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<p>Dissídios coletivos</p><p>na prática</p><p>Profa. Carolina Tupinambá</p><p>Descrição</p><p>Você vai estudar os conhecimentos práticos acerca das ações</p><p>características e exclusivas do processo trabalhista (dissídios</p><p>coletivos).</p><p>Propósito</p><p>Este conteúdo deve ser um norte para o operador do direito que atua</p><p>nos dissídios coletivos. Neste material, identificaremos as principais</p><p>estratégias para aplicação prática de conceitos estudados em</p><p>graduação e pós-graduação em direito material e processual do</p><p>trabalho.</p><p>Preparação</p><p>Antes de começar, tenha em mãos a Consolidação das Leis do Trabalho</p><p>(CLT) e o Código de Processo Civil (CPC).</p><p>Objetivos</p><p>Módulo 1</p><p>Conceito histórico e requisitos do dissídio</p><p>coletivo trabalhista</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 1/40</p><p>Analisar conceitos, fundamentos e princípios dos dissídios coletivos.</p><p>Módulo 2</p><p>Processamento do dissídio coletivo</p><p>Descrever o conhecimento prático dos dissídios coletivos.</p><p>Introdução</p><p>Neste conteúdo, veremos exemplos práticos acerca do dissídio</p><p>coletivo para o operador do direito, pois não basta saber o</p><p>conceito e os requisitos da demanda judicial no âmbito coletivo</p><p>se o operador não souber transformar em petição.</p><p>Ao contrário do processo trabalhista individual, o coletivo, além</p><p>de atingir grande número de trabalhadores de uma só vez,</p><p>influencia contratos de emprego ainda em vigor, o que é mais raro</p><p>na prática litigiosa individual. É com o dissídio coletivo que se</p><p>criam obrigações aderidas aos contratos de trabalho para muito</p><p>além da legislação trabalhista.</p><p>Veremos orientações de sugestões de tratativas pré-ajuizamento</p><p>do dissídio coletivo e da organização da petição inicial quando</p><p>impossível seu não ajuizamento; a indicação clara do</p><p>cumprimento dos requisitos legais, tais como o do “comum</p><p>acordo” previsto para dissídio coletivo de natureza econômica;</p><p>matérias de defesa; sugestões de cláusulas compensatórias que</p><p>pacifiquem o conflito, além de estratégias a serem adotadas</p><p>durante o curso da demanda judicial para se obter êxito em</p><p>conflitos coletivos.</p><p>Material para download</p><p></p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 2/40</p><p>Clique no botão abaixo para fazer o download do</p><p>conteúdo completo em formato PDF.</p><p>Download material</p><p>1 - Conceito histórico e requisitos do dissídio coletivo</p><p>trabalhista</p><p>Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar conceitos, fundamentos e princípios dos</p><p>dissídios coletivos.</p><p>Origem histórica e conceituação do</p><p>dissídio coletivo</p><p>Assista ao vídeo e aprenda sobre o conceito de dissídio coletivo, com</p><p>suas principais características e funcionalidades, além da</p><p>contextualização de seu surgimento e as discussões políticas e jurídicas</p><p>que circundaram tal momento.</p><p>Histórico do dissídio coletivo trabalhista</p><p>Os dissídios coletivos são ações características e exclusivas do</p><p>processo trabalhista. Em 1926, a Carta del Lavoro deu à magistratura</p><p>italiana poder para dirimir conflitos coletivos do trabalho por meio da</p><p>instituição de regras que se revelavam leis para as classes trabalhadora</p><p>e patronal envolvidas. A partir desse modelo, em 1932, foram instituídas</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 3/40</p><p>javascript:CriaPDF()</p><p>no Brasil as Comissões Mistas de Conciliação, que funcionariam como</p><p>uma espécie de arbitragem facultativa.</p><p>Carta del Lavoro</p><p>Documento elaborado pelo Partido Nacional Fascista, de Benito Mussolini,</p><p>que buscou apresentar linhas de orientação para as relações de trabalho na</p><p>Itália, estabelecendo um modelo político-econômico corporativista.</p><p>Mais tarde, com o golpe do Estado Novo e a outorga da Constituição de</p><p>1937 por Getúlio Vargas, foi instituída a arbitragem obrigatória como</p><p>saída para solução de conflitos coletivos. Em jogada política estratégica,</p><p>na tentativa de atrair apoio e condescendência para a superação da</p><p>crise do Estado Novo, em 1943, foi publicada a Consolidação das Leis</p><p>do Trabalho (CLT).</p><p>A obra de Getúlio Vargas era servil ao populismo, sistematizando os</p><p>direitos dos trabalhadores e algemando a estrutura sindical ao Estado.</p><p>Para arrebatar definitivamente o controle da classe trabalhadora sobre</p><p>seu próprio destino, a Justiça do Trabalho, à época órgão administrativo,</p><p>passa a poder resolver conflitos coletivos de trabalhadores criando</p><p>regras de ordem jurídica, de forma impositiva e, em tese, protetoras.</p><p>CLT publicada no Diário Oficial de 9 de agosto de 1943.</p><p>Veja o que assegura o dispositivo 114 da Constituição Federal (CF) após</p><p>a redação ter sido alterada pela Emenda Constitucional nº 45 de 30 de</p><p>dezembro de 2004.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 4/40</p><p>Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho</p><p>processar e julgar:</p><p>(...)</p><p>§ 1° - Frustrada a negociação coletiva, as</p><p>partes poderão eleger árbitros.</p><p>§ 2° - Recusando-se qualquer das partes à</p><p>negociação coletiva ou à arbitragem, é</p><p>facultado às partes, de comum acordo,</p><p>ajuizar dissídio coletivo de natureza</p><p>econômica, podendo a Justiça do Trabalho</p><p>decidir o conflito, respeitadas as disposições</p><p>mínimas legais de proteção ao trabalho, bem</p><p>como as convencionadas anteriormente.</p><p>§ 3° - Em caso de greve em atividade</p><p>essencial, com possibilidade de lesão do</p><p>interesse público, o Ministério Público do</p><p>Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo,</p><p>competindo à Justiça do Trabalho decidir o</p><p>conflito. (grifo nosso)</p><p>art. 114 da CFRB</p><p>Os dissídios coletivos, portanto, são ações destinadas à defesa de</p><p>interesses gerais e abstratos de uma categoria, tendo por objeto a</p><p>interpretação ou criação de normas mais benéficas do que as previstas</p><p>em lei. Depreende-se não só o caráter normativo atribuído à Justiça do</p><p>Trabalho, mas, ainda, pode-se identificar, nitidamente, que as regras</p><p>oriundas desse poder excepcional, em tese, visam ampliar os direitos</p><p>abstratos dos trabalhadores.</p><p>O teor dos dissídios coletivos, inicialmente de caráter remuneratório, foi</p><p>cada vez mais se diversificando, revelando uma crescente</p><p>autorregulamentação. Hoje, são comuns causas judicializadas</p><p>reivindicando benefícios não salariais, como questões de estabilidade,</p><p>fornecimentos de bens, jornada de trabalho, e comunicações</p><p>(Süssekind, 2003, p. 1441).</p><p>Além de seu “pecado original” revelado pelo contexto histórico que</p><p>depõe o surgimento mal-intencionado dos dissídios como possibilidade</p><p>de controle dos sindicatos pelo governo, o poder normativo, consistente</p><p>em sua raiz corporativista, identifica, na prática, um conjunto de dramas</p><p>e problemas, veja!</p><p> Imposição de políticas salariais rígidas que</p><p>aniquilam a possibilidade de concessões</p><p>econômicas.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 5/40</p><p>Os dissídios coletivos não se prestam apenas e simplesmente a</p><p>“inventar” normas mais benéficas aos trabalhadores. Eventuais normas</p><p>instituídas ou interpretadas pelo procedimento invulgar devem otimizar</p><p>o valor social a permear as relações de trabalho sob ambos os lados</p><p>envolvidos. A Constituição de 1988 não dispõe no sentido de que a ação</p><p>trabalhista seja um meio de proteção do trabalhador. Pelo contrário,</p><p>logo no artigo 1º, inciso IV, dispõe que é fundamento do Estado tanto a</p><p>livre iniciativa quanto o valor social do trabalho.</p><p>Conceito</p><p>As entidades de classe (sindicatos, federações e confederações) e as</p><p>empresas têm a prática de negociar regras relativas aos trabalhadores</p><p>de determinada categoria. Essas negociações (coletivas, por se darem</p><p>no âmbito da coletividade de trabalhadores e não nos contratos</p><p>individuais de trabalho) são definidas como Acordo Coletivo do</p><p>Trabalho, quando o negociante é uma empresa, ou Convenção Coletiva</p><p> Repetitividade anual dos dissídios coletivos</p><p>que</p><p>leva à burocratização das decisões.</p><p> Risco de desmoralização da Justiça do Trabalho,</p><p>pois, por vezes, as sentenças normativas outorgam</p><p>menos do que fora oferecido pelos empregadores</p><p>na negociação coletiva.</p><p> Lentidão do julgamento do dissídio coletivo e de</p><p>todos os recursos cabíveis, acarretando incontáveis</p><p>dissabores para as partes.</p><p> Conservadorismo do Judiciário, que acaba se</p><p>opondo a conquistas significativas para a classe</p><p>operária.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 6/40</p><p>do Trabalho, quando o negociante é o sindicato patronal; sempre tendo</p><p>no outro polo o sindicato profissional.