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<p>TÓPICOS ESPECIAIS</p><p>EM EDUCAÇÃO</p><p>Autoria: Ana Maria Stolfi</p><p>Welington Soares</p><p>Thaise Dias Alves</p><p>Indaial - 2020</p><p>UNIASSELVI-PÓS</p><p>1ª Edição</p><p>CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI</p><p>Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito</p><p>Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC</p><p>Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090</p><p>Reitor: Prof. Hermínio Kloch</p><p>Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol</p><p>Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:</p><p>Carlos Fabiano Fistarol</p><p>Ilana Gunilda Gerber Cavichioli</p><p>Jóice Gadotti Consatti</p><p>Norberto Siegel</p><p>Julia dos Santos</p><p>Ariana Monique Dalri</p><p>Marcelo Bucci</p><p>Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais</p><p>Diagramação e Capa:</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI</p><p>Copyright © UNIASSELVI 2020</p><p>Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri</p><p>UNIASSELVI – Indaial.</p><p>S875t</p><p>Stolfi, Ana Maria</p><p>Tópicos especiais em educação. / Ana Maria Stolfi; Thaise Dias</p><p>Alves; Welington Soares. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.</p><p>79 p.; il.</p><p>ISBN 978-65-5646-236-3</p><p>ISBN Digital 978-65-5646-232-5</p><p>1. Educação. - Brasil. I. Stolfi, Ana Maria. II. Alves, Thaise Dias.</p><p>III. Soares, Welington. IV. Centro Universitário Leonardo da Vinci.</p><p>CDD 370</p><p>Impresso por:</p><p>Sumário</p><p>CAPÍTULO 1</p><p>Metodologias Digitais ...................................................................5</p><p>CAPÍTULO 2</p><p>Metodologias Ativas ...................................................................35</p><p>CAPÍTULO 3</p><p>Inteligência Emocional ...............................................................57</p><p>CAPÍTULO 1</p><p>Metodologias Digitais</p><p>Autoria: Welington Soares</p><p>Objetivos :</p><p> Compreender o conceito e uso das metodologias ativas e seu caráter</p><p>autônomo e interativo, inserindo-o nas demandas educacionais cada vez mais</p><p>virtualizadas e de acordo com as linguagens contemporâneas inerentes à</p><p>digitalização social.</p><p>Habilidades que o aluno deverá desenvolver :</p><p> Compreender as tecnologias digitais no contexto da educação;</p><p> Selecionar tecnologias digitais para o contexto educacional.</p><p>Competências que deverá adquirir ao fi nal da disciplina:</p><p> Conhecer as tecnologias digitais mais pertinentes ao contexto educacional;</p><p> Selecionar tecnologias digitais assertivas ao contexto educacional.</p><p>7</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>1 CONTEXTUALIZAÇÃO</p><p>Se voltarmos nossa atenção para uma refl exão sobre como foi a educação</p><p>da humanidade desde os primórdios até os dias atuais, podemos concluir que</p><p>o modelo atual pode estar retornando ao passado para adotar um caminho de</p><p>maior efi ciência. Retornar ao passado para um resgate não é necessariamente</p><p>retroceder,mas ressignifi car.</p><p>Um exemplo prático, é a valorização de receitas gastronômicas que durante</p><p>algum tempo da história contemporânea deram lugar às comidas feitas quase</p><p>que inteiramente por máquinas, entregues em tempos curtos e muitas vezes sem</p><p>nenhum toque humano. A educação personalizada está passando pelo processo</p><p>de tornar-se novamente mais humana e adaptada ao cardápio de necessidades</p><p>de cada período do desenvolvimento humano.</p><p>Uma aplicação muito prática que sustenta este pensamento pode ser</p><p>a maneira como comunidades que não tem acesso aos modelos formais de</p><p>educação ensinam as gerações mais jovens: por observação, aprendizado</p><p>prático, experimentos e experiências.</p><p>Figura 1 - Pai ensinando o fi lho a pescar em seu habitat natural</p><p>Os profi ssionais da educação em todo o mundo dirigem seus esforços para</p><p>descobrir novas maneiras de ensinar. Os jovens estudantes que nasceram na era</p><p>digital não conseguem acompanhar com atenção concentrada os ensinamentos</p><p>baseados na educação tradicional, aquela em que o professor se posiciona em</p><p>frente ao quadro ou projetor, e os alunos fi cam distantes em suas mesas dis-</p><p>Fonte: Mestyle, 2019.</p><p>8</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>tribuídas em fi leiras paralelas. Os ambientes de aprendizagem atuais devem se</p><p>atentar aos diversos recursos tecnológicos que entram como ingredientes neces-</p><p>sários para possibilitar as diferentes conexões do processo ensino aprendizagem</p><p>das atuais gerações, não somente de alunos, mas também de professores. Desta</p><p>forma, recursos como livros digitais, portal online, aplicativos para tablets e smar-</p><p>tphones começam a fazer parte do processo de ensino.</p><p>No cenário contemporâneo, por mais naturais que possam parecer, de acor-</p><p>do com AXT (2003), ainda precisamos destacar algumas razões para que ocorra a</p><p>adoção, ou inclusão do uso das tecnologias digitais, em ambiente escolar, como:</p><p>a) Despertar mais interesse e atenção dos alunos por promover mais enga-</p><p>jamento e dinamicidade às apresentações de conteúdo. O simples variar</p><p>de rotina, desperta a curiosidade na mente humana que busca resulta-</p><p>dos diferentes para experiências muitas vezes iguais;</p><p>b) Auxiliar na percepção e resolução de problemas reais uma vez que pode</p><p>aproximar um conteúdo estudado à realidade do aluno (vide exemplo do</p><p>pai e fi lho aprendendo na natureza - Figura 1);</p><p>c) Inserir os estudantes no debate social e contribuir para formação do sen-</p><p>so crítico pela possibilidade de acesso a informações atualizadas e em</p><p>tempo real. A atualização de um livro didático, por exemplo, envolve mui-</p><p>tos processos (elaboração, impressão, distribuição), ao passo em que a</p><p>informação atualizada pode promover uma inversão do papel passivo de</p><p>receptor para ativo em querer protagonizar a busca da argumentação,</p><p>senso crítico e desafi os da vida social e acadêmica;</p><p>d) Estimular o desenvolvimento da maturidade ou responsabilidade quanto</p><p>ao uso da internet e dos recursos digitais uma vez que estes recursos</p><p>fazem parte da vida dos jovens desde o nascimento. Regras de convi-</p><p>vência e boas práticas de segurança em ambientes virtuais, bem como</p><p>do uso dos equipamentos, podem ser aprendidos quando ensinados de</p><p>maneira didática e transparente nos ambientes escolares;</p><p>e) Democratizar o acesso ao ensino pelo uso de ferramentas e metodolo-</p><p>gias desenvolvidas com a fi nalidade de inclusão, então, recursos sono-</p><p>ros, visuais ou escritos podem oferecer mais autonomia aos estudantes</p><p>portadores de defi ciências, transtornos ou difi culdades de aprendizado;</p><p>f) Oportunizar feedback imediato e constante aos professores, alunos e res-</p><p>ponsáveis, quando são utilizados ambientes virtuais de aprendizagem (AVA)</p><p>em que podem ser realizadas transferências de tarefas, avaliações de de-</p><p>9</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>sempenho e consequente geração de dados para todos. Por uso destes</p><p>recursos, a velocidade de intervenção ou direcionamento sobre estudos ne-</p><p>cessários ao melhor desenvolvimento do aluno, é mais ágil e efi caz;</p><p>g) Traçar um plano de ensino adequado para cada aluno com as suas es-</p><p>pecifi cidades e particularidades. Como a tecnologia digital permite gerar</p><p>dados e sua interpretação é cada dia mais simples, é possível identifi car</p><p>temas e conceitos de maior ou menor facilidade de compreensão para</p><p>toda uma turma, como também o desempenho individual de cada aluno.</p><p>A tecnologia digital como recurso para avaliação, proporciona uma</p><p>velocidade de troca de informações e feedback, em relação ao desempenho e</p><p>tende a aliar-se ao processo de ensino aprendizagem, como um microondas,</p><p>que não faz a comida sozinho, mas a aquece mais rápido, indiferente de deixá-</p><p>la saborosa ou insossa. O sabor ao conteúdo e a forma como ele é apresentado</p><p>para ser degustado pelos alunos, bem como todos os mais criativos ingredientes</p><p>acrescentados, sempre será responsabilidade do educador, de acordo com a</p><p>cultura educacional da instituição.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Clique aqui para acompanhar a evolução das tecnologias</p><p>educacionais:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=tcLLTsP3wlo</p><p>2 CONCEITOS, FERRAMENTAS E</p><p>TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA DIGITAL</p><p>2.1 CONCEITO</p><p>De acordo com Ribeiro ([20--], online), “a tecnologia digital é um conjunto de</p><p>tecnologias que permite, principalmente, a transformação de qualquer linguagem ou</p><p>dado em números,</p><p>que a dis-</p><p>ciplina tem sete capítulos, todos compostos de pré-aulas que devem ser realiza-</p><p>das extra classe momento em que o aluno irá assistir vídeos, ler contos, poemas,</p><p>músicas, e- books, ou seja, ter contato com alguma mídia. Extra classe, o aluno</p><p>acessa a plataforma virtual, estuda, aprende, faz jogos, exercícios e lê o material</p><p>disponível. A aula fi ca mais personalizada, pois o aluno pode ver, pausar e rever</p><p>todos os conteúdos em casa, apreendendo a partir do seu ritmo. Após quinze</p><p>dias, a aula presencial acontece e a primeira atividade será um teste online com</p><p>perguntas e respostas de múltipla escolha, que auxiliará na verifi cação do que foi</p><p>absorvido pelo aluno, a partir do que foi disponibilizado na sala de aula virtual.</p><p>45</p><p>METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2</p><p>O que vai para a sala são as dúvidas e, com o uso de um questionário, o</p><p>professor obtém informações a respeito das lacunas de aprendizagem e dos</p><p>progressos de maneira rápida, elaborando um teste em que resultados das</p><p>questões são fornecidos na mesma hora, com a utilização de um formulário</p><p>Google, por exemplo. Após a verifi cação, o professor possibilita o debate e</p><p>proporciona momentos de interação entre aluno-professor e aluno-aluno.</p><p>Figura 4 - Sala de aula invertia</p><p>3.3 PEDAGOGIA DE PROJETOS</p><p>Quando propomos projetos também lidamos com a educação de forma ativa,</p><p>pois tal proposta permite que o aluno estude em grupo e trabalhe de forma prática.</p><p>O princípio do projeto está baseado no tempo: deve-se levar em consideração</p><p>que todo projeto consiste em uma atividade com prazo determinado e que pode</p><p>variar entre um dia, uma semana ou um semestre. Nesta perspectiva, o tempo</p><p>não importa, desde que esteja estabelecido que o projeto deve ter início, meio e</p><p>fi m. Para fi nalizá-lo, os alunos apresentam o produto fi nal, através de um artefato</p><p>tangível, como uma exposição em PowerPoint, maquetes, cartazes ou outra</p><p>manifestação. Mas como colocar esta metodologia em prática? Existem alguns</p><p>passos que orientam a pedagogia de projetos de forma prática. Primeiramente,</p><p>deve-se instigar o aluno trazendo pequenos vídeos, casos reais, trechos de</p><p>reportagens, que fomentem o tema a ser trabalhado. No segundo momento, é</p><p>necessário elaborar o estudo em forma de desafi o e propor a resolução de um</p><p>problema. Por exemplo, os alunos devem investigar o fenômeno das enchentes</p><p>dos últimos meses em sua região, após receber a seguinte informação em um</p><p>papel: Com o crescimento populacional, certos bairros foram construídos em</p><p>locais aterrados, sobre rios, córregos e mangues. No último mês, vimos desastres</p><p>após longos períodos de chuva. Levando em consideração o crescimento</p><p>populacional inevitável, bem como a chuva que não pode ser controlada, como é</p><p>possível construir e habitar estes locais?</p><p>Fonte: https://commons.wikimedia.org/.</p><p>46</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>O terceiro passo é a pesquisa e a discussão, ou seja, momento em que os</p><p>alunos irão pesquisar na internet e livros, conversar em grupos, em duplas, e bus-</p><p>car soluções com especialistas, para entender como economicamente e ambien-</p><p>talmente será viável colocar em prática seus projetos. A quarta etapa é a idea-</p><p>lização do projeto, isto é, traduzir estas ideias em um artefato na forma de um</p><p>protótipo, um cartaz, projeto textual, maquete, palestra, PowerPoint, blog. Por fi m,</p><p>temos a etapa dos feedbacks, afi nal, todo projeto demanda uma resposta com</p><p>percepções positivas e com os pontos em que é possível e preciso desenvolver.</p><p>Esta resposta também pode ser oferecida durante o processo, em forma de uma</p><p>avaliação formativa, em que se avalia o interesse, o trabalho em grupo e o enga-</p><p>jamento do aluno no projeto.</p><p>Outra especifi cidade da pedagogia de projetos é o potencial experimental,</p><p>pois muitas vezes o trabalho dos alunos toma formas que nem o professor es-</p><p>perava. O fato é que os alunos acabam adquirindo conhecimentos e outras com-</p><p>petências ao longo do projeto, em certos casos, nem ao menos eram esperados.</p><p>Assim, além de ensinar os alunos a aprender, o projeto ensina o professor a ensi-</p><p>nar. De modo geral, este método desenvolve o nível criticidade e gera signifi cados</p><p>para o aluno. É uma forma de envolvê-lo completamente, na medida em que o</p><p>educador indica como é possível adquirir conhecimento e ir além do conteúdo</p><p>estudado ou que estava previsto.</p><p>Figura 5 - Elaborando soluções</p><p>Fonte: lucianarondon.com.br</p><p>47</p><p>METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2</p><p>Figura 6 - A importância do feedback</p><p>3.4 APRENDIZAGEM BASEADA EM</p><p>EQUIPES E COMUNIDADES DE</p><p>PRÁTICA</p><p>Promover um bom trabalho em equipe ou time, em sala de aula, requer pla-</p><p>nejamento prévio, bem como o compromisso com o que se está fazendo, caso</p><p>contrário qualquer proposta inovadora pode ser tornar um grande fracasso.</p><p>Portanto, para garantir o sucesso de uma aprendizagem baseada em comu-</p><p>nidades de práticas, podemos seguir alguns passos.</p><p>O primeiro passo é a formação de grupos de maneira estratégica. Mas o que</p><p>isso signifi ca? Não signifi ca concordar com as panelinhas e com as escolhas dos</p><p>alunos, mas levar em consideração critérios, como espalhar representantes de</p><p>grupo e os alunos que conseguem impactar positivamente os outros. Também,</p><p>é possível agrupar de acordo com a familiaridade com a temática, proatividade,</p><p>pulverizando esses alunos para que o objetivo da equipe possa ser alcançado.</p><p>O segundo passo é o teste de garantia prévia: antes do projeto serão delega-</p><p>das leituras prévias, que deverão ser comprovadas, a partir de testes individuais e</p><p>posteriormente coletivos, deixando sempre um espaço para que os alunos questio-</p><p>nem o gabarito, criando um ambiente crítico. O terceiro passo será a resolução de</p><p>fato do problema, a partir de uma situação problema indicada à equipe, que deve</p><p>tomar decisões pertinentes. Entretanto, a problemática não pode ser escolhida ou</p><p>construída de qualquer forma, ela deve ter signifi cado e relação com a vida cotidia-</p><p>na dos alunos, estar clara quanto ao seu sentido e função naquela aula.</p><p>Outra possibilidade entre grupos é abrir espaço para que eles ofereçam fe-</p><p>edback uns aos outros, mas de forma individual, com bilhetes escritos, para que</p><p>ninguém se sinta exposto ou ridicularizado. Assim, é possível fi rmar o sucesso</p><p>entre as equipes, bem como garantir futuros trabalhos em grupo.</p><p>Fonte: Free PNG, 2016.</p><p>48</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>As comunidades de prática, também conhecidas como CoP, estão em todo</p><p>os lugares e sempre existiram, desde os primórdios do processo de ensino apren-</p><p>dizagem. Nascemos em uma comunidade, nos desenvolvemos com o auxílio e</p><p>o zelo de outros e vamos expandindo nossas relações à medida em que cresce-</p><p>mos, como a grupos de trabalho, de auxílio, nas instituições de ensino e demais</p><p>espaços sociais. Porém, nem todo grupo ao qual nos integramos pode ser defi -</p><p>nido de comunidade de prática. O elemento principal e que defi ne as CoPs é a</p><p>aprendizagem coletiva, que se estabelece no compartilhamento de conhecimento</p><p>e práticas, que se integram por um objetivo ou interesse comum e estejam envol-</p><p>vidas em uma prática e atividade.</p><p>Os autores responsáveis pela expressão e conceito inicial de comunidades de</p><p>prática são Lave e Wenger (1991). De acordo com os autores, a primeira defi nição</p><p>de comunidades de prática está relacionada a grupos de pessoas que comparti-</p><p>lham uma preocupação ou paixão por algo que fazem e aprendem como fazê-lo</p><p>melhor, pois interagem regularmente. Quando aplicada ao contexto escolar, esta</p><p>teoria se remete aos aprendizes e suas participações em comunidades. É algo que</p><p>percebemos principalmente fora da sala de aula, quando alunos se juntam para tro-</p><p>car fi gurinhas, falar de futebol, conversar sobre assuntos extracurriculares.</p><p>O princípio da CoP parte da ideia de que grupos geralmente se reúnem com</p><p>um propósito intencional em comum e esta dinâmica pode ser utilizada em sala de</p><p>aula, e não apenas fora dela, como em momentos estritos de lazer. O ideal</p><p>é que</p><p>esta prática pode proporcionar que a aquisição de conhecimento também se torne</p><p>uma atividade de lazer. Wenger (2003 apud ENGELMAN, 2013), um dos funda-</p><p>dores da ideia de CoP, descreve que existem três tipos de engajamento entre os</p><p>membros deste grupo:</p><p>a) O primeiro seria o envolvimento, que modela nossas experiências na</p><p>ação sobre o mundo, assimilando as reações e consequências;</p><p>b) O segundo nível de pertencimento está na imaginação, que está na ima-</p><p>gem que construímos de nós mesmos, dos outros e do mundo, que é</p><p>como nos percebemos e como entendemos nossa participação;</p><p>c) O terceiro é o alinhamento, isto é, o quanto nosso fazer está alinhado</p><p>com processos sociais.