UM SINAL DE QUE O INSTITUTO PERDEU SUA FINALIDADE,</p><p>CABENDO AO DEVEDOR A INICIATIVA DE CONFESSAR SUA</p><p>FALÊNCIA PARA NÃO IMPOR A SEUS CREDORES UM</p><p>PREJUÍZO MAIOR DO QUE AQUELE COM O QUAL JÁ ESTÃO</p><p>ARCANDO.</p><p>DOS REQUISITOS PARA O PEDIDO DE</p><p>RECUPERAÇÃO JUDICIAL</p><p>Para efeitos didáticos, os requisitos para o pedido de recuperação judicial serão divididos em</p><p>subjetivos e objetivos.</p><p>Design Collection | shutterstock</p><p>REQUISITOS SUBJETIVOS</p><p>Relacionam-se com a pessoa do devedor (confira o artigo 48 da Lei nº 11.101/2005);</p><p></p><p>Alexander Lysenko | shutterstock</p><p>REQUISITOS OBJETIVOS</p><p>Relacionam-se com a documentação a ser apresentada (confira o artigo 51 da Lei nº</p><p>11.101/2005).</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Para aprofundar seus conhecimentos sobre os requisitos subjetivos e objetivos, leia os artigos</p><p>48 e 51 da Lei no 11.101/2005.</p><p>REQUISITOS SUBJETIVOS</p><p>Conforme mencionado, o artigo 48 da Lei no 11.101/2005, que trata dos requisitos subjetivos</p><p>para o pedido de recuperação judicial, aborda os seguintes casos relacionados à pessoa do</p><p>devedor:</p><p>A) SER O DEVEDOR EMPRESÁRIO OU SOCIEDADE</p><p>EMPRESÁRIA</p><p>Somente poderá requerer recuperação judicial o devedor que for empresário (pessoa física) ou</p><p>sociedade empresária (pessoa jurídica), em razão de o termo “devedor”, na Lei nº 11.101/2005,</p><p>ter um alcance restrito (confira o artigo 1º da Lei nº 11.101/2005). O direito empresarial ainda</p><p>não admite que todo devedor ou, pelo menos, aquele que exerça uma atividade econômica</p><p>possa falir ou pleitear sua recuperação.</p><p>Excepcionalmente, a recuperação judicial também poderá ser requerida por cônjuge</p><p>sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente, em virtude do artigo</p><p>48, parágrafo 1º, da Lei nº 11.101/2005. O cônjuge sobrevivente, os herdeiros do devedor ou o</p><p>inventariante estão legitimados, concorrentemente, a requerer a recuperação judicial do espólio</p><p>do ex-empresário.</p><p>Como o empresário falecido deixou dívidas e há necessidade de recuperar sua empresa, a lei</p><p>permite que os interessados citados possam pedir o benefício em seu lugar.</p><p>A legitimidade do sócio remanescente se refere às sociedades que, por algum motivo, estão ou</p><p>são unipessoais (confira tal possibilidade nos artigos 980-A, 1033, inciso IV e 1052, parágrafo</p><p>1º, todos do Código Civil). Esse sócio poderá requerer a recuperação da pessoa jurídica.</p><p>B) EXERCER REGULARMENTE SUA ATIVIDADE HÁ</p><p>MAIS DE 2 (DOIS) ANOS NA DATA DO PEDIDO</p><p>Este requisito se desdobra em duas partes: a primeira é a regularidade da atividade comercial</p><p>exercida pelo empresário. O empresário, exceto o rural, está obrigado à inscrição na Junta</p><p>Comercial, e a sociedade empresária se submete ao mesmo registro. Portanto, nenhum</p><p>empresário ou sociedade empresária irregular poderá pleitear sua recuperação, mas poderá</p><p>falir.</p><p>A segunda parte se refere ao tempo mínimo de exercício regular da empresa — mais de dois</p><p>anos —, que é verificado pela data de inscrição do empresário e pela data do pedido. Fica</p><p>claro que se trata de um requisito suplementar, não sendo suficiente que o empresário esteja</p><p>registrado. Com isso, a lei evita comportamentos oportunistas daqueles que se registrariam</p><p>apenas no momento de requerer recuperação.</p><p>C) NÃO SER OU TER SIDO FALIDO</p><p>Caso tenha sido falido, que estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado,</p><p>as responsabilidades daí decorrentes.</p><p>Frisamos, na introdução, que recuperação e falência são institutos antagônicos, e isso fica</p><p>claro na proibição de que o falido requeira o favor legal. Entretanto, aquele que já foi falido</p><p>(empresário individual) poderá requerer sua recuperação desde que tenha obtido declaração</p><p>judicial de extinção das suas obrigações como falido, e dessa decisão não caiba mais recurso.</p><p>Essa extinção das obrigações reabilita o empresário e, por conseguinte, permite que retome</p><p>sua empresa e use das prerrogativas que a lei confere aos empresários regulares, dentre elas</p><p>o pedido de recuperação.</p><p>D) NÃO TER, HÁ MENOS DE 5 (CINCO) ANOS, OBTIDO</p><p>CONCESSÃO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL</p><p>Para evitar pedidos sucessivos de recuperação em prazos curtos, a lei estabelece um prazo</p><p>mínimo entre uma recuperação e a seguinte. Notemos que o prazo quinquenal não é contado</p><p>da data do pedido, e sim da concessão da recuperação.</p><p>Se a recuperação não for concedida porque o devedor desistiu do benefício (confira o artigo</p><p>52, parágrafo 4º, da Lei nº 11.101/2005), o prazo não será considerado para um novo pedido,</p><p>pois não houve concessão. O prazo de cinco anos se aplica tanto para a recuperação pelo</p><p>plano comum como pelo plano especial.</p><p>E) CONDENAÇÃO POR QUALQUER DOS CRIMES</p><p>PREVISTOS NOS ARTIGOS 168 A 178 DA LEI Nº</p><p>11.101/2005</p><p>Não ter sido o empresário individual condenado ou não ter como administrador ou sócio</p><p>controlador, em caso de sociedade empresária, pessoa condenada por qualquer dos crimes</p><p>previstos nos artigos 168 a 178 da Lei nº 11.101/2005.</p><p>Os benefícios da recuperação para o devedor somente são aplicáveis àqueles que não tiverem</p><p>sido condenados por crimes relacionados ao próprio instituto ou à falência, conhecidos pela</p><p>expressão genérica “crimes falimentares”. A condenação estabelece uma presunção de</p><p>inidoneidade e impede o acesso à recuperação.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Os requisitos subjetivos também devem ser observados para o pedido de homologação de</p><p>plano de recuperação extrajudicial. Confira o artigo 161 da Lei nº 11.101/2005.</p><p>REQUISITOS OBJETIVOS</p><p>O requerente da recuperação, pessoa física ou jurídica, deve instruir seu pedido com:</p><p>OS DOCUMENTOS RELACIONADOS NO ARTIGO 51 DA</p><p>LEI Nº 11.101/2005</p><p>A exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da</p><p>crise econômico-financeira.</p><p>As demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as</p><p>levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância</p><p>da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: i) balanço</p><p>patrimonial; ii) demonstração de resultados acumulados; iii) demonstração do resultado</p><p>desde o último exercício social; iv) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção.</p><p>Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares podem ser</p><p>apresentados na forma cartular (documento físico) ou eletrônico (escrituração digital),</p><p>porém, em qualquer caso, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial</p><p>e, mediante autorização judicial, de qualquer interessado.</p><p>Com relação à exigência dos documentos contábeis relacionados, se o devedor for</p><p>enquadrado como microempresa ou empresa de pequeno porte, deverão ser</p><p>apresentados livros e escrituração contábil simplificados nos termos da legislação</p><p>específica (confira o artigo 26 da Lei Complementar nº 123/2006).</p><p>A relação completa de todos os credores, com a indicação do endereço de cada um, a</p><p>natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o</p><p>regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada</p><p>transação pendente.</p><p>A relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, os salários,</p><p>as indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de</p><p>competência e a discriminação dos valores pendentes de pagamento.</p><p>Certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas e, para as</p><p>sociedades empresárias, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais</p><p>administradores.</p><p>Tratando-se de devedor sociedade empresária, a relação dos bens particulares dos</p><p>sócios controladores e dos administradores.</p><p>Os extratos atualizados das contas bancárias</p><p>do devedor e de suas eventuais aplicações</p><p>financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas</p><p>de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras.</p><p>As certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou na sede do</p><p>devedor e naquelas onde possui filial.</p><p>A relação de todas as ações judiciais em que o devedor figure como parte, inclusive as de</p><p>natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.