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<p>Direitos Sociais |</p><p>Introdução</p><p>www.cenes.com.br | 1</p><p>DISCIPLINA</p><p>DIREITOS SOCIAIS</p><p>CONTEÚDO</p><p>Nacionalidade</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Introdução</p><p>www.cenes.com.br | 2</p><p>A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua</p><p>edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A</p><p>instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos</p><p>ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a</p><p>reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou</p><p>mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem</p><p>permissão por escrito do autor e do editor. 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Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que,</p><p>atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de</p><p>atendimento através do e-mail tutoria@faculdadefocus.com.br.</p><p>© 2021, by Faculdade Focus</p><p>Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro</p><p>Cascavel - PR, 85801-050</p><p>Tel: (45) 3040-1010</p><p>www.faculdadefocus.com.br</p><p>Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por</p><p>marcadores.</p><p>Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e</p><p>DESCOMPLICADA pelo conteúdo.</p><p>http://www.faculdadefocus.com.br/</p><p>mailto:tutoria@faculdadefocus.com.br.</p><p>http://www.faculdadefocus.com.br/</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Introdução</p><p>www.cenes.com.br | 3</p><p>Sumário</p><p>Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3</p><p>1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4</p><p>2 Nacionalidade ---------------------------------------------------------------------------------------------- 4</p><p>2.1 Conceitos Correlatos ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 5</p><p>2.2 Aquisição da nacionalidade ------------------------------------------------------------------------------------------- 7</p><p>2.2.1 Brasileiros natos --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 8</p><p>2.2.2 Brasileiro naturalizado ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 8</p><p>2.2.3 Português equiparado ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 9</p><p>2.3 Cargos privativos de brasileiros natos------------------------------------------------------------------------------ 9</p><p>2.4 Extradição ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11</p><p>2.5 Perda da nacionalidade brasileira --------------------------------------------------------------------------------- 13</p><p>3 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 14</p><p>4 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 14</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Introdução</p><p>www.cenes.com.br | 4</p><p>1 Introdução</p><p>A primeira geração de direitos constitucionais engloba não só os direitos individuais,</p><p>que buscam assegurar a proteção das pessoas contra o poder do Estado, mas também</p><p>os direitos políticos e de participação política, os quais sintetizam os direitos de</p><p>nacionalidade e o direito de votar e ser votado.</p><p>O conceito de nacionalidade está relacionado, dessa forma, ao vínculo que advém da</p><p>relação entre o povo, que é o elemento humano da noção de Estado, e o território.</p><p>Assim, conforme esclarece José Afonso Da Silva (2013), os fundamentos sobre a</p><p>aquisição da nacionalidade é matéria constitucional, uma vez que cada Estado é livre</p><p>para dizer quem são seus nacionais. No Brasil, também os direitos de nacionalidade</p><p>são considerados normas materiais e formalmente constitucionais de direito público.</p><p>Falaremos sobre esses direitos nesta unidade, cuidando das diferenças quanto aos</p><p>direitos e obrigações dos brasileiros natos, naturalizados e dos estrangeiros.</p><p>2 Nacionalidade</p><p>A nacionalidade pode ser entendida como o vínculo jurídico-político que liga o</p><p>indivíduo a um determinado Estado, tornando-o um membro integrante da</p><p>comunidade que constitui aquele Estado. Nesse contexto, o indivíduo se torna “um</p><p>componente do povo, o que o capacita a exigir a proteção estatal, a fruição de</p><p>prerrogativas ínsitas à condição de nacional, bem como o sujeita ao cumprimento de</p><p>deveres” (MASSON, 2020).