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Sistema Recursal no Código de Processo Civil 1. Noções introdutórias É possível afirmar que a sistemática recursal sofreu uma reestruturação significativa com o CPC – Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015 -, guiada pela necessidade de melhor adequá-la à perspectiva constitucional de um processo com razoável duração (art. 5º, inc. LXXVIII, da CF/1988), já que aos recursos sempre fora imputada a responsabilidade por grande parte da morosidade da Justiça e, além disso, de um processo com maior potencial de atingir o acesso efetivo à ordem jurídica justa. 2. Conceito de recurso Na lição de Barbosa Moreira, o recurso deve ser entendido “no direito processual civil brasileiro, como o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial que se impugna”. Somente o recurso - e a remessa necessária, quando prevista em lei – pode prolongar a atividade estatal de solução de conflitos, evitando a preclusão ou o trânsito em julgado. 1 Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I – proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. §1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá- los-á. §2º Em qualquer dos casos referidos no §1º, o tribunal julgará a remessa necessária. §3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I – 1.000 (mil) salários- mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II – 500 (quinhentos) Nesse sentido, o recurso tem natureza de prolongamento do exercício do direito de ação (e do direito de exceção) no mesmo processo em que já foi exercida a atividade jurisdicional. Não instaura um novo processo, mas permite o acesso aos órgãos competentes para reexame das decisões. Como ônus processual, a decisão de não recorrer acarreta apenas a perda da chance quanto à possível melhora da situação anterior, que atinge exclusivamente a parte prejudicada pela decisão. Assim, o recurso tem natureza jurídica de continuidade do exercício do direito de ação ou de exceção, bem como de ônus processual. O recurso é um ato voluntário porque, como exercício continuado do direito de ação, não pode ser imposto à parte, que o pratica se quiser. A remessa automática ao tribunal para a confirmação da sentença, a qual se convencionou chamar de duplo grau de jurisdição obrigatório ou remessa necessária (art. 496 do CPC)1, não constitui recurso, pois prescinde de ato de interposição particular do recurso, consoante dispõe vários artigos do código (v.g. arts. 996 e 997). Desse modo, o recurso é ato processual que depende da vontade e da atividade da parte, escancarando a sua insatisfação com a decisão cuja reforma é perseguida. salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direitos públicos e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III – 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. §4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I – súmula de tribunal superior; II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de casos repetitivos; III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV – entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. Ademais, somente se considera recurso o meio de impugnação empregado na mesma relação jurídica processual. Aliás, um de seus propósitos é exatamente impedir o encerramento do processo pelo trânsito em julgado. O sistema brasileiro de impugnação de decisões judiciais comporta não apenas os recursos, mas também as ações autônomas e os sucedâneos recursais. Os recursos e as ações autônomas estão expressamente previstos em lei com o propósito de obter o reexame da decisão. Ambos têm o mesmo destino, mas utilizam- se de formatos distintos. Dos recursos as partes só podem se servir dentro da mesma relação jurídica processual, prolongando um processo já instaurado, sem qualquer alteração no objeto litigioso. Além disso, os recursos são remédios que se esgotam em poucos dias, devido ao curto prazo peremptório para sua interposição. Por outro lado, as ações impugnativas fazem nascer uma nova relação jurídica processual, porquanto cabíveis fora do processo no qual foi proferida a decisão que se pretende atacar. Igualmente, as ações autônomas de impugnação podem ter por objeto não só decisões ainda não transitadas em julgado (v.g. reclamação), bem como aquelas que já se encontram acobertadas pelo manto da coisa julgada (v.g. ação rescisória, ação anulatória, embargos de terceiro, mandado de segurança contra ato judicial, etc.). Por fim, tais ações podem ser ajuizadas em prazos mais largos – decadenciais ou prescricionais – que perduram às vezes por anos. Em último, os sucedâneos recursais são opostos numa relação processual já existente, porém contra decisões sem trânsito em julgado, mas que por falta de previsão legal, não são passíveis taxativamente do manejo da via recursal (v.g. pedido de reconsideração, suspensão de segurança, correição parcial e remessa necessária). Na visão de Flávio Cheim Jorge, os “sucedâneos recursais são institutos, que a despeito de não serem considerados recursos, acabam, ainda que indiretamente, fazendo as vezes dos mesmos, propiciando, assim, a anulação, a reforma ou ainda a ineficácia de uma decisão judicial”. Segundo o entendimento de Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha, “a ação autônoma de impugnação da decisão judicial, pelo qual se dá origem a um processo novo, cujo objetivo é o de atacar ou interferir em decisão judicial. Distingue- se do recurso exatamente porque não veiculada no mesmo processo em que a decisão recorrida fora proferida. São exemplos: a ação rescisória, a querela nulitatis, os embargos de terceiro, o mandado de segurança e o habeas corpus contra ato judicial e a reclamação. Sucedâneo recursal é todo meio de impugnação de decisão judicial que nem é recurso nem é ação autônoma de impugnação. É uma categoria residual: o que não for recurso, nem ação autônoma, será um sucedâneo recursal. A categoria dos sucedâneos recursais engloba, enfim, todas as outras formas de impugnação da decisão. São exemplos: pedido de reconsideração, pedido de suspensão de segurança (Lei n. 8.437/1992, art. 4º; Lei n. 12.016/2009, art. 15) e a correição parcial”. Retornando ao tema dos recursos, é possível afirmar