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1 461-EP PROFESSOR AYRES BARROS LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019) 01. OBJETO DA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE – Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. 1.1. A nova lei de abuso de autoridade tipifica como crimes: várias condutas que ferem diversos direitos e garantias individuas da Constituição Federal de 1988, especialmente no art. 5º Condutas que violam garantias no CPP; 1.2. A nova lei de abuso visa punir com rigor os agentes públicos que agem em desconformidade com a lei. 02. CONCEITO DE AUTORIDADE PÚBLICA – Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a: I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; II - membros do Poder Legislativo; III - membros do Poder Executivo; IV - membros do Poder Judiciário; V - membros do Ministério Público; VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. 1. Sujeito ativo próprio – 2. Rol Exemplificativo – 3. Autoridades de férias, de licença e fora da função – 3.1. Em razão do cargo – Propter Officium – 4. Autoridade Pública aposentado, demitido ou exonerado – 5. Crime de abuso de autoridade praticado por particular – 6. Abuso de autoridade praticado por militar em serviço – No ano de 2017, no dia 16 de outubro, foi publicada a Lei 13.491, que modificou o Código Penal Militar e ampliou a competência da Justiça Militar. Esta lei ampliou o rol dos crimes de natureza militar, alterando o inciso II do art. 9º do Código Penal Militar. Assim, se o Militar praticar qualquer crime previsto na Legislação Penal (Código Penal e Leis Extravagantes), poderá configurar crime militar, se preencher uma das condições previstas no inciso II do art. 9º do Código Penal Militar. Portanto, caso um Militar em serviço pratique alguma das hipóteses previstas nova Lei de Abuso de Autoridade, estará configurado também crime militar. Desta forma, a competência será da Justiça Militar, e não da Justiça Comum. 2 461-EP Súmula 90/STJ – “Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele.” Súmula 172/STJ – “Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.” 03. ELEMENTO SUBJETIVO – § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. Ausente o dolo específico, não há que se falar em crime de abuso de autoridade. O membro do MP deverá, obrigatoriamente, indicar na peça acusatória. Caso não o faça, a denúncia deverá ser rejeita, conforme previsão no art. 395, inciso I do CPP. Nesse sentido, reforça o art. 41 do CPP que a “denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.” 04. AFASTAMENTO DO “CRIME DE HERMENÊUTICA” – § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. 4.1. Objetivo – O objetivo do dispositivo legal foi o de coibir o “crime de hermenêutica”, assim compreendida como toda e qualquer figura delituosa que procure criminalizar a interpretação jurídica, fática ou probatória, que o agente público dê aos fatos que são trazidos para sua apreciação. (DE LIMA, Renato Brasileiro, Nova Lei de Abuso de Autoridade – Lei 13.869/19, 1ª Ed., Editora JusPodivm, 2020, p. 38). 4.2. Interpretação Esdrúxula – A interpretação esdrúxula, teratológica, absurda não é permitida. As divergências devem pautar na razoabilidade. Assim, se o operador do direito, da lei, fizer uma interpretação totalmente em desacordo incorrerá no crime de abuso de autoridade, se presente o dolo específico. Natureza Jurídica – Excludente de Tipicidade – O art. 2º, §2º excluirá a tipicidade do crime, especificamente no dolo do agente. (GRECO, Rogério; CUNHA, Rogério Sanches, Abuso de Autoridade – Lei 13.869/19 , 1ª Ed., Editora JusPodivm, 2019, p. 19) 05. ARTIGO 3º – DA AÇÃO PENAL – Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. 5.1. Conceito – O direito de ação é um direito de provocar o Estado-Juiz, para que seja decidido sobre o fato penalmente relevante, possibilitando, assim, a aplicação do direito penal a um caso concreto. 06. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA – Art. 3º (...) § 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. 6.1. Conceito – Ação penal privada subsidiária da pública consiste na autorização constitucional (artigo 5º, inciso LIX) que possibilita à vítima ou seu representante legal ingressar, diretamente, com ação penal, por meio do oferecimento da queixa-crime, em casos de ações públicas, quando o Ministério Público deixar de oferecer a denúncia no prazo legal (artigo 46 do Código de Processo Penal). 3 461-EP 6.2. Como podemos perceber, trata-se, na verdade, de controle do órgão ministerial que ficou inerte, deixando de atuar. O prazo para o MP oferecer a denúncia está no Código de Processo Penal, art. 46. Vejamos: CPP – Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. 6.3. Decadência imprópria – De acordo com o art. 3º,§ 2º, “a ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.” Nesse sentido, após esse prazo de 6 meses, esgota-se o prazo para o ofendido oferecer a ação privada subsidiária, acarretando, portanto, a decadência imprópria, pois não acarreta a extinção da punibilidade 07. DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Art. 4º São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública. Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III docaput deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença. 7.1. Introdução – Os efeitos da condenação são todas as consequências que atingem a pessoa do condenado por sentença transitado em julgado. Os efeitos não se limitam à esfera penal, podendo ter consequências na esfera cível, administrativa etc. Por questões lógicas, para se falar em efeitos da condenação, é necessária uma sentença condenatória com trânsito em julgado, ou seja, uma sentença decorrente de ação penal que não comporta mais recurso. 