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<p>SUMÁRIO</p><p>INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4</p><p>1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO REGIME DE BENS ............................... 5</p><p>2 NATUREZA JURÍDICA DO PACTO ANTENUPCIAL ............................... 7</p><p>3 AUTORIZAÇÃO CONJUGAL: OUTORGA UXÓRIA E OUTORGA</p><p>MARITAL...................................................................................................................8</p><p>4 REGIMES DE BENS NO DIREITO CIVIL DE 2002 ................................. 11</p><p>4.1 Regime legal supletivo ....................................................................... 11</p><p>4.2 Regime legal obrigatório ..................................................................... 12</p><p>4.3 Mudança de regime de bens do casamento ....................................... 13</p><p>4.3.1 Comunhão parcial de bens ........................................................... 14</p><p>4.3.2 Comunhão parcial de bens X Administração do patrimônio ......... 15</p><p>4.3.3 Comunhão universal de bens ....................................................... 16</p><p>4.3.4 Separação convencional de bens ................................................ 17</p><p>4.3.5 Participação final nos aquestos .................................................... 18</p><p>5 ADMINISTRAÇÃO DOS BENS NO CASAMENTO ................................. 22</p><p>6 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL ............. 24</p><p>6.1 O divórcio ........................................................................................... 26</p><p>6.1.1 Formas do divórcio ....................................................................... 29</p><p>6.1.2 A guarda dos filhos ....................................................................... 31</p><p>6.1.3 Alienação parental ........................................................................ 33</p><p>7 PARTILHA DE BENS .............................................................................. 35</p><p>8 O NOME DOS CÔNJUGES ..................................................................... 37</p><p>9 RECONCILIAÇÃO ................................................................................... 39</p><p>10 DISSOLUÇÃO DO MATRIMÔNIO X RESPONSABILIDADE CIVIL ....... 40</p><p>10.1 Invalidade do casamento ................................................................ 41</p><p>10.2 Casamento nulo e anulável ............................................................. 42</p><p>10.3 Diferenças entre nulidade e anulabilidade do casamento</p><p>.................................................................................................................................. 44</p><p>11 DISSOLUÇÃO PELA MORTE E MORTE PRESUMIDA ....................... 45</p><p>11.1 Divórcio post mortem ...................................................................... 46</p><p>12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: .................................................... 49</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Prezado aluno!</p><p>O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante</p><p>ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um</p><p>aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma</p><p>pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado.</p><p>O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e</p><p>todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em</p><p>perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que</p><p>serão respondidas em tempo hábil.</p><p>Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa</p><p>disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das</p><p>avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora</p><p>que lhe convier para isso.</p><p>A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser</p><p>seguida e prazos definidos para as atividades.</p><p>Bons estudos!</p><p>5</p><p>1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO REGIME DE BENS</p><p>Ao se pensar em Regime de Bens entende-se como um conjunto de normas</p><p>que disciplina a relação jurídico patrimonial entre os cônjuges, onde pode ser</p><p>observado três princípios que são fundamentais:</p><p>Quanto ao Princípio da liberdade de escolha que trata do direito de escolha dos</p><p>nubentes, os quais de acordo com sua autonomia privada e liberdade de escolha,</p><p>podem escolher o regime de bens que acharem mais adequado, não podendo o</p><p>Estado interferir nesse direito de escolha, salvo, nos casos em que a lei permita por</p><p>motivo relevante.</p><p>Princípio da viabilidade, nesta modalidade, entende-se que a ordem jurídica</p><p>não permite um único regime, mas que possui uma variedade de regimes, onde os</p><p>nubentes poderão escolher o que melhor lhe couber.</p><p>Já Princípio da mutabilidade foi instituído a partir do Código Civil de 2002, onde</p><p>permite que os consortes possam modificar no curso do casamento o regime adotado.</p><p>O art. 1.639 trata do regime de bens: É lícito aos nubentes, antes de celebrado</p><p>o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.</p><p>§ 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do</p><p>casamento.</p><p>§ 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial</p><p>em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões</p><p>invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. (BRASIL, 2002)</p><p>Desse modo para que se possa alterar no futuro o Regime de bens do</p><p>casamento, faz-se necessário que haja a celebração do Pacto Antenupcial que é um</p><p>negócio jurídico especial e solene.</p><p>ULHOA (2020) preleciona a respeito do casamento que é uma comunhão de</p><p>vida onde os bens de propriedade dos cônjuges, dependendo da vontade estabelecida</p><p>entre as partes, os bens das pessoas casadas podem se comunicar, de forma que</p><p>passa a titularidade também do outro, o que se torna um condomínio de direito de</p><p>família que possui regras próprias.</p><p>6</p><p>Não obstante a lei faculta aos cônjuges dispor livremente em relação aos bens</p><p>que irão se comunicar ou não com o casamento, em regra existem quatro regimes de</p><p>bens que possuem o objetivo de facilitar aos nubentes, que de acordo com seus</p><p>interesses poderão pactuar entre um deles ou optar ainda pelo pacto nupcial, onde</p><p>poderão dispor da forma que acharem mais interessante para ambas às partes.</p><p>O art. 1640, do Código Civil de 2002 prevê: Não havendo convenção, ou sendo</p><p>ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da</p><p>comunhão parcial.</p><p>Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por</p><p>qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a</p><p>opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública,</p><p>nas demais escolhas. (BRASIL, 2002)</p><p>De forma que são quatro os regimes de bens possíveis no Brasil:</p><p> Comunhão universal (Regime Legal).</p><p> Comunhão parcial (Regime Convencional).</p><p> Separação absoluta (Regime Convencional).</p><p> Participação final nos aquestos (Regime Convencional).</p><p>Os regimes podem ser classificados em:</p><p>Simples: que são os regimes onde não se distingue o patrimônio dos cônjuges,</p><p>os denominados os regimes de comunhão universal e separação absoluta, porque na</p><p>comunhão universal, o cônjuge só é titular do patrimônio comum, ou seja, tudo é dos</p><p>dois, enquanto na separação absoluta, só existem bens particulares assim, nada é</p><p>dos dois.</p><p>Já nos regimes híbridos, cada cônjuge pode ter o seu patrimônio distinguido</p><p>em particular e comum, são os denominados regimes da comunhão parcial e da</p><p>participação final nos aquestos.</p><p>Ademais o momento apropriado para a definição do regime patrimonial é o da</p><p>habilitação, de forma que o oficial do Registro Civil tem inclusive a obrigação legal de</p><p>esclarecer os nubentes sobre os diversos regimes de bens existentes na lei, para que</p><p>eles sejam alertados sobre esse importante efeito do casamento e possam sopesar</p><p>seus</p><p>fim da sociedade</p><p>conjugal, mas não à responsabilidade por danos morais.</p><p>ULHOA (2021) observa que se o cônjuge não fazia segredo de seus</p><p>relacionamentos adúlteros, expondo o outro cônjuge a constrangimentos e</p><p>agravando-lhe a honra e imagem, demonstrando não ter o mínimo de respeito e</p><p>consideração com a família que integrava, justifica a condenação por danos morais</p><p>que associados ao divórcio litigioso são passíveis de indenização apenas se o cônjuge</p><p>culpado tiver sido extremamente desleal ou cruel em seu comportamento.</p><p>Quanto aos danos materiais, observados na acentuada redução do padrão de</p><p>vida de um dos cônjuges, os conflitos de interesses resolvem-se por meio de alimentos</p><p>compatíveis com a condição social.</p><p>10.1 Invalidade do casamento</p><p>Os arts. 1548 a 1564 estabelecem as causas de nulidade, ou seja, invalidade</p><p>do casamento, assim a decretação ou declaração judicial de invalidade desfaz, desde</p><p>a celebração.</p><p>42</p><p>As implicações jurídicas que se haviam projetado em relação à sociedade</p><p>conjugal, bens, nomes e deveres dos cônjuges, com a nulidade ou anulação do</p><p>casamento são causas de dissolução da sociedade conjugal, conforme se lê no art.</p><p>1.571, II, do CC/2002.</p><p>Havendo a invalidade a comunhão de bens pretendida se desconstitui, assim</p><p>como o nome volta a ser o anterior ao matrimônio, caso haja mudado, cessando ainda</p><p>os deveres de mútua assistência e manutenção da vida em comum.</p><p>Entre a nulidade e a anulabilidade do casamento, as diferenças principais são</p><p>de cunho processual apenas, em função delas e da possibilidade de convalidação do</p><p>casamento anulável, mas não do nulo, interessa extremarem-se as hipóteses.</p><p>De modo que o casamento inválido apenas produz seus efeitos, ou parte deles,</p><p>na hipótese de boa-fé de um ou ambos os consortes; quando é chamado de “putativo”.</p><p>ULHOA (2020) explica que no passado, quando se invalidava um casamento</p><p>isso repercutia na situação jurídica dos filhos, entretanto, hoje, é indiferente se o</p><p>casamento dos pais vale ou não, não interfere em relação aos filhos, já que a relação</p><p>familiar vertical se submete a regras próprias.</p><p>10.2 Casamento nulo e anulável</p><p>O casamento pode ser inválido em razão da nulidade ou da anulabilidade,</p><p>podendo ser causa de nulidade impedimento legal, até o ano de 2015, a deficiência</p><p>mental do nubente era considerada causa de nulidade bem como a enfermidade,</p><p>atualmente essa regra não existe mais, pois a pessoa que possua deficiência mental</p><p>ou intelectual pode contrai matrimônio desde que expresse a sua vontade de forma</p><p>direta ou por meio de seu responsável, dependendo apenas que tenha idade núbil.</p><p>O Art. 1.550 estabelece: É anulável o casamento:</p><p>I - de quem não completou a idade mínima para casar;</p><p>II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante</p><p>legal;</p><p>III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;</p><p>IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o</p><p>consentimento;</p><p>43</p><p>V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da</p><p>revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;</p><p>VI - por incompetência da autoridade celebrante.