</p><p>Nota-se o detalhamento em relação aos documentos, pois o objetivo do cumprimento desses</p><p>requisitos é a ampla informação dos credores quanto à situação do requerente, não só no</p><p>aspecto contábil, mas também financeiro e trabalhista. O juiz deverá examinar a regularidade</p><p>dos documentos antes de determinar que a recuperação seja processada. Até esse momento,</p><p>o devedor pode desistir do pedido sem necessidade da autorização de seus credores.</p><p>OBSERVEMOS QUE O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL</p><p>NÃO PRECISA SER APRESENTADO DE IMEDIATO COM O</p><p>REQUERIMENTO. O OBJETIVO É DAR A OPORTUNIDADE DE</p><p>OS CREDORES SEREM INFORMADOS DA RECUPERAÇÃO E</p><p>INICIAREM UMA NEGOCIAÇÃO COM O DEVEDOR PARA</p><p>FACILITAR A APROVAÇÃO DO PLANO NO MOMENTO</p><p>OPORTUNO.</p><p>CREDORES SUJEITOS E EXCLUÍDOS DA</p><p>RECUPERAÇÃO JUDICIAL</p><p>Por mais que o instituto da recuperação de empresas se destine ao favorecimento do devedor,</p><p>nem todos os seus credores são atingidos pelas medidas previstas no artigo 50 e por outras</p><p>que podem ser incluídas no plano.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Confira as medidas previstas no artigo 50 da Lei nº 11.101/2005 e a relação exemplificativa dos</p><p>meios de recuperação.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Apenas estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido,</p><p>ainda que não vencidos.</p><p>Como o devedor permanece exercendo sua empresa durante a recuperação, é natural que</p><p>sejam constituídos créditos após o pedido. Com isso, já temos um dos três grupos de credores</p><p>excluídos dos efeitos da recuperação (1º grupo).</p><p>Além dos credores posteriores à data do pedido, mais dois grupos devem ser mencionados:</p><p>CREDORES – 2º GRUPO</p><p>Os credores do 2º grupo, por serem excluídos da recuperação por lei (confira o artigo 49,</p><p>parágrafos 3º e 4º, da Lei nº 11.101/2005), não terão seu crédito incluído no plano e</p><p>prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais. A única</p><p>solução que o devedor pode utilizar para alterar as condições de pagamento perante esses</p><p>credores é tentar um acordo individual, fora do processo de recuperação. Tais “acordos</p><p>privados” são admitidos e previstos no artigo 167 da Lei nº 11.101/2005.</p><p>Chamamos sua atenção para o tratamento especial dado ao crédito tributário, que também não</p><p>se sujeita aos efeitos da recuperação judicial, independentemente da época de sua</p><p>constituição. Isso porque, de acordo com o artigo 187, do Código Tributário Nacional, a</p><p>cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita à habilitação em recuperação judicial. A</p><p>cobrança é feita por meio de ação própria, que prossegue durante a recuperação e não tem</p><p>sua propositura suspensa.</p><p>CREDORES – 3º GRUPO</p><p>Já os credores do 3º grupo ficam à mercê da ação do devedor de incluir ou não seus créditos</p><p>no plano de recuperação. São créditos anteriores à data do pedido, mas cujas regras de</p><p>pagamento o devedor preferiu não alterar. Como tais condições não foram alteradas,</p><p>observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz</p><p>respeito aos encargos (confira o artigo 49, parágrafo 2º, da Lei nº 11.101/2005).</p><p> RESUMINDO</p><p>Pedido (com ou sem garantia, trabalhistas, privilegiados etc.), exceto os credores excluídos por</p><p>lei ou por vontade do devedor. Com isso se tem uma noção da dificuldade que o devedor</p><p>poderá ter para cumprir o plano, pois deverá manter os pagamentos em dia aos credores</p><p>futuros e aos credores excluídos.</p><p>Para amenizar esse quadro, a lei não impõe ao devedor — ao contrário do que ocorria na</p><p>concordata ou na moratória — um prazo máximo de pagamento ou um máximo de</p><p>desconto/abatimento, privilegiando a negociação.</p><p>Exceção a essa regra é o pagamento dos credores trabalhistas, pois o plano de recuperação</p><p>judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados</p><p>da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho, vencidos até a data do</p><p>pedido de recuperação judicial, por força do artigo 54, da Lei nº 11.101/2005.</p><p>É MUITO IMPORTANTE RESSALTAR QUE, SE O DEVEDOR TEM</p><p>GARANTIDORES DE SUA OBRIGAÇÃO PERANTE O CREDOR,</p><p>COMO FIADORES OU AVALISTAS, A RECUPERAÇÃO JUDICIAL</p><p>NÃO ATINGE ESSAS PESSOAS, DE MODO QUE ESTARÃO</p><p>OBRIGADAS A SATISFAZER O DÉBITO NA FORMA ORIGINAL,</p><p>MESMO QUE O PLANO SEJA APROVADO E A RECUPERAÇÃO,</p><p>CONCEDIDA. EM OUTRAS PALAVRAS: A RECUPERAÇÃO</p><p>JUDICIAL NÃO APROVEITA OS DEVEDORES SOLIDÁRIOS</p><p>COM O RECUPERANDO.</p><p>BREVES NOÇÕES SOBRE O</p><p>PROCEDIMENTO RECUPERACIONAL</p><p>Apresentaremos a seguir uma breve visão do procedimento da recuperação, apontando os</p><p>principais atos e alguns prazos importantes. Para mais detalhes e aprofundamento,</p><p>recomendamos a leitura de algum dos livros indicados nas referências e das disposições da Lei</p><p>nº 11.101/2005.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Em qualquer fase do processo de recuperação judicial, seja antes ou depois da concessão, o</p><p>devedor pode ter sua falência decretada, seja por descumprimento de obrigação assumida no</p><p>plano, seja por inadimplência de crédito não sujeito aos efeitos do instituto.</p><p>FASES DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO</p><p>O processo de recuperação deve ser proposto no lugar do principal estabelecimento do</p><p>devedor, mesmo local onde deve ser requerida a falência e a homologação do plano de</p><p>recuperação extrajudicial, conforme o artigo 3º da Lei nº 11.101/2005.</p><p>O principal estabelecimento, em geral, é o lugar da sede, seja porque o devedor não tem filial,</p><p>seja porque a sede é, de fato, o lugar central das atividades. Caso, pontualmente, a sede não</p><p>seja o lugar central, principal, da atividade do devedor, a recuperação será requerida nesse</p><p>lugar denominado “principal estabelecimento”.</p><p>Vamos identificar três fases no processo.</p><p>PRIMEIRA FASE</p><p>Inicia-se na data do pedido, sendo marco para a sujeição dos créditos à recuperação, e termina</p><p>quando o juiz aceita o pedido do devedor (defere seu processamento) pela conformidade da</p><p>documentação.</p><p>javascript:void(0)</p><p>SEGUNDA FASE</p><p>Inicia-se com a publicação do processamento na imprensa oficial e termina com a concessão</p><p>da recuperação.</p><p>TERCEIRA FASE</p><p>A última fase, já com a recuperação concedida, inicia-se após a concessão da recuperação e</p><p>termina com o encerramento do processo por sentença judicial (confira o artigo 63 da lei</p><p>11.101/2005).</p><p>A maior parte dos atos importantes na recuperação ocorre na segunda fase. São eles:</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>DO PLANO</p><p>HABILITAÇÃO</p><p>DOS CREDORES</p><p>AVISO</p><p>AOS CREDORES</p><p>CONVOCAÇÃO PELO JUIZ DA ASSEMBLEIA</p><p>DE CREDORES</p><p>REALIZAÇÃO DA ASSEMBLEIA</p><p>DE CREDORES</p><p>CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL</p><p>POR SENTENÇA DO JUIZ</p><p>APRESENTAÇÃO DO PLANO</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>Este ato deve ser realizado, impreterivelmente, até o 60º dia após a publicação do</p><p>processamento, por força do artigo 53, sob pena de decretação de falência sem a audiência</p><p>dos credores. O devedor não deve entregar apenas o plano com suas cláusulas e exposição</p><p>de motivos.</p><p>O documento deve estar acompanhado da discriminação pormenorizada dos meios de</p><p>recuperação a ser empregados e seu resumo; demonstração de sua viabilidade econômica; e</p><p>laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por</p><p>profissional legalmente habilitado ou “empresa” especializada.</p><p>HABILITAÇÃO DOS CREDORES</p><p>Além da habilitação dos credores, também é realizada a verificação dos créditos pelo</p><p>administrador judicial para que se elabore e publique a relação geral de credores.</p><p>AVISO AOS CREDORES</p><p>Eles são avisados da apresentação do plano para eventual objeção à sua aprovação no prazo</p><p>de 30 dias.</p><p>CONVOCAÇÃO PELO JUIZ DA ASSEMBLEIA DE</p><p>CREDORES</p><p>A convocação é feita se houver objeção</p><p>de qualquer credor à aprovação do plano.</p><p>REALIZAÇÃO DA ASSEMBLEIA DE CREDORES</p><p>É na assembleia dos credores que o plano será discutido e votado por classes, inclusive com</p><p>apreciação das objeções levantadas.