</p><p>E por quais motivos não trazemos esta teoria para a educação? Muitas vezes</p><p>deixamos de aproveitar esta tendência do agrupamento como aliada ao processo</p><p>de ensino aprendizagem, em detrimento do silêncio e da ordem. A questão é que</p><p>as instituições de ensino ainda não tiram proveito desse interesse momentâneo</p><p>e intenso dos discentes em aprender certos temas, impondo e direcionando os</p><p>alunos a conteúdos predefi nidos.</p><p>49</p><p>METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2</p><p>PARA SABER MAIS</p><p>Você o conhece?</p><p>Jonathan Bergmann foi um dos primeiros educadores</p><p>a colocar em prática metodologias ativas com a prática da</p><p>sala de aula invertida. No ano de 2007, em uma escola ru-</p><p>ral no interior dos EUA, ele começou a gravar suas aulas</p><p>em DVDs e disponibilizar aos alunos que não conseguiam</p><p>chegar a tempo na sala de aula, pois moravam distante das</p><p>escolas. O momento presencial na sala passou a ser des-</p><p>tinado a tirar dúvidas e fazer exercícios. Nesta experiência,</p><p>descobriu que o professor ganhava tempo e otimizava suas</p><p>aulas. Para conhecer um pouco mais sobre as experiências</p><p>de Bergmann, leia:</p><p>BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de aula invertida: uma</p><p>metodologia ativa de aprendizagem. (Tradução Afonso Celso da</p><p>Cunha Serra). 1ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 104 p, 2016.</p><p>50</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>4 PERSONALIZAÇÃO DA</p><p>APRENDIZAGEM</p><p>Durante este nosso contato, repetimos diversas vezes sobre a questão da</p><p>personalização. Mas afi nal, o que é essa tal de personalização da aprendizagem?</p><p>Primeiramente, personalizar signifi ca oferecer trajetórias de aprendizagem</p><p>signifi cativas, e o que é signifi cativo para uma pessoa, pode não ser para a outra.</p><p>Trazer e aplicar instrumentos que deixem a disciplina menos maçante, com</p><p>conteúdos mais atrativos, priorizando temas que agreguem aos alunos, na mesma</p><p>medida em que os conquistem, por possuírem sentido e dialogarem com a sua</p><p>realidade. Personalizar nada mais é do que atender a uma necessidade do aluno</p><p>e fazer com que ele possa trilhar o caminho do seu próprio aprendizado.</p><p>Figura 7 - Aprendizado com prazer</p><p>Todos nós gostamos da liberdade, de escolher aonde ir e o que fazer, então</p><p>por quais motivos seria diferente para um jovem ou criança? São estratégias de</p><p>ensino personalizado:</p><p>a) A individualização do ensino: quando um aluno de um grupo busca</p><p>alternativas de ensino mais voltadas às suas necessidades;</p><p>b) A diferenciação do ensino: é quando um grupo de alunos com o mesmo</p><p>objetivo busca um ensino mais personalizado;</p><p>Fonte:Google Imagens, 2020.</p><p>51</p><p>METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2</p><p>c) A personalização: nada mais é do que oferecer um ambiente onde um</p><p>aluno escolhe o que ele quer estudar.</p><p>CURIOSIDADES</p><p>Você sabia que um fórum de discussão não é uma co-</p><p>munidade de prática? Conheça mais sobre as comunidades</p><p>práticas: https://www.youtube.com/watch?v=8d1l13LLqUY</p><p>Outra perspectiva da personalização do ensino tem como referências às</p><p>COP’s, comunidades de prática, onde um grupo se reúne com um objetivo em</p><p>comum. Também observamos como isto pode ser utilizado dentro do contexto</p><p>escolar, e não apenas de forma extracurricular. A última tem ligação com os</p><p>modelos de rotação por estações e laboratório rotacional, em que os alunos</p><p>alternam as estações em que circula, volta a alguma estação que não fi cou muito</p><p>clara, ou no caso do laboratório, pesquisa o quanto for necessário para entender e</p><p>depois tirar as dúvidas que fi caram em sala.</p><p>5 AVALIAÇÃO FORMATIVA</p><p>Quando somos estudantes e ouvimos a palavra avaliação, normalmente,</p><p>vem a nossa cabeça um processo punitivo. Na verdade, é necessário romper com</p><p>esta concepção e construir o seu oposto. As metodologias ativas podem se tornar</p><p>aliadas dentro desta ressignifi cação da ideia de avaliar. Outro ponto importante</p><p>será entender que a avaliação, dentro do processo ativo de ensino, não deve ser</p><p>aplicada apenas no fi nal, e sim como um instrumento formativo, com a fi nalidade</p><p>de corrigir desvios de percurso.</p><p>Por exemplo, quando estamos em um ambiente trabalho e vamos fazer uma</p><p>avaliação dos colaboradores, na verdade vamos avaliar se o objetivo proposto e</p><p>planejado pelo líder está sendo alcançado. Caso este desempenho não esteja de</p><p>acordo, é necessário verifi car o que precisa ser feito, para que estes comportamen-</p><p>tos sejam ajustados. Dentro da sala de aula, esta fi nalidade da avaliação se repete.</p><p>É válido destacar que existe uma diferença entre avaliação e instrumentos</p><p>de avaliação. Quando falamos de provas, testes, questionários, produções con-</p><p>52</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>cretas, estes são instrumentos de avaliação para avaliar o processo de ensino</p><p>aprendizagem. Outro parâmetro importante que devemos observar é a concepção</p><p>de avaliação que está na própria Leis de Diretriz e Bases da Educação (LDB), que</p><p>em seu artigo 24 descreve que o docente precisa se atentar tanto aos critérios</p><p>qualitativos, quanto aos quantitativos, assim como os demais resultados ao longo</p><p>do processo de ensino aprendizagem. Sobre avaliação, três formas de aborda-</p><p>gem podem ser utilizadas: a avaliação diagnóstica, somativa e a formativa.</p><p>Figura 8 - Personalizar o ensino é atender as demandas individuais e coletivas</p><p>Fonte: SunnyGB5, 2017</p><p>A avaliação diagnóstica é uma avaliação prévia e que pode ser aplicada</p><p>no início do processo de aprendizagem. Por exemplo, se enquanto professora</p><p>ministrou um curso de formação de professores, em uma turma com alunos de</p><p>21 a 70 anos, que nunca trabalharam como professores, junto a outros alunos</p><p>que possuem experiência média de 40 anos como docentes, estamos falando de</p><p>uma turma bastante heterogênea. O nível de conhecimento e vivência destes dois</p><p>grupos são diferenciados, algo que se descobre na avaliação diagnóstica, este</p><p>processo pode ser defi nido como um momento prévio, quando serão identifi cados</p><p>os conhecimentos prévios, que possibilitaram traçar um plano para alcance dos</p><p>objetivos. De forma prática, pode ser feita através de um formulário impresso ou</p><p>online, ou de uma entrevista, conversa ou debate.</p><p>A avaliação somativa tem a fi nalidade de gerar uma menção fi nal, com o</p><p>uso de testes, provas, seminários e outros instrumentos. A legislação brasileira</p><p>ainda necessita de números para estabelecer a aprovação ou reprovação do</p><p>aluno, como uma espécie de controle da vida acadêmica, que permanecem</p><p>registrados nos arquivos, indicando se ele pode ou não avançar para os próximos</p><p>períodos e fases de sua vida acadêmica. Esta avaliação é mais tradicional e ainda</p><p>53</p><p>METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2</p><p>necessária, no contexto educacional brasileiro, já que o sistema não permite que</p><p>o aluno avance sem uma nota mínima estipulada pela instituição escolar.</p><p>Por fi m, e a mais importante quando assunto é metodologias ativas, a</p><p>avaliação formativa é aquela que vai acompanhar o processo de ensino</p><p>aprendizagem como um todo, não apenas seu resultado fi nal, transformando</p><p>resultados em notas. Normalmente, ela não trabalha com a ideia de nota ou</p><p>menção, sendo uma avaliação processual de acompanhamento, que respeita o</p><p>ritmo, a liberdade e autonomia do aluno.</p><p>Neste modelo, o professor acompanha de forma próxima e personalizada</p><p>o cotidiano do aluno, como um mediador, não censurando ou criticando, mas</p><p>estimulando e dando sugestões</p><p>de como ele pode desenvolver o seu trabalho</p><p>em sala de aula. O desenvolvimento qualitativo de cada aluno é central dentro</p><p>do modelo formativo, tanto que o educador deve estar atento a toda caminhada</p><p>do aluno, para que ao longo do processo possa aplicar recuperações paralelas e</p><p>atividades colaborativas, com foco no desenvolvimento.</p><p>Sendo assim, não se espera o fi nal do curso, do semestre ou do bimestre</p><p>para identifi car se o aluno aprendeu ou não, mas se acompanha ao longo da</p><p>caminhada acadêmica o que deve ser ajustado, potencializado ou corrigido. Tipos</p><p>de avaliação que ocorrem durante a aplicação deste modelo são os questionários</p><p>durante as atividades, no modelo de Flipped Classroom, o acompanhamento do</p><p>aluno em suas atividades, se está assistindo as vídeo aulas, se baixou os arquivos</p><p>em PDF, leu os e-books, seu posicionamento durante os debates e momentos de</p><p>dúvida em sala de aula, durante o momento da tutoria.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para entender um pouco mais sobre o tema ensino</p><p>híbrido, metodologias ativas e educação personalizada,</p><p>acesse o site da professora Lilian Bacich, um dos grandes</p><p>nomes do assunto no Brasil, autora e organizadora de li-</p><p>vros como: Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na</p><p>Educação (2015), STEAM em Sala de Aula: A Aprendiza-</p><p>gem Baseada em Projetos Integrando Conhecimentos na</p><p>Educação Básica (2020) e Metodologias ativas para uma</p><p>educação inovadora. https://lilianbacich.com/</p><p>54</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>ALGUMAS CONSIDERAÇÕES</p><p>Nesta etapa aprendemos como o professor precisará favorecer a</p><p>personalização do ensino ao pensar em estratégias de organização do espaço na</p><p>sala de aula, na escolha de novas tecnologias, no método avaliativo e utilização</p><p>de diferentes recursos didáticos.</p><p>Concluímos que um bom planejamento será uma prática essencial para o</p><p>desenvolvimento de uma aula, empregando a metodologia ativa e o ensino híbrido.</p><p>Em sala de aula, vimos que o aluno será o protagonista de seu aprendizado, ao</p><p>passo que o papel de professor será de mediador das atividades.</p><p>Entendemos também que a classifi cação dos modelos da Metodologia Ativa,</p><p>saber articulá-los com a criatividade e um bom planejamento, é a chave para a</p><p>inovação na sala de aula.</p><p>Por fi m, compreendemos que avaliar não é apenas uma etapa fi nal. Quando</p><p>a metodologia ativa está em pauta, a avaliação formativa será a proposta mais</p><p>assertiva, uma vez que ela proporciona acompanhar os alunos durante toda a sua</p><p>trajetória, orientando e corrigindo as rotas durante o processo, seja no trabalho</p><p>em grupo, no laboratório, individual, na tutoria online, ou no contato por e-mail,</p><p>uma vez que a metodologia ativa requer um contato constante e personalizado</p><p>com o aluno.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BACICH, L.; MORAN, E. Metodologias ativas para uma educação inovadora:</p><p>uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. Disponível em:</p><p>https://curitiba.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2020/08/Metodologias-Ativas-para-</p><p>uma-Educacao-Inovadora-Bacich-e-Moran.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da</p><p>Educação Nacional. Brasília, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/</p><p>ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>DUENLIJU. Explicación de Clase Invertida. 1 imagem. Disponível em: https://</p><p>commons.wikimedia.org/wiki/File:Flipped.jpg. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>ENGELMAN, R. Comunidades de Prática: estudo em um grupo de pesquisa. In:</p><p>ENCONTRO DA ANPAD, 37., 2013, Rio de Janeiro. Anais [...] . Rio de Janeiro:</p><p>55</p><p>METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2</p><p>Anpad, 2013. p. 1-15. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2013_</p><p>EnANPAD_GPR2108.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>FREEPIK. Youngsters posing at table. 1 imagem. Disponível em: https://</p><p>www.freepik.com/premium-photo/youngsters-posing-table_1308488.</p><p>htm#page=1&query=aula&position=1. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>FREEPNG. Feedback Png File. 1 imagem. Disponível em: https://freepngimg.</p><p>com/png/12276-feedback-png-fi le. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.</p><p>1996. Disponível em: http://www.apeoesp.org.br/sistema/ck/fi les/4-%20</p><p>Freire_P_%20Pedagogia%20da%20autonomia.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>HORN, M. B.; STAKER, H. Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar</p><p>a educação. Porto Alegre: Penso, 2015.</p><p>LAVE, J.; WENGER, E. Situated learning: legitimate peripheral participation.</p><p>Cambridge: Cambridge University Press, 1991.</p><p>RONDON, L. [Sem título]. 1 imagem. Disponível em: lucianarondon.com.br.</p><p>Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>SEABRA, C. Uma nova educação para uma nova era. In: A Revolução</p><p>Tecnológica e os Novos Paradigmas da Sociedade. Belo Horizonte: Ofi cina de</p><p>Livros, 1994.</p><p>SUNNYGB5. Lápis, apontador e borracha em folhas de respostas ou formulário</p><p>de teste padronizado. 1 imagem. Disponível em: https://br.freepik.com/fotos-</p><p>premium/lapis-apontador-e-borracha-em-folhas-de-respostas-ou-formulario-de-</p><p>teste-padronizado_2242492.htm. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>FERRAZ FILHO, B. S.; SANTOS, A. C.; SILVA, R. O.; BITTENCOURT, W.;</p><p>PEIXOTO, R. N.; MARCELINO, R. Aprendizagem baseada em problema (PBL):</p><p>uma inovação educacional?. Revista Cesumar: Ciências Humanas e Sociais</p><p>Aplicadas, [S.l.], v. 22, n. 2, p. 403-424, 2017. Centro Universitario de Maringa.</p><p>http://dx.doi.org/10.17765/1516-2664.2017v22n2p403-424. Disponível em: https://</p><p>periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/revcesumar/article/view/6137/3118.</p><p>Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>MATTAR, J. Metodologias ativas: para a educação presencial, blended e a</p><p>distância. São Paulo: Artesanato Educacional, 2017.</p><p>56</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>MORAN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA,</p><p>C. A.; MORALES, O. E. T. (Org.). Convergências Midiáticas, Educação e</p><p>Cidadania: aproximações jovens. Ponta Grossa: UEPG/PROEX, 2015. (Mídias</p><p>Contemporâneas, v. 2) p. 15-33. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/moran/</p><p>wp-content/uploads/2013/12/mudando_moran.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>PERES, P.; PIMENTA, P. Teorias e práticas de b-learning. Lisboa: Edições Sílabo</p><p>Ltda., 2011.</p><p>WILLIAMS, R. L. Preciso saber se estou indo bem. Rio de Janeiro: Sextante,</p><p>2005.</p><p>ZABALA, A.; ARNAU, L. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre:</p><p>Penso Editor, 2015.</p><p>CAPÍTULO 3</p><p>Inteligência Emocional</p><p>Autoria: Ana Maria Stolfi</p><p>Objetivos :</p><p> Contextualizar as inteligências múltiplas; inteligência emocional e a Inteligência</p><p>emocional intra e interpessoal;</p><p> Identifi car a importância da inteligência emocional no mundo do trabalho;</p><p> Apresentar a criatividade, espontaneidade e empatia com foco no processo de</p><p>ensino aprendizagem, aplicando a inteligência emocional em projetos.</p><p>Habilidades que o aluno deverá desenvolver :</p><p> Reconhecer suas emoções e sentimentos diante do autoconhecimento;</p><p> Ter habilidade de se relacionar com outras pessoas (relacionamento</p><p>interpessoal).</p><p>Competências que deverá adquirir ao fi nal da disciplina:</p><p> O aluno deverá adquirir equilíbrio emocional nas suas ações, tanto na vida</p><p>pessoal quanto profi ssional.</p><p>58</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>59</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>1 A INTELIGÊNCIA NÃO É UMA SÓ,</p><p>ELA É MÚLTIPLA</p><p>Antes de investigarmos o contexto das inteligências múltiplas e emocionais,</p><p>iremos compreender o conceito de inteligência, que é entendido como uma com-</p><p>petência intelectual que defi ne algumas características do ser humano, como a</p><p>aprendizagem rápida, raciocínio lógico, capacidade de memorização, interpreta-</p><p>ção e pensamento. Entre as variáveis da psicologia humana tem como destaque</p><p>como estou no estado emocional e motivacional, quem sou geneticamente e onde</p><p>estou diante do ambiente social, logo, são através desses fatores que descobri-</p><p>mos o quanto a mente humana é complexa.</p><p>Neste contexto, Gardner (1995) pesquisou e desenvolveu a teoria das inteli-</p><p>gências múltiplas, identifi cando seu potencial biopsicológico, em que se processam</p><p>informações e podem ser ativadas em um dado cenário, com o objetivo de resolver</p><p>problemas ou elaborar produtos que agreguem valor em um determinado contexto.</p><p>No entanto, as inteligências múltiplas (IM) não se resumem a solução de proble-</p><p>mas, mas nas habilidades adquiridas por uma sociedade globalizada e multicultural,</p><p>constantemente conectada nas informações no novo comportamento humano.</p><p>As inteligências múltiplas são representadas por diferentes capacidades</p><p>intelectuais, como os diversos estilos de aprendizagem, que são estabelecidos</p><p>por uma série de tarefas efetuadas pelos indivíduos, como palestras, workshop,</p><p>vídeos, leituras, visitas técnicas, dentre outras possibilidades. Portanto, a teoria</p><p>das IM não se propõe a rotular as pessoas pelos tipos de inteligência que possuem,</p><p>mas tem como objetivo investigar e compreender como as pessoas aprendem.</p><p>Gardner (1995) argumenta que, dada a sua complexidade, a vida humana</p><p>necessita do desenvolvimento de múltiplas inteligências e podem se manifestar</p><p>em oito tipos diferentes: lógico matemática, linguística, musical, espacial, corporal</p><p>cinestésica, naturalista, interpessoal e intrapessoal.