que ele é o ato processual que almeja a alteração da realidade imposta pela decisão recorrida, seja pela sua reforma e consequente melhoria da situação do recorrente, seja pela sua invalidação, geradora do retorno ao estado anterior ao ato decisório impugnado. No primeiro caso (reforma), a decisão não se apresenta justa, contendo error in judicando e possibilitando a sua modificação pelo juízo ad quem. No segundo caso (invalidação), a decisão ou o próprio processo em que ela se insere contém error in procedendo, impondo a invalidação a fim de que outra decisão seja tomada pelo mesmo órgão prolator da primeira, depois de corrigido o vício que deu azoà anulação. Em outras palavras, na reforma, o órgão ad quem substitui por uma decisão sua aquela que havia sido proferida pelo órgão a quo; na invalidação, o tribunal cassa a decisão proferida pelo juízo hierarquicamente inferior, sem indicar sua solução para a questão ou para o conflito. Finalmente, os recursos não têm como escopo apenas a modificação ou a cassação das decisões. Os embargos de declaração, recurso dirigido ao mesmo juiz prolator da decisão, servem à integração, se presente omissão, ou ao esclarecimento, se obscuro ou contraditório o ato decisório (art. 1.022 do CPC)2. 3. Natureza jurídica Pode-se definir a natureza jurídica dos recursos como uma extensão do direito de ação, da ampla defesa e do contraditório. Para Nelson Luiz Pinto, o recurso “é uma extensão do direito de ação ou de defesa, e, portanto, apenas prolonga a vida do processo e a litispendência existente, dentro da mesma relação processual”. Com o recurso, a parte dá início a uma nova pretensão: a reapreciação da matéria que foi julgada de maneira desfavorável para o recorrente, também nos casos em que a decisão necessita de esclarecimentos, ou ainda quando parte do pedido não foi apreciado. Ao mesmo tempo, tem uma nova oportunidade de se defender, embora não possa ampliar os limites de sua defesa (ampla defesa e contraditório). Por exemplo, se a parte não alegou culpa exclusiva da vítima em lide que verse sobre a prática de ato ilícito, não poderá fazê-lo em sede recursal, posto que o ordenamento jurídico não lhe concede alterar os limites 2 Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II – suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se objetivos – o pedido e a causa petendi – que fixara ao interpor a inicial. É também tido como ônus processual (e não um dever), uma vez que a parte não é obrigada a recorrer, mas caso permaneça inerte se submeterá às consequências do trânsito em julgado, com a obrigação de se resignar peremptoriamente ao que determinado pelo julgador. Neste contexto, entende-se o ônus processual como todo aquele ato que a lei “recomenda” que a parte pratique para que ela possa tutelá-lo. Aplicando esse conceito, se a parte recorre, o Judiciário reapreciará o seu pedido. Por outro lado, se não recorrer, consolidam-se os efeitos da decisão com o trânsito em julgado (se sentença), ou com a preclusão (se decisão interlocutória), e o vencido fica privado da tutela que o ordenamento processual lhe permitia obter. 4. Pronunciamentos judiciais passíveis ou não de recurso O art. 203 do CPC3 conceitua o que denomina de pronunciamentos do juiz, contendo atos decisórios, como a sentença e a decisão interlocutória, e atos sem conteúdo decisório, chamados de despachos. Nos termos do art. 203, §1º, do CPC, a sentença é conceituada como “o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”. O legislador brasileiro optou pela definição da sentença pelo momento processual em que é proferida (põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução) e também pelo seu conteúdo pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III – corrigir erro material. 3 Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. (julgamento sem análise de mérito – art. 485, e julgamento com análise de mérito – art. 487). Já o §2º do art. 203 do CPC define a decisão interlocutória como “todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no §1º”. Neste caso, o legislador optou por um conceito legal extensivo, residual ou por exclusão, ou seja, considera-se decisão interlocutória toda decisão que não se enquadre no conceito legal de sentença, de tal modo que ela não pode ter posto fim, com fundamento nos arts. 485 e 487, à fase cognitiva do processo, bem como à execução. Cabe ressaltar que, de acordo com o CPC, como a sentença é delineada como ato que encerra uma fase processual, se houver decisão parcial de mérito, essa será qualificada como interlocutória de mérito e não sentença, pois com ela haveria o prosseguimento do processo em mesma fase. Tanto que os arts. 356, §5º4 e 1.015, inc. II5, indicam que, contra decisão de julgamento antecipado parcial de mérito, cabe recurso de agravo de instrumento, que é o recurso correspondente contra algumas decisões interlocutórias. Prosseguindo, conforme o art. 203, §3º, do CPC, os despachos são “todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte”. 4 Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcelas deles: (...) §5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento. 5 Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: (...) II – mérito do processo. 6 Art. 2º O processo civil começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial. 7 Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. 8 Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. Os despachos são todos os atos do juiz que impulsionam o processo, em atenção ao princípio do impulso oficial6, sem nenhum conteúdo decisório. Há previsão legal no sentido de não ser cabível recurso contra despacho (art. 1.001 do CPC7), justamente pelo fato de que, em regra, não tem conteúdo decisório. Além dos pronunciamentos judiciais previstos no art. 203 do CPC, os juízes investidos nos tribunais locais e superiores proferem dois outros tipos de decisões: o acórdão8 e a decisão monocrática (ou decisão unipessoal). Os acórdãos representam as decisões colegiadas proferidas pelos tribunais e turmas recursais dos juizados especiais e servem para decidir algum recurso ou ações de competência originária dos tribunais. Além dos embargos de declaração, que caberá contra qualquer decisão judicial, pode o acórdão desafiar os seguintes recursos: recurso extraordinário, recurso especial, embargos de divergência e recurso ordinário constitucional. Por sua vez, as decisões monocráticas são proferidas por um único desembargador e/ou ministro. Essas decisões, de acordo com o CPC, podem ter a natureza de decisão interlocutória, como nas hipóteses em que se decide sobre efeito suspensivo, tutela provisória no âmbito recursal, participação de amicus curiae, produção de provas, etc. (arts. 138, caput9 e 932, incs. I e II, do CPC10) ou de decisão definitiva que 9 Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. 