</p><p>Obs.: A composição de cada classe para efeito de votação do plano e o quorum para sua</p><p>aprovação em cada classe estão previstos nos artigos 41 e 45 da Lei nº 11.101/2005.</p><p>CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL POR</p><p>SENTENÇA DO JUIZ</p><p>Este ato é realizado somente se o plano tiver sido aprovado pela assembleia ou se não tiver</p><p>sofrido objeção de qualquer credor (confira o artigo 58 da Lei nº 11.101/2005).</p><p>No vídeo a seguir, o professor, doutor em Direito, Alexandre Ferreira de Assumpção Alves,</p><p>aborda o tema das fases da recuperação judicial.</p><p>ÓRGÃOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL</p><p>São denominados “órgãos” da recuperação judicial as pessoas ou o colegiado de pessoas que</p><p>desempenham um papel de destaque do ponto de vista da lei para a administração do</p><p>processo.</p><p>JUIZ</p><p>O juiz da recuperação é um juiz de direito integrante da justiça estadual, que exerce a</p><p>jurisdição no lugar (juízo) da recuperação. Cabem ao juiz a superintendência do processo e as</p><p>decisões das questões incidentais, como julgar as habilitações de crédito e as impugnações.</p><p>É o juiz quem nomeia e destitui o administrador judicial, que atua sob sua supervisão. Não</p><p>cabe ao juiz aprovar ou rejeitar o plano de recuperação; a eventual concessão ou não da</p><p>medida está vinculada à prévia manifestação dos credores.</p><p>REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO</p><p>É um promotor de justiça designado para atuar nos processos de falência e de recuperação.</p><p>Ele não é parte no processo nem decide nenhuma questão principal ou incidental. Todavia, sua</p><p>participação é obrigatória no processo na condição de fiscal da lei e de sua aplicação. Tanto</p><p>que o juiz, ao determinar o processamento da recuperação, deve ordenar a intimação do</p><p>representante do Ministério Público.</p><p>O representante do Ministério Público tem algumas prerrogativas na recuperação, tais como:</p><p>impugnar créditos, propor ação revisional de crédito admitido, promover a ação penal por crime</p><p>previsto na Lei nº 11.101/2005, arguir a substituição do administrador judicial, recorrer da</p><p>concessão da recuperação, entre outras.</p><p>ADMINISTRADOR JUDICIAL</p><p>O administrador judicial é nomeado pelo juiz ao determinar o processamento da recuperação.</p><p>É um profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de</p><p>empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada (confira o artigo 21 da Lei nº</p><p>11.101/2005). Tem direito a uma remuneração pelo seu trabalho, cujo pagamento é obrigação</p><p>do devedor em recuperação.</p><p>Obs.: As regras sobre a fixação da remuneração e seu pagamento se encontram no artigo 24</p><p>da Lei nº 11.101/2005.</p><p>Na recuperação judicial, a principal função do administrador é fiscalizar as atividades do</p><p>devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial. Todavia, ele tem outras</p><p>prerrogativas, como exigir dos credores, do devedor ou de seus administradores quaisquer</p><p>informações e requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano</p><p>de recuperação.</p><p>As atribuições do administrador judicial constam no artigo 22 da Lei nº 11.101/2005. Com o</p><p>encerramento do processo, cessa sua atuação.</p><p>GESTOR JUDICIAL</p><p>É uma figura subsidiária na recuperação, isto é, somente será necessária sua participação nos</p><p>casos de afastamento do empresário individual de sua empresa. O gestor é nomeado pelo juiz,</p><p>após escolha pela assembleia de credores, para assumir a administração das atividades do</p><p>devedor. Sua atuação é fiscalizada pelo juiz e, se houver, pelo comitê de credores.</p><p>ASSEMBLEIA DE CREDORES</p><p>É formada pelos credores do devedor, sujeitos ou não aos efeitos da recuperação. Entretanto,</p><p>somente podem votar nas deliberações os credores incluídos no plano e que tiverem alterado</p><p>as condições originais e os prazos de pagamento de seus créditos.</p><p>A assembleia de credores terá por atribuição deliberar sobre qualquer matéria que possa afetar</p><p>os interesses dos credores, em especial: a) a aprovação, rejeição ou modificação do plano de</p><p>recuperação judicial apresentado pelo devedor; b) a constituição do comitê de credores, a</p><p>escolha de seus membros e sua substituição; d) o pedido de desistência da recuperação, se</p><p>feito após o processamento da recuperação; e) o nome do gestor judicial, quando do</p><p>afastamento do empresário individual de suas atividades.</p><p>A assembleia de credores será convocada de ofício pelo juiz, mas poderá ser convocada a</p><p>pedido de credores que representem, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) do valor total</p><p>dos créditos de determinada classe.</p><p>COMITÊ DE CREDORES</p><p>É um órgão facultativo no processo de recuperação e será constituído por deliberação de</p><p>qualquer das classes de credores na assembleia.</p><p>Composição</p><p>1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas;</p><p>1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou</p><p>privilégios especiais;</p><p>1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios</p><p>gerais;</p><p>1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de microempresas</p><p>e empresas de pequeno porte.</p><p>Para cada titular, a lei prevê a escolha ou eleição de dois suplentes.</p><p>O comitê pode funcionar com número inferior a quatro membros e, quando nenhuma das</p><p>classes de credores tiver interesse em indicar ou eleger membro e suplente para o comitê,</p><p>caberá ao administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas</p><p>atribuições.</p><p>Atribuições</p><p>As atribuições do comitê de credores estão dispostas no artigo 27 da Lei nº 11.101/2005, com</p><p>destaque para:</p><p>Fiscalização das atividades do administrador judicial e exame de suas contas.</p><p>Fiscalização da administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30</p><p>(trinta) dias, relatório de sua situação.</p><p>Fiscalização da execução do plano de recuperação judicial; d) submissão à autorização</p><p>do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor, da alienação de bens do ativo</p><p>permanente, da constituição de ônus reais e de outras garantias, bem como dos atos de</p><p>endividamento necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que</p><p>anteceder a aprovação do plano de recuperação judicial.</p><p>RESTRIÇÕES AO DEVEDOR EM</p><p>RECUPERAÇÃO</p><p>Embora a recuperação judicial tenha efeitos bem diversos da falência, pois permite a</p><p>manutenção da empresa, da fonte produtora, de empregos, entre outros objetivos, o devedor</p><p>sofrerá algumas restrições em relação à disponibilidade de seus bens e à livre administração</p><p>de sua empresa. Contudo, tais restrições não acompanham todo o tempo de cumprimento do</p><p>plano, findando com o encerramento do processo judicial.</p><p>RESTRIÇÃO À LIVRE ADMINISTRAÇÃO DA</p><p>EMPRESA</p><p>A primeira restrição diz respeito à livre administração de seu negócio. O empresário e a</p><p>sociedade empresária têm plena liberdade para o exercício de sua empresa, determinar as</p><p>ações e o planejamento, escolher fornecedores, contratar e demitir empregados etc. Tal</p><p>prerrogativa decorre da Constituição brasileira de 1988, em seu artigo 170, parágrafo único.</p><p>PARÁGRAFO ÚNICO</p><p>“É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,</p><p>independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.”</p><p>Constituição brasileira de 1988, artigo 170, parágrafo único.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Embora o devedor em recuperação não necessite de autorização para se manter em atividade,</p><p>deve aceitar a fiscalização de suas atividades pelo administrador judicial e pelos membros do</p><p>comitê de credores, caso esse órgão exista. Também é obrigatória a prestação de quaisquer</p><p>informações solicitadas pelo administrador judicial.</p><p>A partir do processamento da recuperação judicial, o uso do nome empresarial será alterado,</p><p>uma vez que o artigo 69, da Lei nº 11.101/2005, impõe que, em todos os atos, contratos e</p><p>javascript:void(0)</p><p>documentos firmados pelo devedor, deverá ser acrescida, após o nome empresarial,</p><p>a</p><p>expressão "em recuperação judicial". Ademais, para aumentar a publicidade de sua situação, o</p><p>juiz determinará ao Registro Público de Empresas a anotação da recuperação judicial no</p><p>registro correspondente.