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CURSO Paulo Igor ATUALIZAÇÃO JURÍDICA - CASAMENTO E REGIME DE BENS Copyright@ 2020 Unieducar Editor - Chefe Juracy Soares Revisão Unieducar – Inteligência Educacional Editoração Eletrônica Unieducar – Inteligência Educacional Diagramação Unieducar Capa Mateus Neris Foto da Capa https://www.pexels.com UNIEDUCAR – UNIVERSIDADE CORPORATIVA Fortaleza/Ce – Sede: Rua Monsenhor Bruno, 1153 – 50° Andar – Aldeota – Fortaleza – Ceará. CEP: 60115-190 www.unieducar.org.br IGOR, Paulo. Casamento e Regime de Bens. Fortaleza/CE: Unieducar, 2020 (25 páginas e Diagramação 21X29) Prefixo Editorial UNIEDUCAR: 81381 CASAMENTO E REGIME DE BENS Casamento Civil Casamento Religioso com efeitos civis: passa pela habilitação em cartório, após, realiza-se a celebração na igreja e, na sequência, a documentação da igreja é levada a cartório. Casamento Avuncular: é o casamento de tio (a) com sobrinho (a). Essa modalidade de casamento é permitida no ordenamento jurídico brasileiro, ante a flexibilização da regra do artigo 1521, inciso IV e, consequentemente, deve-se apresentar documento médico com- provando que não há prejuízo para a prole (Decreto – Lei n° 3.200/1941). Art. 1.521. Não podem casar: IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; Art. 1º do Decreto – Lei n° 3.200/1941. O casamento de colaterais, legítimos ou ilegítimos do terceiro grau, é permitido nos termos do presente decreto-lei. Art. 2º do Decreto – Lei n° 3.200/1941. Os colaterais do terceiro grau, que pretendam casar-se, ou seus representantes, legais, se forem menores, requererão ao juiz competente para a habilitação que nomeie dois médicos de reconhecida capacidade, isentos de suspeição para examiná-los e atestar-lhes a sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista, da saúde de qualquer deles e da prole, na realização do matrimônio. Casamento em caso de moléstia grave – 1.539 do CC/02: é feita a habilitação para o casamento, mas em razão da doença de um dos nubentes não é possível esperar o dia da celebração. A autoridade celebrante ou aquele que a represente, acompanhará o ato e a manifestação de vontade dos nubentes, uma vez que o casamento se aperfeiçoa no momento em que há o encontro de vontades. Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. § 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. § 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. Casamento Nuncupativo – 1540 e 1541 do CC/02: neste caso, a habilitação é feita posteriormente, ou seja, o casamento nuncupativo é aquele em que um dos nubentes encontra-se na eminência de sua morte e, manifestando verbalmente a vontade de se casar na presença de 6 testemunhas, o casamento é realizado. Após, as testemunhas serão ouvidas em juízo e, na sequência, o juiz analisa se as normas legais quanto ao impedimento para o casamento foram observadas e determina a lavratura para o assento de casamento. Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: I - que foram convocadas por parte do enfermo; II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. § 1º Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias. § 2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes. § 3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá- la no livro do Registro dos Casamentos. § 4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração. § 5º Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. Casamento por Procuração – 1.542 do CC/02 Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. § 1º A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. § 2º O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo. § 3º A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. § 4º Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. Casamento Putativo – 1.561 do CC/02 Casamento putativo é o casamento celebrado indevidamente de boa-fé, ou seja, um "casamento imaginário" que se imaginava ser verdadeiro, por ter preenchido todos os requisitos de existência, validade e produção de efeitos, no entanto, posteriormente, verificou-se um vício, suscetível de anulação. No casamento putativo, seja nulo ou anulável produzirá efeitos jurídicos em relação àquele que estava de boa-fé (podendo ser os dois ou somente um cônjuge). Ex.: dois irmãos se casam sem saber que são irmãos. Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa- fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. § 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. § 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. O casal (nubentes), juntamente com 2 testemunhas, se dirige ao Cartório de Registro Civil para realizar o requerimento de habilitação e, nesta mesma oportunidade, escolherá o regime de bens; as questões sobre o sobrenome ou patronímico e realiza o pagamento dos emolumentos. Após, abrirá o edital de proclamas que será publicado em jornal de grande circulação e no mural do cartório, a fim de atestar que não há nenhuma causa impeditiva para o casamento. Na sequência, aguarda-se o prazo de 15 dias para eventuais impugnações. Não havendo impugnações, o procedimento é encaminhado ao Ministério Público e ao juiz de paz. É expedida uma Certidão de Habilitação que possui validade de 90 dias, sendo este o prazo para marcar a celebração. A celebração do casamento pode ser feita perante o juiz de paz (própria estrutura do cartório ou fora) ou perante a autoridade religiosa competente. Optando pelo casamento religioso com efeitos civis, munido da habilitação, os nubentes se casam na igreja e, o documento emitido pela igreja, deve ser deixado em cartório – os nubentes possuem prazo de 90 dias para se casar e 90 dias para deixar os documentos emitidos na igreja em cartório, para as devidas anotações e averbações. Se transcorrer o prazo de90 dias, todo o processo de habilitação deve ser feito novamente. No casamento em caso de moléstia grave pode ser dispensado: o prazo de publicação que é de 15 dias; o encaminhamento ao MP e ao juiz de paz. Não sendo permitida, portanto, a supressão da publicação. O casamento se aperfeiçoa no momento em que as partes manifestam sua vontade de forma livre e desembaraçada perante a autoridade competente. Causas suspensivas de Casamento e nulidades O que é casamento nulo e o que é casamento anulável? Casamento nulo: Artigo 1.548 do CC/02 – infringência de causa impeditiva. A nulidade, neste caso, é absoluta – podendo ser alegada a qualquer tempo. Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; Ex.: pai com filho ou avô com neto. II - os afins em linha reta; Ex.: casamento de genro com sogra. III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Casamento Anulável: A nulidade é relativa, trata-se de um direito potestativo, sujeito a prazos decadenciais a serem respeitados. Art. 1.550. É anulável o casamento: I - de quem não completou a idade mínima para casar; Prazo decadencial de 180 dias. II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; Prazo decadencial de 180 dias. III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; Prazo decadencial de 03 anos em caso de erro e 04 anos para coação (explicar erro ou coação) IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; Prazo decadencial de 180 dias. V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; Prazo decadencial de 180 dias. VI - por incompetência da autoridade celebrante. Prazo decadencial de 02 anos. §1º Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. §2º A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. Como o casamento possui natureza jurídica de contrato especial ele também estaria submetido aos vícios do consentimento e as demais regras dos negócios jurídicos propriamente ditos. Desse modo, teremos como vício de consentimento ou vício de vontade aplicável ao casamento: (i) erro essencial sobre a pessoa do outro e; (ii) coação. ERRO ESSENCIAL SOBRE A PESSOA DO OUTRO Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; A partir da analise do artigo 1521 do CC, se extrai que entre as causas impeditivas não é possível o casamento entre os parentes colaterais até o terceiro grau, mas em relação a tio (a) e sobrinho (a) tem-se uma mitigação pelo Decreto – Lei n° 3.200/1941. Permitindo, assim, o casamento entre tio (a) e sobrinho (a) desde que haja