</p><p>§ 1º Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.</p><p>§ 2º A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá</p><p>contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu</p><p>responsável ou curador. (BRASIL, 2002)</p><p>O art. 1.560, § 1.º do CC/ 2002 prevê o prazo de decadência para a ação é de</p><p>cento e oitenta dias, contados da data em que o menor alcança a idade núbil, se ele</p><p>é o autor; e da data do casamento, nos demais casos. (BRASIL, 2002)</p><p>Estabelece o art. 1.555 e seu § 1 º do CC/ 2002 que: Estão legitimados para a</p><p>ação de anulação do casamento do menor em idade núbil não autorizado, além dele</p><p>próprio (quando alcançar a maioridade), seus representantes legais ou herdeiros</p><p>necessários. (BRASIL, 2002)</p><p>Já o § 2º do artigo citado anteriormente estabelece que: os pais ou</p><p>representantes legais do nubente menor tiverem assistido à celebração ou</p><p>manifestado sua aprovação por outros meios quaisquer (BRASIL, 2002).</p><p>Quanto ao vício de consentimento (III) prescreve relativamente aos negócios</p><p>jurídicos em geral, a lei invalida o casamento apenas em duas hipóteses de vontade</p><p>viciada: o erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge e a coação (arts. 1.556 e</p><p>1.558).</p><p>Em relação ao inciso IV, entende-se que estando a pessoa incapacitada para</p><p>expressar o consentimento, em razão de doença ou acidente, não poderá casar-se,</p><p>ainda que tenha já manifestado a intenção de fazê-lo, inclusive pelo requerimento da</p><p>habilitação.</p><p>Qualquer um dos cônjuges está legitimado para a ação anulatória, nessa</p><p>hipótese, que decai no prazo de cento e oitenta dias, contados do casamento (art.</p><p>1.560, I).</p><p>ULHOA (2020) ainda elucida que se o celebrante, diante da incapacidade do</p><p>nubente de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento, celebra o</p><p>matrimônio, comete um gravíssimo erro e deve responder, na esfera administrativa,</p><p>inclusive com a suspensão ou perda da função de juiz de paz.</p><p>44</p><p>Quanto ao inciso V revogação do mandato, estabelece o art. 1.560, § 2.º Se</p><p>atrasar a notícia da revogação, o casamento provavelmente se realizará. Abrem-se,</p><p>então, duas hipóteses. Na primeira, os cônjuges passam a coabitar a mesma casa,</p><p>fato que convalida o casamento, afastando a causa para a anulação. Na segunda, não</p><p>se instala a coabitação, e então remanesce a anulabilidade do matrimônio, a pedido</p><p>do cônjuge mandante, nos cento e oitenta dias seguintes àquele em que teve ciência</p><p>da celebração (BRASIL, 2002)</p><p>Em relação ao celebrante incompetente (VI) estabelece ainda o art. 1554: Se o</p><p>celebrante não for autoridade investida regularmente de competência para presidir a</p><p>celebração, o casamento pode ser anulado. Não caberá, contudo, a anulação se quem</p><p>presidiu a solenidade exercia publicamente a função de juiz de casamento e teve o</p><p>nome assentado nessa condição no Registro Civil. (BRASIL, 2002)</p><p>De forma que o prazo decadencial da ação de anulação, nesse caso, fixou-o a</p><p>lei em dois anos, a partir da celebração, conforme prevê o CC, em seu art. 1.560, II.</p><p>Os nubentes, ao requererem sua habilitação para o casamento, têm direito de</p><p>ser informados sobre as causas de invalidação pelo oficial do Registro Civil (CC, art.</p><p>1.528).</p><p>10.3 Diferenças entre nulidade e anulabilidade do casamento</p><p>A invalidade do casamento pode derivar de sua nulidade ou anulabilidade, de</p><p>modo que a única diferença de direito substancial entre as hipóteses é a possibilidade</p><p>de convalidação do casamento anulável pelo decurso do tempo, enquanto o nulo não</p><p>se convalida jamais, tendo ainda outras diferenças que possuem natureza</p><p>exclusivamente processual.</p><p>Assim, à supressão dos efeitos do casamento inválido, se verifica na mesma</p><p>medida tanto no casamento declarado nulo como no casamento cuja anulação se</p><p>decretou, é como se o casamento não tivesse existido.</p><p>Na invalidação, ficam ressalvados apenas os direitos de terceiros de boa-fé e</p><p>os resultantes de sentença transitada em julgado, conforme prevê o art. 1.563 do</p><p>CC/2002: a sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua</p><p>45</p><p>celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de</p><p>boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado. (BRASIL, 2002)</p><p>Tanto a declaração de nulidade como a decretação da anulação do casamento</p><p>possuem iguais efeitos.</p><p>Podem ser diferenciadas, a nulidade e anulabilidade em função da legitimidade</p><p>ativa e da decadência ou não do direito de invalidar o casamento, de modo que em</p><p>relação à legitimidade para o pedido, a nulidade pode ser pedida por qualquer pessoa</p><p>interessada e também pelo Ministério Público, conforme institui o CC de 2002 em seu</p><p>art. 1.549.</p><p>Ademais a anulação só pode</p><p>ser pleiteada pelos sujeitos legitimados</p><p>especificamente por lei, aos quais se fez já referência no exame das causas, de</p><p>acordo com os arts. 1.552, 1.555 e 1.559, do CC/2002.</p><p>À decadência do direito de pedir a invalidação do casamento, se opera</p><p>unicamente na hipótese de anulabilidade do matrimônio que pode ser pedida a</p><p>qualquer tempo, mesmo que decorridas várias décadas da celebração; ao passo que</p><p>a anulação só pode ser pleiteada enquanto não decaído o direito.</p><p>Variam os prazos de decadência para a anulação do casamento em função da</p><p>causa, conforme examinado também no subitem anterior (arts. 1.555 e 1.560,</p><p>CC/2002).</p><p>11 DISSOLUÇÃO PELA MORTE E MORTE PRESUMIDA</p><p>Dispõe o art. 1.571 do Código Civil de 2002 que a morte é uma das causas de</p><p>dissolução do vínculo conjugal, nesse caso quando se fala em dissolução baseada na</p><p>morte do cônjuge, fala-se também da morte presumida, que se encontra elencada nos</p><p>arts. 6º e 7º do CC/ 2002 bem como da ausência declarada que se encontra elencada</p><p>nos arts. 22 a 29 do CC/2002.</p><p>PEREIRA (2021) destaca ainda que em algumas situações a morte presumida</p><p>poderá ocorrer com a dispensa da decretação de ausência conforme estabelece o art.</p><p>7º do CC de 2002.</p><p>46</p><p>Caso após decretada a dissolução por morte presumida e o cônjuge decide de</p><p>casar novamente, não ensejará nulidade, caso o ausente apareça, assim, é</p><p>plenamente justificável pelo princípio da legalidade previsto em nosso ordenamento</p><p>jurídico, concretizando que, em matéria de casamento não há nulidade sem previsão</p><p>legal.</p><p>Estando assim, dissolvido o casamento anterior, o que de acordo com a</p><p>autonomia privada e, sobretudo, com a não intervenção estatal na vida privada, acaso</p><p>o desaparecido juntamente com sua ex-esposa desejarem reatar, basta que ela se</p><p>divorcie do cônjuge atual.</p><p>O cônjuge sobrevivente poderá abrir o inventário, onde além da possível</p><p>meação, dependendo do regime do casamento, será herdeiro dos bens particulares,</p><p>conforme estabelece o artigo 1.829 do CC/2002, tendo assim direito real de habitação.</p><p>PEREIRA (2021) ainda explica que se ao tempo da morte havia processo de</p><p>separação judicial ou divórcio, consensual ou litigioso, de acordo com o artigo 485, IV</p><p>do CPC/2015, tais ações perdem automaticamente seu objeto, e o estado civil passa</p><p>a ser o de viuvez.</p><p>Os separados judicialmente, com a morte do ex-cônjuge, o estado civil do</p><p>sobrevivo é viúvo, de modo que se o cônjuge sobrevivente for a mulher, ela só poderá</p><p>se casar novamente após dez meses da morte do ex-cônjuge, conforme dispõe o</p><p>artigo 1.523, II, combinado com o artigo 1.597 do CC/2002.</p><p>Da mesma forma, há impedimentos para a viúva ou o viúvo se casarem</p><p>novamente até que se faça inventário de seus bens deixados pelo falecido, de acordo</p><p>com o artigo 1.523, I. Caso haja casamento, este será obrigatoriamente pelo regime</p><p>da separação de bens, pelo menos até que se resolva a questão patrimonial do</p><p>casamento anterior.</p><p>11.1 Divórcio post mortem</p><p>Caso ocorra de uma das partes falecer após a sentença de divórcio, e não</p><p>tiverem pedido de dispensa do prazo recursal, e ainda não tiver transitado em julgado,</p><p>o cônjuge sobrevivo, continuará com o seu estado civil anterior, casado, que</p><p>47</p><p>obviamente se transformará em viúvo (a). É que as sentenças de natureza constitutiva</p><p>têm seu efeito com o trânsito em julgado. Da mesma forma que em um divórcio</p><p>litigioso, se uma das partes falecer no curso do processo, mesmo se já tiver uma</p><p>separação fática do casal, o estado civil do sobrevivo mudará de casado (a) para viúvo</p><p>(a).</p><p>Em alguns casos, onde, as partes no curso do processo já tiverem manifestado</p><p>o interesse e intenção do divórcio, que só não se efetivou em razão do procedimento</p><p>do processo, sendo possível facilitar a regra das sentenças constitutivas, para</p><p>decretar o divórcio mesmo após a morte de uma das partes.</p><p>A separação de fato marca o fim da conjugalidade para efeitos patrimoniais,</p><p>podendo ainda determinar o divórcio post mortem por uma interpretação</p><p>principiológica, uma vez que se entende os princípios como normas jurídicas, ou seja,</p><p>são leis.</p><p>O que se entende é que se existe a adoção post mortem, cujo desejo não se</p><p>concretiza me vida, ele poderá ser feito após a morte. O mesmo raciocínio se aplica</p><p>ao divórcio.</p><p>PEREIRA (2021) explica que deixando de decretar o divórcio, quando uma, ou</p><p>ambas as partes falecem no curso do processo, sendo o divórcio consensual ou</p><p>litigioso é deixar de fazer com que a lei (regra jurídica) conclua sua função, é inverter</p><p>a relação sujeito/objeto, apegando-se excessivamente à formalidade jurídica em</p><p>detrimento de sua essência.</p><p>Uma vez que o casamento já havia acabado, seus efeitos jurídicos devem se</p><p>dar à partir da separação de fato do casal, acompanhado da intenção de não mais</p><p>voltarem ao casamento.</p><p>A partir da EC nº 66/2010, o único requisito para o divórcio é a vontade das</p><p>partes, ou de apenas uma das partes, entende-se então que conferir o estado civil de</p><p>viúvo (a) a quem já havia tentando concretizar o divórcio pela via judicial é perverter o</p><p>espírito maior da lei, que deve sempre ser interpretada em consonância com outras</p><p>fontes do Direito. O TJMG foi o primeiro a se manifestar neste sentido, cuja decisão</p><p>corrobora e complementa o raciocínio aqui exposto. Pelo seu pioneirismo e lucidez,</p><p>merece ser transcrita:</p><p>(...) É potestativo o direito do cônjuge ao divórcio. 2. A morte do cônjuge no</p><p>curso na ação não acarreta a perda do objeto da ação se já manifesta a</p><p>48</p><p>vontade dos cônjuges de se divorciarem, pendente apenas a homologação,</p><p>em omissão do juízo”. (...) Por certo, tanto a morte quanto o divórcio são</p><p>causas de dissolução do casamento válido (art. 1.571, §1º, do Código Civil -</p><p>CC), de modo que, ocorrendo uma delas, não haveria interesse processual</p><p>na extinção da sociedade conjugal por outra causa. No caso, porém, a</p><p>controvérsia reside justamente em dizer qual desses motivos ocorreu</p><p>primeiro, se prevalece ou não a manifestação de vontade das partes de se</p><p>divorciarem, ainda sem a chancela judicial. E tal importa porque a dissolução</p><p>do casamento por uma ou outra causa surte efeitos jurídicos próprios e</p><p>distintos, sendo a morte do cônjuge, por exemplo, fato gerador de direitos</p><p>sucessórios e previdenciários, e o divórcio, de direitos à partilha de bens e</p><p>pensão alimentícia. (TJMG, Apel. Cível 1.0000.17.071266-5/001, Rel. Des.