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<p>Projetos Ambientais</p><p>Wanessa Müller Bujokas</p><p>2017</p><p>Curitiba-PR</p><p>Projetos Ambientais</p><p>Wanessa Müller Bujokas</p><p>Catalogação na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal do Paraná</p><p>Atribuição - Não Comercial - Compartilha Igual</p><p>Odacir Antonio Zanatta</p><p>Reitor pro tempore</p><p>Marcos Paulo Rosa</p><p>Chefe de Gabinete</p><p>Amarildo Pinheiro Magalhães</p><p>Pró-Reitor de Ensino</p><p>Celso Luiz Buiar</p><p>Pró-Reitor de Administração</p><p>Marcelo Estevam</p><p>Pró-Reitor de Extensão, Pesquisa e</p><p>Inovação</p><p>Eliane Aparecida Mesquita</p><p>Pró-Reitora de Gestão de Pessoas</p><p>Marcos Antonio Barbosa</p><p>Diretor Geral de Educação a Dis-</p><p>tância</p><p>Kriscie Kriscianne Venturi</p><p>Diretor de Ensino e Desenvolvim-</p><p>ento de Recursos Educacionais</p><p>Gisleine Bovolim</p><p>Diretora de Planejamento e Ad-</p><p>ministração</p><p>Vania Carla Camargo</p><p>Coordenadora de Ensino dos Cur-</p><p>sos Técnicos</p><p>Gustavo Luis Lopes Silveira</p><p>Coordenador do Curso</p><p>Lucilene Fátima Baldissera</p><p>Coordenadora de Design Educa-</p><p>cional</p><p>Lídia Emi Ogura Fujikawa</p><p>Designer Educacional</p><p>Kenedy Rufino</p><p>Designer Instrucional</p><p>Fabíola Penso</p><p>Viviane Motim</p><p>Diagramação</p><p>Paulo Pesinato</p><p>Mirian de Brito</p><p>Revisão ortográfica</p><p>Patricia Stuart Guibes</p><p>Iconografia</p><p>Alessandra Zilli</p><p>Ilustração</p><p>Ester dos Santos Oliveira</p><p>Lídia Emi Ogura Fujikawa</p><p>Projeto Instrucional</p><p>Diego Windmoller</p><p>Projeto Gráfico</p><p>INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para a rede e-Tec Brasil.</p><p>Presidência da República Federativa do Brasil</p><p>Ministério da Educação</p><p>Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica</p><p>CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE</p><p>Turma: 2015/2016</p><p>Apresentação e-Tec Brasil</p><p>Prezado estudante,</p><p>Bem-vindo à Rede e-Tec Brasil!</p><p>Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma das ações</p><p>do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. O Pronatec,</p><p>instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo principal expandir, interiorizar e</p><p>democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a po-</p><p>pulação brasileira, propiciando um caminho de acesso mais rápido ao emprego.</p><p>É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre a Secretaria de</p><p>Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias promotoras de ensino técnico</p><p>como os Institutos Federais, as Secretarias de Educação dos Estados, as Universidades, as</p><p>Escolas e Colégios Tecnológicos e o Sistema S.</p><p>Assim, a Educação a Distância no nosso país, de dimensões continentais e grande</p><p>diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir</p><p>acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da formação de jovens</p><p>moradores de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes</p><p>centros.</p><p>A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país, incentivando</p><p>os estudantes a concluir o Ensino Médio e realizar uma formação e atualização contínuas.</p><p>Os cursos são ofertados pelas instituições de educação profissional e o atendimento ao</p><p>estudante é realizado tanto nas sedes das instituições quanto em suas unidades remotas,</p><p>os polos.</p><p>Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional qualificada –</p><p>integradora do ensino médio e educação técnica, sendo capaz de promover o cidadão</p><p>com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes</p><p>dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética.</p><p>Nós acreditamos em você!</p><p>Desejamos sucesso na sua formação profissional!</p><p>Ministério da Educação</p><p>Março de 2016</p><p>Nosso contato</p><p>etecbrasil@mec.gov.br</p><p>Indicação de ícones</p><p>Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de</p><p>linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.</p><p>Fique atento!</p><p>Indica o ponto de maior relevância no texto.</p><p>Pesquise!</p><p>Orienta ao estudante que desenvolva atividades de pesquisa,</p><p>que complementem seus estudos em diferentes mídias: vídeos,</p><p>filmes, jornais, livros e outras.</p><p>Glossário</p><p>Indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada</p><p>no texto.</p><p>Você sabia?</p><p>Oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curio-</p><p>sidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado.</p><p>Pratique!</p><p>Apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para</p><p>que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do</p><p>tema estudado.</p><p>Design do componente</p><p>Unidade</p><p>Unidade</p><p>Unidade</p><p>Unidade</p><p>1</p><p>3</p><p>2</p><p>4</p><p>O meio ambiente e os Projetos</p><p>Ambientais</p><p>O homem e a natureza</p><p>Mais dois passos para a confecção do</p><p>projeto: a justificativa e os objetivos</p><p>A justificativa</p><p>Objetivos</p><p>O que são projetos e</p><p>seus primeiros passos</p><p>Definição do projeto</p><p>Escolha do tema</p><p>Formulação do problema</p><p>Formulação da hipótese</p><p>Como confeccionar um projeto? Os</p><p>elementos que compõem a estrutura de</p><p>um projeto</p><p>Elementos de um projeto</p><p>Introdução</p><p>Revisão da literatura</p><p>Materiais e métodos</p><p>Resultados esperados</p><p>Considerações finais ou conclusão</p><p>13</p><p>14</p><p>29</p><p>30</p><p>32</p><p>21</p><p>22</p><p>23</p><p>25</p><p>26</p><p>35</p><p>36</p><p>38</p><p>40</p><p>40</p><p>42</p><p>43</p><p>Unidade</p><p>5</p><p>Como confeccionar um projeto? A importân-</p><p>cia da escrita</p><p>Planejando a escrita do projeto</p><p>Escrevendo o texto</p><p>Plágio</p><p>45</p><p>46</p><p>47</p><p>48</p><p>Unidade</p><p>Unidade</p><p>6</p><p>7</p><p>Projetos Ambientais e as</p><p>Comunidades Tradicionais</p><p>Conhecendo um pouco mais</p><p>sobre os povos e as comunidades tradicionais</p><p>Os projetos e as comunidades</p><p>Gerenciar conflitos</p><p>As comunidades tradicionais e a criação de unidades de conservação</p><p>Implantação, Avaliação e</p><p>Sustentabilidade de Projetos Ambientais</p><p>Saindo do papel</p><p>Avaliando o projeto</p><p>A sustentabilidade do projeto</p><p>61</p><p>62</p><p>63</p><p>65</p><p>66</p><p>53</p><p>54</p><p>57</p><p>58</p><p>Unidade</p><p>Unidade</p><p>8</p><p>9</p><p>Projetos de recuperação de áreas</p><p>degradadas (PRAD)</p><p>Degradação ambiental,</p><p>restauração ecológica e recuperação de áreas degradadas</p><p>Atividades impactantes e a lei ambiental</p><p>Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)</p><p>Instrução Normativa no 4 do IBAMA (2011) e</p><p>Composição do PRAD</p><p>Roteiro de elaboração e financiamento</p><p>de projetos ambientais</p><p>Introdução</p><p>Modelo de projeto socioambiental</p><p>Financiamento do Projeto</p><p>Projetos Ambientais e a</p><p>Educação Ambiental</p><p>A Educação Ambiental</p><p>A tragédia dos comuns</p><p>Ecologia cívica</p><p>Projetos ambientais e educação ambiental</p><p>79</p><p>80</p><p>83</p><p>84</p><p>84</p><p>89</p><p>90</p><p>91</p><p>91</p><p>71</p><p>72</p><p>73</p><p>74</p><p>76</p><p>Unidade</p><p>10</p><p>Palavra da autora</p><p>Olá e sejam bem-vindos à disciplina de Projetos Ambientais. Estou extremamente fe-</p><p>liz em oferecer a vocês o conteúdo desse componente curricular. Espero que, além de</p><p>aprender sobre os projetos ambientais, vocês também reflitam e construam conhecimen-</p><p>to e opiniões sobre as questões ambientais.</p><p>Este material se propõe a introduzi-los às questões básicas sobre os estudos ambientais</p><p>e sobre os projetos relacionados a esses estudos. O meu desejo é que o aprendizado de</p><p>vocês seja prazeroso, leve e construtivo. Investir no estudo é investir em si mesmo, nos</p><p>traz, além de conhecimento, segurança e liberdade de escolha. Portanto, aproveitem ao</p><p>máximo e nunca deixem de se atualizar.</p><p>Professora Wanessa Müller Bujokas</p><p>Apresentação do</p><p>componente curricular</p><p>É um grande prazer desenvolver este material didático para vocês. Vamos juntos iniciar</p><p>uma caminhada de conhecimento sobre os projetos e os estudos ambientais. A questão</p><p>ambiental é de extrema importância para o nosso bem-estar e para a nossa sobrevivência</p><p>no planeta Terra, por isso deve-se dar uma atenção especial aos estudos e aos projetos</p><p>ambientais, entendendo o que são e como devem ser desenvolvidos, o que faremos</p><p>nessa caminhada. Então, aproveito para dizer que são dois os principais desafios a serem</p><p>alcançados com esse conteúdo.</p><p>O primeiro se refere ao aprendizado sobre projetos, as suas principais características e</p><p>componentes, de forma que o aprendizado seja claro e objetivo, permitindo a vocês uma</p><p>boa formação e segurança na futura atuação profissional.</p><p>Já o segundo desafio é direcionado à sensibilização sobre as questões ambientais. Não</p><p>vejo como ser possível desenvolver projetos relevantes sem que o executor concorde com</p><p>a importância sobre</p><p>que</p><p>muitas vezes são difíceis para o autor, pois aquilo já está pré-gravado na mente, dificul-</p><p>tando a percepção de quem escreveu. Para notar melhor a sequência do tema, uma dica</p><p>interessante é anotar ao lado de cada parágrafo o tema principal tratado nele, assim</p><p>você controla melhor o que já foi dito e ainda falta dizer, mas também serve para reunir</p><p>as ideias de forma mais adequada, para não ficar indo e voltando em um mesmo tema</p><p>várias vezes ao longo do texto (SAIANANI, 2012).</p><p>Terminou a revisão, calma, antes de finalizar o trabalho vale a pena uma revisão mais cui-</p><p>dadosa de pontos específicos. Verifique os números, se o que foi citado em uma tabela</p><p>corresponde ao que está no texto, se as figuras foram citadas no texto. Também verifique</p><p>as afirmações, cuidado com contradições nas argumentações. Um ponto que sempre dá</p><p>problema é com as referências bibliográficas, reveja se todas que se encontram no texto</p><p>foram citadas no item correspondente.</p><p>Plágio</p><p>O nosso conhecimento sobre algo é construído de várias formas, a partir da vivência prá-</p><p>tica, a partir da observação, a partir da leitura, ou seja, são muitas as formas. A tendên-</p><p>49Unidade 5 – Como Confeccionar um Projeto? A Importância da Escrita</p><p>cia é acumularmos conhecimento ao longo de nossas vidas. Quando nos comunicamos</p><p>informalmente não nos preocupamos em citar a fonte de onde obtivemos determinada</p><p>informação, até porque nem sempre lembramos, mas usualmente falamos: ouvi na TV,</p><p>li em um site, escutei de alguém, e isso não é um problema. Porém, ao redigir um texto</p><p>técnico temos que ser mais cuidadosos com as informações que vamos utilizar. Aqui, a</p><p>informalidade não pode imperar e somos obrigados a fornecer a fonte de onde aquela</p><p>informação foi retirada.</p><p>Se não contarmos a fonte original da informação, podemos cometer um plágio, que é</p><p>a apropriação indevida de um conhecimento que não é seu. Mesmo que não copie exa-</p><p>tamente a informação, se você utilizar a ideia central de algo que foi outra pessoa que</p><p>descobriu e publicou, você deverá citá-la em sua redação. Essa prática vale para dados</p><p>na forma de texto, tabelas, quadros, fotos, desenhos, esquemas, entre outros. Se não</p><p>foi você quem descobriu aquela informação, você não pode usá-la como se fosse sua.</p><p>Outra questão importante sobre o plágio é em relação à fonte de pesquisa que você</p><p>usa. Tome muito cuidado com sites, muitas publicações da internet não respeitam quem</p><p>é o dono da informação, omitindo o crédito e você pode levar isso adiante. Portanto,</p><p>selecione criteriosamente as suas fontes, prefira sites de instituições conhecidas e reno-</p><p>madas, artigos publicados em revistas científicas ou livros. Você terá mais segurança ao</p><p>usar essas fontes e poderá citá-las mais facilmente.</p><p>Existem duas formas principais de citação em um texto, a citação direta e a citação in-</p><p>direta. Na citação direta utilizamos exatamente as mesmas palavras do autor no nosso</p><p>texto. Se a citação direta for de até três linhas, você precisará apenas colocar a frase entre</p><p>aspas duplas (“...”). Caso tenha mais do que três linhas, você deverá destacar o trecho,</p><p>colocando-o em uma outra linha, com um recuo de quatro centímetros da margem es-</p><p>querda, sem utilizar as aspas, com espaçamento simples e com uma letra menor do que</p><p>a utilizada no texto corrente. Já na citação indireta, você usará as suas próprias palavras</p><p>para explicar a informação de um determinado autor, mas sempre citando a fonte origi-</p><p>nal, ou seja, de onde e de quem são aquelas informações. Veja os exemplos de citações</p><p>diretas abaixo para entender melhor.</p><p>Citação direta (até três linhas)</p><p>Usar o mesmo texto escrito pelo autor entre aspas (“).</p><p>50 Projetos Ambientais</p><p>No texto:</p><p>“O objetivo deste artigo é revisar o progresso feito na evolução da toxicologia para a</p><p>ecotoxicologia com foco em questões-chave” (CHAPMAN, 1995).</p><p>Nas referências bibliográficas</p><p>CHAPMAN, P. M. Ecotoxicology and Pollution-Key Issues. Marine Pollution Bulletin, v.</p><p>31, n. 4-12, p.167-177, 1995.</p><p>Citação direta (mais de três linhas)</p><p>Usar o mesmo texto escrito pelo autor, porém colocar em um recuo de 4 cm, com fonte</p><p>menor, texto justificado e com espaçamento simples.</p><p>No texto</p><p>Em tempos de mudança, é evidente que o capital humano é um fator decisi-</p><p>vo para que as organizações se destaquem e concorram com competência e</p><p>competitividade. Assim, este estudo justifica-se no momento em que busca</p><p>analisar competências e habilidades do líder em motivar seus colaboradores.</p><p>(SILVA et al., 2011)</p><p>Nas referências bibliográficas</p><p>SILVA, C. M. C.; PEIXOTO, R. R.; BATISTA, J. M. R. A Influência da Liderança na Motivação</p><p>da Equipe. Revista Eletrônica Novo Enfoque, v.13, n.13, p.195 – 206, 2011.</p><p>São vários os detalhes para se referenciar uma</p><p>informação de outro autor em seu texto. Para</p><p>auxiliar, o Instituto Federal do Paraná publicou</p><p>em 2010 um manual chamado “Normas para</p><p>Apresentação de Trabalhos Acadêmicos do Insti-</p><p>tuto Federal do Paraná (IFPR)”. Nele você poderá</p><p>consultar todas as formas de citação e referências</p><p>de acordo com as diferentes fontes consultadas.</p><p>O manual está disponível na internet.</p><p>Além do manual do IFPR, você poderá consultar as normas da ABNT que é a Associação</p><p>Brasileira de Normas Técnicas. As citações em documentos podem ser consultadas na</p><p>ABNT NBR 10520/2002 e as referências na ABNT NBR 6023/2002.</p><p>Nas ciências, nós devemos usar as</p><p>citações para apurar as nossas ideias e</p><p>nossos argumentos; para permitir que</p><p>os leitores verifiquem os argumentos</p><p>originais comparando-os com a nossa</p><p>interpretação; para dar crédito àqueles</p><p>que contribuíram com o avanço do</p><p>conhecimento; e para permitir que os</p><p>leitores encontrem mais rapidamente</p><p>as fontes utilizadas em nossos textos</p><p>(GOULET, 2003).</p><p>Recuo de 4 cm</p><p>51Unidade 5 – Como Confeccionar um Projeto? A Importância da Escrita</p><p>A apropriação de algo que não é seu é crime e plagiar também. Portanto, seja organi-</p><p>zado com a sua bibliografia. Ao consultar algo que te interesse, anote sempre a fonte,</p><p>nunca deixe para depois, pois você corre o risco de não a encontrar mais ou de perder</p><p>muito tempo fazendo uma nova pesquisa.</p><p>Síntese</p><p>A comunicação escrita é um dos cartões de visita da vida profissional. É de extrema im-</p><p>portância escrever de forma clara e evitar os vícios de escrever errado.</p><p>Cada vez mais os profissionais que escrevem bem são valorizados. Isso fica evidente nos</p><p>processos seletivos, tanto em concursos públicos quanto em empresas privadas, em que</p><p>o candidato precisa demonstrar que domina de forma eficiente o português. Portanto,</p><p>escrever bem é um diferencial. Na elaboração de projetos isso também é muito impor-</p><p>tante, pois pode garantir o financiamento e o sucesso do projeto.</p><p>Nesta unidade, falamos sobre a importância da boa escrita para ser bem entendido. Es-</p><p>crever não é fácil, demanda tempo e dedicação, mas a leitura diária pode encurtar esse</p><p>caminho. Mantenha-se informado em relação às normas da língua portuguesa, seja ob-</p><p>jetivo e conciso. Lembre-se sempre: menos é mais e que você estará escrevendo para</p><p>outras pessoas, que precisam ser cativadas pelo seu texto. Também vimos sobre o plágio</p><p>acadêmico, que demanda muito cuidado, pois se trata de um crime, portanto, seja orga-</p><p>nizado e ético ao redigir um texto.</p><p>Pratique</p><p>1. Acesse o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm e depois responda</p><p>a seguinte questão:</p><p>“Usar textos, ideias ou imagens de terceiros sem mencionar a autoria é plágio, tema</p><p>tratado pela lei 9.610 e pelo Código Penal Brasileiro”. (ANÍSIO TEIXEIRA, 2013)</p><p>( ) certo ( ) errado</p><p>Implantação, Avaliação e</p><p>Sustentabilidade de Projetos</p><p>Ambientais</p><p>Unidade</p><p>6</p><p>Fonte: Gstudioimagen/Dreamstime/Copyright</p><p>54 Projetos Ambientais</p><p>Nas unidades anteriores, vimos o que é um projeto, quais os elementos que o com-</p><p>põem e também dicas de como escrever melhor um projeto. Chegou o momento,</p><p>então, de aprendermos um pouco sobre a implantação, execução</p><p>e avaliação do</p><p>projeto. Nessas etapas, colocaremos o que foi planejado para ser executado, feito. O</p><p>famoso colocar a mão na massa para alcançar os objetivos propostos. Assim como</p><p>nas outras fases, a organização será imprescindível, então, veremos como organi-</p><p>zar um cronograma de atividades e também uma planilha de custos. Para fechar a</p><p>unidade, veremos sobre a sustentabilidade do projeto, ou seja, se ele deixará algum</p><p>legado, alguma contribuição ou permanência de algumas atividades.</p><p>Saindo do papel</p><p>Ao iniciar o gerenciamento de um projeto, você perceberá algumas situações bem típicas,</p><p>são elas (THE UNIVERSITY OF ADELAIDE, 2016):</p><p>• Estar envolvido em um evento que tem prazo definido para terminar;</p><p>• Ter um problema para ser investigado e/ou solucionado;</p><p>• Precisar de recursos específicos (financeiros, materiais e humanos) para as ativida-</p><p>des planejadas;</p><p>• Ter uma quantia limitada de dinheiro para realizar as atividades;</p><p>• Ter tarefas específicas para serem finalizadas dentro de prazos também específicos;</p><p>• Ser responsável em coordenar uma, algumas ou todas as tarefas, caso esteja tra-</p><p>balhando sozinho.</p><p>Para realizar tudo o que foi planejado, é muito importante ter uma planilha de ativida-</p><p>des, um cronograma. Esse item fará parte dos elementos pós-textuais e será sempre</p><p>exigido em um projeto. Com ele você poderá controlar o que já feito e o que falta fazer.</p><p>A tabela 6.1 mostra um exemplo básico de um cronograma de um projeto de pesquisa</p><p>em Ecologia, com duração de quatro anos.</p><p>55Unidade 6 – Implantação, Avaliação e Sustentabilidade de Projetos Ambientais</p><p>Tabela 6.1 – Exemplo de um cronograma.</p><p>ATIVIDADE</p><p>Ano 2017 2018 2019 2020</p><p>Semestre 1o 2o 1o 2o 1o 2o 1o 2o</p><p>Elaboração do projeto X X X</p><p>Levantamento fitossociológico X</p><p>Coleta do material vegetal X X X X</p><p>Análise da anatomia foliar X X X X</p><p>Análise de clorofilas X X X X</p><p>Análise de nutrientes X X X X</p><p>Avaliação dos resultados parciais X X</p><p>Discussão dos resultados X X</p><p>Redação do relatório X X X</p><p>Entrega do relatório X</p><p>Fonte: elaborado pela autora.</p><p>O detalhamento do cronograma dependerá do tempo definido do projeto e das atividades a serem efetuadas, sendo</p><p>moldado de acordo com cada autor e com as exigências ou modelo de cada instituição.</p><p>Não existe uma forma fixa de cronograma, pois ele será formatado de acordo com o tipo</p><p>de projeto - de pesquisa, desenvolvimento de um novo produto ou de um serviço - e</p><p>das atividades a serem executadas. Normalmente as atividades são listadas nas linhas da</p><p>tabela e as informações sobre elas nas colunas.</p><p>Alguns exemplos de informações seriam: a) os responsáveis de cada atividade; b) os recursos; c) os prazos de</p><p>cada atividade; d) a prioridade de cada atividade (baixa, média, alta); e) o status de cada atividade em relação ao</p><p>andamento (BRAND, 2013, p. 115).</p><p>Ao confeccionar o seu cronograma, leve em consideração quais os recursos (materiais,</p><p>financeiros e humanos) que você precisará para cada etapa do projeto; qual o período</p><p>limite de cada etapa e/ou atividades e se elas são dependentes ou independentes umas</p><p>das outras; considere questões como o clima, caso você dependa dele para ir a campo; se</p><p>você precisará de algo que deverá ser importado; e também sobre as licenças ambientais</p><p>ou permissões para coleta. São detalhes que podem atrasar muito o seu cronograma</p><p>caso não sejam considerados com antecedência.</p><p>56 Projetos Ambientais</p><p>Trabalhar sozinho em um projeto é diferente de trabalhar em equipe, pois em equipe as</p><p>atividades poderão ser divididas, agilizando o processo.</p><p>Lembre-se, todos os membros da equipe devem ter conhecimento do projeto completo, mesmo cada um efetuando</p><p>diferentes atividades.</p><p>Outra questão importante são as reuniões para saber o andamento de cada atividade, o</p><p>coordenador deve estar sempre informado se tudo está dentro do planejado ou se algo</p><p>precisa ser rediscutido. Essas ações auxiliam muito no sucesso do projeto.