</p><p>Esses instrumentos coletivos têm prazo de duração estabelecido pelas</p><p>partes, mas podem durar no máximo dois anos, conforme art. 614, § 3º,</p><p>da CLT. Após, as partes obrigatoriamente precisam negociar novos</p><p>termos caso tenham interesse; do contrário, a relação será regida</p><p>apenas pela legislação trabalhista.</p><p>A importância dessas negociações se dá muito em relação a</p><p>especificidades de relações de trabalho que a legislação trabalhista não</p><p>consegue prever. É muito mais inteligente que uma empresa se reúna</p><p>com seus empregados, devidamente representados pelo sindicato</p><p>profissional, e debata as melhores condições para ambos, ainda mais</p><p>quando o trabalho prestado apresenta características singulares que</p><p>apenas as próprias partes envolvidas entendem.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 7/40</p><p>O dissídio coletivo é uma ação judicial em que as partes buscam a</p><p>solução de um conflito que ultrapassa as relações individuais de</p><p>trabalho (conflito coletivo). É instaurado quando não há acordo na</p><p>negociação direta entre trabalhadores ou sindicatos e empregadores.</p><p>Portanto, é uma forma de solução de conflitos coletivos de trabalho em</p><p>que o Poder Judiciário põe fim ao conflito entre os empregadores e os</p><p>representantes de grupo/categoria dos trabalhadores.</p><p>Os interesses discutidos são abstratos, já que envolvem inúmeros</p><p>trabalhadores indeterminados. A decisão do dissídio criará uma norma</p><p>jurídica eficaz para empregadores e trabalhadores ou empregados, e</p><p>tem o nome de sentença normativa.</p><p>Paci�cação do con�ito</p><p>Assista ao vídeo e entenda sobre o poder normativo da Justiça do</p><p>Trabalho, bem como sua extensão e seus limites.</p><p>Poder normativo da Justiça do Trabalho</p><p>Tratando dessa pacificação do conflito, é necessário conceituar o poder</p><p>normativo da Justiça do Trabalho, que se concretiza justamente na</p><p>sentença normativa referida e é inspirado na Carta del Lavoro do regime</p><p>fascista italiano de Benito Mussolini, a qual atribui ao magistrado</p><p>trabalhista italiano o poder de dirimir conflitos coletivos de trabalho pela</p><p>fixação de novas condições laborais.</p><p>A organização da Justiça do Trabalho foi disciplinada pelo Decreto-Lei</p><p>nº 1.217, de 1/5/1939 (absorvido pela CLT em 1º/5/1943) que, em seu</p><p>art. 65, atribuiu expressamente o poder normativo à Justiça do Trabalho.</p><p>A primeira previsão constitucional de tal poder deu-se em 1946, no art.</p><p>123, § 2º, que previa que a lei especificaria os casos nos quais as</p><p>decisões nos dissídios coletivos poderiam estabelecer normas e</p><p>condições de trabalho. Desde então, o poder normativo da Justiça do</p><p>Trabalho foi previsto em todas as constituições brasileiras.</p><p>Segundo o texto constitucional vigente pós emenda nº 45/04, a</p><p>sentença normativa deverá observar as “disposições convencionais e</p><p>legais mínimas de proteção ao trabalho”. O Supremo Tribunal Federal</p><p>(STF), no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) n. 197.911-9-PE, 1ª</p><p>T., Diário de Justiça da União (DJU) 7.11.1997, interpretou a antiga</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 8/40</p><p>redação do § 2º do art. 114 da CF/88 para estabelecer duas ordens de</p><p>limites ao poder normativo da Justiça do Trabalho.</p><p>Reconheceu o STF que, na sua área de atuação, o poder normativo não</p><p>poderia ser elevado, no regime jurídico da separação de poderes, ao</p><p>grau de “poder irrestrito de legislar ao órgão do Poder Judiciário”,</p><p>estando limitado a atuar no “vazio legislativo”, de forma subsidiária ou</p><p>supletiva, mas, ainda assim, subordinado à lei, não podendo “produzir</p><p>normas ou disposições contrárias à Constituição”.</p><p>Observe agora as duas ordens de limitações impostas ao poder</p><p>normativo pelo STF.</p><p></p><p>Observância dos preceitos constitucionais.</p><p></p><p>Não invasão da esfera reservada à lei (Princípio da reserva legal).</p><p>A disposição, por exemplo, do inciso XXI do art. 7º da CF/88, que</p><p>prescreve “aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no</p><p>mínimo de trinta dias, nos termos da lei”, não daria ensejo à fixação, em</p><p>sede de poder normativo, da prevista proporcionalidade, por exemplo.</p><p>Portanto, a atuação advocatícia busca evitar a propositura de cláusulas</p><p>de negociações coletivas que visivelmente esbarram na limitação do</p><p>juiz. Um aviso prévio menor do que 30 dias, se previsto por lei, já seria</p><p>inconstitucional, não havendo outro entendimento para aquele previsto</p><p>em uma sentença normativa.</p><p>A proposta de cláusulas manifestamente contrárias à limitação de</p><p>disposição do Poder Judiciário (os direitos dito absolutamente</p><p>indisponíveis) descredibiliza a parte e enfraquece seu poder de</p><p>negociação e convencimento ao juízo. É papel do advogado informar a</p><p>seu cliente quais cláusulas sequer devem ser oferecidas antes de se</p><p>ajuizar o dissídio coletivo.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 9/40</p><p>Importa destacar os problemas no poder normativo do Judiciário</p><p>trabalhista. Confira!</p><p>Restrições ao poder normativo</p><p>O poder normativo apresenta restrições. Por exemplo, o Tribunal</p><p>Superior do Trabalho (TST), por meio das Orientações Jurisprudenciais</p><p>(OJs) de sua Seção de Direitos Coletivos (SDC), já indicou algumas</p><p>limitações. Vamos conhecê-las!</p><p>Pessoa jurídica de direito público. Possibilidade jurídica.</p><p>Cláusula de natureza social (redação alterada na sessão do</p><p>Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) – Res. 186/2012, DEJT</p><p>divulgado em 25, 26 e 27.09.2012.</p><p>Em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha</p><p>empregados, cabe dissídio coletivo exclusivamente para</p><p>apreciação de cláusulas de natureza social. Inteligência da</p><p> Enfraquecimento da liberdade negocial.</p><p> Desconhecimento pelo judiciário das condições do</p><p>setor.</p><p> Demora de decisões.</p><p> Generalização das condições de trabalho.</p><p> Descumprimento de decisões.</p><p>OJ-SDC-5 dissídio coletivo </p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 10/40</p><p>Convenção nº 151 da Organização Internacional do Trabalho,</p><p>ratificada pelo Decreto Legislativo nº 206/2010.</p><p>Natureza jurídica. Interpretação de norma de caráter genérico.</p><p>Inviabilidade.</p><p>Não se presta o dissídio coletivo de natureza jurídica à</p><p>interpretação de normas de caráter genérico, a teor do disposto</p><p>no art. 313, II, do RITST.</p><p>Incompetência material da justiça do trabalho.</p><p>O dissídio coletivo não é meio próprio para o Sindicato vir a obter</p><p>o reconhecimento de que a categoria que representa é</p><p>diferenciada, pois essa matéria - enquadramento sindical -</p><p>envolve a interpretação de norma genérica, notadamente do art.</p><p>577 da CLT.</p><p>Caso haja alguma discussão acerca da representatividade sindical, é</p><p>necessário que se ajuíze outra demanda antes do dissídio coletivo. Para</p><p>que seja instaurado, não pode haver dúvidas sobre a legitimidade das</p><p>partes. Para pessoas jurídicas de direito público, os dissídios de</p><p>natureza econômica não podem ser ajuizados. Esse é entendimento</p><p>pacífico no TST, apesar de ainda se encontrar, na prática, muitas ações</p><p>ajuizadas nesse sentido, ainda que sem êxito.</p><p>Classi�cação dos dissídios coletivos</p><p>Assista ao vídeo e entenda</p><p>que os dissídios coletivos têm diferentes</p><p>espécies, com requisitos díspares e estratégia processual diferenciada.</p><p>OJ-SDC-7 dissídio coletivo </p><p>OJ-SDC-9 enquadramento sindical </p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 11/40</p><p>Dissídios coletivos de natureza jurídica e de natureza</p><p>econômica</p><p>Há os dissídios coletivos de natureza econômica (ou de interesses ou</p><p>constitutivo), de natureza jurídica (também denominados de conflitos de</p><p>direito ou de cunho declaratório) e de natureza mista. Essa classificação</p><p>foi adotada inclusive pelo Regimento Interno do Tribunal Superior do</p><p>Trabalho (RITST), no art. 241, e tem como referência o objeto do</p><p>dissídio.</p><p>Dissídios coletivos de natureza econômica</p><p>Referem-se às ações constitutivas, ou seja, criam normas ou condições</p><p>no âmbito das relações trabalhistas. São subdivididos em três espécies.</p><p>Vejamos!</p><p>Originária ou inaugural</p><p>Quando inexistir norma coletiva anterior (CLT, art. 867, § ún., letra a).</p><p>Revisional</p><p>Quando pretender a revisão de norma coletiva anterior (CLT, arts. 873 a</p><p>875).</p><p>De extensão</p><p>Quando visar a extensão ao restante da categoria (CLT, arts. 868 a 871).</p><p>Dissídios coletivos de natureza jurídica</p><p>Têm por objeto a obtenção de uma sentença declaratória, decidindo</p><p>acerca da correta interpretação de determinadas normas coletivas</p><p>existentes. Na atual redação do art. 114, §2º, da Constituição Federal,</p><p>foi acrescentada a expressão “de natureza econômica”, ao lado do</p><p>termo “dissídio coletivo”. Para muitas pessoas, estaria extinta a</p><p>possibilidade de ajuizamento de dissídios de natureza jurídica. Não</p><p>obstante, os dissídios de índole jurídica têm por escopo a interpretação</p><p>ou aplicação de normas preexistentes, que se incluem entre as</p><p>chamadas típicas atividades jurisdicionais.