</p><p>Oliveira Firmo, 7ª Câmara Cível, j. 29/05/2018)</p><p>49</p><p>12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:</p><p>BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_> acesso em: set. de 2021.</p><p>STOLZE, Pablo; PAMPLONA, Filho Rodolfo. Manual de direito civil. volume único.</p><p>4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.</p><p>ULHOA, Fábio Coelho. Curso de direito civil: família, sucessões. volume 5. 2. ed.</p><p>São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020.</p><p>PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito das Famílias. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,</p><p>2021.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_</p><p>interesses conforme estabelece o Código Civil, em seu art. 1.528.</p><p>7</p><p>Até a celebração, os noivos podem declarar, o regime de bens que adotam,</p><p>entretanto, concluída a solenidade sem que os nubentes tenham feito qualquer</p><p>escolha, a lei determina a comunicação parcial dos bens.</p><p>Qualquer que seja a hipótese, o regime começa a vigorar na data do casamento</p><p>conforme prevê o art. 1.639, § 1º, citado anteriormente.</p><p>2 NATUREZA JURÍDICA DO PACTO ANTENUPCIAL</p><p>O Pacto Antenupcial é um negócio jurídico solene, o qual sobre o princípio da</p><p>autonomia privada se encontra condicionado ao casamento, pois é onde as partes</p><p>podem pactuar o regime de bens que lhes aprouver.</p><p>Negócios jurídicos formais ou solenes exigem, para a sua validade, a</p><p>observância da forma prevista em lei, no caso do Pacto Antenupcial, ele permite aos</p><p>nubentes conciliarem regras de diversos regimes, de forma que adotam um estatuto</p><p>patrimonial híbrido.</p><p>STOLZE, PAMPLONA (2021) mencionam ainda a possibilidade de que se</p><p>convencione no Pacto Antenupcial, dispositivos aplicados as regras da separação</p><p>convencional aplicáveis ao regime de participação final nos aquestos.</p><p>A respeito de um regime misto o Enunciado 331 da IV Jornada de Direito Civil,</p><p>do Conselho da Justiça Federal, estabelece: Art. 1.639. O estatuto patrimonial do</p><p>casal pode ser definido por escolha de regime de bens distinto daqueles tipificados no</p><p>Código Civil em seu art. 1.639 e § único do art. 1.640, e, para efeito de fiel observância</p><p>do disposto no art. 1.528 do Código Civil, cumpre certificação a respeito, nos autos do</p><p>processo de habilitação matrimonial. (STOLZE, PAMPLONA. 2021)</p><p>Quando da dissolução do casamento ou morte de um dos cônjuges, até mesmo</p><p>de ambos o julgador precisa de uma atenção maior quando se tratar deste tipo de</p><p>pacto.</p><p>Quanto ao efeito sucessório, deverá observar qual foi o regime que prevaleceu,</p><p>por exemplo se houve prevalência das normas do regime de separação convencional,</p><p>com apenas algumas regras da participação final nos aquestos, deverá para efeito</p><p>sucessório prevalecer o regime da separação.</p><p>8</p><p>Diante de tudo o que já foi mencionado no art. 1653 do Código Civil de 2002 lê-</p><p>se: É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não</p><p>lhe seguir o casamento. (BRASIL, 2002)</p><p>Sua forma é pública para que tenha eficácia jurídica existe a necessidade de</p><p>estar subordinado ao casamento, ou seja, consiste em condição suspensiva, sendo</p><p>ainda um plano de eficácia que objetiva gerar efeitos mediante terceiros, efeitos</p><p>denominados erga omnes, devendo ainda ser registrado em livro próprio no Cartório</p><p>de Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges conforme preceitua o art. 1.657 do</p><p>Código Civil de 2002.</p><p>O art. 1654 do CC/2002 ainda prevê a possibilidade de Pacto Antenupcial</p><p>realizado por menor, entretanto condiciona o pacto a aprovação de seu representante</p><p>legal, com exceção dos casos em que exista a hipótese de regime obrigatório da</p><p>separação de bens.</p><p>Ainda o art. 1537 do CC/2002 prevê: o “instrumento da autorização para casar</p><p>transcrever-se-á integralmente na escritura antenupcial”. (BRASIL, 2002)</p><p>O art. 1.655 ainda prevê a nulidade do Pacto em caso de cláusula que seja</p><p>contrária à disposição absoluta de lei, nulidade absoluta nos termos do art. 166, VII</p><p>do Código Civil de 2002.</p><p>3 AUTORIZAÇÃO CONJUGAL: OUTORGA UXÓRIA E OUTORGA MARITAL</p><p>Conforme o próprio título prevê autorização conjugal, trata-se da autorização</p><p>do esposo (a) para que determinados atos jurídicos possam ocorrer, a doutrina trazia</p><p>a nomenclatura para este ato “outorga uxória”, a princípio seu objetivo era conservar</p><p>o patrimônio jurídico do casal, a exemplo de potenciais riscos assumidos somente</p><p>pelo marido que pudesse pôr em risco o patrimônio do casal.</p><p>Ademais com a instituição do princípio da igualdade entre homens e mulheres</p><p>entende-se que não exista mais a necessidade de haver esta expressão, bem como</p><p>no Código Civil de 2002, não existe essa nomenclatura, sendo atualizada para</p><p>autorização conjugal. (STOLZE, PAMPLONA. 2021)</p><p>9</p><p>Assim, a “autorização conjugal” pode ser conceituada como a manifestação</p><p>de consentimento de um dos cônjuges ao outro, para a prática de</p><p>determinados atos, sob pena de invalidade. (STOLZE, PAMPLONA. p. 1897,</p><p>2021)</p><p>De modo que a autorização conjugal se encontra disciplinada nos arts. 1.647 a</p><p>1.650 do Código Civil de 2002.</p><p>Diante disso, dispõe o mencionado art. 1.647 do CC/2002: Ressalvado o</p><p>disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto</p><p>no regime da separação absoluta:</p><p>I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;</p><p>II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;</p><p>III - prestar fiança ou aval;</p><p>IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que</p><p>possam integrar futura meação.</p><p>Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando</p><p>casarem ou estabelecerem economia separada. (BRASIL, 2002)</p><p>Assim, com exceção dos regimes de separação absoluta de bens, como meio</p><p>de proteger os bens do casal de ser afetado de maneira significativa existe a</p><p>denominada autorização conjugal.</p><p>Ao que se entende toda pessoa casada em comunhão parcial de bens, que</p><p>deseje realizar qualquer dos atos previstos no art. 1647, precisará da autorização do</p><p>outro, uma vez que a legislação prevê a não necessidade de outorga apenas das</p><p>pessoas que se casarem em regime de separação convencional ou participação final</p><p>dos aquestos conforme prevê o art. 1656, do Código Civil de 2002.</p><p>A seguir veremos um quadro com as situações em que se faz necessária a</p><p>anuência do (a) esposo (a):</p><p>Art. 1647 do Código Civil</p><p>SEM Anuência do cônjuge: COM Anuência do cônjuge:</p><p>Para a aquisição de um bem imobiliário -</p><p>um apartamento, por exemplo.</p><p>Pretende vender um imóvel, ou hipoteca-</p><p>lo.</p><p>Pleitear, como autor ou réu, acerca de</p><p>bens imóveis ou dos direitos a eles</p><p>relacionados.</p><p>10</p><p>Para prestar fiança ou aval.</p><p>Para se fazer doação, não sendo</p><p>remuneratória, de bens comuns, ou dos</p><p>que possam integrar futura meação</p><p>A fiança ou aval necessitar da autorização do cônjuge é uma novidade trazida</p><p>pelo Código Civil de 2002, assim, quanto a não anuência injusta o art. 1.648, prevê:</p><p>Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos</p><p>cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la. (BRASIL,</p><p>2002)</p><p>Estando o cônjuge doente não podendo dar a autorização por este motivo</p><p>deverá provocar um simples procedimento de jurisdição voluntária, instaurado pelo</p><p>interessado, nos termos dos arts. 719 e seguintes do CPC/2015.</p><p>Caso não queira autorizar, diante da resistência apresentada e da lide</p><p>configurada, deverá o interessado, consequentemente, deduzir a sua pretensão em</p><p>juízo, propondo efetivamente uma demanda contra o seu consorte.</p><p>Se não houver autorização conjugal, o art. 1.649, do Código Civil estipula que:</p><p>A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art.1.647), tornará</p><p>anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois</p><p>anos depois de terminada a sociedade conjugal.</p><p>Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por</p><p>instrumento público, ou particular, autenticado. (BRASIL, 2002)</p><p>Ainda em relação à legitimidade para a propositura da ação anulatória, o art.</p><p>1.650 admite que, em caso de morte do cônjuge prejudicado, a demanda poderá ser</p><p>proposta pelos seus herdeiros, supostamente prejudicados pela prática do ato.</p><p>(BRASIL, 2002)</p><p>Relativamente ao aval e à fiança prestados sem a autorização conjugal,</p><p>instituído no inciso III, o Enunciado n. 114 da I Jornada de Direito Civil sugere que, o</p><p>que dispõe o art. 1.649, é que o aval não possa ser anulado por falta de autorização</p><p>conjugal, pois apenas caracterizaria a “inoponibilidade do título ao cônjuge que não</p><p>assentiu”.</p><p>11</p><p>4 REGIMES DE BENS NO DIREITO CIVIL DE 2002</p><p>Fonte: STOLZE, PAMPLONA. p. 1905, 2021</p><p>O quadro acima traz as possibilidades de Regimes de bens existentes no</p><p>Código Civil de 2002, entretanto a doutrina menciona ainda a respeito de três temas</p><p>que regem os regimes de bens, são eles: o regime legal supletivo, o regime legal</p><p>obrigatório e a possibilidade de mudança de regime de bens.</p><p>4.1 Regime legal supletivo</p><p>Anteriormente a Lei do Divórcio, Lei n. 6.515 de 1977, o regime principal de</p><p>bens era o da comunhão universal de bens, com o surgimento da citada lei inaugurou-</p><p>se a era do regime de comunhão parcial de bens, a qual foi efetivada ainda com o</p><p>advento do Código Civil de 2002, que prevê em seu art. 1640: Não havendo</p><p>convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os</p><p>cônjuges, o regime da comunhão parcial.</p><p>Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por</p><p>qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a</p><p>12</p><p>opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública,</p><p>nas demais escolhas. (BRASIL, 2002)</p><p>De forma que o regime de comunhão parcial de bens estabelece uma</p><p>separação dos bens anteriores e uma fusão dos bens futuros, adquiridos de forma</p><p>onerosa por um ou ambos os cônjuges.</p><p>Dessa forma a extinção conjugal se torna menos complexa no momento da</p><p>divisão patrimonial.</p><p>Quanto a comunhão universal, que faz um montante entre os bens anteriores</p><p>e os adquiridos na constância do casamento, torna um pouco mais dificultosa, quando</p><p>ocorre a dissolução matrimonial.</p><p>4.2 Regime legal obrigatório</p><p>Existem algumas situações em que a lei impõe a separação de bens, trata-se</p><p>do regime de separação legal ou separação obrigatória de bens, que se encontra</p><p>instituído no art. 1.641, que se trata de uma restrição à autonomia privada.