</p><p>O registro das atividades deve se tornar um hábito, mantenha um arquivo para ano-</p><p>tações. Anote se tudo ocorreu como planejado, mas também se alguma alteração foi</p><p>feita, não confie apenas na sua memória, com muitas atividades você pode se confundir.</p><p>Isso pode ser feito manualmente ou utilizando programas específicos, que permitam a</p><p>inserção de fotos e textos. O seu celular pode ser um bom aliado nesse momento, mas</p><p>para informações muito importantes é preciso ter um backup, ou seja, uma cópia de</p><p>segurança.</p><p>Os ajustes são normais quando os projetos são executados, por isso as anotações podem</p><p>auxiliar caso os prazos mudem. Acontece muitas vezes de quebrar um equipamento, da</p><p>verba atrasar, de ser necessária a contratação de uma empresa para realizar uma análise</p><p>específica. Portanto, considere sempre uma margem ao definir o tempo para cada ativi-</p><p>dade, isso pode salvar o seu cronograma e também o seu orçamento. Procure sempre se</p><p>adiantar a um problema, buscando soluções viáveis e efetivas, os riscos sempre estarão</p><p>presentes.</p><p>Outro item muito exigido em um projeto é o orçamento. Com ele você saberá o valor to-</p><p>tal necessário para atingir o objetivo traçado. Os diferentes recursos devem ser divididos</p><p>para facilitar a confecção do orçamento. Tudo deverá ser contabilizado: materiais e equi-</p><p>pamentos (de escritório, de laboratório, de campo), contratação de pessoas, transporte,</p><p>hospedagem, alimentação, publicação e/ou divulgação, entre outros (Quadro 6.2). As</p><p>instituições dividem os projetos, muitas vezes, em categorias relacionadas ao orçamento.</p><p>Os projetos menores com orçamentos mais modestos não concorrerão diretamente com</p><p>projetos grandes e com orçamentos bem mais altos.</p><p>O orçamento é, portanto, um plano, um cronograma financeiro de como será a aplica-</p><p>ção dos recursos em um determinado período de tempo. Deve-se planejar um orçamen-</p><p>57Unidade 6 – Implantação, Avaliação e Sustentabilidade de Projetos Ambientais</p><p>to realista, consciente dos recursos disponíveis e dos objetivos a serem alcançados. Um</p><p>orçamento mal estruturado pode comprometer todo o desenvolvimento do projeto, ou</p><p>por falta de verba ou por torná-lo muito dispendioso, dificultando, inclusive, o financia-</p><p>mento. Assim como ocorre com o cronograma, o orçamento deverá ter folga, lembre-se</p><p>que temos inflação, variação na cotação do dólar e períodos em que o material neces-</p><p>sário pode estar em falta, elevando o seu custo devido à concorrência (KAHN, 2003, pp.</p><p>46 e 48).</p><p>Tabela 6.2 – Exemplo de planilhas de orçamento.</p><p>Item Unidade Quantidade</p><p>Valor Unitário</p><p>(R$)</p><p>Valor Total (R$)</p><p>Fonte do Re-</p><p>curso</p><p>RECURSOS HUMANOS</p><p>Coordenador Horas 50 120,00 6.000,00 Próprio</p><p>Educador Horas 60 60,00 3.600,00 Financiador</p><p>Consultor Horas 10 200,00 2.000,00 Financiador</p><p>Estagiário Horas 40 25,00 1.000,00 Próprio</p><p>RECURSOS MATERIAIS</p><p>Papel Reciclado (A4) Resma 4 15,00 60,00 Próprio</p><p>Combustível Litros 135 3,70 499,50 Próprio</p><p>Laptops Unidade 3 1.800,00 5.400,00 Financiador</p><p>Fonte: Adaptado de SMA/CEA, 2014.</p><p>Para mais detalhes de como confeccionar um cronograma e um orçamento, consulte o livro da disciplina “Organização</p><p>e Implementação de Projetos” (AYRES, 2016, p. 53) do curso de Meio Ambiente.</p><p>Avaliando o projeto</p><p>O monitoramento do projeto deverá ocorrer em todas as fases, assim será possível notar</p><p>o que está saindo como planejado e o que deverá ser novamente ajustado. Você poderá</p><p>organizar o monitoramento do projeto de acordo com as etapas já definidas, ao final de</p><p>cada uma se faz uma avaliação do desenvolvimento das atividades. Mas um fator muito</p><p>importante é que fazer alterações no projeto compromete a sua qualidade e o seu or-</p><p>çamento. Os riscos sempre existirão, mas quanto melhor planejado for o projeto, maior</p><p>será a segurança dele não sofrer grandes alterações (KAHN, 2003, p. 31; SMA/CPLEA,</p><p>2005, p.15).</p><p>58 Projetos Ambientais</p><p>Kahn (2003, p. 33) comenta que os projetos ambientais são de alto risco em função da grande interferência externa</p><p>que recebem. O autor se refere aos órgãos ambientais</p><p>ou Ministério Público, que definem regras, muitas vezes, difíceis</p><p>de serem cumpridas pelas indústrias. Neste caso, os projetos ambientais, por ele considerados, estão relacionados às</p><p>adequações de empreendimentos às leis ambientais, como é o caso do licenciamento ambiental.</p><p>O monitoramento do projeto poderá ser feito com a aplicação de indicadores quantita-</p><p>tivos e qualitativos. Os indicadores quantitativos são medidos a partir de números como,</p><p>por exemplo, a quantidade de árvores plantadas em um projeto de recuperação de áre-</p><p>as degradadas. Nos indicadores qualitativos são utilizados parâmetros mais subjetivos,</p><p>como exemplo podemos citar a melhoraria na qualidade de vida de uma comunidade</p><p>assistida por um projeto socioambiental. Já as avaliações podem ser divididas em grupos,</p><p>considerando itens como: resultados (verificam o cumprimento dos objetivos e das me-</p><p>tas), conteúdos (analisam documentos), processos (conferem a condução do projeto e</p><p>a eficiência dos métodos) ou impactos (consideram os impactos sociais e ambientais na</p><p>área do projeto) (SMA/CPLEA, 2005).</p><p>Muitos autores não fazem distinção entre os termos avaliação e monitoramento em um projeto, considerando-os</p><p>como sendo sinônimos, ou seja, a mesma coisa. Por isso, você poderá encontrar as duas formas na literatura. No</p><p>nosso livro, avaliação e monitoramento, também são considerados a mesma atividade.</p><p>A sustentabilidade do projeto</p><p>O Instituto Sociedade, População e Natureza - ISPN (2014) relaciona a sustentabilidade</p><p>do projeto de acordo com a seguinte pergunta-chave:</p><p>“O que precisa ser considerado durante a realização do projeto para que, após</p><p>o seu término, haja continuidade das ações?”</p><p>Ou seja, qual será o impacto gerado com a implantação do projeto após a finalização</p><p>dele? Haverá melhorias, progresso, algo será modificado para melhor? Se você for tra-</p><p>balhar com uma comunidade, ela continuará a ser assistida mesmo após o projeto ter-</p><p>minar? Se for um projeto de recuperação de áreas degradadas, a área de implantação</p><p>continuará a ser monitorada? (ISPN, 2014).</p><p>Infelizmente, é muito comum no nosso país a implantação de vários projetos pelo poder</p><p>público (municipal, estadual e federal) que, ao mudar o governo, são abandonados.</p><p>59Unidade 6 – Implantação, Avaliação e Sustentabilidade de Projetos Ambientais</p><p>Milhões de reais são “investidos” inicialmente, mas os projetos não são finalizados. Isso</p><p>também acontece muito pela falta de planejamentos adequados, com orçamentos e</p><p>cronogramas realistas. Muitas vezes são problemas de licitação, a obra é iniciada e falta</p><p>material que só poderá ser comprado após a licitação, enquanto isso a obra para e algu-</p><p>mas são abandonadas.</p><p>Este item é, portanto, uma reflexão, pois não existe uma ferramenta ou uma forma de</p><p>descrever a sustentabilidade de todo e qualquer projeto. Isso será muito particular de</p><p>cada proposta feita. Portanto, deveremos considerar também essas questões, comenta-</p><p>das anteriormente, ao propormos um projeto: se ele deverá ter uma continuação, um</p><p>monitoramento, uma assistência à comunidade, ou se ele será um projeto pontual, que</p><p>acabará com o encerramento do mesmo. Dessa forma, poderemos prever se o nosso</p><p>projeto será sustentável a curto, médio ou longo prazo, ou simplesmente não será.</p><p>Síntese</p><p>Podemos dividir o projeto em três fases básicas: o planejamento, a implementação e a</p><p>avaliação. Nesta unidade, vimos algumas particularidades de quando colocamos o proje-</p><p>to em funcionamento, ou seja, quando o implantamos, e também algumas questões</p><p>envolvidas na avaliação. O constante monitoramento das atividades evita surpresas de-</p><p>sagradáveis, permitindo ajustes rápidos, garantindo que os objetivos sejam alcançados.</p><p>Para fechar, falamos sobre a sustentabilidade do projeto, ou seja, o que será deixado por</p><p>ele, qual será o seu impacto, lembrando que a sustentabilidade será particular de cada</p><p>projeto proposto.</p><p>Pratique</p><p>1. Assinale a atividade que deve ser realizada durante todo o desenvolvimento do pro-</p><p>jeto:</p><p>a) Execução.</p><p>b) Monitoramento.</p><p>c) Planejamento.</p><p>d) Encerramento.</p><p>60 Projetos Ambientais</p><p>2. Os indicadores utilizados na avaliação do projeto podem ser divididos em:</p><p>a) Certos e errados.</p><p>b) Adequados e inadequados.</p><p>c) Recursos humanos e materiais.</p><p>d) Quantitativos e qualitativos.</p><p>Projetos Ambientais e as</p><p>Comunidades Tradicionais</p><p>Unidade</p><p>7</p><p>Fonte: Acervo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)</p><p>62 Projetos Ambientais</p><p>Nesta unidade, falaremos sobre as comunidades e os povos tradicionais, estudando</p><p>quem são e o que os define. Veremos também sobre os projetos socioambientais a</p><p>serem desenvolvidos com essas comunidades e quais são as particularidades deles.</p><p>Fecharemos o nosso capítulo com o gerenciamento de conflitos, relatando o que</p><p>pode ser feito para minimizar os conflitos e exemplificando com uma situação par-</p><p>ticular que ocorre com a criação das unidades de conservação, em especial as de</p><p>proteção integral, e as comunidades e povos tradicionais.</p><p>Conhecendo um pouco mais</p><p>sobre os povos e as comunidades</p><p>tradicionais</p><p>A Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais</p><p>(BRASIL, 2007) traz as seguintes definições:</p><p>I. Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que</p><p>se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que</p><p>ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução</p><p>cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inova-</p><p>ções e práticas gerados e transmitidos pela tradição (grifo nosso);</p><p>II. Territórios Tradicionais: os espaços necessários à reprodução cultural, social e eco-</p><p>nômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma per-</p><p>manente ou temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e qui-</p><p>lombolas, respectivamente, o que dispõem os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato</p><p>das Disposições Constitucionais Transitórias e demais regulamentações (grifo nosso).</p><p>A diversidade envolvida, quando falamos de povos e comunidades tradicionais, é muito</p><p>grande. Segundo a Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (CIMOS - MPMG,</p><p>2014, p. 15) os seguintes povos e comunidades estão sendo considerados:</p><p>“[...] os povos indígenas, as comunidades remanescentes de quilombos, os pescadores</p><p>artesanais, os ribeirinhos, os povos ciganos, os povos de terreiro, os pantaneiros (do</p><p>pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense), os faxinalenses do Paraná e região</p><p>(que consorciam o plantio da erva-mate com a suinocultura e com o extrativismo do</p><p>63Unidade 7 – Projetos Ambientais e as Comunidades Tradicionais</p><p>pião a partir do uso comum do território), as comunidades de fundos de pasto da</p><p>Bahia (que praticam a caprinocultura em territórios de uso comum), os caiçaras (pes-</p><p>cadores artesanais marítimos dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo,</p><p>que consorciam a pesca artesanal e extrativismo em áreas comuns com o cultivo), os</p><p>geraizeiros (que exercem ocupação tradicional dos gerais ou cerrado), os apanhadores</p><p>de flores sempre-vivas (que tradicionalmente exerciam o extrativismo em áreas de uso</p><p>comum nas campinas, hoje cercadas em grande medida pela monocultura do eucalip-</p><p>to e pela criação de unidades de conservação de proteção integral), entre outros que,</p><p>somados, representam parcela significativa da população brasileira e ocupam parte</p><p>considerável do território nacional”. (CIMOS - MPMG, 2014, p. 15)</p><p>Portanto, os povos e as comunidades</p><p>tradicionais são definidos pela forte</p><p>ligação que apresentam com o terri-</p><p>tório onde vivem; pelo grande conhe-</p><p>cimento de fatores do clima, do solo</p><p>e da vegetação; por suas tradições</p><p>próprias; e pelos sistemas de produ-</p><p>ção, principalmente para a subsistên-</p><p>cia da comunidade (BRASIL, [200--],</p><p>p. 1), como pode ser observado nas</p><p>comunidades ribeirinhas (Figura 7.1).</p><p>Os projetos e as comunidades</p><p>Os projetos</p><p>socioambientais para os povos e as comunidades tradicionais são de extrema</p><p>relevância em função da problemática em torno dessas pessoas. Historicamente elas vêm</p><p>perdendo suas terras, sendo obrigadas a migrarem para as cidades. Esse quadro agrava os</p><p>problemas relacionados à pobreza. Essas pessoas, ao chegarem às grandes cidades, têm</p><p>dificuldade de ter acesso à educação e à moradia, ficando à margem da sociedade. Além</p><p>disso, a própria sociedade e o poder público as tratam como “invisíveis”, como obstáculos,</p><p>já que não contribuem com relevância nas questões econômicas e sociais, o que é uma in-</p><p>verdade e retrata a falta de informação, mas principalmente de oportunidades e incentivos.</p><p>A saída dessas pessoas de seus ambientes tem consequências que vão além dos inchaços</p><p>das grandes cidades e da intensificação da pobreza nesses locais. Tem-se uma grande</p><p>perda de tradições culturais riquíssimas, vinculadas ao cultivo de espécies, ao uso de</p><p>ervas medicinais, de rituais religiosos, das músicas populares, entre outras. Em questões</p><p>ambientais, muitos dos locais antes povoados por essas comunidades são impactados</p><p>Figura 7.1 – Comunidade ribeirinha no Pará.</p><p>Fonte: Antonio Cruz/Agência Brasil/CC BY 3.0</p><p>64 Projetos Ambientais</p><p>pelo cultivo de monoculturas, pastoreio e mineração, aliás, esses são os principais fatores</p><p>que expulsam essas pessoas de seus locais tradicionais.</p><p>Em função dessas situações, uma grande quantidade de projetos, que tentam fixar essas</p><p>pessoas em seus locais de origem, além de resgatar e manter as suas culturas, começa-</p><p>ram a ser desenvolvidos. Esses projetos apresentam algumas características particulares,</p><p>justamente por causa do objeto principal deles – as pessoas das comunidades tradicio-</p><p>nais. Visando a capacitação para o desenvolvimento de projetos bem estruturados e com</p><p>chances reais de serem financiados, várias organizações governamentais e não governa-</p><p>mentais desenvolveram cartilhas com roteiros para a elaboração de projetos relacionados</p><p>aos povos e comunidades tradicionais. Observe na figura 7.2 alguns pontos que devem</p><p>ser considerados e são apresentados no “Guia de elaboração de pequenos projetos so-</p><p>cioambientais para organizações de base comunitária” (ISPN, 2014).</p><p>Observar a organização: verificar</p><p>se ela está preparada para</p><p>assumir a responsabilidade</p><p>Ter clareza do que se pretende mudar:</p><p>saber quais são os problemas e as</p><p>potencialidades da comunidade</p><p>Identificar os princípios norteadores:</p><p>traçar os caminhos possíveis para</p><p>alcançar o(s) objetivo(s)</p><p>Identificar como melhorar a</p><p>produção e comercialização: tornar</p><p>os empreendimentos viáveis</p><p>Planejar o projeto: após os questionamentos</p><p>anteriores serem respondidos, iniciar</p><p>a elaboração do projeto</p><p>Submeter: após revisar o projeto</p><p>com cuidado, selecionar os</p><p>possíveis financiadores e se</p><p>inscrever para o financiamento</p><p>Figura 7.2 - Etapas que devem ser consideradas antes da elaboração e submissão do projeto</p><p>socioambiental.</p><p>Fonte: Adaptado de ISPN (2014)/CC BY-SA 4.0</p><p>Portanto, ainda segundo a ISPN (2014), um projeto participativo não se resume ao pre-</p><p>enchimento de um roteiro, ele vai além. Inclui a participação da comunidade – para</p><p>65Unidade 7 – Projetos Ambientais e as Comunidades Tradicionais</p><p>entender melhor a realidade dos envolvidos e o</p><p>que deverá ser feito – , leva em consideração os</p><p>recursos humanos, materiais e financeiros e con-</p><p>sidera a validação final da comunidade, antes de</p><p>submeter à proposta.</p><p>Gerenciar conflitos</p><p>A ocorrência de obstáculos na execução do projeto é quase que inevitável. Entre os vá-</p><p>rios tipos de obstáculos temos os conflitos com as comunidades. Porém, esses conflitos</p><p>podem ser minimizados, ou até evitados, se algumas precauções foram tomadas inicial-</p><p>mente.</p><p>Vários motivos podem dar início a um conflito. Alguns exemplos: questões vinculadas</p><p>às crenças religiosas; escolhas a partir de interesses particulares e/ou com motivações</p><p>políticas; diferentes padrões sociais e culturais; falta de comunicação entre os envolvidos;</p><p>inexperiência da equipe gestora, entre muitos outros.</p><p>Uma das formas de minimizar os conflitos é por meio dos estudos de reconhecimento da</p><p>área, das comunidades e dos costumes, além de muito diálogo. Vamos pensar em em-</p><p>preendimentos que não são de interesse da comunidade, como a implantação de uma</p><p>hidrelétrica. As pessoas serão atingidas de uma forma muito intensa, pois na formação</p><p>de uma represa uma área muito extensa é alagada e centenas de pessoas perderão suas</p><p>moradias, seus cultivos e parte de suas culturas (Figura 7.3). Aproximar-se dos que serão</p><p>atingidos é essencial, também é fundamental criar um diálogo direto e entender as ne-</p><p>cessidades dessas comunidades e suas reivindicações.</p><p>Figura 7.3 - Ocupação do canteiro de obras em protesto</p><p>contra a construção da usina de Belo Monte.</p><p>Fonte: Ocupação Munduruku/Flickr/CC BY-SA 2.0</p><p>Acesse o link a seguir para saber mais</p><p>sobre as ações da WWF-Brasil (ONG</p><p>brasileira, participante de uma rede</p><p>internacional e comprometida com</p><p>a conservação da natureza) com as</p><p>comunidades tradicionais do cerrado.</p><p><http://www.wwf.org.br/natureza_</p><p>brasileira/areas_prioritarias/cerrado/</p><p>nossas_solucoes/>.</p><p>66 Projetos Ambientais</p><p>Pensando em projetos menores, em que você poderá trabalhar sozinho ou com uma</p><p>pequena equipe, também há a necessidade de interagir com a comunidade. Você pode</p><p>iniciar com uma conversa mais informal, mas antes de qualquer coisa, visite o local, se</p><p>informe sobre os costumes ali praticados. Se precisar de mais informação, pense no uso</p><p>de questionários, entrevistas. Lembre-se de que você poderá ser impedido de realizar as</p><p>suas atividades caso a comunidade não te aceite.</p><p>Portanto, o gerenciamento de conflitos pode transitar por vários níveis e você precisará</p><p>ter clareza e bom senso para desempenhar essa função que pode ser muito delicada.</p><p>Uma ferramenta que pode ser aplicada no gerenciamento de conflitos é a mediação. Se-</p><p>gundo Trentin e Pires (2012), a mediação é um meio que procura evitar a participação do</p><p>judiciário e envolve a participação de um mediador na resolução dos conflitos. O diálogo</p><p>e a formação de um consenso entre as partes são os objetivos principais da mediação.</p><p>Trata-se de um processo mais rápido, que pode ser primordial em situações que envol-</p><p>vam a prevenção de danos à natureza e/ou a proteção das comunidades.</p><p>As comunidades tradicionais e a criação de</p><p>unidades de conservação</p><p>Figura 7.4 - Manejo do pirarucu na RDS Mamirauá, no Ama-</p><p>zonas.</p><p>Fonte: Angela Peres/SECOM</p><p>Continuando na questão dos conflitos, temos uma situação bastante delicada quando</p><p>se trata desses dois elementos: as comunidades tradicionais e as áreas de unidades de</p><p>67Unidade 7 – Projetos Ambientais e as Comunidades Tradicionais</p><p>conservação. Diversos estados do Brasil apresen-</p><p>tam frequentes conflitos socioambientais devido</p><p>a presença de povos e comunidades tradicionais</p><p>em unidades de conservação federais (BRASIL,</p><p>2014).</p><p>A própria Política Nacional de Desenvolvimento</p><p>Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicio-</p><p>nais, em seu artigo 3º, trata como um de seus objetivos “II - solucionar e/ou minimizar</p><p>os conflitos gerados pela implantação de Unidades de Conservação de Proteção</p><p>Integral em territórios tradicionais e estimular a criação de Unidades de Conser-</p><p>vação de Uso Sustentável” (BRASIL, 2007).</p><p>A problemática se apresenta pela presença humana em locais que deveriam ser prote-</p><p>gidos e colocam em confronto dois conjuntos considerados patrimônio da humanidade</p><p>– a proteção da diversidade biológica e da diversidade cultural (BRASIL, 2014). Ambos</p><p>os lados são relevantes e devem ser protegidos de acordo com convenções, tratados,</p><p>leis e decretos internacionais e nacionais. O problema é que nem sempre se consegue a</p><p>proteção de ambos e a questão que se instala é: Quem deve ter “preferência”: as comu-</p><p>nidades tradicionais que vivem e dependem dessas áreas ou a preservação da diversidade</p><p>biológica</p><p>única e extremamente ameaçada?