</p><p>‘Múltiplas’ para enfatizar um número desconhecido de</p><p>capacidades humanas diferenciadas, variando desde</p><p>a inteligência musical até a inteligência envolvida no</p><p>entendimento de si mesmo; ‘inteligências’ para salientar</p><p>que estas capacidades eram tão fundamentais quanto</p><p>àquelas historicamente capturadas pelos testes de QI.</p><p>(GARDNER, 1995, p. 3).</p><p>60</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>Para Gardner (1995), a inteligência linguística se manifesta como a capa-</p><p>cidade de dominar tanto a linguagem, quanto a comunicação, sendo esta última</p><p>verbal ou não verbal. Indivíduos que possuem uma inteligência linguística supe-</p><p>rior se destacam profi ssionalmente como escritores, professores, políticos poe-</p><p>tas, jornalistas, comunicadores e atividades correlatas. Já atividades relacionadas</p><p>à engenharia, ciência investigativa, economia e estatísticas são mais aderentes</p><p>a indivíduos que apresente a inteligência lógico matemática mais desenvolvida,</p><p>uma vez que estão mais relacionadas à necessidade de raciocínio lógico e reso-</p><p>lução de problemas matemáticos, atrelado à velocidade na resolução de cálculos.</p><p>Já a inteligência espacial, que demanda a capacidade de observação do</p><p>mundo e seus respectivos elementos em diversas perspectivas, a partir da criati-</p><p>vidade, é mais aderente a pessoas que possuem habilidades que lhes permitam</p><p>desenhar uma perspectiva, criando imagens mentais com refi namento de deta-</p><p>lhes. Pessoas que possuem esta inteligência são fortes candidatas a serem escul-</p><p>tores, designers, arquitetos, fotógrafos, assim como outras atividades que estejam</p><p>alinhadas ao senso artístico.</p><p>Figura 1: Inteligências múltiplas</p><p>Fonte: cesvale.edu.br</p><p>61</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>Outra IM alinhada a este senso é inteligência musical. Segundo Gardner</p><p>(1995), todas as pessoas possuem uma inteligência musical latente, uma vez que</p><p>algumas áreas cerebrais são destinadas à execução de funções relacionadas</p><p>à composição musical. Entretanto, como qualquer outra inteligência, exige</p><p>envolvimento e dedicação, para que se alcance seu desenvolvimento, como a</p><p>inteligência corporal e cinestésica, que exprime as habilidades motoras, de</p><p>forma a expressar sentimentos e emoções através do próprio corpo. Atividades</p><p>profi ssionais mais aderentes a esta IM estão relacionadas àquelas desenvolvidas</p><p>por dançarinos, atores e atletas, dentre outros profi ssionais.</p><p>Gardner (1995) achou necessário incluir no rol de IM a inteligência naturalista,</p><p>por ser essencial à sobrevivência humana, assim como de outras espécies,</p><p>uma vez que se referente às questões da natureza, como seus fenômenos e os</p><p>elementos que nela coabitam, como os animais, vegetais e minerais.</p><p>Já as inteligências intra e interpessoais recebem um olhar diferenciado</p><p>por Gardner (1995), destacando-se em sua pesquisa, uma vez que essas duas</p><p>inteligências foram identifi cadas como essenciais ao desenvolvimento humano,</p><p>muitas vezes negligenciadas no processo de ensino aprendizagem. Enquanto a</p><p>inteligência intrapessoal está relacionada ao autoconhecimento, compreendendo</p><p>e controlando as questões internas, a inteligência interpessoal possibilita a</p><p>interpretação das palavras, aprimorando a capacidade de empatia.</p><p>A multiplicidade de inteligências apresentada por Gardner (1995) possibilita</p><p>ampliar a concepção do desenvolvimento no processo ensino aprendizagem,</p><p>deslocando este processo para além do foco nas habilidades que priorizem o</p><p>desenvolvimento lógico matemático e linguístico. Muitas são as possibilidades</p><p>na vida das pessoas, sejam as experiências pessoais ou do mundo do trabalho,</p><p>e para que possamos desenvolver habilidades aderentes a esta vasta gama de</p><p>caminhos, é necessário que todas as inteligências estejam no foco do processo</p><p>de ensino aprendizagem.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Conheça mais sobre as múltiplas inteligências:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=oJ85PMYqHqg</p><p>62</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>2 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL</p><p>O termo inteligência emocional (IE) foi imortalizado pela obra de Goleman</p><p>(1995), em que era apresentava a IE como a capacidade de criar motivações para</p><p>si, controlando impulsos e mantendo a assertividade, impedindo que a ansiedade</p><p>interfi ra no raciocínio e na autoconfi ança. Essa capacidade de criar motivações</p><p>para si traz a possibilidade do indivíduo identifi car seus sentimentos através do</p><p>comportamento positivo, desenvolvendo a capacidade de bons relacionamentos</p><p>com outras pessoas e grupos.</p><p>A pesquisa de Goleman desencadeou novos estudos, como os de Oliveira-</p><p>Castro e Oliveira-Castro (2001), em que conceitua a inteligência emocional como</p><p>a capacidade de identifi car e compreender os próprios sentimentos, gerando um</p><p>comportamento alinhado aos mesmos e impactando na motivação. Para Mayer e</p><p>Salovey (1997 apud AVELEIRA, 2013) a inteligência emocional pode ser dividida</p><p>em quatro domínios, sendo eles:</p><p>a) Percepção, avaliação e expressão da emoção;</p><p>b) A emoção como facilitadora do pensamento;</p><p>c) Compreensão e análise de emoções, emprego do conhecimento</p><p>emocional;</p><p>d) Controle refl exivo de emoções para promover o crescimento emocional e</p><p>intelectual.</p><p>Figura 2 - A importância da inteligência emocional</p><p>Os autores supracitados apontam que a percepção, avaliação e expressão</p><p>da emoção são capacidades adquiridas pelas pessoas ao reconhecer seus pró-</p><p>prios sentimentos, assim como os sentimentos das pessoas que as rodeiam. Esse</p><p>domínio é relacionado às expressões não verbais das emoções, como os senti-</p><p>mentos por estímulos, voz e expressões faciais. Argumentam ainda que a emoção</p><p>Fonte: Riseley (2020).</p><p>63</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>como facilitadora do pensamento é um domínio em que as emoções são percebi-</p><p>das a ponto de facilitar os pensamentos e raciocínios, auxiliando a resolução de</p><p>problemas e tomadas de decisão.</p><p>Já o domínio de compreensão, análise de emoções e emprego do</p><p>conhecimento emocional proporcionam a capacidade de entendimento e análise</p><p>de emoções, junto à linguagem e aos sinais emocionais. O domínio do controle</p><p>refl exivo de emoções é necessário para promover o crescimento emocional e</p><p>intelectual, que facilita a capacidade de se relacionar com as emoções para alcance</p><p>de objetivos pessoais e demais integrantes de um grupo (MAYER; SALOVEY, 1997</p><p>apud AVELEIRA, 2013).</p><p>É válido destacar que na teoria de Goleman (2001), a inteligência emocional</p><p>considera que competências emocionais são competências adquiridas, aprendidas</p><p>e desenvolvidas ao longo da vida para alcançar um desempenho excepcional. Nes-</p><p>se sentido, o autor argumenta que as inteligências emocionais podem ser desenvol-</p><p>vidas e não se tratam de uma dádiva ou tenham relação à concepções inatas.</p><p>Posteriormente, avançando em suas pesquisas, Goleman (2011) destaca a</p><p>importância da inteligência emocional, no que se refere ao</p><p>autocontrole em de-</p><p>terminadas situações e no alcance dos objetivos, delimitando cinco pilares que</p><p>regem a compreensão sobre a inteligência emocional: autoconhecimento emocio-</p><p>nal, controle emocional, automotivação, empatia e relacionamentos interpessoais.</p><p>Para o autor supracitado, emoção é intrínseca aos seres humanos e o au-</p><p>toconhecimento emocional proporciona a superação do desafi o de aprender a</p><p>ouvir e conhecer os nossos próprios sentimentos e manifestações. Entretanto,</p><p>reconhecer a existência de nossos sentimentos não é sufi ciente, é preciso saber</p><p>lidar com eles através do controle emocional, o que não signifi ca um real domínio</p><p>da vida, podendo estar dependente das emoções. Portanto, a automotivação tem</p><p>um papel fundamental, pois exprime a capacidade de redirecionar um sentimento,</p><p>com o objetivo de obter algum ganho pessoal, mantendo a serenidade e a calma.</p><p>Nesta trajetória, a empatia é fundamental, para que as emoções dos outros sejam</p><p>respeitadas, possibilitando relações pessoais mais sinceras e que proporcionem</p><p>relacionamentos interpessoais saudáveis, em que as trocas e as interações sejam</p><p>resultados da capacidade de gerenciamento dos sentimentos das outras pessoas.</p><p>Portanto, tanto a inteligência emocional, quanto às inteligências múltiplas se</p><p>complementam para o desenvolvimento integral, uma vez que sem relacionamen-</p><p>tos humanos a vida em sociedade como a conhecemos não seria possível – indi-</p><p>ferente dos elementos positivos e negativos que o compartilhamento de emoções</p><p>64</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>Conheça o Laboratório Inteligência de Vida, seu lema</p><p>é: Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender</p><p>o que fazer com seus sentimentos. Para conhecer o LIV,</p><p>acesse https://www.inteligenciadevida.com.br/pt/liv/</p><p>entre as pessoas possibilita, como afi rma Goleman (2011). Sendo assim, vamos</p><p>investigar mais essa aderência, retomando o destaque da pesquisa de Gardner</p><p>(1995), no que se refere às inteligências intra e interpessoal.</p><p>3 INTELIGÊNCIAS INTRA E</p><p>INTERPESSOAL</p><p>As inteligências intra e interpessoal são defi nidas como tipos de inteligências</p><p>múltiplas, que envolvem os indivíduos por meio da motivação, empatia, interação,</p><p>autoestima, autorrealização e confi ança, dentre outros sentimentos positivos.</p><p>Tanto a inteligência intrapessoal, quanto a interpessoal se constituem como</p><p>inteligências emocionais.</p><p>A inteligência emocional intrapessoal é entendida como a capacidade</p><p>do indivíduo em identifi car as próprias emoções e sentimentos, diante suas</p><p>necessidades, identifi cando seus desejos, ambições e motivações – assim como</p><p>outras inteligências deve ser aprimorada e seu desenvolvimento está diretamente</p><p>relacionado ao autoconhecimento. Para Goleman (2011), a inteligência</p><p>intrapessoal se manifesta nos indivíduos a partir de características como foco</p><p>e concentração nas atividades desempenhadas, facilidade em resolução de</p><p>confl itos,determinação e persistência para atingir os resultados desejados,</p><p>disciplina, autocompreensão, autoestima, autonomia, capacidade de realização;</p><p>capacidade de despertar o melhor de si em todas as situações e comportamento</p><p>congruente com seus princípios e valores. Como profi ssionais, indivíduos que</p><p>possuem a inteligência emocional intrapessoal desenvolvida apresentam como</p><p>tendências de carreira atuações que se relacionem à psicologia, psiquiatria,</p><p>fi losofi a, sociologia, escrita, dentre outras experiências profi ssionais que</p><p>demandem um elevado nível dessa inteligência.</p><p>65</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>Figura 3 - Relacionamento intra e interpessoal</p><p>A inteligência emocional interpessoal é entendida como a capacidade das pes-</p><p>soas em serem empáticas com as outras. Esta inteligência se relaciona com as</p><p>interações, entendimentos, interpretações dos desejos e intenções das outras pes-</p><p>soas. A capacidade do bom relacionamento e a adaptação ao ambiente são habili-</p><p>dades essenciais para quem possui essa inteligência, que possibilita compreender</p><p>o estado emocional de outras pessoas, seja na vida pessoal e/ou profi ssional.</p><p>Para Gardner (1995), a inteligência interpessoal se relacionada às capaci-</p><p>dades de inteligência emocional, empatia, manejo das relações intersubjetivas,</p><p>resolução de confl itos e habilidades de comunicação.</p><p>Assim como as demais inteligências, também é uma habilidade a ser</p><p>construída e pode ser encontrada em profi ssionais que exercem diversas</p><p>atividades, como professores, advogados, médicos, psicólogo, profi ssionais</p><p>que atuam diretamente com a sociedade. Gardner (1995, p. 15) indica que a</p><p>inteligência interpessoal pode ser entendida como a</p><p>capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva,</p><p>como elas trabalham cooperativamente com elas. Os vendedores,</p><p>políticos, professores, clínicos (terapeutas) e líderes religiosos bem-</p><p>sucedidos, todos provavelmente são indivíduos com altos graus de</p><p>inteligência interpessoal.</p><p>Fonte: Elaborado pela autora.</p><p>66</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>Portanto, para o autor, a inteligência emocional interpessoal tem como cerne</p><p>a percepção do comportamento humano, a partir da maneira como as pessoas se</p><p>relacionam. Sendo assim, os tipos de inteligência estão presentes em todas as</p><p>pessoas e o seu desenvolvimento estará diretamente atrelado à ênfase de seu</p><p>aprendizado.</p><p>4 A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO</p><p>MUNDO DO TRABALHO</p><p>PARA SABER MAIS</p><p>Qual a relação da fala com as inteligências intra e</p><p>interpessoal? Assista a este TED e identifi que como a fala</p><p>é uma ferramenta incrível em nossas vidas: https://www.</p><p>youtube.com/watch?v=D236cCikGmA</p><p>Já identifi camos o conceito de inteligências múltiplas e da inteligência emo-</p><p>cional, e como estas inteligências se entrelaçam no percurso do desenvolvimento</p><p>humano, impactando nos comportamentos e sentimentos dos indivíduos. Nesse</p><p>momento, iremos investigar como essas inteligências se manifestam no mundo</p><p>do trabalho, locus de grande parte da atuação da vida adulta.</p><p>A inteligência emocional é de suma importância no mundo do trabalho, uma</p><p>vez que é por meio dela que os profi ssionais encontram oportunidades de carrei-</p><p>ras promissoras, imbuídas de um sentido de pertencimento e projeções futuras.</p><p>Na conjuntura de processos contínuos de transformações e mudanças, profi s-</p><p>sionais que apresentam essa inteligência desenvolvida saberão driblar obstácu-</p><p>los, com calma e clareza dos fatos, transformando-os em oportunidades. Nesse</p><p>sentido, ao se deparar com os desafi os, os mesmos são entendidos como parte</p><p>natural das relações de trabalho, que devem ser elaborados e transformados em</p><p>soluções, sem que isso se torne um desgaste emocional.</p><p>Na percepção de Nascimento (2006, p. 55), “uma possível abordagem pro-</p><p>missora para a inteligência emocional em ambiente de trabalho reside em treina-</p><p>mento e desenvolvimento de competências sociais e emocionais [...]”. Para que</p><p>esta abordagem possa resultar positivamente, é necessário que os sentimentos</p><p>de empatia, automotivação, autocontrole, trabalho em equipe, afetividade, assim</p><p>67</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>como outros elementos que envolvem o universo profi ssional, sejam valorizados</p><p>tanto pelas organizações, quanto pelos indivíduos que as compõe.</p><p>Gondim e Siqueira (2004) conceituam a afetividade como processos subje-</p><p>tivos que estabelecem vínculos com pessoas, objetos físicos, sociais e com as</p><p>emoções e sentimentos. Essa afetividade que envolve os profi ssionais nas orga-</p><p>nizações pode ser entendida como os sentimentos que envolvem emoções e afe-</p><p>tos, podendo causar fatores positivos e ou negativos, e naturalmente ocasionar</p><p>ruídos e confl itos.</p><p>A inteligência emocional é indispensável no âmbito organizacional, sendo</p><p>aplicada ao planejamento das organizações, de modo que os profi ssionais exe-</p><p>cutem as atividades com efi ciência e efi cácia. Colaboradores com inteligência</p><p>emocional mais desenvolvida conseguem alcançar melhores resultados, tanto</p><p>pessoais, quanto profi ssionais,</p><p>proporcionando ganhos plurilaterais. Para Johann</p><p>(2013), os colaboradores que possuem inteligência emocional conquistam melho-</p><p>res resultados, tanto pessoais quanto profi ssionais. Para o autor, esses colabora-</p><p>dores convivem com seus colegas de trabalho com mais harmonia.</p><p>Sendo assim, a liderança tem um papel primordial. Para Nascimento (2006),</p><p>líderes que desenvolvem a inteligência emocional no trabalho tendem a ser mais</p><p>preparados para lidar com a suas equipes, são mais receptivos a ouvir e se co-</p><p>municam efetivamente, construindo uma relação social positiva entre colaborado-</p><p>res e organizações. Neste contexto, é fundamental que as organizações tenham</p><p>como premissa planos estratégicos para incorporação de relacionamentos e emo-</p><p>ções em suas relações de trabalho, ressignifi cando o conceito de desempenho.</p><p>Cooper e Sawaf (1997) especifi cam sete fatores relacionados às transforma-</p><p>ções do mundo do trabalho, que devem ser levados em consideração, para que a</p><p>inteligência emocional pode acrescer ao sucesso das organizações, sendo elas:</p><p>a) Confi ança nos relacionamentos de trabalho;</p><p>b) As decisões são tomadas com mais cuidado;</p><p>c) Liderança efi caz;</p><p>d) Honestidade na comunicação;</p><p>e) Confi ança nas equipes de trabalho;</p><p>f) Inovação e criatividade;</p><p>g) Responsabilidade, respeito e comprometimento.</p><p>A aplicação destes fatores às corporações aciona o sentimento de pertenci-</p><p>mento dos colaboradores, o que promove a motivação e alinha os objetivos das</p><p>organizações e dos colaboradores. Para que isto ocorra, não basta que a inteli-</p><p>gência emocional seja um fator isolado, mas que faça parte da cultura organiza-</p><p>cional (COPPER; SAWAF, 1997).</p><p>68</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>Goleman (1995) defendeu a inteligência emocional como habilidade essen-</p><p>cial para o sucesso no trabalho. Em relação à inteligência emocional no mundo do</p><p>trabalho, destacam-se quatro pilares que compõem as habilidades de um profi s-</p><p>sional: autoconsciência, autogestão, empatia e habilidade social.