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<p>Teoria geral dos direitos reais</p><p>Análise da evolução histórica e das principais classificações dos direitos reais.</p><p>Filipe Medon</p><p>1. Itens iniciais</p><p>Propósito</p><p>Compreender as principais noções e classificações acerca dos direitos reais é extremamente importante para</p><p>a formação e, principalmente, na atuação profissional futura, uma vez que essa temática está sendo revisitada</p><p>sob perspectiva funcionalizante a partir da Constituição e esses conhecimentos têm sido cada vez mais</p><p>exigidos dos operadores do Direito, independentemente da carreira que o aluno venha a abraçar.</p><p>Preparação</p><p>Antes de iniciar o conteúdo, tenha à mão o Código Civil (Lei nº 10.406/2002).</p><p>Objetivos</p><p>Identificar as principais noções gerais envolvendo direitos reais.</p><p>Reconhecer as principais classificações dos direitos reais.</p><p>Analisar as obrigações mistas dentro do Direito das Coisas.</p><p>Introdução</p><p>Neste conteúdo, vamos enfrentar um dos assuntos mais tradicionais no estudo do Direito Civil: o Direito das</p><p>Coisas, que, em alguns cursos, também é chamado pelo nome geral de Direitos Reais. Trata-se de um tema</p><p>cujos institutos vêm sendo reproduzidos muitas vezes sem grandes alterações desde o Direito Romano. No</p><p>entanto, vamos perceber que uma visão mais contemporânea, cujas bases se assentam no Direito Civil</p><p>Constitucional, nos permite enxergar que esse ramo tão tradicional também sofreu influências do fenômeno</p><p>da constitucionalização do Direito, de modo que seus institutos precisam ser relidos.</p><p>Como veremos em nosso estudo, hoje, não tutelamos mais a propriedade por si mesma: ela precisa cumprir</p><p>uma função social dentro do ordenamento para receber a sua adequada proteção jurídica.</p><p>É assim que vamos, em primeiro lugar, esmiuçar história, natureza, constituição e objeto dos Direitos Reais,</p><p>para, em seguida, aprofundar em algumas de suas classificações. Por fim, vamos analisar três tópicos:</p><p>Obrigações mistas</p><p>Direitos reais plenos</p><p>Direitos reais limitados</p><p>Os temas serão analisados isoladamente em módulos próprios, mas fica aqui desde já uma questão</p><p>importante que deve ser objeto de reflexão por todos nós:</p><p>Qual a importância de uma análise funcionalizante em vez de uma perspectiva meramente estrutural dos</p><p>direitos reais?</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>1. Principais noções gerais</p><p>Objeto de estudo</p><p>Neste momento, iniciamos buscando definir o objeto da nossa análise: o Direito das Coisas. Para isso,</p><p>recorremos a uma definição clássica, replicada por praticamente todos os manuais e que vem de Clóvis</p><p>Beviláqua. Para ele, o Direito das Coisas:</p><p>(...) é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de</p><p>apropriação pelo homem. Tais coisa são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é</p><p>possível exercer o poder de domínio.</p><p>(BEVILÁQUA, 2003, p. 9)</p><p>Antes de prosseguirmos, no entanto, é importante delimitar conceitualmente duas noções que, por vezes, são</p><p>confundidas:</p><p>Coisas</p><p>Bens</p><p>Aqui, não há consenso na doutrina, nem nos ordenamentos jurídicos ao redor do mundo sobre essa distinção</p><p>conceitual, já que cada Código Civil adota uma perspectiva distinta. Vejamos, por exemplo, o Código Civil</p><p>Português, que acaba designando como coisa aquilo que aqui no Brasil entendemos como bem.</p><p>Nesse sentido, o artigo 202 do código lusitano dispõe que:</p><p>1. Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objecto de relações jurídicas. 2. Consideram-se, porém, fora do</p><p>comércio todas as coisas que não podem ser objecto de direitos privados, tais como as que se</p><p>encontram no domínio público e as que são, por sua natureza, insusceptíveis de apropriação individual.</p><p>Artigo 202 do código lusitano</p><p>•</p><p>•</p><p>Atenção</p><p>No Brasil, o Código de 2002, além de não ter sido claro, é bastante assistemático. A consequência dessa</p><p>ausência de rigor terminológico é que acaba ficando a cargo da doutrina diferenciar bens e coisas.