</p><p>De acordo com o Manual de Atuação do Ministério Público Federal, vários fatores devem</p><p>ser considerados. Vejam alguns por eles levantados (BRASIL, 2014):</p><p>A consciência de uma identidade indígena ou</p><p>tribal para o reconhecimento dos povos ou co-</p><p>munidades tradicionais;</p><p>A ocorrência de espécies ameaçadas de extin-</p><p>ção da fauna e da flora para uso e manejo da</p><p>unidade de conservação;</p><p>As unidades de conservação de proteção inte-</p><p>gral devem assegurar a manutenção dos atribu-</p><p>tos ecológicos que justificaram a sua criação;</p><p>A proteção, promoção e a manutenção da diver-</p><p>sidade cultural para o desenvolvimento susten-</p><p>tável em benefício das gerações atuais e futuras;</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>Para saber um pouco mais sobre as</p><p>comunidades tradicionais e as unidades</p><p>de conservação na Amazônia, leia o</p><p>texto disponível no link a seguir: <http://</p><p>amazonia.inesc.org.br/artigos/590-2/>.</p><p>68 Projetos Ambientais</p><p>A remoção das comunidades tradicionais de seus</p><p>territórios pode ocorrer em caso de absoluta ex-</p><p>cepcionalidade, sendo garantido o seu retorno ao</p><p>cessar a causa;</p><p>O levantamento de elementos concretos para</p><p>um diagnóstico mais completo da situação;</p><p>A desafetação ou recategorização das unidades</p><p>de conservação com a presença dos povos e co-</p><p>munidades tradicionais para situações quando,</p><p>por exemplo, os elementos que justificaram a</p><p>criação não estejam mais presentes;</p><p>Fortalecer a participação dos povos e comunida-</p><p>des tradicionais afetados por unidade de conser-</p><p>vação nos processos decisórios;</p><p>Reconhecer a importância do planejamento terri-</p><p>torial da unidade de conservação;</p><p>Reconhecer o plano de manejo como instru-</p><p>mento de gestão mais importante da unidade</p><p>de conservação, devendo este ser construído</p><p>considerando o reconhecimento técnico da pre-</p><p>sença da população tradicional;</p><p>Medidas legislativas ou atividades e empreen-</p><p>dimentos implantados por terceiros, em terri-</p><p>tórios dos povos e comunidades tradicionais,</p><p>dependem do consentimento prévio e infor-</p><p>mado desses grupos (cf. art. 6º da Convenção</p><p>nº 169 da OIT).</p><p>5</p><p>6</p><p>7</p><p>9</p><p>11</p><p>8</p><p>10</p><p>69Unidade 7 – Projetos Ambientais e as Comunidades Tradicionais</p><p>Unidade de Conservação</p><p>espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,</p><p>legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de</p><p>administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2014).</p><p>Proteção Integral</p><p>manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso</p><p>indireto dos seus atributos naturais (BRASIL, 2014).</p><p>Desafetação</p><p>comprovada a total incompatibilidade entre a permanência das comunidades e as Unidades de Conservação de</p><p>Proteção Integral, após todos os meios de negociação, restaria a pura e simples alteração dos limites da Unidade</p><p>de Conservação incidentes no território tradicional. No caso de a presença de povos e comunidades tradicionais</p><p>preceder à criação da Unidade de Conservação de Proteção Integral, entende-se que os atos de criação sejam nulos</p><p>(BRASIL, 2014).</p><p>Recategorização</p><p>alternativa possível, desde que solicitada pelos grupos interessados, preconiza a transformação da Unidade de</p><p>Conservação de Proteção Integral em Unidade de Conservação de Uso Sustentável. Dependem de condições como</p><p>a perda de atributos que ensejaram a criação da Unidade de Conservação, a exigência de maior autonomia por</p><p>parte da comunidade, a possibilidade de gestão compartilhada, que pode trazer benefícios tanto à conservação da</p><p>natureza quanto à manutenção do modo de vida tradicional (BRASIL, 2014).</p><p>Síntese</p><p>As comunidades e os povos tradicionais apresentam características que os definem. Entre elas</p><p>temos os arranjos sociais diferenciados, suas tradições culturais e o grande conhecimento do</p><p>local onde vivem, bem como do clima, da vegetação e da fauna, entre outros.</p><p>Em várias situações essas comunidades ficam desassistidas pelo poder público e pela</p><p>sociedade, por isso o desenvolvimento de projetos socioambientais para e com essas</p><p>comunidades é de extrema importância para a preservação dessas pessoas e de suas</p><p>culturas tão ricas.</p><p>O mais importante a se considerar nos projetos relacionados às comunidades tradicionais</p><p>são os passos antes da elaboração do projeto, ou seja, conhecer bem a comunidade e os</p><p>seus problemas, assim como a necessidade de envolvê-la no projeto. Os conflitos, quan-</p><p>do trabalhamos com pessoas, são quase que inevitáveis, mas podem ser minimizados</p><p>e foi isso que vimos na última parte da unidade, inclusive as situações que envolvem a</p><p>criação de unidades de conservação.</p><p>70 Projetos Ambientais</p><p>Pratique</p><p>Que tal conhecer um pouco mais sobre os projetos com comunidades e povos tradicionais?</p><p>Pesquise sobre esse assunto e discuta com os colegas os diferentes projetos que vocês</p><p>encontraram e o que eles têm em comum e quais as particularidades de cada um.</p><p>Projetos Ambientais e a</p><p>Educação Ambiental</p><p>Unidade</p><p>8</p><p>Fonte: Nelson Alonso/Dreamstime/Copyright</p><p>72 Projetos Ambientais</p><p>Nesta unidade, aprenderemos um pouco mais sobre a educação ambiental. Veremos</p><p>algumas definições e porque nós precisamos deste campo de estudo. Falaremos</p><p>também sobre a tragédia dos comuns, uma teoria bem interessante sobre o com-</p><p>portamento humano e a sua relação com as questões ambientais. Para finalizar, re-</p><p>fletiremos sobre o futuro da educação ambiental e o que vem a ser a ecologia cívica.</p><p>A educação ambiental</p><p>Comentamos na primeira unidade deste livro sobre a relação entre o ser humano e a na-</p><p>tureza. Vimos que se trata de uma relação conflituosa, em que o homem desenvolveu o</p><p>senso de “dono” do espaço natural e usa os recursos da natureza para proveito próprio,</p><p>o que não é totalmente errado, porém é feito de forma descontrolada, retirando recursos</p><p>acima da capacidade de recuperação e, para piorar, devolvemos vários resíduos que não</p><p>são passíveis de degradação em um tempo tão rápido quanto são produzidos.</p><p>Para tentar contornar esse comportamento destrutivo, que já está nos prejudicando, come-</p><p>çou a se questionar o que poderia ser feito e percebeu-se que o ser humano precisa ser edu-</p><p>cado em relação às suas ações para com a natureza, surgindo então a educação ambiental.</p><p>Entre muitas definições sobre o que é educação ambiental, temos a definição da nossa</p><p>Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999) que diz:</p><p>Art. 1o - Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indi-</p><p>víduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes</p><p>e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum</p><p>do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.</p><p>Ou seja, por meio da educação ambiental, as pessoas podem aprender a usar o</p><p>conhecimento adquirido sobre a conservação da natureza de forma mais sustentável,</p><p>permitindo o acesso consciente e responsável aos recursos naturais para as gerações</p><p>presentes e garantindo o acesso também para as gerações futuras.</p><p>De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental, a educação ambiental</p><p>deve atingir a todos, sendo incumbência dessa tarefa o poder público, as instituições</p><p>educacionais, a iniciativa privada, os meios de comunicação de massa e a sociedade geral.</p><p>Ela será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em</p><p>todos os níveis e modalidades do ensino formal, não sendo implantada como disciplina</p><p>específica no currículo de ensino, mas sim de forma articulada, em todos os níveis e</p><p>modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal (BRASIL, 1999).</p><p>73Unidade 8 – Projetos Ambientais e a Educação Ambiental</p><p>A tragédia dos comuns</p><p>Vamos falar agora de uma questão muito interessante vinculada ao comportamento</p><p>humano, uma teoria denominada de tragédia dos comuns ou tragédia dos bens comuns.</p><p>É uma teoria econômica que</p><p>discute o comportamento de um usuário, que age em pro-</p><p>veito próprio, ignorando o bem comum e prejudicando a todos. A atitude tomada por</p><p>esse usuário leva ao esgotamento de recursos naturais e acaba por incentivar os demais</p><p>usuários a também agirem de forma individualista e a tragédia, no nome da teoria, está</p><p>relacionada ao final terrível, como nas tragédias gregas (PEGURIE, 2006).</p><p>A Tragédia dos Comuns é um dilema que se de-</p><p>senvolve quando um grupo compartilha um re-</p><p>curso limitado. Imagine que alguns fazendeiros</p><p>estão compartilhando um pasto para suas vacas.</p><p>As vacas comem o pasto, mas ele cresce de vol-</p><p>ta e as vacas têm novamente pasto para comer.</p><p>Então, os fazendeiros adicionam mais vacas que</p><p>comem mais pasto. Mas o pasto ainda consegue</p><p>se recuperar e crescer. Um fazendeiro resolve adi-</p><p>cionar outra vaca de qualquer maneira. Ele cal-</p><p>cula que a vaca extra não come muito e ainda</p><p>sobrará para as vacas de todos, mesmo sendo um</p><p>pouco menos para cada uma, mas ele receberá</p><p>todo o leite da vaca extra. Os outros fazendeiros</p><p>decidem fazer a mesma coisa. Todos eles sabem</p><p>que estão prejudicando a recuperação do pasto</p><p>que eles compartilham, mas o medo de perder</p><p>para o outro os “força” a fazer o mesmo. É isso o que ocorre com as espécies de baca-</p><p>lhaus e de atuns nos oceanos, que mesmo ficando cada vez mais raros, são cada vez mais</p><p>pescados. Também é o que ocorre com os reservatórios naturais de água, o uso de poços</p><p>só aumenta e a natureza não tem tempo suficiente para repor o que está sendo gasto</p><p>(NATIONAL SCIENCE FOUNDATION, 2012).</p><p>E será que existe uma solução para esse nosso trágico comportamento? Limitar o aces-</p><p>so aos recursos naturais seria uma possibilidade? Privatizar esses recursos seria outra?</p><p>Talvez isso desse algum resultado. Mas acreditamos que a educação ainda é a melhor</p><p>forma para lidarmos com os problemas ambientais. Porém, já sabemos que a educação</p><p>ambiental, como é hoje, não é suficiente para grandes transformações. Precisamos de</p><p>maior engajamento, vontade individual de mudar. Não podemos continuar achando que</p><p>a tecnologia resolverá tudo, precisamos, também, mudar a nossa forma de pensar e agir.</p><p>O conceito e o nome, Tragédia dos</p><p>Comuns, são de um ensaio de 1833</p><p>escrito pelo economista inglês William</p><p>Forster Lloyd. Ele usou um exemplo</p><p>hipotético de áreas não regulamentadas</p><p>denominadas de “commons”, na</p><p>Grã-Bretanha, usadas para o pastoreio.</p><p>Posteriormente, o biólogo Garrett Hardin,</p><p>em 1968, utilizou o conceito em um artigo</p><p>relacionado às questões ambientais. A</p><p>relação feita é que os “commons” são</p><p>como a atmosfera, os oceanos, os rios,</p><p>os estoques de peixes e as florestas, e</p><p>todos têm acesso e acabam exagerando</p><p>no consumo (CURTIN UNIVERSITY,</p><p>2016). Pegurie (2006) comenta que o</p><p>aquecimento global também não passa</p><p>de “excesso de uso” da atmosfera, mas</p><p>como um depósito coletivo.</p><p>74 Projetos Ambientais</p><p>A situação atual é culpa de todos, pois todos nós habitamos o planeta. Portanto, é o</p><p>momento de iniciarmos uma nova educação ambiental, mais potente, com ferramentas</p><p>que fazem a diferença e escrever um novo futuro.</p><p>Veja a relação da tragédia dos comuns com o nosso código florestal na página 66 deste link:</p><p><http://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/biblioteca/download/livros_digitais/Biodiversidade/conservacao_</p><p>da_natureza_e_eu_com_isso.pdf>. Vale a leitura!</p><p>Você já ouviu falar no “Nobel de Ecologia”? É o Goldman Environmental Prize – Prêmio Ambiental Goldman</p><p>–, premiação feita pela Goldman Environmental Foundation. Pesquise e conheça algumas pessoas que estão</p><p>fazendo a diferença no mundo.</p><p>Ecologia cívica</p><p>O mundo vive uma nova realidade, em 2008 o número de pessoas vivendo em cidades</p><p>superou o número de pessoas vivendo em áreas rurais. O que chama a atenção é que,</p><p>em função dessa mudança, a maior parte dos seres humanos passaram a interagir com</p><p>a natureza nas cidades e não mais em áreas remotas, como ocorria até o século vinte</p><p>(KRASNY; TIDBALL, 2015, p. xii).</p><p>Dentro desse panorama, devemos voltar a nossa atenção para as áreas naturais das cidades</p><p>e é essa a principal proposta de ecologia cívica, das autoras Krasny e Tidball (2015). A eco-</p><p>logia cívica visa resgatar a relação entre as pessoas e as áreas naturais, mas, principalmente,</p><p>resgatar o amor desses moradores urbanos pelos locais onde eles vivem, de forma que eles</p><p>se sintam parte da cidade e passem a cuidar e vivenciar mais os locais públicos.</p><p>A proposta da ecologia cívica, de aproximar as pessoas da natureza nos espaços urbanos</p><p>(figura 8.1), é que a partir do momento em que as pessoas se sentem acolhidas pelo local</p><p>onde vivem, elas passam a ter uma relação mais forte de cuidado. Locais extremamente</p><p>abandonados pelo poder público, sem áreas de lazer, sujas e decadentes, tendem a gerar</p><p>mais descaso pelas pessoas, incentivando a depredação e, até mesmo, maior violência e</p><p>uso de drogas (KRASNY; TIDBALL, 2015, pp. xiii - xiv).</p><p>Recuperar os espaços urbanos naturais e renovar as comunidades trazem novas espe-</p><p>ranças aos seus moradores, melhorando seus relacionamentos e perspectivas de futuro</p><p>(Figura 8.1).</p><p>75Unidade 8 – Projetos Ambientais e a Educação Ambiental</p><p>Figura 8.1 – As hortas urbanas são um bom exemplo de utilização de</p><p>espaços abandonados. A atividade une as pessoas, incentiva a parti-</p><p>lha de responsabilidades e dos produtos e as conecta com a natureza.</p><p>Fonte: Arikogan/Wikimedia Commons/CC BY-SA 3.0</p><p>Portanto, a ecologia cívica é mais do que milhares de práticas individuais que restauram</p><p>a natureza e comunidades desassistidas ao redor do mundo. Ecologia cívica é também a</p><p>aplicação da perspectiva ecológica para entender como pessoas, práticas, comunidades</p><p>e meio ambiente interagem. A ecologia também é o estudo de como o plantio de uma</p><p>árvore conecta pessoas e como essa conexão nos faz mais suscetíveis a trabalhar cole-</p><p>tivamente em atividades de conservação da natureza (KRASNY; TIDBALL, 2015, p. xiii).</p><p>Assim, a ecologia cívica é o estudo de como as práticas comunitárias de gestão ambiental</p><p>interagem com pessoas e outros organismos, mas também com a vizinhança, os go-</p><p>vernos, as organizações e os ecossistemas em que tudo isso ocorre (KRASNY; TIDBALL,</p><p>2015, p. xiv).</p><p>São muitos os exemplos práticos da ecologia cívica, recuperação de parques urbanos,</p><p>plantios de hortas urbanas em terrenos baldios, instalação de recifes artificias para au-</p><p>xiliar na recuperação de rios, plantio de vegetação para recuperar a restinga em cidades</p><p>praianas (Figuras 8.1 e 8.2) etc.</p><p>Figura 8.2 – Plantio de mudas para a recuperação das dunas</p><p>na Praia Central, Navegantes/SC</p><p>Fonte: Prefeitura Municipal de Navegantes</p><p>76 Projetos Ambientais</p><p>Talvez esse seja o caminho inicial da revitalização da educação ambiental, recuperar a</p><p>relação da população urbana com a natureza das cidades, para depois ampliar para as</p><p>áreas não urbanas. Mas precisamos resgatar essa relação de forma mais forte, mais pro-</p><p>funda. Ao cuidar de nossas cidades, cuidaremos mais dos nossos resíduos domésticos e</p><p>industriais, pensaremos melhor sobre o uso dos recursos naturais e, consequentemente,</p><p>cuidaremos muito mais do planeta como um todo.</p><p>Projetos ambientais e educação ambiental</p><p>O que irá caracterizar um projeto em educação ambiental dos demais projetos será o</p><p>objetivo principal, que é a formação de conhecimento sobre a importância da natureza e</p><p>das atividades de conservação. Os passos básicos na elaboração de um projeto serão os</p><p>mesmos dos demais projetos socioambientais, mas a construção do conhecimento sobre</p><p>o meio ambiente é o grande diferencial.</p><p>Projeto Sala Verde</p><p>Figura 8.3 – Exemplo de uma unidade do Projeto Sala Ver-</p><p>de.</p><p>Fonte: Portal Federativo</p><p>Para fechar a nossa unidade, vamos ver um projeto iniciado nos anos 2000, coordenado</p><p>pelo Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, que é o</p><p>Sala Verde.</p><p>O projeto visa a construção do pensamento e da ação ambiental a partir de espaços</p><p>socioambientais,</p><p>como Centros de informação e formação ambiental. Esses espaços po-</p><p>dem ser vinculados a instituições públicas ou privadas que irão criar projetos, ações e</p><p>programas educacionais para trabalhar a questão ambiental.</p><p>77Unidade 8 – Projetos Ambientais e a Educação Ambiental</p><p>São aproximadamente 357 salas em todo o território brasileiro, envolvendo prefeituras,</p><p>secretarias de meio ambiente e de educação, institutos federais e universidades, conse-</p><p>lhos gestores de Unidade de Conservação e organizações não governamentais.</p><p>Inicialmente, o projeto era para a criação de bibliotecas verdes, facilitando o acesso à</p><p>informação, mas as Salas Verdes se tornaram espaços multifuncionais com atividades de</p><p>educação ambiental a partir de palestras, cursos, oficinas, campanhas, entre outras. Elas</p><p>não apresentam um padrão único de formação, as instituições, juntamente com o seu</p><p>público, deverão moldar as salas para que sejam mais efetivas.</p><p>O projeto Sala Verde dá embasamento para o desenvolvimento de um grande número de pequenos projetos a partir</p><p>das instituições onde funcionam as salas. Você pode acompanhar esses projetos a partir do Facebook ou pelo site</p><p>do Ministério do Meio Ambiente, nos seguintes links:</p><p><https://www.facebook.com/salaverdemma/> <http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/educomunicacao/salas-</p><p>verdes></p><p>Síntese</p><p>Esta unidade discutiu o que é educação ambiental, qual a importância dela e o que te-</p><p>mos de informação atual sobre esse segmento. Sabemos que a educação ambiental pre-</p><p>cisa ser mais profunda, mais completa. Não podemos apenas manter atividades lúdicas,</p><p>fazendo artesanatos com resíduos sólidos. Precisamos também formar conhecimento</p><p>sobre a importância de reduzir os nossos resíduos primeiramente, de sermos mais sus-</p><p>tentáveis e responsáveis com os nossos recursos naturais.</p><p>Necessitamos também de uma mudança na educação ambiental, para que os resultados</p><p>comecem a aparecer. Os projetos a serem desenvolvidos nessa área deverão ter mais</p><p>clareza sobre a importância do assunto, é o momento de mudar, e os projetos são uns</p><p>dos meios de se alcançar essa mudança. Também sugerimos que as ações nas cidades</p><p>devam ser mais consistentes, aproximando mais o cidadão de suas áreas naturais, criando</p><p>um vínculo profundo e, para isso, falamos sobre a ecologia cívica.</p><p>Para concluir, vimos o projeto Sala Verde do Ministério do Meio Ambiente, um projeto</p><p>abrangente que abriga centenas de pequenos projetos desenvolvidos com a participação</p><p>de escolas, universidades e unidades de conservação.</p><p>78 Projetos Ambientais</p><p>Pratique</p><p>Que tal conhecer mais de perto sobre os projetos de educação ambiental realizados na</p><p>sua cidade? Pesquise e visite instituições que desenvolvam esses projetos e depois com-</p><p>partilhe com sua turma o que você descobriu.</p><p>Projetos de Recuperação de</p><p>Áreas Degradadas (PRAD)</p><p>Unidade</p><p>9</p><p>Fonte: jeonsango/Pixabay/CC0 1.0</p><p>80 Projetos Ambientais</p><p>Muitas atividades industriais modificam negativamente o meio ambiente. Era muito</p><p>comum antigamente, após o impacto, a área ser abandonada à própria sorte, mas,</p><p>com o passar do tempo, os estudos ambientais foram se aprofundando e leis am-</p><p>bientais passaram a vigorar. Nesta unidade, falaremos sobre alguns termos e técnicas</p><p>utilizadas para reverter uma situação de degradação e, mais especificamente, sobre</p><p>uma publicação do IBAMA, que fornece diretrizes para a composição de projetos de</p><p>recuperação de áreas degradas – o PRAD.</p><p>Degradação ambiental,</p><p>restauração ecológica e</p><p>recuperação de áreas degradadas</p><p>Ações diretas ou indiretas, provenientes das atividades antrópicas, exercem pressões</p><p>constantes nos ecossistemas naturais. Os componentes essenciais desses ecossistemas</p><p>podem ser alterados a ponto de gerar desequilíbrios e resultar em degradação ambien-</p><p>tal. Porém, Stanturf (2005) lembra que para ocorrer a degradação, o distúrbio deverá</p><p>ultrapassar a capacidade de resiliência do local, ou seja, ele perderá a capacidade natural</p><p>de resistir ou de se recuperar sozinho da alteração imposta. Portanto, não podemos con-</p><p>siderar distúrbio como sendo sinônimo de degradação, mas sim que ele poderá levar à</p><p>degradação em função de sua intensidade.</p><p>Não apenas as ações antrópicas geram degradação, eventos naturais (figura 9.1), como</p><p>fogo, enchentes, erupções vulcânicas, em intensidades suficientes para não permitirem</p><p>um retorno ao original, também resultam em ambientes naturais degradados ou agra-</p><p>vam a alteração iniciada pelo homem (SOCIEDADE INTERNACIONAL PARA RESTAURA-</p><p>ÇÃO ECOLÓGICA, 2004).</p><p>Assim, uma “área impossibilitada de retornar por uma trajetória natural, a um ecossiste-</p><p>ma que se assemelhe a um estado conhecido antes, ou para outro estado que poderia</p><p>ser esperado” é definida como área degradada (IBAMA, 2011).