</p><p>Ao atuarem na apreciação de um dissídio de natureza jurídica, as cortes</p><p>trabalhistas exercem atividade própria do Poder Judiciário, tal como</p><p>ocorre, ainda que de forma genérica, nos julgamentos das reclamações</p><p>trabalhistas, ações civis públicas, mandados de segurança, ações de</p><p>cumprimento, e nas variadas ações coletivas que buscam a</p><p>interpretação de norma jurídica atinente a interesse metaindividual, a</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 12/40</p><p>exemplo dos mandados de segurança coletivos, ações civis públicas,</p><p>ações diretas de inconstitucionalidade etc.</p><p>Por conseguinte, não há necessidade de previsão expressa do dissídio</p><p>de índole jurídica no §2º, do art. 114, da CF, pois sua possibilidade já se</p><p>encontra tacitamente inserida na competência genérica da Justiça do</p><p>Trabalho, contida no mesmo art. 114, inciso I. Portanto, no dissídio</p><p>coletivo de natureza econômica, os trabalhadores reivindicam novas e</p><p>melhores condições de trabalho.</p><p>No dissídio coletivo de natureza jurídica procura-se sanar divergência</p><p>sobre aplicação ou interpretação de uma norma jurídica existente, que</p><p>pode ser:</p><p>Lei de aplicação particular de determinada categoria (não se tem</p><p>admitido dissídio coletivo para interpretação de norma legal de</p><p>caráter geral – OJ 7, Seção Especializada de Dissídios Coletivos -</p><p>SDC, TST).</p><p>Convenção coletiva.</p><p>Acordo coletivo.</p><p>Contrato coletivo.</p><p>Sentença normativa.</p><p>Laudo arbitral.</p><p>Ato normativo qualquer.</p><p>Dissídios coletivos de natureza mista</p><p>São aqueles cuja pretensão, não meramente declaratória, busque</p><p>pronunciamento judicial capaz de constituir novas relações de trabalho.</p><p>Algumas outras classificações doutrinárias são interessantes. A</p><p>sistemática arquitetada por Roberto Barreto Prado, citado por Wagner</p><p>Giglio (2002, p. 384), divide as referidas ações coletivas em “de direito” e</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 13/40</p><p>“de interesse”, conforme tenham como objeto a interpretação de</p><p>cláusula normativa ou de lei trabalhista, em sentido amplo, ou</p><p>simplesmente a criação de novas normas.</p><p>Wagner Giglio (2002, p. 384), por sua vez, prefere distinguir os dissídios</p><p>coletivos adotando a nomenclatura sugerida por Amauri Mascaro</p><p>Nascimento. Confira tal distinção!</p><p></p><p>Processos de revisão.</p><p></p><p>Processos coletivos constitutivos, pois criam novas normas.</p><p></p><p>Processos declaratórios, que se limitam a interpretar norma coletiva</p><p>convencional ou legal.</p><p>O Regimento Interno do TST também se utilizou dessa classificação ao</p><p>prever a existência dos dissídios originários, de revisão e de declaração</p><p>sobre a paralisação do trabalho decorrente de greve dos trabalhadores</p><p>(art. 241, III a V). Na greve, o dissídio coletivo tem natureza híbrida, pois,</p><p>em um primeiro momento, a Justiça do Trabalho irá decidir sobre a</p><p>legalidade ou abusividade do movimento para, depois, apreciar as</p><p>cláusulas em jogo.</p><p>Já no dissídio coletivo de greve o objeto é a declaração do Tribunal</p><p>Regional do Trabalho a respeito da abusividade ou não da paralisação</p><p>coletiva dos trabalhadores. Além da declaração, é comum se requerer o</p><p>tratamento acerca dos dias de paralisação, se deve haver desconto ou</p><p>não, ou se serão compensados, por exemplo.</p><p>Dissídio de revisão</p><p>Após mais de um ano de vigência da decisão normativa, caberá revisão</p><p>dela quando se tiverem modificado as circunstâncias que as ditaram, de</p><p>modo que tais condições tenham se tornado injustas ou inaplicáveis</p><p>(art. 873 da CLT). Tem legitimidade para propor a revisão o próprio</p><p>tribunal prolator, o Ministério Público do Trabalho (MPT), as associações</p><p>sindicais ou de empregador ou empregadores interessados no</p><p>cumprimento da decisão.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 14/40</p><p>Dissídio de extensão</p><p>Apenas admissível para os dissídios coletivos de natureza econômica,</p><p>tem como objetivo que a decisão normativa alcance a todos os</p><p>empregados da empresa ou em relação a toda a categoria profissional.</p><p>De acordo com o art. 868, caput, CLT, poderá o tribunal competente, na</p><p>própria decisão, estender tais condições de trabalho se julgar justo e</p><p>conveniente aos demais empregados da empresa que forem da mesma</p><p>profissão dos dissidentes. Nesse caso, não será necessário que ¾ dos</p><p>empregadores e ¾ dos empregados concordem com a extensão da</p><p>decisão (art. 870, CLT). Apesar da ausência de expressa previsão legal, o</p><p>MPT também pode requerer a extensão (art. 859, d, CLT).</p><p>Requisitos para propositura do</p><p>dissídio coletivo</p><p>Assista ao vídeo e aprenda sobre a competência para processamento e</p><p>a legitimidade para propositura do dissídio coletivo.</p><p>Pressupostos subjetivos</p><p>Competência</p><p>Nos dissídios coletivos, o critério de fixação de competência é a</p><p>extensão territorial do conflito e não a base geográfica dos sindicatos</p><p>nele intervenientes. Assim, se o conflito se restringir à área de atuação</p><p>de apenas um tribunal regional do trabalho, será ele competente para</p><p>dirimir o conflito. Se, contudo, o conflito exceder a extensão territorial de</p><p>um tribunal do trabalho, o Tribunal Superior do Trabalho será</p><p>competente (art. 702 da CLT).</p><p>Atenção!</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 15/40</p><p>Cumpre anotar que a Lei nº 7.701/88 trata detalhadamente da matéria,</p><p>dispondo, ainda, sobre a especialização de turmas dos tribunais do</p><p>trabalho em processos coletivos. Os dissídios coletivos são sempre</p><p>ajuizados perante um tribunal, órgão colegiado, e nunca órgão singular.</p><p>Cláusulas que se relacionam com pleitos previdenciários não podem ser</p><p>submetidas à apreciação do Judiciário trabalhista.</p><p>Legitimidade para propositura</p><p>No dissídio coletivo, as partes ganham denominações diferentes dos</p><p>conhecidos autor e réu e se tornam suscitante e suscitado. Têm</p><p>legitimidade para ajuizar um dissídio coletivo os sujeitos com poder de</p><p>negociação das condições de trabalho. A instauração de dissídio</p><p>coletivo constitui prerrogativa das entidades sindicais profissionais e</p><p>econômicas. Poderão suscitar dissídio coletivo a empresa ou empresas</p><p>envolvidas em um conflito a elas limitado, mas apenas quando da</p><p>ausência de entidade sindical que as represente.</p><p>A legitimidade dos sindicatos e empresas para propositura do dissídio</p><p>coletivo econômico é ordinária, enquanto a atuação sindical nos</p><p>dissídios de natureza jurídica trata-se de substituição processual.</p><p>Ordinariamente, portanto, as federações e confederações não estariam</p><p>legitimadas a ingressar em dissídios coletivos, já que, nos termos do art.</p><p>534, §3 da CLT, não representam trabalhadores ou empregadores.</p><p>Excepcionalmente, embora, a princípio, federações e confederações não</p><p>estejam legitimadas a ingressar em dissídios coletivos (já que, nos</p><p>termos do art. 534, §3 da Consolidação das Leis do Trabalho, não</p><p>representam trabalhadores ou empregadores), os tribunais, dentre eles o</p><p>TST, vêm entendendo pela validade do art. 611, §2, da CLT, permitindo a</p><p>atuação das federações quando não houver representação de</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 16/40</p><p>sindicatos, e a atuação das confederações quando não houver</p><p>federações.</p><p>O TST também vem aceitando como legítimos acordos coletivos de</p><p>trabalho assinados por grupos de empregados quando o sindicato</p><p>profissional se recusa à negociação. Já as centrais sindicais não</p><p>possuem legitimidade para suscitar dissídio coletivo, pois, além de não</p><p>se enquadrarem na estrutura sindical delineada pela Constituição, têm</p><p>representação plural, com base composta por entidades sindicais de</p><p>categorias distintas.</p><p>A Seção Especializada em Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do</p><p>Trabalho, em 2022, decidiu que as empresas não têm legitimidade para</p><p>promover dissídio coletivo de natureza econômica, pois os</p><p>empregadores podem conceder espontaneamente quaisquer vantagens</p><p>à categoria profissional, sem intervenção judicial.</p><p>O caso foi julgado no Recurso Ordinário 8683-52.2021.5.15.0000, em</p><p>que uma empresa encontrou dificuldade em negociar com o sindicato</p><p>dos trabalhadores o acordo coletivo, conseguindo, inclusive, a</p><p>concordância do sindicato patronal. Contudo, o TST não admitiu o</p><p>dissídio por ilegitimidade autoral. Em havendo dissídios de greve e na</p><p>falta de entidade sindical, a comissão de negociação formada por</p><p>trabalhadores poderá suscitar dissídio coletivo (art. 5º da Lei nº</p><p>7.783/89), não obstante possa haver posicionamento no sentido de</p><p>invalidação da referida norma pelo texto constitucional.