</p><p>Nesse sentido, para Gustavo Tepedino e Milena Donato Oliva: “(...) consideram-se coisas todas as</p><p>entidades do universo, algumas das quais, designadas tecnicamente como bens, são identificadas como</p><p>ponto de referência objetivo de relação jurídica” (TEPEDINO; OLIVA, 2021, p. 184). Por esse motivo é que</p><p>a doutrina somente considera como coisas em sentido jurídico “aquelas suscetíveis de se constituir</p><p>objeto de direito, coincidindo, nesta acepção estreita, com a noção de bem, corretamente adotada pela</p><p>codificação atual (muito embora mantenha a designação “Direito das Coisas” para seu Livro III)”</p><p>(TEPEDINO; OLIVA, 2021, p. 184).</p><p>Nessa direção, vejamos:</p><p>Bem seria tudo aquilo que possa ser objeto de direito, ou seja, tudo aquilo que, direta ou indiretamente,</p><p>satisfaça um interesse ou necessidade humana e como tal possa ser tutelado pelo Direito. Deve existir</p><p>palpavelmente ou ser tangível. Assim, um carro, uma conduta e uma criação são bens. A lua é uma</p><p>coisa, embora não seja um bem. Por seu turno, a honra e os direitos autorais são bens que não são</p><p>coisas.</p><p>Dizemos que: “coisa constitui-se em gênero, que abrange todos os elementos perceptíveis, sendo bem</p><p>a espécie, a traduzir aquilo que pode consubstanciar objeto de direito, e que pode ser considerado</p><p>coisa em sentido jurídico” (TEPEDINO; OLIVA, 2021, p. 184). Ou seja, a coisa é algo corpóreo, com</p><p>existência física; e os bens, que são espécies de coisas, são tudo aquilo que seja objeto de direito e</p><p>satisfaça uma necessidade ou interesse humano.</p><p>Diante disso, sintetiza Carlos Roberto Gonçalves que “o direito das coisas resume-se em regular o</p><p>poder dos homens, no aspecto jurídico, sobre a natureza física, nas suas variadas manifestações,</p><p>mais precisamente sobre os bens e os modos de sua utilização econômica” (GONÇALVES, 2016, p.</p><p>20).</p><p>Essa denominação também foi adotada pelos Códigos Civis de Portugal, Alemanha e Áustria. Contudo, a</p><p>maioria da doutrina e dos Códigos ao redor do mundo prefere “a expressão direitos reais, preconizada por</p><p>SAVIGNY. Ambas as expressões possuem, todavia, conceito e objetivo idênticos, tratando da mesma matéria”</p><p>(GONÇALVES, 2016, p. 20).</p><p>Como foi a evolução histórica da disciplina do Direito das Coisas ou Direitos Reais?</p><p>É inegável que “[o] direito das coisas constitui o ramo do direito civil mais influenciado pelo direito romano e</p><p>em relação ao qual, atualmente, se encontra mais homogeneidade no direito comparado do mundo ocidental”</p><p>(GONÇALVES, 2016, p. 21). Dito diversamente: por beberem da mesma fonte romanista, os ordenamentos ao</p><p>redor do mundo costumam ser homogêneos nesta disciplina que passou a ter no Estado Moderno uma</p><p>significativa influência de normas de direito público para regular um espaço que era exclusivamente relegado</p><p>ao Direito privado (GONÇALVES, 2016, p. 21).</p><p>•</p><p>•</p><p>Não há dúvidas de que a evolução do tema se</p><p>encontra diretamente ligada ao</p><p>desenvolvimento do direito à propriedade</p><p>privada, cujas estruturas remontam ao Direito</p><p>Romano, sendo fortemente marcado por uma</p><p>concepção altamente individualista. Com a</p><p>Revolução Francesa e a ascensão da burguesia,</p><p>a liberdade foi alçada a uma posição tão central</p><p>que se chegou a considerar legítima até mesmo</p><p>“a possibilidade de o proprietário abusar do seu</p><p>direito de propriedade, colocando, destarte, a</p><p>propriedade num verdadeiro altar, cujo</p><p>sacerdote era o proprietário” (GONÇALVES,</p><p>2016, p. 22).</p><p>Todavia, gradativamente, essa concepção egoística e individualista acabou sendo modificada:</p><p>(...) passando a ser enfocado com mais frequência o aspecto da função social da propriedade, a partir da</p><p>Encíclica do Quadragésimo Ano, na qual Pio XI sustenta a necessidade de o Estado reconhecer a</p><p>propriedade e defendê-la, porém em função do bem comum. O sopro da socialização acabou</p><p>impregnando o século XX, influenciando a concepção da propriedade e o direito das coisas. Restrições</p><p>foram impostas à onipotência do proprietário, proclamando-se o predomínio do interesse público sobre o</p><p>privado.</p><p>(GONÇALVES, 2016, p. 22)</p><p>Pouco a pouco foram surgindo variadas leis que impunham algum tipo de restrição aos poderes dos</p><p>proprietários em razão da necessidade de se atender a algum</p><p>interesse público. O ápice desse processo é o</p><p>reconhecimento de que a propriedade deverá atender à sua função social, consagrada no inciso XXIII do</p><p>artigo 5º da Constituição da República. Nessa mesma direção, o Código Civil de 2002 traz no parágrafo</p><p>primeiro do seu artigo 1.228 que:</p><p>O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas</p><p>finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de</p><p>conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as</p><p>belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico,</p><p>bem como evitada a poluição do ar e das águas.