</p><p>81Unidade 9 – Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)</p><p>Figura 9.1 – Fotos aéreas do litoral de Banda Aceh, na Indonésia. Na primeira ima-</p><p>gem, o impacto ocasionado por um tsunami (onda gigante gerada por um terremo-</p><p>to) em 2004. Na segunda imagem, a vegetação foi recuperada após 10 anos.</p><p>Fonte: Copyright Dimas Ardian/GETTY IMAGES, Ulet Ifansasti/GETTY IMAGES</p><p>Após o processo de degradação, para que ocorra o retorno para uma situação de não</p><p>degradação, podem ser utilizados três procedimentos: a restauração ecológica, a recu-</p><p>peração de áreas degradadas ou a reabilitação da área degradada. Veja o que cada uma</p><p>significa de acordo com a NBR 13030 (ABNT, 1999):</p><p>1. Restauração: Conjunto de procedimentos que restabelecem as condições exatas ao</p><p>que eram antes da degradação (figura 9.2).</p><p>2. Recuperação: Conjunto de procedimentos através dos quais é feita a recomposição</p><p>da área degradada de forma próxima ao original (figura 9.2).</p><p>3. Reabilitação: Conjunto de procedimentos para o retorno da utilização da área, mas</p><p>com outra finalidade. Exemplo: aterros sanitários encerrados e reabilitados para áreas</p><p>de lazer (figura 9.2).</p><p>82 Projetos Ambientais</p><p>Figura 9.2 – Esquema ilustrando a diferença entre os termos restauração, recuperação e reabilitação.</p><p>Fonte: Adaptado de Bitar & Braga (1995)</p><p>Portanto, a principal diferença entre a restauração e a recuperação é o resultado final</p><p>da área não degradada. Na restauração ela deverá ser o mais próximo possível do que</p><p>era anteriormente. Já na recuperação não existe essa exigência, ou seja, a área pode ser</p><p>recuperada com uma vegetação diferente da que era originalmente, por exemplo.</p><p>Para não ficar nenhuma dúvida, veja as definições dadas na Lei nº 9.985/2000:</p><p>“Art. 2º [...]</p><p>XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre de-</p><p>gradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição</p><p>original;</p><p>XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre de-</p><p>gradada o mais próximo possível da sua condição original.</p><p>[...]”</p><p>O processo de restauração ecológica ou de recuperação dependerá do tipo de agressão</p><p>praticada. Se ocorreu desmatamento parcial ou completo, se o solo foi totalmente retirado,</p><p>como ocorre na mineração, ou se foram despejadas substâncias tóxicas no solo e ele preci-</p><p>sa ser primeiramente tratado. Em algumas situações é praticamente impossível um retorno</p><p>próximo ao original, nesses casos a recuperação é mais indicada do que a restauração.</p><p>Os projetos de restauração ecológica e recuperação de áreas degradadas precisam da</p><p>participação ativa da população local para terem sucesso. Muitos benefícios podem ser</p><p>gerados para a comunidade, mas também para a natureza. Em um projeto na Costa Rica,</p><p>83Unidade 9 – Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)</p><p>os agricultores recebem para semear e plantar árvores nativas. Para os estudantes, são</p><p>fornecidas aulas teóricas de ecologia e práticas de campo. O acesso ao parque estimula o</p><p>ecoturismo e movimenta a economia. Assim, os benefícios gerados para ambos os lados,</p><p>ambiental e social, garantem a preservação da área (MILLER, 2008).</p><p>Atividades impactantes</p><p>e a lei ambiental</p><p>Segundo o Caput do artigo 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988),</p><p>“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso co-</p><p>mum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao Poder Público e à co-</p><p>letividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.</p><p>Apesar da grande importância do meio ambiente ecologicamente equilibrado, existem</p><p>atividades industriais que, inevitavelmente, geram impacto ambiental. Aqui temos um</p><p>impasse, pois sabemos que a atividade irá impactar o meio negativamente, mas também</p><p>dependemos da atividade para o nosso conforto e desenvolvimento.</p><p>Entre as ações do Poder Público para garantir o direito ao ambiente ecologicamente</p><p>equilibrado, está, então, o de assegurar a preservação e restauração dos processos</p><p>ecológicos essenciais, além do manejo ecológico das espécies (BRASIL, 1988).</p><p>Outra ação é a de que ficam obrigados a recuperar o meio ambiente todos aqueles</p><p>que explorarem recursos minerais. O órgão público competente indicará a solução técni-</p><p>ca a ser seguida (BRASIL, 1988). Portanto,</p><p>Art. 1° Os empreendimentos que se destinam à exploração de recursos minerais deve-</p><p>rão, quando da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do Relatório do</p><p>Impacto Ambiental - RIMA, submeter à aprovação do órgão ambiental competente,</p><p>plano de recuperação de área degradada (BRASIL, 1989).</p><p>Parágrafo único. Para os empreendimentos já existentes, deverá ser apresentado ao</p><p>órgão ambiental competente, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, a partir</p><p>da data de publicação deste Decreto, um plano de recuperação da área degradada</p><p>(BRASIL, 1989).</p><p>Também, a Política Nacional do Meio Ambiente impõe ao predador e ao poluidor a obri-</p><p>gação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela</p><p>utilização dos recursos ambientais com fins econômicos (BRASIL, 1981). Essa obrigação</p><p>independe de culpa, sendo uma responsabilidade civil objetiva, ou seja, basta a com-</p><p>84 Projetos Ambientais</p><p>provação do dano, da conduta e do nexo causal (que liga a conduta ao dano). Esse é o</p><p>Princípio do Poluidor-Pagador.</p><p>As atividades industriais geram muitos passivos ambientais e essas ações legais são</p><p>medidas para tentar reduzi-los. Por muito tempo não existiu essa preocupação e, na</p><p>maioria das vezes, a empresa impactava e não recuperava. Muitas ainda encerravam as</p><p>atividades e abandonavam os resíduos, gerando contaminações que comprometiam a</p><p>vida dos organismos e das pessoas das comunidades próximas.</p><p>Os passivos ambientais são “qualquer obrigação da empresa relativos aos danos ambientais causados por</p><p>ela, uma vez que a empresa é a responsável pelas consequências destes danos na sociedade e no meio ambiente”.</p><p>Saiba mais sobre eles aqui:</p><p><http://www.pensamentoverde.com.br/sustentabilidade/entenda-diferenca-ativo-passivo-ambiental/></p><p>Projeto de Recuperação de Áreas</p><p>Degradadas (PRAD)</p><p>A Política Nacional do Meio Ambiente instituiu que as atividades que geram degradação</p><p>ambiental, independentemente do tipo, são obrigadas a adotar medidas de recupera-</p><p>ção. Para “fazer cumprir a legislação ambiental, especialmente no que concerne aos</p><p>procedimentos relativos à reparação de danos ambientais” e “estabelecer exigências</p><p>mínimas e nortear a elaboração de Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)</p><p>ou Áreas Alteradas”, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais</p><p>Renováveis - IBAMA, publicou a Instrução Normativa nº 4, em abril de 2011.</p><p>O PRAD é um documento em que são listadas as ações para a mitigação dos impactos</p><p>ambientais gerados pela atividade industrial. Os efeitos negativos devem ser eliminados</p><p>ou minimizados, o que dependerá do tipo e da extensão do dano. As ações podem variar</p><p>de acordo com a estabilização necessária, como exemplos: a reintrodução de vegetação</p><p>(estabilização biológica), geotécnica (estabilização física) e remedição do solo (estabiliza-</p><p>ção química) (INEA, 2014).</p><p>Instrução Normativa no 4 do IBAMA (2011) e</p><p>Composição do PRAD</p><p>A Instrução Normativa é composta por seis capítulos e cinco anexos, acompanhe a seguir:</p><p>85Unidade 9 – Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)</p><p>Capítulo I – Disposições gerais</p><p>Capítulo II – Definições</p><p>Capítulo III – Procedimentos iniciais</p><p>Capítulo IV – Implantação e manutenção</p><p>Capítulo V – Monitoramento e avaliação</p><p>Capítulo VI – Disposições finais</p><p>Anexo I - Termo de Referência para elaboração de Projeto de Recuperação de Área De-</p><p>gradada ou Alterada – TR- PRAD</p><p>Anexo II - Termo de Referência para elaboração de Projeto Simplificado de Recuperação</p><p>de Área Degradada ou Alterada de Pequena Propriedade ou Posse Rural Familiar – TR-</p><p>-PRAD Simplificado</p><p>Anexo III - Relatório de Monitoramento e de Avaliação de Projeto de Recuperação de</p><p>Área Degradada ou Alterada</p><p>Anexo IV - Termo de Compromisso de Reparação de Dano Ambiental</p><p>Anexo V - Termo de Referência para a Reparação de Dano Ambiental</p><p>O PRAD apresenta uma estrutura básica, que facilita a composição do projeto, veja a</p><p>seguir (IBAMA, 2011):</p><p>1. Identificação do requerente;</p><p>2. Identificação da área: deve ser informada a área total do imóvel e a área total</p><p>do dano com informações georreferenciadas, tipo de solo, relevo, situação de uso</p><p>atual, entre outros;</p><p>3. Responsável técnico;</p><p>4. Diagnóstico da situação: o uso da terra no local e no entorno, a presença ou</p><p>ausência de regeneração natural, tipo de solo, outras informações relevantes;</p><p>86 Projetos Ambientais</p><p>5. Origem da degradação: descrição da atividade causadora da degradação;</p><p>6. Objetivos gerais e específicos;</p><p>7. Metodologia a ser empregada;</p><p>8. Cronogramas: de implantação e de acompanhamento;</p><p>9. Custos: de implantação e acompanhamento;</p><p>10. Resultados esperados;</p><p>11. Atividades de manutenção: apresentar as medidas de manutenção da área ob-</p><p>jeto da recuperação;</p><p>12. Ações de monitoramento: detalhar os métodos que serão utilizados no monito-</p><p>ramento para a avaliação do processo de recuperação, a fim de detectar os suces-</p><p>sos ou insucessos das estratégias utilizadas.</p><p>Síntese</p><p>Vimos que muitas atividades industriais modificam</p><p>negativamente o meio ambiente e que, para</p><p>mudar essa situação, foram desenvolvidos</p><p>estudos ambientais e leis específicas. Algumas</p><p>técnicas são aplicadas na tentativa de reverter</p><p>o impacto nela gerado, entre elas temos a</p><p>restauração, a recuperação e a reabilitação. Para</p><p>orientar as ações de recuperação de áreas degradadas, o IBAMA publicou uma instrução</p><p>normativa que fornece diretrizes para a composição de projetos de recuperação de áreas</p><p>degradas – o PRAD.</p><p>Para ter acesso aos documentos</p><p>completos da Instrução Normativa no 4</p><p>do IBAMA acesse:</p><p><https://www.diariodasleis.com.br/</p><p>busca/exibelink.php?numlink=216807></p><p>87Unidade 9 – Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)</p><p>Pratique</p><p>Defina, com suas palavras, a diferença entre recuperação, restauração e reabilitação.</p><p>Roteiro de Elaboração e</p><p>Financiamento de Projetos</p><p>Ambientais</p><p>Unidade</p><p>10</p><p>Fonte: Bakhtiar Zein/Dreamstime/Copyright</p><p>90 Projetos Ambientais</p><p>Chegamos à última unidade do curso de Projetos Ambientais, espero que você tenha</p><p>encontrado informações úteis para a sua formação até este momento. O objetivo</p><p>principal foi aprender sobre a elaboração, execução e avaliação de projetos socio-</p><p>ambientais. E, para completar as informações, vamos ver um modelo de projeto e</p><p>algumas instituições que financiam projetos, as agências de fomento. Aproveitem</p><p>para complementar as informações já vistas no nosso curso.</p><p>Introdução</p><p>Ao debater os diferentes problemas ambientais, percebemos que alguns são mais sim-</p><p>ples de serem resolvidos com uma investigação científica. Já outros são bem mais com-</p><p>plexos, pois envolvem questões sociais, políticas e econômicas. Muitas vezes, os interes-</p><p>ses particulares de um determinado grupo podem comprometer o desenvolvimento de</p><p>um projeto de grande relevância para a sociedade. Então,</p><p>é preciso ter clareza de tudo</p><p>o que pode estar sendo envolvido ao se pensar em um projeto ambiental e não apenas</p><p>na sua escrita.</p><p>Mostramos as questões mais básicas da estrutura de um projeto, mas também discu-</p><p>timos um pouco sobre questões importantes e que precisamos ter conhecimento para</p><p>desenvolvermos essa disciplina. Vivemos em um tempo de crise ambiental, mas ela é,</p><p>principalmente, o reflexo da nossa crise social.</p><p>Ao trabalharmos com um projeto ambiental, uma das situações envolvidas é a eco-</p><p>nômica, ou seja, a obtenção de recursos financeiros para desenvolvê-lo. Muitas vezes</p><p>precisaremos mudar um pouco, ou muito, do projeto para nos adequarmos à realidade</p><p>financeira disponível.</p><p>Não é errado ser sonhador, ter esperança, mas para ser eficiente precisamos ser realis-</p><p>tas. Quando você pensar em um projeto socioambiental, pense também na estrutura</p><p>disponível para desenvolvê-lo. Não adianta querer analisar o solo lunar se você sabe que</p><p>não terá acesso a ele. Coloque os pés no chão e veja o que é passível de realização. Faça</p><p>menor, mas faça bem feito.</p><p>Um projeto é, basicamente, um planejamento e ele deve ser organizado. Podemos cha-</p><p>mar de projeto a elaboração de uma festa de casamento, a construção de uma casa,</p><p>uma viagem dos sonhos. Assim como a construção de uma estação espacial. Cada um</p><p>91Unidade 10 – Roteiro de Elaboração e Financiamento de Projetos Ambientais</p><p>dentro da sua complexidade, mas seguindo passos semelhantes, como os que vimos</p><p>neste material.</p><p>Modelo de projeto socioambiental</p><p>Pesquisando na internet, podemos encontrar uma grande variedade de modelos de pro-</p><p>jetos. Você poderá fazer um comparativo, todos são bastante semelhantes, mas claro,</p><p>você poderá encontrar algumas particularidades aqui e ali.</p><p>Mais importante do que o modelo, é realmente você entender os elementos que in-</p><p>tegram um projeto. Vimos no início do nosso curso sobre o problema, a hipótese e os</p><p>objetivos. Eles são como um guia na elaboração do seu projeto. Será bem mais simples</p><p>estruturá-lo se você compreender bem a função desses itens.</p><p>Atualmente, é muito mais simples encontrar uma informação, portanto, se você tiver</p><p>alguma dúvida sobre a elaboração do seu projeto, não hesite, pesquise. Se a internet</p><p>não for suficiente, sim isso pode acontecer, procure ajuda. Sempre terá um profissional</p><p>que poderá te ajudar neste caminho. Colegas também podem ser uma ótima fonte de</p><p>consulta, aproveite!</p><p>Roteiro de elaboração de projetos</p><p>Veremos agora um roteiro para a elaboração de</p><p>projetos. Esse material foi desenvolvido pelo Mi-</p><p>nistério do Meio Ambiente a partir da Coorde-</p><p>nadoria de Agroextrativismo. O título é “Projetos</p><p>do programa comunidades tradicionais”. Eles</p><p>possuem três tipos de projetos, dependendo do</p><p>valor e do tempo de execução. A seguir, está o</p><p>roteiro básico.</p><p>Projetos do programa comunidades tradicionais: roteiro de elaboração</p><p>1. Localidade e município onde será executado o projeto</p><p>Explicar com detalhes as formas de acesso à localidade onde será desenvolvido o</p><p>projeto (município, estado e pontos de referência).</p><p>Você pode acessar mais informações</p><p>sobre este roteiro a partir do link:</p><p><https://goo.gl/GgyF6F>.</p><p>92 Projetos Ambientais</p><p>2. Objetivo do projeto</p><p>O objetivo do projeto deve conter o que se deseja alcançar após a execução do pro-</p><p>jeto, com o problema já resolvido. Ele deve retratar uma situação em que o problema</p><p>não existe mais, ou foi reduzido.</p><p>O objetivo diz “aonde se quer chegar com o projeto”.</p><p>3. Beneficiários</p><p>Quem vai se beneficiar diretamente com o projeto? Nome da(s) comunidade(s), nú-</p><p>mero de famílias, número de pessoas. Em projetos que tratem da questão de gênero,</p><p>indicar o número de mulheres.</p><p>4. Justificativa</p><p>Em geral, um projeto é elaborado para buscar uma solução ou um apoio para resol-</p><p>ver ou diminuir uma dificuldade ou um problema. Por isso, nos manuais de projetos</p><p>pede-se uma justificativa – ela é que explica porque a comunidade ou organização</p><p>quer o projeto. É necessário deixar bem claro por que o projeto está sendo solicitado.</p><p>Explique detalhadamente o contexto atual e como o projeto poderá ajudar a resolver</p><p>esta situação, este problema, esta dificuldade.</p><p>5. Metas</p><p>Com o objetivo, pode-se entender onde o projeto quer chegar ao final. Mas, para</p><p>chegar a essa finalidade, é necessário alcançar metas muito concretas no caminho. As</p><p>metas explicam quanto se quer alcançar, do quê e em quanto tempo.</p><p>6. Atividades</p><p>As atividades são as ações que precisam ser</p><p>realizadas para se alcançar as metas. Descreva</p><p>as atividades que o projeto deve executar res-</p><p>pondendo à questão: o que deve ser feito para</p><p>se alcançar cada meta? Lembre-se: para cada</p><p>meta deve haver uma ou mais atividades.</p><p>7. Cronograma de atividades</p><p>O Cronograma de atividades define quando cada atividade inicia e termina. Para</p><p>fazer o cronograma, deve-se responder à pergunta: quando serão realizadas essas</p><p>atividades?</p><p>A diferença entre meta e objetivo é que</p><p>os objetivos descrevem a pretensão</p><p>futura. Já as metas descrevem prazos,</p><p>quantidades, volume etc. As metas são</p><p>dados concretos do projeto (CARVALHO</p><p>JÚNIOR, 2012, p. 193).</p><p>93Unidade 10 – Roteiro de Elaboração e Financiamento de Projetos Ambientais</p><p>8. Memória de cálculo</p><p>A memória de cálculo diz respeito aos itens (pessoas, equipamentos, materiais etc., e</p><p>em que quantidade) que são necessários para executar as atividades desse projeto e</p><p>deve ser feito para cada atividade.</p><p>9. Orçamento por elemento de despesa</p><p>Após o levantamento do que é necessário para o cumprimento de cada atividade,</p><p>seus custos devem ser reunidos por assunto, ou seja, por elemento de despesa.</p><p>• material de consumo: todo material que se gasta, como papel, combustível, filmes</p><p>para máquina, alimentos comprados etc.;</p><p>• passagens e despesa de locomoção: passagens ou outros custos de viagem, como</p><p>frete de barco, por exemplo;</p><p>• consultoria: pagamento de profissionais especializados que o projeto contrata para</p><p>trabalhar nas suas atividades;</p><p>• serviços de terceiros de pessoa física: pagamento por serviços eventuais que o</p><p>projeto paga a pessoas, como barqueiro, cozinheira etc.;</p><p>• serviço de terceiros de pessoa jurídica: pagamento de serviços realizados por em-</p><p>presas. Exemplo: serviços de gráfica, cópias etc.;</p><p>• diária: gastos de viagens: pagamento de hotel, comida, deslocamentos curtos etc.;</p><p>• obras: gastos com construção;</p><p>• equipamentos: máquinas e objetos per-</p><p>manentes que o projeto compra como, por</p><p>exemplo, máquina fotográfica, computador,</p><p>impressora, barco, motor etc.</p><p>Financiamento do projeto</p><p>Para finalizar o nosso material, vamos ver algumas formas de financiamento de projetos.</p><p>Existem muitas maneiras de se obter um financiamento, há organizações públicas e pri-</p><p>Aproveite este roteiro e pesquise outros</p><p>modelos e compare. Você vai ver que a</p><p>base é bem semelhante, porém podem ter</p><p>alguns detalhes diferentes e específicos</p><p>para cada tipo de projeto.</p><p>94 Projetos Ambientais</p><p>vadas com programas que podem ser corridos, ou seja, durante o ano todo, ou pontuais,</p><p>com datas específicas para a submissão.</p><p>Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA)</p><p>O Ministério do Meio Ambiente criou o Fundo Nacional do Meio Ambiente, o FNMA,</p><p>veja a descrição disponível no site do Ministério:</p><p>O Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado há 27 anos, é o mais antigo fundo am-</p><p>biental da América Latina. O FNMA é uma unidade do Ministério do Meio Ambiente</p><p>(MMA), criado pela lei nº 7.797 de 10 de julho de 1989, com a missão de contribuir,</p><p>como agente financiador, por meio da participação social, para a implementação da</p><p>Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).</p><p>Além de ser um agente financiador, o FNMA</p><p>também atua como gestor, contratando</p><p>profissionais para o desenvolvimento de</p><p>instruções normativas, relatórios e pesquisas</p><p>ambientais.</p><p>Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO)</p><p>Trata-se de uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em 1996. Atua com parceiros</p><p>do setor</p><p>privado, órgãos públicos estaduais e federais e com a sociedade civil organizada.</p><p>Exerce uma série de atividades, tais como</p><p>elaboração e construção de projetos,</p><p>financiamento de projetos por meio de chamadas,</p><p>gestão financeira de projetos e sistemas para</p><p>planejamento e gestão de projetos, entre outras.</p><p>O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e</p><p>Social (BNDES)</p><p>O BNDES foi fundado em 1952 e atua como o principal instrumento do Governo Federal</p><p>para financiamentos e investimentos a projetos de caráter social, cultural e tecnológico.</p><p>Consulte o site do Ministério do Meio</p><p>Ambiente para saber mais sobre o</p><p>FNMA: <http://www.mma.gov.br/fundo-</p><p>nacional-do-meio-ambiente>.</p><p>Consulte o site do FUNBIO para saber</p><p>mais: <http://www.funbio.org.br/>.</p><p>Consulte o site do BNDES para saber</p><p>mais, use o filtro meio ambiente: <http://</p><p>www.bndes.gov.br//>.</p><p>95Unidade 10 – Roteiro de Elaboração e Financiamento de Projetos Ambientais</p><p>vadas com programas que podem ser corridos, ou seja, durante o ano todo, ou pontuais,</p><p>com datas específicas para a submissão.</p><p>Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA)</p><p>O Ministério do Meio Ambiente criou o Fundo Nacional do Meio Ambiente, o FNMA,</p><p>veja a descrição disponível no site do Ministério:</p><p>O Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado há 27 anos, é o mais antigo fundo am-</p><p>biental da América Latina. O FNMA é uma unidade do Ministério do Meio Ambiente</p><p>(MMA), criado pela lei nº 7.797 de 10 de julho de 1989, com a missão de contribuir,</p><p>como agente financiador, por meio da participação social, para a implementação da</p><p>Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).</p><p>Além de ser um agente financiador, o FNMA</p><p>também atua como gestor, contratando</p><p>profissionais para o desenvolvimento de</p><p>instruções normativas, relatórios e pesquisas</p><p>ambientais.</p><p>Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO)</p><p>Trata-se de uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em 1996. Atua com parceiros</p><p>do setor privado, órgãos públicos estaduais e federais e com a sociedade civil organizada.</p><p>Exerce uma série de atividades, tais como</p><p>elaboração e construção de projetos,</p><p>financiamento de projetos por meio de chamadas,</p><p>gestão financeira de projetos e sistemas para</p><p>planejamento e gestão de projetos, entre outras.</p><p>O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e</p><p>Social (BNDES)</p><p>O BNDES foi fundado em 1952 e atua como o principal instrumento do Governo Federal</p><p>para financiamentos e investimentos a projetos de caráter social, cultural e tecnológico.</p><p>Consulte o site do Ministério do Meio</p><p>Ambiente para saber mais sobre o</p><p>FNMA: <http://www.mma.gov.br/fundo-</p><p>nacional-do-meio-ambiente>.</p><p>Consulte o site do FUNBIO para saber</p><p>mais: <http://www.funbio.org.br/>.</p><p>Consulte o site do BNDES para saber</p><p>mais, use o filtro meio ambiente: <http://</p><p>www.bndes.gov.br//>.</p><p>São vários os temas dos projetos ambientais</p><p>apoiados pelo BNDES: Redução de emissões de</p><p>gases de efeito estufa, restauração de biomas</p><p>brasileiros, recuperação e conservação de ecos-</p><p>sistemas e biodiversidade, saneamento básico e</p><p>recuperação de áreas degradadas, entre outros.</p><p>Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza</p><p>O Grupo Boticário mantém há mais de 20 anos o apoio às iniciativas para a conservação</p><p>da natureza. Os projetos e programas por eles suportados são relacionados às unidades</p><p>de conservação de proteção integral e reservas particulares do patrimônio natural (RPPNs),</p><p>espécies ameaçadas, ambientes marinhos e políticas públicas.</p><p>A restrição é que as iniciativas apoiadas são apenas</p><p>de pessoas jurídicas sem fins lucrativos, como</p><p>organizações não governamentais, fundações ou</p><p>associações privadas.</p><p>Os editais abrem no início do primeiro e segundo</p><p>semestres e as submissões são feitas por</p><p>formulários on-line no site da Fundação.</p><p>Síntese</p><p>Nesta unidade, falamos sobre os roteiros de elaboração de projetos. Escolhemos um</p><p>exemplo como uma referência da sequência básica cobrada em projetos socioambientais</p><p>e, também, para mostrar algumas particularidades cobradas de acordo com cada</p><p>edital. Em seguida, vimos uma lista de instituições de fomento, que financiam projetos</p><p>e programas ambientais. Assim, fechamos o nosso curso, falamos sobre as questões</p><p>ambientais e sociais relacionadas à conservação da natureza e recuperação de espaços</p><p>degradados, sobre os elementos básicos para a confecção de um projeto e também dicas</p><p>para a escrita e exemplificamos algumas áreas relacionadas aos projetos ambientais,</p><p>como as comunidades tradicionais e os projetos de recuperação de áreas degradadas.</p><p>Conheça mais sobre a Fundação Grupo</p><p>Boticário de Proteção à Natureza,</p><p>seus projetos e editais, acessando</p><p>o link a seguir: <http://www.</p><p>fundacaogrupoboticario.org.br/pt/pages/</p><p>default.aspx>.</p><p>96 Projetos Ambientais</p><p>Pratique</p><p>Pesquise sobre as seguintes normas da ABNT para aprender mais sobre a elaboração de</p><p>projetos, impacto ambiental e mineração. Escreva um texto dizendo quais os pontos mais</p><p>importantes para a sua formação como técnico em Meio Ambiente.</p><p>• NBR 13028:1993 - Elaboração e apresentação de projeto de disposição de rejeitos de</p><p>beneficiamento, em barramento, em mineração – Procedimento.</p><p>• NBR 13029:1993 - Elaboração e apresentação de projeto de disposição de estéril, em</p><p>pilha, em mineração – Procedimento.</p><p>• NBR 13030:1999 - Elaboração e apresentação de projeto de reabilitação de áreas</p><p>degradadas pela mineração.</p><p>97Respostas esperadas</p><p>Respostas esperadas</p><p>Unidade 01</p><p>A resposta é a construção do texto pelo aluno, seguir o link para ver se os termos foram</p><p>definidos corretamente.</p><p>Unidade 02</p><p>A resposta vai depender da pesquisa feita pelo aluno, o avaliador deverá ficar atento se</p><p>há coerência entre os três itens: tema, problema e hipótese.</p><p>Unidade 03</p><p>O aluno deverá relacionar a pergunta ao item “justificativa” de um projeto e explicar as</p><p>características dele.</p><p>(Item do projeto em que o autor explica quais são os benefícios do estudo, qual a impor-</p><p>tância da pesquisa e da solução de um problema específico. Onde ele irá argumentar o</p><p>que o seu projeto tem de mais relevante e o porquê de ele ser aprovado e executado).</p><p>Unidade 04</p><p>e) aos materiais e métodos.</p><p>Unidade 05</p><p>(x) certo.</p><p>Unidade 06</p><p>1. b) Monitoramento.</p><p>98 Projetos Ambientais</p><p>2. d) Quantitativos e qualitativos.</p><p>Unidade 07</p><p>A resposta é livre e vai depender da pesquisa feita pelo aluno.</p><p>Unidade 08</p><p>A resposta dependerá da pesquisa realizada pelo aluno.</p><p>Unidade 09</p><p>3. Recuperação: Conjunto de procedimentos através dos quais é feita a recomposição</p><p>da área degradada de forma próxima ao original.</p><p>4. Restauração: Conjunto de procedimentos que restabelecem as condições exatas ao</p><p>que eram antes da degradação.</p><p>5. Reabilitação: Conjunto de procedimentos para o retorno da utilização da área, mas</p><p>com outra finalidade. Exemplo: aterros sanitários encerrados e reabilitados para áreas</p><p>de lazer.</p><p>Unidade 10</p><p>A resposta é livre de acordo com a pesquisa feita pelo aluno, seguindo as normas indi-</p><p>cadas acima.</p><p>99</p><p>Finalizando</p><p>Chegamos ao final da nossa jornada e gostaria de te agradecer por me acompanhar</p><p>até aqui. Aprendi muito preparando esse material e espero que ele tenha sido útil na</p><p>sua formação e futura atuação profissional. Desejo, também, que este conteúdo tenha</p><p>contribuído para fazer de você alguém especial e um profissional mais consciente, mais</p><p>ético e que preza pelo respeito a si mesmo e aos outros. Que, como técnica(o) ambien-</p><p>tal, possa construir e contribuir para uma sociedade melhor, compreendendo que nossas</p><p>ações devem ser uma referência positiva. Não há como sermos pessoas e profissionais</p><p>melhores se não nos conhecermos e se não assumirmos responsabilidade pelos nossos</p><p>atos. Portanto, se soubermos qual é o nosso lugar no mundo, qual é a nossa missão, que</p><p>marca queremos deixar, poderemos realmente fazer a diferença em nossa sociedade.</p><p>Obrigada por dedicar a sua vida profissional para a proteção do nosso planeta e que a</p><p>clareza e a persistência sempre te acompanhem. Boa</p><p>a proteção do meio ambiente e, justamente por esse motivo, inicio</p><p>o material com essa discussão.</p><p>O estudo do componente curricular Projetos Ambientais será desenvolvido em 52 ho-</p><p>ras/aula. Neste material serão fornecidas informações teóricas, exemplos e ferramentas</p><p>práticas para formar profissionais confiantes quando o assunto for projetos ambientais.</p><p>O material será dividido em dez unidades, cada uma contemplando vários pontos de</p><p>relevância sobre os projetos ambientais.</p><p>Como comentado, iniciaremos a unidade 1 discutindo a relação do ser humano com</p><p>a natureza. Nessa unidade, discutiremos sobre a atuação humana, os seus impactos e</p><p>as suas consequências. Também falaremos dos serviços oferecidos pelos ecossistemas,</p><p>denominados de serviços ambientais, na intenção de ressaltar a importância da conser-</p><p>vação e preservação da natureza e dar embasamento para os projetos ambientais.</p><p>Na segunda unidade, entraremos na conceituação de projeto, o que vem a ser esse termo</p><p>e quais as vantagens de se saber fazer um bom projeto, tanto na área ambiental quanto</p><p>na social. Veremos também como escolher o tema do projeto e formular hipóteses.</p><p>Na terceira unidade, daremos mais dois passos na confecção do projeto, falaremos so-</p><p>bre a justificativa e os objetivos, detalhando as características e importância de cada um</p><p>deles.</p><p>Nas unidades 4 e 5, aprenderemos mais sobre os itens que compõem um projeto, os</p><p>chamados elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais e sobre a importância da es-</p><p>crita, com algumas dicas para iniciar a escrita e tornar o texto mais claro. Outro ponto</p><p>importante que veremos será o plágio, o que vem a ser e como evitá-lo.</p><p>Após definirmos o que é projeto, como ele é composto e suas principais características,</p><p>falaremos sobre a sua implementação, ou seja, de como tirá-lo do papel. Na unidade</p><p>6, também abordaremos a avaliação do projeto e sua possível sustentabilidade, que é o</p><p>legado a ser deixado após o término do projeto.</p><p>Nas unidades 7, 8 e 9 discutiremos a importância dos projetos e suas particularidades em</p><p>três diferentes temas: as comunidades tradicionais, a educação ambiental e a recupera-</p><p>ção de áreas degradadas.</p><p>Para finalizar o nosso material, na unidade 10 veremos um modelo de projeto, com as</p><p>suas principais etapas e os itens que as compõem e, também, um pouco sobre as insti-</p><p>tuições que financiam os projetos, conhecidas como agências de fomento.</p><p>É uma bela caminhada que teremos pela frente, com muita coisa para ser vista e discu-</p><p>tida. Então, me acompanhe nessa jornada, tenho certeza de que teremos ótimos mo-</p><p>mentos.</p><p>Bons estudos!</p><p>O Meio Ambiente e os Projetos</p><p>Ambientais</p><p>Unidade</p><p>1</p><p>Fonte: Dooder/Freepik/Copyright</p><p>14 Projetos Ambientais</p><p>Iniciaremos esta unidade discutindo a relação do homem com a natureza: de que</p><p>forma as ações humanas impactam o meio e quais as suas consequências, pois, não</p><p>raro, o homem em suas atividades causa sérias alterações ambientais e estas, muitas</p><p>vezes, são irreversíveis. Também veremos como é importante analisarmos essa con-</p><p>vivência conflituosa a fim de entendermos o papel dos projetos ambientais no nosso</p><p>dia a dia e a relevância dessa disciplina para o seu futuro profissional. Os projetos são</p><p>a base para ações bem-sucedidas, assim como a fundação de uma casa, e podem</p><p>melhorar a atuação do homem no meio natural e/ou impactado.</p><p>As decisões tomadas no presente representam o caminho a ser alcançado no futuro</p><p>e com o meio ambiente não é diferente, por isso, planejar adequadamente é a me-</p><p>lhor forma de se conservar e preservar a natureza, mas para que isso ocorra também</p><p>precisamos conhecê-la e respeitá-la.</p><p>A partir dessa unidade, vocês poderão compreender o papel do homem como ator</p><p>principal atuante na natureza e a importância dos projetos ambientais como ferra-</p><p>menta para a conservação da natureza e atuações sociais. Vamos começar?</p><p>O homem e a natureza</p><p>Nós, seres humanos, fazemos parte da natureza,</p><p>ninguém questiona isso. Não podemos viver iso-</p><p>ladamente, sem energia solar, sem água e sem</p><p>um grande número de organismos que habitam</p><p>o planeta. Dependemos dos organismos que re-</p><p>alizam fotossíntese e que transformam a ener-</p><p>gia que vem do sol em matéria orgânica, base</p><p>da nossa alimentação. Também dependemos dos</p><p>organismos capazes de degradar uma série de</p><p>compostos, permitindo a ciclagem de nutrien-</p><p>tes no planeta.</p><p>Desde os primórdios, assim como animais, plantas e demais organismos, desenvolvemos</p><p>uma série de atividades que modificam o meio biofísico. Com a nossa evolução biológica</p><p>e o desenvolvimento de habilidades manuais e intelectuais, ao longo da história, passa-</p><p>mos de predadores de topo de cadeia e integrantes do meio natural para “dominadores”</p><p>de outras espécies e “donos” do espaço físico no planeta Terra.</p><p>Ciclagem de nutrientes</p><p>é o ciclo percorrido pelos nutrientes, na</p><p>forma de moléculas, íons ou átomos,</p><p>passando da matéria orgânica para</p><p>a matéria inorgânica, através da</p><p>decomposição. Posteriormente, esses</p><p>nutrientes retornam à matéria orgânica,</p><p>fechando o ciclo.</p><p>15Unidade 1 – O Meio Ambiente e os Projetos Ambientais</p><p>Com esse novo “status” natural, o ser humano passou a alterar o ambiente ao seu redor</p><p>de forma cada vez mais dramática, permitindo um grande crescimento da nossa popula-</p><p>ção e, como já é sabido, todas as espécies que apresentam um crescimento populacional</p><p>fora da normalidade causam impactos acentuados ao meio natural. Esses crescimentos</p><p>explosivos podem alterar a paisagem e, principalmente, a ocorrência de outras espécies,</p><p>pois aumentam a competição por espaço, alimentos e a predação.</p><p>Segundo Fábio Olmos (2011, p. 23), os seres hu-</p><p>manos atuam modificando o ambiente natural</p><p>há muito tempo, por volta de dezenas de milha-</p><p>res de anos, com início provável no uso do fogo.</p><p>Esse impacto foi determinante na extinção de</p><p>animais de várias espécies, mas principalmente</p><p>nas de grande porte, chamadas de megafauna</p><p>(Figura 1.1). Ou seja, de acordo com o autor, é</p><p>um equívoco pensar que a humanidade vivia de</p><p>forma equilibrada nos primórdios e que apenas</p><p>no século XVI, com a expansão da população eu-</p><p>ropeia, é que esse equilíbrio foi alterado.</p><p>Figura 1.1 – Exemplar de preguiça-gigante – que fez</p><p>parte da megafauna encontrada no Brasil – exposto</p><p>no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de</p><p>Janeiro – UFRJ.</p><p>Fonte: Dornicke/Wikimedia Commons/CC BY-SA 4.0</p><p>Pelos registros históricos do planeta Terra, nunca, em tão pouco tempo de existência,</p><p>uma única espécie modificou tanto o meio biofísico quanto a espécie humana fez e</p><p>vem fazendo.</p><p>Megafauna</p><p>termo utilizado para designar grandes</p><p>animais, como elefantes e girafas.</p><p>Vários animais pré-históricos, já extintos,</p><p>faziam parte da megafauna, como os</p><p>mamutes, as preguiças-gigantes e os</p><p>tigres-dentes-de-sabre. Quer saber mais?</p><p>Acesse o link: <http://www.oeco.org.br/</p><p>dicionario-ambiental/27647-o-que-e-a-</p><p>megafauna/>.</p><p>16 Projetos Ambientais</p><p>Será que temos ciência do impacto ambiental que causamos ao usarmos os recursos na-</p><p>turais? Será que percebemos a responsabilidade que temos ao modificar o meio natural?</p><p>Ao escolhermos o que iremos consumir, temos clareza do que aquela escolha representa</p><p>aos nossos ecossistemas? Como enxergamos as nossas ações no planeta?</p><p>Ao que parece, não percebemos a nossa responsabilidade cotidiana, individual ou coleti-</p><p>va, no cuidado ao meio ambiente e, pior, não temos clareza nem mesmo da importância</p><p>da natureza para as nossas vidas.</p><p>Entre as questões que mais geram impactos ao planeta está o crescimento populacional.</p><p>É inevitável, quanto mais pessoas no mundo, maior é o consumo de recursos naturais,</p><p>renováveis ou não, ocasionando não apenas problemas ecológicos, mas também so-</p><p>ciais. São mais pessoas para serem alimentadas, então mais áreas de cultivo e criação</p><p>de animais são necessárias, causando a derrubada de florestas e a utilização de campos</p><p>naturais para pastagens, sem contar nas moradias e demais estruturas</p><p>sorte!</p><p>101</p><p>Referências</p><p>ALVES, J. E. D. Pegada Ecológica e Biocapacidade, artigo de José Eustáquio Diniz Alves. EcoDebate –</p><p>Cidadania e Meio Ambiente, maio de 2012. Disponível em: <https://www.ecodebate.com.br/2012/05/23/</p><p>pegada-ecologica-e-biocapacidade-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/>. Acesso em: 04 jan. 2017.</p><p>ANNESLEY, T. M. Who, What, When, Where, How, and Why: The Ingredients in the Recipe for a Successful</p><p>Methods Section. Clinical Chemistry, v. 56, n. 6, p. 897-90, 2010.</p><p>ANNESLEY T. M. “It was a cold and rainy night.” Set the scene with a good introduction. Clinical</p><p>Chemistry. v. 56, p. 708-713, 2010a.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 13030:1999. Elaboração e</p><p>apresentação de projeto de reabilitação de áreas degradadas pela mineração. Rio de Janeiro.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 10520: informação e documentação:</p><p>citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002a.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6023: informação e documentação:</p><p>referências – elaboração e apresentação. Rio de Janeiro, 2002b.</p><p>AYRES, T. Organização e Implementação de Projetos. Curitiba: IFPR, 2016. 89p.</p><p>BITAR, O.Y. & BRAGA, T.O. O meio físico na recuperação de áreas degradadas. In: BITAR, O.Y. (Coord.).</p><p>Curso de geologia aplicada ao meio ambiente. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia</p><p>de Engenharia (ABGE) e Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), 1995.</p><p>BRAND, A. W. Project Management for Dummies. 4 ed. New Jersey: John Wiley & Sons, 2013.</p><p>390p.</p><p>BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:</p><p>Senado Federal, 2004.</p><p>BRASIL. Decreto No 97.632, de 10 de Abril de 1989. Dispõe sobre a regulamentação do Artigo</p><p>2°, inciso VIII, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras providências. Brasília, 1989.</p><p>BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável</p><p>Coordenadoria de Agroextrativismo. Roteiro de elaboração de projetos. Brasília, [200-].</p><p>BRASIL. Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007. Institui a Política Nacional de</p><p>Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.</p><p>102</p><p>BRASIL. Ministério Público Federal. Câmara de Coordenação e Revisão, 6. Territórios de povos e</p><p>comunidades tradicionais e as unidades de conservação de proteção integral:</p><p>alternativas para o asseguramento de direitos socioambientais / 6. Câmara de Coordenação e Revisão;</p><p>Coordenação Maria Luiza Grabner; Redação Eliane Simões, Débora Stucchi. Brasília: MPF, 2014. 117p.</p><p>CARVALHO JÚNIOR, M. R. Gestão de projetos – da academia à sociedade. Curitiba:</p><p>Intersaberes, 2012, 296p.</p><p>CELLINI JR.; MATOS, M. M. Lixo e Cidadania: A Reciclagem Como Fator de Preservação Ambiental</p><p>e Qualidade de Vida. Disponível em: <http://legacy.unifacef.com.br/novo/publicacoes/IIforum/Textos%20</p><p>IC/Elisier%20e%20Mayara.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2017.</p><p>CHAPMAN, P. M. Ecotoxicology and Pollution-Key Issues. Marine Pollution Bulletin, v. 31, n. 4-12,</p><p>p.167-177, 1995.</p><p>CIMOS (COORDENADORIA DE INCLUSÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAIS) - MPMG (MINISTÉRIO PÚBLICO</p><p>DE MINAS GERAIS). Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais. 2014. Disponível em:</p><p><http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br/wp-content/uploads/2014/04/Cartilha-Povos-tradicionais.</p><p>pdf>. Acesso em: 18 jan. 2017.</p><p>CURTIN UNIVERSITY. Environmental Studies: A Global Perspective. 2016. Disponível em: <https://</p><p>courses.edx.org/courses/course-v1:CurtinX+ENV1x+2T2016/info>. Acesso em: 10 jan. 2017.</p><p>FONSECA, R. C. V. Como Elaborar Projetos de Pesquisa e Monografias: Guia Prático.</p><p>Curitiba: Imprensa Oficial, 2007. 147p.</p><p>FOOTE, M. The Proof of the Pudding - How to Report Results and Write a Good Discussion. CHEST,</p><p>v.135, p. 866 – 868, 2009.</p><p>FUNDSFORNGOS. What is Project Justification in Grant Proposals? 2013. Disponível em:</p><p><http://www.fundsforngos.org/proposal-writing-2/project-justification-grant-proposals/>. Acesso em:</p><p>10 jan. 2017.</p><p>GOULET, C. Initiation pratique à la méthodologie des sciences humaines. 2003.</p><p>Disponível em: <http://pagesped.cahuntsic.ca/sc_sociales/psy/methosite/consignes/citersource.htm>.</p><p>Acesso em: 12 jan. 2017.</p><p>IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Instrução</p><p>Normativa no 4, 2011.</p><p>INEA – Instituto Estadual do Ambiente. Projetos de Recuperação de Áreas</p><p>Degradadas. Disponível em: <http://200.20.53.3:8081/Portal/Agendas/</p><p>BIODIVERSIDADEEAREASPROTEGIDAS/ServicoFlorestal/ProjetosderecupreasdegradPRAD/index.</p><p>htm&lang=>. Acesso em: 20 dez. 2016.</p><p>ISPN - Instituto Sociedade, População e Natureza. Guia de elaboração de pequenos projetos</p><p>socioambientais para organizações de base comunitária. 2014. Disponível em: <http://</p><p>www.ispn.org.br/arquivos/Livro-CAPTA-final-em-baixa.pdf>. Acesso em: 13 jan. 2017.</p><p>103</p><p>INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ. Sistema de Bibliotecas. Normas para elaboração de</p><p>trabalhos acadêmicos do Instituto Federal do Paraná (IFPR) / Instituto Federal do Paraná,</p><p>Sistema de Bibliotecas. – Curitiba, 2010. 86p.</p><p>KAHN, M. Gerenciamento de Projetos Ambientais. Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editoriais,</p><p>2003. 86p.</p><p>KATZ, M. J. From research to manuscript. New York: Springer, 2009. 205p.</p><p>KRASNY, M. E.; TIDBALL, K. G. Civic Ecology: Adaptation and transformation from the ground up.