</p><p>São hipóteses de aplicação no Código Civil de 2002, já com a redação dada</p><p>pela Lei n. 12.344, de 9 de dezembro de 2010:</p><p>Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:</p><p>I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas</p><p>da celebração do casamento;</p><p>II - da pessoa maior de 70 (setenta) anos;</p><p>III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. (BRASIL,</p><p>2002)</p><p>De acordo com art. 1523 do CC/2002, impõe-se o regime de separação</p><p>obrigatória para as pessoas que contraírem matrimônio em violações das causas</p><p>suspensivas.</p><p>A exemplo de um idoso onde existe a suspeita de um golpe por conta de uma</p><p>vulnerabilidade explicada por enfermidade ou doença mental, que seja instaurado</p><p>procedimento próprio de interdição é uma situação delicada pois existe a necessidade</p><p>de no caso concreto observar-se a possibilidade de cair em restrição de direitos em</p><p>desfavor desse idoso.</p><p>13</p><p>Existe ainda a possibilidade de separação legal em face daqueles que para</p><p>casar necessitaram de suprimento judicial, a exemplo das situações relativas a</p><p>menores caso de divergência entre os pais daquele que ainda não alcançou a idade</p><p>núbil, com o intuito de proteção do patrimônio pessoal.</p><p>4.3 Mudança de regime de bens do casamento</p><p>Entendida como uma das mais significativas inovações do direito brasileiro a</p><p>possibilidade de mudança de regime de bens no curso do casamento, é o que prevê</p><p>o art. 1.639, § 2º do Código Civil de 2002: É lícito aos nubentes, antes de celebrado o</p><p>casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.</p><p>(...)</p><p>§ 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial</p><p>em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões</p><p>invocadas e ressalvados os direitos de terceiros”. (BRASIL, 2002)</p><p>O procedimento de mudança de regime de casamento será judicial, de</p><p>jurisdição voluntária uma vez que, sendo o pedido conjunto, não há lide, afigurando-</p><p>se, assim, juridicamente impossível um pedido de mudança formulado em ação</p><p>judicial proposta por um dos cônjuges em face do outro, devendo ser ainda um pedido</p><p>motivado de forma que a autoridade judiciária possa analisar a razoabilidade do pleito</p><p>e dos fundamentos invocados.</p><p>Diante disso a mudança do regime de bens se dará por sentença, não podendo</p><p>afrontar interesse de terceiros, de forma que se faz necessário que o juiz determine a</p><p>publicação de edital, imprimindo assim, uma ampla publicidade.</p><p>Caso um dos interessados ou ambos for empresário, recomenda-se, além das</p><p>comunicações de praxe aos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais e de</p><p>Imóveis para a devida averbação, seja ainda levada ao Registro Público de Empresa</p><p>na Junta Comercial, para as anotações necessárias.</p><p>Diante da sentença que altera o Regime de Bens a doutrina entende ser sua</p><p>eficácia retroativa.</p><p>14</p><p>4.3.1 Comunhão parcial de bens</p><p>A comunhão parcial de bens é a mais difundida no sistema brasileiro, a maioria</p><p>dos brasileiros estão casados sobre esse regime de bens, conforme citado</p><p>anteriormente o art. 1640 do Código Civil de 2002 trata do regime parcial de bens,</p><p>podendo esse regime ser adotado pela vontade expressa dos cônjuges, ou pela</p><p>vontade supletiva prevista em lei.</p><p>O regime de comunhão parcial de bens pode ser definido como aquele em que</p><p>há em regra a comunicabilidade dos bens adquiridos a título oneroso na constância</p><p>do patrimônio pessoal e exclusivo de cada um, os bens adquiridos por causa anterior</p><p>ou recebidos a título gratuito a qualquer tempo.</p><p>O art. 1.658 do Código Civil de 2002: No regime de comunhão parcial,</p><p>comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com</p><p>as exceções dos artigos seguintes. (BRASIL, 2002)</p><p>BENS EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO BENS INCLUÍDOS NA COMUNHÃO</p><p>Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: Art. 1.660. Entram na comunhão:</p><p>I - os bens que cada cônjuge possuir ao</p><p>casar, e os que lhe sobrevierem, na</p><p>constância do casamento, por doação ou</p><p>sucessão, e os sub-rogados em seu</p><p>lugar;</p><p>I - os bens adquiridos na constância do</p><p>casamento por título oneroso, ainda que</p><p>só em nome de um dos cônjuges;</p><p>II - os bens adquiridos com valores</p><p>exclusivamente pertencentes a um dos</p><p>cônjuges em sub-rogação dos bens</p><p>particulares;</p><p>II - os bens adquiridos por fato eventual,</p><p>com ou sem o concurso de trabalho ou</p><p>despesa anterior;</p><p>III - as obrigações anteriores ao</p><p>casamento;</p><p>III - os bens adquiridos por doação,</p><p>herança ou legado, em favor de ambos</p><p>os cônjuges;</p><p>IV - as obrigações provenientes de atos</p><p>ilícitos, salvo reversão em proveito do</p><p>casal;</p><p>IV - as benfeitorias em bens particulares</p><p>de cada cônjuge;</p><p>15</p><p>V - os bens de uso pessoal, os livros e</p><p>instrumentos de profissão;</p><p>V - os frutos dos bens comuns, ou dos</p><p>particulares de cada cônjuge, percebidos</p><p>na constância do casamento, ou</p><p>pendentes ao tempo de cessar a</p><p>comunhão.</p><p>VI - os proventos do trabalho pessoal de</p><p>cada cônjuge;</p><p>VII - as pensões, meios-soldos,</p><p>montepios e outras rendas semelhantes.</p><p>Art. 1.661. São incomunicáveis os bens</p><p>cuja aquisição tiver por título uma causa</p><p>anterior ao casamento.</p><p>4.3.2 Comunhão parcial de bens X Administração do patrimônio</p><p>O art. 1663 do Código Civil de 2002 prevê: A administração do patrimônio</p><p>comum compete a qualquer dos cônjuges.</p><p>§ 1º As dívidas contraídas no exercício da administração obrigam os bens</p><p>comuns e particulares do cônjuge que os administra, e os do outro na razão do</p><p>proveito que houver auferido.</p><p>§ 2º A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os atos, a título</p><p>gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens comuns.</p><p>§ 3º Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a administração</p><p>a apenas um dos cônjuges. (BRASIL, 2002)</p><p>Desse modo a Administração do patrimônio se compete a ambos os cônjuges,</p><p>baseado no princípio da isonomia, ainda o art. 1664 do CC/2002 especifica que: Os</p><p>bens da comunhão respondem pelas obrigações contraídas</p><p>pelo marido ou pela</p><p>mulher para atender aos encargos da família, às despesas de administração e às</p><p>decorrentes de imposição legal. (BRASIL, 2002)</p><p>16</p><p>Ainda o art. 1665 estipula: A administração e a disposição dos bens</p><p>constitutivos do patrimônio particular competem ao cônjuge proprietário, salvo</p><p>convenção diversa em pacto antenupcial. (BRASIL, 2002)</p><p>Para finalizar dispõe ainda o art. 1666: As dívidas, contraídas por qualquer dos</p><p>cônjuges na administração de seus bens particulares e em benefício destes, não</p><p>obrigam os bens comuns. (BRASIL, 2002)</p><p>4.3.3 Comunhão universal de bens</p><p>O regime de comunhão universal de bens trata da unicidade patrimonial, salvo</p><p>exceções legais uma fusão do patrimônio anterior dos cônjuges que se comunicam</p><p>com os bens gratuitos ou onerosos adquiridos na constância do casamento, institui o</p><p>art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens</p><p>presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo</p><p>seguinte. (BRASIL, 2002)</p><p>Entretanto existem alguns bens que o art. 1668 do Código Civil de 2002 elenca</p><p>como excluídos da comunhão: art. 1.668. São excluídos da comunhão:</p><p>I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os</p><p>subrogados em seu lugar;</p><p>II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário,</p><p>antes de realizada a condição suspensiva;</p><p>III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com</p><p>seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;</p><p>IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a</p><p>cláusula de incomunicabilidade;</p><p>V - os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. (BRASIL, 2002)</p><p>Em relação à administração dos bens o art. 1.670, do Código Civil estabelece:</p><p>aplica-se ao regime da comunhão universal o disposto no capítulo antecedente do</p><p>Código Civil, dedicado ao regime da comunhão parcial, ou seja, os arts. 1.663 a 1.666</p><p>17</p><p>do Código Civil brasileiro, referentes ao regime da comunhão parcial, serão aplicados,</p><p>ao regime da comunhão universal. (BRASIL, 2002)</p><p>Ainda o art. 1.671 do vigente Código Civil brasileiro dispõe: Extinta a comunhão,</p><p>e efetuada a divisão do ativo e do passivo, cessará a responsabilidade de cada um</p><p>dos cônjuges para com os credores do outro. (BRASIL, 2002)</p><p>Assim, uma vez que, separando-se os patrimônios, cada indivíduo é</p><p>responsável, única e exclusivamente, pelas suas próprias obrigações.</p><p>Pode-se observar que atualmente essa cessação da comunhão não se dá</p><p>apenas com a extinção do casamento pelo divórcio, mas, também, pela alteração</p><p>posterior do regime, na forma autorizada pelo § 2º do art. 1.639 do Código Civil</p><p>brasileiro de 2002, sem equivalente na codificação revogada.</p><p>Ainda essa extinção da comunhão, com a consequente divisão de</p><p>responsabilidades, não pode se dar em prejuízo de terceiros que tenham celebrado</p><p>anteriores negócios jurídicos, tendo o patrimônio comum dos cônjuges como a</p><p>garantia das dívidas contraídas.</p><p>4.3.4 Separação convencional de bens</p><p>O regime de separação convencional de bens é o oposto do da separação</p><p>universal de bens, neste caso, possui conexão com o princípio da autonomia privada</p><p>e se trata de um regime onde os cônjuges por meio de manifestação de vontade</p><p>através do mencionado anteriormente, pacto antenupcial, decidem por manter a</p><p>exclusividade da administração de seu patrimônio pessoal, independentemente se</p><p>esse patrimônio é anterior ou posterior ao casamento.</p><p>STOLZE, PAMPLONA (2021) destacam que esse é um exercício da</p><p>manifestação da autonomia da vontade das partes que não impede a formação de</p><p>uma família.</p><p>O art. 1687 do Código Civil de 2002 estabelece: Art. 1.687. Estipulada a</p><p>separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um</p><p>18</p><p>dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. (BRASIL,</p><p>2002)</p><p>Como já foi citado este tipo de regime exige a expressa manifestação de</p><p>vontade das partes.</p><p>Diante disso, após estabelecido o regime de separação de bens, cada cônjuge</p><p>possui total domínio pelo seu patrimônio podendo aliená-los administrá-los ou gravá-</p><p>los de ônus real, neste tipo de patrimônio existe uma independência inequívoca, que</p><p>não permite a possibilidade de futura meação.</p><p>Entretanto em situações excepcionais existe a possibilidade de um dos</p><p>cônjuges que demonstre a colaboração econômica na compra de um imóvel por</p><p>exemplo obter direito a indenização ou a divisão proporcional, destaca-se que esse</p><p>ônus baseado não no regime de bens, mas sim na proibição do enriquecimento sem</p><p>causa.</p><p>Reconhecido a situação excepcional citada anteriormente de acordo com o</p><p>caso concreto, a necessidade de demonstrar o esforço comum dos cônjuges em</p><p>relação a aquisição do bem.