10 Art. 932. Incumbe ao relator: I – dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive com relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, analisa a pretensão recursal (art. 932, incs. IV e V, do CPC)11. Poderá a parte que não concordar com a decisão monocrática do relator, valer-se de uma modalidade recursal denominada de agravo interno (art. 1.021 do CPC)12. Também o agravo interno poderá ser interposto contra decisão monocrática de Presidente ou Vice-Presidente do tribunal recorrido na hipótese de que trata o art. 1.030, inc. I e III c/c §3º, do CPC13. Por fim, caberá agravo de admissão em recurso especial ouem recurso extraordinário contra a decisão monocrática de Presidente ou Vice- Presidente de tribunal na hipótese de inadmissão dos recursos excepcionais (art. 1.030, inc. V e §1º c/c art. 1.04214, do CPC). 5. Classificação dos recursos O CPC, em seu art. 994, elenca as seguintes espécies recursais: (i) apelação; (ii) agravo de instrumento; (iii) agravo interno; (iv) embargos de declaração; (v) recurso homologar autocomposição das partes; II – apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; 11 Art. 932. Incumbe ao relator: (...) IV – negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de casos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V – depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento a recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de casos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência. 12 Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. 13 Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para ordinário; (vi) recurso especial; (vii) recurso extraordinário; (viii) agravo em recurso especial ou extraordinário; e (ix) embargos de divergência. Esse rol não é taxativo, uma vez que o ordenamento jurídico prevê outros recursos que constam de legislação extravagante, tais como os embargos infringentes da Lei n. 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal), o recurso inominado da Lei n. 9.099/1995 (Juizados Especiais), aplicável a todo microssistema dos juizados (Leis ns. 10.259/2001 e 12.153/2009) e o recurso de revista previsto na CLT (art. 893, inc. III). Quanto à abrangência (extensão), é possível classificar os recursos em total e parcial (art. 1.002 do CPC)15. Optando a parte pela impugnação integral da decisão que lhe é prejudicial, o recurso será total, não se operando a preclusão sobre a matéria discutida. Caso, no entanto, o litigante prefira recorrer apenas de parte daquilo que podia impugnar, o seu recurso será parcial, o que ocasiona a limitação do efeito devolutivo do recurso (somente a parte impugnada pode ser objeto de apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: I – negar seguimento: a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral; b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos; (...) §3º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021. 14 Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos. 15 Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte. cognição do juízo ad quem) e a preclusão da matéria não impugnada. É válido assinalar que para a classificação quanto à abrangência, importam apenas os capítulos da decisão sobre os quais o recorrente possui interesse recursal. De fato, o que diferencia o recurso entre total e parcial é a extensão da matéria impugnada: total é o recurso que abrange todo o conteúdo impugnável da decisão e parcial aquele que impugna apenas parte. Como reflexo do princípio dispositivo (arts. 141 e 492 do CPC)16, compete ao recorrente decidir sobre a limitação do objeto do recurso, vinculando o órgão judicial responsável pelo julgamento do mérito recursal. Também são classificados os recursos quanto à sua fundamentação. Em determinadas hipóteses, o legislador restringe os argumentos que podem ser empregados pelo recorrente, o que pode interferir diretamente no cabimento do recurso. Se presente a limitação na lei, trata-se de recurso de fundamentação vinculada; se ausente a restrição legal, classifica-se o recurso como sendo de fundamentação livre. Com efeito, nos recursos de fundamentação livre, a parte poderá invocar qualquer tipo de vício na decisão prolatada (v.g. apelação, agravo de instrumento e recurso ordinário). Já os recursos de fundamentação vinculada são aqueles em que há norma no sistema que impede a parte de se valer de qualquer fundamento, restringindo seu campo de defesa a algumas hipóteses enumeradas 16 Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. 17 Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. taxativamente (v.g. embargos de declaração, recurso extraordinário, recurso especial e embargos de divergência). Pelo critério da autonomia, os recursos são classificados em principais (ou autônomos) e subordinados (ou adesivos). A autonomia é a regra, pela qual cabe a cada parte recorrer para impugnar o conteúdo da decisão que lhe desfavorece, independentemente da conduta do outro litigante (art. 997 do CPC)17. O ordenamento jurídico autoriza, porém, a parte recorrida a aderir ao recurso interposto pela parte contrária, interpondo seu próprio recurso somente no prazo indicado para as contrarrazões da impugnação do principal. O adesivo ou subordinado tem seu exame condicionado ao conhecimento do recurso principal e à não desistência da parte contrária (art. 997, §2º, inc. III, do CPC)18. 5.1 Recurso adesivo O recurso adesivo não é espécie de recurso, mas modo de interposição do recurso. Ressalte-se, antes de qualquer análise criteriosa, que o recurso adesivo somente poderá ser interposto nos casos de (i) sucumbência recíproca; e (ii) se apenas uma das partes vencidas recorrer. A interposição de recurso na modalidade adesiva somente é possível se há sucumbência recíproca, isto é, o provimento judicial passível de impugnação contém capítulo no qual o pleito de uma 18 Art. 997. (...) §2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: (...) III – não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. parte foi acolhido e capítulo no qual a outra parte triunfou (art. 997, §1º, do CPC)19. Igualmente, só se abre a possibilidade de recurso adesivo se uma daspartes decidiu recorrer originalmente, ou seja, no prazo do recurso principal. O momento destinado à interposição do recurso adesivo é o que o diferencia do recurso autônomo. O recurso adesivo deve ser interposto no prazo reservado ao oferecimento de contrarrazões do recurso autônomo. Trata-se, na verdade, de uma segunda oportunidade para recorrer. A interposição de recurso na modalidade adesiva está prevista no art. 997 do CPC, que estabelece as seguintes características: (i) cabível em caso de sucumbência recíproca; (ii) uma das partes prejudicada pela decisão deve interpor recurso no prazo inicial, permitindo a adesão; (iii) ao recurso adesivo aplicam-se as mesmas regras da interposição autônoma quanto aos requisitos de admissibilidade e de julgamento no tribunal20; (iv) deve ser interposto no prazo de contrarrazões; (v) cabível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial21; (vi) fica subordinado ao recurso principal, cuja inadmissibilidade impede o conhecimento do adesivo. O exame do recurso adesivo pressupõe a admissibilidade do recurso principal. Se, por qualquer motivo, este não for conhecido, o recurso adesivo também não o será. Basta, inclusive, a desistência do recurso principal 19 Art. 997. (...) §1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. 20 O recurso adesivo pode ser interposto pelo autor da demanda indenizatória, julgada procedente, quando arbitrado, a título de danos morais, valor inferior ao que era almejado, uma vez configurado o interesse recursal do demandante em ver majorada a condenação, hipótese caracterizadora de sucumbência material (Tema n. 459 de Recurso Repetitivo). 21 Enunciado n. 88 do FONAJE: Não cabe recurso adesivo em sede de Juizado Especial, por falta de expressa previsão legal. 22 Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou pela parte contrária para que o recurso adesivo não seja conhecido. Se a parte recorreu no prazo original e, antes do prazo de resposta, desistiu do recurso, não pode valer-se do recurso adesivo. Da mesma forma, ainda que não tenha desistido do principal, não lhe é licito utilizar do adesivo para complementar as razões recursais ou impugnar parte da decisão não impugnada anteriormente pelo recurso principal. A interposição inicial do recurso, nesse caso, acarreta a preclusão consumativa. Por fim, defende-se o cabimento do recurso adesivo em agravo de instrumento interposto em face de decisão interlocutória que julga antecipada e parcialmente o mérito (art. 356 do CPC)22. Nessa hipótese, o agravo de instrumento faz as vezes de apelação, já que a decisão impugnada decidiu de forma definitiva um ou mais pedidos. Assim, se o julgamento antecipado e parcial resulta em sucumbência recíproca a respeito do que foi decidido e uma das partes interpôs agravo de instrumento, é cabível a interposição adesiva de agravo pela parte contrária, limitada, por óbvio, aos pedidos já julgados. 6. Princípios recursais 6.1 Princípio do duplo grau de jurisdição parcela deles: I – mostrar-se incontroverso; II – estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. §1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. §2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto. §3º Na hipótese do §2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva. §4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processadas em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. §5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento. O duplo grau deve ser entendido como a previsão legal de reexame da decisão por órgão judicial distinto, que possua suficiente independência para rever o ato impugnado e, se convicto de sua incorreção, esteja munido de poderes para invalidá-lo ou reformá-lo. A dupla análise da causa objetiva a correção de erros e de injustiças das decisões, de um lado, e a coibição do arbítrio do julgador, de outro. A justificação política à postergação da litigiosidade causada pelo recurso advém da crença de que se cria maior possibilidade de acerto ao se propiciar uma segunda leitura do caso, por julgadores mais experientes – e, no caso brasileiro, por órgãos colegiados -, capazes de enxergar ângulos possivelmente não vislumbrados em um primeiro julgamento. Há argumentos favoráveis e desfavoráveis ao princípio do duplo grau de jurisdição. Quanto aos argumentos favoráveis, destacam-se: (i) os juízes de segundo grau, em tese, possuem mais experiência e, assim, maior possibilidade de fazer surgir soluções adequadas aos diversos casos concretos; e (ii) ao julgar, o juiz de primeiro grau sabe que sua decisão poderá ser revista e, por conseguinte, agiria com maior zelo e proficiência pela influência psicológica que o duplo grau nele causaria. Já em contraposição, os argumentos desfavoráveis correspondem: (i) o juiz de segundo grau não tem qualquer contato com as partes e com a produção da prova. Logo, embora geralmente mais antigo no seu múnus, não se pode dizer que esteja em melhores condições de julgar. Ademais, ocorre a inutilização do procedimento oral, dado que a decisão que verdadeiramente prevalecerá, a rigor, será aquela do segundo 23 Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado. §1º O recurso será julgado por uma grau, com base em um procedimento (reduzido a) escrito, e não a do juiz de primeiro grau, que participou do processo e teve contato com a produção de provas, o que, inegavelmente, atribui-lhe melhores condições de extrair a verdade dos fatos; e (ii) uma dupla revisão implica maior gasto de tempo, causando inevitavelmente o que a doutrina chama de dano marginal. Destarte, se, de um lado, o duplo grau de jurisdição como concretizado no sistema recursal brasileiro sacrifica a oralidade, porquanto distancia os julgadores da prova produzida em primeiro grau; afeta a credibilidade dos julgamentos de primeira instância, em virtude da ampla recorribilidade; e posterga a litispendência, em prejuízo à celeridade, de outro lado, é instrumento eficaz contra o arbítrio dos juízes; permite a uniformização da jurisprudência, em prol da isonomia e da segurança jurídica; e dá lugar à correção de erros que ocasionam, ao menos em tese, melhores decisões proferidas por juízes mais experientes. É possível que se tenha o duplo exame não deflagrado por um recurso, como ocorre nas hipóteses em que a lei impõe o reexame necessário como condição de formação da coisa julgada (art. 496 do CPC). De igual modo, alguns recursos não são dirigidos a órgão hierarquicamente superior, como acontece no recurso inominado previsto no art. 41, caput e §1º, da Lei n. 9.099/199523, que confere competência a órgão colegiado formado por juízes de primeiro grau. Também o agravo interno, que desafia decisões unipessoais proferidas no tribunal, é julgado por juízes de segundo grau ou ministros dos tribunais superiores, de mesma hierarquia do prolator da decisão. turma composta por três juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizados. Por derradeiro, há os embargos de declaração (art. 1.022 do CPC) e os embargos infringentes (art. 34 da Lei n. 6.830/1980) como hipóteses de recursos dirigidos ao mesmo órgão prolatorda decisão, constituindo, destarte, em exceção ao princípio do duplo grau de jurisdição. Embora tais recursos permitam uma segunda apreciação da questão, que pode, de fato, levar à modificação da decisão, ela é feita pelo mesmo órgão que decidiu a questão. Cabe destacar que o texto constitucional prestigia o duplo grau de jurisdição como um princípio e não como uma garantia, de tal modo que nada impede que ele seja excepcionado em determinados casos. De fato, ele não se aplica nas causas de competência originária do STF (art. 102, inc. I, da CF/1988), bem como nas hipóteses contempladas no art. 1.013, §3º, do CPC (teoria da causa madura)24. Pela teoria da causa madura, o tribunal, em determinadas situações, está autorizado a julgar matérias não apreciadas pelo juízo de primeiro grau (art. 1.013, §3º). É o caso da sentença que extinguiu o processo sem resolução do mérito (sentença terminativa). O ordenamento jurídico permite ao tribunal competente para julgar o recurso que, ao considerar incorreta a conclusão do juízo a quo, não apenas anule a sentença. Se o processo já está apto para o julgamento de mérito, isto é, o contraditório já foi integralmente garantido e não há prova pendente de produção, cabe ao tribunal reformar a sentença e enfrentar 24 Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. (...) §3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I – reformar sentença fundada no art. 485; II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III – constatar a omissão no exame de um o mérito. Destarte, o tribunal analisará o mérito pela primeira vez, já que este não fora objeto de apreciação em primeiro grau. 6.2 Princípio da taxatividade recursal A CF/1988, no art. 22, inc. I25, estabelece a competência privativa da União para a elaboração de leis que versem sobre direito processual e, por conseguinte, os recursos têm como fonte a lei federal ou o texto constitucional, não sendo possível a sua criação por lei estadual ou por convenções processuais. O art. 994 do CPC prevê os recursos de apelação, agravo de instrumento, agravo interno, embargos de declaração, recurso ordinário, recurso especial, recurso extraordinário, agravo em recurso especial ou extraordinário e embargos de divergência. A sistemática recursal cível não se esgota apenas naqueles constantes no art. 994 do CPC, mas sim todo e qualquer recurso criado por legislação extravagante federal. São exemplos: (i) o recurso inominado dos Juizados Especiais (art. 41 da Lei n. 9.099/1995); (ii) os embargos infringentes da Lei de Execução Fiscal (art. 34 da Lei n. 6.830/1980); e (iii) os recursos ordinário, de revista e agravo de petição previstos na CLT (art. 893, incs. II, III e IV, do Decreto-lei n. 5.452/1943). Sob o ponto de vista prático, os tribunais têm criado os agravos regimentais, mas que não ofendem ao que disposto na CF/1988, uma vez que tratam de mera repetição em dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV – decretar a nulidade da sentença por falta de fundamentação. 25 Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. seus regimentos de recurso já previsto no CPC contra decisões monocráticas de relator, o agravo interno, disciplinado no art. 1.021. Imperioso sublinhar que o cerne desse princípio reside na seguinte máxima: para cada decisão, a lei prevê um recurso correspondente, correlato. O recurso formalmente adequado para o caso será aquele que a lei, segundo requisitos já nela fixados, considerar como o apto para atacar a decisão (adequado). Por fim, não se pode olvidar que existem atos judiciais irrecorríveis, tais como despachos26 e atos ordinatórios, o que não destoa da matéria aqui trabalhada, pois somente são irrecorríveis exatamente em razão da falta de previsão expressa em lei. 6.3 Princípio da unirrecorribilidade O princípio da unirrecorribilidade (ou singularidade) significa que para cada decisão será cabível a interposição de um só recurso, ou seja, não poderá a parte se valer de dois recursos simultaneamente para atacar o mesmo julgado. De fato, ao inconformismo com a decisão judicial, a lei reserva apenas um recurso cabível, pelo qual pode externar sua discordância e pleitear a reforma, a invalidação ou a integração do provimento jurisdicional. No entanto, há uma exceção aparente a esse princípio prevista no art. 1.029 do CPC, que prevê a simultânea interposição de recurso especial e do extraordinário para o Superior Tribunal de Justiça (questão 26 Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. 27 Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. federal) e para o Supremo Tribunal Federal (questão constitucional), tudo em referência a um só acórdão. Todavia, as questões atacadas em cada um dos recursos serão distintas, não ocorrendo, destarte, dupla impugnação sobre a mesma matéria. Discute-se também a respeito de outra exceção à unirrecorribilidade, que se dá quando a decisão proferida for obscura, contraditória, omissa ou que contiver erro material, o que desafia, além do recurso habitual (apelação, agravo de instrumento, etc.), também os embargos de declaração, que deverão ser interpostos em primeiro lugar, no prazo de 5 (cinco) dias (art. 1.023)27. Em verdade, porém, os dois recursos não são simultâneos, e sim, sucessivos, tendo cada um deles objetivos diversos: o primeiro para esclarecer e completar a decisão; o segundo para reformá-la ou invalidá-la. E mais que isso, a interposição dos declaratórios interrompe o prazo para a apresentação do recurso regular (art. 1.026)28 e somente após a intimação do resultado de seu julgamento é que a parte disporá do prazo para o recurso próprio contra a decisão guerreada. Por fim, em prestígio ao princípio da unirrecorribilidade, o art. 1.009, §3º, do CPC, dispõe que deve ser impugnada por apenas um recurso – a apelação -, a sentença que contiver, em seus capítulos, decisão sobre qualquer das matérias da esfera de cabimento do agravo de instrumento. Isto é, as matérias enumeradas no art. 1.015 do CPC que, a rigor, desafiam a interposição de agravo de instrumento, se proferidas no bojo de uma 28 Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso. sentença, deverão ser objeto de apelação unicamente29. 6.4 Princípio da fungibilidade recursal A fungibilidade é uma manifestação do princípio da instrumentalidade das formas na seara recursal, por meio da qual haverá na prática, se preenchidos alguns requisitos, a substituição ou o recebimento de um recurso por outro, a admissão do recurso nominalmente errado como se fosse o correto no caso concreto, em respeito ao aproveitamento máximo dos atos processuais e à flexibilização de procedimentos. No CPC, a situação da fungibilidade fica entre as duas normas codificadas anteriormente, uma vez que não reedita o CPC/193930 com uma regra ampla e expressa, mas diferentemente do CPC/1973 especifica algumas situações concretas de fungibilidade. Nesse sentido, o Enunciado n. 104 do Fórum Permanente de Processualistas Civis enuncia que “o princípio da fungibilidade recursal é compatível com o CPCe alcança todos os recursos, sendo aplicável de ofício”. 29 O próprio art. 1.013, §5º, do CPC/2015, reforça tal entendimento quando prevê que o “capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação”. 30 Art. 810. Salvo a hipótese de má-fé ou erro grosseiro, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro, devendo os autos ser enviados à Câmara, ou Turma, a que competir o julgamento.” 31 Enunciado n. 104 do FPPC: O princípio da fungibilidade recursal é compatível com o CPC e alcança todos os recursos, sendo aplicável de ofício. 32 Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. (...) §3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, §1º. 33 Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre Sobre a positivação da fungibilidade recursal no atual ordenamento jurídico31, existe a previsão do art. 1.024, §3º, do CPC32, onde se admite que o relator, ao receber os embargos de declaração contra decisão monocrática, poderá aceitá-los como agravo interno, ainda que haja a necessidade pela parte de complementação das razões recursais. Outra possibilidade está delineada nos arts. 1.03233 e 1.03334, do CPC, que tratam da possibilidade específica no caso de dúvidas entre o recurso especial e o recurso extraordinário, dispondo que se houver erro na interposição de um dos recursos excepcionais para os tribunais superiores, será automaticamente remetido para o tribunal que lhe couber, seja o STJ remetendo para o STF ou ao inverso. À exceção das hipóteses legais, compreende-se que a aplicação do princípio da fungibilidade recursal exige a presença dos seguintes requisitos35: (i) a existência de dúvida objetiva, consubstanciada pela falta de clareza da norma, pela divergência jurisprudencial ou doutrinária e a eventual imprecisão da própria norma jurídica; (ii) a questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional. 34 Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial. 35 Conforme a jurisprudência pacífica no STJ, o princípio da fungibilidade recursal somente se aplica quando preenchidos os seguintes requisitos: a) dúvida objetiva quanto ao recurso a ser interposto; b) inexistência de erro grosseiro; e c) observância do prazo do recurso cabível. Neste sentido, ausente qualquer desses pressupostos, é inviável a sua aplicação (STJ, AgInt no AREsp 1.811.095/DF, Quarta Turma, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 25/10/2021). inexistência de erro grosseiro; (iii) a ausência de má-fé da parte recorrente; e, por fim, (iv) que a interposição do recurso tenha sido realizada no prazo em que deveria ter sido interposto o recurso correto. 6.5 Princípio da voluntariedade O recurso é um ato voluntário, que depende da manifestação da parte. Essa máxima decorre do princípio dispositivo (art. 2º do CPC)36, que também se aplica na esfera recursal, como se vê na leitura do art. 996 (“O recurso pode ser interposto...”), art. 1.002 (“A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte”) e art. 1.008 (“O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso”). O recurso é um ato de manifestação livre de vontade da parte, porque o Estado se satisfaz com a prestação jurisdicional contida na sentença e a ausência de recurso é indicativa da concordância das partes com a decisão ou da sua tolerância. A remessa necessária (art. 496 do CPC), também denominada de duplo grau de jurisdição obrigatório, não se trata de um recurso, mas sim de condição de eficácia da decisão. Nela, a remessa ao tribunal superior se dá de forma automática, sem qualquer manifestação de vontade da parte e, como tal, não pode ser considerada como recurso. 6.6. Princípio da vedação à reformatio in pejus 36 Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. 