</p><p>Cambridge, MA: MIT Press, 2015.</p><p>MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas,</p><p>2010. 297p.</p><p>MIGUEL, P. A. C. Metodologia Científica. Disponível em: < https://veduca.org/courses/140163/</p><p>lectures/2623846 >. Acesso em: 20 nov. 2017.</p><p>MILLER, G. T. Ciência Ambiental. 11 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. 501p.</p><p>MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Plano de ação para prevenção e controle do</p><p>desmatamento e das queimadas: cerrado. Brasília: MMA, 2011. 200 p.</p><p>MORAES, R. M. 1999. Fotossíntese líquida e respostas bioindicadoras da poluição aérea em indivíduos</p><p>jovens de Tibouchinapulchra Cogn.(Melastomataceae) em Cubatão, SP. 1999. 93 p. Tese</p><p>(Doutorado) – Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São</p><p>Paulo, 1999.</p><p>NATIONAL SCIENCE FOUNDATION. Tragedy of the Commons Part 1 - Chalk Talk. 2012.</p><p>Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KZDjPnzoge0>. Acesso em: 15 jan. 2017.</p><p>OLMOS, F. Espécies e Ecossistemas. In: GOLDEMBERG, J. (Coord.). Série Sustentabilidade. São</p><p>Paulo: Blucher, 2011. 3 v.</p><p>PEGURIER, E. A tragédia dos comuns. 2006. Disponível em: <http://www.oeco.org.br/colunas/</p><p>eduardo-pegurier/17160-oeco-15406/>. Acesso em: 15 jan. 2017.</p><p>PROCAM. Como elaborar seu projeto de pesquisa. Disponível em:</p><p><https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwjF77H9</p><p>7XRAhWEDpAKHVIJAUAQFggdMAA&url=http%3A%2F%2F200.144.182.130%2Fiee%2Fsites%2Fde</p><p>fault%2Ffiles%2Fcomo%2520elabo</p><p>rar%2520seu%2520projeto.pdf&usg=AFQjCNHiIRjrU9tEsP5ASrrhHlfLvR5s4w&sig2=-</p><p>ZahgzRqEM5s1OBfLdC_kQ&cad=rja>. Acesso em: 09 jan. 2017.</p><p>RESEARCH GRANTS PROGRAM. Guide for writing a research Protocol. 2011. Disponível em:</p><p><http://web4.mty.itesm.mx/temporal/clinicalresearch/wp-content/uploads/2011/07/GUIDE-FOR-WRITING-A-</p><p>RESEARCH.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2017.</p><p>104</p><p>RODRIGUES, T. T. 2005. Os efeitos do solo contaminado com petróleo na estrutura anatômica e estado</p><p>nutricional do lenho jovem de Campomanesia xanthocarpa Berg (Myrtaceae) e Sebastiania</p><p>commersoniana (Baillon) Smith & Downs (Euphorbiaceae). 2005. 143p. Dissertação (Mestrado)</p><p>– Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005.</p><p>RUSKIN, A. M.; EUGENE ESTES, W. What Every Engineer Should Know About Project</p><p>Management. 2 ed. New York: Marcel Dekker,1994. 277p.</p><p>SAINANI, K. Writing in the Sciences. Stanford School of Medicine. Disponível em: <https://</p><p>lagunita.stanford.edu/courses/Medicine/SciWrite-SP/SelfPaced/about, 2016>. Acesso em: 09 jan. 2017.</p><p>SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE - COORDENADORIA DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL ESTRATÉGICO</p><p>E EDUCAÇÃO AMBIENTAL – SMA/CPLEA. Manual para Elaboração, Administração</p><p>e</p><p>Avaliação de Projetos Socioambientais. São Paulo: SMA/CPLEA, 2005. 32p.</p><p>SILVA, C. M. C.; PEIXOTO, R. R.; BATISTA, J. M. R. A Influência da Liderança na Motivação da Equipe.</p><p>Revista Eletrônica Novo Enfoque, v.13, n.13, p.195 – 206, 2011.</p><p>SMA/CEA. Roteiro para Elaboração de Projetos de Educação Ambiental. GRUBER, C. V.;</p><p>PEREIRA, D. S.; DOMENICHELLI, R. M. A., São Paulo: SMA/CEA, 2014. Disponível em: <http://www.</p><p>ambiente.sp.gov.br/cea/2014/11/24/roteiro-para-elaboracao-de-projetos-de-educacao-ambiental-2/>.</p><p>Acesso em: 09 jan. 2017.</p><p>SOCIEDADE INTERNACIONAL PARA RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA - Grupo de Trabalho em Ciência &</p><p>Política. Fundamentos de Restauração Ecológica. 2004. Disponível em: <http://www.efraim.</p><p>com.br/SER_Primer3_em_portugues.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2017.</p><p>STANTURF, J. A. What is forest restoration? In: Restoration of boreal and temperate forests.</p><p>STANTURF, J. A.; MADSEN, P. (editors). Boca Raton: CRC Press, p. 3-11, 2005.</p><p>THE UNIVERSITY OF ADELAIDE. Introduction to Project management. 2016. Disponível em:</p><p><https://courses.edx.org/courses/course-v1:AdelaideX+Project101x+2T2016/courseware/e24b17218e</p><p>d045bab53f8d8a9723ed10/1f649bcf58484efe84835ae8df6aa44e/>. Acesso em: 13 jan. 2017.</p><p>ZOLNERKEVIC, I. A era humana. Material plástico acumulado no fundo dos oceanos pode definir um</p><p>novo período na história da Terra, o Antropoceno. Pesquisa FAPESP, São Paulo, ed. 243, p. 52-55,</p><p>maio 2016. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/05/19/a-era-humana/>. Acesso em:</p><p>04 jan. 2017.</p><p>105</p><p>Currículo da autora</p><p>Wanessa Müller Bujokas</p><p>É doutora em Conservação da Natureza pelo Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da</p><p>Universidade Federal do Paraná, mestre em Botânica pela Pós-Graduação em Ciências Biológicas da</p><p>Universidade Federal do Paraná e graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná.</p><p>Atua na área ambiental como consultora em projetos ambientais e como docente em cursos técnicos, de</p><p>graduação e de pós-graduação, presenciais e a distância.</p><p>sociais, como co-</p><p>mércio, indústrias, estradas, reservatórios de água, entre muitos outros.</p><p>A quantidade de água utilizada também é um fator muito preocupante, tanto no consu-</p><p>mo direto, por nós e pelos animais, mas também em vários processos industriais, no</p><p>consumo indireto. A crise hídrica deve ter destaque nas questões ambientais, pois pode-</p><p>mos nos ver em uma disputa pela água para consumo, produção de energia ou de ali-</p><p>mentos, e a água é vida, dependemos dela para nossa sobrevivência. As ações para as</p><p>questões hídricas devem ser locais, com gerenciamento do consumo e também do des-</p><p>carte. Aqui encontramos outro problema grave, o retorno da água contaminada ao am-</p><p>biente. Nossos rios se encontram poluídos e impróprios para uso, com baixíssimas cargas</p><p>de oxigênio, comprometendo a vida de milhares de peixes e demais organismos aquáti-</p><p>cos, além das comunidades ribeirinhas. O uso dessa água se torna cada dia mais caro,</p><p>pois mais processos físicos, químicos e biológicos são necessários para torná-la novamen-</p><p>te potável e, para aqueles que não têm acesso à água tratada, tem-se o aumento de</p><p>doenças transmitidas pelo consumo de água contaminada.</p><p>A proporção de resíduos gerados por pessoa no</p><p>mundo também cresce assustadoramente. Na</p><p>correria do dia a dia, aproveitamos as facilida-</p><p>des dos produtos prontos e embalados, mas não</p><p>questionamos como isso será tratado. A gestão</p><p>dos resíduos gerados ainda é muito precária, to-</p><p>neladas, principalmente de plásticos, ficam dispersas pelas cidades alcançando os rios</p><p>urbanos e uma boa parcela acaba sendo levada aos oceanos, ocasionando a morte de</p><p>várias espécies, principalmente de animais (Figura 1.2).</p><p>Para aprender mais sobre o consumo</p><p>direto e indireto de água, veja um</p><p>infográfico bem legal e didático no site:</p><p><http://www.angelamorelli.com/water/>.</p><p>17Unidade 1 – O Meio Ambiente e os Projetos Ambientais</p><p>Figura 1.2 – Esta imagem, de um albatroz com o estômago</p><p>cheio de objetos plásticos, rodou o mundo pelas redes sociais e</p><p>evidencia o tamanho do problema com os resíduos sólidos para</p><p>a biodiversidade do planeta.</p><p>Fonte: Chris Jordan/Wikimedia Commons/CC BY 2.0</p><p>Em conjunto a tudo isso, ainda temos a poluição do ar e as alterações na temperatura do</p><p>planeta. A queima de combustíveis fósseis é a principal fonte de liberação de gases e material</p><p>particulado que alteram a composição natural da atmosfera. Uma série de problemas é</p><p>causada por esses novos componentes no ar, como a ocorrência de chuvas ácidas, maiores</p><p>índices de doenças respiratórias e o aumento na temperatura do globo terrestre. Altas taxas</p><p>de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), retêm uma</p><p>maior quantidade de calor na superfície terrestre, e essa alteração na temperatura ocasiona</p><p>uma série de eventos climáticos, recebendo o nome de mudanças climáticas.</p><p>Os serviços ambientais prestados pelos</p><p>ecossistemas são a nossa garantia de vida. Como</p><p>podemos viver sem água? Sem solo para plantar?</p><p>Sem os insetos para fazer a polinização?</p><p>Vocês podem se questionar como isso ocorre</p><p>apesar de termos tantas tecnologias para suprir</p><p>boa parte dessas necessidades. O fato é que</p><p>os custos envolvidos são altos e nem todos os</p><p>moradores do planeta podem pagar por esses serviços, sem contar que essas tecnologias</p><p>ainda estão longe de serem tão eficientes quanto são os serviços ambientais.</p><p>Apesar desse nosso grande desenvolvimento tecnológico, ainda não conseguimos pro-</p><p>duzir os nossos alimentos sem a dependência do meio natural. Também não podemos</p><p>Serviços ambientais</p><p>são os serviços oferecidos pela natureza</p><p>para a sobrevivência humana. Entre eles</p><p>temos o fornecimento de alimentos, de</p><p>água, de fibras para nossas roupas, a</p><p>regulação da temperatura do planeta, a</p><p>polinização por animais, a formação do</p><p>solo, a fotossíntese e, também, o lazer, as</p><p>experiências educacionais e espirituais, e</p><p>muitos outros.</p><p>18 Projetos Ambientais</p><p>recuperar os ecossistemas impactados às condições originais e, em muitos casos, nem</p><p>minimamente melhorá-los, dependendo da extensão do dano. Como exemplo, temos</p><p>um dos mais sérios acidentes socioambientais ocorridos no mundo, o rompimento da</p><p>barragem do Fundão em Mariana, estado de Minas Gerais, área da empresa Samarco Mi-</p><p>neração S/A (Figura 1.3). Toneladas de rejeitos da atividade mineradora foram liberados</p><p>com o rompimento, sufocando a bacia hidrográfica do rio Doce e alcançando o mar. O</p><p>maior acidente socioambiental do Brasil ocorreu no dia 5 de novembro de 2015.</p><p>Figura 1.3 – Imagem de Bento Rodrigues, subdistrito de</p><p>Mariana, MG, após o rompimento da barragem de</p><p>rejeitos da mineradora Samarco.</p><p>Fonte: Rogério Alves/TV Senado/Wikimedia Commons/CC BY 2.0</p><p>Toda a evolução e documentos do desastre de Mariana podem ser acessados no site do IBAMA:</p><p><http://www.ibama.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=117&Itemid=819></p><p>A ação humana tem causado tanta modificação</p><p>no planeta que alguns cientistas estão reunindo</p><p>dados contundentes para nomear um novo pe-</p><p>ríodo geológico, o Antropoceno, a época dos</p><p>seres humanos, que substituirá o Holoceno,</p><p>como explica Zolnerkevic (2016). Ainda não é um</p><p>consenso geral e a proposta de formalização de-</p><p>verá ocorrer em 2018, mas alguns cientistas já</p><p>utilizam o termo há um bom tempo. Para mui-</p><p>tos pesquisadores, as atividades antrópicas já</p><p>foram suficientes para produzir sedimentos com</p><p>características diferentes do Holoceno. Concre-</p><p>to, alumínio puro e plástico, além de traços de</p><p>pesticidas e outros compostos químicos sintéticos</p><p>seriam os principais materiais artificiais utilizados</p><p>pelos humanos e que proporcionam essa altera-</p><p>ção (ZOLNERKEVIC, 2016).</p><p>Antropoceno</p><p>período geológico mais recente do</p><p>planeta Terra, ainda não foi oficialmente</p><p>considerado. Ele retrata a época dos</p><p>seres humanos e das modificações por</p><p>nós ocasionadas, modificações essas</p><p>que estão ficando registradas no planeta</p><p>e que poderão indicar a passagem</p><p>humana na Terra em um futuro distante,</p><p>no tempo geológico. Para saber mais,</p><p>acesse: <https://pt.wikipedia.org/wiki/</p><p>Antropoceno>.</p><p>Holoceno</p><p>época geológica iniciada há 11,5 mil</p><p>anos, quando também ocorreu o início da</p><p>última era glacial, ou Idade do Gelo. O</p><p>Holoceno se estende até o presente.</p><p>Atividades antrópicas</p><p>são todas as atividades desenvolvidas</p><p>pelos seres humanos.</p><p>19Unidade 1 – O Meio Ambiente e os Projetos Ambientais</p><p>Então, o que nós, seres humanos, podemos fazer para gerenciar esses impactos negati-</p><p>vos? Como podemos agir?</p><p>Uma forma de ação é mediante o estudo ambiental. A ciência ambiental é interdiscipli-</p><p>nar: ela transita por inúmeras áreas das ciências naturais, como a biologia, a física e a</p><p>química, mas, também, pelas ciências sociais, como a política, a antropologia e a econo-</p><p>mia, sem esquecer a arte. Ter um conhecimento interdisciplinar reflete não somente no</p><p>entendimento tecnológico ou científico que nós temos do mundo ao nosso redor, mas</p><p>também no impacto das escolhas que nós fazemos, no nosso comportamento, nas nos-</p><p>sas políticas públicas e privadas e na nossa ética. Portanto, para protegermos o meio</p><p>ambiente precisamos estudá-lo, compreendê-lo, aplicando o conhecimento das mais di-</p><p>versas áreas. Com isso, podemos planejar ações menos impactantes, que atinjam um</p><p>menor número de ecossistemas e de espécies e que sejam mais sustentáveis para a con-</p><p>servação do planeta.</p><p>Sabemos, atualmente, que o consumo de recursos</p><p>feito por alguns países no mundo é muito maior</p><p>do que a capacidade de fornecimento do planeta</p><p>Terra. Segundo dados da WWF, temos usado, des-</p><p>de 1980, 25% a mais do que a biocapacidade</p><p>fornecida pelo planeta, ou seja, precisaríamos de</p><p>1,5 ano para recuperar o que gastamos em apenas 1 ano, isso considerando a média de</p><p>todos os países do mundo – ricos, de renda média e pobres. Mas, se formos considerar</p><p>apenas os países mais ricos, esse valor passaria de 25% para 84% (ALVES, 2012).</p><p>Dados como os expostos anteriormente são</p><p>muito importantes, pois por meio deles é que</p><p>podemos gerenciar melhor as questões ambientais. Para chegarmos a dados reveladores</p><p>como esses, precisamos de estudos que são, em grande parte, desenvolvidos a partir</p><p>de projetos socioambientais. Portanto, a partir do planejamento feito por projetos,</p><p>podemos obter dados mais confiáveis, com estudos passíveis de repetição, que é uma das</p><p>premissas da ciência, e desenvolvermos ações mais efetivas para a proteção da natureza.</p><p>Aqui começa, então, o principal objetivo do nosso curso, que são os projetos ambientais.</p><p>Síntese</p><p>Nesta primeira unidade, falamos sobre a crise ambiental originada pelas atividades hu-</p><p>manas que alteraram e alteram os ciclos naturais. Discorremos sobre as ações que esco-</p><p>lhemos e a consciência e a responsabilidade do impacto dessa escolha. O ser humano</p><p>não está no planeta apenas para ser servido pelos recursos naturais, mas sim para fazer</p><p>Biocapacidade ou capacidade</p><p>biológica</p><p>é a área natural disponível para a</p><p>produção de recursos e para a absorção</p><p>de resíduos de um determinado lugar.</p><p>20 Projetos Ambientais</p><p>parte do sistema, do sistema natural. Atualmente, isso não está ocorrendo, mas será que</p><p>podemos reverter essa situação? Mudar essa perspectiva? Uma das formas apresentadas</p><p>é a partir dos projetos ambientais, que quando planejados corretamente geram dados</p><p>confiáveis que permitem a conservação da natureza ou, pelo menos, um uso menos</p><p>impactante.</p><p>Pratique</p><p>Para complementar o aprendizado, pesquise os seguintes termos: “Dia de Sobrecarga da</p><p>Terra” e “Pegada Ecológica”. Redija um pequeno texto, com as suas palavras, explicando</p><p>o que é “Dia de Sobrecarga da Terra” e a “Pegada Ecológica”, respondendo as seguintes</p><p>questões: Qual é a importância de se conhecer esses termos? Os dados por eles gerados</p><p>podem auxiliar no planejamento dos projetos ambientais?</p><p>Para ter mais informações para esta atividade, acesse o site a seguir:</p><p><https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/>.</p><p>O Que São Projetos e seus</p><p>Primeiros Passos</p><p>Unidade</p><p>2</p><p>Fonte: jannoon028/Shutterstock/Copyright</p><p>22 Projetos Ambientais</p><p>Nesta unidade, aprenderemos um pouco mais sobre o que é um projeto, conceituan-</p><p>do e exemplificando esse termo. Também veremos como deve ser feita a escolha do</p><p>tema do seu projeto e quais ferramentas podem ser usadas para facilitar o trabalho.</p><p>A partir da definição do tema, aprenderemos sobre a formulação do problema, que é</p><p>a pergunta-chave para o seu projeto e, para fechar a unidade, falaremos sobre o que</p><p>é uma hipótese, a importância de uma boa hipótese e como ela deve ser formulada.</p><p>Vamos lá?</p><p>Definição de projeto</p><p>Os projetos fazem parte do nosso dia a dia e, muitas vezes, podem até passar desperce-</p><p>bidos. Inúmeras áreas se utilizam de projetos para criar os seus produtos e/ou serviços,</p><p>como em um novo modelo de automóvel, em uma campanha de marketing, na constru-</p><p>ção de prédios ou na recuperação de uma área degradada.</p><p>Planejar o que será feito, como será feito e em quanto tempo são os principais objetivos</p><p>de um projeto. Assim, relatamos uma série de atividades que deverão ser realizadas para</p><p>se atingir um objetivo final. O tempo a ser empregado será particular de cada projeto,</p><p>pois o número e a complexidade das atividades envolvidas também são variáveis. De</p><p>qualquer forma, independentemente do tamanho do projeto, a definição de metas cla-</p><p>ras e de prazos para atingi-las são fundamentais para se alcançar bons resultados.</p><p>Para Ruskine Estes (1994), um projeto demanda atenção diferenciada, pois não se trata</p><p>de uma atividade rotineira, mas sim especial. Ao se comparar um projeto a uma atividade</p><p>rotineira, temos uma diferença bem marcante que é a finalização. Em um processo con-</p><p>tínuo não existe um fim planejado, os produtos são fabricados por replicação. Já em um</p><p>projeto temos um fim programado, um prazo a ser cumprido e, por isso, a importância</p><p>de um bom planejamento para que as atividades possam ser desenvolvidas dentro do</p><p>que foi programado e com um bom respaldo metodológico. Um fato interessante que</p><p>podemos citar é que mesmo em processos rotineiros podem ser desenvolvidos projetos</p><p>pontuais visando, por exemplo, a melhoria da produção (RUSKIN; ESTES, 1994).</p><p>Para Fonseca (2007), não existem regras rígidas para a elaboração de um projeto, eles</p><p>serão moldados de acordo com o problema a ser investigado, com os objetivos traçados</p><p>e também de acordo com a equipe formada. Mas todos os projetos conterão dados es-</p><p>senciais da pesquisa, das etapas a serem desenvolvidas e dos recursos necessários para</p><p>que os objetivos sejam alcançados.</p><p>23Unidade 2 – O Que São Projetos e seus Primeiros Passos</p><p>Em relação aos projetos ambientais, Kahn (2003)</p><p>relata que eles cresceram em importância com o</p><p>desenvolvimento populacional e industrial. Não</p><p>apenas a preocupação com a recuperação e a</p><p>conservação dos ecossistemas, mas</p><p>principalmente as novas exigências da legislação</p><p>ambiental e das certificações têm feito com que</p><p>as indústrias modifiquem os seus processos para atender às leis, sobretudo quando a</p><p>atividade desenvolvida é obrigada a ter licença ambiental para ocorrer. Frente a este novo</p><p>cenário, o meio industrial se viu na necessidade de produzir uma maior quantidade de</p><p>projetos ambientais.</p><p>Portanto, o profissional que possuir qualificações suficientes para confeccionar e desen-</p><p>volver projetos terá um adicional importante em seu currículo profissional, com potencial</p><p>de facilitar sua entrada no mercado de trabalho. Frente a essa importância, vamos apre-</p><p>sentar os passos básicos para a confecção de um</p><p>projeto, dando maior destaque aos projetos de</p><p>pesquisa, utilizados em diversos estudos ambien-</p><p>tais e nos processos seletivos para pós-gradua-</p><p>ções, entre outros.</p><p>Escolha do tema</p><p>O primeiro passo a ser dado para o início de um projeto é a escolha do tema. Para facilitar</p><p>o entendimento, pense que você precisará desenvolver um projeto de pesquisa na área</p><p>ambiental. Pode estar ocorrendo, por exemplo, um problema técnico específico na em-</p><p>presa em que você trabalha como gestor ambiental, então você terá um tema já definido</p><p>de pesquisa, que é a questão técnica. Mas também pode ser que você decida participar</p><p>de um edital de financiamento de projetos, aqui você terá que escolher o tema que será</p><p>abordado, dentro das áreas apresentadas no edital.</p><p>Inicialmente, o tema será uma ideia mais vaga, que precisará ser desenvolvida e me-</p><p>lhor definida. Com esse tema inicial, começamos uma pesquisa bibliográfica, ou seja,</p><p>um estudo teórico que nos dará orientação e conhecimento sobre o que já se sabe</p><p>sobre o assunto e o que poderá ser aprofundado. O tema está relacionado à pergunta:</p><p>O que estudar?</p><p>“Projeto é a ponte que liga a solução ao</p><p>problema”. (ISPN, 2014)</p><p>“Os projetos surgem a partir do desejo de</p><p>mudança. Mudar a realidade, resolver um</p><p>problema, alterar uma situação. Construir,</p><p>a partir das ideias, uma proposta para a</p><p>ação”. (SMA/CEA, 2014)</p><p>24 Projetos Ambientais</p><p>Não será uma tarefa fácil, pois exigirá dedicação à pesquisa e posterior leitura do mate-</p><p>rial encontrado, que deverá ser organizado e compilado de acordo com cada assunto a</p><p>ser abordado. Será um investimento de tempo e energia e a motivação será essencial.</p><p>Portanto, é importante que você tenha interesse sobre o que será estudado, isso ajudará</p><p>bastante. Desenvolver um tema que você já tenha um conhecimento prévio também</p><p>facilitará o caminho, porém isso nem sempre será uma regra.