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<p>Hidrologia</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof.ª M.ª Luciana Vasques Correia da Silva</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof. Me. Claudio Brites</p><p>Escoamento Superfi cial</p><p>Escoamento Superficial</p><p>• Exercitar os principais métodos de dimensionamento da vazão de projeto de uma estru-</p><p>tura hidráulica.</p><p>OBJETIVO DE APRENDIZADO</p><p>• Introdução;</p><p>• Métodos de Estimativa do Escoamento Superficial.</p><p>UNIDADE Escoamento Superficial</p><p>Introdução</p><p>Escoamento superficial é a terminologia usada em hidrologia que define</p><p>o fluxo de água que ocorre na superfície do solo quando este se encontra</p><p>saturado de umidade. Um dos estudos da hidrologia ocorre a respeito do</p><p>escoamento, por meio do aproveitamento da água superficial que é acu-</p><p>mulada, e propor medidas que evitem possíveis danos provocados pelo</p><p>seu deslocamento.</p><p>Fonte: https://bit.ly/3KrWIRn</p><p>Por definição clássica, entende-se que escoamento superficial é o deslocamento das</p><p>águas na superfície da Terra, que origina enxurradas, córregos, ribeirões, rios, lagos ou</p><p>reservatórios de acumulação.</p><p>As precipitações são as principais fontes geradoras de escoamento superficial. A preci-</p><p>pitação que cai sobre uma área, pode ser interceptada pela vegetação, também pode infil-</p><p>trar no solo até sua saturação e ainda acumular-se nas depressões do solo. O excedente da</p><p>precipitação escoa pela superfície do solo, considerando que a intensidade da precipitação</p><p>supere a capacidade de infiltração do solo e as depressões tenham sido preenchidas.</p><p>Pinto et al. (1976) descrevem que a trajetória de um escoamento superficial é formada</p><p>pelo movimento das “águas livres”, sendo no início o escoamento de uma película laminar.</p><p>Quando as águas atingem os pontos mais baixos do terreno, inicia-se a formação da micro</p><p>rede de drenagem, a partir dessa micro rede, formam-se os cursos d’água, que dependem</p><p>da água superficial e da contribuição subterrânea, chamadas de “águas sujeitas”.</p><p>Portanto, a rede de drenagem de uma bacia hidrográfica é formada por um conjunto</p><p>dos cursos d’água, desde os menores córregos até o rio principal.</p><p>Figura 1 – Escoamento superficial</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>Rede de drenagem ou rede hidrográfica: designa os sistemas naturais ou artificiais capazes</p><p>de drenar água superficial, em geral proveniente das chuvas; são compostos de canais conecta dos</p><p>entre si, e a esse conjunto de canais conectados dá-se o nome de rede de drenagem.</p><p>8</p><p>9</p><p>Componentes do Escoamento dos Cursos d ’Água</p><p>O escoamento superficial começa algum tempo após o início da precipitação, devido</p><p>à interceptação dos vegetais e dos obstáculos, à saturação do solo e à acumulação nas</p><p>depressões do terreno. A interceptação e a acumulação tendem a reduzir no tempo e a</p><p>infiltração torna-se constante.</p><p>As precipitações chegam até o leito dos cursos d´água por alguns tipos de escoamento</p><p>(TUCCI, 2012):</p><p>• Escoamento superficial: cresce com o tempo, até atingir um valor constante durante</p><p>a precipitação, e decresce até cessar a partir do fim da precipitação;</p><p>• Escoamento subsuperficial (hipodérmico): ocorre nas camadas superiores do solo;</p><p>• Escoamento subterrâneo: contribuição que varia com o tempo e é responsável</p><p>pela alimentação do curso de água durante a estiagem;</p><p>• Precipitação direta sobre a superfície livre.