</p><p>Weisinger (1997, p. 14) defi ne a inteligência emocional como “fazer inten-</p><p>cionalmente com que as suas emoções trabalhem em seu benefício, usando-as</p><p>para ajudar-se a orientar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a obter</p><p>melhores resultados”. Para o autor, a inteligência emocional é algo que pode ser</p><p>desenvolvida e ampliada, sendo a autoconsciência o seu elemento básico. Wei-</p><p>singer (1997, p. 26) conceitua a autoconsciência como a compreensão do “que o</p><p>faz agir como age, antes de começar a alterar seu comportamento em busca de</p><p>melhores resultados”.</p><p>Entretanto, a autoconsciência não garante que este processo de identifi cação</p><p>de sentimentos se torne menos desafi ador. Diante as fragilidades da nossa</p><p>autoestima, criamos uma espécie de proteção, fi ltrando as situações e realizando</p><p>leituras fragmentadas, criando contextos e narrativas que nos auxiliam a elaborar</p><p>nossos posicionamentos e emoções.</p><p>Quando se trata de emoções, forças e fraquezas, todos temos bloqueios.</p><p>Todos possuímos uma emoção potencialmente destrutiva, onde nosso ego é</p><p>preservado e nossa autoestima é frágil. É difícil mudar o que não se percebe, por</p><p>isso, o desenvolvimento da autoconsciência é o maior desafi o na manutenção</p><p>da inteligência emocional, já que ela trás a mudança, o crescimento, o</p><p>desenvolvimento e o aprimoramento (BLOUNT, 2018).</p><p>A importância de enfrentarmos os obstáculos criados em nossas mentes é</p><p>realmente desafi ador para qualquer indivíduo. Entretanto, é possível desenvolver</p><p>a autoconsciência, para que este autoconhecimento ocorra de forma mais</p><p>orgânica, galgando o desenvolvimento da nossa inteligência emocional.</p><p>Para Goleman (2015), os outros pilares da inteligência emocional, além</p><p>da autoconsciência, são a autogestão (capacidade de controlar as emoções)</p><p>e o autocontrole (permanecer calmo sob estresse elevado ou se recuperar</p><p>rapidamente). Para Soto (2002), pessoas com autocontrole emocional têm um</p><p>temperamento comedido, pensando com clareza e fazendo com que a sua tomada</p><p>de decisão tenha base em suas emoções. Já pessoas sem esta habilidade,</p><p>costumam ser vistas como pessoas de mau temperamento, que perdem o controle</p><p>e descontam seus sentimentos nos outros.</p><p>O autocontrole emocional é uma característica sine qua non dos gestores de</p><p>uma organização, uma vez que sua liderança se encontra atrelada às tomadas</p><p>69</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>de decisão, que impactam o ambiente como um todo. Não é incomum que as</p><p>lideranças tenham de realizar escolhas, solicitar metas e tarefas ou ainda</p><p>remodelar uma determinada equipe, sem estarem completamente aderentes</p><p>a estas propostas, ou ainda terem de tomar decisões em que a balança tende</p><p>necessariamente pender para a equipe ou para a corporação. Nestas situações,</p><p>o autocontrole, junto ao autoconhecimento, são fundamentais para que os</p><p>posicionamentos possam ser assertivos e minimizem os impactos negativos.</p><p>Outra habilidade pilar da inteligência emocional para o mundo do trabalho</p><p>visa a empatia. Blount (2018) conceitua a empatia como a habilidade de criar uma</p><p>conexão de maneira que você entende o que o outro está sentindo, ou seja, é</p><p>sentir o que o outro sente. Entender os sentimentos de uma outra pessoa não</p><p>é uma tarefa simples, uma vez que existem contextos, e o que pode não ser</p><p>impactante para uma determinada pessoa pode ser um grande impacto, para</p><p>outro indivíduo. Por isso, Goleman (2015) afi rma que a empatia não é sobre fazer</p><p>o que os outros querem, mas sim criar uma conexão que pauta o relacionamento</p><p>entre o líder e seus colaboradores. Nesse sentido, a empatia é fundamental</p><p>no mundo do trabalho, em que colaboradores e líderes compartilham desafi os</p><p>conjuntos e juntos às trajetórias pessoais. Portanto, sem empatia não há êxito nas</p><p>organizações.</p><p>Figura 4 - Inteligência emocional no mundo do trabalho</p><p>Fonte: Gerhardt, 2020.</p><p>A habilidade social é vista como o último pilar da inteligência emocional.</p><p>Ela também pode ser chamada de inteligência interpessoal, e é representada</p><p>pela comunicação efi caz e envolvimento direto com as pessoas do grupo. A</p><p>interpessoalidade deve estar presente para o alcance dos resultados positivos</p><p>que as organizações almejam. Quando isso não ocorre, a ausência de habilidade</p><p>70</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>social se transmuta na inefi ciência dos membros da equipe, causando grandes</p><p>perdas mensuráveis e intangíveis. Por isso, é de grande valia que os líderes</p><p>tenham a habilidade social desenvolvida, para que possam gerir com efi cácia,</p><p>tanto as pessoas, quanto os negócios.</p><p>Mayer e Caruso (2002) indicam que líderes com inteligência emocional</p><p>elevada possuem um maior preparo para desenvolver times fortes e para se</p><p>comunicar de forma efetiva, construindo uma relação social positiva entre a</p><p>organização e seus colaboradores. Nesse sentido, é primordial a participação</p><p>das organizações para o desenvolvimento das pessoas, por meio de uma cultura</p><p>de gestão de pessoas que priorize a inteligência emocional, objetivando o</p><p>crescimento de todos os envolvidos.</p><p>Este desenvolvimento pode ser iniciado por meio de um mapeamento</p><p>comportamental dos colaboradores para promoção do autoconhecimento</p><p>– que também possibilita à organização conhecer seu colaborador – para</p><p>que consequentemente a motivação seja manifestada, a partir do senso de</p><p>pertencimento e feedbacks que sejam alinhados aos perfi s profi ssionais. Este</p><p>mapeamento pode ser realizado pelos gestores, a partir de testes de perfi l,</p><p>identifi cando características de cada profi ssional, a partir de perguntas claras e</p><p>objetivas, dinâmicas de grupo e ferramentas de análise de perfi l.</p><p>Fomentar a inteligência emocional nos profi ssionais é uma cultura</p><p>extremamente favorável, tanto às organizações, quanto aos profi ssionais que nela</p><p>atuam. É o que, popularmente, é o chamado ganha-ganha, em que o pêndulo</p><p>fi ca equilibrado e todos os envolvidos são benefi ciados. Nesse sentido, tanto o</p><p>profi ssional colabora com a organização</p><p>na qual trabalha, quanto a organização</p><p>colabora com o profi ssional. Isso não signifi ca que os confl itos organizacionais</p><p>deixarão de existir, mas serão administrados de maneira mais ágil, assertiva e</p><p>com menor impacto emocional e fi nanceiro.</p><p>Pessoas que desenvolvem sua inteligência emocional tornam-se mais</p><p>preparadas para enfrentar os desafi os diários, pertinentes ao seu contexto</p><p>pessoal, à sua carreira e ao mundo do trabalho. O autoconhecimento, a motivação</p><p>e a empatia possibilitam que um indivíduo seja mais predisposto a analisar várias</p><p>perspectivas, compreendendo o contexto e agindo com maior assertividade. E</p><p>são pessoas com este perfi l que terão mais êxito nas relações pessoais e nas</p><p>relações de trabalho.</p><p>71</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>CURIOSIDADES</p><p>Você já realizou algum teste de perfi l, para desenvolver</p><p>seu autoconhecimento? Conheça alguns testes muito</p><p>utilizados no meio corporativo:</p><p>https://www.gupy.io/blog/teste-de-perfi l</p><p>5 CRIATIVIDADE, ESPONTANEIDADE E</p><p>EMPATIA COM FOCO NO PROCESSO DE</p><p>ENSINO APRENDIZAGEM - APLICAÇÃO</p><p>DA INTELIGÊNCIA NOS PROCESSOS DE</p><p>ENSINO APRENDIZAGEM</p><p>Tornar jovens mais criativos tem sido uma das metas no processo de ensino</p><p>aprendizagem nos últimos tempos. Nas escolas, universidades e faculdades a</p><p>criatividade tem sido inserida no projeto político pedagógico e sendo estimulado</p><p>72</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>por meio de pesquisas, projetos e trabalhos acadêmicos. A multidisciplinaridade</p><p>passa a ser um instrumento fundamental nesse processo, porém toda a sociedade</p><p>deve ser envolvida.</p><p>Estimular a criatividade, espontaneidade e empatia com foco no processo</p><p>de ensino aprendizagem, traz ao indivíduo a perspectiva de uma formação</p><p>mais integral, que não se baseia em meras questões de qualifi cação para</p><p>exercer funções, mas também empreender e transformar as relações sociais. A</p><p>compreensão por meio do conhecimento possibilita ao indivíduo a harmonia dos</p><p>elementos e sua relação com o todo. Esse comportamento estimula a interação</p><p>com os outros, e o desenvolvimento de suas habilidades e competências.</p><p>Muitos são os sentimentos que envolvem o desenvolvimento da aprendizagem:</p><p>as emoções, empatia, o estímulo, à interatividade, a espontaneidade em poder</p><p>apresentar ideias e não ser reprimido pelos outros, a partir da criação de um</p><p>ambiente seguro. Antônio e Tavares (2013) argumentam que o conhecimento é</p><p>movido pela emoção, que é responsável por mover a inteligência. Portanto, para</p><p>os autores, não há conhecimento sem emoção.</p><p>O compartilhamento de experiências emocionais faz parte de uma prática</p><p>pedagógica que tenha por objetivo atender as necessidades dos indivíduos em</p><p>seu processo de ensino aprendizagem, essa cultura deve ser promovida pelas</p><p>instituições de ensino e fomentada por docentes e discentes. Inseridas práticas</p><p>que fomentem essa cultura de ensino, é possível promover um constante interesse</p><p>pelo conhecimento e pelo autoconhecimento. Wallon (2007) considera importante</p><p>a participação e interação para o desenvolvimento do indivíduo, compreendida</p><p>de forma que todos participem de suas experiências, na teoria das múltiplas</p><p>inteligências, desenvolvida por Gardner, a criatividade também se destaca.</p><p>Os indivíduos criativos são dotados de muita energia e são</p><p>extremamente exigentes consigo e com os outros; conservam</p><p>traços de sua infância e tendem a se marginalizar; podem ser</p><p>extremamente egoístas, egocêntricos, intolerantes, estúpidos,</p><p>obstinados e altamente capazes de ignorar convenções</p><p>(GARDNER,1994, p. 78).</p><p>No entanto, o autor defende ainda que as pessoas criativas não expressam</p><p>uma inteligência fora do comum, mas sim uma inteligência singular restrita a</p><p>determinados domínios. Amabile (1996) propõem alternativas de estímulos da</p><p>criatividade, tanto na sala de aula, quanto no ambiente de trabalho:</p><p>73</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>a) Encorajar autonomia do indivíduo, evitando controle excessivo e</p><p>respeitando a individualidade de cada um;</p><p>b) Cultivar a autonomia e independência, enfatizando valores no lugar de</p><p>regras;</p><p>c) Ressaltar as realizações em detrimento de notas ou prêmios;</p><p>d) Enfatizar o prazer no ato de aprender;</p><p>e) Evitar situações de competição;</p><p>f) Expor os indivíduos a experiências que possam estimular sua</p><p>criatividade;</p><p>g) Encorajar comportamentos de questionamento e curiosidade;</p><p>h) Usar feedback informativo;</p><p>i) Dar aos indivíduos opções de escolha;</p><p>j) Apresentar pessoas criativas como modelos.</p><p>Neste processo de construção do conhecimento por meio da criatividade, faz-</p><p>se necessário destacar sobre a espontaneidade que envolve o ser. Isso signifi ca</p><p>que mesmo com este ambiente propício, para que a criatividade se desenvolva,</p><p>deverá ser um movimento genuíno de docentes e discentes e não apenas pontual.</p><p>Para Vigotsky (1987) a apropriação do conhecimento vem da participação do</p><p>outro social. O autor ainda argumenta que para que a interação social ocorra com</p><p>êxito, para o desenvolvimento humano, o contato físico e social entre os atores do</p><p>processo de ensino aprendizagem é determinante.</p><p>Ao verifi car a importância da criatividade, espontaneidade e empatia,</p><p>com foco na aplicação da inteligência emocional nos processos de ensino</p><p>aprendizagem, é importante destacar que docentes e discentes são precursores</p><p>no desenvolvimento da inteligência emocional, a partir de uma cultura pedagógica</p><p>que se comprometa a ser propulsora do desenvolvimento humano.</p><p>Figura 5 - Criatividade como propulsora da humanidade</p><p>Fonte: Freepick.com</p><p>74</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>Para Wallon (1989), o desenvolvimento humano vem de uma relação de in-</p><p>terdependência entre fatores biológicos, condições de existência e características</p><p>individuais de cada um. Segundo Goleman (1998), a inteligência emocional mui-</p><p>tas vezes se sobressai às competências técnicas, portanto, é uma competência</p><p>indispensável para os profi ssionais. Assim, Goleman e outros autores elevam a</p><p>inteligência emocional como fator predominante para qualquer tipo de projeto de</p><p>aprendizagem, seja ele inserido no trabalho ou na vida acadêmica. Lima (2015)</p><p>corrobora esta teoria ao afi rmar que os aspectos comportamentais são cada vez</p><p>mais relevantes para desenvolver as atividades nas organizações e na comunida-</p><p>de científi ca.</p><p>Stephens e Carmeli (2016) indicam que pessoas expandem seus conheci-</p><p>mentos e competências através da inteligência emocional, melhorando sua capa-</p><p>cidade de se comunicar e de cooperar de forma efi caz para obter bons resultados</p><p>em projetos. Sendo assim, inteligência emocional retrata um conjunto de compe-</p><p>tências que gera sentimentos e emoções, aclarando o pensamento, promovendo</p><p>crescimento emocional e intelectual.</p><p>Rogers (1983) afi rma que quando um professor compreende internamente</p><p>as reações do estudante as probabilidades de uma aprendizagem signifi cativa</p><p>aumentam. Neste cenário, a aprendizagem signifi cativa é vista como algo que</p><p>realmente proporciona o aprender, que instiga o conhecimento e desenvolve o in-</p><p>divíduo, potencializando seu processo de criatividade e espontaneidade, surgida</p><p>por meio da autonomia conquistada.</p><p>Para Moreno (1992), um processo de criatividade espontânea coloca em evi-</p><p>dência a relação entre o momento, a ação imediata, a espontaneidade e a cria-</p><p>tividade. Em suma, o indivíduo desperta no processo da criatividade e esponta-</p><p>neidade ao ser desafi ado pelo ambiente em que vive, ou seja, pela sua cultura,</p><p>propósitos e evolução das relações. A espontaneidade encontra-se no meio afeti-</p><p>vo emocional: família, amigos, sociedade; está presente em todos os momentos,</p><p>associada à emoção e à ação. Sendo assim, quando o indivíduo percebe que é</p><p>capaz de seguir seus próprios passos e decidir por si, o processo de criatividade</p><p>é ativado, assim como a espontaneidade, fatores positivos para sua existência.</p><p>Segundo Moreno (1997), diversos procedimentos utilizados na área do teatro</p><p>têm a base na abordagem de grupo, na</p><p>qual os alunos são tratados como indiví-</p><p>duos no seio de um grupo, sendo uma situação muito semelhante a que será en-</p><p>contrada no mundo em geral. Ademais, a aplicação da inteligência emocional no</p><p>processo de ensino aprendizagem retrata a participação dos grupos num contexto</p><p>das relações interpessoais, em que o indivíduo reage da emoção à ação, diante</p><p>da aprendizagem. O autor supracitado ainda relata as seguintes relações no con-</p><p>texto educacional:</p><p>75</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>a) Relação aluno-professor: construindo uma relação de ensino aprendiza-</p><p>gem que estimule a espontaneidade-criatividade do aluno e não negli-</p><p>gencie a interação socioafetiva entre ambos;</p><p>b) Relação aluno-instituição educacional: considerando o sistema educa-</p><p>cional enquanto parte de um contexto social muito mais amplo, em que</p><p>ocorre infl uência contínua de ambas as instituições (escola e sociedade</p><p>em geral) o tempo todo, instituições essas em que o aluno se encontra</p><p>intrinsecamente inserido;</p><p>c) Relação aluno-grupo: percorrendo as etapas do processo de interação,</p><p>socialização e identidade grupal, visando produzir conhecimentos atra-</p><p>vés da vivência de desempenho de papéis;</p><p>d) Relação professor-pais: a família é a primeira instituição a qual criança</p><p>se vê inserida socialmente, socialização essa que vem a ser ampliada ao</p><p>ingressar na escola. Ambas são responsáveis pela formação do aluno.</p><p>Estas relações citadas, no contexto do ensino aprendizagem, representam</p><p>uma abordagem e exploração da psique humana, por meio dos vínculos emo-</p><p>cionais do indivíduo, ou seja, essa inserção na aprendizagem é instigada nas ca-</p><p>pacidades que envolvem a inteligência emocional. Moreno (1997) afi rma que a</p><p>espontaneidade é um fator inato que se apresenta como forma de energia em</p><p>constante transformação, que capacita o homem para enfrentar situações novas e</p><p>criar respostas às situações antigas.</p><p>Esta energia é encontrada na maioria dos indivíduos, principalmente nas no-</p><p>vas gerações, que já nasceram na era da revolução tecnológica, que faz com que</p><p>o indivíduo saia da zona de conforto, adaptando-se ao novo. É perceptível que os</p><p>recursos tecnológicos mostram a importância da criatividade e espontaneidade,</p><p>rompendo paradigmas em todas as direções. Contudo, a sensação das gerações</p><p>atuais é de estar sempre ultrapassada, havendo a necessidade de buscar cons-</p><p>tantemente o conhecimento. A própria sociedade, principalmente as relações de</p><p>trabalho, exige este aperfeiçoamento constante, junto a um profundo desenvolvi-</p><p>mento da inteligência emocional.</p><p>O conhecimento é nosso bem maior, se possuímos ou não um maior nível</p><p>de inteligência emocional é sempre tempo de elevarmos as nossas capacidades.