prova técnica alegando que não há comprometimento da prole. Logo, também é possível união estável entre tio (a) e sobrinho (a). Interessante mencionar que o artigo 1521, que as pessoas casadas não podem se casar - sob pena de configuração do crime de bigamia -, a menos que estejam divorciadas ou viúvas. Contudo, a pessoa casada pode constituir união estável, desde que esteja separada de fato. CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO Cuidado! Não confunda as causas impeditivas do artigo 1521 (que culminam em nulidade do casamento, caso não observadas), com as causas suspensivas. Nessa última hipótese , o casamento existe, é válido e eficaz, contudo, tem-se uma punição de natureza patrimonial. Ou seja, a pessoa deverá se casar com o regime da separação obrigatória ou legal de bens – a consequência não é absoluta, porque posteriormente poderá ser afastada CC/02 - Art. 1.523. Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. OBS.: Se houver demonstração de que não há prejuízo aos herdeiros ou terceiros, mediante autorização judicial poderá ser afastada a causa suspensiva – afastando o regime da separação obrigatória ou legal de bens. Ademais, o regime de casamento poderá ser alterado quando a causa suspensiva não mais existir, através de procedimento judicial de jurisdição voluntária. Princípios aplicáveis no estudo do regime patrimonial de bens Princípio da autonomia privada Ressalvada as situações em que o regime de bens é obrigatório (art. 1641 do CC), o casal é livre para escolher o regime de bens ou criar o próprio regime. A escolha do regime de bens é feita no momento do procedimento de habilitação do casamento e, a depender do regime, faz-se necessária à realização de pacto antenupcial. Ademais, o rol de regime de bens é exemplificativo, permitindo, assim, que os nubentes crie seu próprio regime com regras próprias, ressalvadas as regras de garantias e direitos fundamentais, dignidade da pessoa humana etc. Princípio da indivisibilidade do regime de bens Não é possível adotar regimes patrimoniais distintos para cada cônjuge, por exemplo, para homem adota-se o regime de comunhão universal e, para a mulher, aplica-se o regime da separação de bens. Princípio da variedade de regime de bens O Código Civil prevê cinco variedades: comunhão parcial; comunhão universal; participação final nos aquestos, separação legal ou obrigatória e separação absoluta ou convencional de bens. Princípio da mutabilidade justificada Até a data do casamento é possível alterar o regime de bens. Após a realização do casamento é possível à mudança, contudo, faz-se necessária motivação mínima e desde que não haja violação a direito de terceiros. O requerimento é realizado na Vara de Família, através de procedimento especial de jurisdição voluntária - art. 734 do CPC. Posso mudar o regime depois de celebrado o casamento? R: Sim. Analise dos regimes de bens REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS O QUE SE COMUNICA? Art. 1.660. Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual,com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; Ex.: loteria, bingo, big brother. III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão; VI- FGTS ao longo da sociedade conjugal (doutrina e jurisprudência); VII- indenizações trabalhistas (doutrina e jurisprudência). O QUE NÃO SE COMUNICA? Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. Bens comunicáveis (art. 1660): benfeitorias, acessões, frutos e produtos, verbas trabalhistas, FGTS, prêmio da loteria. Bens móveis Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior. Regime legal em caso de união estável. Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. Enunciado 340 da JDC. Art. 1.665: No regime da comunhão parcial de bens é sempre indispensável à autorização do cônjuge, ou seu suprimento judicial, para atos de disposição sobre bens imóveis. O enunciado acima diz respeito à necessidade de outorga ou vênia conjugal para a prática de determinados atos, como a disposição patrimonial, possibilidade de ser fiador ou dar bem em hipoteca (art. 1647 do CC). Ademais, a outorga pode ser objeto de suprimento judicial. Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. Se o regime de casamento for da separação absoluta ou convencional de bens, os cônjuges são livres, não necessitando de outorga ou vênia conjugal. Se o regime escolhido é o da comunhão parcial de bens, não é necessária à realização de pacto antenupcial. Importante mencionar, que quando o pacto antenupcial for exigido, ele deverá ser feito mediante escritura pública. REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS É necessária a outorga e vênia conjugal (art. 1647 do CC), bem como a realização de pacto antenupcial. Há, portanto, alguns bens que estão excluídos, como: salário, remuneração, bens de uso pessoal/profissional e doação com cláusula de incomunicabilidade. Aqui haverá a comunicação tanto dos bens anteriores ou presentes quanto dos posteriores à celebração do casamento, além das dívidas, com as ressalvas legais. Fala-se em comunhão quase total de bens. Art. 1.668. São excluídos da comunhão: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659 Ex.: Remuneração, bens de uso pessoal, bens de uso profissional e instrumentos de profissão. REGIME DA PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS Atualmente, o regime da participação final nos aquestos não é muito utilizado, mas optam por esse regime aquelas pessoas que possuem patrimônio considerável, como empresários, artistas etc. Segundo as normas desse regime, durante a vigência do casamento tem- se uma verdadeira separação de bens e, no momento da dissolução ou do vínculo da sociedade conjugal, aplica-se um regime similar da comunhão parcial de bens, mediante prova do esforço comum. “Basicamente, durante o casamento há uma separação total de bens, e no caso de dissolução do casamento e da sociedade conjugal, algo próximo de uma comunhão parcial. Cada cônjuge terá direito a uma participação daqueles bens para os quais colaborou para a aquisição, devendo provar o esforço para tanto.” fls. 164 – Flávio Tartuce e José Fernando Simão. Ou seja, a diferença é que na comunhão parcial não precisa provar o esforço comum, já no regime da participação final nos aquestos há a necessidade de tal prova. Art. 1.674. Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos aquestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios: I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub- rogaram; II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; III - as dívidas relativas a esses bens. Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens móveis. REGIME DA SEPARAÇÃO LEGAL OU OBRIGATÓRIA DE BENS CC/02 - Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; Trata-se das hipóteses do artigo 1523 do CC. Art. 1.523. Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. Na separação legal ou obrigatória de bens não é necessário pacto antenupcial. Mas é necessária a outorga ou vênia conjugal do outro para a prática de atos de disposição patrimonial – único regime que expressamente dispensa a outorga ou vênia conjugal é a separação ab- soluta de bens. REGIME DA SEPARAÇÃO CONVENCIONAL OU ABSOLUTA DE BENS Não há uma imposição da lei, é o casal que opta por esse regime. É necessária a realização de pacto antenupcial. E, uma vez escolhido esse regime, não é necessária à outorga ou vênia conjugal para prática de disposição patrimonial. É perfeitamente possível alterar o regime de casamento posteriormente, mas terá efeitos “ex nunc”, ou seja, não retroage, irá valer apenas do momentoda alteração pra frente. Dispõe o art. Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial. DISSOLUÇÃO DO VÍNCULO E DA SOCIEDADE CONJUGAL Rompimento/desconstituição do vínculo conjugal: acontece por meio do divórcio, que é regido pela Emenda Constitucional 66/2010. Para requerer o divórcio: - Não é necessário prazo mínimo para estar casado; - Não há necessidade de testemunhas; - Não há aferição da culpa, decorrente da violação de deveres conjugais. O divórcio demorou bastante para ser admitido no ordenamento brasileiro, pois, quando havia a separação de fato, dava-se o nome de “desquite/desquitado”. Mas quando o divórcio passou a ser permitido, somente