</p><p>Em relação as despesas em caso de separação total de bens, STOLZE,</p><p>PAMPLONA (2021) explicam que não retira dos cônjuges a obrigação pecuniária que</p><p>possuem em benefício da família, dessa forma os cônjuges deverão arcar com as</p><p>despesas em proveito do casal, as quais devem ser assumidas por ambos os</p><p>consortes, em conformidade com o que prevê o art. 1688 do Código Civil: Ambos os</p><p>cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos</p><p>rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto</p><p>antenupcial. (BRASIL, 2002)</p><p>4.3.5 Participação final nos aquestos</p><p>STOLZE, PAMPLONA (2021) explicam em seu livro que esse Regime de bens</p><p>surgiu na Costa Rica e se espalhou por diversas partes do mundo como por exemplo:</p><p>Alemanha, França, Espanha e Brasil.</p><p>19</p><p>No Brasil a participação final nos aquestos se trata de um Regime híbrido, que</p><p>possui características tanto da separação quanto da comunhão parcial de bens, de</p><p>forma que cada cônjuge possui patrimônio próprio, bem como administração exclusiva</p><p>de seus bens, sendo que na época da dissolução da sociedade conjugal, terão direito</p><p>a meação dos bens aquestos onerosamente adquiridos pelo casal.</p><p>O art. 1672 do CC/02 estabelece: No regime de participação final nos aquestos,</p><p>cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe</p><p>cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens</p><p>adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. (BRASIL, 2002)</p><p>Ao ler o conceito do regime da participação final nos aquestos em comparação</p><p>com o da comunhão parcial de bens é possível que haja confusão, segue abaixo um</p><p>quadro contendo as possíveis diferenciações.</p><p>Comunhão parcial de bens Participação final nos aquestos</p><p>Na comunhão parcial, comunicam-se,</p><p>em regra geral, os bens que sobrevierem</p><p>ao casamento, adquiridos por um ou</p><p>ambos os cônjuges, a título oneroso.</p><p>Já na participação final, a</p><p>comunicabilidade refere-se apenas ao</p><p>patrimônio adquirido onerosamente pelo</p><p>próprio casal (ex.: a casa de praia</p><p>adquirida pelo esforço econômico</p><p>conjunto do marido e da esposa).</p><p>A comunhão parcial está disciplinada</p><p>nos arts. 1.658 a 1.666 do CC/2002.</p><p>A participação final nos aquestos é</p><p>regida pelos arts.1.672 a 1.686 do</p><p>CC/2002.</p><p>Não obstante, a comunhão parcial o art. 1673 do CC prevê que a participação</p><p>final, integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os</p><p>por ele adquiridos, a qualquer título na constância doo casamento.</p><p>Assim, apenas em relação o patrimônio adquirido em conjunto pelos cônjuges</p><p>haverá comunicabilidade.</p><p>Ainda de acordo com o art. 1660, inciso II entram na comunhão parcial os bens</p><p>adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior</p><p>do cônjuge não se pode aplicar tal norma à participação final nos aquestos.</p><p>20</p><p>Conforme prevê ainda o art. 1829 do Código Civil de 2002: quando da esfera</p><p>sucessória, o cônjuge sobrevivente irá concorrer com o descendente do autor da</p><p>herança, no caso do casado</p><p>sob o regime de participação final nos aquestos.</p><p>No caso do regime de comunhão parcial de bens o cônjuge sobrevivente,</p><p>somente concorrerá com o descendente se o falecido houver deixado bens</p><p>particulares.</p><p>O regime de participação final nos aquestos possui regras específicas em</p><p>relação amassa patrimonial partilhável as quais se encontram nos arts. 1674 e</p><p>seguintes.</p><p>Este regime dispensa a autorização do cônjuge que vimos anteriormente,</p><p>entretanto, a norma do art. 1.647 apenas libera da exigência de outorga as pessoas</p><p>casadas sob o regime de separação de bens, consequentemente, os cônjuges</p><p>sujeitos ao regime de participação final estão obrigados, a priori, a colher a anuência</p><p>do outro para a prática de qualquer dos atos referidos no aludido dispositivo.</p><p>Ao que se deve observar ainda que se no pacto antenupcial que adotou o</p><p>regime de participação final nos aquestos fora convencionada a livre disposição dos</p><p>bens imóveis, desde que bens particulares, a outorga é dispensada, a teor do art.</p><p>1.656 do Código Civil: No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final</p><p>nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde</p><p>que particulares. (BRASIL, 2002)</p><p>Destaca-se ainda que a permissão neste caso, que não pode ser interpretada</p><p>extensivamente, pois aplica-se, tão somente, à alienação de imóveis, de forma que,</p><p>para a prática de qualquer dos outros atos previstos no art. 1.647 a exemplo da</p><p>concessão de uma fiança, a outorga afigura-se imprescindível.</p><p>Quando se fala em dívidas, no caso de regime de participação final nos</p><p>aquestos, a doutrina entende que o responsável pela dívida é o dono do patrimônio,</p><p>o art. 1674, CC/2002 prevê que os bens anteriores ao casamento e os que em seu</p><p>lugar se substituíram, os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou</p><p>liberalidade, bem como as dívidas relativas a esses bens.</p><p>De tal modo as dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos</p><p>cônjuges, é de responsabilidade do mesmo, ou seja, somente este responderá, com</p><p>exceção dos casos em que houver prova de que estes bens foram revertidos</p><p>parcialmente, ou totalmente em benefício do outro.</p><p>21</p><p>O art. 1678, CC/02 ainda estabelece que: se um dos cônjuges solveu uma</p><p>dívida do outro com bens do seu próprio patrimônio, o valor do pagamento deverá ser</p><p>atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação do outro cônjuge. (BRASIL,</p><p>2002), o chamado sistema de compensação típico do regime de participação final nos</p><p>aquestos.</p><p>De forma que poderá ao tempo da dissolução da sociedade conjugal abater do</p><p>direito de meação do seu consorte o montante atualizado, do valor que sanou dívida</p><p>que não era sua.</p><p>O art. 1680 ainda traz a seguinte previsão: As coisas móveis, em face de</p><p>terceiros, presumem-se do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for de uso</p><p>pessoal do outro. (BRASIL, 2002)</p><p>De modo que havendo um dos cônjuges ter atingido o seu patrimônio por</p><p>penhora por exemplo, caberá ao outro cônjuge, embargos de terceiro, onde deverá</p><p>provar a titularidade do bem com o objetivo de excluí-lo da demanda.</p><p>Para finalizar esta parte, entende-se que a luz do art. 1686 do CC/2002, caso</p><p>a dívida e um dos cônjuges for superior à sua meação, o outro cônjuge não será</p><p>obrigado a sanar com o patrimônio que lhe couber.</p><p>4.3.5.1 O regime de participação final nos aquestos x a dissolução da sociedade</p><p>conjugal</p><p>O matrimônio vem acrescido de diversos direitos e obrigações por parte dos</p><p>cônjuges, uma vez dissolvido o matrimônio, ou seja, a sociedade conjugal algumas</p><p>destas desaparecem, o que de certa forma facilita a divisão patrimonial.</p><p>Com o falecimento do cônjuge, ou com a decretação do divórcio ocorre fim do</p><p>vínculo o que possibilita o outro contrair novas núpcias.</p><p>O art. 1683 do CC/2002 trata a respeito da dissolução do regime de participação</p><p>final, onde estabelece que seja verificado o montante dos aquestos na data em que</p><p>cessou a convivência. (BRASIL, 2002)</p><p>22</p><p>Observa-se ainda que o momento em que deve ser observado o montante</p><p>patrimonial não é no momento do haja sentença dissolvendo o vínculo conjugal e sim</p><p>o momento em que a convivência entre os cônjuges teve fim.</p><p>Já em caso da dissolução conjugal advinda da morte o art 1685 do CC/2002</p><p>prevê: verificar-se-á a meação do cônjuge sobrevivente de conformidade com os</p><p>artigos referidos ao longo deste capítulo, deferindo-se a herança aos herdeiros na</p><p>forma prevista pela lei sucessória. (BRASIL, 2002)</p><p>Ainda em caso de anulação da sociedade conjugal o art. 1571 do CC/2002</p><p>estabelece: A sociedade conjugal termina:</p><p>I - pela morte de um dos cônjuges;</p><p>II - pela nulidade ou anulação do casamento;</p><p>III - pela separação judicial;</p><p>IV - pelo divórcio.</p><p>§ 1º O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo</p><p>divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.</p><p>§ 2º Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge</p><p>poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a</p><p>sentença de separação judicial. (BRASIL, 2002)</p><p>A doutrina entende que não há o que se discutir quando houver causa que</p><p>anule o casamento, voltando ao casal ao estado anterior como se nunca houvessem</p><p>se casado.</p><p>Não obstante havendo necessidade aplica-se os arts. 1683 e 1685 do CC/2002,</p><p>onde serão aplicadas em favor do cônjuge de boa-fé.</p><p>5 ADMINISTRAÇÃO DOS BENS NO CASAMENTO</p><p>A administração dos bens do casamento se dará de acordo com o regime de</p><p>bens escolhido entre os cônjuges, dessa forma alguns artigos do Código Civil de 2002</p><p>estabelecem quando poderão atuar ambos os cônjuges na administração dos bens, e</p><p>quando apenas um dos cônjuges poderá administrar o bem.</p><p>23</p><p>Para facilitar o entendimento elaborei um quadro onde possui a divisão legal da</p><p>possibilidade de administração dos bens.</p><p>Ambos os cônjuges administram Apenas 1 dos cônjuges administra</p><p>“Art. 1.642. Qualquer que seja o regime</p><p>de bens, tanto o marido quanto a mulher</p><p>podem livremente:</p><p>I - praticar todos os atos de disposição e</p><p>de administração necessários ao</p><p>desempenho de sua profissão, com as</p><p>limitações estabelecidas no inciso I do</p><p>art. 1.647;</p><p>II - administrar os bens próprios;</p><p>III - desobrigar ou reivindicar os imóveis</p><p>que tenham sido gravados ou alienados</p><p>sem o seu consentimento ou sem</p><p>suprimento judicial;</p><p>IV - demandar a rescisão dos contratos</p><p>de fiança e doação, ou a invalidação do</p><p>aval, realizados pelo outro cônjuge com</p><p>infração do disposto nos incisos III e IV</p><p>do art. 1.647;</p><p>V - reivindicar os bens comuns, móveis</p><p>ou imóveis, doados ou transferidos pelo</p><p>outro cônjuge ao concubino, desde que</p><p>provado que os bens não foram</p><p>adquiridos pelo esforço comum destes,</p><p>se o casal estiver separado de fato por</p><p>mais de cinco anos;</p><p>VI - praticar todos os atos que não lhes</p><p>forem vedados expressamente.</p><p>Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não</p><p>puder exercer a administração dos bens</p><p>que lhe incumbe, segundo o regime de</p><p>bens, caberá ao outro:</p><p>I - gerir os bens comuns e os do</p><p>consorte;</p><p>II - alienar os bens móveis comuns;</p><p>III - alienar os imóveis comuns e os</p><p>móveis ou imóveis do consorte,</p><p>mediante autorização judicial.</p><p>24</p><p>Art. 1.643. Podem os cônjuges,</p><p>independentemente de autorização um</p><p>do outro:</p><p>I - comprar, ainda a crédito, as coisas</p><p>necessárias à economia doméstica;</p><p>II - obter, por empréstimo, as quantias</p><p>que a aquisição dessas coisas possa</p><p>exigir.</p><p>Art. 1.652. O cônjuge, que estiver na</p><p>posse dos bens particulares do outro,</p><p>será para com este e seus herdeiros</p><p>responsável:</p><p>I - como usufrutuário, se o rendimento for</p><p>comum;</p><p>II - como procurador, se tiver mandato</p><p>expresso ou tácito para os administrar;</p><p>III - como depositário, se não for</p><p>usufrutuário, nem administrador.</p><p>Art. 1.644. As dívidas contraídas para os</p><p>fins do artigo antecedente obrigam</p><p>solidariamente</p><p>ambos os cônjuges.</p><p>Art. 1.645. As ações fundadas nos</p><p>incisos III, IV e V do art. 1.642 competem</p><p>ao cônjuge prejudicado e a seus</p><p>herdeiros.</p><p>Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do</p><p>art. 1.642, o terceiro, prejudicado com a</p><p>sentença favorável ao autor, terá direito</p><p>regressivo contra o cônjuge, que</p><p>realizou o negócio jurídico, ou seus</p><p>herdeiros.</p><p>Ainda a obrigação do cônjuge, que conserva a posse dos bens do casal,</p><p>permanece, inclusive, no período entre a dissolução da sociedade conjugal e a</p><p>partilha, devendo prestar contas ao outro.</p><p>6 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL</p><p>A dissolução da sociedade conjugal pode ocorrer por meio do divórcio; da</p><p>nulidade ou anulação; por morte ou morte presumida, ULHOA (2020) que os cônjuges</p><p>25</p><p>bem como seus familiares nutrem o desejo no dia do casamento, de que a união</p><p>matrimonial dure até que a morte os separe.</p><p>Entretanto nem sempre a união dura até a morte o autor traz ainda que no Brasil</p><p>a regra da indissolubilidade do casamento durou por muito tempo, na lei previa-se o</p><p>desquite, o qual se destinava a mera separação de corpos e bens daquele casamento.</p><p>Até 1977 o Brasil era um dos poucos países onde ainda existia o divórcio</p><p>vincular, Nelson Carneiro, parlamentar dedicado a modernização do Direito de Família</p><p>conseguiu neste mesmo ano a aprovação de uma Emenda Constitucional de sua</p><p>autoria que abolia a regra da indissolubilidade do casamento.</p><p>Por ser um Estado de maioria católica, houve uma grande força por parte da</p><p>igreja católica com o propósito de impedir a aprovação da EC que permitia o divórcio,</p><p>mas impediu a facilitação da dissolução do vínculo.</p><p>O desquite então recebeu um novo nome: Separação. De forma que só poderia</p><p>requerer a separação aquele que já estivesse separado a mais de 2 (dois) anos, só</p><p>podia se divorciar uma única vez, de modo que se o divorciado contraísse novas</p><p>núpcias ele não poderia ser dissolvido por sua iniciativa.</p><p>A Constituição Federal de 1988 previu uma minoração das dificuldades para</p><p>a dissolução do vínculo matrimonial, tornou permanente o divórcio, o período de</p><p>separação para o desfazimento do vínculo conjugal, o qual condicionado a separação</p><p>de fato por 2 anos.</p><p>ULHOA (2020) ainda menciona que até julho de 2010, a separação, ou seja, o</p><p>divórcio não era permitido quando somente um dos cônjuges deixava de amar, assim,</p><p>se um dos cônjuges não concordasse em requerer a separação consensual,</p><p>esperava-se o relacionamento deteriorar a ponto de surgir um motivo que desse causa</p><p>a separação, ou surgir algum motivo para ensejar a ruptura litigiosa, ou ainda, a</p><p>separação por 2 anos conforme supracitado, para ter direito à separação, ou seja,</p><p>divórcio direto.</p><p>Com a promulgação da Emenda 66, que ocorreu em julho de 2010, que o direito</p><p>de família brasileiro passou por uma profunda transformação, e a dissolução do</p><p>casamento, passou a não mais depender de prévia separação judicial, por mais de</p><p>um ano e de fato a mais de 2 anos.</p><p>A partir dessa Emenda Constitucional o casamento passou a ser dissolvido pelo</p><p>divórcio independentemente de qualquer condição, a qualquer tempo, não havendo</p><p>26</p><p>necessidade de consenso entre as partes, podendo os cônjuges por fim ao vinculo</p><p>matrimonial divorciando-se por acordo de ambas as partes, ou litigiosamente.</p><p>Se não houver acordo qualquer das partes pode pedir ao juiz o divórcio de</p><p>forma fundamentada, podendo alegar apenas a mera vontade de pôr fim ao</p><p>casamento.</p><p>6.1 O divórcio</p><p>Enquanto ainda vivos o meio de dissolução do casamento válido é o divórcio,</p><p>na atualidade no Brasil a preocupação são os filhos menores, se não há filhos</p><p>menores ou incapazes os cônjuges podem se divorciar a qualquer tempo por mera</p><p>declaração de vontade formalizada por escritura pública, mesmo em caso de divórcio</p><p>litigioso.</p><p>Após feita a partilha dos bens a pessoa divorciada poderá contrair novas</p><p>núpcias, sob qualquer regime de bens, se não houver tido a partilha ainda o regime</p><p>obrigatoriamente é a partilha.</p><p>As espécies de divórcio são duas: Amigável, Litigioso, a seguir tem-se um</p><p>quadro onde se demonstra as diferenças entre eles as duas espécies.</p><p>DIVÓRCIO AMIGÁVEL DIVÓRCIO LITIGIOSO</p><p>Primeiro, o mútuo consentimento, vale</p><p>dizer, a convergência de vontade dos</p><p>dois cônjuges no sentido de que o</p><p>melhor para eles e para a família é o</p><p>afastamento, mediante a dissolução do</p><p>vínculo conjugal. Havendo filhos</p><p>menores ou incapazes, essa vontade</p><p>deve ser manifestada perante o juiz, que,</p><p>pela lei processual, deve ouvir cada um</p><p>dos cônjuges em separado e, em</p><p>seguida, o casal. Assim como a vontade</p><p>para casar, a de separar deve ser livre e</p><p>espontânea. O juiz deve ficar convencido</p><p>O divórcio é litigioso, em primeiro lugar,</p><p>quando um dos dois não quer terminar o</p><p>casamento.</p><p>Não é necessário que o autor impute ao</p><p>réu, na ação de divórcio, o</p><p>descumprimento de qualquer dever</p><p>matrimonial; basta que manifeste sua</p><p>vontade de se divorciar. Evidentemente,</p><p>se houve descumprimento, e o autor da</p><p>ação de divórcio quer a condenação do</p><p>outro cônjuge, pode fundamentar o</p><p>pedido neste fato, mas é dispensável</p><p>alegar ou provar qualquer fato além da</p><p>27</p><p>de que nenhum dos consortes está</p><p>sendo obrigado, por ameaça física ou</p><p>meios morais, a se divorciar. Havendo a</p><p>menor dúvida a respeito da liberdade e</p><p>espontaneidade da declaração, a</p><p>homologação judicial não pode ser</p><p>concedida. Se o casal não tiver filhos</p><p>menores ou incapazes, o mútuo</p><p>consentimento pode ser expresso</p><p>perante o notário, que o registrará em</p><p>escritura pública. Também nesse caso,</p><p>deve ser livre e espontânea a vontade de</p><p>pôr fim à sociedade conjugal, devendo o</p><p>escrivão recusar-se a lavrar o ato se tiver</p><p>razões para crer que este requisito não</p><p>está atendido</p><p>mera vontade de pôr fim ao vínculo</p><p>matrimonial.</p><p>Segundo, o atendimento à formalidade</p><p>legal, que pode ser a escritura pública</p><p>(se não houver filhos menores ou</p><p>incapazes) ou a sentença judicial. Em</p><p>qualquer caso, uma ou outra formalidade</p><p>é indispensável ao registro do divórcio</p><p>no Registro Civil.</p><p>Não é requisito do divórcio, nem mesmo</p><p>do amigável, o transcurso de qualquer</p><p>prazo mínimo do casamento. Mesmo</p><p>sendo inevitáveis os ajustes a que estão</p><p>jungidos os casados no começo de</p><p>qualquer relacionamento matrimonial,</p><p>em função dos quais se manifestam</p><p>dissentimentos e ressentimentos, a</p><p>disciplina constitucional da dissolução do</p><p>RECONHECIDA A CULPA DE UM DOS</p><p>CÔNJUGES NA AÇÃO DE DIVÓRCIO,</p><p>A ELE SÃO IMPOSTAS TRÊS</p><p>SANÇÕES.</p><p>A primeira tem natureza processual. Falo</p><p>da condenação nas verbas de</p><p>sucumbência do processo, tais como os</p><p>honorários do advogado do outro</p><p>cônjuge e as custas judiciais. É a única</p><p>punição que sempre sofrerá o cônjuge</p><p>culpado independentemente de qualquer</p><p>circunstância.</p><p>Muitas vezes, o litígio se prolonga</p><p>apenas em função da mesquinharia das</p><p>duas partes relativamente ao pagamento</p><p>dessas verbas.</p><p>28</p><p>vínculo não a condicionou a nenhum</p><p>lapso temporal. Transcorrido o tempo</p><p>que for (dias, semanas, meses),</p><p>considera a Constituição, a partir de</p><p>julho de 2010, que cada cônjuge é</p><p>suficientemente capaz de saber se o</p><p>amadurecimento de sua percepção</p><p>acerca da experiência que está</p><p>vivenciando lhe permite formular a</p><p>vontade de nela não prosseguir.</p><p>A segunda sanção, derivada do</p><p>reconhecimento judicial da culpa pelo fim</p><p>do vínculo conjugal, aplica-se apenas se</p><p>o culpado tiver adotado o sobrenome do</p><p>outro cônjuge ao se casar. De modo</p><p>geral, se o consorte inocente requerer a</p><p>mudança e ela não trouxer prejuízos aos</p><p>interesses do culpado, este último</p><p>perderá o direito de conservar o nome de</p><p>casado. Por evidente, se nenhum dos</p><p>cônjuges mudou seu nome ao contrair</p><p>núpcias, a imputação de culpa pela</p><p>separação a qualquer um deles não terá</p><p>nenhuma implicação.</p><p>Por fim, a derradeira sanção está ligada</p><p>aos alimentos.</p><p>O cônjuge condenado</p><p>pelo fim do casamento, se não dispuser</p><p>de recursos para se manter, terá direito</p><p>somente aos alimentos mínimos, isto é,</p><p>unicamente os indispensáveis à</p><p>subsistência. Tendo, contudo, ambos os</p><p>cônjuges renda suficiente para manter</p><p>29</p><p>uma vida de bom padrão, será</p><p>indiferente se a dissolução da sociedade</p><p>conjugal deveu-se à culpa de um deles.</p><p>Pode ser litigioso, também, o divórcio no</p><p>caso em que os cônjuges concordam em</p><p>dissolver o vínculo matrimonial, mas não</p><p>conseguem alcançar acordo completo</p><p>relativamente a bens, filhos e nome.</p><p>Exemplos: a mulher quer a guarda</p><p>unilateral dos filhos, mas o marido</p><p>deseja a compartilhada; ou os dois</p><p>disputam quem vai ficar com a casa da</p><p>praia; ou, ainda, ele quer que ela deixe</p><p>de usar o seu sobrenome, mas ela</p><p>resiste. Aqui, o processo judicial de</p><p>divórcio terá por objeto a superação do</p><p>conflito de interesses sobre a questão ou</p><p>as questões não acordadas.</p><p>6.1.1 Formas do divórcio</p><p>ULHOA (2020) inicia essa parte do seu livro com a seguinte frase: “Ainda que</p><p>todo divórcio litigioso seja judicial, nem todo divórcio judicial é necessariamente</p><p>litigioso. ”</p><p>O art. 733 do CPC esclarece em relação a dissolução do casamento que poderá</p><p>ocorrer de forma extrajudicial nos casos em que o casal não possui filhos menores ou</p><p>incapazes e estarem os cônjuges assistido por advogado ou defensor público, o qual</p><p>será feito mediante escritura pública.</p><p>Sendo opção dos cônjuges que o divórcio ocorra em cartório ou em juízo,</p><p>podendo de acordo com o que prevê o art.1582 do CC/2002, o divórcio judicial pode</p><p>ser proposto a pedido de ambos os cônjuges quando amigável e por apenas um deles</p><p>30</p><p>quando litigioso, podendo ser proposto por curador, ascendente ou irmão do cônjuge</p><p>incapaz.</p><p>Independentemente de ser obrigatório o divórcio judicial, ou ser opção dos</p><p>cônjuges, caso o juiz entenda que os filhos ou uma das partes está sendo prejudicada</p><p>ele pode indeferir com o objetivo de evitar que um dos cônjuges saia prejudicado com</p><p>a dissolução do casamento.</p><p>Diante da opção do juiz por indeferir a homologação da sentença, ele deverá</p><p>fundamentar seus motivos, para que os cônjuges modifiquem para que consigam</p><p>obter a homologação judicial.</p><p>Ainda assim, não pode o juiz alterar um acordo entre as partes ele deve se</p><p>achar que existam cláusulas indevidas, optar por indeferir fundamentando que tais</p><p>cláusulas são indevidas.</p><p>Amigável Litigioso Judicial Extrajudicial</p><p>O divórcio pode ser amigável ou litigioso.</p><p>Será amigável se os cônjuges</p><p>concordam quanto ao fim do vínculo, à</p><p>guarda de filhos menores e ao nome (a</p><p>partilha de bens pode ser postergada).</p><p>Se não concordarem com pelo menos</p><p>um destes pontos, o divórcio será</p><p>litigioso.</p><p>De outro lado, o divórcio pode ser judicial</p><p>ou extrajudicial. Sendo amigável, só</p><p>poderá ser extrajudicial se o casal não</p><p>tiver filhos menores ou incapazes.</p><p>Havendo ou sendo o caso de litígio, o</p><p>divórcio deve ser feito por ação judicial.</p><p>Cada vez mais raro, no direito brasileiro, existe ainda a possibilidade de pedido</p><p>liminar de separação de corpos, o que ocorre ainda nos casos em que o cônjuge é</p><p>vítima de maus tratos e por isso precisa da medida para proteger-se afastando-se</p><p>fisicamente do domicílio conjugal, mas não quer correr o risco de ser considerado o</p><p>culpado pela separação para não perder o direito aos alimentos compatíveis com sua</p><p>condição social ou ao uso do nome de casado, a medida de separação de corpos</p><p>preserva seus interesses.</p><p>Não sendo essa a situação, dispensa-se a ação cautelar porque, como visto</p><p>anteriormente, o fim da coabitação não importa necessariamente o abandono do lar.</p><p>31</p><p>6.1.2 A guarda dos filhos</p><p>O art. 1579 do Código Civil estabelece que os pais continuam a ter direitos e</p><p>deveres em relação aos filhos, ainda que contraiam novo casamento não podem se</p><p>abdicar desse direito/dever.</p><p>Diante disso ULHOA (2020) preleciona que a maior preocupação da sociedade,</p><p>do juiz e dos pais quando existe a dissolução familiar são os filhos menores, pois são</p><p>emocionalmente vulneráveis, ficam inseguros, em muita das vezes acreditam ter culpa</p><p>pelo término do vínculo matrimonial, ou até mesmo teme pelo seu bem-estar.</p><p>Assim, como há uma preocupação também em relação aos filhos maiores</p><p>incapazes (art. 1590, CC/2002), essa preocupação está relacionada então a guarda</p><p>dos filhos, onde, o titular da guarda fica com o filho sob seus cuidados diretos, convive</p><p>com ele, acompanha o crescimento, auxilia nos desafios da vida, de forma que não</p><p>se consegue definir exatamente se é encargo ou gratificação.</p><p>Assim, de acordo com o art. 1.634, inciso II a guarda é uma das manifestações</p><p>do Poder Familiar e pode ainda ser unilateral ou compartilhada, conforme prevê o art.</p><p>1583 do CC de 2002: A guarda será unilateral ou compartilhada.</p><p>§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou</p><p>a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a</p><p>responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que</p><p>não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.</p><p>§ 2º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser</p><p>dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as</p><p>condições fáticas e os interesses dos filhos:</p><p>I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar;</p><p>II – saúde e segurança;</p><p>III – educação;</p><p>§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos</p><p>será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.</p><p>§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).</p><p>§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a</p><p>supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos</p><p>genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de</p><p>32</p><p>contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente</p><p>afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. (BRASIL, 2002)</p><p>Quando da atribuição da guarda a um dos genitores, em nada altera a extensão</p><p>do poder familiar no que está relacionado aos demais direitos e deveres, de forma que</p><p>mesmo o pai ou a mãe que não titula a guarda continua a participar do poder familiar.</p><p>Sendo responsabilidade de ambos os pais procurar uma solução em relação</p><p>ao filho que não vai bem na escola, por exemplo, solução essa que não cabe</p><p>exclusivamente ao titular da guarda, mas a ambos os pais.</p><p>Não obstante se o menor precisa de aconselhamento, cuidados médicos,</p><p>diversão ou atenção e carinho, não se pode omitir o pai ou a mãe que não titula a</p><p>guarda, sob pretexto de dela estar excluído.</p><p>Assim a guarda unilateral por exemplo permite que o pai/mãe que não ficou</p><p>com a guarda do filho tenha o direito de visita, direito esse que também pode ser dado</p><p>a outros membros da família e até mesmo a pessoa que não é parte da família, mas</p><p>que possua o vínculo com o menor.</p><p>Essas visitas têm por objetivo resguardar os vínculos afetivos do menor e a</p><p>pessoa que estiver com o mesmo se torna então responsável pela saúde desse menor</p><p>durante esse período, tanto física quanto psicológica.</p><p>Na guarda compartilhada ou conjunta, são levados preferencialmente os</p><p>interesses do menor em conta, ambos os pais permanecem conjuntamente cuidando</p><p>do filho, passando o menor a ter duas residências, de forma que tudo precisa ser</p><p>combinado anteriormente, os momentos de convivência entre os pais e seu</p><p>descendente, entretanto destaca-se que essa espécie de guarda vai depender de uma</p><p>maturidade extrema de ambos os pais bem como da capacidade de colocar os</p><p>interesses dos filhos acima dos deles, quanto maior o filho menor nessa espécie de</p><p>guarda melhor.</p><p>As partes devem acordar sobre a guarda, uma vez que não houver o acordo o</p><p>Juiz irá decretar pela compartilhada,</p><p>a menos que um dos pais não esteja apto a</p><p>exercer o poder familiar ou declare não quere a guarda do filho.</p><p>Existe ainda a guarda alternada que é à atribuição periódica da guarda a cada</p><p>pai, onde, em um semestre ou ano, por exemplo, o filho fica com a mãe, e o pai tem</p><p>o direito de visita; no próximo, inverte-se, e ele fica com o pai, e a mãe o visita nos</p><p>horários e dias previamente definidos.</p><p>33</p><p>Por causa da instabilidade identificada nesta espécie de guarda nem sempre</p><p>ela tem se revelado uma alternativa adequada para o menor, a qual deve ser adotada</p><p>em casos excepcionais, em que, por exemplo, os pais residem em cidades distantes</p><p>ou mesmo em diferentes países.</p><p>No divórcio consensual a guarda fará parte em uma das cláusulas do divórcio,</p><p>como citado anteriormente, nos casos em que envolvem interesse de menor deve ser</p><p>o divórcio feito judicialmente, de forma que se o juiz entender que a cláusula de guarda</p><p>prejudica o interesse do menor ou um dos cônjuges ele como mencionado</p><p>anteriormente de forma fundamentada, indefere o pedido.</p><p>Havendo divergência a respeito da guarda o juiz observará o caso em concreto</p><p>e havendo possibilidade ouvirá o filho antes de tomar a decisão em relação a guarda.</p><p>A guarda, seja unilateral ou compartilhada, pode ser perdida, a qualquer</p><p>momento, se comprovado que a convivência é perniciosa à formação do menor.</p><p>Podendo o juiz transformar a guarda conjunta em individual, deferindo-a, ao</p><p>outro cônjuge. Não é motivo para a perda da guarda o novo casamento do pai ou da</p><p>mãe que a titula de acordo com o art. 1.588, do CC/2002.</p><p>Em casos excepcionalíssimos, constatando o juiz que nem pai nem mãe estão</p><p>em condições de titular a guarda, poderá deferi-la a família substituta (CC, art. 1.584,</p><p>§ 5.º; ECA, arts. 28 a 32).</p><p>6.1.3 Alienação parental</p><p>É dever dos pais divorciados manter a imagem dos pais em relação aos filhos</p><p>menores, de forma que o que aconteceu na relação horizontal, por mais grave ou</p><p>doloroso que seja, não deve contaminar a relação vertical.</p><p>O pai ou mãe que age visando minar ou prejudicar a relação do filho com o</p><p>outro genitor incorre na conduta qualificada juridicamente como “alienação parental”.</p><p>A alienação parental é definida na lei como a interferência na formação</p><p>psicológica da criação ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores</p><p>(...) para que repudie (o outro) genitor ou que cause ao estabelecimento ou à</p><p>manutenção de vínculos com este (Lei n. 12.318/10, art. 2.º).</p><p>34</p><p>Assim, o ato de alienação parental pode ser praticado também por avós ou por</p><p>quem tenha a criança ou o adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância a</p><p>exemplo: tutor, curador, outros parentes e mesmo amigos ou empregados de um dos</p><p>genitores.</p><p>ULHOA (2020) traz algumas hipóteses de alienação parental que serão</p><p>expostas a seguir:</p><p>Assim a Alienação parental é a interferência, promovida ou induzida por um dos</p><p>genitores, denominado alienador, na formação psicológica da criança ou do</p><p>adolescente, destinada prejudicar o estabelecimento ou a manutenção de vínculos</p><p>com o outro genitor, denominado alienado, ou mesmo o repúdio a este.</p><p>Caracteriza-se a alienação parental ainda que o ato seja praticado por tutor,</p><p>curador, familiares de um dos genitores, ou qualquer pessoa que tenha a criança ou</p><p>adolescente sob sua guarda, vigilância ou autoridade, incluindo empregados ou</p><p>amigos. A seguir veremos as possibilidades de sanções previstas ao alienador.</p><p>35</p><p>Ainda de acordo com o art. 6.º, § único, do CC/2002: No caso de mudança</p><p>abusiva de endereço, pode também ser aplicada a sanção consistente na imposição</p><p>ao alienador do dever de levar ou apanhar a criança ou adolescente, nas alternâncias</p><p>dos períodos de convivência com o genitor alienado, caso já não fosse dele o dever.</p><p>(BRASIL, 2002)</p><p>7 PARTILHA DE BENS</p><p>Conforme citado anteriormente qualquer que seja o regime de bens do</p><p>casamento, com a dissolução do casamento termina também a obrigação em relação</p><p>a comunhão familiar, seguida a decretação judicial do divórcio ou a homologação da</p><p>partilha.</p><p>De forma que os bens do casal não se comunicam mais após a separação de</p><p>fato, ao que se entende com a separação de fato os bens comunicados passam a ser</p><p>administrados em condomínio pelos cônjuges, encerrando a incidência das normas</p><p>de comunhão estabelecidas pelo Direito de Família passando a incidir as de</p><p>condomínio geral.</p><p>No divórcio judicial, a partilha de bens é feita em concordância com a proposta</p><p>dos cônjuges e que será homologada pelo juiz, caso os cônjuges não consigam</p><p>formular uma proposta, ou seja, não conseguindo chegar a um acordo sobre o tema,</p><p>36</p><p>o juiz decide o conflito de interesses e divide os bens ou determina a venda dos bens</p><p>para repartir do dinheiro.</p><p>ULHOA (2020) preleciona em relação ao divórcio amigável, onde, nesses casos</p><p>os cônjuges propõem ao juiz, juntamente com o pedido de dissolução do vínculo, o</p><p>plano de partilha dos bens comuns, esse plano de partilha se torna uma das cláusulas</p><p>do acordo de divórcio.</p><p>Não obstante não havendo nada que prejudique os interesses dos cônjuges ou</p><p>dos filhos, será judicialmente homologada.</p><p>Já quando o divórcio é litigioso, divergindo as partes sobre a questão</p><p>patrimonial, cada uma arrola suas pretensões, de forma que o juiz, ao sentenciar,</p><p>decide como será feita a partilha dos bens.</p><p>Não havendo filhos menores ou incapazes, o casal que opte pelo divórcio</p><p>mediante escritura pública, a partilha dos bens será, em princípio, uma das cláusulas</p><p>desse instrumento conforme prevê o CPC, em seu art. 733.</p><p>Quando o divórcio for judicial, pode ser concedido independentemente de</p><p>partilha dos bens comuns ou de alguns deles, ainda mesmo se litigioso, a pedido de</p><p>ambos os litigantes, pode-se postergar a divisão de um ou de todos os bens comuns.</p><p>Uma vez que lei é clara ao admitir a concessão do divórcio independentemente</p><p>da partilha conforme estabelece o CC, art. 1.581, exigindo apenas, como já</p><p>mencionado, a adoção do regime da separação absoluta em eventual novo</p><p>casamento dos divorciados enquanto ela não for homologada em juízo (art. 1.523, III).</p><p>Podendo ser feita, a partilha, muitos anos depois do fim da sociedade e do</p><p>vínculo conjugais, devendo sempre observar a situação patrimonial dos consortes na</p><p>data em que teve início a separação de fato, ou seja, do fim da colaboração ao</p><p>aumento do patrimônio de cada cônjuge que a vida conjugal pode proporcionar.</p><p>(ULHOA, 2020)</p><p>Desse modo os bens comuns do casal devem ser partilhados, de acordo com</p><p>a situação patrimonial dos cônjuges na data em que teve fim a colaboração da vida</p><p>conjugal, devendo observar na partilha, o regime de bens adotado para o casamento</p><p>dissolvido, dividindo-se os que, por força dele, se comunicaram do patrimônio de</p><p>qualquer um dos cônjuges para o do outro.</p><p>37</p><p>8 O NOME DOS CÔNJUGES</p><p>Um dos efeitos do casamento está relacionado com a possibilidade de adoção</p><p>por qualquer cônjuge ou pelos dois adquirir o sobrenome do outro, assim, com o fim</p><p>do vínculo conjugal, o cônjuge que passou a usar o sobrenome do outro pode voltar a</p><p>usar o nome de solteiro, podendo essa decisão ser obrigatória ou voluntária.</p><p>Retorno obrigatório ao nome anterior. Retorno facultativo ao nome anterior.</p><p>No divórcio litigioso, são duas as</p><p>condições para a condenação da perda</p><p>do nome de casado por um dos</p><p>cônjuges.</p><p>A primeira diz respeito à iniciativa do</p><p>cônjuge inocente, portador originário do</p><p>sobrenome em disputa.</p><p>Sem o pedido expresso dele, no sentido</p><p>de o juiz impor ao outro consorte a</p><p>específica sanção da perda do direito ao</p><p>uso do sobrenome, formulado desde</p><p>logo na petição inicial da ação ou</p><p>reconvenção, não há como o culpado ser</p><p>obrigado, contra sua vontade, a voltar a</p><p>usar seu nome anterior.</p><p>O cônjuge sempre tem o direito de</p><p>retornar ao nome que adotava</p><p>anteriormente ao casamento.</p><p>Tenha</p><p>sido culpado ou inocente no</p><p>divórcio, tenha este sido litigioso ou</p><p>amigável, a alternativa de descartar o</p><p>sobrenome do consorte de quem agora</p><p>se está desligando ficará sempre ao</p><p>alcance daquele que, ao contrair o</p><p>matrimônio, considerou pertinente</p><p>transformar o nome pelo qual se</p><p>identificava.</p><p>A segunda condição para a aplicação da</p><p>pena de perda do nome de casado</p><p>relaciona-se com a inexistência de</p><p>prejuízo para o cônjuge culpado.</p><p>A despeito de sua culpa, conservará ele</p><p>o direito de manter o nome de casado se</p><p>a alteração lhe trouxer prejuízo à</p><p>identificação. Assim, se o cônjuge</p><p>culpado ficou conhecido em seu meio</p><p>A hipótese de retorno obrigatório, é</p><p>invariavelmente da exclusiva alçada do</p><p>cônjuge interessado decidir se conserva</p><p>o nome de casado ou se volta a adotar o</p><p>que tinha antes do casamento.</p><p>O titular do sobrenome tomado de</p><p>empréstimo não pode opor-se à decisão</p><p>tomada pelo outro cônjuge, qualquer que</p><p>seja ela. Se o marido acresceu ao seu</p><p>38</p><p>profissional pelo nome de casado, não</p><p>há base legal para imposição da pena de</p><p>perdimento do direito de continuar a usá-</p><p>lo.</p><p>Afamada atriz, escritora, consultora</p><p>financeira ou qualquer outra mulher que</p><p>tenha construído sua imagem de</p><p>profissional competente associada ao</p><p>nome composto pelo patronímico do</p><p>marido titula o direito de, querendo,</p><p>continuar a adotá-lo, ainda que tenha</p><p>sido a única culpada pelo divórcio.</p><p>um dos sobrenomes da mulher e, no</p><p>divórcio amigável, manifesta a intenção</p><p>de continuar a usá-lo, são irrelevantes os</p><p>motivos que a determinam. A esposa</p><p>não pode impedi-lo de permanecer com</p><p>o nome de casado.</p><p>Do mesmo modo, se a mulher havia</p><p>agregado ao seu nome o patronímico do</p><p>marido, e tem o firme propósito de</p><p>extirpá-lo de sua identificação, não há</p><p>meio de esse último forçá-la a continuar</p><p>o uso.</p><p>Cabe, também, considerar a situação do</p><p>cônjuge cujo sobrenome ficará muito</p><p>diferente do dos filhos, se acaso tiver de</p><p>alterá-lo.</p><p>É a hipótese em que se admite a</p><p>substituição do sobrenome da família</p><p>originária pelo do cônjuge.</p><p>Se retornar aquele que alterou o nome a</p><p>usar o que possuía antes do casamento,</p><p>claramente haverá manifesta distinção</p><p>com o sobrenome dos filhos. Também</p><p>aqui, mesmo o ex-cônjuge culpado titula</p><p>o direito de conservar o nome de casado.</p><p>O cônjuge não será nunca obrigado a</p><p>manter o nome de casado, nem mesmo</p><p>se o retorno ao anterior patronímico</p><p>acarretar distinção manifesta com o</p><p>sobrenome dos filhos ou puder de algum</p><p>modo prejudicá-lo.</p><p>A cada qual compete sopesar e</p><p>identificar, livremente e segundo seus</p><p>próprios e exclusivos critérios, as</p><p>vantagens e desvantagens das opções</p><p>que tem à frente.</p><p>Por fim, há a hipótese de grave dano que</p><p>poderia advir do retorno ao nome usado</p><p>antes do casamento.</p><p>Imagine que pessoa com nome muito</p><p>comum, ao se casar e acrescer ao seu o</p><p>sobrenome do cônjuge, consegue</p><p>O momento apropriado para a definição</p><p>quanto ao nome é, em princípio, o do</p><p>divórcio.</p><p>Quando é amigável, a manutenção ou</p><p>retorno do nome deve constar de uma</p><p>das cláusulas do acordo. Omisso esse,</p><p>39</p><p>finalmente livrar-se dos incômodos da</p><p>homonímia.</p><p>Obrigá-la a retornar ao nome anterior</p><p>implicaria expô-la aos percalços que os</p><p>homônimos normalmente enfrentam,</p><p>tanto no âmbito civil, na hora da</p><p>obtenção de crédito, locação de imóvel e</p><p>prática dos atos em geral, como até</p><p>mesmo no criminal, em que, por vezes,</p><p>têm de provar não ser o criminoso</p><p>procurado pela polícia.</p><p>Tanto no da homonímia como em</p><p>qualquer outro caso de dano grave</p><p>derivado do retorno ao nome usado</p><p>antes do casamento desfeito, o cônjuge</p><p>titula o direito de conservar o de casado,</p><p>mesmo que tenha sido o único culpado</p><p>pelo divórcio.</p><p>entende-se que os cônjuges optaram por</p><p>voltar a usar seus nomes anteriores.</p><p>A omissão no acordo de divórcio</p><p>corresponde ao não exercício do direito</p><p>de conservação do nome de casado.</p><p>Em outros termos, presume-se que os</p><p>consortes decidiram retornar ao nome</p><p>anterior ao do casamento, porque não</p><p>exerceram explicitamente a opção de</p><p>conservar o de casado</p><p>(Gonçalves, 2005:236).</p><p>Caso ambos os cônjuges misturaram os sobrenomes, ao se casarem, a cada</p><p>um, no momento do divórcio cabe, optar pela solução de que mais lhe agrade, de</p><p>forma que decisão de retorno ao nome anterior não precisa ser igual para os dois</p><p>cônjuges.</p><p>9 RECONCILIAÇÃO</p><p>A reconciliação é possível nos casos em que desfeita a sociedade conjugal pela</p><p>separação, poderá ser restabelecida enquanto permanecer o vínculo conjugal, ou</p><p>seja, enquanto não for decretado o divórcio é o que prevê o CC, em seu art. 1.577.</p><p>De forma que após a dissolução do vínculo conjugal, não existe mais a</p><p>possibilidade de reconstituição da sociedade.</p><p>40</p><p>Assim, se os divorciados, querem voltar a ser casados, devem casar-se como</p><p>se solteiros fossem requerendo a habilitação no cartório do Registro Civil da</p><p>circunscrição da residência de um deles.</p><p>Quanto a reconciliação ela cabe tanto na separação amigável como na litigiosa,</p><p>e independentemente da causa que tenha motivado o litígio, devendo ser proposto o</p><p>restabelecimento da sociedade conjugal por petição ao juiz, nos autos da ação de</p><p>separação, em que ambos os cônjuges declaram a intenção de reconstruírem o</p><p>casamento.</p><p>Tendo o juiz elementos para duvidar da sinceridade da declaração, poderá</p><p>ouvir pessoalmente cada um dos cônjuges, em separado, pois como no casamento,</p><p>à vontade para a reconciliação deve ser livre e espontânea.</p><p>Decretada pelo juiz a reconstituição da sociedade conjugal, será a sentença</p><p>averbada no Registro Civil (Lei n. 6.015/73, art. 101).</p><p>Anão obstante a reconciliação assim formalizada importa o pleno</p><p>restabelecimento do mesmo regime de bens que havia sido adotado no casamento,</p><p>onde, caso a partilha, já tiver sido feita, torna-se ineficaz.</p><p>Caso pretenderem os cônjuges alterar o regime, devem promover o processo</p><p>judicial específico, quanto ao direito de terceiro o § único do art. 1577 do CC/2002 diz</p><p>que: Não será de modo nenhum prejudicado qualquer direito de terceiros em função</p><p>da reconciliação (BRASIL, 2002).</p><p>10 DISSOLUÇÃO DO MATRIMÔNIO X RESPONSABILIDADE CIVIL</p><p>Quando se trata da responsabilidade civil no direito de família o que se observa</p><p>é que havendo conflitos de interesse a responsabilidade civil deve seguir regras</p><p>próprias.</p><p>O descumprimento de dever conjugal é ilícito como outro qualquer, assim, não</p><p>existe razões para exonerar quem nele incorreu de responsabilidade, só porque a</p><p>vítima era de sua família.</p><p>Ainda, a imputação de responsabilidade pode ocasionar dano emocional ou</p><p>psicológico de maior gravidade do que aquele cuja composição é objetivada. Entre</p><p>41</p><p>uma e outra face dessa delicada equação, procura a tecnologia jurídica identificar os</p><p>fundamentos para a responsabilização civil pelos danos nas relações familiares.</p><p>(Aguiar Jr., 2004. apud. ULHOA, 2021).</p><p>No Brasil, a pessoa casada pode desfazer a sociedade conjugal a qualquer</p><p>tempo, sempre que decidir que a vida pode ficar melhor sem aquele casamento, desse</p><p>modo, se propõe o divórcio amigável, ele ou ela não tem nenhuma responsabilidade</p><p>por indenizar eventual desapontamento ou mesmo dor que sua iniciativa traz ao outro</p><p>membro da relação de conjugalidade (Silva, 2004. apud. ULHOA, 2021).</p><p>Deixou de amar; está no direito dele ou dela procurar novos rumos para a vida.</p><p>Se o outro cônjuge não concordar com o divórcio amigável, também não pode ser</p><p>responsabilizado aquele que, legítima e honestamente, busca readquirir a liberdade</p><p>para experimentar novas vivências amorosas, caso a propositura da ação de divórcio</p><p>seja com esse fundamento.</p><p>Se um dos cônjuges manteve relacionamento sexual fora do casamento, mas</p><p>foi sempre discreto e nunca deixou transparecer a traição a amigos ou conhecidos do</p><p>casal, o adultério leva à sua condenação como culpado pelo</p>