</p><p>VEMOS, ENTÃO, QUE SE TRATA DE MAIS UMA RESTRIÇÃO</p><p>AO DEVEDOR, POIS NÃO PODERÁ DEIXAR DE INCLUIR SUA</p><p>CONDIÇÃO DE “EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL” EM TODOS OS</p><p>DOCUMENTOS QUE ASSINAR.</p><p>Ainda no tocante à administração de sua empresa, o artigo 64, da Lei nº 11.101/2005, prevê a</p><p>possibilidade de afastamento do empresário ou dos administradores da sociedade empresária</p><p>durante o procedimento de recuperação judicial. Esclarecemos que se trata de uma medida</p><p>excepcional, haja vista que o devedor ou seus administradores serão mantidos na condução</p><p>da atividade empresarial, sob fiscalização do comitê, se houver, e do administrador judicial,</p><p>como já exposto.</p><p> ATENÇÃO</p><p>A medida de afastamento é tomada em situações graves, muitas delas relativas à prática de</p><p>crimes ou atos ilícitos, bem como ao descumprimento de deveres legais.</p><p>Verificada qualquer das hipóteses que autorizam o afastamento, o juiz deverá (i) destituir o</p><p>administrador, ou (ii) afastar o empresário individual. Quais desdobramentos possíveis em</p><p>relação à essas duas hipóteses?</p><p>Destituição do administrador</p><p>O administrador será substituído pela pessoa natural eleita pelos sócios, na forma prevista no</p><p>contrato ou estatuto, ou ainda eleita pelos credores se tal faculdade estiver prevista no plano</p><p>de recuperação judicial (confira o artigo 50, inciso V, da Lei nº 11.101/2005).</p><p></p><p>Afastamento do empresário individual</p><p>Em caso de afastamento do empresário individual, não caberá ao juiz designar seu substituto.</p><p>O juiz deverá agir na forma do artigo 65, da Lei nº 11.101/2005, ou seja, convocará a</p><p>assembleia de credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que assumirá a</p><p>administração. Até que o gestor assuma a empresa, o administrador judicial exercerá</p><p>temporariamente as funções de gestor.</p><p>RESTRIÇÕES EM RELAÇÃO À</p><p>DISPONIBILIDADE DOS BENS DO DEVEDOR</p><p>A restrição imposta por lei ao devedor, em relação à disponibilidade de seus bens, consiste na</p><p>proibição, desde a data do pedido, de alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo</p><p>permanente, salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o comitê, se</p><p>houver, com exceção daqueles previamente relacionados no plano de recuperação judicial para</p><p>serem alienados. Enquanto o plano não for aprovado, a proibição não comporta exceções.</p><p>PLANO ESPECIAL DE RECUPERAÇÃO</p><p>Em consonância com a Constituição brasileira de 1988, que, em seu artigo 179, determina</p><p>tratamento jurídico diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim</p><p>definidas em lei, a Lei nº 11.101/2005 previu um plano especial de recuperação para elas, com</p><p>limitação quanto ao meio a ser adotado.</p><p>Com isso, esses devedores não precisam demonstrar a viabilidade da adoção dos meios de</p><p>recuperação previstos no artigo 50 nem apresentar laudo de viabilidade econômico-financeira,</p><p>diminuindo os custos com o processo.</p><p>Para ter acesso ao plano especial de recuperação, é preciso que o devedor esteja enquadrado</p><p>como:</p><p>MICROEMPRESA</p><p>Enquadra-se também o microempreendedor individual (MEI), devendo auferir receita bruta, em</p><p>cada ano-calendário, igual ou inferior a R$360.000,00.</p><p></p><p>EMPRESA DE PEQUENO PORTE</p><p>Deve atingir receita bruta superior a R$360.000,00 e igual ou inferior a R$4.800.000,00.</p><p>CONTEÚDO DO PLANO ESPECIAL DE</p><p>RECUPERAÇÃO</p><p>Como alertado, o plano especial não dá ao devedor a liberdade para escolher o meio de</p><p>recuperação que melhor atenda às suas necessidades. Se, por um lado, a lei simplifica a</p><p>elaboração do plano, não sendo necessária confecção de laudo ou gastos com serviços de</p><p>terceiros, pois ele já tem cláusulas preestabelecidas, por outro, restringe o devedor à simples</p><p>adesão a ele, sem praticamente nenhuma flexibilidade.</p><p>Caso não seja um instrumento viável para a recuperação, as microempresas e as empresas de</p><p>pequeno porte poderão adotar o plano comum e observar as exigências do artigo 53 da Lei nº</p><p>11.101/2005. Ao contrário, sendo melhor o plano especial, o devedor deverá manifestar sua</p><p>intenção de adotá-lo já no requerimento de recuperação.</p><p> ATENÇÃO</p><p>O prazo para a apresentação do plano especial é o mesmo do plano comum, ou seja, até 60</p><p>dias da publicação do edital de processamento, sob pena de decretação da falência.</p><p>Seu conteúdo do plano especial de recuperação limita-se às seguintes condições:</p><p>I</p><p>Abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excetuados</p><p>os mesmos excluídos do plano comum (conforme vimos anteriormente neste módulo) e,</p><p>também, aqueles decorrentes de repasse de recursos oficiais.</p><p>javascript:void(0)</p><p>II</p><p>Preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e sucessivas,</p><p>acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia</p><p>(SELIC), podendo conter ainda a proposta de abatimento do valor das dívidas.</p><p>III</p><p>Preverá o pagamento da 1ª parcela no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da</p><p>distribuição do pedido de recuperação judicial.</p><p>IV</p><p>Estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador judicial e o</p><p>comitê de credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados.</p><p>Ao contrário do plano comum, se houver objeção à concessão da recuperação judicial por</p><p>algum credor (conforme visto neste módulo), não será convocada assembleia de credores para</p><p>deliberar sobre o plano, e o juiz concederá a recuperação judicial se atendidas as demais</p><p>exigências legais.</p><p>Tal medida facilita a aprovação do plano pela sua celeridade e dispensa o devedor dos custos</p><p>com a realização da assembleia. Entretanto, se não será convocada assembleia para apreciar</p><p>a objeção de qualquer credor ao plano, quem apreciará a objeção? O juiz deverá verificar o</p><p>valor do crédito que detém o credor ou o grupo de credores que objetaram o plano.</p><p>Até metade do valor total de créditos</p><p>Caso esse valor seja de até metade do valor total de créditos de uma das classes de credores</p><p>previstas no artigo 83, da Lei nº 11.101/2005, e que serão analisadas no próximo módulo, a</p><p>objeção será indeferida.</p><p></p><p>Mais metade do valor total de créditos</p><p>Ao contrário, se o credor ou grupo de credores reunir mais da metade de qualquer uma das</p><p>referidas classes, o juiz julgará improcedente o pedido de recuperação judicial pelo plano</p><p>especial e decretará a falência do devedor.</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>ENCERRAMENTO DA RECUPERAÇÃO</p><p>JUDICIAL</p><p>Após a aprovação do plano e a concessão da recuperação judicial, o processo prossegue e</p><p>entra na sua terceira e última fase.</p><p>O devedor permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações</p><p>previstas no plano que vencerem até dois anos depois da concessão. Durante esse período, o</p><p>devedor poderá ou não iniciar o cumprimento ao plano, dependendo de seus termos e prazos,</p><p>porém, persiste a fiscalização do administrador judicial e do comitê de credores.</p><p> ATENÇÃO</p><p>O plano de recuperação poderá sofrer modificações até o encerramento da recuperação,</p><p>aplicando-se a mesma sistemática de votação e quorum aplicáveis para sua aprovação.</p><p>Durante o período de dois anos, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano</p><p>acarretará a convolação da recuperação em falência, ou seja, a recuperação cessará e o</p><p>devedor terá sua falência decretada com a liquidação de sua empresa.</p><p>Com isso, as cláusulas e os compromissos previstos no plano ficarão rescindidos e os credores</p><p>terão reconstituídos seus direitos e suas garantias nas condições originalmente contratadas,</p><p>deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no</p><p>âmbito da recuperação judicial.</p><p>Mesmo que o plano ainda não tenha sido cumprido no prazo de dois anos, ainda assim, o juiz</p><p>deve encerrar o processo por sentença, na qual determinará:</p><p>I</p><p>O pagamento do saldo de honorários ao administrador judicial,</p><p>após a prestação de contas e</p><p>apresentação de relatório, no prazo máximo de 15 dias, sobre a execução do plano de</p><p>recuperação pelo devedor.</p><p>II</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>A apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas.</p><p>III</p><p>A dissolução do comitê de credores e a exoneração do administrador judicial.</p><p>IV</p><p>A comunicação ao Registro Público de Empresas para as providências cabíveis.</p><p>Após a sentença de encerramento, cessa a fiscalização do administrador judicial e do comitê</p><p>de credores, se houver, sobre o devedor e sua empresa. Sem embargo, no caso de ainda</p><p>restarem obrigações pendentes previstas no plano de recuperação judicial, o descumprimento</p><p>autoriza qualquer credor a requerer sua execução específica ou a decretação da falência.</p><p>RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL</p><p>A recuperação extrajudicial é outra espécie de recuperação possível de ser adotada pelo</p><p>devedor para evitar a falência. O devedor deverá satisfazer os mesmos requisitos subjetivos</p><p>para a recuperação judicial (conforme visto neste módulo) e mais o seguinte: não ter pedido de</p><p>recuperação judicial pendente de julgamento, ou não ter obtido recuperação judicial, ou não ter</p><p>obtido homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de dois anos.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Perceba que o prazo entre uma recuperação extrajudicial e outra — dois anos — é menor do</p><p>que o de uma recuperação judicial e outra — cinco anos.</p><p>Notemos que o devedor em recuperação judicial (pendente ou já concedida) não pode se valer</p><p>da recuperação extrajudicial. Logo, a opção pela recuperação judicial exclui a outra</p><p>recuperação. A recíproca não ocorre, isto é, o devedor em cumprimento de plano de</p><p>recuperação extrajudicial pode requerer sua recuperação judicial.</p><p>Essa faculdade se justifica porque o plano de recuperação extrajudicial não pode incluir, em</p><p>suas cláusulas, os créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>trabalho, ao contrário do plano de recuperação judicial. Com isso, o legislador dá ao devedor</p><p>em recuperação extrajudicial a oportunidade de incluir esses créditos, mas somente se</p><p>requerer a recuperação judicial.</p><p>UMA DAS CARACTERÍSTICAS MAIS MARCANTES DA</p><p>RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL É QUE A PROPOSTA DE</p><p>PLANO AOS CREDORES E SUA NEGOCIAÇÃO OCORREM SEM</p><p>QUE SEJA INSTAURADO UM PROCESSO JUDICIAL, DAÍ O</p><p>NOME RECUPERAÇÃO “EXTRAJUDICIAL”.</p><p>FASES DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL</p><p>A recuperação extrajudicial também se desenvolve em três fases, mas apenas a segunda é</p><p>judicial, ou seja, haverá a abertura de um processo. Essa fase é a da homologação do plano.</p><p>PRIMEIRA FASE</p><p>Consiste na apresentação do plano pelo devedor a seus credores, seguida da negociação e da</p><p>assinatura. Como informado, os credores sujeitos à recuperação extrajudicial são os mesmos</p><p>da recuperação judicial, à exceção dos trabalhistas e acidentes de trabalho. Com isso, a</p><p>relação de créditos excluídos da recuperação extrajudicial é a da recuperação judicial</p><p>(conforme vimos neste módulo), com acréscimo dos trabalhistas e acidentes de trabalho.</p><p>O plano de recuperação extrajudicial pode adotar os mesmos meios de recuperação judicial,</p><p>exceto quanto aos credores trabalhistas, e abranger a totalidade de uma ou mais classes de</p><p>créditos com garantia real, com privilégio especial, com privilégio geral, quirografários ou</p><p>subordinados ou grupo de credores de mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de</p><p>pagamento.</p><p>Com isso, o devedor não precisa incluir todos os seus credores no plano, deixando certa(s)</p><p>classe(s) ou determinados credores fora dele. Entretanto, para esses credores, o pedido de</p><p>homologação do plano não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a</p><p>impossibilidade do pedido de decretação de falência.</p><p>Para que o devedor possa requerer a homologação do plano, medida imprescindível para ser</p><p>implementado, é preciso que esse plano (i) seja assinado por todos os credores nele</p><p>contemplados, ou (ii) esteja assinado, no mínimo, por credores que representem mais de 3/5</p><p>(três quintos) de todos os créditos de cada classe por ele abrangida.</p><p>SEGUNDA FASE</p><p>Tem por característica ser a única fase judicial. Compreende o pedido de homologação, sua</p><p>tramitação e a decisão judicial. Tal qual ocorre na recuperação judicial, o pedido deve ser feito</p><p>perante o juiz do lugar do principal estabelecimento (conforme vimos neste módulo). Após a</p><p>abertura do processo de homologação, os credores não poderão desistir da adesão ao plano,</p><p>salvo com a anuência expressa dos demais signatários.</p><p>Para a homologação do plano, o devedor deve apresentar uma justificativa (exposição de</p><p>motivos) e o documento que contenha seus termos e suas condições, com as assinaturas dos</p><p>credores que a ele aderiram. Caso o plano não tenha sido aprovado por todos os credores,</p><p>mas tenha atingido o mínimo de assinaturas para sua homologação, o devedor deverá</p><p>acrescentar ao pedido os seguintes documentos:</p><p>Exposição de sua situação patrimonial.</p><p>Demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as levantadas</p><p>especialmente para instruir o pedido.</p><p>Os documentos que comprovem os poderes das pessoas que assinaram o plano para</p><p>novar ou transigir, a relação completa dos credores, com a indicação do endereço de</p><p>cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua</p><p>origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de</p><p>cada transação pendente.</p><p>Recebido o pedido de homologação, ele será publicado por edital no Diário Oficial e em jornal</p><p>de grande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor, convocando</p><p>todos os credores para apresentação de suas impugnações no prazo de 30 (trinta) dias. Sendo</p><p>apresentada impugnação, será aberto prazo de cinco dias para que o devedor sobre ela se</p><p>manifeste.</p><p>Após a manifestação do devedor sobre as impugnações, ou caso não tenha havido, o juiz</p><p>decidirá acerca do plano de recuperação extrajudicial, homologando-o por sentença se</p><p>entender que não implica prática de atos fraudulentos e que não há outras irregularidades que</p><p>recomendem sua rejeição. A sentença encerra a etapa judicial do procedimento.</p><p>Na hipótese de não homologação do plano, o devedor poderá, cumpridas as formalidades,</p><p>apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial. Não há o risco</p><p>de decretação da falência, ao contrário do que ocorre em caso de rejeição do plano de</p><p>recuperação judicial.</p><p>TERCEIRA FASE</p><p>A última fase da recuperação, também extrajudicial tal qual a primeira, ocorre após sua</p><p>homologação e se relaciona ao cumprimento do plano. Uma vez homologado, o plano obriga a</p><p>todos os credores das classes por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos créditos</p><p>constituídos até a data do pedido de homologação. Assim, é necessária a homologação judicial</p><p>para que o devedor possa obrigar os credores que não assinaram o plano a aceitá-lo.</p><p>Embora, em regra, o plano só produza efeito após sua homologação, é lícito, contudo, que ele</p><p>estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação, desde que exclusivamente em</p><p>relação à modificação do valor ou da forma de pagamento dos credores signatários.</p><p>Ressaltamos que não há previsão de nenhum órgão para fiscalizar o cumprimento do plano, ao</p><p>contrário do que ocorre na recuperação judicial (conforme vimos neste módulo).</p><p>Caso o devedor descumpra alguma obrigação do plano, seus credores poderão exigir seu</p><p>cumprimento forçado em processo judicial de execução.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. A RECUPERAÇÃO JUDICIAL NÃO PODE SER CONCEDIDA A</p><p>QUALQUER PESSOA, MAS APENAS ÀQUELAS QUE OSTENTAM A</p><p>CONDIÇÃO DE EMPRESÁRIO; TODAVIA, ADICIONALMENTE, A LEI</p><p>ESTABELECE REQUISITOS SUPLEMENTARES, COMO:</p><p>A) Exercício regular de sua empresa há mais de 6 (seis) meses, exceto se for microempresário</p><p>ou empresário de pequeno porte, que está dispensado de prazo.</p><p>B) Exercício regular de sua empresa há mais de 2 (dois) anos.</p><p>C) Exercício regular de sua empresa há</p><p>mais de 5 (cinco) anos, exceto se for microempresário</p><p>ou empresário de pequeno porte, que tem prazo reduzido para mais de 2 (dois) anos.</p><p>D) Exercício regular de sua empresa há mais de 1 (um) ano.