7.2. Art. 4º, inciso I – Obrigação de indenizar o dano causado pelo crime – O entendimento doutrinário é no sentido de que a sentença penal condenatória produz, também, a obrigação de o condenado ressarcir o dano. Desta forma, “a sentença penal condenatória produz consequências na esfera cível.” (FRAGOSO, Heleno). Desse modo, o que se questiona no juízo cível não é a existência de fato, autor etc, e sim o valor da indenização. Efeito automático – Obrigação de indenizar o dano causado pelo crime – 7.3. Art. 4º, inciso II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; Esse efeito é classificado como efeitos extrapenais, específicos e não automáticos. A inabilitação é o impedimento, a proibição de exercício de cargo, mandato ou função pública por um prazo mínimo de 1 e máximo de 5 anos. 7.4. Art. 4º, inciso III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública – Esse efeito é classificado como efeitos extrapenais, específicos e não automáticos. A inabilitação é o impedimento, a proibição de exercício de cargo, mandato ou função pública por um prazo mínimo de 1 e máximo de 5 anos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art16 4 461-EP 08. ARTIGO 5º – DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS – Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei são: I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; III - (VETADO). Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. 8.1. Requisitos previstos no CP – Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 8.2. Rol taxativo – O Código Penal dispõe, em seu artigo 43, de várias penas restritivas de direitos. Inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública – Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato – Efeito da Condenação Pena Restritiva de Direito Extinção do vínculo Funcional Manutenção do vínculo Funcional Pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; Pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; 09. ARTIGO 6º – DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA – Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis. Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração. Art. 7º As responsabili6dades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal. Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito 9.1. Princípio da independência das Instâncias – Um mesmo ato irregular pode configurar ilícito penal, administrativo e civil. Cada ato irregular será julgado na respectiva instância, ou seja, preserva-se a independência das instâncias civil, administrativa e penal. 9.2. A regra é que as instâncias são, de fato, independentes. No entanto a sentença penal irá vincular as esferas civil e administrativa quando ocorrer uma das seguintes hipóteses a seguir: fato inexistente ou negativa de autoria. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44. 5 461-EP 9.3. As descriminantes ou justificantes previstas no artigo 8º são causas que retiram a ilicitude do fato típico. Nos termos do artigo 8º, se a sentença penal reconhecer que o agente agiu amparado pelo estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito irá acarretará a coisa julgada em âmbito cível, bem como no administrativo-disciplinar. CAPÍTULO VI DOS CRIMES E DAS PENAS 10. DOS CRIMES E DAS PENAS – 10.1. Classificação geral – Sujeito passivo – Crime de dupla subjetividade passiva – Nos crimes de abuso de autoridade, temos uma dupla subjetividade passiva, isto é, temos dois sujeitos passivos: Estado e a pessoa física. Assim, temos: Sujeito Passivo mediato, indireto, permanente ou secundário – é o Estado, titular da administração pública, interessado na qualidade, na eficiência e legalidade do serviço prestado. Sujeito Passivo imediato, direto e eventual, principal – é a pessoa física ou jurídica que, eventualmente, sofre a lesão ao seu bem jurídico protegido. Bem Jurídico Protegido – Crime Pluriofensivo – Cada um dos tipos penais protege um bem jurídico previsto na Constituição Federal de 1988, ou seja, os direitos e garantias fundamentais. Dentre eles, temos: regular funcionamento da administração pública; administração pública em sentido amplo, honra da pessoa; patrimônio; integridade Física; liberdade de Locomoção etc. Elemento Subjetivo – Para configurar os crimes em espécie abaixo, eles deverão ser praticados na forma dolosa, não sendo punido na forma culposa. O dolo deverá ser acrescido de uma finalidade específica: de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. Ausente o dolo específico, não há que se falar em crime de abuso de autoridade. Dolo Eventual – Conforme o entendimento de Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco, os crimes previstos na Lei 13.869 de 2019 não poderão ser praticados na forma de dolo eventual, por haver incompatibilidade. (GRECO, Rogério; CUNHA, Rogério Sanches, Abuso de Autoridade – Lei 13.869/19 , 1ª Ed., Editora JusPodivm, 2019) Ação Penal – Todos os crimes são de ação penal pública incondicionada. Pena Privativa de liberdade – Assim como na antiga lei anterior (Lei N. 4.898 de 1965), todos os crimes de abuso de autoridade são punidos com detenção. Não há na lei de abuso nenhum crime punido com reclusão. Pena de multa – Todos os crimes da Lei nova lei de abuso são punido cumulativamente com pena de multa. Ou seja, além da pena privativa de liberdade, temos a previsão da multa. Quantidade da Pena – A nova lei de abuso deautoridade previu dois patamares de pena: detenção de 6 meses a 2 anos, e multa; ou detenção de 1 ano a 4 anos. Causas de aumento e diminuição de pena – Forma qualificada – Juizado Especial Criminal – Lei N. 9.099 de 1995 – Alguns crimes previstos na lei de abuso de autoridade são punidos com pena máxima de dois anos. Portanto são considerados IMPOs (art. 61 do JECRIM), sendo cabíveis os institutos 6 461-EP despenalizadores, como a composição dos danos civis, a transação penal, bem como a suspensão do processo. Já outros crimes tem pena de detenção de 1 ano a 4 anos. Como a pena mínima não é superior a 1 ano, é cabível a suspensão do processo. Competência – Como regra, a competência será da Justiça Estadual. No entanto, são da competência da Justiça Federal quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas; CAPÍTULO VI DOS CRIMES E DAS PENAS Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais: (Promulgação partes vetadas) Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. CF/88 – Art. 5º - LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; O Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos estados e da União (CNPG) e o Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), a fim de contribuir com a atividade-fim dos membros do Ministério Público na interpretação da Lei de Abuso de Autoridade (Lei n.