</p><p>Como foi dito no exemplo para a escolha do tema, muitos temas são desenvolvidos a partir</p><p>de problemas que surgem na área de atuação. Projetos desenvolvidos a partir dessas situa-</p><p>ções podem ter aplicações importantes para a sociedade ou para uma empresa, resolvendo</p><p>problemas que geram doenças ou gastos desnecessários, por exemplo. De qualquer forma,</p><p>até o fechamento do tema, vários ajustes podem ocorrer, isso é normal, pois à medida que</p><p>você começa</p><p>a pesquisar novas informações e interpretações serão incorporadas.</p><p>Figura 2.1 – Um mapa mental, com o tema na parte central, pode ser</p><p>uma boa ferramenta para conectar as ideias relacionadas.</p><p>Fonte: jannoon028/Freepik/Copyright</p><p>Uma ferramenta interessante para auxiliar na delimitação do tema é pegar uma folha em branco e colocar o tema</p><p>na parte central. Tudo o que vier em sua cabeça sobre o assunto e que você gostaria de abordar deve ser anotado</p><p>e conectado por flechas. Procure organizar grupos com assuntos conectados e selecionar aquilo que tem maior</p><p>relevância para a sua pesquisa.</p><p>25Unidade 2 – O Que São Projetos e seus Primeiros Passos</p><p>Formulação do problema</p><p>Após a definição do tema, o segundo passo será a formulação do problema.</p><p>O problema será a pergunta central do projeto e será respondida com o desenvolvi-</p><p>mento dele, ou seja, com a realização da pesquisa.</p><p>Existem algumas exigências para que o problema seja formulado, uma delas é que ele</p><p>possa ser em forma de pergunta e de que essa pergunta tenha validade científica, ou</p><p>seja, seja passível de uma investigação controlada e crítica. A objetividade e a clareza</p><p>também são pontos fundamentais (MARCONI; LAKATOS, 2010).</p><p>Para Marconi e Lakatos (2010), a principal diferença entre o tema e o problema é o</p><p>detalhamento: “assim, enquanto o tema de uma pesquisa é uma proposição até certo</p><p>ponto abrangente, a formulação do problema é mais específica: indica exatamente qual</p><p>a dificuldade que se pretende resolver”.</p><p>Com a formulação do problema, a pesquisa terá uma direção mais definida e clara, isso</p><p>irá facilitar o desenvolvimento dos passos seguintes. Não existe uma exigência de que</p><p>o problema deve ser formulado em uma única pergunta, dependendo da pesquisa ele</p><p>poderá ser dividido em várias perguntas. Porém, todas deverão estar relacionadas com o</p><p>tema escolhido e seguirem as premissas de uma pergunta científica, além de primar pela</p><p>clareza e objetividade.</p><p>Vamos ver alguns exemplos de problemas formulados:</p><p>• De que forma a poluição aérea emitida pelas indústrias afeta a vegetação local?</p><p>• As unidades de conservação se distribuem de forma homogênea entre os diferen-</p><p>tes biomas brasileiros?</p><p>• A boa conservação de parques urbanos incentiva o uso pela população?</p><p>“Se o pesquisador não consegue formular o problema central da pesquisa por meio de uma pergunta bem direta, o</p><p>mais provável é que ele tenha feito uma discussão insuficiente da produção científica já existente sobre aquele tema.</p><p>Ou seja, quando o conhecimento sobre o tema selecionado não foi suficientemente digerido, vários problemas se</p><p>superpõem na mente do pesquisador e suas tentativas de definir o problema resultam em proposições herméticas,</p><p>intrincadas e nebulosas”. (PROCAN, 2000)</p><p>26 Projetos Ambientais</p><p>Formulação da hipótese</p><p>Já falamos sobre os dois primeiros passos do projeto: o tema e o problema. Falaremos</p><p>agora sobre o terceiro passo, a hipótese.</p><p>Toda pergunta feita deverá ter uma resposta e a hipótese será justamente a resposta</p><p>prévia do projeto. Ou seja, ao formularmos as perguntas já teremos em mente as</p><p>possíveis respostas para elas, essas respostas chamamos de hipótese. Com o desen-</p><p>volvimento da pesquisa, teremos que dizer se a hipótese inicial foi ou não confirmada,</p><p>aceitando-a ou rejeitando-a.</p><p>A hipótese é uma resposta sólida, objetiva, com base em pesquisa prévia. Nunca deverá ser baseada em um</p><p>“achismo” ou uma opinião pessoal sem embasamento teórico e/ou prático.</p><p>Todo o processo de construção do projeto é alinhado e se escolhermos o tema com</p><p>clareza, conseguiremos formular mais facilmente o problema. Uma pergunta bem-feita</p><p>será bem mais simples de ser respondida. Lembre-se de que o número de hipóteses será</p><p>sempre proporcional ao número de perguntas do problema.</p><p>Um projeto só será bem planejado se o autor tiver esses itens de forma clara para ele. Ao</p><p>submeter o seu projeto à uma instituição, ela apresentará um roteiro definido para ser</p><p>seguido. Nem todos os roteiros pedirão a redação desses itens (tema, problema e hipó-</p><p>tese), mas eles deverão ser redigidos mesmo sendo apenas para você, pois isso te dará</p><p>o real controle do que estará pesquisando. Mesmo não sendo uma exigência do edital,</p><p>o autor pode optar por inseri-los no texto, normalmente esses itens são introduzidos no</p><p>item introdução do projeto.</p><p>Um exemplo muito didático foi desenvolvido pelo professor Dr. José Eli da Veiga, deixan-</p><p>do bem claro como tema, problema e hipótese se comunicam, veja os exemplos a seguir:</p><p>Tema</p><p>“Vamos supor que o candidato tenha escolhido o tema “Entendendo a degradação da</p><p>Mata Atlântica no litoral norte do estado de São Paulo no período de 1980 a 1990”</p><p>(PROCAN, 2000).</p><p>27Unidade 2 – O Que São Projetos e seus Primeiros Passos</p><p>Problema</p><p>“Após exaustiva revisão da literatura sobre o tema, o candidato formula o seguinte pro-</p><p>blema: Qual a atividade econômica que mais degradou a Mata Atlântica no litoral norte</p><p>do estado de São Paulo no período de 1980 a 1990?” (PROCAN, 2000).</p><p>Hipótese</p><p>“Uma hipótese interessante para esta pesquisa</p><p>poderia ser: O incremento desordenado do turis-</p><p>mo foi o principal fator de degradação da Mata</p><p>Atlântica no litoral norte do estado de São Paulo</p><p>no período de 1980 a 1990.” (PROCAN, 2000).</p><p>Síntese</p><p>Ao se planejar um projeto, alguns passos básicos devem ser considerados. Nesta uni-</p><p>dade, aprendemos sobre três passos importantes para a estruturação do projeto e da</p><p>pesquisa que será desenvolvida: a escolha do tema, a formulação do problema e a for-</p><p>mulação da hipótese. Estes itens formam um alicerce para o desenvolvimento do estudo</p><p>e fornecem maior segurança a quem irá desenvolver o trabalho.</p><p>Diversas atividades podem ser desenvolvidas a partir de um projeto e isso também se</p><p>aplica às pesquisas científicas. O tema pode ter origens bastante diversas, como a partir</p><p>de uma observação simples, de experiências pessoais e/ou profissionais, ou pela real ne-</p><p>cessidade de ações sociais para melhorar a vida de comunidades, por exemplo. Formula-</p><p>ção do problema, em forma de pergunta, direciona o estudo, dando maior objetividade,</p><p>assim como ocorre com a formulação da hipótese, que é a resposta prévia para a per-</p><p>gunta central do problema e que deverá ser testada com o desenvolvimento do projeto.</p><p>A pesquisa feita por meio de projetos é uma chave que não só abre portas, mas permite</p><p>mudança, inovação e otimização de ferramentas que melhoram a vida das pessoas. Para</p><p>isso, é fundamental o entendimento da metodologia científica e de como elaborar de</p><p>forma consistente um projeto.</p><p>Que tal aprender um pouco mais sobre</p><p>o que é um projeto e algumas de suas</p><p>características? O vídeo a seguir aborda</p><p>as fases que envolvem um projeto, bem</p><p>como o seu ciclo de vida. Também trata</p><p>sobre o gerenciamento de projetos e</p><p>as vantagens de ter esse conhecimento</p><p>em diferentes profissões. Assista a partir</p><p>do site: <http://www.youtube.com/</p><p>watch?v=moNbvDJvWGY>.</p><p>28 Projetos Ambientais</p><p>Pratique</p><p>Pesquise na internet (por exemplo, no site do Ministério do Meio Ambiente: www.mma.</p><p>gov.br), ou na biblioteca de uma universidade, se você tiver acesso, projetos e trabalhos</p><p>de pesquisa (como trabalhos de conclusão de curso - TCC, dissertações de mestrado,</p><p>teses de doutorado e artigos científicos) e veja como os itens tratados nesta unidade</p><p>são apresentados. Escolha um trabalho e transcreva o tema escolhido, o problema e a</p><p>hipótese.</p><p>Mais Dois Passos para a</p><p>Confecção do Projeto: a</p><p>Justificativa e os Objetivos</p><p>Unidade</p><p>3</p><p>Fonte: Italianestro/Dreamstime/Copyright</p><p>30 Projetos Ambientais</p><p>A escrita de um projeto segue um roteiro pré-definido. Ele não é exatamente rígido,</p><p>porém ele exige a redação de alguns itens, pois são itens essenciais para direcionar o</p><p>leitor sobre o que será feito. Vimos na unidade anterior (Unidade 2) que os itens tema,</p><p>problema e hipótese não são necessariamente cobrados na redação do projeto a ser</p><p>apresentado, porém eles são indispensáveis para o</p><p>direcionamento do executor e/ou</p><p>dos executores do projeto. Nesta unidade, veremos mais dois itens muito importantes:</p><p>a justificativa e os objetivos. A justificativa está relacionada ao convencimento do avalia-</p><p>dor, enquanto que os objetivos são itens que mostram o caminho a ser seguido para se</p><p>atingir o resultado esperado. Tanto a justificativa quanto os objetivos podem ser descritos</p><p>no texto da introdução e não, necessariamente, em itens próprios. Esses detalhes irão</p><p>depender do edital cobrado pela instituição. Vamos ver as características de cada um?</p><p>A justificativa</p><p>Um projeto é escrito para alguma finalidade, um dos exemplos anteriores seria para participar</p><p>de um edital de financiamento de projetos na área ambiental. Ao se candidatar, você terá que</p><p>convencer os seus avaliadores de que a sua proposta tem relevância e de que está bem estrutu-</p><p>rada, além de ser superior às propostas dos seus concorrentes. Isso poderá garantir a sua vaga.</p><p>Há outras situações em que você também terá que apresentar um projeto e convencer</p><p>os seus avaliadores, tais como para a diretoria de sua empresa, no caso do exemplo do</p><p>problema técnico que precisa de solução na empresa em que você trabalha, ou para um</p><p>órgão financiador de projetos socioambientais e, até mesmo, em uma proposta de con-</p><p>sultoria para o desenvolvimento de um projeto específico para uma indústria.</p><p>É óbvio que o projeto no todo deve ser</p><p>claro, objetivo e convincente, mas existe</p><p>um item em específico para você traba-</p><p>lhar o convencimento do leitor/avaliador</p><p>sobre a real necessidade de realizar o es-</p><p>tudo. Ou seja, é um item do projeto em</p><p>que o autor explica quais são os bene-</p><p>fícios do estudo, qual a importância da</p><p>pesquisa e da solução de um problema</p><p>específico. Este item é a justificativa, no</p><p>qual você irá argumentar o que o seu</p><p>projeto tem de mais relevante e o porquê</p><p>de ele ser aprovado e executado.</p><p>Figura 3.1 – Uma boa justificativa é primordial</p><p>para a aceitação do projeto.</p><p>Fonte: jcomp/Freepik/Copyright</p><p>31Unidade 3 – Mais Dois Passos para a</p><p>Confecção do Projeto: a Justificativa e os Objetivos</p><p>Algumas questões podem servir como um roteiro na escrita da justificava, são perguntas</p><p>que te levam a pensar sobre o que deverá ser apresentado na justificativa. Veja os exem-</p><p>plos dados pelo Research Grants Program (2011):</p><p>• O projeto a ser desenvolvido tem relação com as prioridades da região ou do país?</p><p>• Qual o conhecimento ou a informação que se espera obter?</p><p>• Como os resultados serão utilizados e quem poderá ser beneficiado?</p><p>A Fundsforngos (2013) dá dicas preciosas, como um roteiro a ser seguido:</p><p>Inicie a justificativa com uma sen-</p><p>tença simples, que resuma o objeti-</p><p>vo principal do trabalho</p><p>Adicione um parágrafo sobre a raiz do</p><p>problema, sobre como ele surgiu, seu his-</p><p>tórico, o que já é conhecido sobre ele</p><p>Explique brevemente como o seu</p><p>estudo pode solucionar o proble-</p><p>ma e gerar resultados positivos</p><p>Você pode citar iniciativas semelhantes para tor-</p><p>nar os resultados esperados mais concretos.</p><p>Para enriquecer ainda mais esse compa-</p><p>rativo, você pode, por exemplo, relatar</p><p>histórias de vida dos membros da</p><p>comunidade</p><p>Lembre-se que uma proposta de sucesso é escrita com clareza e simplicidade. Evite sempre a repetição, as questões</p><p>retóricas e as frases complexas. Escreva sentenças simples e que tornem os pontos discutidos mais concretos</p><p>(FUNDSFORNGOS, 2013).</p><p>32 Projetos Ambientais</p><p>A justificativa não precisa, necessariamente, ser um item único, ela poderá compor a</p><p>introdução do projeto, como comentamos anteriormente. De qualquer forma, isso será</p><p>especificado no edital e, caso não ocorra esse detalhamento, o autor poderá decidir qual</p><p>a melhor forma de apresentação.</p><p>A seguir, veja um exemplo de justificativa, segundo Cellini Jr. & Matos (2008, p. 2):</p><p>Considera-se que a conscientização e a informação fundamentam a mudança de ati-</p><p>tude. As cartilhas são utilizadas como material de apoio pedagógico, tidas como ferra-</p><p>mentas adequadas a proporcionar subsídios para discussões de vários temas, e, nesse</p><p>caso específico, a relação existente entre o consumo, o lixo e a degradação ambiental.</p><p>Assim, a proposta é a construção de um material didático que além de transmitir con-</p><p>ceitos teóricos tenha relação com a realidade dos alunos, buscando metodologias que</p><p>aproximem o conteúdo de suas vivências. [...]</p><p>No caso de Franca, existe uma parceria entre a Colifran, que recolhe o material nas</p><p>casas em dias específicos e a Cooperativa dos Catadores, que fica responsável pela</p><p>separação. As estimativas do setor, no entanto, são de que apenas um terço dos re-</p><p>cicláveis da cidade é recolhido, em consequência da falta de cooperação das pessoas</p><p>de separar seu lixo ou de colocá-lo para fora apenas nos dias corretos. Dessa forma,</p><p>justifica-se a importância de um projeto que busque conscientizar as crianças acerca</p><p>da importância da coleta seletiva e os impactos positivos da reciclagem, pelo poder de</p><p>divulgação que têm, junto a seus familiares e a vizinhança. Outros aspectos importan-</p><p>tes da produção de lixo serão explorados com a implementação do projeto, tais como:</p><p>o papel gerador de riquezas que vem sendo cada vez mais atribuído ao lixo; a necessi-</p><p>dade de que o poder público trate a questão do lixo com base social e estratégica; e a</p><p>interferência da produção de lixo e entulhos na modificação do espaço geográfico da</p><p>cidade (CELLINI JR.; MATOS, 2008, p. 2).</p><p>Objetivos</p><p>Ao redigirmos os objetivos, devemos lembrar da nossa pergunta central, que é o proble-</p><p>ma do projeto, pois eles estão diretamente ligados.</p><p>Os objetivos irão indicar o caminho das atividades para que possamos confirmar, ou</p><p>não, a nossa hipótese. Ou seja, com os objetivos iremos dizer o que faremos e aonde</p><p>pretendemos chegar. Para isso, os objetivos devem ser sintéticos, claros, mensuráveis</p><p>e de possível execução.</p><p>33Unidade 3 – Mais Dois Passos para a</p><p>Confecção do Projeto: a Justificativa e os Objetivos</p><p>Existem duas formas de apresentação dos objetivos: o objetivo geral e os objetivos</p><p>específicos. O objetivo geral dará uma visão mais ampla, mais abrangente de onde o</p><p>estudo pretende chegar, ele sempre será obrigatório em um projeto. Já os objetivos espe-</p><p>cíficos irão detalhar o estudo, mas perceba que o</p><p>detalhamento deverá seguir o limite do objetivo</p><p>geral, ou seja, ele não poderá ser mais amplo ou</p><p>seguir uma linha de raciocínio diferente. Os objeti-</p><p>vos específicos não são sempre solicitados, depen-</p><p>derá de cada edital ou do autor do projeto, assim</p><p>como ocorre com a justificativa.</p><p>Na escrita dos objetivos, a frase sempre será ini-</p><p>ciada com um verbo no infinitivo e este verbo</p><p>irá indicar a ação a ser realizada. Essas ações se</p><p>relacionam com atividades de análise, avaliação,</p><p>conhecimento básico, síntese, entre outras formas</p><p>de estudo. Para cada atividade, um grupo especí-</p><p>fico de verbos poderá ser aplicado (Tabela 3.1) de</p><p>acordo com a especificidade de cada objetivo.</p><p>Tabela 3.1 - Exemplos de verbos para o(s) objetivo(s)</p><p>ATIVIDADES VERBOS</p><p>Conhecimento Apontar, definir, relatar, descrever, identificar.</p><p>Compreensão Descrever, esclarecer, explicar.</p><p>Aplicação Aplicar, propor, demonstrar, empregar, ilustrar.</p><p>Análise Analisar, classificar, comparar, diferenciar, provar, investigar, experimentar.</p><p>Síntese Reunir, organizar, esquematizar, sintetizar.</p><p>Avaliação Apreciar, avaliar, escolher, selecionar, validar.</p><p>Fonte: Modificado de Miguel (2014).</p><p>Vamos ver alguns exemplos de objetivos, nas visões de Moraes (1999) e de Rodrigues (2005):</p><p>“[...] idealizou-se este estudo com o objetivo geral de avaliar os possíveis efeitos da</p><p>poluição aérea proveniente do complexo industrial de Cubatão sobre a fotossíntese</p><p>líquida em Tibouchinapulchra Cogn., espécie de grande ocorrência em todo o trecho</p><p>paulista da Serra do Mar, e suas relações com respostas bioindicadoras desse estres-</p><p>se”. (MORAES, 1999).</p><p>“Avaliar o efeito da poluição do petróleo no estado nutricional das</p><p>espécies estuda-</p><p>das”. (RODRIGUES, 2005)</p><p>Verbo no infinitivo</p><p>Verbo no infinitivo “é o verbo em seu</p><p>estado natural, terminando em -ar, -er ou</p><p>-ir (e -or, no caso do verbo pôr).”</p><p><https://esquadraodoconhecimento.</p><p>wordpress.com/linguagens-codigos/</p><p>verbos-no-infinitivo/></p><p>Todas as pesquisas devem apresentar os</p><p>seus objetivos gerais e, se pertinente, os</p><p>específicos também (RESEARCH GRANTS</p><p>PROGRAM, 2011).</p><p>34 Projetos Ambientais</p><p>Síntese</p><p>Um projeto é escrito a partir de itens por vezes obrigatórios, por vezes opcionais. Nesta</p><p>unidade, aprendemos um pouco mais sobre alguns dos itens obrigatórios em um proje-</p><p>to: a justificativa e os objetivos. Cada um desses itens possui características próprias, que</p><p>desenham a estrutura do projeto, fornecendo informações específicas.</p><p>A justificativa está relacionada principalmente com a relevância do trabalho e com o</p><p>convencimento do avaliador de que aquele estudo deve ser realizado. Já os objetivos in-</p><p>dicam os caminhos que serão percorridos para atingir os resultados, ou seja, os objetivos</p><p>descrevem o que se pretende investigar com o projeto.</p><p>A obrigatoriedade dos itens é importante, pois padroniza a apresentação, isso facilita a</p><p>leitura e a comparação, por exemplo, de projetos que competem por financiamento.</p><p>Antes de escrever um projeto, é primordial que você conheça e entenda o que é neces-</p><p>sário em cada um desses itens. Com isso, o seu texto será mais claro e o sucesso do</p><p>projeto ser aceito e desenvolvido será bem maior.</p><p>Pratique</p><p>1. Explique a frase: “Justificar para convencer”. Em qual momento do projeto isso corre?</p><p>Como Confeccionar um Projeto?</p><p>Os Elementos que Compõem a</p><p>Estrutura de um Projeto</p><p>Unidade</p><p>4</p><p>Fonte: chevanon/Freepik/Copyright</p><p>36 Projetos Ambientais</p><p>Organizar as informações e seguir padrões facilita o entendimento de um trabalho.</p><p>Como em um livro – com introdução, capítulos e conclusão – , quando elaboramos</p><p>um projeto também seguimos uma sequência lógica, que organiza as informações e</p><p>auxilia a leitura e a pesquisa. Nesta unidade, vamos ver como organizar essas infor-</p><p>mações, conhecendo os itens, obrigatórios e opcionais, que compõem um projeto e</p><p>qual a sequência deles no texto.</p><p>Elementos de um projeto</p><p>Um roteiro é utilizado para organizar as informações essenciais em um projeto e nos</p><p>demais trabalhos científicos. Não se trata de uma estrutura totalmente rígida, mas sim</p><p>pré-definida, que será composta por elementos específicos. Esses elementos são itens</p><p>que possuem definições claras e que serão moldadas de acordo com o estilo de cada</p><p>autor e de sua área de pesquisa.</p><p>Chamamos de elementos textuais aqueles que compõem o corpo central do projeto,</p><p>mas temos também os elementos pré-textuais e os pós-textuais. Esse conjunto de</p><p>três elementos (pré-textuais, textuais e pós-textuais) permite uma escrita de forma</p><p>organizada, iniciada com uma introdução, seguida do desenvolvimento e fechando</p><p>com a conclusão. Todos os elementos se comunicam, permitindo ao leitor uma busca</p><p>facilitada pelas informações que forem de maior interesse em um determinado mo-</p><p>mento.</p><p>Dividimos os elementos em pré-textuais, textuais e pós-textuais. Cada conjunto apresen-</p><p>ta uma série de itens que irão direcionar o leitor como em uma história, com começo,</p><p>meio e fim.</p><p>No primeiro conjunto, os itens dos elementos pré-textuais irão preceder a parte principal</p><p>do projeto, identificando os componentes do corpo textual e fornecendo informações</p><p>sobre a autoria do projeto. Ou seja, introduzem o leitor ao estudo a ser realizado e indi-</p><p>cam como se dará a organização geral do projeto.</p><p>37Unidade 4 – Como Confeccionar um Projeto?</p><p>Os Elementos que Compõem a Estrutura de um Projeto</p><p>Os seguintes itens compõem os elementos pré-textuais:</p><p>• Capa;</p><p>• Folha de rosto;</p><p>• Sumário;</p><p>• Resumo;</p><p>• Abstract;</p><p>• Listas.