</p><p>2. PARA OS MICROEMPRESÁRIOS E EMPRESÁRIOS DE PEQUENO</p><p>PORTE, ESTÁ PREVISTA A POSSIBILIDADE DE QUE SUA RECUPERAÇÃO</p><p>JUDICIAL SEJA CONCEDIDA A PARTIR DA APRESENTAÇÃO E</p><p>APROVAÇÃO DE UM PLANO ESPECIAL, CUJO CONTEÚDO É LIMITADO</p><p>POR LEI. NAS ALTERNATIVAS A SEGUIR, VOCÊ ENCONTRARÁ</p><p>ESTIPULAÇÕES QUE PODEM FAZER PARTE DESSE PLANO ESPECIAL,</p><p>EXCETO:</p><p>A) Necessidade de autorização do juiz, após ouvidos o administrador judicial e o comitê de</p><p>credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados.</p><p>B) Proposta de abatimento do valor das dívidas dirigida aos credores.</p><p>C) Parcelamento em até 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, acrescidas de juros</p><p>equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC).</p><p>D) Redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou</p><p>convenção coletiva.</p><p>GABARITO</p><p>1. A recuperação judicial não pode ser concedida a qualquer pessoa, mas apenas</p><p>àquelas que ostentam a condição de empresário; todavia, adicionalmente, a lei</p><p>estabelece requisitos suplementares, como:</p><p>A alternativa "B " está correta.</p><p>Apenas a alternativa B está correta, haja vista que só é possível o pedido de recuperação</p><p>judicial ao empresário regular, isto é, registrado na Junta Comercial, e que tenha mais de 2</p><p>anos de inscrição, como estabelece o artigo 48 da Lei nº 11.101/2005.</p><p>2. Para os microempresários e empresários de pequeno porte, está prevista a</p><p>possibilidade de que sua recuperação judicial seja concedida a partir da apresentação e</p><p>aprovação de um plano especial, cujo conteúdo é limitado por lei. Nas alternativas a</p><p>seguir, você encontrará estipulações que podem fazer parte desse plano especial,</p><p>exceto:</p><p>A alternativa "D " está correta.</p><p>Apenas a alternativa D possui conteúdo estranho ao plano especial, uma vez que esse plano</p><p>se limita às condições estabelecidas no artigo 71, da Lei nº 11.101/2005, não podendo estipular</p><p>redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou</p><p>convenção coletiva.</p><p>MÓDULO 2</p><p> Identificar o conceito de falência, seus princípios, pressupostos, sujeito passivo da</p><p>falência e os órgãos responsáveis por sua administração</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Os objetivos deste módulo são: aprender o conceito de falência, seus princípios e</p><p>pressupostos; identificar a figura do empresário, sujeito passivo da falência, e as entidades</p><p>excluídas do instituto; apresentar os órgãos responsáveis pela administração da falência, com</p><p>destaque para o administrador judicial; conhecer a classificação dos créditos na falência e</p><p>oferecer noções do procedimento falimentar, desde a fase preliminar até seu encerramento e</p><p>extinção das obrigações do falido.</p><p>A Lei nº 11.101/2005 não permite que o falido retome suas atividades e que cessem os efeitos</p><p>da falência durante o processo. Com isso, os bens que forem arrecadados para constituir a</p><p>massa falida serão vendidos, preferencialmente em bloco, para que, com o produto apurado,</p><p>os credores possam ser pagos.</p><p>Portanto, fica patente que os esforços do legislador são para a manutenção da empresa na</p><p>recuperação, mas a palavra final cabe sempre aos credores ao se manifestarem sobre o plano,</p><p>e não ao juiz.</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>FALÊNCIA</p><p>A falência, ao contrário da recuperação de empresas, tem finalidade liquidatória, isto é, a</p><p>venda judicial dos bens do falido para pagamento de seus credores, observadas as</p><p>preferências legais no pagamento, já que os credores são divididos em classes de acordo</p><p>com o crédito que ostentam.</p><p>FALIDO</p><p>O falido não pode prosseguir no exercício de qualquer empresa e, caso seja autorizada a</p><p>continuação excepcional do seu negócio, quem assumirá essa tarefa será o</p><p>administrador judicial. Ademais, forma-se, na falência, uma massa falida, resultado da</p><p>reunião dos credores e dos bens submetidos aos efeitos do instituto.</p><p>CONCEITO DE FALÊNCIA</p><p>A falência pode ser conceituada de duas formas, sendo a primeira baseada em uma noção</p><p>estática, isto é, focada na condição de falido, e a segunda em uma acepção dinâmica, que dá</p><p>ênfase ao procedimento da falência. Veja a seguir:</p><p>SENTIDO ESTÁTICO</p><p>SENTIDO DINÂMICO</p><p>SENTIDO ESTÁTICO</p><p>Neste sentido, a falência é a situação do devedor empresário ou sociedade empresária que,</p><p>sem relevante razão de direito, se encontra impontual nas condições previstas em lei ou que</p><p>pratica determinados atos caracterizadores de um estado de falência. A lei identifica a pessoa</p><p>do falido e sua condição, decorrendo efeitos a partir da decretação da falência por sentença.</p><p>SENTIDO DINÂMICO</p><p>Dá-se quando a falência é um processo de execução coletiva (concurso de credores) em que</p><p>os bens do devedor serão arrecadados (ficarão indisponíveis) para efeito de alienação judicial</p><p>futura e pagamento aos credores, observadas as preferências e os privilégios legais. Nessa</p><p>acepção, a falência tem função liquidatória (realização do ativo e pagamento do passivo) do</p><p>patrimônio do falido sujeito a seus efeitos, operando-se um ajuste de contas com os credores.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Os atos caracterizadores de um estado de falência estão previstos no artigo 94 da Lei nº</p><p>11,101/2005.</p><p>PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS DA</p><p>FALÊNCIA</p><p>Estudaremos, doravante, os princípios e pressupostos da falência. Os primeiros são utilizados</p><p>como norte, orientação, ao juiz para decidir nos casos em que a lei não regule expressamente</p><p>determinadas relações patrimoniais e também fundamentam a redação de vários dispositivos.</p><p>Os pressupostos são as condições subjetiva, objetiva e formal indispensáveis para a</p><p>caracterização jurídica da falência.</p><p>PRINCÍPIOS DA FALÊNCIA</p><p>O instituto da falência está baseado em três princípios: igualdade de tratamento entre os</p><p>credores do falido, universalidade do concurso e indivisibilidade do juízo. Adiantamos que cada</p><p>princípio tem suas exceções, que apresentaremos sucintamente ao fim da exposição.</p><p>Falaremos de cada um deles a seguir:</p><p>PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE OS CREDORES DO</p><p>FALIDO</p><p>Decorre do concurso universal que a falência instaura. Como o patrimônio do devedor está</p><p>insolvente, uma vez que a recuperação se revelou inviável ou foi negada, não há bens</p><p>suficientes para o pagamento da totalidade das dívidas, impondo-se uma intervenção do</p><p>legislador para regular o pagamento nessa situação, ou seja, de falência em sentido</p><p>econômico.</p><p>Os credores, mesmo sendo titulares de créditos de diversas origens e naturezas (trabalhista,</p><p>fiscal, com garantia real, sem garantia etc.), são tratados em pé de igualdade pela lei — par</p><p>conditio creditorum, expressão latina utilizada para identificar o princípio. Um exemplo da</p><p>igualdade que a lei estabelece é a necessidade de habilitação dos créditos ao processo, tanto</p><p>por parte de credores por obrigações vencidas quanto vincendas.</p><p>Mesmo que o crédito tenha vencimento após a falência, o credor estará na mesma condição de</p><p>outro cujo crédito já é exigível. Ambos deverão participar do concurso em pé de igualdade para</p><p>efeito de habilitação.</p><p>UNIVERSALIDADE DO CONCURSO</p><p>Em relação ao segundo princípio, da universalidade, também está associado ao concurso de</p><p>credores falimentares, porém sua relação mais próxima é com a figura da massa falida. A</p><p>falência compreende os bens e as obrigações do devedor, formando-se duas “massas”: a</p><p>massa de bens, resultado da arrecadação, e a massa de credores, resultado da habilitação e</p><p>verificação dos créditos.</p><p>Há, no processo de falência, dois documentos importantíssimos para exame da composição da</p><p>massa de bens (objetiva) e da massa de credores (subjetiva); são eles: o auto de arrecadação</p><p>(previsto no artigo 94 da Lei nº 11.101/2005) e o quadro geral de credores (previsto no artigo</p><p>18 da Lei nº 11.101/2005). A administração da massa falida e sua representação judicial</p><p>incumbem ao administrador judicial.