º 13.869/2019), emitem os seguintes enunciados: O sujeito ativo do art. 9º., “caput”, da Lei de Abuso de Autoridade, diferentemente do parágrafo único, não alcança somente autoridade judiciária. O verbo nuclear “decretar” tem o sentido de determinar, decidir e ordenar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais. Vítima Adolescente (LEI Nº 8.069 de 1990) Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências – Sendo a vítima criança ou adolescente, aplica-se o disposto previsto no ECA. Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades legais. Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de: I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; CF/88 – Art. 5º - LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; Código de Processo Penal – Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - relaxar a prisão ilegal; ou II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível; CPP – Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13869.htm#derrubadaveto http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13869.htm#derrubadaveto http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 7 461-EP constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (...) II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.’ Constituição Federal de 1988 – Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Nas palavras do Professo Renato Brasileiro, “a condução coercitiva funciona como uma medida cautelar de coação pessoal. Por meio dela, o ofendido, testemunha, o investigado/acusado ou até mesmo o perito são privados de sua liberdade de locomoção pelo lapso temporal necessário para que sejam levados, contra sua vontade, à presença da autoridade judiciária (ou administrativa) para participar de ato processual no qual sua presença seja considerada imprescindível. (DE LIMA, Renato Brasileiro, Legislação Criminal Comentada, 8ª Ed., Editora JusPodivm, 2020, p. 93), ENUNCIADO #6 (art. 10) – Os investigados e réus não podem ser conduzidos coercitivamente à presença da autoridade policial ou judicial para serem interrogados. Outras hipóteses de condução coercitiva, mesmo de investigados ou réus para atos diversos do interrogatório, são possíveis, observando-se as formalidades legais ENUNCIADO #7 (art. 10) – A condução coercitiva pressupõe motivação e descumprimento de prévia notificação Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal: Código de Processo Penal – Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). CF/88, Art. 5º - LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; Vítima Adolescente (LEI Nº 8.069 de 1990) Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências – Sendo a vítima criança ou adolescente, aplica-se o disposto previsto no ECA. Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art312... http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art319. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art282.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 8 461-EP II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada; CF/88, Art. 5º - LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; Código de Processo Penal – Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. Prolongar a execução de pena privativa de liberdade – LEP – Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por outro motivo não estiver preso. Prolongar a execução de prisão temporária – Lei de Prisão temporária – Art. 2º - § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019) Prolongar a execução de prisão preventiva – Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; ECA – Lei N. 8.069 de 1990 – Crime – Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Infração Administrativa – Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art40 9 461-EP § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente. III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: (Promulgação partes vetadas) O tipo penal do art. 13, inciso III da Lei de Abuso de Autoridade muito se assemelha ao crime de Tortura-confissão (tortura- prova) do art. 1º, inciso I, “a” da Lei de Tortura. A Lei 9.455 de 1997 prevê como crime a conduta “constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa”. Crime de Tortura (Art. 1º, I, a) Crime de Abuso de Autoridade (Art. 13, III) Elemento Subjetivo Dolo com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. Dolo de constranger o preso ou o detento para produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro. Meios de Execução Violência ou grave ameaça Violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência. Consumação Crime formal (com o fim de...) Crime material Natureza Equiparado a hediondo Não equiparado a hediondo Potencialidade Ofensiva Crime de máximo potencial ofensivo Crime de médio potencial ofensivo Fiança Não cabe Cabível pelo delegado de polícia. Pena Reclusão de 2 a 8 anos (sem multa) Detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. Institutos despenalizadores Não cabe Cabível suspensão condicional do processo (art. 89 - JECRIM) Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Por fim, pessoas que são proibidas de depor – Art. 207 – Confidentes Necessários – São chamados de “confidentes necessários”, pois as pessoas confiam a elas seus segredos em razão do seu mister. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: (Promulgação partes vetadas) I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou Constituição Federal de 1988 – Art. 5º - LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono. Constituição Federal de 1988 – Art. 5º - LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; Código de Processo Penal – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13869.htm#derrubadaveto http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13869.htm#derrubadaveto 10 461-EP Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Repouso Noturno para a Lei N. 13.964/9 – Após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). Código de Processo Penal – Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatóriodo acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. ENUNCIADO #12 (art. 18) Ressalvadas as hipóteses de prisão em flagrante e concordância do interrogado devidamente assistido, o interrogatório extrajudicial do preso iniciado antes, não pode adentrar o período de repouso noturno, devendo ser o ato encerrado e, se necessário, complementado no dia seguinte. Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Constituição Federal de 1988 – Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de pode Lei de Execução Penal – Art. 41 - Constituem direitos do preso: XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja. Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado: (Promulgação partes vetadas) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Lei de Execução Penal – Art. 41 - Constituem direitos do preso: IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência. Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Lei de Execução Penal – Art. 82 – § 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Estatuto da Criança e do Adolescente Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.792.htm#art185 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13869.htm#derrubadaveto http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm 11 461-EP Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Constituição Federal de 1988 – Art. 5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) Violação de domicílio Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. (...) REVOGADO – § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. (Vide Lei nº 13.869, de 2019) (Vigência) Código Penal – Art. 150, § 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. Policiais devem gravar autorização de morador para entrada na residência, decide Sexta Turma – Em julgamento realizado nesta terça-feira (2), a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que os agentes policiais, caso precisem entrar em uma residência para investigar a ocorrência de crime e não tenham mandado judicial, devem registrar a autorização do morador em vídeo e áudio, como forma de não deixar dúvidas sobre o seu consentimento. A permissão para o ingresso dos policiais no imóvel também deve ser registrada, sempre que possível, por escrito. Ao firmar o precedente, a Sexta Turma estabeleceu cinco teses centrais: 1) Na hipótese de suspeita de crime em flagrante, exige-se, em termos de standard probatório para ingresso no domicílio do suspeito sem mandado judicial, a existência de fundadas razões (justa causa), aferidas de modo objetivo e devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito. 2) O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como crime de natureza permanente, nem sempre autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde supostamente se encontra a droga. Apenas será permitido o ingresso em situações de urgência, quando se concluir que do atraso decorrente da obtenção de mandado judicial se possa, objetiva e concretamente, inferir que a prova do crime (ou a própria droga) será destruída ou ocultada. 3) O consentimento do morador, para validar o ingresso de agentes estatais em sua casa e a busca e apreensão de objetos relacionados ao crime, precisa ser voluntário e livre de qualquer tipo de constrangimento ou coação. 4) A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o ingresso na residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada em áudio-vídeo, e preservada tal prova enquanto durar o processo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art44 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art45 12 461-EP 5) A violação a essas regras e condições legais e constitucionais para o ingresso no domicílio alheio resulta na ilicitude das provas obtidas em decorrência da medida, bem como das demais provas que dela decorrerem em relação de causalidade, sem prejuízo de eventual responsabilização penal dos agentes públicos que tenham realizado a diligência. § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; II - (VETADO); III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). Código de Processo Penal – Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. O STJ, em Novembrode 2019, considerou ilegal busca e apreensão coletiva em comunidades pobres do Rio de Janeiro. Vejamos: É ilegal a decisão judicial que autoriza busca e apreensão coletiva em residências, feita de forma genérica e indiscriminada. A decisão é da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça ao anular decisão que autorizou a medida em duas favelas do Rio de Janeiro. § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de: I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligência; II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o curso da investigação, da diligência ou do processo. Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada. Requisição de procedimento investigatório (Art. 27) Denunciação caluniosa (art. 339, CP) Comunicação falsa de crime ou de contravenção(art. 340) Requisitar (...) ou instaurar (...) Dar causa (...) Provocar a ação de autoridade (...) instauração ou procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de alguém (...) (...) à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém (...) (...) comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa: imputando-lhe crime de que o sabe inocente: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=6234&processo=6234 http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=6240&processo=6240 13 461-EP Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido.