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et al, 2003 Problemas psicossomáticos Mikklesen & Einarsen, 2002; Leymann, 1990; Alkimin, 2005 Aumento no nível de stress do indivíduo Mikklesen & Einarsen, 2002; Ashforth 1994; Ayoko, Callan & Hartel, 2003 Ansiedade, depressão Zapf 1999; SPF, 2005; Di Martino et al, 2003; Leymann, 1990; Niedl, ; Seco, 2003; Ayoko, Callan & Hartel, 2003; Soares, 2002; Barreto, 2000; Hirigoyen, 2001; Piñuel y Zabala, 2003; Piñuel y Zabala, 2004; Piles de la Fuente, 2001 Paulatina despersonalização Heloani, 2004 Comportamentos agressivos e auto-agressivos Nidle, 1996; Guimaraes e Rimoli, 2006; SPF, 2005 Insônia, melancolia, apatia, socio-fobia Bjorkvist et al, 1994 in Einarsen, 2002; Seco, 2003; Piñuel y Zabala, 2003; Piñuel y Zabala, 2004 Isolamento social, raiva, comportamento compulsivo, desespero Leymann, 1990; Vaez, Eckberg & Laflamme, 2004 Aumento problemas de saúde e psicossomáticos Mikkelsen & Einarsen, 2002; Niedl, 1996; Di Martino et al, 2003; Seco, 2003; Djurkovic, McCormack & Casimir, 2004; Barreto, 2000; Hirigoyen, 2001 Aumento na visão negativa de si mesmo, de outros e do mundo Mikkelsen & Einarsen, 2002 Insegurança, irritação Piñuel y Zabala, 2003; Piñuel y Zabala, 2004 Alterações nos estados de ânimo, como o transtorno obsessivo e o bipolar Agust y Beas, 2001; González de Rivera, 2001; Fonte: Compilado pela autora Leymann e Gustafsson (1996) mostram que as vítimas de assédio moral apresentam um quadro severo de PTSD com efeitos mentais compatíveis com os apresentados por prisioneiros de guerra e que as vítimas de assédio moral sofreriam efeitos piores que, por exemplo, maquinistas que matam pessoas suicidas. Os efeitos são sentidos mesmo depois de muitos anos que a situação de assédio acabou. Mikklesen e Einarsen (2002a) descobriram 96 que 54% das vítimas ainda exibiam sintomas de PTSD cinco anos após a saída da empresa. Segundo eles, estas vítimas sofrem pelo menos um sintoma de re-experimentação do trauma como, por exemplo, quando revivem o trauma nos sonhos, quando experimentam estresse psicológico ou quando são expostas a situações que se parecem com o evento traumático. Outra característica das vítimas é que evitam estímulos que estão relacionados ao trauma. Monaghan (2007) explica que PTSD reflete o despedaçamento da maneira como um indivíduo vê o mundo, sua consciência e seu senso de “eu”. O trauma pode levar o indivíduo a dizer que não se sente o mesmo e realmente o indivíduo não é ele mesmo. Segundo esta pesquisadora, o impacto desumano deste trauma severo fragmenta o ser e despedaça a identidade da vítima. E isto é ainda pior se a vítima conhece o agressor e se aqueles de quem a vítima espera e busca suporte não lhe dão apoio, resultando em um segundo trauma. Os indivíduos que sofrem de PTSD vivem como se a experiência traumática tivesse ocorrido recentemente, embora possa ter ocorrido há muitos anos, e alguns eventos podem desencadear a sensação de estar revivendo a experiência traumática. Estas pessoas vivem em um estado bifásico que limita sua capacidade de funcionar normalmente, isto significa que o indivíduo oscila descontroladamente entre um estado de super-excitação (está intensamente alerta) e hipo-excitação (anestesiado e dissociado).Tornar-se extremamente defensivos, agressivos, alertas, vigilantes e com explosões de raiva são comportamentos freqüentes de defesas no estado hiper-excitado. Exemplos de comportamento defensivo hipo-excitado seriam submissão, limites pessoais inadequados, sensações de não “valer nada” e de não prestar, pensamentos suicidas, apresentar-se como vítimas, obediência extrema e comportamentos não-expressivos. Estes comportamentos bifásicos limitam o funcionamento normal dentro da sociedade. As mudanças de humores, especialmente se combinadas com inabilidade ou impossibilidade do indivíduo de contar o trauma podem levar profissionais da saúde a diagnosticar as vítimas como sofrendo de depressão maníaca. (MONAGHAN, 2007) Luna (2003) explica que, junto ao reconhecimento do assédio, alguns mecanismos de alerta disparam nas vítimas, aparecendo uma hiper-vigilância permanente. Assim a vítima se vê em uma situação de alerta constante e frente a qualquer estímulo exterior a vítima pode ver uma possível agressão. Assim o sono, o apetite, bem como o rendimento do trabalho das vítimas são prejudicados, dando novos argumentos para o agressor. 97 Além destes efeitos graves, Field alerta para o fato de que há ainda pouco conhecimento sobre como intervenções medíocres ou mal-feitas feitas pelas organizações e por médicos podem levar a um trauma secundário. (FIELD, 2004) Hirigoyen (2001) aponta que há conseqüências específicas derivadas das situações de assédio moral e que diferenciam o quadro de assédio de outras formas de sofrimento com o predomínio da vergonha e da humilhação. Ela notou que freqüentemente a vítima não sente ódio pelo agressor e que as vítimas parecem querer se reabilitar e recuperar sua honra perdida. 3.1.3 Conseqüências para a carreira As interrupções por motivos de saúde, as licenças médicas, o nervosismo, a depressão, os efeitos do alcoolismo, a dificuldade crescente em se comunicar e interagir com o grupo resultante da ação do assediador e das constantes licenças médicas acabam prejudicando a atuação profissional da vítima e a qualidade de seu trabalho. Quando a competência profissional é questionada, isto se apresenta como um desafio à identidade no nível mais fundamental. (MAITLIS e OZCELIK, 2004) Para Barreto, o sentido do trabalho constitui um processo complexo resultante de um contexto de interações e constituições sociais que envolvem o campo de auto-realização, independência, valorização e dependência. Contém a objetividade e a subjetividade, individual e coletiva envolvendo um complexo jogo de sentimentos, emoções, pensamento, desejos e necessidades, assim “estar desempregado ou ficar sem emprego, mesmo que temporariamente, é devastador para a identidade.” (BARRETO, 2000, p. 142) Luna (2003) lembra que é indiscutível que os trabalhadores assediados projetam negativamente suas experiências sobre seu trabalho, já que, entre outras conseqüências, o assédio afeta os canais de comunicação e as relações sociais que os trabalhadores têm de manter para realizar adequadamente seu trabalho. Assim, é natural que haja a diminuição da qualidade e da quantidade de trabalho executado e o trabalho de todo o grupo será afetado. É preciso lembrar também que a intenção por trás da situação de assédio é que a vítima saia, que abandone a empresa, neste sentido, os ataques constantes vão minando sua confiança profissional, afetando suas chances de se colocar no mercado. Com o tempo, lembra Heloani 98 (2003b), o assédio faz com que as vítimas acreditem ser o que se diz delas, ou seja, desatentas, inseguras, incompetentes e frágeis e podem entrar em uma espiral depressiva, afetando seu desempenho no trabalho e realizando a profecia do agressor. Para piorar, os efeitos são sentidos não somente no curto prazo, na relação de trabalho com o atual empregador, mas podem afetar as relações de trabalho futuras, pois a autoconfiança, a confiança na qualidade de seu trabalho, a auto-estima profissional são importantes para conquistar um novo trabalho e também para realizar a tarefa. Nahapiet e Ghoshal lembram que o assédio pode ter um efeito devastador sobre a capacidade da vítima de confiar na organização e no seu capital social (apud SALIN, 2003b). Hoje se sabe que o capital social é uma das vantagens competitivas mais importantes para um profissional, o assédio pode afetar não só sua vida no momento, mas também suas relações de trabalho futuras. Portanto, os afastamentos por doenças, as perdas de capital social, a perda do respeito dos colegas, a perda