</p><p>INDIVISIBILIDADE DO JUÍZO</p><p>O terceiro e último</p><p>princípio da falência tem relação com o juízo competente para decretar a</p><p>falência, ou seja, o do lugar do principal estabelecimento do devedor (conforme visto no</p><p>módulo 1). Tal princípio denomina-se indivisibilidade (ou “unidade”) do juízo da falência e está</p><p>previsto no artigo 76 da Lei nº 11.101/2005: “O juízo da falência é indivisível e competente para</p><p>conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido”.</p><p>Com isso, os credores deverão direcionar suas pretensões e seus recursos para o local onde</p><p>se processa a falência, onde serão apreciados pelo mesmo juiz. O juízo da falência tem, então,</p><p>uma “força atrativa” sobre os credores (vis attractiva).</p><p>Como advertido, existem exceções para cada um dos princípios diante de disposições da</p><p>própria Lei nº 11.101 ou de outras leis. No caso do princípio da igualdade, os créditos</p><p>tributários não estão sujeitos à habilitação na falência, e a própria Lei nº 11.101/2005</p><p>estabelece uma ordem de pagamento aos credores, a qual será analisada posteriormente.</p><p>Quanto ao princípio da universalidade, os bens impenhoráveis não são compreendidos na</p><p>massa falida objetiva, sendo insuscetíveis de arrecadação. Ademais, existem ações que não</p><p>são atraídas para o juízo da falência, como as causas trabalhistas e fiscais.</p><p>PRESSUPOSTOS PARA A DECRETAÇÃO DA</p><p>FALÊNCIA</p><p>Para ser decretada a falência, a legislação brasileira exige a concorrência de três</p><p>pressupostos:</p><p>PRESSUPOSTO SUBJETIVO</p><p>PRESSUPOSTO OBJETIVO</p><p>PRESSUPOSTO FORMAL</p><p>PRESSUPOSTO SUBJETIVO</p><p>Refere-se ao sujeito passivo, a pessoa que sofre a falência e seus efeitos.</p><p>PRESSUPOSTO OBJETIVO</p><p>Diz respeito à causa que motiva o pedido de falência e sua decretação.</p><p>PRESSUPOSTO FORMAL</p><p>É o ato que deve ser praticado pelo juiz para dar início à falência, a sentença de falência.</p><p>O sujeito passivo da falência não é qualquer devedor, mas apenas o empresário ou a</p><p>sociedade empresária. Tal restrição é histórica e remonta ao Código Comercial de 1850,</p><p>primeira lei nacional a tratar da falência. Com isso, ainda não é possível que pessoas físicas ou</p><p>jurídicas que não sejam empresários, de fato ou de direito, requeiram sua própria falência ou</p><p>que seus credores a requeiram.</p><p>Contudo, o sistema falimentar brasileiro comporta exceções de ambos os lados:</p><p>PARA EXCLUIR CERTAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS</p><p>DA FALÊNCIA</p><p>O artigo 2º, da Lei nº 11.101/2005, exclui várias entidades da aplicação dos institutos da</p><p>falência, da recuperação judicial e da recuperação extrajudicial. São elas: a) empresa pública;</p><p>b) sociedade de economia mista; c) instituição financeira pública ou privada; d) cooperativa de</p><p>crédito; e) consórcio; f) entidade de previdência complementar; g) sociedade operadora de</p><p>plano de assistência à saúde; h) sociedade seguradora; i) sociedade de capitalização; e j)</p><p>outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.</p><p>Todas essas entidades listadas, salvo as cooperativas de crédito, estão sujeitas ao regime das</p><p>sociedades empresárias, mas, por previsão legal, não se submetem aos institutos de direito</p><p>falimentar, e sim a procedimentos de liquidação administrativa (extrajudicial) previstos em leis</p><p>próprias.</p><p>PARA SUBMETER PESSOAS NATURAIS NÃO</p><p>EMPRESÁRIAS À FALÊNCIA</p><p>Por sua vez, a Lei nº 11.101/2005 submete pessoas naturais, sejam ou não empresárias, à</p><p>falência e em todos os seus efeitos. Trata-se do sócio de responsabilidade ilimitada presente</p><p>em certos tipos de sociedades empresárias, como os sócios da sociedade em nome coletivo ou</p><p>os sócios comanditados da sociedade em comandita simples.</p><p>De acordo com o artigo 81, da Lei nº 11.101/2005, a decretação da falência da sociedade com</p><p>sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos</p><p>mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida.</p><p>A causa da decretação da falência, pressuposto objetivo, está relacionada à impontualidade</p><p>(falta de pagamento) ou à prática de atos ruinosos ou fraudulentos por parte do devedor,</p><p>denominados “atos de falência”.</p><p>De acordo com o artigo 94, da Lei nº 11.101/2005, em duas situações se verifica a</p><p>impontualidade falimentar.</p><p>IMPONTUALIDADE</p><p>A impontualidade na falência tem uma conotação especial e bem limitada. Não se trata</p><p>apenas de o devedor deixar de pagar qualquer dívida, de qualquer valor ou representada</p><p>em qualquer documento.</p><p>1ª SITUAÇÃO</p><p>Acontece quando o devedor, sem relevante razão de direito (imotivadamente), não paga, no</p><p>vencimento, obrigação líquida (aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua</p><p>existência, que dispensa liquidação para apuração do seu valor ou da prestação) materializada</p><p>em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta)</p><p>salários-mínimos na data do pedido de falência.</p><p>Com isso, não basta ser credor, é preciso apresentar um documento que, por lei, seja</p><p>considerado um título executivo, com o valor mínimo previsto, que a soma dos títulos atinja</p><p>esse valor e que os títulos estejam protestados por falta de pagamento, constando nos</p><p>respectivos instrumentos o fim falimentar a que se destina o protesto.</p><p>javascript:void(0)</p><p>Obs.: Os artigos 515 e 784 do Código de Processo Civil enumeram os títulos executivos</p><p>judiciais e extrajudiciais.</p><p>2ª SITUAÇÃO</p><p>Também se configura a impontualidade falimentar se o credor já propôs uma ação de cobrança</p><p>em face do devedor, no caso uma ação de execução, mas não obteve o pagamento. É a</p><p>situação do devedor empresário ou da sociedade empresária que, executado por qualquer</p><p>quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do</p><p>prazo legal. Tais fatos evidenciam uma insolvência presumida e permitem ao credor suspender</p><p>a ação de execução e requerer a falência.</p><p>A falência, alternativamente, pode ser requerida e decretada, ainda que o crédito não esteja</p><p>vencido, pela prática de atos, pelo empresário individual ou pelos administradores da</p><p>sociedade empresária, denominados “atos de falência”. São práticas fraudulentas, ilícitas e,</p><p>muitas delas, criminosas, com o intuito de dilapidar o patrimônio, lesar credores ou fugir à</p><p>cobrança.</p><p>Cabe ao credor descrever tais práticas, juntando-se as provas que houver e especificando-se</p><p>as que serão produzidas. Veja a seguir:</p><p>ATOS DE FALÊNCIA</p><p>Proceder à liquidação precipitada de seus ativos ou lançar mão de meio ruinoso ou</p><p>fraudulento para realizar pagamentos.</p><p>Realizar ou, por atos inequívocos, tentar realizar, com o objetivo de retardar pagamentos</p><p>ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu</p><p>ativo a terceiro, credor ou não.</p><p>Transferir estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os</p><p>credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo.</p><p>Simular a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a</p><p>legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor.</p><p>Dar ou reforçar garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens</p><p>livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo.</p><p>Ausentar-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para</p><p>pagar os credores, abandonar estabelecimento ou tentar ocultar-se de seu domicílio,</p><p>do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento.</p><p>Deixar de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação</p><p>judicial.</p><p>Quanto ao pressuposto formal, somente se instaura o estado de falência a partir da sentença</p><p>do juiz, que produzirá efeitos a partir da segunda fase ou do período de informação. Com isso,</p><p>percebemos que o juiz não pode iniciar de ofício (por conta própria) o processo de falência.</p><p>Sempre será necessário um requerimento feito pelo credor ou por outras pessoas às quais a lei</p><p>confere legitimidade.</p><p>Também é possível que a falência seja decretada a partir de um pedido feito pelo devedor,</p><p>instituto conhecido como “autofalência”. Nesse caso, o devedor em crise econômico-financeira</p><p>que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação</p><p>judicial deverá requerer ao</p><p>juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade</p><p>empresarial.