37 Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...) IV – verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do A reformatio in pejus consiste na obtenção de resultado menos favorável pelo recorrente em julgamento de recurso por ele interposto se comparado com a situação estabelecida na decisão recorrida. Isto é, é vedada a reforma da decisão para piorar a situação do recorrente: ou a sua situação se mantém como está ou melhora, de modo que ninguém poderá ter sua condenação agravada em razão do seu próprio recurso. É óbvio que se ambas as partes recorrem e o órgão ad quem acolhe o recurso da parte contrária, piorando a situação do outro recorrente, não há que se falar em reformatio in pejus. O princípio da non reformatio in pejus decorre do princípio dispositivo, que consiste em nada mais que limitar o órgão julgador a só agir quando provocado (art. 2º) e, ainda, que restrinja a sua atuação ao pedido da parte, isto é, se houve recurso apenas de uma parte e neste ela pede a melhoria de sua situação, a melhoria pode até ser negada, mas fica obstado o agravamento de sua situação. Excepcionalmente, porém, reconhece-se a possibilidade de o recorrente alcançar uma decisão em segundo grau menos proveitosa, na prática, do que aquela exarada pelo órgão a quo. Consoante dispõe o art. 485, §3º, do CPC, as matérias previstas nos incs. IV, V, VI e IX37, podem ser conhecidas de ofício em qualquer grau de jurisdição, desde que antes do trânsito em julgado. A apreciação de ofício não significa que o órgão julgador pode decidir sem antes processo; V – reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI – verificar ausência de legitimidade ou de interesse recursal; (...) IX – em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal. conferir às partes oportunidade para o exercício do contraditório sobre a questão. A diretriz traçada pelo art. 1038 e, mais especificamente no sistema recursal, pelo art. 93339, ambos do CPC, obriga o julgador à prévia intimação das partes a respeito do objeto da decisão, ainda que se trate de questão de ordem pública. Outra situação notável é a que se encontra prevista no art. 1.013, §3º, do CPC (teoria da causa madura). Nela, se o tribunal entender por reformar a sentença de extinção do processo sem análise do mérito (art. 485), poderá avançar ao mérito desde que o processo esteja em condições de julgamento. Ainda que o autor tenha recorrido da sentença com vistas à sua modificação para atender seu pedido de procedência, pode ocorrer que o tribunal julgue no mérito pela improcedência dos pedidos lançados na petição inicial. Neste caso, o autor que tinha contra si uma decisão de extinção do seu processo (desfavorável), terá agora, por provocação de seu próprio recurso, uma decisão de mérito também desfavorável, mas não em desobediência ao princípio da non reformatio in pejus, mas pelos desdobramentos previstos na lei que permitem que todas as questões debatidas nos autos devemser apreciadas pelo tribunal, o que pode resultar em resolução do mérito em favor ou em prejuízo do autor. A mesma solução jurídica poderá ser dada ao recurso que afasta a decadência ou a prescrição reconhecida na sentença (art. 1.013, §4º)40. 38 Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 39 Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias. Cabe assinalar, ainda, que há mais uma exceção à regra da vedação da reformatio in pejus. Com efeito, o art. 85, §11, do CPC, dispõe que em caso de derrota do recorrente, o tribunal “majorará os honorários fixados anteriormente, levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal”. Assim, haverá piora na situação do recorrente, o qual terá que pagar os honorários advocatícios de sucumbência acrescidos na fase recursal. Por último, o STJ tem o entendimento sumulado de que “No reexame necessário é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública” (Súmula 45). 6.7 Princípio da dialeticidade São sinônimos de dialética: discussão, debate, diálogo, exposição, etc. É uma forma de buscar a verdade por meio da argumentação lógica e que permite, a partir do debate, da troca de ideias, que se chegue a uma conclusão. Sob o prisma recursal, é a exigência de que a parte não apenas expresse sua irresignação com a situação processual que lhe é desfavorável, mas a realize de forma motivada, permitindo a resposta da parte contrária. Se não houver a devida fundamentação, há o impedimento de que a parte contrária possa responder os argumentos, resultando na afronta ao contraditório41. É clara a correspondência do princípio em análise com o art. 319, inc. III, do CPC, que enuncia como um dos requisitos da petição 40 Art. 1.013. (...) §4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. 41 São insuficientes ao cumprimento do dever de dialeticidade recursal as alegações genéricas de inconformismo, devendo a parte autora, de forma clara, objetiva e concreta, demonstrar o desacerto da decisão impugnada (STJ, AgInt no AREsp 1.969.273/SP). inicial que a parte exponha “o fato e os fundamentos jurídicos do pedido”. Se o recorrente não expõe os motivos de seu inconformismo, assim como ocorre com a petição inicial, inepta será a peça recursal. Ainda, se o recorrente limitar-se a reiterar os fundamentos da inicial, sem atacar diretamente o obstáculo criado pela decisão frente à sua pretensão, inepto será o recurso. A Súmula 182 do STJ é exemplo da presença do princípio no ordenamento brasileiro, ao esclarecer que “é inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada”. Anote-se apenas uma retificação. O verbete sumular, editado sob a égide do CPC/1973, se refere agora ao art. 1.021 do CPC, que prevê o cabimento do agravo interno contra decisão proferida pelo relator. Na prática, tal princípio se revela em vários artigos sobre os recursos em espécie, quando indicam que entre os requisitos da petição recursal há necessidade de motivação, por exemplo: (i) apelação (art. 1.010, inc. III) – “as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade”; (ii) agravo de instrumento (art. 1.016, inc. III) – “as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido”; (iii) embargos de declaração (art. 1.023) – “os embargos serão opostos, no prazo de 5 [cinco] dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo”; (iv) recurso especial e extraordinário (art. 1.029, inc. III) – “as razões do pedido de reforma ou invalidação da decisão recorrida”; entre outras disposições atinentes aos demais recursos. O recurso sem a devida motivação não preenche os requisitos de admissibilidade recursal. Tal vício viola especificamente o requisito da regularidade formal, que deve ser atendido por todo e qualquer recurso. O art. 932, par. ún., do CPC, dispõe que “antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado o vício ou complementada a documentação exigível”. Inadmissível, por óbvio, é o recurso que não preenche os requisitos de admissibilidade. Não estando presentes tais requisitos, a norma impõe ao relator a intimação do recorrente para preenchimento da exigência originalmente não observada. Como a regularidade formal faz parte dos requisitos de admissibilidade, a regra também se aplica à fundamentação do recurso. Em conclusão, oportuna a transcrição das súmulas do STJ e do STF que, a despeito de terem sido emitidas na vigência do CPC/1973, permanecem em pleno vigor quanto à dialeticidade: (i) Súmula n. 287 do STF – “Nega-se provimento ao agravo, quando a deficiência em sua fundamentação, ou no recurso extraordinário, não permitir a exata compreensão da controvérsia”; (ii) Súmula n. 284 do STF – “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”; (iii) Súmula n. 126 do STJ – “É inadmissível o recurso especial, quando o acórdão recorrido, assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário”. 6.8 Princípio da primazia do julgamento de mérito O CPC foi concebido de modo a viabilizar que o processo civil produza sentença que resolva o litígio de forma definitiva. A propósito, dispõe o art. 4º do CPC que “as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa” e, no mesmo sentido, o art. 6º prevê que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. No sistema recursal, com o inequívoco intuito de dificultar a criação de óbices pela jurisprudência (defensiva), o legislador vedou decisões de inadmissibilidade recursal sem que antes se propicie ao recorrente a correção de erros sanáveis. Nota-se na exposição de motivos do CPC, que há um esforço em entregar à sociedade a efetiva realização dos direitos ameaçados de lesão ou violados, em prol das garantias constitucionais de um Estado Democrático de Direito, que não pode privilegiar a forma em detrimento do conteúdo, sob pena de se afastar do devido processo legal, da coesão e, em última análise, do acesso à justiça. Na prática, o CPC evidencia sua pretensão de favorecer a aplicação do direito material em detrimento do vício formal através de vários artigos, a partir das matrizes principiológicas estatuídas pelos arts. 4º, 6º e outros dispositivos especificamente destacados: (i) art. 76, §2º42 - em caso de incapacidade processual ou irregularidade de representação da parte, como falta de procuração outorgada ao advogado, deverá possibilitar a correção do vício em prazo razoável, antes que não conheça do recurso 42 Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. §1º Descumprida a determinação,caso o processo esteja na instância originária: I – o processo será extinto, se a providencia couber ao autor; II – o réu será considerado revel, se a providência lhe couber; III – o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre. §2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator: I – não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente; II – determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido. ou determine o desentranhamento das contrarrazões. (ii) art. 218, §4º43 - estabelece a tempestividade do ato praticado (interposição do recurso, por exemplo) antes do termo inicial do prazo, afastando a jurisprudência defensiva aplicada durante muito tempo pelos tribunais superiores e confirmada pelo entendimento estampado na Súmula n. 418 do STJ (“é inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação”). (iii) art. 139, inc. IX44 – estabelece que o juiz, ao dirigir o processo, deve procurar determinar a correção dos defeitos e irregularidades ocorrentes, inclusive no que diz respeito aos pressupostos processuais, com vistas a maior possibilidade de alcance de uma decisão de mérito. (iv) art. 31745 – ao impor ao magistrado o dever de conceder à parte oportunidade para correção de vício que possa importar em resolução do processo sem julgamento do mérito, o legislador assegura a efetividade e a duração razoável do processo. Já que a resolução do processo sem análise do mérito não impede, em regra, a repropositura da ação (art. 486 do CPC)46; é muito mais profícuo que esse acertamento do defeito tenha cabimento na mesma ação. 43 Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. (...) §4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. 44 Art. 139. O Juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...) IX – determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais. 45 Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício. 46 Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. (v) art. 48847 – no mesmo silogismo do art. 282, §2º, desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485, isto é, se o processo poderia ser resolvido a favor de uma das partes pela extinção sem análise do mérito, o juiz buscará o julgamento com a abordagem meritória, se for beneficiar a mesma parte. (vi) art. 932, par. ún.48 – este dispositivo se constitui num dos mais importantes meios de combate à jurisprudência defensiva, pois obriga o julgador a facultar ao recorrente o prazo de 5 dias para sanar algum defeito do recurso antes de inadmiti-lo. (vii) art. 938, §1º49 - o legislador deixa claro que a política processual é de acertamento dos vícios sanáveis para o regular prosseguimento do julgamento dos recursos. (viii) art. 1.029, §3º50 - o STF e o STJ poderão desconsiderar o vício formal de recurso tempestivo ou determinar a sua correção, desde que não o repute grave. 47 Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485. 48 Art. 932. Incumbe ao relator: (...) Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. 49 Art. 938. (...) §1º Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser conhecido de ofício, o relator determinará a realização ou a renovação do ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes. 50 Art. 1.029. (...) §3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.
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