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Saiba mais sobre criatividade e como desenvolvê-la no</p><p>cotidiano:</p><p>https://rockcontent.com/br/blog/criatividade/</p><p>76</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>ALGUMAS CONSIDERAÇÕES</p><p>Caro pós-graduando!</p><p>Finalizamos este capítulo com o intuito de êxito. Ao iniciarmos, conceituamos</p><p>sobre inteligência sendo defi nida como uma competência intelectual, caracterizada</p><p>na forma de pensar, memorizar e raciocinar. Como dito, a inteligência deve ser</p><p>entendida como um conjunto de inteligências que podem ser desenvolvidas</p><p>ao longo do tempo, como algo novo a ser estudado todos os dias. Os tipos de</p><p>inteligência estão presentes em todas as pessoas, porém algumas pessoas</p><p>possuem tipos de inteligências mais desenvolvidos.</p><p>Vimos a teoria das inteligências múltiplas de Gardner, na qual são</p><p>apresentadas por meio das habilidades e competências do indivíduo e suas</p><p>capacidades intelectuais: inteligência linguística, lógico matemática, espacial,</p><p>musical, corporal e cinestésica, naturalista, intrapessoal e interpessoal. Estes</p><p>tipos de inteligência retratam o quanto se faz necessário a busca do conhecimento</p><p>contínuo, sem priorizar um tipo específi co de conhecimento.</p><p>Na continuidade, sobre a inteligência emocional, que é tema desse livro,</p><p>foi explorada sobre a possibilidade do indivíduo identifi car seus pensamentos</p><p>por meio dos comportamentos positivos, refl etindo ao bom relacionamento entre</p><p>as pessoas e grupos. Para tanto, existem quatro domínios sobre a inteligência</p><p>emocional: percepção, avaliação e expressão da emoção, a emoção como</p><p>facilitadora do pensamento, a compreensão e análise de emoções, emprego</p><p>do conhecimento emocional e por último o controle refl exivo de emoções para</p><p>promover o crescimento emocional e intelectual.</p><p>Sobre a inteligência emocional intra e interpessoal foi destacada a congruência</p><p>com as inteligências múltiplas e sua mútua relação com os comportamentos dos</p><p>indivíduos, de forma motivacional, empática, interação, autoestima e confi ança,</p><p>dentre outros sentimentos. Enquanto a inteligência interpessoal está baseada na</p><p>empatia, no entender e se colocar no lugar do outro, a inteligência intrapessoal</p><p>está relacionada ao autoconhecimento, que se concretiza como um grande passo</p><p>para entendermos o outro.</p><p>Ao descrever sobre a inteligência emocional no trabalho, contemplamos o</p><p>quanto é importante o desenvolvimento do indivíduo para sua carreira profi ssional,</p><p>por meio do treinamento e desenvolvimento das competências sociais e</p><p>emocionais, estando preparado para as mudanças contínuas e transformações,</p><p>para que as organizações e indivíduos possam alcançar seus objetivos, diluindo</p><p>os confl itos.</p><p>77</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>Foi muito gratifi cante passar este tempo com você! Esperamos ter contribuído</p><p>assertivamente no seu contínuo processo de ensino aprendizagem!</p><p>Foi muito gratifi cante passar este tempo com você, deixo aqui uma citação</p><p>de Goleman (2015), “a inteligência emocional é saber o que fazer e como</p><p>direcionar suas próprias emoções de modo que seja fl exível, sempre respeitando</p><p>a si mesmo.”</p><p>Esperamos ter contribuído assertivamente no seu contínuo processo de</p><p>ensino aprendizagem!</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AMABILE, T. M. Creativity in context: update to the social psychology of creativity.</p><p>Boulder, CO: Westview Press,1996.</p><p>ANTÔNIO, S.; TAVARES, K. Uma pedagogia poética para as crianças.</p><p>Americana, SP: Adonis, 2013.</p><p>AVELEIRA, J. J. C. B. A inteligência emocional: o desempenho e a satisfação</p><p>laboral em funções comerciais. 2013. 73 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de</p><p>Psicologia das Organizações, Instituto Universitário de Ciências Psicológicas,</p><p>Sociais e da Vida (ISPA), Lisboa, 2013. Disponível em: https://core.ac.uk/</p><p>download/pdf/70652102.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>BLOUNT, J. Como os Super vendedores utilizam a inteligência emocional para</p><p>fechar mais negócios. São Paulo: Autêntica Business, 2018.</p><p>CAMBI, F. História da Pedagogia. São Paulo: Unesp (FEU), 1999.</p><p>COOPER, R.; SAWAF, A. Inteligência Emocional na Empresa. Rio de Janeiro:</p><p>Campus, 1997.</p><p>GARDNER, H. Estruturas da mente: a Teoria das Múltiplas Inteligências. Porto</p><p>Alegre: Artes Médicas,1994.</p><p>GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes</p><p>Médicas, 1995.</p><p>Gerhardt, K. Racionalidade à prova!. 2020. 1 imagem. Disponível em: https://</p><p>aoseulado.com.br/racionalidade-a-prova/. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>78</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>GOLEMAN, D. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefi ne o que</p><p>é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.</p><p>GOLEMAN, D. Inteligência social: o poder das relações humanas. Rio de Janeiro:</p><p>Elieser, 2011.</p><p>GOLEMAN, D. Liderança: A inteligência emocional na formação do líder de</p><p>sucesso. Rio de Janeiro: Objetiva. 2015.</p><p>GOLEMAN, D. Trabalhando com a Inteligência Emocional. Rio de Janeiro:</p><p>Objetiva, 2001.</p><p>GONDIM, S. M. G.; SIQUEIRA, M. M. M. Vínculos do indivíduo com o trabalho</p><p>e com a organização. In: ZANELLI, J.C; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS,</p><p>A.V.B (Org.). Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2004. p. 207-236.</p><p>GUIMARÃES, R. D. A teoria das inteligências múltiplas. 2020. 1 imagem.</p><p>Disponível em: https://cesvale.edu.br/a-teoria-das-inteligencias-multiplas/.</p><p>Acesso</p><p>em: 21 set. 2020.</p><p>JOHANN, S. Comportamento Organizacional. São Paulo: Saraiva, 2013.</p><p>LIMA, L. O efeito da Inteligência Emocional nas competências interpessoais do</p><p>gerente de projetos e no sucesso da gestão de projetos. 2015. 112 f. Dissertação</p><p>(Mestrado) - Curso de Administração, Universidade Nove de Julho, São Paulo,</p><p>2015. Disponível em: https://bibliotecatede.uninove.br/bitstream/tede/1194/2/</p><p>Luiz%20Fernando%20Lima.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>MAYER, J. D; SALOVEY, P. What is emotional intelligence?. In: SALOVEY, P.;</p><p>SLUYTER, D. Emotional development and emotional intelligence: implications for</p><p>educators. New York: BasicBooks, 1997.</p><p>MAYER, J. D.; CARUSO, D. The effective leader: understanding and applying</p><p>emotional intelligence. Ivey Bussiness Journal, London, On, v. 0, n. 0, p. 0-0,</p><p>nov./dez. 2020. Disponível em: https://iveybusinessjournal.com/publication/the-</p><p>effective-leader-understanding-and-applying-emotional-intelligence/. Acesso em:</p><p>23 set. 2020.</p><p>MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Editora Cultrix, 1997.</p><p>MORENO, J. L. Quem sobreviverá?: fundamentos da sociometria, psicoterapia</p><p>de grupo e psicodrama. Goiânia: Editora Dimensão, 1992.</p><p>79</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Capítulo 3</p><p>NASCIMENTO, S. H. As relações entre inteligência emocional e bem-estar no</p><p>trabalho. 2006. 101 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Metodista de São</p><p>Paulo, São Bernardo do Campo, 2006. Disponível em: http://tede.metodista.br/</p><p>jspui/handle/tede/1327. Acesso em: 25 set. 2020.</p><p>OLIVEIRA-CASTRO, J. M.; OLIVEIRA-CASTRO, K. M. A função adverbial de</p><p>inteligência: defi nições e usos em psicologia. Psicologia: Teoria e Pesquisa,</p><p>[S.l.], v. 17, n. 3, p. 257-264, set. 2001. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.</p><p>org/10.1590/s0102-37722001000300008. Disponível em: https://www.scielo.br/</p><p>scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722001000300008&lang=pt. Acesso</p><p>em: 23 set. 2020.</p><p>RISELEY, Jeff. EQ Resource and Mental Health For Sales Teams. 2020. 1</p><p>imagem. Disponível em: https://saleshealthalliance.com/eq-resource-for-sales-</p><p>teams/. Acesso em: 15 set. 2020.</p><p>ROGERS, C. R. Um jeito de ser. São Paulo: EPU, 1983.</p><p>SOTO, E. Comportamento Organizacional. São Paulo: Thomson: 2002.</p><p>STEPHENS, John Paul; CARMELI, Abraham. The positive effect of expressing</p><p>negative emotions on knowledge creation capability and performance of project</p><p>teams. International Journal Of Project Management, [S.l.], v. 34, n. 5, p. 862-873,</p><p>jul. 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijproman.2016.03.003.</p><p>VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes,</p><p>1989.</p><p>VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÁSICAS</p><p>WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Tradução de Claudia Berliner,</p><p>São Paulo: Martins Fontes, 2007.</p><p>WALLON, H. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Editora Manole</p><p>LTDA, 1989.</p><p>WEISINGER, H. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva,</p><p>1997.</p><p>isto é, em zeros e uns (0 e 1)”. Assim, imagens, sons, textos ou</p><p>a sua soma, que podemos ver através de um dispositivo digital (celular, tablet, tela</p><p>de computador, televisor), nada mais são do que códigos de sim e não sobrepostos.</p><p>10</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>O surgimento das tecnologias digitais revolucionou a indústria, a economia</p><p>e a sociedade do século XX. Armazenar e transmitir a informação modifi cou a</p><p>relação das pessoas com a história. A propriedade intelectual, a originalidade, os</p><p>direitos sobre qualquer criação se tornaram preocupações importantes e muito</p><p>provavelmente eternas, uma vez que a velocidade de propagação e compartilha-</p><p>mento da informação é maior a cada dia. A informação que no passado era guar-</p><p>dada em livros, manuscritos, bibliotecas e academias, muitas vezes distantes da</p><p>maioria da população, passou a ser permitida e acessada, na medida em que é</p><p>digitalizada e compartilhada.</p><p>Ignorar a urgente necessidade de adequação de metodologias com o uso da</p><p>tecnologia digital não é mais permitido em pleno século XXI e tornou-se mais do</p><p>que necessária, uma vez que os desafi os pandêmicos, resultantes da COVID-19,</p><p>afastaram o aluno da sala física e o transportou, ou ao menos deveria, para o</p><p>ambiente virtual.</p><p>2.2 FERRAMENTAS</p><p>A tecnologia digital pode ser introduzida através de jogos, uso da internet,</p><p>aplicativos, programas, músicas, exercícios virtuais, em que o aluno se conecta</p><p>ao universo a ser aprendido, através de uma interface tecnológica, como</p><p>computadores, notebooks, tablets, smartphones.</p><p>Figura 2 - Educação por meio de uso de tecnologia</p><p>Fonte: Freepik, 2020.</p><p>De acordo com o portal Google, em 2017 foram realizadas 1,2 trilhões de pesquisas</p><p>em todo o mundo. A cada segundo, mais de 40 mil consultas são realizadas e 3,5 bilhões</p><p>de pesquisas foram traduzidas. O uso da rede mundial de computadores cresce de maneira</p><p>exponencial em unidades de tempo, quase impossíveis de mensurar. Desta forma, com o</p><p>compartilhamento e colaboração da internet novas formas de aprender e ensinar também</p><p>11</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>são disponibilizadas a cada dia, desafi ando escolas, estudantes e professores a fazer o</p><p>melhor uso destas ferramentas.</p><p>Para Santos (2020), são cinco as mais importantes ferramentas de tecnologia digital</p><p>utilizadas na educação:</p><p>a) Aplicativos de realidade virtual (VR) e gamifi cação: uso de jogos digitais</p><p>e ambientes de realidade virtual para trabalhar diferentes conteúdos</p><p>atualizados e adequados aos programas de educação ou práticas</p><p>cotidianas;</p><p>b) Learning analytics e aplicativos de gestão escolar: plataformas de</p><p>auxílio para famílias e professores acompanharem o desenvolvimento</p><p>dos estudantes (produção e frequência). Por esta ferramenta também é</p><p>possível selecionar indicadores de alunos, turmas, colégios por objetivos</p><p>estabelecidos e com isso adaptar o planejamento de conteúdo das aulas;</p><p>c) G-Suite: pacote de serviços do Google disponíveis para qualquer</p><p>professor ou aluno com conta na plataforma (Gmail). Este pacote permite</p><p>o uso de metodologias ativas e colaborativas em sala de aula como</p><p>elaboração de documentos e projetos online;</p><p>d) Google sala de aula: plataforma que permite gerenciar atividades,</p><p>avaliações e conteúdo como uma sala de aula virtual. Partindo da</p><p>criação de uma classe, é possível adicionar alunos por e-mail e elaborar</p><p>tarefas, anexando links, arquivos, gerando prazos, enviando e recebendo</p><p>trabalhos;</p><p>e) Programa Google de Tecnologia: plataforma considerada como centro</p><p>de treinamento voltado a instituições, estudantes e professores que</p><p>querem desenvolver habilidades técnicas para a área da tecnologia e</p><p>ciência da computação. Esta plataforma tem como objetivo maior, gerar</p><p>conhecimento para garantir os profi ssionais do futuro.</p><p>2.3 Tendências</p><p>Entre as maiores tendências da tecnologia digital estão a internet 5G, os veículos</p><p>autônomos, internet das coisas, computação em nuvem, blockchain e inteligência artifi cial.</p><p>Moura (2020) afi rma que as vivências e experiências possíveis na área da tecnologia da</p><p>informação e que foram descritas como tendências para o ano de 2020 são:</p><p>a) Multi Experiência: com a chegada das redes 5G, realidades como tênis</p><p>e pulseiras conectadas, reconhecimento facial (já presente na China) e</p><p>casas inteligentes ou smart home, assim como Google Home e Amazon</p><p>Alexa, serão cada vez mais vividas;</p><p>12</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>b) Inteligência Artifi cial (I.A.): como extensão natural da automação, a</p><p>democratização tecnológica, a computação em nuvem e as interfaces de</p><p>programação de aplicativos (APIs), nasceu a ferramenta que chamamos</p><p>inteligência artifi cial. É pela IA que as empresas poderão obter mais</p><p>insights de rede, benefi ciando a segurança e disponibilizando agilidade</p><p>geral nos negócios;</p><p>c) Veículos autônomos: apesar de ainda não ser uma realidade presente,</p><p>veículos sem motoristas farão parte da vida de todos, inicialmente pelos</p><p>serviços de entrega de alimentos por robôs, e por drones, as entregas de</p><p>encomendas;</p><p>d) Computação em nuvem: o custo dos equipamentos de computador</p><p>ou interfaces tecnológicas diminuem de tamanho na medida em que é</p><p>possível armazenar dados na nuvem (supercomputadores profi ssionais</p><p>localizados em diversos países);</p><p>e) Blockchain: registro de transações de moedas virtuais em que estão</p><p>contidas informações como a quantia de moedas transacionadas, quem</p><p>enviou, quem recebeu, quando foi feita e onde está registrada. Este</p><p>conjunto de informações é armazenado em blocos que são carimbados a</p><p>cada 10 minutos, formando blocos de transações que se ligam ao bloco</p><p>anterior. A cadeia de blocos, ou blockchain, forma uma tecnologia de</p><p>informação perfeita e fi dedigna.</p><p>13</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>Acesse os endereços a seguir e conheça as</p><p>ferramentas digitais, abordadas nesta unidade!</p><p>https://gsuite.google.com/</p><p>https://classroom.google.com/</p><p>https://edu.google.com/intl/pt-br/</p><p>3 INCORPORAÇÃO E UTILIZAÇÃO</p><p>EM SALA DE AULA</p><p>3.1 INCORPORAÇÃO</p><p>A adequação das metodologias para atender as demandas dos novos</p><p>estudantes é obrigatória. Da mesma maneira como o pai ensina o fi lho a pescar</p><p>no habitat natural, família e docentes devem trabalhar a educação das crianças e</p><p>jovens nos ambientes tecnológicos, como seu novo habitat. A internet tornou-se</p><p>um dos recursos mais utilizados no cotidiano das pessoas e é natural que este</p><p>mecanismo, ou ferramenta, entre nas salas de aula. Com o advento da pandemia</p><p>da COVID-19 a educação digital ou tecnológica assumiu uma velocidade muito</p><p>além da planejada, ou prevista por qualquer empresa de tecnologia.</p><p>Crianças e jovens que não se utilizavam do modelo de ensino a distância</p><p>(EAD), bem como suas famílias e docentes, mudaram esta condição. Estes três</p><p>atores do sistema de educação precisaram transformar-se, em um curto espaço</p><p>de tempo, em conhecedores de recursos básicos para uma boa transmissão</p><p>(upload) e recepção (download) de dados. O distanciamento social compulsório</p><p>não apresentou outra saída, senão a transmissão das aulas, com recursos</p><p>tecnológicos disponíveis, tanto para os docentes, quanto para os discentes, no</p><p>formato online. De acordo com Moran (2017), existem inúmeras formas de o</p><p>professor tornar suas aulas mais interativas, seja através da simples formação de</p><p>grupos nas redes sociais, criação de blogs, ou do uso de plataformas e aplicativos</p><p>específi cos para a área educacional, que possibilitam desde o compartilhamento</p><p>de informações e experiências até a confecção de livros, revistas, mapas</p><p>conceituais e outros materiais para utilização por parte de professores e alunos.</p><p>14</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>Se em 2017, ano da publicação de Moran, estas interações signifi cavam</p><p>uma inovação, no atual contexto passaram recursos essenciais, para promover a</p><p>participação discente, no ambiente escolar virtual.</p><p>3.2 Utilização em Sala de Aula</p><p>Em uma pesquisa do movimento</p><p>Todos pela Educação (2017), que teve o</p><p>apoio de algumas empresas privadas publicada em 2017, denominada “O que</p><p>pensam os professores brasileiros sobre a tecnologia digital em sala de aula”,</p><p>foram ouvidos quatro mil professores dos ensinos fundamental e médio e também</p><p>da educação de jovens adultos (EJA) da rede pública de ensino, em todo o</p><p>Brasil. Os resultados desta pesquisa revelaram que, havendo ferramentas que</p><p>auxiliassem no desenvolvimento de seu trabalho e em condições adequadas de</p><p>uso, docentes estavam dispostos a usar a tecnologia digital no ambiente escolar.</p><p>Na ocasião desta pesquisa, alguns discentes que responderam não adotar</p><p>prontamente o uso de tecnologias digitais em sala de aula, atribuíram a estes</p><p>posicionamentos à velocidade insufi ciente da internet, à baixa quantidade de</p><p>equipamentos, à sobrecarga de trabalho ou à inefi ciência. Este fato nos leva a</p><p>compreender que docentes estão abertos à utilização de recursos tecnológicos</p><p>em sala de aula, desde que haja recursos mínimos aceitáveis, tanto em relação à</p><p>infraestrutura, quanto em relação às habilidades necessárias.</p><p>De acordo com Nogueira Filho (2017 apud ALEGRIA, 2017), observou-se</p><p>três pontos para o avanço do uso das tecnologias em sala de aula:</p><p>a) Ampliação e melhoria da oferta de formação e apoio específi co ou</p><p>qualifi cado;</p><p>b) Propostas que possam auxiliar na rotina do trabalho do professor;</p><p>c) Melhor entendimento sobre o potencial de impacto pedagógico no uso da</p><p>tecnologia para a formação.</p><p>Sobre rotina profi ssional, o Quadro 1 a seguir foi elaborado com os</p><p>percentuais de resposta sobre os desafi os no cotidiano docente, apresentando a</p><p>média da somatória de respostas das cinco regiões brasileiras:</p><p>15</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>Quadro 1 - Os desafi os no cotidiano docente</p><p>Fonte - Autor com base no programa Todos pela Educação</p><p>Os itens de pesquisa, relacionados à formação e apoio, buscaram coletar</p><p>dados sobre o conhecimento docente para uso das tecnologias digitais. O Gráfi co</p><p>1, a seguir, mostra a participação na formação ou capacitação profi ssional, quanto</p><p>ao uso de tecnologias digitais:</p><p>A temática da pesquisa relacionada a infraestrutura, talvez o ponto mais</p><p>percebido durante o período de distanciamento social decorrente da pandemia,</p><p>trouxe os resultados voltados aos equipamentos tecnológicos e internet. Os</p><p>respondentes indicaram como o uso das tecnologias digitais foi afetada pelas</p><p>restrições apresentadas no Gráfi co 2:</p><p>Gráfi co 1 - Participação em programas de formação e</p><p>capacitação sobre uso de tecnologias digitais</p><p>Fonte: Autor, com base no programa Todos pela Educação</p><p>16</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>Quanto à última temática sobre a relação da tecnologia com a aprendizagem,</p><p>foi possível avaliar o maior ou primeiro impacto positivo e o segundo maior</p><p>quanto ao uso das tecnologias digitais, no processo ensino aprendizagem, como</p><p>podemos visualizar no gráfi co a seguir:</p><p>Gráfi co 2 - Restrições para com o uso de tecnologias digitais</p><p>Com base nos dados apresentados da pesquisa, é possível compreender</p><p>que o uso das tecnologias digitais é aceito por docentes e discentes e que as</p><p>limitações, como equipamentos obsoletos ou não atualizados e internet fraca, são</p><p>os pontos negativos de maior impacto. Estes fatos, com a chegada da tecnologia</p><p>5G é a comoditização dos equipamentos tecnológicos, se concretizam como o</p><p>menor dos desafi os no processo de incorporação e utilização de tecnologias</p><p>digitais na sala de aula.</p><p>Gráfi co 3 - Impactos positivos quanto ao uso de tecnologias digitais para a educação</p><p>Fonte: Autor, com base no programa Todos pela Educação.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor, com base no programa Todos pela Educação.</p><p>17</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>PARA SABER MAIS</p><p>A pesquisa citada neste tópico está disponível para análise e</p><p>revela importantes, informações que fornecem elementos para uma</p><p>maior aceitação, implantação e adoção das tecnologias digitais no</p><p>ambiente escolar.</p><p>Foram quatro os pilares da pesquisa:</p><p>Rotina profi ssional, formação e apoio, infraestrutura e percepção</p><p>de impacto. Acesse em: https://www.todospelaeducacao.org.br/</p><p>tecnologia/desafi os-dia-a-dia-professor/</p><p>4 EQUIPAMENTOS OU DISPOSITIVOS</p><p>MÓVEIS E EXPERIÊNCIAS</p><p>EDUCATIVAS</p><p>O advento do computador proporcionou a automatização de grande parte das</p><p>áreas profi ssionais. A internet promoveu a convergência tecnológica e alavancou</p><p>a informatização global, o que trouxe mudanças expressivas no comportamento</p><p>humano (SANTOS, 2017).</p><p>A velocidade na transmissão e comunicação de informações em tempo real,</p><p>que a extensão dos equipamentos móveis como notebooks, netbooks, tablets,</p><p>smartphones e todas as suas tecnologias embarcadas, proporcionou a mobilidade</p><p>e a facilitação das multitarefas do cotidiano. Ao pensar nestas tecnologias no am-</p><p>biente escolar, muito mais do que discussões sobre desafi os e uso mais pertinente,</p><p>é necessário conscientizar que no contexto atual não há como abolir o seu uso.</p><p>De acordo com Silva (2003), a inclusão digital na escola favorece o desenvol-</p><p>vimento de novas formas de aprender e ensinar, integrando professores/as e alu-</p><p>nos/as para uma educação mais fl exível e colaborativa, na qual o primeiro passa</p><p>a desenvolver um papel de mediador e o segundo se torna mais autônomo, com</p><p>objetivo de potencializar o aprendizado.</p><p>O ser humano, por sua natureza curiosa não para de explorar suas poten-</p><p>cialidades e está em constante aprendizado e desenvolvimento de mecanismos</p><p>18</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>que o auxiliem no dia a dia. “É através do conjunto de conhecimentos e princípios</p><p>científi cos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um</p><p>equipamento em um determinado tipo de atividade, que formamos a chamada</p><p>tecnologia.” (KENSKI, 2012b, p.18).</p><p>Figura 3 - Cidadania digital</p><p>Fonte: Aprendices, 2019.</p><p>Dentre os muitos equipamentos que passaram a integrar o ambiente de</p><p>sala de aula e que podem ser considerados como disruptivos, pois além de</p><p>promoverem a mudança do modelo tradicional ainda trouxeram tecnologia – como</p><p>o rádio, aparelho toca fi tas ou toca discos, televisores de tubo, computadores em</p><p>CPU, até as mais modernas e efi cazes com acesso à internet, como televisores</p><p>Smart, notebooks, tablets ou smartphones - que permitem maior mobilidade nas</p><p>tarefas e maior acesso às informações, em tempo real (BOTTENTUIT JUNIOR,</p><p>2012). O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) geraram</p><p>transformações signifi cativas também no âmbito educacional, maximizando e</p><p>dinamizando o processo de ensino aprendizagem, criando uma cultura e modelo</p><p>de sociedade (KENSKI, 2012a).</p><p>Segundo Valente (1993), é papel docente identifi car o que cada uma destas</p><p>facilidades tecnológicas podem oferecer e de qual forma pode ser explorada,</p><p>em diversos contextos educacionais, uma vez que podem oferecer diferentes</p><p>aplicações a serem exploradas.</p><p>Considerando que</p><p>19</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>Nesta perspectiva, dentre as experiências educativas com o uso de apare-</p><p>lhos celulares em vários níveis de ensino estão as mensagens eletrônicas (SMS),</p><p>para as atividades simples, como contextualização de conteúdos, até a promo-</p><p>ção de desafi os, como caça ao tesouro e tantas outras formas de uso de infor-</p><p>mações codifi cadas ou não. As máquinas fotográfi cas ou de vídeo são utilizadas</p><p>para registro de atividades, tanto internas, quanto externas ao ambiente escolar,</p><p>sendo que discentes podem ser motivados a acompanhar as estações do ano,</p><p>crescimento de vegetais em uma horta e dentre tantas outras possibilidades. As</p><p>gravações de áudio também podem ser utilizadas, tanto para contextualização de</p><p>conteúdo, registros e relatos de experiências, como visitas a ambientes externos</p><p>aos muros da escola. Ainda na abordando mídias de áudio, os podcasts com en-</p><p>trevistados de áreas de pesquisa ou produções acadêmicas se concretizam como</p><p>experiências educativas signifi</p><p>cativas. A realidade virtual proporciona excursões</p><p>interativas a museus, bibliotecas, ambientes em outros estados ou países, que</p><p>poderiam nunca ser investigadas, presencialmente, mas proporcionam uma imer-</p><p>são positiva e aderente ao processo de ensino aprendizagem.</p><p>Dentre as diversas possibilidades pedagógicas, para utilização dos disposi-</p><p>tivos móveis pelos discentes, podem ser citadas a troca de mensagens, consul-</p><p>ta ao dicionário, possibilidade de acesso a imagens, resolução de tarefas, ouvir</p><p>conteúdo em formato de áudio, visualizar vídeos, acessar conteúdos curriculares,</p><p>gravar arquivos em formato de áudio, tirar fotografi as, marcar datas importantes</p><p>em calendário eletrônico e até mesmo elaborar uma agenda de horários, consul-</p><p>tando a previsão do tempo. Portanto, podemos constatar que a aprendizagem não</p><p>é estanque e deixou de limitar-se a apresentação de conteúdos fechados. Esta</p><p>abordagem educacional proporciona a gestão de conteúdos de forma personali-</p><p>zada e ainda oferece a possibilidade de desenvolvimento online, em tempos e es-</p><p>paços diferentes, atendendo às demandas discentes e docentes. (BOTTENTUIT</p><p>JUNIOR 2012).</p><p>O acesso aos conteúdos multimídia deixou de estar limitado</p><p>a um computador pessoal e estendeu-se também às tecnologias</p><p>móveis, proporcionando um novo paradigma educacional, o mobile</p><p>learning ou aprendizagem móvel, desenvolveram-se projetos de</p><p>investigação pelo e-learning (MOURA, 2009, p.50).</p><p>20</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>CURIOSIDADES</p><p>Já imaginou criar um podcast para suas turmas?</p><p>Entenda como, assistindo ao vídeo Como fazer um podcast:</p><p>dicas para começar do zero | Hotmart Tips:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=rRPU42zctCg</p><p>5 BLENDED LEARNING E</p><p>FORMAÇÕES SEMIPRESENCIAIS</p><p>5.1 BLENDED LEARNING</p><p>O termo blended learning tem origem no inglês, onde blend signifi ca mistura</p><p>ou composição, e learning se refere ao aprendizado. O blended learning, também</p><p>conhecido como b-learning, é a combinação de práticas pedagógicas do ensino</p><p>presencial e do ensino a distância, utilizando-se dos dois formatos de ensino, com</p><p>o objetivo de potencializar o desempenho discente.</p><p>Quando é adotado um modelo híbrido de educação composto por atividades</p><p>presenciais e à distância, é necessário identifi car as habilidades dos docentes que</p><p>podem atuar nestas frentes, e ao mesmo tempo capacitar os demais. Talvez a</p><p>maior vantagem do ensino híbrido seja a abertura de um espaço dinâmico para o</p><p>desenvolvimento do pensamento crítico, uma vez que discentes passam a domi-</p><p>nar assuntos a partir de aulas online, buscando mais aprofundamento quando se</p><p>interessam pelo assunto.</p><p>Diferente do que se pensa, o blended learning é uma prática antiga de ensi-</p><p>no aprendizagem, que combina aulas dentro e fora do ambiente escolar, como o</p><p>caso de excursão a um museu, visita a uma fábrica, passeio a um parque ou tea-</p><p>tro ou acampamento temático, por exemplo. Atualmente, essa metodologia alia as</p><p>tecnologias digitais ao ensino, não substituindo práticas, mas integrando e intera-</p><p>gindo. Outra importante caraterística do b-learning é que as atividades podem ser</p><p>estruturadas em situações em que docentes e discentes interagem em um mesmo</p><p>momento (atividades síncronas) ou em momentos diferentes (atividades assíncro-</p><p>nas). Carvalho (2016) indica que o b-learning utiliza a tecnologia não apenas para</p><p>somar, mas transformar e engrandecer o processo de ensino aprendizagem.</p><p>21</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>5.2 FormaÇÕes semiPresenciais</p><p>As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC’s) proporciona-</p><p>ram mudanças signifi cativas na educação à distância (EAD). Até o início dos anos</p><p>1980, a EAD utiliza como estratégia a elaboração e envio de material impresso,</p><p>que foi sendo substituído a partir de tecnologias que permitiram a criação de di-</p><p>versas interações, potencializando a modalidade de ensino à distância, com dife-</p><p>rentes formas de se combinar ensino à distância e atividades presenciais.</p><p>A maior característica deste formato de ensino aprendizagem pode ser a sala</p><p>de aula invertida ou fl ipped classroom, em que discentes buscam o conhecimento</p><p>do conteúdo programático antes de entrarem em seu ambiente acadêmico, ou</p><p>seja, o primeiro contato com o assunto a ser aprendido não vem pelo professor.</p><p>Tendo estudado ou lido sobre o assunto previamente, é na sala de aula que vai</p><p>aprender ativamente, realizando atividades de resolução de problemas ou proje-</p><p>tos, discussões, laboratórios e maneira que o professor faça o apoio e os colegas</p><p>aprendam de maneira colaborativa (VALENTE, 2014).</p><p>Dentre os grandes desafi os que o ensino superior enfrenta na atualidade,</p><p>pode-se destacar a baixa aderência dos alunos às aulas, sendo por ausência ou</p><p>por estar presente, realizando outras atividades. Isto gera um desgaste na relação</p><p>docente-discente, uma vez que o planejado para aquele encontro possivelmente</p><p>não será satisfatório. Outro desafi o é a grande demanda de alunos que deseja</p><p>ingressar no ensino superior e são impedidos por sua localização geográfi ca, im-</p><p>pactando em seu deslocamento – horário de transporte, ausência de segurança.</p><p>Tapscott e Williams (2010, p. 18-9) afi rmam que:</p><p>Tapscott e Williams afi rmam que:</p><p>O atual modelo pedagógico, que constitui o coração</p><p>da universidade moderna, está se tornando obsoleto.</p><p>No modelo industrial de produção em massa de</p><p>estudantes, o professor é o transmissor. [...]. A</p><p>aprendizagem baseada na transmissão pode ter sido</p><p>apropriada para uma economia e uma geração</p><p>anterior, mas cada vez mais ela está deixando de</p><p>atender às necessidades de uma nova geração de</p><p>estudantes que estão prestes a entrar na economia</p><p>global do conhecimento</p><p>(TAPSCOTT; WILLIAMS,2010, p. 18-19).</p><p>22</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>O processo de ensino tradicional, em que o professor assume a postura ativa</p><p>e os alunos a passiva, foi criticado por Dewey (1916) há mais de um século, como</p><p>antiquado e inefi caz, sua proposta era baseada no fazer ou hands-on – talvez a</p><p>expressão brasileira literal que mais se assemelha seja “mãos na massa”. Desta</p><p>forma, nasceu a visão de que os alunos não fazem parte de um modelo industrial</p><p>em que o resultado fi nal é sempre igual para todos, mas que cada um, com suas</p><p>vivências anteriores e culturas diferentes, pode ressignifi car o conteúdo original.</p><p>Esta teoria precisou de quase 100 anos para ser aceita e praticada, conforme aponta</p><p>Davidson (2011), independente do conteúdo a ser trabalhado na sala de aula, a</p><p>maneira como isso acontece tem como objetivo construir uma prática disciplinar</p><p>voltada para a fábrica ou empresa, que mais tarde vai contratar os seus graduados.</p><p>Para assimilação da origem da base do ensino semipresencial, podemos</p><p>adotar dois exemplos distintos utilizados na Universidade de Harvard (Cambridge,</p><p>Massachusetts) e no MIT-Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Ambos</p><p>adotaram a estratégia da sala de aula invertida, explorando os avanços das</p><p>tecnologias educacionais e minimizando a evasão e níveis de reprovação. A</p><p>primeira, denominada Peer Instruction (PI) foi desenvolvida por Mazur (2009)</p><p>e baseia-se no estudo prévio do conteúdo individualmente, resposta a um</p><p>questionário online, formação de grupos para discussão das questões que tiveram</p><p>maior número de erros, nova apresentação de respostas e então a discussão do</p><p>professor sobre os temas de maior apresentação de erros, como é apresentado</p><p>no esquema a seguir.</p><p>Esquema 1 - Método Peer Instruction – PI da Harvard University</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>23</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>Este método propõe que os alunos formulem argumentos e avaliem o nível</p><p>de compreensão sobre os conceitos, antes mesmo de deixar a sala de aula. O</p><p>MIT desenvolveu o projeto Technology Enabled Active Learning (TEAL) que é apli-</p><p>cado aos alunos sempre que ingressam na universidade. Quando as aulas são</p><p>presenciais, os alunos se agrupam em trios, sendo que em cada uma das treze</p><p>mesas redondas dispostas em uma sala de aula,</p><p>são organizadas em grupos.</p><p>O centro desta arena indica a estação central de trabalhos do professor ou sua</p><p>equipe e cada grupo conta com um computador para exibir slides das aulas, aces-</p><p>sar informações e coletar dados de experimentos. Com a implantação do projeto</p><p>TEAL, o MIT conseguiu bons resultados no aproveitamento dos alunos, reduzindo</p><p>a taxa de reprovação nas disciplinas e aumentando a frequência no fi nal do se-</p><p>mestre, que era inferior a 50% (BELCHER, 2001).</p><p>Com base nos modelos PI e TEAL, considerados semipresenciais, é possível</p><p>compreender que seu formato agrega uma carga horária à distância e outra na</p><p>modalidade presencial. Pela legislação brasileira, um curso pode ser considerado</p><p>semipresencial quando oferece até 20% da carga horária total, para atividades à</p><p>distância (MEC, 2004). As principais características dos cursos semipresenciais,</p><p>de acordo com Aguiar, Ferreira e Garcia (2010) no Brasil são:</p><p>a) Os cursos de origem são na modalidade presencial;</p><p>b) Nem todas as disciplinas da graduação são oferecidas na modalidade</p><p>semipresencial;</p><p>c) Dependendo do projeto pedagógico o conteúdo é ensinado através do</p><p>ambiente virtual de aprendizagem e em encontros presenciais;</p><p>d) Os encontros presenciais ocorrem na própria instituição;</p><p>e) Cada instituição defi ne quantos encontros presenciais ocorrerão;</p><p>f) As avaliações fi nais são feitas obrigatoriamente por encontros presen-</p><p>ciais;</p><p>g) É recomendada para alunos que queiram ou tenham condições de fazer</p><p>uma graduação presencial e precisam de fl exibilidade no processo de</p><p>aprendizagem.