</p><p>Na sequência, encontraremos o desenvolvimento do trabalho, ou seja, neste conjunto</p><p>se encontrarão os itens que fornecem os dados mais robustos do projeto e que passa</p><p>as informações de como, quem, onde e por que o trabalho será desenvolvido. Como o</p><p>próprio nome já diz, é a parte textual do projeto, o corpo central dele.</p><p>Os seguintes itens compõem os elementos textuais:</p><p>• Introdução;</p><p>• Revisão de literatura;</p><p>• Materiais e métodos;</p><p>• Resultados esperados;</p><p>• Considerações finais</p><p>ou conclusão.</p><p>Abstract</p><p>Abstract é o resumo escrito na língua</p><p>inglesa. Em situações específicas, o</p><p>resumo também poderá ser escrito em</p><p>espanhol (Resumen) ou em francês</p><p>(Résumé) ou em outras línguas.</p><p>38 Projetos Ambientais</p><p>Os elementos pós-textuais são compostos por itens que complementam as informações</p><p>do conjunto textual do projeto.</p><p>Os seguintes itens compõem os elementos pós-textuais:</p><p>• Referências;</p><p>• Cronograma;</p><p>• Planilha de custos;</p><p>• Glossário;</p><p>• Apêndices;</p><p>• Anexos.</p><p>Nesta unidade, os elementos textuais receberão maior destaque, uma vez que é a parte do</p><p>projeto que mais demanda informação e desenvolvimento. Seguiremos a sequência já pré-</p><p>-estabelecida dos itens: introdução, revisão, materiais e métodos, resultados e conclusão.</p><p>O Instituto Federal do Paraná – IFPR possui uma publicação com as normas para apresentação de trabalhos</p><p>acadêmicos. Nela se encontram todos os elementos textuais e seus respectivos itens. É muito importante que você</p><p>tenha conhecimento das normas da sua instituição. Acesse-a neste link:</p><p><http://reitoria.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2010/05/normas_ifpr_completa_alta_impressao.pdf></p><p>Introdução</p><p>Segundo o Instituto Federal do Paraná (2010, p. 34), é na introdução que delimitamos,</p><p>a partir do tempo e do espaço, o tema escolhido. De forma clara e objetiva, os pontos</p><p>de maior relevância para o estudo serão apresentados neste item. Isso pode ocorrer de</p><p>forma cronológica, apresentando o que já se conhece sobre o tema a ser pesquisado e,</p><p>também, se destacando a importância e possível contribuição científica e social do proje-</p><p>to a ser desenvolvido. Portanto, na introdução, o leitor deverá ser apresentado ao tema</p><p>39Unidade 4 – Como Confeccionar um Projeto?</p><p>Os Elementos que Compõem a Estrutura de um Projeto</p><p>central, ao que já foi descoberto sobre o assunto abordado e o que está sendo proposto</p><p>no projeto.</p><p>Para Annesley (2010a, p. 708), a introdução pode ser visualizada como um funil, ou uma</p><p>pirâmide invertida, seguindo uma forma de escrita que se inicia no grande e segue para</p><p>o pequeno, ou que começa largo e termina estreito. Para Sainani (2012), a introdução</p><p>deve focar algo específico e direcionado.</p><p>Comparando a um quebra-cabeça, a introdução apresentará, inicialmente, as peças já</p><p>conhecidas e encaixadas do tema e, posteriormente, levará o leitor para as peças que</p><p>ainda faltam, revelando o objetivo do trabalho, que pode ser, por exemplo, desenvolver</p><p>as peças que faltam para completar o quebra-cabeça. Essas peças seriam os resultados a</p><p>serem alcançados com o desenvolvimento do projeto (KATZ, 2009, p. 137).</p><p>Alguns passos podem ser seguidos para a composição da introdução (ANNESLEY, 2010a):</p><p>Iniciar pela base teórica, ou seja, relatar o que já é</p><p>sabido sobre o tema do projeto</p><p>Mostrar a importância do estudo, o que ainda não é</p><p>conhecido sobre o tema, quais os problemas ainda em</p><p>aberto e as possíveis limitações a serem superadas</p><p>Ao final do funil, que é mais estreito, o texto deverá</p><p>focar o(s) objetivo(s), evidenciando o que se pretende</p><p>com a pesquisa</p><p>O texto da introdução não precisa ser extenso, sugere-se de três a cinco parágrafos.</p><p>Ele não tem a função de esgotar o assunto, mas, sim, apresentá-lo de forma sintética,</p><p>ressaltando os pontos principais do tema. Alguns editais definem a extensão de cada item,</p><p>por isso é sempre importante saber as exigências de cada um em particular (SAINANI,</p><p>2012).</p><p>Como já foi bastante batido aqui, os itens:</p><p>problema, hipótese, justificativa e objetivos</p><p>podem compor o texto da introdução ou pode ser</p><p>necessário a redação em componentes separados.</p><p>Apesar de ser um texto relativamente</p><p>curto, é importante que a introdução</p><p>tenha fluência. Faça uma apresentação</p><p>inicial, desenvolva o tema e finalize o</p><p>texto com um fechamento.</p><p>40 Projetos Ambientais</p><p>Revisão da literatura</p><p>Para o desenvolvimento de uma pesquisa, a partir de um projeto, é de extrema impor-</p><p>tância que se tenha um embasamento teórico. Chamamos a reunião de dados literários</p><p>previamente publicados de revisão bibliográfica, fundamentação teórica ou revisão da</p><p>literatura, entre outras denominações. Independentemente do nome adotado, todos</p><p>eles indicam o levantamento teórico de estudos anteriores que tenham relação com o</p><p>tema definido para o projeto.</p><p>É a partir da revisão da literatura que você conseguirá estruturar o seu trabalho, entendendo</p><p>o que já foi investigado e é bem conhecido e as lacunas que ainda precisam de pesquisa.</p><p>Outra função muito importante da revisão da literatura é dar embasamento para a discussão</p><p>dos resultados obtidos. Nem todas as instituições exigem a redação da revisão bibliográfica</p><p>no projeto, mas, assim como a hipótese, ele é um</p><p>embasamento primordial para o sucesso do traba-</p><p>lho e passa a ser obrigatório para a construção do</p><p>projeto. Com um bom conhecimento teórico, você</p><p>terá a segurança do que deverá ser tratado com</p><p>relevância ou não na pesquisa, também poderá de-</p><p>limitar de forma mais eficiente o seu tema e a cons-</p><p>trução do problema e da hipótese.</p><p>Assim como a introdução, a revisão bibliográfica</p><p>deve ser desenvolvida com coerência, em um texto</p><p>com começo, meio e fim. Cada autor tem a liber-</p><p>dade de escolher como abordar o tema a ser desen-</p><p>volvido, mas a sequência cronológica tende a ser a</p><p>forma mais utilizada. Nela, os trabalhos são apre-</p><p>sentados dos mais antigos para os mais recentes,</p><p>indicando o desenvolvimento do estudo daquele</p><p>tema. A descrição do geral para os detalhes também é bastante utilizada. Para exemplificar, o</p><p>texto poderia iniciar com dados mundiais, passar pelos regionais e finalizar com o nível local.</p><p>Materiais e métodos</p><p>Ao fazermos um bolo, ou qualquer outra receita, seguimos etapas que são fundamentais</p><p>para que o prato seja concluído com sucesso. Claro que algumas receitas são bem mais</p><p>O item “discussão” não faz parte de</p><p>um projeto, mas fará parte do trabalho</p><p>final, que será apresentado após o</p><p>desenvolvimento do projeto. Ele fará</p><p>parte de um relatório técnico, de uma</p><p>monografia, de uma dissertação ou de</p><p>uma tese. E o embasamento teórico dará</p><p>o suporte para a construção da discussão.</p><p>Para escrever a sua revisão bibliográfica,</p><p>é interessante que você planeje, leia,</p><p>avalie e resuma os dados previamente.</p><p>Outra dica é ler a revisão de outros</p><p>autores, isso te dará ideias de como fazer</p><p>a sua.</p><p>41Unidade 4 – Como Confeccionar um Projeto?</p><p>Os Elementos que Compõem a Estrutura de um Projeto</p><p>simples que outras, mas, mesmo nas mais fáceis, se não seguirmos corretamente a co-</p><p>locação dos ingredientes ou a temperatura do forno, poderemos não ter êxito no final.</p><p>Nos materiais e métodos a situação é semelhante. Várias técnicas a serem aplicadas</p><p>deverão ser descritas corretamente, assim como os seus ingredientes, garantindo a re-</p><p>petição por qualquer outro pesquisador. Isso é uma das exigências científicas ao se fazer</p><p>uma pesquisa. Portanto, neste item, os procedimentos e as técnicas que serão aplicadas</p><p>para a concretização dos objetivos deverão ser descritas (FOOTE, 2008; KATZ, 2009; RE-</p><p>SEARCH GRANTS PROGRAM, 2011).</p><p>Além das técnicas, no item materiais e métodos, descrevemos o local em que o estudo será</p><p>realizado, detalhando as características geográficas, econômicas, sociais, culturais, da vege-</p><p>tação, do relevo entre outras. Ou seja, tudo o que for pertinente ao estudo. Aqui também</p><p>são detalhadas como serão feitas as coletas dos dados, quais os equipamentos que serão uti-</p><p>lizados, as idas a campo para as coletas, se serão diárias, semanais, mensais, semestrais etc.</p><p>Caso venham a ser utilizados questionários, eles deverão ser descritos também neste item.</p><p>Annesley (2010, p. 897) indica que os materiais e métodos devem ser descritos de forma</p><p>a englobar as seguintes situações:</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>5</p><p>Mostrar como as atividades e os experi-</p><p>mentos serão conduzidos e por quê;</p><p>Auxiliar no entendimento dos resultados</p><p>esperados;</p><p>Permitir a reprodução;</p><p>Evidenciar que os resultados esperados</p><p>serão atingidos em função dos métodos</p><p>escolhidos.</p><p>42 Projetos Ambientais</p><p>Para facilitar a leitura e a organização, os materiais e métodos poderão ser divididos em</p><p>subitens. A ordem para a descrição poderá ser cronológica ou por relevância. É usual</p><p>iniciar descrevendo o local onde o trabalho será realizado e as características desse lugar.</p><p>Dessa forma, você situa o leitor sobre as condições onde ocorrerão as coletas, o que</p><p>poderá auxiliar na compreensão sobre a escolha dos métodos de pesquisa e dos resulta-</p><p>dos esperados.</p><p>A análise estatística também deverá ser descrita</p><p>nos materiais e métodos. A descrição incluirá a</p><p>forma de organização dos dados e as análises e/</p><p>ou testes aplicados. É de extrema importância</p><p>que, antes de iniciar a coleta, seja feito um</p><p>planejamento para a obtenção e tratamento dos</p><p>dados de acordo com a estatística a ser aplicada.</p><p>Isso dará maior confiabilidade aos dados,</p><p>auxiliará no número correto de amostras a serem</p><p>coletadas e na previsão dos resultados.</p><p>Resultados esperados</p><p>Neste item, será descrito aonde se espera chegar ou o que se espera obter com o projeto.</p><p>Os resultados esperados estão primeiramente ligados aos objetivos e, em segundo, aos</p><p>métodos selecionados para o desenvolvimento do trabalho, mas esse item também será</p><p>influenciado pela formação teórico/prática do autor, pois através da literatura e de suas</p><p>vivências acadêmicas e científicas é que se construirá o conhecimento sobre aquele tema</p><p>e no que ele poderá resultar.</p><p>Note a seguir alguns resultados esperados do Plano de Ação para prevenção e controle</p><p>do desmatamento e das queimadas: cerrado, que devem ser alcançados até 2020 (MI-</p><p>NISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2011, p. 121):</p><p>Utilizamos o futuro para descrever as</p><p>ações a serem realizadas no projeto, pois</p><p>elas ainda serão colocadas em prática.</p><p>Posteriormente, ao escrever o relatório</p><p>técnico ou a monografia, o tempo verbal</p><p>a ser empregado será o passado, pois</p><p>neste momento as atividades já terão</p><p>sido desenvolvidas (ANNESLEY, 2010, p.</p><p>898).</p><p>43Unidade 4 – Como Confeccionar um Projeto?</p><p>Os Elementos que Compõem a Estrutura de um Projeto</p><p>Aumento do nú-</p><p>mero de agriculto-</p><p>res familiares aptos</p><p>à condução de pro-</p><p>jetos diversificados</p><p>e sustentáveis.</p><p>Melhoria na quali-</p><p>dade dos planos de</p><p>manejo florestais;</p><p>Ampliação no vo-</p><p>lume de recursos</p><p>financeiros dispo-</p><p>nibilizados para</p><p>manejo florestal</p><p>no Cerrado;</p><p>Ampliação do número</p><p>de famílias atendidas</p><p>pela assistência para</p><p>Manejo Florestal;</p><p>Aumento de áreas no</p><p>Cerrado sob Manejo</p><p>Florestal;</p><p>Aumento das prá-</p><p>ticas sustentáveis</p><p>de produção;</p><p>A ordem de apresentação dos resultados esperados poderá seguir a ordem de descrição</p><p>das atividades para a coleta dos dados.</p><p>Considerações finais ou conclusão</p><p>Neste item, serão descritos os pontos principais a serem alcançados com o projeto, mas</p><p>de uma forma mais global, sem detalhar muito. É onde ocorrerá o fechamento do pro-</p><p>jeto e onde você deverá deixar uma boa impressão, como um benefício a ser alcançado</p><p>caso o projeto seja aprovado. A presença deste item dependerá do edital da instituição</p><p>a qual você está tentando uma vaga ou um financiamento, assim como vários outros</p><p>anteriormente descritos.</p><p>44 Projetos Ambientais</p><p>Síntese</p><p>Quando falamos em projeto, temos que ter em mente que ele é o primeiro passo para o</p><p>desenvolvimento de algo, que pode ser um produto, uma pesquisa ou um serviço. Proje-</p><p>tamos neste documento as atividades que serão necessárias para alcançar o objetivo final</p><p>a partir do embasamento teórico. Por isso a organização é tão importante, pois facilitará</p><p>o trabalho futuro. Os itens do projeto, obrigatórios</p><p>e opcionais, servem para padronizar</p><p>as informações e para facilitar o entendimento de quem irá ler e avaliar a possibilidade</p><p>de implementação do trabalho. Portanto, muita atenção com eles.</p><p>Nesta unidade, vimos sobre a estrutura textual do projeto. Os elementos pré-textuais,</p><p>como capa, listas e sumário; os elementos textuais, introdução, desenvolvimento e con-</p><p>clusão; e os pós-textuais, compostos pelas referências, anexos e apêndices. Alguns des-</p><p>ses elementos são obrigatórios e outros são opcionais, e os itens exigidos podem variar</p><p>de acordo com as regras de cada instituição. Finalmente, para complementar, falamos</p><p>mais detalhadamente sobre os elementos textuais ̶ introdução; revisão de literatura;</p><p>materiais e métodos; resultados esperados; considerações finais ou conclusão. Maior</p><p>ênfase foi dada para esses itens, uma vez que são o corpo textual do projeto, onde serão</p><p>apresentadas a principais informações e, por isso, devem ser bem compreendidas.</p><p>Pratique</p><p>1. (Adaptado de Cespe, 2013) Na proposta de projeto, o elemento que contém as in-</p><p>formações relativas ao local a ser investigado e as técnicas a serem aplicadas corres-</p><p>ponde</p><p>a) ao programa de trabalho.</p><p>b) à justificativa.</p><p>c) ao orçamento.</p><p>d) aos objetivos específicos.</p><p>e) aos materiais e métodos.</p><p>Como Confeccionar um Projeto?</p><p>A Importância da Escrita</p><p>Unidade</p><p>5</p><p>Fonte: Rawpixelimages/Dreamstime/Copyright</p><p>46 Projetos Ambientais</p><p>Podemos nos comunicar de muitas formas: oralmente, visualmente, por sinais e tam-</p><p>bém pela escrita. Ao escrevermos um texto, muitas vezes, usamos a língua falada e</p><p>“relaxamos” com a norma culta, aplicamos gírias e até mesmo construções erradas.</p><p>Realmente não somos muito exigentes quando estamos em um ambiente informal,</p><p>com a família ou amigos, por exemplo. No entanto, no campo profissional essa infor-</p><p>malidade não é o ideal. Precisamos ser claros e objetivos, e o uso adequado da língua</p><p>facilita, e muito, este caminho. Nesta unidade, veremos algumas formas de como</p><p>escrever um texto fluido e de fácil compreensão e a importância disso.</p><p>Planejando a escrita do projeto</p><p>Escrevemos um projeto para diversas finalidades: participar de um edital de financiamen-</p><p>to de projetos ambientais, desenvolver um novo produto, solucionar um problema ou</p><p>avaliar o impacto de uma atividade industrial. Em quaisquer dessas situações, é muito</p><p>importante saber qual será o seu público e adequar a escrita a ele. Você estará escreven-</p><p>do, provavelmente, para pessoas ocupadas, portanto terá que prender a atenção delas.</p><p>Para isso, tente fazer as coisas de forma simples, objetivas e claras e tente garantir de que</p><p>será entendido por essas pessoas. O seu trabalho será construir um texto que seja fluido</p><p>e que apresente os pontos principais do projeto de forma a chamar a atenção do leitor.</p><p>Lembre-se de que a leitura sempre concorre com outras atividades, um texto muito mal</p><p>organizado pode incentivar o seu leitor a fazer outra coisa.</p><p>Antes de iniciar um texto, uma boa dica é fazer um pré-texto, ou seja, coloque no papel</p><p>o que você pretende escrever, na forma de uma breve história. Tente contar nesse pré-</p><p>-texto o que será feito e como será feito em relação ao texto que você precisa escrever.</p><p>Isso irá te auxiliar com as informações que serão necessárias para o texto principal, se</p><p>você já tem conhecimento e material suficientes para o projeto ou se você terá que pes-</p><p>quisar algo mais.</p><p>É importante padronizar a escrita. Utilize instrumentos e técnicas para garantir um texto</p><p>de melhor qualidade. O roteiro pré-definido para um projeto é um instrumento que irá</p><p>auxiliar na organização das informações, permitindo uma sequência lógica no desenvol-</p><p>vimento do texto. Com ele você consegue saber quais as informações que você terá que</p><p>ter para escrevê-lo, assim como o leitor saberá a sequência do que será apresentado.</p><p>Atente sempre para a escolha das palavras, isso é essencial para ter um texto mais preci-</p><p>so. Adjetivos (alta, baixa, forte, fraco) e advérbios (muito, pouco, bastante) dão margem</p><p>a interpretações por parte do leitor. Cuidado ao usá-los. Prefira usar números sempre</p><p>47Unidade 5 – Como Confeccionar um Projeto? A Importância da Escrita</p><p>que possível, eles são precisos e objetivos. Por exemplo, ao descrever uma árvore, não</p><p>use termos como baixa, média ou alta sozinhos, complemente-os com números. Dessa</p><p>forma, o leitor não terá dúvida. O mesmo se aplica para palavras relacionadas ao tempo</p><p>e ao peso. Breve, rápido, leve, pesado, podem ser mais claros e objetivos se definidos</p><p>por um valor numérico. Palavras com conotações subjetivas, como doloroso, podem ser</p><p>mais precisas quando reproduzidas em uma escala numérica, como pode ser observado</p><p>na figura 5.1 (KATZ, 2009).</p><p>1 20 4 53 6 8 97 10</p><p>0: sem dor</p><p>1-3: dor leve</p><p>3-5: dor moderada</p><p>5-7: dor forte</p><p>7-9: dor muito forte</p><p>10: dor insuportável</p><p>0: sem dor</p><p>Figura 5.1 – Escala de dor.</p><p>Fonte: Adaptado de Katz (2009).</p><p>Preocupe-se com a sequência do texto em</p><p>relação ao objetivo geral do projeto e o que</p><p>deverá ser feito para alcançá-lo. Katz (2009, p.</p><p>132) sugere que o tema principal deve ser citado</p><p>ao longo de todo o trabalho. Por exemplo, se</p><p>você irá trabalhar com o tema resíduos sólidos,</p><p>ele deverá ser colocado no título. Posteriormente,</p><p>na introdução, você deverá relatar o que é</p><p>sabido sobre os resíduos sólidos. Nos materiais</p><p>e métodos, os procedimentos aplicados deverão</p><p>ser relacionados com os resíduos sólidos e assim</p><p>por diante.</p><p>Escrevendo o texto</p><p>Para iniciar a escrita do seu texto é preciso organização. Tente fazer um roteiro inicial,</p><p>vendo quais as bibliografias, dados e anotações que você precisará em cada item, isso te</p><p>poupará tempo e não cortará a sua linha de raciocínio durante a escrita. Segundo Saia-</p><p>nani (2012), durante essa primeira fase, a pré-escrita, você deverá gastar por volta de</p><p>70% do tempo total da escrita. A autora sugere criar um arquivo de texto, como o Word,</p><p>Apesar da forma com que cada um</p><p>escreve, em um texto científico não há</p><p>espaço para ser subjetivo. Não confunda</p><p>a escrita de algo técnico com a escrita</p><p>utilizada em um romance, por exemplo,</p><p>são textos com objetivos diferentes. Em</p><p>um projeto seja sempre objetivo, não</p><p>utilize metáforas ou termos vagos apenas</p><p>para deixar o texto mais bonito. Ele pode</p><p>ser agradável e técnico ao mesmo tempo,</p><p>mas ele não pode deixar margem para</p><p>dúvidas.</p><p>48 Projetos Ambientais</p><p>e inserir neste arquivo todas as informações pertinentes que você pretende usar no seu</p><p>projeto. Essas sugestões não são regras, cada autor deverá encontrar a sua melhor forma</p><p>de redigir. Apenas tente evitar muitas distrações, como as proporcionadas pela internet.</p><p>Se você se organiza previamente, não precisará consultar seguidamente a internet e não</p><p>correrá o risco de ter mais distrações e perder muito tempo.</p><p>Em seguida, virá a segunda fase, a da escrita propriamente. Após a organização, você co-</p><p>meçará uma primeira versão. Ela não será a definitiva, muitos ajustes ainda virão, portanto</p><p>não se preocupe tanto, adicione as ideias iniciais procurando formular frases completas,</p><p>depois com a revisão você poderá fazer as correções e alterações que forem necessárias.</p><p>Mas aproveite o fluxo de ideias e de formulação de frases, posteriormente será mais fácil</p><p>ajustar se elas estiverem em uma sequência organizada. Para a confecção desse rascunho,</p><p>você deverá investir por volta de 10% do tempo total programado (SAIANANI, 2012).</p><p>Com o texto em uma primeira versão, você começará a fazer a revisão, os 20% restantes</p><p>do tempo programado, refinando o que já foi escrito e complementando o que ainda</p><p>falta. Ler o texto em voz alta ajuda a perceber o que não está fluindo bem, como a</p><p>pontuação, a repetição de palavras ou os termos. Se possível, após a revisão, peça uma</p><p>segunda opinião, não precisa ser de alguém da área, qualquer pessoa pode opinar sobre</p><p>a clareza do que está escrito. Quando outra pessoa lê o texto ela percebe questões</p>