</p><p>Recomendação</p><p>A conclusão do referido acórdão poderá ser consultada no artigo</p><p>Concessionárias de estradas de SP não podem propor ação para discutir</p><p>cláusulas econômicas, no site do TST.</p><p>As associações profissionais não têm legitimidade para suscitar</p><p>dissídios coletivos, em virtude de não possuírem personalidade sindical.</p><p>As associações representam somente seus associados, sem poderes</p><p>de representação da categoria ou grupo de trabalhadores não filiados.</p><p>Além disso, como não detêm a prerrogativa de firmar acordos e</p><p>convenções coletivas de trabalho, cuja atribuição é exclusiva das</p><p>entidades sindicais (art. 153, “b”, CLT e art. 8º, VI, CF/88), não poderão</p><p>propor uma demanda judicial substitutiva de uma negociação que não</p><p>podem entabular. É muito comum, ainda, que as associações ingressem</p><p>com dissídios coletivos no Judiciário trabalhista, mas a jurisprudência é</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 17/40</p><p>pacífica pela extinção do processo sem resolução do mérito por</p><p>ilegitimidade da parte autora.</p><p>Portanto, na prática profissional, não é aconselhável que o advogado</p><p>opte por patrocinar tal cliente, pois não será meio processual apto para</p><p>solucionar o conflito. Porém, é aconselhável que as associações</p><p>ingressem no dissídio coletivo por meio da figura do amicus curiae, pois</p><p>ajudará, sobremaneira, na pacificação da questão, mesmo não sendo</p><p>legítima para integrar a relação processual.</p><p>Em caso de greve em atividade essencial e com potencial de lesão do</p><p>interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar</p><p>dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. A</p><p>atuação do Ministério Público do Trabalho restou limitada com a edição</p><p>da emenda constitucional nº 45/04. A rigor, antes da reforma era</p><p>permitido ao parquet ajuizar dissídio em caso de greve em atividade não</p><p>essencial, como lhe facultava a própria Lei de Greve (art. 114, § 3º,</p><p>CF/88, art. 856, CLT, art. 129, II, CF/88, art. 83, I, VIII, IX, LC nº 75/93, art.</p><p>8º, Lei nº 7.783/89).</p><p>Greve de motoristas de ônibus na Estação Lapa, em Salvador.</p><p>Nos termos do inciso VIII, do art. 83, da Lei Complementar nº 75/93, o</p><p>MPT poderia "instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da</p><p>ordem jurídica ou o interesse público assim o exigir". Doravante, com a</p><p>redação conferida ao §2º, e com a introdução do §3º, ambos do art. 114</p><p>da Carta Política, a Procuradoria do Trabalho somente poderá ajuizar</p><p>dissídio nas hipóteses de greve em atividades essenciais, aquelas</p><p>elencadas no art. 10, da Lei nº 7.783/89, com possibilidade de lesão do</p><p>interesse público.</p><p>Na realidade, nos casos de greve em atividades não essenciais, nada</p><p>poderá fazer o MPT, haja vista a imprescindibilidade do comum acordo</p><p>entre as partes para a instauração do dissídio. Ou seja: o MPT não mais</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 18/40</p><p>age em atenção ao interesse dos envolvidos, mas defende o interesse</p><p>da sociedade como um todo.</p><p>Embora o art. 856 da CLT disponha que o presidente do tribunal poderia,</p><p>por sua iniciativa, ajuizar o dissídio em caso de greve, a referida norma</p><p>não foi recepcionada pela Constituição de 1988. Em se tratando de</p><p>servidor público celetista, o dissídio jurídico que não importe em</p><p>aumento de remuneração e/ou concessão de vantagens será possível,</p><p>na forma da OJ O5 da SDC. Para o tema da legitimidade, a Seção de</p><p>Direitos Coletivos do TST emitiu as OJs 15, 19, 20, 22 e 23.</p><p>Outros requisitos para propositura do</p><p>dissídio coletivo</p><p>Assista ao vídeo e confira alguns pontos relevantes dos dissídios</p><p>coletivos: a exigência de comum acordo, o prazo para ajuizamento e a</p><p>negociação coletiva prévia.</p><p>Pressupostos objetivos</p><p>Exigência do “comum acordo” e a jurisprudência do TST</p><p>O ajuizamento de dissídio coletivo de natureza econômica só será</p><p>possível de comum acordo entre as categorias econômica e</p><p>profissional. Tal exigência, prevista no art. 114, § 2º da Constituição</p><p>Federal, impõe que ambas as partes interessadas ajuízem, em conjunto,</p><p>dissídio coletivo de natureza econômica.</p><p>Fruto de uma sugestão do Comitê de Liberdade Sindical da Organização</p><p>Internacional do Trabalho (OIT), em 1995, quando a Central Única dos</p><p>Trabalhadores apresentou uma queixa na OIT contra o governo</p><p>brasileiro, o TST tem entendido que o comum acordo é um pressuposto</p><p>processual, ou seja, é indispensável à instauração do dissídio por se</p><p>tratar de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e regular</p><p>do processo.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 19/40</p><p>Central Única dos Trabalhadores.</p><p>O Supremo Tribunal Federal, no Tema 841, entendeu ser constitucional a</p><p>exigência de anuência mútua das partes para o ajuizamento do dissídio</p><p>coletivo trabalhista. Tal ponto é interessante do ponto de vista prático. O</p><p>aspecto formal do “comum acordo” não pode ser utilizado de forma a</p><p>ser considerado abuso de direito. Empresas ou entidades sindicais que</p><p>se negarem a formar a relação processual sem apresentar qualquer</p><p>conteúdo valorativo no exercício desse direito violarão o princípio da</p><p>boa-fé, do ponto de vista processual, criando ambiente hostil sem razão</p><p>para tanto.</p><p>Para o ajuizamento do dissídio coletivo é necessária reunião para</p><p>debate da proposta de acordo ou convenção coletiva, e que ela tenha</p><p>sido infrutífera, ou que a outra parte, mesmo confirmando o convite, não</p><p>compareça. Como advogado, deve-se orientar ao cliente que esse</p><p>convite deve ser feito formalmente, por e-mail com confirmação de</p><p>leitura e carta com aviso de recebimento, a fim de comprová-lo.</p><p>Também é papel do advogado da parte que busca solucionar o conflito</p><p>evidenciar a má-fé do responsável pela alegação do “comum acordo”,</p><p>requerendo audiência de conciliação, indagando à outra parte:</p><p>Se ela recebeu a pauta de reivindicações e se foi convidada à</p><p>negociação coletiva em uma reunião previamente agendada com</p><p>essa finalidade.</p><p>Se houve uma contraproposta formal por parte do suscitado que</p><p>negou o acordo.</p><p>Quais seriam as cláusulas normativas quanto à pauta de</p><p>reivindicações que não possibilitariam a formalização do</p><p>instrumento coletivo.</p><p>Se houve negativa do suscitado em comparecer à reunião para</p><p>negociação junto ao Ministério Público do Trabalho.</p><p>Quais seriam os motivos concretos apresentados pela parte</p><p>discordante para que o instrumento normativo não seja</p><p>formalizado.</p><p>O objetivo é obter respostas que demonstrem a fragilidade da negativa</p><p>do acordo para ajuizamento do dissídio coletivo e expor que a parte</p><p>discordante não está atuando em prol de uma solução efetiva do</p><p>conflito, pelo contrário. Caso esteja atuando na defesa da parte que</p><p>nega o acordo para ajuizamento do dissídio coletivo, deve-se comprovar</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 20/40</p><p>que tal posicionamento ocorre por querer negociar direitos</p><p>absolutamente indisponíveis ou que prejudicariam, sobremaneira, os</p><p>representados.</p><p>Dispõe o art. 47 do CPC que a eficácia da sentença dependerá da</p><p>citação de todos os litisconsortes. No caso de as partes não</p><p>apresentarem petição conjunta para o ajuizamento do dissídio coletivo,</p><p>deve o juiz resolver a questão tendo o referido preceito em mente. Caso</p><p>não venham as partes em conjunto para a arbitragem pública, o juiz</p><p>deverá notificar o sindicato não presente no polo ativo. Caso não</p><p>compareça nem apresente contestação aceitando tacitamente o</p><p>dissídio, o processo será extinto.</p><p>Ou seja, em face da repercussão lógica do provimento, e de o próprio</p><p>juiz ter o dever de velar pela regularidade do processo, a lei admite que o</p><p>magistrado convoque as partes faltantes, quer sejam autores ou réus.</p><p>Afinal, o litisconsórcio necessário repercute na “eficácia da sentença”,</p><p>que não pode ser proferida senão na presença processual de todos os</p><p>interessados.</p><p>O juiz não poderá suprir o sindicato faltante no polo ativo, sob pena de</p><p>comprometer a eficácia da sentença normativa. Será possível, por outro</p><p>lado, que a parte recalcitrante seja efetivamente questionada em juízo</p><p>acerca de sua negativa em negociar. Tal ação nada teria a ver com o</p><p>dissídio coletivo em si. O princípio da boa-fé deve embalar todas as</p><p>relações entre partes, incidindo antes, durante e depois da negociação.</p><p>Caso se verifique que algum sindicato ou empresa esteja se recusando</p><p>a negociar como forma de pressão ilegítima à parte eventualmente com</p><p>menos capacidade de suportar o tempo de negociação, seria legítimo</p><p>que a parte prejudicada acionasse o sindicato ou empresa arredios,</p><p>como uma forma técnica e jurídica de resolver o problema. Diante de</p><p>uma situação como essa, o juiz irá ponderar valores em torno da</p><p>liberdade de negociar.</p><p>Importa destacar que o tribunal tem admitido o acordo tácito. Sobre</p><p>isso, confira!</p><p>Dissídio coletivo. Recursos ordinários dos</p><p>suscitados. Falta do mútuo acordo. Art. 114,</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 21/40</p><p>§ 2º, da Constituição Federal de 1988.</p><p>Extinção do processo sem resolução do</p><p>mérito. Com a edição da Emenda</p><p>Constitucional nº 45/2004, estabeleceu-se</p><p>novo requisito para o ajuizamento de dissídio</p><p>coletivo de natureza econômica, qual seja,</p><p>que haja comum acordo entre as partes.</p><p>Trata-se de requisito constitucional para</p><p>instauração do dissídio coletivo e diz respeito</p><p>à admissibilidade do processo. A expressão</p><p>‘comum acordo’, de que trata o mencionado</p><p>dispositivo constitucional, não significa,</p><p>necessariamente, petição conjunta das</p><p>partes, expressando concordância com o</p><p>ajuizamento da ação coletiva, mas a não</p><p>oposição da parte, antes ou após a sua</p><p>propositura, que se pode caracterizar de</p><p>modo expresso ou tácito, conforme a sua</p><p>explícita manifestação ou o seu silêncio.</p><p>(RO - 20483-69.2010.5.04.0000, Relatora Ministra:</p><p>Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento:</p><p>15/12/2014, Seção Especializada em Dissídios</p><p>Coletivos, Data de Publicação: DEJT 19/12/2014)</p><p>Prazo de ajuizamento</p><p>Existindo convenção, acordo ou sentença normativa em vigor, o dissídio</p><p>coletivo deve ser instaurado dentro do prazo de 60 dias anteriores ao</p><p>respectivo termo final para que o novo pacto coletivo tenha vigência no</p><p>dia imediato a esse termo. Não sendo possível o encerramento da</p><p>negociação coletiva antes desses dois meses, a entidade interessada</p><p>pode formular protesto judicial em petição escrita dirigida ao presidente</p><p>do Tribunal do Trabalho, com objetivo de preservar a data-base da</p><p>categoria. O protesto posterga por mais 30 dias o ajuizamento do</p><p>dissídio sem perder a data-base.</p><p>Passada essa data, sem que seja ajuizado o dissídio ou o protesto, a</p><p>sentença normativa só valerá a partir de sua publicação. Entre a</p><p>expiração da norma coletiva anterior (fosse convenção coletiva, acordo</p><p>coletivo ou sentença normativa) e a nova sentença normativa, inexistirá</p><p>regulamentação por normas coletivas vigentes. Por isso, na prática, a</p><p>atenção ao prazo é crucial para os dissídios coletivos.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 22/40</p><p>A data-base é muito importante também para a questão das dispensas</p><p>sem justa causa dos empregados submetidos às negociações coletivas.</p><p>Segundo a lei, eles não podem ser demitidos 30 dias antes de uma nova</p><p>negociação coletiva, sob pena de pagamento, por parte da empresa, de</p><p>um salário como indenização.</p><p>Negociação coletiva prévia</p><p>O art. 114, parágrafo 2º da Constituição Federal, prevê a tentativa de</p><p>negociação antes do aforamento do dissídio coletivo. Inclusive, a CLT,</p><p>em seu art. 616, indica que, na fase negocial, cabe aos sindicatos ou</p><p>empresas interessadas, verificando a recusa da outra parte, dar ciência</p><p>do fato, conforme o caso, ao Departamento Nacional do Trabalho (DNT)</p><p>ou aos órgãos regionais do Ministério do Trabalho, para convocação</p><p>compulsória dos sindicatos ou empresas recalcitrantes.</p><p>O pressuposto objetivo da negociação coletiva prévia frustrada</p><p>demonstra preocupação por parte do legislador em evitar o</p><p>acionamento da máquina pública para casos em que as próprias partes</p><p>possam chegar a um consenso, sem intervenção judicial. A Portaria do</p><p>Ministério do Trabalho 817, 30.08.1995, estabelece critérios para</p><p>participação do mediador nos conflitos de negociação coletiva de</p><p>natureza trabalhista, enquanto a Portaria 818, de 30.08.1995, estabelece</p><p>critérios para o credenciamento de mediador perante as</p><p>Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTE), Decreto</p><p>5.063, de 03.05.2004, Anexo I, art. 21.</p><p>Verifica-se a preocupação em se fomentar a mediação no âmbito</p><p>coletivo há décadas, incentivada ainda mais após o Código de Processo</p><p>Civil de 2015 trazer essa mentalidade. Portanto, como condição da ação</p><p>específica para os dissídios coletivos, a negociação prévia frustrada é</p><p>exigida para o ajuizamento dos dissídios de natureza econômica,</p><p>mesmo quando há greve.</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio#</p><p>23/40</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>A empresa pública, Associação dos Empregados do Banco do Estado X,</p><p>procura um advogado com o intuito de assessoramento na negociação</p><p>de cláusulas de nova convenção coletiva a ser celebrada. Dentre as</p><p>cláusulas intentadas pela Associação estão a garantia de emprego,</p><p>durante os 12 meses que antecedem a data em que o empregado</p><p>adquire direito à aposentadoria voluntária, desde que trabalhe na</p><p>empresa há pelo menos dez anos; o pagamento de adicional de hora</p><p>extra em 60%; reajuste salarial em 11%; e a afixação, na empresa, de</p><p>quadro de avisos do sindicato para comunicados de interesse dos</p><p>empregados, vedados os de conteúdo político partidário ou ofensivo.</p><p>Na posição de advogado da associação, aponte a legitimidade de sua</p><p>cliente para ajuizamento da demanda judicial intentada e a solução</p><p>jurídica possível para celebração da convenção coletiva, indicando quais</p><p>cláusulas dentre as requeridas poderão constar na decisão judicial a ser</p><p>prolatada.</p><p>Digite sua resposta aqui</p><p>Exibir solução</p><p>Como advogado da Associação, em primeiro lugar, deve-se</p><p>informar à cliente que ela não tem legitimidade para</p><p>instaurar dissídio coletivo, de acordo com o art. 534 da CLT,</p><p>já que não é sindicato, federação ou confederação, únicas</p><p>pessoas legitimadas para ajuizar dissídio coletivo de</p><p>natureza econômica. Além disso, tratando-se de empresa</p><p>pública, submete-se ao entendimento da Orientação</p><p>Jurisprudencial nº 5 da SDC, qual seja:</p><p>“05. 5. Dissídio coletivo. Pessoa jurídica de direito público.</p><p>Possibilidade jurídica. Cláusula de natureza social (redação</p><p>alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em</p><p>14.09.2012) – Res. 186/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e</p><p>27.09.2012. Em face de pessoa jurídica de direito público</p><p>que mantenha empregados, cabe dissídio coletivo</p><p>exclusivamente para apreciação de cláusulas de natureza</p><p>social. Inteligência da Convenção nº 151 da Organização</p><p>Internacional do Trabalho, ratificada pelo Decreto</p><p>Legislativo nº 206/2010”.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 24/40</p><p>A associação deverá procurar a atuação do sindicato dos</p><p>empregados do Banco do Estado X para que ele intente o</p><p>ajuizamento do dissídio coletivo, mas o tribunal só</p><p>apreciará as cláusulas de natureza social, quais sejam: a</p><p>garantia de emprego e a fixação de quadro de avisos. As</p><p>cláusulas de adicional de hora extra e reajuste salarial não</p><p>serão contempladas pela sentença normativa.</p><p>2 - Processamento do dissídio coletivo</p><p>Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever o conhecimento prático dos dissídios</p><p>coletivos.</p><p>Petição inicial</p><p>Assista ao vídeo e aprenda sobre os requisitos da petição inicial do</p><p>dissídio coletivo e sua estruturação, além dos detalhes dessa peça</p><p>processual.</p><p>Regularidade da petição inicial</p><p>É mais um dos pressupostos objetivos do dissídio coletivo, mas, devido</p><p>à sua importância prática e de acordo com o enfoque aqui proposto,</p><p>será tratada de forma destacada dos outros pressupostos. A petição</p><p>inicial do dissídio coletivo deve observar os requisitos inerentes a</p><p>qualquer petição inicial (art. 282, CPC e art. 840, CLT) e obedecer a</p><p>algumas exigências peculiares à sua especificidade.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 25/40</p><p>No que tange ao pressuposto processual do comum acordo, tem se</p><p>dispensado a necessidade de petição conjunta e exigido que a recusa</p><p>seja efetuada expressamente pela parte contrária durante a fase de</p><p>negociação ou em primeira oportunidade processual, sob pena de</p><p>configuração de concordância tácita.</p><p>Os elementos a seguir podem ser apontados como requisitos</p><p>específicos da petição inicial, adaptados ao formato de instauração da</p><p>instância – se conjunta pelas partes ou unilateralmente. Observe!</p><p> A representação para a instauração da instância</p><p>deve ser obrigatoriamente escrita (art. 856, CLT),</p><p>sendo exceção à regra o art. 840 da CLT, que dispõe</p><p>sobre a possibilidade de reclamação individual</p><p>escrita e verbal.</p><p> A apresentação da representação em via única, se</p><p>instaurada a instância de comum acordo, ou em</p><p>tantas vias quantas forem as entidades suscitadas</p><p>mais uma, na hipótese de suscitação unilateral do</p><p>dissídio (art. 858, caput, CLT).</p><p> A designação das entidades suscitantes e sua</p><p>qualificação – ou da suscitante e suscitada(s) na</p><p>hipótese de instauração unilateral – bem como a</p><p>indicação da natureza do estabelecimento ou do</p><p>serviço (art. 858, “a”, CLT).</p><p> A indicação da delimitação territorial de</p><p>representação das entidades sindicais, bem como</p><p>das categorias profissionais e econômicas</p><p>envolvidas no dissídio coletivo.</p><p> A indicação do quórum estatutário para a</p><p>deliberação da assembleia.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 26/40</p><p>Ademais, a petição inicial do dissídio coletivo, ou a “representação”,</p><p>como é chamada, deve estar acompanhada dos documentos</p><p>comprobatórios do preenchimento dos pressupostos processuais e das</p><p>condições da ação, além de outros necessários para fixação dos efeitos</p><p>do julgado. Veja!</p><p>Correspondências, registros e atas alusivas à negociação</p><p>coletiva tentada ou realizada diretamente ou mediante a</p><p>intermediação do órgão competente do Ministério do Trabalho.</p><p>Cópia da sentença normativa anterior, do instrumento</p><p>normativo do acordo ou convenção coletiva, ou, ainda, do laudo</p><p>arbitral, caso existente.</p><p>Cópia da ata da assembleia da categoria que aprovou as</p><p>reivindicações e concedeu poderes para a negociação coletiva</p><p> A exposição das causas motivadoras do conflito</p><p>coletivo ou da greve (art. 858, “b”, CLT).</p><p> As bases da conciliação, com a indicação das</p><p>pretensões coletivas pela(s) parte(s) suscitante(s)</p><p>(art. 858, “b”, CLT), devidamente fundamentadas</p><p>(art. 12 da Lei nº 10.192/2001), cláusula por</p><p>cláusula.</p><p> A comprovação da tentativa de negociação ou das</p><p>negociações realizadas e indicação das causas que</p><p>impossibilitaram o êxito da composição direta do</p><p>conflito coletivo.</p><p> A data e a(s) assinatura(s) do(s) representante(s)</p><p>(Santos, 2014).</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 27/40</p><p>e o acordo judicial, ou, ainda, a aprovação das cláusulas e</p><p>condições acordadas, observado o quórum legal.</p><p>Cópia do livro ou das listas de presença dos associados</p><p>participantes da assembleia deliberativa, ou outros</p><p>documentos hábeis à comprovação de sua representatividade.</p><p>Estruturação da peça inicial do dissídio coletivo</p><p>Feitos os comentários acerca da regularidade da petição inicial do</p><p>dissídio coletivo, passa-se para sua estruturação, recomendando-se ao</p><p>advogado que desenvolva seus tópicos da seguinte forma:</p><p>Endereçamento para o tribunal, sendo interessante a verificação</p><p>no regimento interno do tribunal ao qual o dissídio será</p><p>processado de normas procedimentais.</p><p>Qualificação das partes, indicação do nome dos sindicatos,</p><p>categoria que representam e endereço.</p><p>Cabimento, explicando o motivo de aquela espécie de dissídio</p><p>ajuizada se coadunar com o caso discutido.</p><p>Prazo, indicando a data-base, quando for o caso.</p><p>Legitimidade das partes e representatividade dos sindicatos,</p><p>destacando, em pormenores, as categorias representadas.</p><p>Cumprimento do requisito do comum acordo e, quando não</p><p>houver, justificativa para se defender que a negativa do outro</p><p>sindicato em negociar é abusiva.</p><p>Desenvolvimento dos fatos e dos fundamentos, apresentando as</p><p>bases da conciliação, o motivo do dissídio, o rol de cláusulas</p><p>fundamentadas, conforme OJ SDC 32, a apresentação do edital de</p><p>convocação de assembleia geral, conforme OJs SDC 28, 29 e 35, a</p><p>ata e lista de presença, a procuração devidamente subscrita pelo</p><p>presidente do sindicato e, preferencialmente, certidão da</p><p>Superintendência Regional</p><p>do Trabalho e Emprego de fracasso da</p><p>negociação (art. 114, § 2º, CF; OJ 11, SDC).</p><p>Conforme OJ SDC 8, a pauta reivindicatória não registrada na ata da</p><p>assembleia geral deslegitima o sindicato para sua atuação, razão pela</p><p>qual é causa de extinção do dissídio coletivo. Com isso, na prática</p><p>advocatícia, a ata da assembleia é de extrema importância para o</p><p>ajuizamento do dissídio, sendo, inclusive, mais interessante que o</p><p>advogado acompanhe as negociações desde o início, não tomando</p><p>conhecimento da situação apenas quando necessário recorrer ao Poder</p><p>Judiciário.</p><p>Por fim, cabe ao advogado trazer os pedidos na petição. Esse tópico</p><p>deve ser feito de forma especificada, como um resumo de tudo que se</p><p>requer e se tratou durante a peça, pois, na realidade de um Judiciário</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 28/40</p><p>trabalhista muito inchado, o fechamento da peça pode ser, muitas vezes,</p><p>o ponto que será lido com mais atenção pelo julgador.</p><p>Inexistência da revelia</p><p>Como o objetivo do dissídio coletivo não é a imposição de uma</p><p>sentença condenatória e sim de um provimento jurisdicional, e na</p><p>medida em que o julgamento será realizado com base no direito e na</p><p>equidade (conveniência e oportunidade), a não apresentação de defesa</p><p>no dissídio coletivo torna a parte revel, porém, sem seus efeitos.</p><p>Portanto, o não comparecimento da parte na audiência de conciliação</p><p>(que, em um dissídio individual, acarretaria a presunção dos fatos</p><p>apontados na inicial como verdadeiros), na prática, para os dissídios</p><p>coletivos, só impede realmente que as partes solucionem o conflito via</p><p>negocial.</p><p>Respostas</p><p>Assista ao vídeo e confira as respostas no dissídio coletivo, bem como</p><p>sua ausência e suas consequências.</p><p>Consequências</p><p>O dissídio coletivo tem peculiaridades em relação à apresentação de</p><p>respostas e suas consequências. Se, em dissídio individual, perder um</p><p>prazo de contestação significa grandes chances de condenação, no</p><p>dissídio coletivo a realidade é outra. Inclusive, nos dissídios de natureza</p><p>econômica, em que se exige o cumprimento do requisito do “comum</p><p>acordo”, sequer faz sentido apresentação de defesa. O juiz não decidirá</p><p>quem está correto e sim fornecerá a sentença normativa.</p><p>No caso de apresentação da contestação, cujo prazo é até o dia e a hora</p><p>da audiência de conciliação, é importante que a defesa apresente os</p><p>tópicos seguintes.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 29/40</p><p>Já no mérito, o conteúdo dependerá de quem seja o suscitado ou da</p><p>natureza jurídica do conflito. Portanto, se econômico, o suscitado deve</p><p>justificar o (des)cabimento das reivindicações apresentadas em juízo</p><p>pela categoria profissional e apresentar proposta de conciliação</p><p>amigável, de acordo com as circunstâncias fáticas e jurídicas que</p><p> Incompetência.</p><p> Ilegitimidade processual das partes.</p><p> Negativa de comum acordo, quando for o caso,</p><p>para a instauração do dissídio de natureza</p><p>econômica.</p><p> Existência de litispendência.</p><p> Inexistência de negociação coletiva prévia.</p><p> Existência de norma coletiva em vigor.</p><p> Inobservância da época própria para ajuizamento.</p><p> Inconsistências na ata da assembleia ou no</p><p>quórum para sua realização.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 30/40</p><p>recomendariam sua adoção. Deve-se destacar, principalmente em</p><p>relação às cláusulas de elevações salariais, as condições financeiras</p><p>das empresas e a situação econômica do respectivo setor de atividades.</p><p>Se o dissídio coletivo for de greve, quando suscitado pela empresa,</p><p>categoria econômica ou pelo MPT, a entidade sindical profissional</p><p>deverá justificar os motivos que ensejaram a paralisação coletiva de</p><p>trabalho. A principal preocupação deve ser a demonstração da não</p><p>abusividade do movimento por meio da comprovação de tentativas</p><p>pretéritas de negociação efetiva e das pautas de reivindicação em si. No</p><p>caso de serviço público essencial, os paralisantes devem comprovar</p><p>que não interromperam de forma total a prestação do serviço.</p><p>No caso de ser a empresa ou a categoria econômica a entidade</p><p>suscitada, deverá pleitear a declaração da abusividade da interrupção da</p><p>prestação dos serviços, além de fundamentar seu requerimento quanto</p><p>à improcedência das cláusulas normativas e obrigacionais inseridas na</p><p>pauta de reivindicações dos grevistas.</p><p>Por fim, se o dissídio for jurídico, é necessário que se indique qual a</p><p>norma jurídica em questão, que será analisada pelo juízo, e qual seria ou</p><p>seriam as interpretações mais adequadas de acordo com a ótica do</p><p>suscitado.</p><p>A doutrina diverge em relação à existência da categoria reconvenção</p><p>nos dissídios coletivos como forma de resposta. Dentro da própria</p><p>contestação, os suscitados apresentarão sua proposta de cláusulas, o</p><p>que poderia ser considerado uma reconvenção. Na prática, os tribunais</p><p>aceitam a formulação de cláusulas suplementares dentro da própria</p><p>defesa do suscitado em razão da natureza dúplice dos dissídios</p><p>coletivos.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 31/40</p><p>Audiência de conciliação e de</p><p>julgamento</p><p>Assista ao vídeo a aprenda sobre a importância da audiência de</p><p>conciliação e de julgamento dos dissídios coletivos, além das</p><p>estratégias para sua realização.</p><p>Conforme previsão do art. 860 da CLT, a audiência deve ser designada</p><p>no prazo de dez dias após recebimento da representação, ou seja, da</p><p>petição inicial do dissídio coletivo. De acordo com o art. 861, CLT, é</p><p>facultado ao empregador fazer-se representar na audiência pelo gerente,</p><p>ou por qualquer outro preposto que tenha conhecimento do dissídio, e</p><p>por cujas declarações será sempre responsável.</p><p>Por regra, o empregador, como pessoa jurídica, é representado pela</p><p>pessoa designada pelo estatuto, ou, em caso de não haver essa</p><p>designação, por seu diretor (art. 75, VIII, CPC). As demais regras de</p><p>representação a serem seguidas estão previstas no art. 75 do Código de</p><p>Processo Civil.</p><p>A audiência de conciliação objetiva a pacificação do conflito com a</p><p>celebração de um acordo. Contudo, não é necessário que seja realizada</p><p>para que as partes cheguem a um consenso sem intervenção judicial.</p><p>Mesmo após o ajuizamento do dissídio coletivo, se as partes chegarem</p><p>a um acordo, haverá a extinção da demanda sem resolução do mérito,</p><p>conforme OJ 34 SDC do TST, por perda de interesse processual na</p><p>decisão judicial. O juízo não avaliará, sob essas condições, a</p><p>regularidade das cláusulas normativas fixadas.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 32/40</p><p>Contudo, se as partes optarem pelo crivo da homologação judicial do</p><p>acordo, as cláusulas em dissonância com as normas mínimas de</p><p>proteção ao trabalhador não devem ser homologadas pelo juízo, e dessa</p><p>análise judicial acarreta-se uma extinção do processo com resolução do</p><p>mérito.</p><p>A prática do acordo é tão comum que o TST, em seu Regimento Interno,</p><p>no art. 243, tratou de tal procedimento especificadamente nos incisos:</p><p>O pedido de homologação de acordo será apreciado pelo relator</p><p>originário ou pelo relator designado para lavrar o acórdão do</p><p>julgamento já realizado, se for o caso.</p><p>O pedido de homologação de acordo será apreciado,</p><p>independentemente de publicação de pauta, cabendo ao relator</p><p>apresentar os autos em mesa, na primeira sessão ordinária</p><p>subsequente à formulação do pedido, ou em sessão extraordinária</p><p>designada para esse fim, sendo de igual modo dispensada a prévia</p><p>inclusão em pauta, quando o pedido ingressar antes do</p><p>julgamento do recurso ordinário.</p><p>Verifica-se, portanto, a agilidade que propõe o tribunal no fim desses</p><p>dissídios com acordo celebrado. Ainda que formalizado o acordo pelas</p><p>partes e homologado pelo tribunal, o Ministério Público do Trabalho,</p><p>segundo os art. 7º, § 5º, Lei nº 7.701/1988 e art. 244, RITST, ainda pode</p><p>apresentar recurso. As partes só poderão apresentar recurso ordinário</p><p>se não houver homologação de alguma cláusula do acordo.</p><p>Não havendo acordo na audiência de conciliação, o dissídio passará</p><p>para o julgamento. Apesar de não ser obrigatória, a instrução processual</p><p>pode ocorrer com a tomada de depoimentos pessoais e testemunhais e</p><p>juntada de documentos. Contudo, é mais comum que a produção de</p><p>provas se dê por realização de perícias (obtenção de índices de</p><p>reajustes, de produtividade etc.). É frequente que, nos dissídios coletivos</p><p>de greve, as diligências sejam realizadas por oficiais de justiça que</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 33/40</p><p>buscam obter informações quanto à manutenção dos serviços e</p><p>atividades essenciais.</p><p>O art. 866 da CLT prevê que o presidente do tribunal, por meio da dita</p><p>competência delegada, autorize ao juiz do trabalho da vara em que as</p><p>partes exercem sua representação (base territorial de atuação), quando</p><p>ela ocorrer fora da sede do tribunal, as atribuições conciliatórias e a</p><p>instrução do dissídio coletivo. Contudo, a competência para julgamento</p><p>do dissídio e eventual homologação de acordo continua sendo somente</p><p>do tribunal.</p><p>Sentença e seus desdobramentos</p><p>Assista ao vídeo e aprenda o que é sentença normativa e quando deve</p><p>ser utilizada a ação de cumprimento.</p><p>Como fruto do poder normativo atribuído pela Constituição Federal ao</p><p>Poder Judiciário trabalhista, no âmbito dos dissídios coletivos, o conflito</p><p>se encerrará com a prolação da sentença normativa, homologatória de</p><p>acordo ou não. Embora o juízo em dissídios coletivos seja pautado na</p><p>equidade, ainda há o dever de fundamentação de sua decisão, de</p><p>acordo com o art. 91, IX, CF. O tribunal julgará, pedido a pedido, na forma</p><p>de cláusulas, individualmente.</p><p>O acórdão deverá ser lavrado no prazo de 10 dias (art. 7º, § 1º, Lei</p><p>7.701/1988). A decisão deverá ser publicada no prazo de 15 dias da</p><p>decisão do tribunal (art. 12, § 2º, Lei nº 10.192/2001). Portanto, se as</p><p>partes intentam a solução do dissídio por meio de acordo, precisam ser</p><p>rápidas.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 34/40</p><p>Na ocorrência ou iminência de greve, o processo será incluído em pauta</p><p>de julgamento preferencial. Na hipótese de greve em serviços ou</p><p>atividades essenciais, poderá o presidente do tribunal, justificando a</p><p>urgência, dispensar a inclusão do processo em pauta e convocar sessão</p><p>para julgamento do dissídio coletivo, tudo com antecedência de, pelo</p><p>menos, 12 horas (art. 242, RITST).</p><p>Nesses casos, a decisão deverá estabelecer critérios quanto ao</p><p>pagamento dos salários e demais direitos durante o período da</p><p>paralisação, ou seja, declarar abusiva ou não a greve, e determinar</p><p>inclusive o momento de retorno dos grevistas ao trabalho. Se for o caso,</p><p>ainda poderá fixar penalidades aos empregados ou aos empregadores</p><p>no caso de descumprimento da decisão.</p><p>O TST tem rejeitado cláusulas que fixam:</p><p>Adiantamento salarial.</p><p>Adicional de penosidade.</p><p>Adicional de periculosidade e noturno com percentuais distintos</p><p>do legal.</p><p>Obrigatoriedade de assistência jurídica aos empregados</p><p>indiciados em inquéritos policiais ou processados judicialmente</p><p>por atos praticados em defesa do patrimônio da empresa.</p><p>Proteção contra automação.</p><p>Dia da categoria.</p><p>Aplicação das condições mais benéficas a todos os empregados</p><p>em caso de fusão de empresas.</p><p>Habilitação de jornalista como requisito para contratação.</p><p>Gratuidade de ensino aos dependentes dos professores.</p><p>Cobrança de taxas de homologação de rescisão contratual.</p><p>Cláusulas de impedimento à terceirização.</p><p>Ação de cumprimento</p><p>Essa ação visa dar cumprimento à decisão normativa (sentença</p><p>normativa, sentença arbitral, acordo coletivo ou convenção coletiva de</p><p>trabalho, incluídos pela Lei n° 8.984/95) descumprida. Apesar da CLT</p><p>prever tal ação somente com objeto de pagamento de salários e</p><p>legitimidade autoral apenas para os empregados, o TST inclusive já</p><p>sumulou entendimento (Súmula 286) reconhecendo a legitimidade da</p><p>entidade sindical para ação de cumprimento de acordo ou convenção</p><p>coletiva de trabalho.</p><p>Pode ser ajuizada a partir do vigésimo dia subsequente ao do</p><p>julgamento do dissídio coletivo, fundada no acórdão ou na certidão de</p><p>julgamento, salvo se concedido efeito suspensivo pelo presidente do</p><p>TST (art. 7º, § 6º, Lei nº 7.701/1988), bem como, conforme a Lei nº</p><p>7.701/1988, em seu art. 7º, § 6º, apenas com base na certidão de</p><p>julgamento, se não publicado o acórdão.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 35/40</p><p>A ação de cumprimento é uma ação autônoma em relação ao dissídio</p><p>coletivo que proferiu a sentença normativa, não representando mera</p><p>forma de execução da decisão normativa porque, se assim fosse, se</p><p>processaria nos autos do dissídio normativo e não dependeria de uma</p><p>fase cognitiva entre as partes. A competência jurisdicional para ação de</p><p>cumprimento não é do tribunal prolator da sentença normativa, mas sim</p><p>da vara do trabalho, observando os critérios para fixação de</p><p>competência do art. 651, da CLT, com natureza condenatória.</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>Ao Sindicato das Empresas de Fabricação de Arroz do Município de</p><p>Cabo Frio – RJ, após diversas tentativas frustradas de composição de</p><p>novas bases da convenção coletiva com o sindicato correspondente</p><p>profissional, faltando 45 dias para o término da convenção coletiva em</p><p>vigor, não restou alternativa a não ser o ajuizamento de demanda</p><p>judicial. O principal obstáculo para a convenção coletiva é que o</p><p>sindicato patronal busca a realização de banco de horas anual, e com o</p><p>qual o sindicato obreiro não concorda. A cláusula em questão possui a</p><p>seguinte redação:</p><p>Cláusula xxx: A jornada de trabalho de todos os empregados das</p><p>empresas será de 44 (quarenta e quatro) horas semanais, com intervalo</p><p>de uma hora para refeição e descanso.</p><p>Parágrafo primeiro: Observada a necessidade de serviços, as jornadas</p><p>normais de trabalho poderão sofrer acréscimos de, no máximo, duas</p><p>horas diárias ou reduções, que serão compensadas em outro dia com</p><p>acréscimo ou redução do horário trabalhado, desde que a compensação</p><p>ocorra no período de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, a contar</p><p>da assinatura do presente instrumento.</p><p>Parágrafo segundo: No caso de haver crédito de horas do empregado</p><p>ao final dos 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, as empresas se</p><p>obrigam a quitar de imediato as horas trabalhadas, com pagamento do</p><p>adicional por hora extra previsto em lei; no caso de haver débitos de</p><p>horas do empregado e não ocorrendo a compensação no prazo previsto,</p><p>perderá a empresa o direito de exigi-las posteriormente do empregado.</p><p>Na qualidade de advogado do sindicato patronal, elabore a medida</p><p>judicial cabível.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 36/40</p><p>Digite sua resposta aqui</p><p>Exibir solução</p><p>Você deverá elaborar a petição inicial do dissídio coletivo do</p><p>trabalho de natureza econômica. O endereçamento deve ser</p><p>feito ao TRT da 1ª Região, já que o Município de Cabo Frio</p><p>se encontra no estado do Rio de Janeiro e a base territorial</p><p>dos sindicatos é municipal, não sendo, portanto, de</p><p>competência de tribunal superior.</p><p>Endereçamento: A presidência do Tribunal Regional do</p><p>Trabalho da 1ª Região</p><p>Você deverá qualificar os sindicatos e indicar que a peça</p><p>elaborada é um dissídio coletivo de natureza econômica.</p><p>Qualificação das partes: Sindicato das Empresas de</p><p>Fabricação de Arroz do Município de Cabo Frio – RJ, sede,</p><p>devidamente representado</p><p>por seu procurador, constituído</p><p>por meio de procuração, em anexo, vem ajuizar dissídio</p><p>coletivo de natureza econômica em face de Sindicato dos</p><p>Empregados em Empresas de Fabricação de Arroz do</p><p>Município de Cabo Frio – RJ, sede.</p><p>Preliminarmente, deve-se indicar o respeito ao prazo e a</p><p>vigência de norma coletiva anterior, o que o enunciado</p><p>aponta ter ocorrido, já que ainda faltam 45 dias para a data-</p><p>base da convenção coletiva, em atenção ao art. 616, § 3º da</p><p>CLT.</p><p>Preliminares:</p><p>Do prazo</p><p>Em atenção ao art. 616, parágrafo 3º da CLT, a Suscitante</p><p>informa que a data-base da convenção coletiva é dia</p><p>xx/xx/xxxx e que, restando 45 dias para tanto, cumpre o</p><p>requisito formal do prazo para ajuizamento de dissídio</p><p>coletivo.</p><p>Da vigência de norma coletiva anterior</p><p>A Convenção Coletiva de Trabalho que se busca celebrar</p><p>substituiria a atual, ainda vigente, com data-base marcada</p><p>para o dia xx/xx/xxxx. Portanto, cumpre-se o requisito da</p><p>vigência de norma coletiva anterior.</p><p>Do cumprimento do requisito do comum acordo</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 37/40</p><p>Você deverá indicar que há apenas uma cláusula objeto de</p><p>impasse entre os sindicatos para celebração da convenção</p><p>coletiva e que as partes intencionam, de comum acordo, a</p><p>solução do conflito por meio da prolação da sentença</p><p>normativa.</p><p>Mérito:</p><p>“Das negociações entre a suscitante e os suscitados</p><p>A Suscitante apresentou proposta inicial de convenção</p><p>coletiva ao Suscitado em xx/xx/xxxx, o qual fora negada.</p><p>Após modificação da proposta inicial, foi enviada nova</p><p>redação no dia xx/xx/xxxx, também negada pelo sindicato</p><p>Suscitado. Em xx/xx/xxxx, o sindicato profissional informou</p><p>que não concordaria com uma específica cláusula proposta</p><p>pela suscitante, que se identificará no tópico a seguir.</p><p>Da cláusula recusada pelo sindicato suscitado</p><p>O suscitado não concordou com a cláusula de</p><p>compensação de horas anual, com a seguinte redação</p><p>proposta:</p><p>Cláusula xxx: A jornada de trabalho de todos os</p><p>empregados das empresas será de 44 (quarenta e quatro)</p><p>horas semanais, com intervalo de uma hora para refeição e</p><p>descanso.</p><p>Parágrafo primeiro: Observada a necessidade de serviços,</p><p>as jornadas normais de trabalho poderão sofrer acréscimos</p><p>de, no máximo, duas horas diárias ou reduções, que serão</p><p>compensadas em outro dia com acréscimo ou redução do</p><p>horário trabalhado, desde que a compensação ocorra no</p><p>período de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, a contar</p><p>da assinatura do presente instrumento.</p><p>Parágrafo segundo: No caso de haver crédito de horas do</p><p>empregado ao final dos 365 (trezentos e sessenta e cinco)</p><p>dias, as empresas se obrigam a quitar de imediato as horas</p><p>trabalhadas, com pagamento do adicional por hora extra</p><p>previsto em lei; no caso de haver débitos de horas do</p><p>empregado e não ocorrendo a compensação no prazo</p><p>previsto, perderá a empresa o direito de exigi-las</p><p>posteriormente do empregado.</p><p>Pedidos: Requer:</p><p>- A citação dos Suscitados para, querendo, responder à</p><p>presente demanda.</p><p>- A designação, com urgência, de audiência de conciliação,</p><p>na forma do art. 860 da CLT.</p><p>- Frustrada a conciliação, procedência das cláusulas</p><p>propostas da ECT para reger as relações de trabalho dos</p><p>contemplados pelos sindicatos.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 38/40</p><p>Valor da causa, data, Cabo Frio (cidade)e assinatura.</p><p>Considerações �nais</p><p>A prática advocatícia no âmbito dos dissídios coletivos perpassa pela</p><p>atuação também no âmbito das tratativas das negociações coletivas. O</p><p>ajuizamento desse tipo de demanda deve ser o último instrumento a ser</p><p>cogitado pelo advogado, já que acordos e convenções coletivas, quando</p><p>elaborados pelas partes envolvidas, levam em consideração as</p><p>peculiaridades dos serviços prestados, da dinâmica estrutural das</p><p>empresas e dos negócios.</p><p>Portanto, é aconselhável que o advogado atue desde o início das</p><p>negociações e evite o ajuizamento de dissídios coletivos, pois a</p><p>prolação de sentença normativa, ainda que pacifique o conflito, pode</p><p>trazer normas que não cumprem o propósito fundamental das</p><p>negociações coletivas, que é criar um regramento jurídico mais</p><p>adequado a determinado setor e categoria.</p><p>O advogado, na prática, deve atentar para o cumprimento de requisitos</p><p>próprios dos dissídios coletivos, e que fogem à prática habitual forense</p><p>trabalhista, no âmbito dos conflitos individuais. Ao contrário da maioria</p><p>das reclamações trabalhistas em que os contratos de trabalho já se</p><p>encontram rescindidos, a relação entre sindicatos é contínua, e o</p><p>estranhamento não é um caminho aconselhável.</p><p>Explore +</p><p>Confira as indicações que separamos especialmente para você!</p><p>Leia:</p><p>Concessionárias de estradas de SP não podem propor ação para</p><p>discutir cláusulas econômicas, no site do TST, e saiba mais sobre os</p><p>dissídios de greve com a falta de entidade sindical, a suscitação de</p><p>dissídio coletivo por meio da comissão de negociação e a possibilidade</p><p>de haver posicionamento no sentido de invalidação da referida norma.</p><p>O Sindicalismo brasileiro após 1930 (Descobrindo o Brasil), de Badaró</p><p>Marcelo Mattos (2003), e conheça a história do sindicalismo brasileiro.</p><p>Para entender os sindicatos no Brasil – Uma visão classista, de</p><p>Waldemar Rossi e William Gerab.</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 39/40</p><p>Referências</p><p>CAIRO JR, J. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14. ed. Salvador:</p><p>Juspodvim, 2021.</p><p>GIGLIO, W. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2002.</p><p>LEITE, C. H. B. Curso de Direito Processual do Trabalho. 20. ed. São</p><p>Paulo: SaraivaJur, 2022.</p><p>MARTINS, S. P. Direito Processual do Trabalho. 44. ed. São Paulo:</p><p>SaraivaJur, 2022.</p><p>MIESSA, E. Processo do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Editora JusPodivm,</p><p>2019.</p><p>NETO, F. F. J.; CAVALCANTE, J. Q. P. Direito do Trabalho e Processo do</p><p>Trabalho. 1. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2020.</p><p>Material para download</p><p>Clique no botão abaixo para fazer o download do</p><p>conteúdo completo em formato PDF.</p><p>Download material</p><p>O que você achou do conteúdo?</p><p>Relatar problema</p><p>30/08/2024, 12:10 Dissídios coletivos na prática</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/39975/index.html?brand=estacio# 40/40</p><p>javascript:CriaPDF()</p>