poderia se divorciar uma única vez, mas depois de um tempo, essa limitação passou a não mais existir. Rompimento da sociedade conjugal: ocorre por meio da separação. Tanto o divórcio quanto a separação pode ser: Litigiosa: por exemplo, quando há conflitos nas questões patrimoniais. Consensual: quando há comum acordo entre os envolvidos. Pode ser feito em cartório, desde que não haja filhos menores ou incapazes. Quando os envolvidos querem realizar separação consensual ou divórcio consensual, mas que possuem filhos menores ou incapazes, se demonstrar que já foi promovida de- manda judicial e encontra-se definida as questões sobre os filhos, como a guarda, a visita e alimentos. Na via extrajudicial o casal poderá resolver as questões patrimoniais. O divórcio ou a separação feita em cartório é uma verdadeira desburocratização dos procedimentos e a matéria é regulamentada pelo Conselho Nacional de Justiça. O CC/02 prevê as seguintes modalidades de separação: separação remédio, separação sanção e separação falência. Na separação judicial pode ocorrer o restabelecimento da sociedade conjugal a qualquer tempo, através de simples petição. Além do mais, não é possível se casar novamente, somente constituir união estável. No divórcio, como há o rompimento total do vínculo, para se unir novamente é necessário se casar. Havia uma divergência doutrinária após a edição da EC 66/2010, alegando que a separação judicial havia desaparecido do ordenamento jurídico, ou seja, somente seria possível romper o vínculo da sociedade conjugal através do divórcio ou da morte. Contudo, o CPC/15 faz referência à separação judicial em diversas oportunidades e, segundo orientação do STJ, a separação judicial convive ao lado divórcio, sendo uma faculdade do casal. Na prática, quando todos concordam com o divórcio e o conflito é apenas patrimonial, o juiz deve julgar antecipadamente o mérito de forma parcial para decretar o divórcio, para que o processo prossiga em relação aos demais pedidos controversos. ENTIDADE FAMILIAR – UNIÃO ESTÁVEL (FAMÍLIA INFORMAL OU CONVI- VENCIAL) Antigamente, as pessoas separadas de fato que se relacionavam novamente, dava-se o nome de concubinato. Contudo, quando se buscava o judiciário, não havia o reconhecimento dessa entidade familiar. O que ocorria, era uma analise na Vara Cível, à luz do direito obrigacional como sendo uma sociedade de fato. Além do mais, em caso de eventual partilha, a mulher deveria demonstrar o esforço comum. Nesse período a mulher não tinha direito aos alimentos, ante a ausência de embasamento normativo. Após a Constituição Federal de 1988, houve o reconhecimento dessa entidade familiar, como sendo união estável. 1º Momento: Havia uma relação extramatrimonial, ou seja, uma sociedade de fato denominada de concubinato. O divórcio surgiu em 1977. Súmula 380 do STF: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. Como já mencionado acima, o concubinato não era encarado como entidade familiar, mas como uma sociedade de fato e, no caso de eventual partilha, era muito difícil à prova do esforço comum. Desse modo, para evitar esse tipo de situação e não deixar a mulher no desabrigo, a jurisprudência passou a fixar indenização pelos serviços domésticos prestados (STJ REsp 855.963 – PR1). Hoje, segundo o regramento do Código Civil quanto à concubina (amante), não é possível o requerimento de indenização pelos serviços domésticos prestados. Pois o STJ entende que não se pode mais dar direitos à concubina do que teria a companheira ou o cônjuge. A CF/88 por si só, não foi suficiente para trazer profundas alterações no reconhecimento da união estável enquanto entidade familiar. Foi preciso um amadurecimento normativo, com duas Leis, uma de 1994 e outra de 1996. Além do próprio Código Civil. EM RESUMO: quando não havia o reconhecimento da união estável, tinha-se o concubinato, que poderia ser puro (pessoa poderia se casar – livre e desimpedida -, mas não queria) ou impuro (pessoa que não poderia se casar – pessoa comprometida ou impe- dida legalmente - e vivia em concubinato). Com o advento do CC/02, a união estável passou a ser vista como uma união pública, contínua e duradoura e, principalmente, com o objetivo de constituir família. Logo, as relações não eventuais entre homem e mulher impedidos de se casar, chamam-se de concubinato, que se resume na figura da amante – a jurisprudência de sido bastante pru- dente, mas tem assegurado alguns direitos. OBS: contrato de namoro deve ser feita de forma casuística, alguns doutrinadores, contudo, não reconhecem a produção de efeitos a esse contrato. O conveniente é que se as partes estão apenas namorando e querem se precaver, há de se reconhecer a validade e eficácia desse contrato. Por outro lado, se esse contrato for utilizado para afastar uma união estável que já existe, não deve ser dado respaldo jurídico. Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. A culpa pode se dar na relação de parentesco (indignidade) e nas relações conjugais e entre conviventes. Somente se permite o uso da prisão civil, para a execução dos alimentos legítimos (devedor voluntário de alimentos). Contudo, para alimentos indenizativos ou ressarcitórios não cabe prisão. Características gerais dos alimentos Deve-se atentar a Lei de Alimentos Gravídicos, Lei nº 5478/68 (Lei de Alimentos) e artigos 1694 a 1698 do CC. 1ª Os alimentos são personalíssimos: intuitu personae, em razão das pessoas (credor e devedor). 2ª Os alimentos são imprescritíveis: não há prazo extintivo para requerê- los, mas uma vez fixados os alimentos, haverá prazo para executar. Atenção para o artigo 206, §2º, do CC/02. Art. 206. Prescreve: § 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem, ou seja, em janeiro de 2021, deverá ser cobrado até janeiro de 2023. Atente-se: se o alimentando é menor impúbere, o prazo prescricional não correrá. Somente começará a correr após completar dezesseis anos (art. 198, inciso I do CC). Nesse caso, se em janeiro de 2021 é completado a maior idade, o alimentado poderá cobrar até janeiro de 2023 todos os alimentos atrasados enquanto era menor de idade, assim se desde os 12 anos de idade não foram pagos os alimentos, poderão ser cobrados o total desde que seja feito até dois anos após a sua maioridade. 4ª Os alimentos são irrepetíveis: tudo aquilo que pagou a título de alimentos não se recebe de volta, mesmo que se prove a inexistência da causa geradora. 6ª Os alimentos são impenhoráveis: não admitem penhora. Não podem sofrer constrição judicial, devido a sua finalidade de subsistência. 7ª Não solidariedade– artigo 265 do CC/02: os alimentos são subsidiários (só se pode cobrar do grau seguinte quando provada a incapacidade do devedor de primeiro grau) e proporcionais (se há mais de um devedor no mesmo grau, cada um deles responde propor- cionalmente a sua capacidade contributiva). Alimentos gravídicos Os alimentos podem também ser concedidos em prol do NASCITURO (Lei nº 11804/08 - Lei de Alimentos Gravídicos). Segundo orientação da doutrinadora Maria Berenice Dias: Os gravídicos são devidos desde a concepção, para evitar que o réu fuja do Oficial de Justiça para não ser citado, motivo pelo qual não são devidos desde a citação. Contudo, deve-se levar em consideração que os alimentos gravídicos devem ser devidos desde a CITAÇÃO. Sua concessão é baseada em meros indícios. Não se exige prova. O objeto cognitivo dos gravídicos são os indícios (bilhetes no face, internet, mensagens do WHATSAPP, viagem juntos, etc.) Os alimentos desta natureza são irrepetíveis. Cabe prisão civil caso não seja pago os alimentos. Sobrevindo o nascimento com vida e não havendo impugnação, os gravídicos se convertem automaticamente em pensão alimentícia para o menor. Trata-se de uma ação própria e permitem prisão civil. De quem é sua legitimidade? Gestante (artigo 1º da LAG) ou nascituro (LAG – artigo 6º, parágrafo único). Se depois do nascimento descobre-se que aquele que estava pagamento os alimentos não era o pai, não será possível pedir a restituição dos valores pagos para a mãe ou criança. Mas se após, descobre-se quem era o pai, poderá requerer dele os valores pagos. Obrigação alimentar avoenga Somente será possível acionar os avós (paterno e materno), se ficar demonstrado que os