</p><p>Neste sentido, Bernardo Gonçalves Fernandes (2020) explica que o conceito de</p><p>nacionalidade e de povo são equivalentes, pois ambos são conceitos de viés jurídico,</p><p>mas são diferentes do conceito de população, que é um conceito geográfico</p><p>econômico e expressa “o conjunto de habitantes de determinado Estado, sejam eles</p><p>nacionais ou estrangeiros”.</p><p>Cada Estado deve legislar sobre a sua própria nacionalidade, respeitando</p><p>compromissos gerais e particulares aos quais tenha se obrigado. Somente o Estado</p><p>pode ser outorgante da nacionalidade, sendo que só ele pode determinar quem serão</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Nacionalidade</p><p>www.cenes.com.br | 5</p><p>seus nacionais, quais as condições de aquisição da nacionalidade, e quais são as</p><p>causas para sua perda. Observa-se, ainda, que a nacionalidade não é a mesma coisa</p><p>que cidadania, pois a cidadania é um atributo que diferencia aqueles que possuem</p><p>pleno gozo dos direitos políticos dos que não possuem esse direito, enquanto a</p><p>nacionalidade é o que diferencia os nacionais dos estrangeiros, isto é, diferencia</p><p>aqueles que possuem uma ligação pessoal com o Estado daqueles que não a</p><p>possuem.</p><p>Assim, o vínculo da nacionalidade pode se estabelecer tanto com o nascimento do</p><p>indivíduo, classificada como nacionalidade originária, primária ou nata, ou</p><p>posteriormente, pela naturalização, chamada de nacionalidade secundária, adquirida</p><p>ou decorrente de naturalização. É importante ressaltar que não é apenas o nascimento</p><p>do indivíduo que determina a nacionalidade, mas este agregado de outros elementos,</p><p>seja pela relação que o Estado entende por suficiente à formação do laço da</p><p>nacionalidade, pelo nascimento do indivíduo no território de um Estado ou pela</p><p>ligação de sangue à massa dos nacionais de um Estado (PONTES DE MIRANDA apud</p><p>TAVARES, 2020).</p><p>2.1 Conceitos Correlatos</p><p>De acordo com Nathalia Masson (2020), o tema da nacionalidade, normatizado no art.</p><p>12 da Constituição Federal, é regulamentado pela Lei n. 13.445/2017 (Lei Nova de</p><p>Migração), a qual revogou a Lei n. 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro) promovendo</p><p>uma mudança de paradigma na forma como o estrangeiro é visto. Segundo a autora,</p><p>“agora estrangeiros são vistos como sujeitos de direitos – e a proteção e bem-estar</p><p>do migrante, do apátrida e do visitante apresenta-se como o intuito primordial da</p><p>legislação” (MASSON, 2020). Assim, a autora propõe a definição de alguns termos que</p><p>considera pertinentes ao estudo da matéria, os quais reproduziremos nesta unidade</p><p>na coluna a seguir:</p><p>nação: “designa um agrupamento humano homogêneo cujos membros, localizados</p><p>em território específico, são possuidores</p><p>das mesmas tradições, costumes e ideais</p><p>coletivos”;</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Nacionalidade</p><p>www.cenes.com.br | 6</p><p>nacionalidade: “vínculo de natureza jurídica (ligação de direito público) que une o</p><p>indivíduo ao Estado”;</p><p>povo: “representa o conjunto de nacionais que compõem o elemento humano de</p><p>um Estado — o povo brasileiro, por exemplo, é o resultado do somatório de</p><p>brasileiros natos e naturalizados”;</p><p>população: “representa a totalidade de indivíduos que habitam determinado</p><p>território, ainda que ali estejam temporariamente, independentemente da</p><p>nacionalidade”.</p><p>apátridas (heimatlos): “são aqueles desprovidos de pátria; não detêm com nenhum</p><p>Estado o vínculo jurídico-político que os converteria em nacionais, uma vez que não</p><p>se enquadram nos critérios de aquisição de nacionalidade de Estado algum”. Vale</p><p>destacar que este fenômeno é, hoje, considerado intolerável, haja vista a</p><p>nacionalidade ser um direito fundamental das pessoas, assegurado no art. XV da</p><p>Declaração dos Direitos do Homem. A condição de apátrida viria decorrer de um</p><p>conflito negativo de nacionalidade quando nenhum Estado o declara como seu</p><p>nacional. Pode ocorrer quando uma criança, filha de pais de determinada</p><p>nacionalidade que adota unicamente o critério territorial para concessão de</p><p>nacionalidade, nasce no domínio geográfico de outro território que reconhece</p><p>apenas o sistema baseado na ascendência (jus sanguinis) como critério de</p><p>concessão de nacionalidade. “Esta criança não adquirirá a nacionalidade dos pais,</p><p>haja vista não ter nascido no território do Estado "B", do qual eles são nacionais,</p><p>tampouco ganhará a nacionalidade do Estado "A", em cujo território nasceu, por</p><p>não serem seus pais nacionais dali. Como conclusão, será apátrida”. O fenômeno</p><p>pode ocorrer, ainda, quando o indivíduo que, em razão da naturalização, perde a</p><p>nacionalidade de origem, e depois tem sua naturalização cancelada.</p><p>polipátridas: “São aqueles que, quando do nascimento, se enquadram nos critérios</p><p>concessivos de nacionalidade originária de mais de um Estado, ocasionando um</p><p>conflito positivo que normalmente resulta em dupla (ou mesmo múltipla)</p><p>nacionalidade”.</p><p>estrangeiro: “indivíduo que possui vínculo jurídico-político com Estado Nacional</p><p>diverso da República Federativa do Brasil”.</p><p>cidadão: “o nacional (nato ou naturalizado) no gozo dos direitos políticos e</p><p>participante da vida do Estado”.</p><p>imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se</p><p>estabelece temporária ou definitivamente no Brasil;</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Nacionalidade</p><p>www.cenes.com.br | 7</p><p>emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior;</p><p>residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a</p><p>sua residência habitual em município fronteiriço de país vizinho;</p><p>visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadas</p><p>de curta duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente</p><p>no território nacional.</p><p>Quadro 1 - Conceitos relacionados à matéria</p><p>Fonte: Adaptado de MASSON (2020)</p><p>2.2 Aquisição da nacionalidade</p><p>Tradicionalmente, a doutrina distingue a nacionalidade em duas espécies: a)</p><p>nacionalidade originária (primária ou nata), e b) nacionalidade derivada</p><p>(secundária ou adquirida). A nacionalidade originária (nata) é aquela que resulta de</p><p>um fato natural como o nascimento, ou seja, é uma forma involuntária de aquisição</p><p>de nacionalidade atribuída ao indivíduo em razão de critérios sanguíneos (jus</p><p>sanguinis), territoriais (jus soli) ou mistos. Já a nacionalidade derivada (secundária) é</p><p>aquela adquirida por vontade própria após o nascimento, em regra se dá pela</p><p>naturalização.</p><p>Figura 1 - Hipóteses de aquisição de nacionalidade</p><p>Fonte: Adaptado de MORAES (2021)</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Nacionalidade</p><p>www.cenes.com.br | 8</p><p>2.2.1 Brasileiros natos</p><p>O art. 12, I, da Constituição Federal disciplina sobre os critérios da nacionalidade,</p><p>considerando brasileiros natos:</p><p>a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,</p><p>desde que estes não estejam a serviço de seu país;</p><p>b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que</p><p>qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;</p><p>c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que</p><p>sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na</p><p>República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida</p><p>a maioridade, pela nacionalidade brasileira;</p><p>É importante destacar que o filho de pais estrangeiros que estão um ou outro ou</p><p>ambos a serviço do seu país em território brasileiro não será considerado brasileiro</p><p>nato. Note que para aplicação dessa regra, é necessário o cumprimento cumulativo</p><p>de duas condições: (i) ambos os pais serem estrangeiros e (ii) um deles ou ambos</p><p>estarem a serviço de seu país.</p><p>2.2.2 Brasileiro naturalizado</p><p>O art. 12, II, CF estabelece os critérios para a aquisição da nacionalidade secundária.</p><p>De acordo com o texto constitucional serão considerados brasileiros naturalizados:</p><p>a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos</p><p>originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano</p><p>ininterrupto e idoneidade moral (naturalização ordinária);</p><p>b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa</p><p>do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde</p><p>que requeiram a nacionalidade brasileira (naturalização extraordinária).</p><p>A aquisição de nacionalidade derivada somente se dará por manifestação do</p><p>interessado, mediante naturalização. No caso da naturalização ordinária, contudo, o</p><p>mero cumprimento dos requisitos não é uma garantia da concessão da nacionalidade</p><p>brasileira, pois este é um ato discricionário do Chefe do Poder Executivo, dependendo</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Nacionalidade</p><p>www.cenes.com.br | 9</p><p>da sua análise quanto à conveniência e a oportunidade da solicitação. Já no caso de</p><p>naturalização extraordinária, o Brasil é obrigado a conceder a naturalização se</p><p>cumprido todos os requisitos.</p><p>2.2.3 Português equiparado</p><p>A Constituição Federal estabelece condições favoráveis para os portugueses ao</p><p>determinar que estes deverão receber um tratamento igual a de um brasileiro</p><p>naturalizado, com status de “quase-naturalidade”, como denominado a doutrina.</p><p>Casalino (2015) comenta que a quase naturalidade se dá quando “o português</p><p>residente no Brasil, desde que haja reciprocidade, goza do mesmo tratamento</p><p>dispensado ao brasileiro naturalizado”. Tal direito deverá ser solicitado pelo português</p><p>e reconhecido pelo Brasil. Para que esse tratamento seja concedido, alguns requisitos</p><p>precisam ser preenchidos.</p><p>a) os portugueses deverão ter residência permanente no Brasil;</p><p>b) os brasileiros deverão receber o mesmo tratamento em Portugal, deve haver</p><p>reciprocidade entre os dois países.</p><p>É importante mencionar que este tratamento não se equivale a uma atribuição de</p><p>nacionalidade aos portugueses que residem no Brasil nem aos brasileiros que residam</p><p>em Portugal. Ambos continuam com sua nacionalidade originária, porém existe a</p><p>concessão de direitos inerentes aos nacionais do Estado, não sendo necessária a</p><p>naturalização de fato. Novamente nos valemos dos preceitos de Casalino (2015) ao</p><p>afirmar que, “nesse caso, ao contrário do que ocorre nas hipóteses anteriores, o</p><p>português continua estrangeiro. Não é naturalização. A Constituição determina</p><p>apenas que a esses portugueses seja conferido o mesmo tratamento que se dá aos</p><p>brasileiros naturalizados”.</p><p>2.3 Cargos privativos de brasileiros natos</p><p>Segundo o art. 12, §2º, da CF, a lei não poderá fazer distinção entre brasileiros natos</p><p>e naturalizados, salvo nos casos previstos no texto constitucional. Tirando esse fator,</p><p>os brasileiros natos</p><p>e os naturalizados devem ser tratados com isonomia.</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Nacionalidade</p><p>www.cenes.com.br | 10</p><p>A principal distinção que a Constituição Federal faz entre brasileiros natos e</p><p>naturalizados diz respeito à ocupação de alguns cargos, que serão privativos de</p><p>brasileiros natos seja por motivos de segurança nacional ou porque compõem a linha</p><p>sucessória (e de substituição) presidencial. Nesta esteira, são considerados privativos</p><p>de brasileiros natos os cargos:</p><p>▪ de Presidente e Vice-Presidente da República;</p><p>▪ de Presidente da Câmara dos Deputados;</p><p>▪ de Presidente do Senado Federal;</p><p>▪ de Ministro do Supremo Tribunal Federal;</p><p>▪ da carreira diplomática;</p><p>▪ de oficial das Forças Armadas;</p><p>▪ de Ministro de Estado da Defesa.</p><p>A lista do §3º do art. 12 é taxativa, logo os demais cargos que não estão nesta lista</p><p>podem ser ocupados tanto por brasileiros natos quanto por naturalizados. Por sua</p><p>vez, os portugueses equiparados não podem ocupar cargos privativos de brasileiros</p><p>natos, pois eles recebem apenas o tratamento de brasileiros naturalizados.</p><p>É importante atentar-se ao fato de que todos os Ministros do Supremo Tribunal</p><p>Federal devem ser brasileiros natos, pois estes se revisam no exercício da presidência</p><p>do Tribunal. Por outro lado, os Ministros dos demais Tribunais do Poder Judiciário não</p><p>precisam ser detentores de nacionalidade primária, podendo ser naturalizados. O</p><p>único Ministro do Estado que deve necessariamente ser brasileiro nato é o Ministro</p><p>da Defesa.</p><p>Nathalia Masson (2020) elenca as principais diferenças entre brasileiros natos e</p><p>naturalizados, nos valemos de seus apontamentos no quadro a seguir.</p><p>DIFERENÇAS ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS</p><p>CARGOS</p><p>(art. 12, § 3º, CF/88)</p><p>São privativos de brasileiros natos os cargos:</p><p>1) de Presidente e Vice-Presidente da República;</p><p>2) de Presidente da Câmara dos Deputados;</p><p>3) de Presidente do Senado Federal;</p><p>4) de Ministro do Supremo Tribunal Federal;</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Nacionalidade</p><p>www.cenes.com.br | 11</p><p>5) da carreira diplomática;</p><p>6) de oficial das Forças Armadas;</p><p>7) de Ministro de Estado da Defesa.</p><p>FUNÇÃO</p><p>(art. 89, VII, CF/88)</p><p>São brasileiros natos os seis cidadãos que participam do Conselho da</p><p>República.</p><p>PROPRIEDADE</p><p>(art. 222, CF/88)</p><p>A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de</p><p>sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais</p><p>de dez anos.</p><p>EXTRADIÇÃO</p><p>(art. 5º, LI, CF/88)</p><p>Somente brasileiros naturalizados poderá ser extraditado em caso de:</p><p>a) crime comum, praticado antes da naturalização;</p><p>b) comprovado envolvimento, a qualquer tempo, em tráfico ilícito de</p><p>entorpecentes e drogas afins.</p><p>Quadro 2 - Diferenças entre brasileiros natos e naturalizados</p><p>Fonte: MASSON, 2020.</p><p>2.4 Extradição</p><p>A extradição é um processo relativo ao cumprimento de pena por um crime de certa</p><p>gravidade cometido fora do país. Alguns tratados especificam crimes punidos com</p><p>pena superior a um ou dois anos de prisão, não se aplicando a extradição a simples</p><p>contravenções penais.</p><p>O art. 81 da Lei n. 13.445/2017 (Lei da Migração) estabelece que “a extradição é a</p><p>medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual</p><p>se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal</p><p>definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso”, e deverá ser</p><p>requerida por via diplomática ou pelas autoridades centrais designadas para esse fim.</p><p>Segundo Accioly, Nascimento e Silva e Casella (2019), “Extradição é o ato mediante o</p><p>qual um estado entrega a outro estado indivíduo acusado de haver cometido crime</p><p>de certa gravidade ou que já se ache condenado por aquele, após haver-se certificado</p><p>de que os direitos humanos do extraditando serão garantidos. A instituição da</p><p>extradição tem por objetivo principal evitar, mediante a cooperação internacional, que</p><p>um indivíduo deixe de pagar pelas consequências de crime cometido. Atualmente, a</p><p>extradição procura garantir ao acusado um julgamento justo, de conformidade com o</p><p>artigo XI da Declaração Universal dos Direitos do Homem, segundo o qual ‘Todo</p><p>homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Nacionalidade</p><p>www.cenes.com.br | 12</p><p>a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público</p><p>no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa’”.</p><p>Bernardo Gonçalves Fernandes aponta para duas espécies de extradição, a ativa e a</p><p>passiva. Ambras estão assentadas no Decreto n. 9.199/2017, que regulamentou a Lei</p><p>n. 13.445/2017. A extradição ativa, nos arts. 278 ao 280, e a extradição passiva, nos</p><p>arts. 266 ao 277.</p><p>▪ Extradição ativa: “ocorre quando o Estado brasileiro requer a Estado</p><p>Estrangeiro a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal</p><p>definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso” (art. 278).</p><p>▪ Extradição passiva: “ocorre quando o Estado estrangeiro solicita ao Estado</p><p>brasileiro a entrega de pessoa que se encontre no território nacional sobre</p><p>quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de</p><p>processo penal em curso” (art. 266).</p><p>A concessão da extradição normalmente ocorre mediante um tratado bi ou</p><p>multilateral entre as partes. No Brasil, fundamenta-se primariamente no art. 5º, LI e LII,</p><p>da Constituição Federal e é regulamentada pela Lei de Migração (Lei n. 13.445/2017)</p><p>e pelo Decreto n. 9.099/2017. Porém, em não havendo um tratado, pode ser concedida</p><p>mediante declaração de reciprocidade, de acordo com a qual, “ocorrendo crime</p><p>análogo no país requerido, o país requerente se compromete a conceder a extradição</p><p>solicitada”.</p><p>A extradição nunca ocorrerá com brasileiro nato, e no caso de brasileiro naturalizado,</p><p>obedecerá ao dispositivo do art. 5º, LI da CF, segundo o qual “nenhum brasileiro será</p><p>extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da</p><p>naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e</p><p>drogas afins, na forma da lei”. No caso do estrangeiro, será extraditado por qualquer</p><p>crime cometido fora do país, com exceção de crime político ou crime de opinião (art.</p><p>5º, LII, CF).</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Nacionalidade</p><p>www.cenes.com.br | 13</p><p>2.5 Perda da nacionalidade brasileira</p><p>Existe previsão constitucional da possibilidade de extinção do vínculo patrial que liga</p><p>o indivíduo ao Estado. Nos termos do art. 12, § 4º, será declarada a perda da</p><p>nacionalidade do brasileiro que:</p><p>▪ tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade</p><p>nociva ao interesse nacional;</p><p>▪ adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de</p><p>nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela</p><p>norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição</p><p>para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.</p><p>O cancelamento de naturalização poderá ser determinado por sentença judicial em</p><p>virtude de atividade nociva ao interesse nacional e, depois de transitado em julgado,</p><p>o indivíduo somente poderá readquirir a naturalização por meio de ação rescisória.</p><p>Neste sentido, comenta Flavia Bahia (2017) que “a ação de cancelamento de</p><p>naturalização é ajuizada pelo Ministério Público Federal e tramita perante a Justiça</p><p>Federal, na forma do art. 109, X, da CRFB/88. Após declarada a perda, o ex-brasileiro</p><p>não poderá enfrentar novo processo administrativo para aquisição de nacionalidade</p><p>nacional”.</p><p>A hipótese de perda de nacionalidade por naturalização voluntária diante da aquisição</p><p>de nova nacionalidade aplica-se tanto a brasileiros natos quanto naturalizados. Caso</p><p>o indivíduo busque a requisição de nacionalidade brasileira, recuperará a condição</p><p>que perdera. Ou seja, se era brasileiro</p><p>nato, voltará a ser brasileiro nato; se era</p><p>naturalizado, voltará a ser brasileiro naturalizado.</p><p>Já os brasileiros que tenham sido obrigados a se naturalizar para o exercício dos</p><p>direitos civis, como casamento ou trabalho, ou como condição de permanência no</p><p>outro país, manterão intacta a nacionalidade brasileira.</p><p>Por fim, é oportuno ressaltar que no momento que o brasileiro nato ou naturalizado</p><p>perde a nacionalidade, ele deixa de ser brasileiro, tornando-se um estrangeiro,</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Conclusão</p><p>www.cenes.com.br | 14</p><p>portanto mesmo que ele tenha sido brasileiro nato, será tratado como estrangeiro. Ou</p><p>seja, poderá ser extraditado em casos de crimes cometidos fora do país, como</p><p>qualquer outro estrangeiro, não devendo receber nenhum tratamento diferenciado.</p><p>3 Conclusão</p><p>Nesta unidade trabalhamos o conceito de nacionalidade, como o vínculo jurídico-</p><p>político entre o Estado e o indivíduo que o torna membro integrante da comunidade</p><p>que constitui o Estado, e outros conceitos correlatos e necessários ao estudo da</p><p>matéria. Falamos, ainda, sobre a aquisição da nacionalidade e a diferença entre os</p><p>direitos e obrigações dos brasileiros natos, dos naturalizados e dos estrangeiros, bem</p><p>como sobre as possibilidades de perda do vínculo jurídico-político entre o indivíduo</p><p>e o Estado.</p><p>4 Referências Bibliográficas</p><p>ACCIOLY, H.; NASCIMENTO E SILVA, G. E.; CASELLA, P. B. Manual de direito</p><p>internacional público. – 24. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019.</p><p>CASALINO, V. Concursos públicos - nível médio e superior - direito constitucional.</p><p>2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.</p><p>BAHIA, F. Direito Constitucional. – 3. ed. – Recife: Armador, 2017.</p><p>BARROSO, L. R. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos</p><p>fundamentais e a construção do novo modelo. – 9. ed. – São Paulo: Saraiva Educação,</p><p>2020.</p><p>FERNANDES, B. G. Curso de Direito Constitucional. – 12. ed. – Salvador: Ed.</p><p>JusPODIVM, 2020.</p><p>MASSON, Nathalia. Manual de direito constitucional. – 8. ed. – Salvador:</p><p>JusPODIVM, 2020.</p><p>MENDES, G. F.; BRANCO, P. G. G. Curso de Direito Constitucional. – 16. ed. – São</p><p>Paulo: Educação, 2021.</p><p>MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. – 33. ed. rev. e atual. até a EC nº_ 95,</p><p>de 15 de dezembro de 2016. São Paulo: Atlas, 2017.</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>www.cenes.com.br | 15</p><p>TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. – 18. ed. – São Paulo:</p><p>Saraiva Educação. 2020.</p><p>SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. – 37. ed. rev. e atual.</p><p>até a EC nº_ 76, de 28 de novembro de 2013. São Paulo: Malheiros Editores. 2013.</p><p>Direitos Sociais |</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>www.cenes.com.br | 16</p><p>Sumário</p><p>1 Introdução</p><p>2 Nacionalidade</p><p>2.1 Conceitos Correlatos</p><p>2.2 Aquisição da nacionalidade</p><p>2.2.1 Brasileiros natos</p><p>2.2.2 Brasileiro naturalizado</p><p>2.2.3 Português equiparado</p><p>2.3 Cargos privativos de brasileiros natos</p><p>2.4 Extradição</p><p>2.5 Perda da nacionalidade brasileira</p><p>3 Conclusão</p><p>4 Referências Bibliográficas</p>

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