</p><p>No vídeo a seguir, o professor, doutor em Direito, Alexandre Ferreira de Assumpção Alves,</p><p>aborda os requisitos para a decretação da falência.</p><p>ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA</p><p>No módulo 1, estudamos os órgãos da recuperação judicial, que são os mesmos na falência,</p><p>com exceção do gestor judicial, que não atua.</p><p>DAREMOS DESTAQUE, NA EXPOSIÇÃO, À FIGURA DO</p><p>ADMINISTRADOR JUDICIAL, QUE ASSUME, NA FALÊNCIA,</p><p>UMA IMPORTÂNCIA CAPITAL E MUITO MAIOR DO QUE UMA</p><p>RECUPERAÇÃO JUDICIAL. RESSALTA-SE QUE O JUIZ DA</p><p>FALÊNCIA TEM UM PAPEL DE DESTAQUE NA PRIMEIRA FASE,</p><p>POIS CABE A ELE A DECISÃO SOBRE EVENTUAL</p><p>DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA, E NÃO AOS CREDORES, COMO</p><p>NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. TAMBÉM SÃO ATRIBUIÇÕES</p><p>DO JUIZ A NOMEAÇÃO, SUPERINTENDÊNCIA DA ATUAÇÃO E</p><p>DESTITUIÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL.</p><p>Como o foco da falência é a liquidação da empresa, a assembleia de credores e o comitê,</p><p>também órgão facultativo como na recuperação judicial, assumem um papel menor em</p><p>comparação à recuperação. Quanto ao representante do Ministério Público, que também</p><p>intervém no processo como fiscal da lei, sua participação é obrigatória após a decretação da</p><p>falência, especialmente durante o período de verificação dos créditos e venda dos bens</p><p>arrecadados.</p><p>CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DO ADMINISTRADOR</p><p>JUDICIAL</p><p>O administrador judicial é nomeado pelo juiz na sentença de falência. O critério para escolha é</p><p>o mesmo empregado na recuperação judicial, ou seja, profissional idôneo, preferencialmente</p><p>advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica</p><p>especializada. Após sua nomeação, o administrador será intimado para assinar termo de</p><p>compromisso, que marca a investidura nas suas funções.</p><p>Além da capacidade civil plena para ser administrador judicial, ou seja, ter mais de 18 anos e</p><p>não sofrer qualquer incapacidade, o nomeado não pode ter impedimento legal.</p><p>IMPEDIMENTOS PARA A ESCOLHA DO</p><p>ADMINISTRADOR JUDICIAL</p><p>Não poderá exercer as funções de administrador judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no</p><p>exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do comitê de credores em falência</p><p>ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos</p><p>legais ou teve a prestação de contas desaprovada.</p><p>Também está impedido de exercer a função de administrador judicial quem tiver relação de</p><p>parentesco ou afinidade até o 3º (terceiro) grau com o devedor, seus administradores,</p><p>controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Se uma pessoa tiver algum impedimento legal e for nomeada administrador judicial, o devedor,</p><p>qualquer credor ou o representante do Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituição</p><p>do nomeado.</p><p>Na falência, diante da inabilitação do empresário para o exercício de qualquer empresa e da</p><p>arrecadação de seus bens, são bem maiores as atribuições do administrador, que as exerce</p><p>sob a fiscalização do juiz e do comitê, se houver. Destacamos as mais importantes:</p><p>ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR</p><p>Elaborar e fazer publicar a relação de credores após a verificação dos créditos.</p><p>Consolidar o quadro geral de credores após o julgamento das impugnações de crédito</p><p>para posterior publicação.</p><p>Assumir a condução da atividade empresarial do falido, se autorizada a continuação</p><p>provisória pelo juiz na sentença de falência.</p><p>Examinar a escrituração do devedor para efeito de apuração de eventuais crimes</p><p>falimentares.</p><p>Relacionar os processos pendentes e assumir a representação judicial da massa falida.</p><p>Apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de</p><p>compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias</p><p>que conduziram à situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal</p><p>dos envolvidos.</p><p>Arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação onde</p><p>constarão o inventário dos bens e o laudo de avaliação.</p><p>Praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores.</p><p> ATENÇÃO</p><p>O administrador judicial responde com seus bens pessoais por ato ilícito, intencional (doloso)</p><p>ou culposo, pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores.</p><p>Tal qual na recuperação judicial, o administrador judicial faz jus a uma remuneração pelo seu</p><p>trabalho e pelos serviços prestados, cujo encargo é da massa falida (crédito de natureza</p><p>extraconcursal, que será pago anteriormente aos credores que entram no quadro do concurso</p><p>de credores).</p><p>Cabe ao juiz, em decisão no curso do processo, fixar o valor e a forma de pagamento da</p><p>remuneração, observados a capacidade de pagamento da massa falida, o grau de</p><p>complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de</p><p>atividades semelhantes.</p><p>EM QUALQUER HIPÓTESE, O TOTAL PAGO AO</p><p>ADMINISTRADOR JUDICIAL NÃO EXCEDERÁ 5% (CINCO POR</p><p>CENTO) DO VALOR DE VENDA DOS BENS NA FALÊNCIA,</p><p>PERCENTUAL REDUZIDO PARA 2% (DOIS POR CENTO) NO</p><p>CASO DE FALÊNCIA DE MICROEMPRESAS OU EMPRESAS DE</p><p>PEQUENO PORTE. DO MONTANTE TOTAL DA REMUNERAÇÃO</p><p>FIXADA, DEVEM SER RESERVADOS 40% (QUARENTA POR</p><p>CENTO) PARA PAGAMENTO APÓS O JULGAMENTO DAS</p><p>CONTAS DO ADMINISTRADOR JUDICIAL E A APRESENTAÇÃO</p><p>DO RELATÓRIO FINAL DA FALÊNCIA.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS NA</p><p>FALÊNCIA</p><p>Como exceção ao princípio da igualdade de tratamento entre os credores do devedor, a Lei nº</p><p>11.101, em seu artigo 83, estabelece uma ordem de pagamento entre os credores do falido,</p><p>denominados “concursais”. Cabe salientar que os credores, cujos créditos surgirem após a</p><p>decretação da falência, em razão de obrigações assumidas pela massa falida ou despesas do</p><p>processo, por exemplo, são considerados extraconcursais, pagos preferencialmente em</p><p>relação aos créditos concursais.</p><p>A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:</p><p>1ª CLASSE</p><p>2ª CLASSE</p><p>3ª CLASSE</p><p>4ª CLASSE</p><p>5ª CLASSE</p><p>6ª CLASSE</p><p>7ª CLASSE</p><p>8ª CLASSE</p><p>1ª CLASSE</p><p>Os créditos derivados da legislação do trabalho, com preferência até o limite de 150 salários-</p><p>mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho, sem limite. O saldo excedente</p><p>do crédito trabalhista é incluído na classe dos créditos quirografários.</p><p>2ª CLASSE</p><p>Os créditos com garantia real, isto é, aqueles que possuem bens do patrimônio do devedor ou</p><p>de terceiro vinculados a seu pagamento, até o limite do valor do bem gravado.</p><p>Para efeito de inserção do crédito, nesta classe, será considerado como valor do bem, objeto</p><p>de garantia real, a importância efetivamente arrecadada com sua venda (valor líquido), ou, no</p><p>caso de alienação em bloco da empresa ou de estabelecimento, o valor de avaliação do bem</p><p>individualmente considerado. A parte do crédito excedente a esse limite será incluída na classe</p><p>dos créditos quirografários.</p><p>3ª CLASSE</p><p>Créditos tributários, independentemente da sua natureza e do tempo de constituição,</p><p>excetuadas as multas tributárias. São considerados extraconcursais os créditos tributários</p><p>decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência.</p><p>4ª CLASSE</p><p>Créditos com privilégio especial, isto é, a satisfação do crédito está vinculada ao valor apurado</p><p>com a venda de determinados bens do patrimônio do devedor, sobre os quais recai o privilégio.</p><p>5ª CLASSE</p><p>Créditos com privilégio geral, isto é, a satisfação do crédito está vinculada ao valor apurado</p><p>com a venda dos bens do devedor que não sejam objeto de garantia real ou privilégio especial.</p><p>6ª CLASSE</p><p>Créditos quirografários, aqueles sem qualquer garantia ou privilégio quanto ao recebimento.</p><p>Até a entrada em vigor da Lei no 11.101, essa era a última classe de credores.</p><p>7ª CLASSE</p><p>As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas,</p><p>inclusive as multas tributárias.</p><p>8ª CLASSE</p><p>Créditos subordinados, a saber: os assim previstos em lei ou em contrato e os créditos dos</p><p>sócios e dos administradores</p>

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