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Conheça mais sobre o MIT, acesse:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=4LEH9Q-_Tyc</p><p>24</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>5 CONSTRUÇÃO COLETIVA NA EAD</p><p>6.1 REDES SOCIAIS E A EAD</p><p>Os cursos de ensino à distância são cursos em que a maior parte das ativi-</p><p>dades se dá nos ambientes virtuais de aprendizagem. Sendo que em cursos de</p><p>graduação, a legislação brasileira exige que os alunos participem de encontros</p><p>presenciais, com periodicidade mensal ou semestral.</p><p>A construção coletiva parte do princípio de que os alunos não só façam uso</p><p>do ambiente virtual acadêmico, como também das redes sociais para compartilha-</p><p>mento de informações, estudos em grupo, divulgação de conteúdos pertinentes</p><p>aos assuntos estudados, partilha de materiais e recursos (vídeos, arquivos, links)</p><p>e no fortalecimento das relações entre os membros dos diferentes segmentos da</p><p>instituição acadêmica. A informalidade permitida pelas redes sociais possibilita</p><p>maior interação entre os atores envolvidos, mesmo que virtualmente. De acordo</p><p>com Ribas (2015, p. 17), “às relações geradas a partir das redes sociais impactam</p><p>diretamente no desempenho acadêmico dos alunos de EAD, isto é, contribuem</p><p>positivamente como ferramenta no processo de geração do conhecimento”. Esta</p><p>afi rmação é corroborada pelas teorias de Vigotsky (1991), que indica que proces-</p><p>sos de socialização contribuem tanto para o desenvolvimento social e emocional,</p><p>quanto para o desenvolvimento cognitivo do indivíduo.</p><p>Outros benefícios de utilização das redes sociais, no processo de ensino</p><p>aprendizagem, são também destacados por Lorenzo (2013):</p><p>a) Centralização das atividades de ensino;</p><p>b) Aumento do senso de comunidade educativa para alunos e professores;</p><p>c) Aumento da fl uência e facilidade de comunicação entre professores e</p><p>alunos, com participação maior de todos;</p><p>d) Melhoria da efi cácia do uso das TIC, aglutinando pessoas, recursos e</p><p>atividades;</p><p>e) Facilidade na coordenação e conexão com estudantes;</p><p>f) Facilidade da comunicação e transmissão de informações entre docen-</p><p>tes, discentes e familiares.</p><p>25</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>Ao pensar na EAD com uma perspectiva comunicativa é necessário</p><p>entender que um dos grandes problemas de exclusão social está relacionado</p><p>à ausência de compartilhamento dos benefícios da ciência e tecnologia, que</p><p>podem desempenhar um importante papel na redução das desigualdades</p><p>sociais. Propagar ciência e tecnologia, por intermédio do trabalho de extensão</p><p>ou propagação de conhecimentos, recebe um sentido transformador, quando o</p><p>objetivo é gerar o envolvimento dos atores sociais interessados, para que estes</p><p>conhecimentos possam ser multiplicados.</p><p>A participação em curso à distância traz a inserção em ambientes nos quais</p><p>a comunicação é o centro da leitura e interpretação de materiais alocados em</p><p>diversos suportes como fóruns, chats, wikis ou blogs. Para Almeida (2003), estes</p><p>ambientes integram os envolvidos em todo o processo de ensino aprendizagem,</p><p>abarcando os seguintes objetivos:</p><p>a) Conviver com a diversidade e a singularidade;</p><p>b) Trocar ideias e experiências;</p><p>c) Realizar simulações,</p><p>d) Testar hipóteses;</p><p>e) Resolver problemas.</p><p>Este conjunto de objetivos é capaz de criar novas situações que se comple-</p><p>mentam ou culminam na construção coletiva de uma ecologia da informação em</p><p>que valores, motivações, hábitos e práticas são compartilhados (ALMEIDA, 2003,</p><p>P.14-5). Ainda dentro da linha da construção coletiva, destaca-se que discentes e</p><p>docentes utilizam o espaço virtual, não somente para tratar assuntos voltados ao</p><p>conteúdo programático ou acadêmico, mas também para marcar reuniões presen-</p><p>ciais, trocar referências de obras e estimular colegas a permanecerem no curso.</p><p>Sendo assim, relacionam-se diariamente e em vários momentos do dia, interagin-</p><p>do com pessoas de diversas partes do país e do mundo.</p><p>6.2 AVALIAÇÃO DIGITAL</p><p>O modelo de avaliação de estudantes tem passado por algumas mudanças,</p><p>de acordo com teorias defendidas por educadores, grupos educacionais e</p><p>instâncias governamentais. Assim, os modelos mais tradicionais, baseados</p><p>apenas em pontuações por erros, acertos e suas parcialidades, tem dado espaço</p><p>aos conceitos, cumprimento de objetivos ou demonstração de aprendizado,</p><p>26</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>em diferentes formas, mais adequadas à disciplina, docente e discente. Assim</p><p>também, a avaliação digital encontra duas formas básicas que podem coexistir,</p><p>seguindo os modelos adotados na educação tradicional.</p><p>O modelo de notas exatas soa aos tecnicistas como mais simples, uma vez</p><p>que conceitos não são exatos ou se somam, subtraem ou fazem a própria média.</p><p>Entretanto, padrões tradicionais também estão dando espaço a novos critérios de</p><p>classifi cação e aprovação. Superadas as barreiras e todos os desdobramentos da</p><p>inclusão digital para a docência, as avaliações digitais utilizam ferramentas que</p><p>privilegiam a utilização da avaliação como verifi cação do conhecimento, como os</p><p>testes de múltipla escolha aliados a ferramentas que demonstram o potencial do</p><p>aluno, por sua interação social nos chats e fóruns (ABED, 2004).</p><p>Importante observar que ferramentas de comunicação e interação fazem</p><p>parte das propostas de EAD, mas para fi ns de comprovação do processo de</p><p>avaliação, o uso de instrumentos tradicionais de avaliação ainda são os mais</p><p>utilizados, para compor de maneira matemática uma nota ou média fi nal. A</p><p>participação dos alunos em chats e fóruns ainda não é uma tarefa simples de</p><p>ser realizada, pois a tecnologia disponível atualmente nos AVA’s permite poucas</p><p>interações simultâneas. Se a turma for grande, pode ser difícil perceber um aluno</p><p>menos participativo, por ter compreendido o conteúdo. Desta forma, o modelo</p><p>adotado por Harvard ou MIT, poderia servir como inspiração para as propostas de</p><p>EAD no Brasil.</p><p>Considerando a evolução da tecnologia e todas as formas de inteligência,</p><p>possíveis de criação de algoritmos para medir os formatos de participação dos</p><p>alunos nas diversas interações virtuais, o papel docente transcende a mera</p><p>transmissão de conteúdos e aferição.</p><p>Verifi car a assimilação dos saberes específi cos é parte do processo de</p><p>avaliação, mas ele não se esgota nesta dimensão. A avaliação não é um momento</p><p>da proposta pedagógica de um curso, mas um de seus componentes constantes.</p><p>É fundamental considerar a avaliação como parte de um processo dinâmico, que</p><p>infl</p><p>uencia, mas ao mesmo tempo é infl uenciado pelas respostas dos alunos, pela</p><p>peculiaridade do contexto e do momento (CALDEIRA, 2004).</p><p>O conteúdo das interações produzidas em cursos online - content analysis</p><p>– é um vasto tema discutido atualmente, sendo possível identifi car mais de seis</p><p>milhões de resultados, somente no portal de buscas Google Acadêmico. Entre</p><p>estas publicações disponíveis, muitos autores não diferenciam os conceitos entre</p><p>participação e interação dos alunos, assumindo que toda mensagem gravada em</p><p>uma plataforma já recebe a atribuição de ser interativa. Desta forma, o critério</p><p>quantitativo pode ser considerado quanto ao número, tamanho e frequência</p><p>27</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>das mensagens, que cada aluno registre no sistema. De acordo com Caldeira</p><p>(2004), ainda são poucas as produções acadêmicas que tratam da natureza das</p><p>interações e fazem uma análise qualitativa das mesmas.</p><p>6.3 AMBIENTES VIRTUAIS DE</p><p>APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIAS</p><p>PEDAGÓGICAS</p><p>Ambientes virtuais de aprendizagem passam por mudanças constantes.</p><p>Assim como no passado era comum surgirem novos prédios de corporações</p><p>educacionais, ou, em uma escala mais simplista, salas de aula eram reformadas</p><p>para cada novo período letivo, assim também, os ambientes virtuais de</p><p>aprendizagem passam por transformações.</p><p>Silva (2003) defi niu o conceito de sala virtual para designar um ambiente</p><p>virtual de aprendizagem. Este conceito se complementa com o ambiente ser</p><p>também um espaço online integrador e de uma diversidade de quatro dispositivos</p><p>que possam possibilitar aos usuários uma maior comunicação com os demais</p><p>integrantes de uma turma, com professor/tutor, com os conteúdos e com a</p><p>realização das atividades disponibilizadas (ALVES, 2009). Desta forma, as</p><p>plataformas de ensino à distância trazem um AVA como uma simulação de sala de</p><p>aula, com uma qualidade semelhante a uma sala presencial, sendo necessário um</p><p>conjunto harmonioso e em perfeito alinhamento a ferramentas digitais disponíveis.</p><p>Indiferente se o processo de aprendizagem é à distância ou presencial, a</p><p>necessidade discente por feedback e incentivos para o seu processo de ensino</p><p>aprendizagem é latente. Este feedback está para além das notas das avaliações</p><p>somativas ou do seu conceito fi nal, ao contrário, deve fazer parte do cotidiano de</p><p>aprendizagem, construindo essa relação com os alunos. Por isso, faz parte da</p><p>estratégia pedagógica da EAD utilizar o ambiente virtual de aprendizagem como</p><p>uma interface tecnológica que proporcione uma experiência de aprendizado, de</p><p>forma a que garanta ao aluno:</p><p>a) Realizar atividades programadas;</p><p>b) Debater ideias;</p><p>c) Acessar o conteúdo das disciplinas;</p><p>d) Acompanhar o seu avanço pelo relatório de atividades.</p><p>28</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>O ambiente virtual limita a interação pessoal do aluno, mas democratiza o</p><p>acesso ao conhecimento, uma vez que possibilita a redução de custos, o tempo</p><p>de deslocamento, a manutenção da edifi cação de ensino e outras variáveis como</p><p>aquisição de material didático e alimentação.</p><p>Entre as estratégias pedagógicas mais utilizadas para manter os alunos inte-</p><p>grados estão os fóruns de discussão com moderação dos tutores ou administra-</p><p>dores do curso, o estímulo ao debate, gerenciamento de brainstorms, o comparti-</p><p>lhamento de conhecimento entre os participantes, de acordo com o planejamento</p><p>e objetivos estratégicos de cada curso ou disciplina. Outra importante ferramenta</p><p>é o calendário com prazos de entrega de trabalhos e eventos acadêmicos, que</p><p>auxiliam na construção e manutenção de habilidades essenciais ao mundo do</p><p>trabalho. As principais plataformas AVA utilizadas atualmente são:</p><p>a) Moodle: uma das mais utilizadas por alunos de universidades públicas</p><p>e privadas, apresentando interface fácil e design simples. Seu softwa-</p><p>re é gratuito e não exige conhecimentos técnicos complexos, garantindo</p><p>acessibilidade por ter código-fonte livre;</p><p>b) LMS Estúdio: sistema de fácil gerenciamento com visual profi ssional.</p><p>Plataforma voltada para criar, comercializar e ensinar cursos online. En-</p><p>tre seus recursos de ensino estão vídeos gravados e ao vivo, download</p><p>de materiais e conteúdos didáticos e de avaliação;</p><p>c) Teleduc: Desenvolvido pela Unicamp, tem como principal objetivo o su-</p><p>porte a apoio aos professores para sua formação em informática para a</p><p>educação;</p><p>Figura 4 - Paralelo de ações possíveis ao aluno em AVA e uma sala de aula tradicional</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>29</p><p>METODOLOGIAS DIGITAIS Capítulo 1</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>Conheça as principais plataformas virtuais, utilizadas</p><p>no ensino à distância:</p><p>www.modle360.com.br</p><p>www.lmsestudio.com.br</p><p>www.teleduc4.multimeios.ufc.br</p><p>www.ftp.inf.puc-rio.br</p><p>www.e-pronfo.mec.gov.br</p><p>d) AulaNet: Desenvolvido pela PUCRJ, tem como principal objetivo a ad-</p><p>ministração dos cursos à distância em ambientes colaborativos e edu-</p><p>cativos para usuários. Esta interatividade entre alunos e professores é a</p><p>principal ferramenta deste ambiente, favorecendo um ambiente educati-</p><p>vo efi ciente e acessível;</p><p>e) E-Proinfo: Desenvolvido pelo MEC, tem como fi nalidade o auxílio na</p><p>complementação do aprendizado de aulas presenciais e ensino a distân-</p><p>cia. Mais utilizado por instituições de ensino público.</p><p>Com a apresentação destas plataformas de AVA, encerramos o último capí-</p><p>tulo deste conteúdo, voltado às tecnologias ativas para a educação. Espero que</p><p>estes conhecimentos tenham agregado forma de relevante e que possamos nos</p><p>encontrar em outra oportunidade. Nossa despedida será com um respeitoso abra-</p><p>ço virtual!</p><p>ALGUMAS CONSIDERAÇÕES</p><p>Vimos que o perfi l dos estudantes, por força de atores sociais e tecnológicos</p><p>passa por modifi cações e, a cada geração novos paradigmas se impõe, o que</p><p>exige de sistemas educacionais e professores novas metodologias. Novas</p><p>gerações exigem novos métodos e uma postura mais ativa acompanha o</p><p>discente, o que exige dos docentes uma atitude de inserção desse aluno, em</p><p>uma atmosfera técnica e lúdica que o coloque como ator privilegiado no processo</p><p>de aprendizado, isso inclui uma maior democratização do contraditório, da</p><p>disseminação de ferramentas como games, internet, apps e gadgets que deem</p><p>suporte a tais implementos.</p><p>30</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>As tecnologias digitais de informação e comunicação representam um passo</p><p>signifi cativo na criação de uma esfera pública de debate e trocas informacionais de</p><p>diversos níveis, e isso não muda quando a temática se encontra com processos</p><p>de aprendizagem. Por isso, a educação não deve estar alijada desse processo,</p><p>ao contrário, deve estar entre os segmentos que ponteiam essa revolução multi</p><p>experiencial.</p><p>Tendo em vista que a transformação digital deixou as histórias de fi cção e já</p><p>integra nossa realidade, e com ela toda uma gama de ações e pensares sociais,</p><p>que está cada vez mais entremeada pela tecnologia. Atualmente, mais que reter</p><p>conhecimento, se exige a interação, o debate e a experimentação de novo habitat</p><p>digital, tão comum às novas gerações, mas que ainda representa para muitos um</p><p>surpreendente terreno a ser desbravado. E por isso, aqui estamos!</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALEGRIA, J. Os professores e a tecnologia na sala de aula. 2017. Disponível em:</p><p>https://www.futura.org.br/os-professores-e-a-tecnologia-na-sala-de-aula/. Acesso</p><p>em: 23 set. 2020.</p><p>ALMEIDA, M. E. B. 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Por que o computador na educação? In: VALENTE, José Armando.</p><p>Computadores e Conhecimento: repensando a educação. Campinas, Sp: Unicamp/</p><p>nied, 1993. p. 24-44. Disponível em: https://odisseu.nied.unicamp.br/wp-content/</p><p>uploads/other-fi les/livro-computadores-e-conhecimento.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>VIGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.</p><p>AGUIAR, J. M.; FERREIRA, C. S.; GARCIA, A. B. Aplicação de modelo de</p><p>tutoria proativa na modalidade semipresencial de ensino a distância utilizando</p><p>ferramentas de interatividade e personalização. EAD em Foco, [S.L.], v. 1, n. 1, p.</p><p>43-57, 15 abr. 2010. Fundacao CECIERJ. http://dx.doi.org/10.18264/eadf.v1i1.17.</p><p>Disponível em: https://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/article/</p><p>view/17/5. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>ALVES, L. Um olhar pedagógico das interfaces do Moodle. In: OKADA, A.;</p><p>BARROS, D.; ALVES, L. (Org.). 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Educaonline: Educomunicação</p><p>- Educação e Novas Tecnologias, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 125-149, jan./abr.</p><p>2012. Disponível em: http://www.latec.ufrj.br/revistas/index.</p><p>34</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>CAPÍTULO 2</p><p>Metodologias Ativas</p><p>Autoria: Thaise Dias Alves</p><p>Objetivos :</p><p> reconhecer e entender o que são metodologias ativas;</p><p> apresentar alguns autores que servem de aporte teórico e que estão</p><p>relacionados ao tema metodologias ativas;</p><p> compreender a importância da valorização e participação efetiva dos alunos na</p><p>construção do conhecimento;</p><p> apresentar práticas pedagógicas, possíveis de se aplicar na educação básica</p><p>e/ou superior, que valorizam o protagonismo dos estudantes;</p><p> observar o uso de algumas metodologias ativas, como: pedagogia de projetos,</p><p>sala de aula invertida, aprendizagem baseada em equipes e comunidades de</p><p>práticas.</p><p>Habilidades que o aluno deverá desenvolver :</p><p> Identifi car as formas de aplicação das metodologias ativas;</p><p> Compreender a história do ensino híbrido;</p><p> Descrever e analisar os diferentes papéis do professor e do aluno no uso das</p><p>metodologias ativas;</p><p> Aplicar as metodologias ativas em sala de aula;</p><p> Avaliar de maneira apropriada os alunos, levando em consideração que na</p><p>metodologia ativa não importa o resultado, e sim o processo.