pais não possuem condições de realizar o pagamento. Trata-se de intervenção de terceiros sui generis. Súmula 596 do STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se configurando no caso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais. Revisão de alimentos/exoneração A Revisão de alimentos é quando o alimentante, ou seja, aquele que paga os alimentos, ou o alimentado, que é aquele que recebe, requer um aumento ou uma diminuição no pagamento dos alimentos. Já a exoneração é quando o alimenante, ou seja, quem paga os alimentos, pede para deixar de pagar os alimentos. Assim, na revisão tem-se o aumento ou a diminuição, e na exoneração tem-se a desobrigação, parar de pagar totalmente os alimentos. A revisão de alimentos é possível quando existe um desequilibrio no binômio necessidade e possibilidade, perceba uma coisa, os alimentos não podem ser insurportáveis ao alimentante nem causar enriquecimento ao alimentado. Dessa forma percebe-se que Deve-se observar o equilíbrio entre a situação financeira daquele que os presta e a real necessidade daquele que recebe, conforme disposto no art. 1.694, § 1.º do Código Civil. Importa esclarecer que a fixação dos alimentos não é imutável, e pelo fato de levar em consideração os requisitos acima delineados, ocorrendo a modificação na real situação tanto do alimentando quanto do alimentado poderá os alimentos fixados sofrer uma diminuição ou majoração de acordo com o caso concreto. Para isso faz-se necessário junto ao Judiciário uma ação de revisão de alimentos. A ação de revisão de alimentos está amparada pela lei de alimentos (5.478/68), que, em seu artigo 15, prevê que a sentença que fixa os alimentos não transita em julgado podendo ser revista a qualquer tempo em face da modificação da situação financeira dos interessados. Agora Vamos falar agora sobre a Exoneração de alimentos: A ação de exoneração de alimentos encontra amparo na Lei n.º 5.478/68-Lei de Alimentos e no art. 1.699do Código Civil. A parte autora deve provar que não mais estão presentes os motivos para a obrigação alimentar, comumente pela juntada de documentos e oitiva de testemunhas. No caso da maioridade de filho que estuda, deve o autor provar que ele possui renda suficiente para se manter, sem a necessidade de pensão alimentícia. Para os casos motivados na maioridade do alimentando, também se admite requerimento do devedor nos próprios autos da ação em que os alimentos foram fixados, sem a necessidade de ajuizamento de nova ação. Pessoal, com isso terminamos nosso conteúdo, como prometido, falamos sobre casamento, regime de bens e para ficar mais completo ainda trabalhamos os alimentos. UNI EDUCAR .ORG.BR CURSOS ONLINE COM CERTIFICADO ALAVANQUE SUA CARREIRA LICENÇA CAPACITAÇÃO CRÉDITOS UNIVERSITÁRIOS capa-casamento.pdf Direito Administrativo 1. Introdução 2. Conceitos iniciais 3. Concessão comum de serviços públicos 4. Concessão especial de serviços públicos (parcerias público- privadas – PPPs) 5. Permissão de serviços públicos 6. Extinção das concessões Bibliografia Capa-completa-resolucao-conflitos.pdf Página em branco apresentacao.pdf Página 1 Página 2 Capa-completa-resolucao-conflitos.pdf Página em branco apresentacao.pdf Página 1 Página 2 capa-casamento-final.pdf Direito Administrativo 1. Introdução 2. Conceitos iniciais 3. Concessão comum de serviços públicos 4. Concessão especial de serviços públicos (parcerias público- privadas – PPPs) 5. Permissão de serviços públicos 6. Extinção das concessões Bibliografia Capa-completa-resolucao-conflitos.pdf Página em branco apresentacao.pdf Página 1 Página 2 Capa-completa-resolucao-conflitos.pdf Página em branco apresentacao.pdf Página 1 Página 2 capa-casamento.pdf Direito Administrativo 1. Introdução 2. Conceitos iniciais 3. Concessão comum de serviços públicos 4. Concessão especial de serviços públicos (parcerias público- privadas – PPPs) 5. Permissão de serviços públicos 6. Extinção das concessões Bibliografia Capa-completa-resolucao-conflitos.pdf Página em branco apresentacao.pdf Página 1 Página 2 Capa-completa-resolucao-conflitos.pdf Página em branco apresentacao.pdf Página 1 Página 2