</p><p>Figura 2 – Componentes do Escoamento dos Cursos de Água</p><p>Fonte: Adaptada de PINTO et al., 1976</p><p>Grandezas Características do Escoamento Superficial</p><p>As grandezas que caracterizam o escoamento superficial podem ser relacionadas à</p><p>precipitação ou às características físicas da bacia hidrográfica (CARVALHO, 2006):</p><p>• Bacia hidrográfica ou bacia de contribuição: é a área que recebe a água de chuva,</p><p>que, escoando sobre a superfície do solo, atinge a seção considerada;</p><p>• Vazão por definição: é o volume de água escoado por unidade de tempo em uma</p><p>determinada seção do curso de água. As vazões normais escoam normalmente no</p><p>curso d´água e as vazões de inundação ultrapassam o limite da capacidade normal</p><p>das seções de escoamento dos cursos d´água. A vazão específica ou contribuição</p><p>unitária expressa a relação entre a vazão de uma seção do curso d´água e a área da</p><p>bacia hidrográfica referente a essa seção;</p><p>9</p><p>UNIDADE Escoamento Superficial</p><p>• Frequência de uma vazão em uma seção de um curso d´água: é o período de</p><p>retorno ou período de ocorrência durante o qual uma vazão pode ocorrer ou ser</p><p>superada apenas uma vez a cada (T) anos;</p><p>• Coeficiente de deflúvio ou coeficiente de escoamento superficial: é a relação</p><p>entre a quantidade total de água escoada pela seção e a quantidade total de água</p><p>precipitada na bacia hidrográfica;</p><p>• Tempo de concentração: é o intervalo de tempo desde o início da precipitação</p><p>para que toda a bacia passe a contribuir na seção em estudo;</p><p>• Nível de água: é a altura atingida pela água na seção de estudo em relação a uma</p><p>determinada referência em um intervalo de tempo.</p><p>Essas grandezas envolvidas no escoamento superficial são mensuradas na estação</p><p>fluviométrica, que possui a capacidade de medir e monitorar diversos parâmetros em</p><p>relação a rios, lagos, poços de uma bacia hidrográfica.</p><p>Figura 3 – Estação Fluviométrica</p><p>Fonte: Reprodução</p><p>Fatores Intervenientes do Escoamento Superficial</p><p>Carvalho (2006) relata que existem os fatores que determinam a quantidade de água</p><p>precipitada e os fatores que determinam a circulação da água na seção em estudo.</p><p>No primeiro grupo, são citadas a quantidade de vapor de água presente na atmosfera</p><p>e as condições meteorológicas e topográficas que podem interferir na movimentação</p><p>das massas de ar. Do segundo grupo, fazem parte a conformação da bacia hidrográfica</p><p>e as condições da superfície do solo, tais como o tipo de vegetação, a capacidade de</p><p>infiltração, e ainda as obras de controle e utilização da água a montante da seção.</p><p>Tucci (2012) relata a relação entre as maiores variações das vazões instantâneas no</p><p>curso d´água e as chuvas de alta intensidade, em uma mesma área da bacia hidrográfi-</p><p>ca. Essas maiores variações das vazões instantâneas também são associadas às maiores</p><p>10</p><p>11</p><p>declividades do terreno, à maior declividade do curso d´água, às menores depressões</p><p>retentoras de água, às menores quantidades de água infiltrada, às menores áreas com</p><p>recobrimento vegetal e ao quão retilíneo é o traçado do curso d´água.</p><p>Exemplo de Monitoramento do Nível dos Rios.</p><p>Disponível em: https://youtu.be/b6vw5doEVfA</p><p>Métodos de Estimativa</p><p>do Escoamento Superficial</p><p>Os métodos para aferir o escoamento superficial podem ser divididos em grupos</p><p>(PINTO et al., 1976).</p><p>Método do Nível de Água</p><p>Esse método é considerado mais preciso, mas requer vários postos fluviométricos.</p><p>A determinação da quantidade de escoamento superficial de uma seção ocorre pela</p><p>medição do nível de água utilizando as réguas linimétricas ou por meio dos linígrafos,</p><p>que são equipamentos do posto fluviométrico.</p><p>Os dados das alturas do nível da água são utilizados para estimar a vazão em uma</p><p>determinada seção do curso d’água por meio de uma curva-chave, isto é, a cada altura</p><p>do nível de água corresponde uma vazão.</p><p>Figura 4 – Régua Linimétrica</p><p>Fonte: Reprodução</p><p>11</p><p>UNIDADE Escoamento Superficial</p><p>Figura 5 – Curva-Chave do Curso d’água</p><p>Modelo Chuva-vazão Calibrados</p><p>O método apresenta uma boa precisão baseada na hidrógrafa (hidrograma ou fluvio-</p><p>grama). Hidrograma é a representação da resposta da bacia hidrográfica em relação a</p><p>uma dada precipitação, por meio de um gráfico que relaciona a vazão no tempo. Repre-</p><p>senta a curva de vazão registrada em uma seção de um curso de água derivada de uma</p><p>precipitação ocorrida em uma bacia hidrográfica.</p><p>Figura 6 – Exemplo de Níveis do Escoamento Superficial</p><p>Fonte: Adaptado de PINTO et al., 1976</p><p>A Figura 6 representa o comportamento do nível de água de um curso d´água e do</p><p>lençol subterrâneo. No início da precipitação, o nível de água do lençol contribuinte está</p><p>na posição MNO. Depois da infiltração, em que a deficiência de umidade do solo foi a</p><p>reposta, o nível de água do lençol freático cresce na posição</p><p>PS. No mesmo instante,</p><p>devido ao escoamento superficial, o nível de água na seção em estudo passa de N para R.</p><p>Hidrograma</p><p>Um hidrograma típico gerado por uma chuva intensa apresenta uma curva com</p><p>um pico único ou pode apresentar picos múltiplos se ocorrerem variações abruptas na</p><p>intensidade da chuva, uma sequência de chuvas intensas ou um recuo anormal do esco-</p><p>amento subterrâneo.</p><p>Porém, quando ocorrem enchentes maiores, o nível do curso de água eleva-se mais</p><p>do que o nível do lençol, então ocorre a inversão do movimento temporariamente.</p><p>A simulação do escoamento superficial no gráfico é necessária para separá-lo do esco-</p><p>amento do lençol de água e, assim, obter a precipitação efetiva que gerou o escoamento.</p><p>Na área urbana, a representação gráfica do escoamento é superficial, o tempo de</p><p>concentração é menor e a vazão de pico é maior do que em área rural.</p><p>12</p><p>13</p><p>Figura 7 – Hidrograma de Bacias Urbana e Rural</p><p>Fonte: Adaptado de TUCCI, 2008</p><p>Observando a Figura 8, que representa o comportamento da vazão em uma seção de</p><p>um curso de água, constata-se que, após o início da precipitação, decorrido certo inter-</p><p>valo de tempo (t0), o nível da água começa a elevar-se. A vazão cresce desde o ponto A</p><p>até o ponto B (valor máximo). A duração da precipitação é menor ou igual ao intervalo</p><p>de tempo (t0) e (tB). Quando a precipitação termina, o escoamento superficial continua</p><p>durante certo tempo, e a curva de vazão vai decrescendo no trecho BC, chamada de</p><p>curva de depleção. A separação do escoamento superficial pode ser feita pelo método</p><p>gráfico, a partir do ponto A (vazão crescente). Prolonga-se a reta até o cruzamento com</p><p>a vertical do ponto B (vazão máxima). O ponto C fica em função do tempo de concen-</p><p>tração (tc) e, abaixo da linha ABC, está representado o escoamento do lençol de água.</p><p>Existem alguns fatores que podem intervir no hidrograma, tais como o relevo, o tipo</p><p>de cobertura, as condições iniciais de umidade do solo, as modificações artificiais (bar-</p><p>ramentos) e as características da precipitação.</p><p>Escoamento básico</p><p>Tempo</p><p>Vazão</p><p>t0 tA tB tC</p><p>B</p><p>A</p><p>C</p><p>D</p><p>E</p><p>Precipitação</p><p>Parte da precipitação que in�ltra</p><p>Precipitação efetiva</p><p>Escoamento super�cial direto</p><p>Figura 8 – Hidrograma Tipo</p><p>Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2006</p><p>13</p><p>UNIDADE Escoamento Superficial</p><p>O cálculo do volume escoado superficialmente utilizando o hidrograma é feito por</p><p>planimetria da área hachurada ABCA, que, uma vez verificada, e sabendo-se o valor</p><p>total precipitado, possibilita determinar o coeficiente de escoamento superficial (C):</p><p>Tesc</p><p>Tprec</p><p>VolC</p><p>Vol</p><p>=</p><p>Em que:</p><p>• C → Coeficiente de escoamento superficial;</p><p>• VolTesc → Volume total escoado (área do hidrograma);</p><p>• VolTprec → Volume total precipitado (área do hietograma x área da bacia hidrográfica).</p><p>O volume total escoado (VolTesc) corresponde à área do gráfico do hidrograma da forma</p><p>(ABCA). Para o cálculo do valor, utiliza-se qualquer processo de aproximação como a</p><p>integração numérica.</p><p>Na determinação da precipitação efetiva (Pe), isto é, da precipitação que gera escoa-</p><p>mento superficial, utiliza-se a seguinte equação:</p><p>Tesc</p><p>e</p><p>BH</p><p>VolP</p><p>A</p><p>=</p><p>Em que:</p><p>• Pe → Precipitação efetiva (metros);</p><p>• VolTesc → Volume total escoado (m3);</p><p>• ABH → Área total da bacia hidrográfica (m2).</p><p>Hidrograma Unitário</p><p>O Hidrograma Unitário é um dos métodos mais práticos disponíveis para determinar</p><p>a relação entre a precipitação e o hidrograma resultante.</p><p>Carvalho (2006) define hidrograma unitário como o hidrograma resultante de um</p><p>escoamento superficial unitário (1 mm, 1cm, 1 polegada) gerado por uma precipitação</p><p>efetiva uniforme distribuída sobre a bacia hidrográfica, com intensidade constante de</p><p>uma dada duração.</p><p>O hidrograma unitário permite calcular a resposta da bacia hidrográfica a eventos de</p><p>chuva diferentes, sendo que a resposta é a soma das respostas individuais.</p><p>Collischonn (2011) apresenta as três hipóteses básicas para determinar o comporta-</p><p>mento da bacia hidrográfica em relação a diferentes precipitações:</p><p>• Precipitações excedentes ou efetivas de mesmas durações produzem escoamentos</p><p>superficiais diretos com tempos iguais, isto é, chuvas com as mesmas durações</p><p>produzem hidrogramas com as mesmas bases (Figura 9);</p><p>• Duas precipitações excedentes ou efetivas de mesma duração, mas com volumes</p><p>escoados diferentes, formam hidrogramas em que as ordenadas (eixo y) são propor-</p><p>cionais aos correspondentes volumes escoados, isto é, precipitações com as mes-</p><p>mas durações, mas com alturas diferentes produzem hidrogramas com ordenadas</p><p>proporcionais aos volumes escoados (Figura 10);</p><p>14</p><p>15</p><p>• Precipitações excedentes anteriores não influenciam a distribuição no tempo do</p><p>escoamento superficial direto de uma dada precipitação, isto é, não se considera o</p><p>efeito de memória da bacia hidrográfica (Figura 11).</p><p>P1</p><p>d</p><p>Q</p><p>D t</p><p>P2</p><p>d</p><p>Q</p><p>D t</p><p>P3</p><p>d</p><p>Q</p><p>D t</p><p>Figura 9 – Hidrogramas Unitários com mesma duração (D)</p><p>Fonte: Adaptado de COLLISCHONN, 2011</p><p>1 mm de precipitação efetiva em</p><p>toda a bacia com duração D</p><p>P</p><p>Q</p><p>P</p><p>Q</p><p>t t</p><p>Gera uma resposta na seção de saída</p><p>da bacia, o hidrograma unitário</p><p>2 mm de precipitação efetiva em</p><p>toda a bacia com uma duração D</p><p>Gera uma resposta na saída da</p><p>bacia onde cada valor de vazão é</p><p>o dobro do hidrograma unitário</p><p>Figura 10 – Proporcionalidade do Hidrograma Unitário</p><p>Fonte: Adaptado de COLLISCHONN, 2011</p><p>Figura 11 – Proporcionalidade do Hidrograma Unitário</p><p>Fonte: Adaptado de COLLISCHONN, 2011</p><p>Portanto, baseado nas hipóteses descritas anteriormente, em que se consideram as</p><p>chuvas de intensidade constante e a distribuição uniforme na bacia hidrográfica, tem-se</p><p>a equação a seguir:</p><p>15</p><p>UNIDADE Escoamento Superficial</p><p>HU</p><p>e</p><p>QQ</p><p>P</p><p>=</p><p>Em que:</p><p>• QHU → Vazão do hidrograma unitário;</p><p>• Q → Vazão;</p><p>• Pe → Precipitação efetiva.</p><p>Os dados fornecidos pelo hidrograma unitário são utilizados para definir hidrograma</p><p>de projeto, que determina a capacidade das obras de estruturas hidráulicas como gale-</p><p>rias de águas pluviais, bueiros rodoferroviários, vertedores, estruturas de proteção contra</p><p>enchentes etc.</p><p>Hidrograma Unitário Sintético</p><p>As séries históricas de dados de uma bacia hidrográfica são de suma importância</p><p>para determinar o comportamento dos escoamentos durante uma precipitação, mas</p><p>em muitos casos esses dados são falhos ou inexistem. Para esta condição, utiliza-se o</p><p>hidrograma unitário sintético.</p><p>Os hidrogramas são formados por suas características de tempo de base, tempo de</p><p>pico e vazão de pico. Por meio da regionalização dessas características, e baseado nas</p><p>características físicas da bacia sem dados, determina-se o hidrograma unitário sintético</p><p>(TUCCI, 2012).</p><p>Existem alguns métodos para determinar o hidrograma sintético, sendo um deles o</p><p>hidrograma unitário sintético da Natural Resources Conservation Service, o método da</p><p>SCS (Soil Conservation Service).</p><p>Daee (1979) adaptou as condições do método para o Estado de São Paulo, sendo</p><p>utilizado para bacias hidrográficas urbanas.</p><p>Tucci (2012) apresenta algumas definições importantes para a determinação do hi-</p><p>drograma sintético:</p><p>• Retardo (t1): tempo entre os centros de massa da precipitação excedente e do cor-</p><p>respondente hidrograma de escoamento superficial;</p><p>• Pico (tp): tempo entre o centro de massa da precipitação excedente e o pico do</p><p>hidrograma de escoamento superficial. Sendo o tempo de pico aproximadamente</p><p>60% do tempo de concentração;</p><p>• Subida (Tp): tempo de início da precipitação excedente ao pico do hidrograma de</p><p>escoamento superficial. Considerado como a soma do tempo de pico (tp) com 50%</p><p>do valor da duração da precipitação (D);</p><p>• Base (tb): duração do escoamento superficial direto. Determinado pela soma do</p><p>tempo de pico (tp) e 67% a mais do tempo de subida (Tp);</p><p>• Concentração (tc): tempo de concentração já definido anteriormente;</p><p>• Recessão (tr): tempo transcorrido do pico ao fim do escoamento superficial do</p><p>hidrograma.</p><p>16</p><p>17</p><p>Portanto, para se determinar as variáveis envolvidas no cálculo da vazão de pico (qp),</p><p>tem-se:</p><p>0,6p ct t=</p><p>×</p><p>2p p</p><p>DT t= +</p><p>1,67b p pt T T= + ×</p><p>A vazão de pico do hidrograma unitário sintético de forma triangular é calculada</p><p>pela equação:</p><p>0,208</p><p>p</p><p>p</p><p>Aq</p><p>T</p><p>×</p><p>=</p><p>E m que:</p><p>• qp → vazão de pico do hidrograma unitário (m³/s) ;</p><p>• A → área (km2) ;</p><p>• Tp → tempo de subida (h) .</p><p>Figura 12 – Proporcionalidade do Hidrograma Unitário</p><p>Fonte: Adaptado de COLLISCHONN, 2011</p><p>Orientações para Elaboração do Relatório de Instalação de Estações Hidrométricas.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3FbbIjt</p><p>17</p><p>UNIDADE Escoamento Superficial</p><p>Modelo Chuva-vazão não Calibrados</p><p>Esse modelo com precisão moderada estima a vazão do escoamento produzido pelas</p><p>precipitações em determinada área.</p><p>Existem alguns métodos baseados em equações para determinar essa vazão, que</p><p>serão apresentados a seguir (TUCCI,2012):</p><p>Método Racional</p><p>Esse método é muito utilizado, mas sua aplicação é limitada a pequenas bacias (áreas</p><p>de estudo) com no máximo 2 km2. O método é aplicado para áreas com muitos dados</p><p>de chuva e poucos dados de vazão.</p><p>O método estima as máximas vazões em relação a uma determinada precipitação,</p><p>em que o tempo de duração (D) da chuva é considerado como o tempo de concentração</p><p>da bacia (tc).</p><p>Para as áreas urbanas que estão em constantes transformações, a análise do compor-</p><p>tamento das vazões é de suma importância.</p><p>A equação estima a vazão máxima de escoamento de uma determinada área sujeita a</p><p>uma intensidade máxima de precipitação, com um determinado tempo de concentração.</p><p>0,278Q C i A= × × ×</p><p>Em que:</p><p>• Q → vazão (m³/s);</p><p>• C → Coeficiente de escoamento superficial;</p><p>• i → intensidade da precipitação (mm/h);</p><p>• A → área da bacia hidrográfica (km2).</p><p>O coeficiente de escoamento superficial (C) ou coeficiente de runoff, que foi citado</p><p>anteriormente nesta unidade, pode ser determinado por dados tabelados que relacionam</p><p>tipo de solo, declividade e cobertura vegetal da bacia em estudo.</p><p>Tucci (2021) apresenta os valores do coeficiente de escoamento superficial tabelados</p><p>em função do tipo de recobrimento da superfície da bacia e do tipo de solo, bem como</p><p>uma versão adotada pela Prefeitura de São Paulo:</p><p>Quadro 1 – Valores do Coeficiente C</p><p>Superfície</p><p>C</p><p>Intervalo Valor esperado</p><p>Pavimento</p><p>• Asfalto</p><p>• Concreto</p><p>• Calçadas</p><p>• Telhado</p><p>0,70 – 0,95</p><p>0,80 – 0,95</p><p>0,75 – 0,85</p><p>0,75 – 0,85</p><p>0,83</p><p>0,88</p><p>0,85</p><p>0,95</p><p>Cobertura: grama solo arenoso</p><p>18</p><p>19</p><p>Superfície</p><p>C</p><p>Intervalo Valor esperado</p><p>• Plano (2%)</p><p>• Médio (2 a 7%)</p><p>• Alta (7%)</p><p>0,05 – 0,10</p><p>0,10 – 0,15</p><p>0,15 – 0,20</p><p>0,08</p><p>0,13</p><p>0,18</p><p>Grama, solo pesado</p><p>• Plano (2%)</p><p>• Médio (2 a 7 %)</p><p>• Declividade alta (7%)</p><p>0,13 – 0,17</p><p>0,18 – 0,22</p><p>0,25 – 0,35</p><p>0,15</p><p>0,20</p><p>0,30</p><p>Fonte: Adaptada de TUCCI, 2012</p><p>Quadro 2 – Valores do Coefi ciente C para áreas rurais</p><p>Tipo de Área C’</p><p>Topografi a</p><p>Terreno plano, declividade de 0,2 -0,6 m/km 0,30</p><p>Terreno, declividade de 3 -4 m/km 0,20</p><p>Morros, declividade de 30 -50 m/km 0,10</p><p>Solo</p><p>Argila impermeável 0,10</p><p>Permeabilidade média 0,20</p><p>Arenoso 0,40</p><p>Cobertura</p><p>Áreas cultivadas 0,10</p><p>Árvores 0,20</p><p>Fonte: Adaptada de TUCCI, 2012</p><p>Quadro 3 – Valores do Coefi ciente C adotados pela Prefeitura de São Paulo</p><p>Zonas C</p><p>Edificação muito densa: partes centrais, densamente construídas de uma</p><p>cidade com ruas e calçadas pavimentadas. 0,70 – 0,95</p><p>Edificação não muito densa: partes adjacentes ao centro, de menos densi-</p><p>dade de habitações, mas com ruas e calçadas pavimentadas. 0,60 – 0,70</p><p>Edificações com poucas superfícies livres: partes residenciais com constru-</p><p>ções cerradas, ruas pavimentadas. 0,50 – 0,60</p><p>Edificações com muitas superfícies livres: partes residenciais com ruas</p><p>macadamizadas ou pavimentadas. 0,25 – 0,50</p><p>Subúrbios com alguma edificação: partes de arrabaldes e subúrbios com</p><p>pequena densidade de construção. 0,10 – 0,25</p><p>Matas, parques e campos de espertes: partes rurais, áreas verdes, superfí-</p><p>cies arborizadas, parques ajardinados, campos de esporte sem pavimentação 0,05 – 0,20</p><p>Fonte: Adaptada de TUCCI, 2012</p><p>Informações sobre hidrometria. Disponível em: https://bit.ly/3D8OAl0</p><p>19</p><p>UNIDADE Escoamento Superficial</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Sites</p><p>Associação Brasileira de Recursos Hídricos</p><p>https://bit.ly/3F45eCT</p><p>Livros</p><p>Hidrologia – Engenharia e Meio Ambiente</p><p>PIMENTEL, L. Hidrologia – Engenharia e Meio Ambiente. Grupo GEN, 2015.</p><p>9788595155510. (e-book)</p><p>Vídeos</p><p>Método Racional</p><p>https://youtu.be/RdkoJr0lP4s</p><p>Leitura</p><p>Influência da Precipitação no Escoamento Superficial em uma Microbacia Hidrográfica</p><p>do Distrito Federal</p><p>https://bit.ly/3n8slpP</p><p>20</p><p>21</p><p>Referências</p><p>CARVALHO, D. F. de; SILVA, L. D. B. Notas de aula. Disciplina de Hidrologia.</p><p>UFRRJ, 2006.</p><p>COLLISCHONN, W.; TASSI, R. Introduzindo Hidrologia – versão 8. [S.I.]: IPH</p><p>UFRGS, 2011.</p><p>DAEE. Boletim Técnico do Departamento de Águas e Energia Elétrica. São</p><p>Paulo-SP, 1979.</p><p>PINTO, N. S. et al. Hidrologia Básica. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 1976.</p><p>TUCCI, C. E. M. Hidrologia Ciência e Aplicação. 4 ed. São Paulo: Editora ABRH, 2012.</p><p>21</p>