</p><p>Competências que deverá adquirir ao fi nal da disciplina:</p><p> Comparar o ensino tradicional com o ensino baseado nas metodologias ativas;</p><p> Valorizar os alunos e aprender a utilizar outras formas de ensinar em sala de</p><p>aula;</p><p> Estimular o aluno a ser responsável e autônomo dentro do processo de ensino</p><p>e aprendizagem;</p><p> Entender a realidade do aluno hoje e as mudanças no processo epistemológico,</p><p>tendo em vista as várias tecnologias digitais e as várias formas de aprender.</p><p>37</p><p>METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2</p><p>1 A APRENDIZAGEM É ATIVA</p><p>Ao longo de nossas vidas enfrentamos vários desafi os, seja aprendendo</p><p>ativamente entre as trocas de experiências com outro, seja desafi ando e</p><p>questionando, quando motivados pela nossa curiosidade, ou redescobrindo novas</p><p>dimensões da vida em meio a acertos e erros.</p><p>Como diria Paulo Freire, em sentido amplo, a aprendizagem é ativa, pois ela</p><p>ocorre acompanhada de um desejo</p><p>de participar e criar, não apenas no desejo</p><p>de se adaptar à realidade, “mas, sobretudo, de transformar, para nela intervir,</p><p>recriando-a” (FREIRE, 1996, p. 28). Mas por quais motivos esquecemos estes</p><p>elementos tão preciosos, como a criatividade e a atividade?</p><p>As últimas décadas foram marcadas por inúmeras pesquisas acerca de</p><p>como e porque aprendemos. A questão central é se o aprendizado efetivo</p><p>chega acompanhando do exercício e da prática, ou ocorre apenas por simples</p><p>transmissão.</p><p>Como resultado, surge o que denominamos como metodologias ativas,</p><p>um método de ensino e aprendizagem que movimenta o conhecimento e as</p><p>competências, a partir da experiência direta e sua interação, compreendendo que</p><p>a aprendizagem mais profunda e signifi cativa requer espaços abertos ao exercício</p><p>ativo do aluno em novos ambientes, certamente, mais ricos de oportunidades</p><p>para trabalhos colaborativos, práticos e interativos.</p><p>Nesta caminhada, caro estudante, veremos como os papéis do educador</p><p>e educando se alteram, pois, pensando em metodologias ativas, o professor</p><p>deixa de ser o guia e censor, para transformar-se em tutor, mediador e curador</p><p>dos melhores conteúdos. Já o aluno passa a ocupar papel central, construindo</p><p>o seu conhecimento na interação cooperativa, sendo assim o protagonista e</p><p>autor do conhecimento. Além disso, compreenderemos o que signifi ca o famoso</p><p>ensino híbrido, esta junção entre o melhor dos dois mundos: o online e o offl ine,</p><p>observando algumas práticas efetivas que envolvem o uso de tecnologias, como:</p><p>a pedagogia de projetos, a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em</p><p>equipes e as comunidades de prática (COPs).</p><p>As novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) permearam a</p><p>nossa conversa, afi nal, elas auxiliam os profi ssionais da educação dispostos a</p><p>reinventar o ato de educar.</p><p>Vamos lá?</p><p>38</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>1.1 METODOLOGIAS ATIVAS DE</p><p>ENSINO E DE APRENDIZAGEM</p><p>Você já parou para pensar que nós, enquanto educadores, somos uma ge-</p><p>ração não tecnológica tentando ensinar uma geração totalmente imersa na tec-</p><p>nologia? E que se o mundo passou por transformações de forma tão drástica nas</p><p>últimas décadas, não seria um grande erro acreditar que o ato de aprender e ensi-</p><p>nar deva permanecer da mesma forma? A prova de que devemos nos questionar</p><p>acerca de como aprender e ensinar, a partir destas e de outras perguntas, se</p><p>inscreve no momento contemporâneo, onde os desafi os docentes frente a novos</p><p>desafi os fi cou ainda mais evidente. Se estamos diante de tempos incertos, quanto</p><p>aos comportamentos nos próximos anos, a única certeza que temos é que falar</p><p>de educação nunca mais será mesma forma.</p><p>Enquanto escrevo para você, estamos em meio a maior pandemia mundial</p><p>enfrentada por gerações, sem previsão de retorno às aulas, e ela evidenciou a</p><p>importância de estar preparado para realizar trabalhos à distância, que exijam o</p><p>uso de outras metodologias, muito mais interativas, dinâmicas, personalizadas,</p><p>rápidas, atraentes, indo além do uso do giz, do quadro, da sala de aula presen-</p><p>cial e dos materiais impressos. Neste contexto, as tecnologias educacionais, as</p><p>famosas TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) e as TDIC (Tecnologias</p><p>Digitais da Informação e Comunicação) emergem como aliadas, quando o assun-</p><p>to é personalização e autonomia dentro do processo de ensino e aprendizagem.</p><p>Ao analisar separadamente metodologia e metodologia ativa, constatamos</p><p>que a primeira é bastante conhecida e que se constitui como as diretrizes para</p><p>o processo de ensino aprendizagem, resultando em estratégias, técnicas, exer-</p><p>cícios e abordagens. A segunda direciona-se à participação efetiva e intencional,</p><p>não só do educador, mas principalmente do estudante, com a utilização de vários</p><p>recursos, fl exíveis, personalizados e adaptáveis aos discentes e as suas várias</p><p>formas de aprender. Este processo visa garantir o respeito ao ritmo de aprendiza-</p><p>gem de cada aluno, e não o seu contrário. No entanto, como é possível colocar</p><p>em prática a metodologia ativa?</p><p>A partir de vários modelos, dentre eles, o modelo híbrido. Vamos entender</p><p>um pouco mais acerca deste conceito. Acompanhando as transformações globais</p><p>e suas mudanças, especialistas e educadores brasileiros, como Lilian Bacich e</p><p>José Moran, importaram alguns métodos americanos com intuito de modifi car gra-</p><p>dativamente a cultura escolar, logo após perceber a necessidade de inserir meto-</p><p>dologias e práticas disruptivas de ensino, no Brasil.</p><p>Um dos métodos mais famosos, e que ganhou espaço no cenário brasileiro,</p><p>é o ensino híbrido, um misto entre o ensino presencial e à distância, também co-</p><p>39</p><p>METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2</p><p>nhecido como blended learning (b-learning), abordado e difundido pelos autores</p><p>Clayton M. Christensen e Jonathan Bergmann, em suas famosas obras: O dilema</p><p>da Inovação e Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem.</p><p>Literalmente, b-learning, ou ensino híbrido, signifi ca encarar o ensino online como</p><p>espinha dorsal do processo ensino aprendizagem, mudança que pode ocorrer</p><p>lentamente, mas que se torna disruptiva e irreversível, a partir do momento em</p><p>que rompe com os padrões tradicionais da educação, ao reposicionar o aluno da</p><p>margem, ao centro do processo do processo de ensino aprendizagem.</p><p>Segundo Bacich e Moran (2018), existem três movimentos ativos básicos</p><p>que compõem a concepção de Ensino Híbrido:</p><p>a) Individual: onde os alunos percorrem e traçam seus caminhos (ao menos</p><p>em partes);</p><p>b) Grupal: momento em que o aluno dialoga e amplia o seu conhecimento na</p><p>troca e compartilhamento, como na produção e discussão entre pares;</p><p>c) Tutorial: que corresponde a aprender com pessoas mais experientes e</p><p>que podem orientar naquele determinado campo e atividade (colega,</p><p>mentor, professor etc.).</p><p>Figura 1 - O professor deve se reinventar no mundo contemporâneo</p><p>Fonte: Google Imagens, 2020.</p><p>Assim, ainda que o papel do professor se modifi que no ensino híbrido, como</p><p>metodologia ativa, não diminui sua relevância, só que agora ocupará uma posição</p><p>diferente: a de elaborar e selecionar as atividades mais aplicáveis ao cotidiano</p><p>dos alunos, os recursos mais aderentes, assim como os objetos e meios, além de</p><p>coordenar, cuidar e zelar para que o aluno avance efetivamente no seu processo</p><p>de ensino aprendizagem. Sendo assim, a responsabilidade desse processo deixa</p><p>de ser exclusivamente do professor e este movimento torna o discente parte ativa</p><p>e colaborativa do seu processo de ensino aprendizagem.</p><p>40</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>Trabalhar com ensino híbrido signifi ca o mesmo que lançar mão de vários</p><p>expedientes para ensinar, em especial, os tecnológicos, dando ênfase à autonomia</p><p>dos alunos a partir de trabalhos individuais ou coletivos, fora ou dentro do espaço</p><p>da sala de aula, como por exemplo:</p><p>a) Do ensino baseado em projetos;</p><p>b) Das comunidades de práticas;</p><p>c) Aprendizagem baseada em equipes;</p><p>d) De um ensino que ultrapasse a tradicional concepção de espaço e</p><p>tempo, como na sala de aula invertida (fl ipped classroom).</p><p>SAIBA MAIS</p><p>TDIC são tecnologias digitais de informação e comunicação.</p><p>Usá-las na educação corresponde a ensinar fazendo o uso de</p><p>tecnologias, hardware, softwares, aplicativos, o que nos leva a</p><p>ferramentas como podcast, simuladores de realidade virtual, games</p><p>interativos, plataformas de interação entre professor e aluno, como</p><p>moodle, AVA, dentre outros. O uso das TDIC e TIC chega com a</p><p>inclusão digital, sendo um grande aliado, tanto na capacitação dos</p><p>docentes, quanto no uso prática na sala de aula.</p><p>2 PROCESSO DE ENSINO E</p><p>APRENDIZAGEM EMBASADO EM</p><p>PRÁTICAS, METODOLOGIAS E</p><p>TRABALHO COLABORATIVO</p><p>O educador que integra as metodologias ativas em sua prática é aquele</p><p>disposto a romper com hierarquia de domínio, da disciplina e do silêncio,</p><p>ampliando a confi ança que antes era mínima ¬– como no caso do ensino</p><p>41</p><p>METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2</p><p>Mas como é possível</p><p>oferecer esse ensino personalizado, colaborativo e ati-</p><p>vo se a realidade do professor é de 40 horas/aulas semanais, com salas cheias e</p><p>tendo em média 50 alunos? Sem contar a falta de estrutura escolar nas redes pú-</p><p>blicas ou do alcance ainda precário da internet, sem cobrir as zonas rurais ou as</p><p>regiões periféricas. A questão é derrubar mitos e o senso comum, que causam re-</p><p>sistência na adoção de novas formas de educar. Antes de falarmos de metodolo-</p><p>gia ativas, o mais importante será tratar da mudança no pensamento do educador</p><p>(mindset), ajustes disruptivos, como estruturar a sala de uma forma que o debate</p><p>possa ocorrer, sugerindo a formação de pequenos círculos de mesas e cadeiras,</p><p>com equipes que trabalham temas distintos e de forma multidisciplinar, como na</p><p>montagem de uma aula com Rotação por Estações, ou no Laboratório Rotacional.</p><p>De fato, modelos de ensino híbrido que exigem mais da criatividade do edu-</p><p>cador, mas por outro lado promovem uma aula mais participativa, ativa e coopera-</p><p>tiva e por consequência mais efi ciente e signifi cativa para o aluno.</p><p>Um dos grandes problemas encontra-se na cultura educacional – e isto</p><p>signifi ca que todos nós fazemos parte desta cultura, docentes, discentes, família</p><p>e sociedade em geral – em que as aulas ainda são planejadas, levando em</p><p>consideração o perfi l médio dos alunos. Em uma sala de aula, em que encontramos</p><p>alunos retroativos, interativos e proativos, é necessário dar um novo passo e rever</p><p>os extremos, perceber que cada aluno possui sua forma individualizada e pessoal</p><p>de aprender. É necessário admitir que isto não é um problema a ser superado, mas</p><p>Figura 2 - Aprendizado atônomo</p><p>Fonte: Freepick.com</p><p>tradicional e conteudista ¬– para conquistar os alunos e promover um aprendizado</p><p>mais independente e, principalmente, mais colaborativo. Para tanto, o primeiro</p><p>passo será enxergar crianças e adolescentes como seres autores e dotados de</p><p>um potencial excepcional.</p><p>42</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>Laboratório rotacional é um entre os vários modelos de</p><p>ensino híbrido, onde os alunos são divididos em grupos e</p><p>rotacionam entre os demais grupos da sala de aula e o la-</p><p>boratório de informática, realizando a prática nos computa-</p><p>dores e esclarecendo as dúvidas em sala, com o professor</p><p>ou tutor. Já no modelo de rotação por estações, professor</p><p>e os alunos se organizam dentro da sala de aula a partir de</p><p>estações de trabalho com diferentes temas pelos quais os</p><p>alunos irão transitar. Sugere-se que uma das estações con-</p><p>tenha atividade online, porém, não é obrigatório. Saiba mais</p><p>em https://www.youtube.com/watch?v=bJRF5jxeKMc</p><p>uma situação a ser explorada, para que tais diferenças se complementam durante</p><p>os projetos de trabalho, através do aprendizado colaborativo - em que alunos mais</p><p>velhos colaboram com os mais novos, ou alunos proativos colaborem com alunos</p><p>interativos e estes com os retroativos, proporcionando uma transformação. Desta</p><p>forma, tutores provisórios são eleitos e irão auxiliar em laboratórios de informática</p><p>e em determinadas atividades. Esta mudança faz com que o aluno se sinta parte</p><p>importante e ator principal dentro deste processo de construção do seu próprio</p><p>conhecimento e do conhecimento dos demais atores envolvidos, ressignifi cando</p><p>seu processo de ensino aprendizagem.</p><p>Portanto, as modifi cações nas metodologias de ensino, no espaço físico e na</p><p>aula em si, precisam ocorrer, seja no simples ajuste na disposição das cadeiras</p><p>e mesas, ou com a proposta e promoção de aulas fora do espaço convencional –</p><p>no pátio, no jardim, laboratório – mas principalmente com a mudança na postura</p><p>da cultura educacional, possibilitando ao professor que assuma seu papel de</p><p>mediador, retirando-se do púlpito central para estar na mesma altura de seus</p><p>alunos. Com o uso de metodologias ativas, o professor passa a ser um guia,</p><p>mais disposto a ouvir do que a falar, abrindo espaço para sugestões de temas e</p><p>conteúdos que agreguem ao desenvolvimento dos atores de suas turmas.</p><p>Neste primeiro momento, é necessário compreender que a mudança principal</p><p>não está na simples dinâmica de troca da metodologia tradicional pelo uso de</p><p>novas e complexas tecnologias da moda, mas na mudança de pensamentos e de</p><p>pequenas práticas que possam promover interações signifi cativas. Nos próximos</p><p>tópicos veremos como colocar em prática estas mudanças e como o estudo</p><p>colaborativo pode deixar de ser apenas uma teoria.</p><p>43</p><p>METODOLOGIAS ATIVAS Capítulo 2</p><p>3 PRÁTICAS DOCENTES INOVADORAS</p><p>3.1 INCORPORAÇÃO</p><p>Sabendo que a tecnologia se expande e é atraente, educadores estão colo-</p><p>cando em prática as metodologias ativas e aventurando-se nas plataformas, pes-</p><p>quisas na internet, uso da pedagogia de projetos, de games e gamifi cação. No</p><p>entanto, na hora de pôr em prática, nem sempre o sucesso é garantido. Isso nos</p><p>faz questionar se o problema estaria apenas na resistência por parte da cultura</p><p>escolar, ou se também perpassa pela necessidade de compreender a dinâmica,</p><p>para efi ciência destas metodologias.</p><p>É importante ressaltar que a proposta não se refere ao abandono de métodos</p><p>já utilizados pelos docentes, mas acrescentar métodos ativos no processo de ensi-</p><p>no aprendizagem pode revolucionar as relações de conhecimento contínuo. Veremos</p><p>um pouco sobre algumas ferramentas inovadoras, como da sala de aula invertida,</p><p>que coloca de ponta cabeça o ritmo tradicional da aula. No segundo momento, enten-</p><p>deremos o porquê a pedagogia de projetos é importante, respeitando sua metodolo-</p><p>gia, bem como a aprendizagem baseada em problemas. Por último, compreendere-</p><p>mos a importância do trabalho em equipe dentro da perspectiva do aluno, no centro</p><p>do processo de ensino aprendizagem com as comunidades de prática (COPs).</p><p>3.2 A SALA DE AULA INVERTIDA</p><p>Enquanto professores, sabemos que na sala de aula tradicional o tempo é</p><p>limitado, tendo em média 40 minutos de exposição do professor, cinco minutos</p><p>para debate e outros cinco para exercícios, sem contar a chamada e contratempos.</p><p>E se tivéssemos mais tempo para ensinar? Quando você inverte a sala de aula, a</p><p>relação com o tempo e espaço se modifi cam e algumas atividades tão importantes</p><p>como o momento da dúvida e da prática se tornam a parte principal da aula. Na</p><p>dinâmica da sala de aula invertida, o professor pode propor ao aluno que inverta</p><p>o processo, proporcionado através da postagem de determinados elementos em</p><p>uma plataforma digital, como mídias, vídeos gravados, vídeo do Youtube, textos,</p><p>slides, reportagens, músicas e fi lmes, que devem ser verifi cados em tempos e</p><p>espaços diversos à sala de aula, antes que os encontros aconteçam. A partir do</p><p>momento em que o aluno tem um contato prévio com os materiais, antes da aula</p><p>presencial, ele se sente mais engajando e adota outra postura para conversar,</p><p>tirar dúvidas, discutir com os outros colegas, questionando de uma maneira mais</p><p>crítica, uma vez que o diálogo tem a possibilidade de ocorrer.</p><p>44</p><p>TÓPicos EsPeciais em EducaÇÃo</p><p>Esta inversão faz com que o tempo deixe de ser um vilão, além de transformar</p><p>o tempo presencial em um momento mais dinâmico, reservado para tirar dúvidas,</p><p>interagir com jogos, realizar questionários e simulações. Consequentemente, o</p><p>aluno terá espaço para uma interagir e ser mais ativo, adotando uma postura</p><p>protagonista em sala de aula.</p><p>Figura 3 - Espaços de aprendizagem</p><p>Fonte: Adaptada de Horn; Staker, 2015.</p><p>De forma prática, a modalidade sala de aula invertida necessita de um am-</p><p>biente de virtual de aprendizagem (AVA), que podem ser pagas ou gratuitas como</p><p>a plataforma moodle, blog ou Google Classroom, para que a indicação prévia de</p><p>conteúdos possa ser realizada. O professor pode até mesmo convidar os alunos a</p><p>participar da construção deste ambiente, possibilitando que a turma seja protago-</p><p>nista também nesta seleção.</p><p>Para que a sala de aula invertida possa ser concretizada, você poderá iniciar</p><p>as indicações em um momento presencial, informando, por exemplo,</p>