</p><p>Código Civil de 2002, parágrafo primeiro do seu artigo 1.228</p><p>Trata-se, portanto, de uma perspectiva funcionalizada. Não mais se tutela a propriedade por si mesma: é</p><p>preciso que ela concretize alguma função relevante para a sociedade. O não cumprimento desse comando</p><p>implica uma série de consequências gravosas para os proprietários previstas no ordenamento, culminando até</p><p>mesmo na perda da propriedade em situações mais limítrofes.</p><p>Do ponto de vista normativo, o Direito das Coisas possui no Código Civil Brasileiro uma seção especialmente a</p><p>ele dedicada: trata-se do Livro III de sua Parte Especial. Importante ressalvarmos, contudo, que a disciplina do</p><p>Direito das Coisas não se encerra no Código, havendo diversas outras leis igualmente importantes.</p><p>Exemplo</p><p>Podemos pensar na Lei nº 13.465/2017 que, dentre outras matérias, dispõe sobre a regularização</p><p>fundiária rural e urbana. Foi essa lei, inclusive, que instituiu no Direito Brasileiro o chamado direito real de</p><p>laje, que acabou sendo por ela incluído no Código Civil, tornando-se um dos direitos reais do</p><p>ordenamento pátrio.</p><p>Definição e distinção em relação aos direitos pessoais ou</p><p>de crédito</p><p>Direitos reais</p><p>No vídeo a seguir, o professor Filipe Medon define os direitos reais e trata das suas principais características,</p><p>as quais os diferenciam dos diretos de crédito. Vamos assistir!</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Esclarecidas essas questões históricas e terminológicas, torna-se imprescindível passar à definição de direitos</p><p>reais, agora com letras minúsculas. Ou seja: não se trata mais de compreender o alcance da disciplina, mas de</p><p>delimitar o seu principal objeto de estudo, uma vez que os direitos reais são apenas uma parte do nosso</p><p>estudo, que inclui, por exemplo, a análise da posse.</p><p>Nesse sentido, vejamos:</p><p>Direito real</p><p>Uma definição clássica, de Lafayette Rodrigues Pereira, é a de que “[o] direito real é o que afeta a</p><p>coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos, e a segue em poder de quem quer</p><p>que a detenha” (PEREIRA, 2004, p. 21). Os direitos reais têm “como elementos essenciais: o sujeito</p><p>ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito sobre a coisa, chamado domínio” (GONÇALVES, 2016, p.</p><p>26).</p><p>Direito pessoal</p><p>Ao direito real, costumamos contrapor o chamado direito pessoal ou de crédito, que “consiste numa</p><p>relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação.</p><p>Constitui uma relação de pessoa a pessoa e tem, como elementos, o sujeito ativo, o sujeito passivo e</p><p>a prestação” (GONÇALVES, 2016, p. 26).</p><p>Para percebermos a diferença, pensemos no seguinte exemplo:</p><p>A e B celebram um contrato de compra e venda por meio do qual pactuam a transferência da</p><p>propriedade de um veículo de A em troca de uma contraprestação pecuniária a ser efetuada por B.</p><p>No momento inicial, A possui um direito real de propriedade sobre o veículo: o chamado ius in re</p><p>(“direito na coisa”).</p><p>Após a celebração do contrato e antes da entrega da coisa, B, que já efetuou o pagamento, possui</p><p>apenas um direito pessoal/de crédito, que consiste no poder de exigir que A cumpra a sua obrigação</p><p>de entregar o carro. Tem, portanto, o chamado ius ad rem (“direito à coisa”).</p><p>No entanto, após a tradição do veículo, B passará a ter, em lugar de A, um direito real de propriedade,</p><p>um ius in re.</p><p>Uma importante consequência é que o objeto de um direito real é uma coisa, enquanto nos direitos pessoais é</p><p>uma prestação. Além disso, “o objeto do direito real há de ser, necessariamente, uma coisa determinada,</p><p>enquanto a prestação do devedor, objeto da obrigação que contraiu, pode ter por objeto coisa genérica,</p><p>bastando que seja determinável” (GONÇALVES, 2016, p. 30).</p><p>É assim que Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald e Felipe Braga Netto sintetizam as três principais</p><p>distinções entre os direitos reais e os direitos pessoais, a que esses autores designam como “direitos</p><p>obrigacionais”:</p><p>a) quanto à eficácia: erga omnes nos direitos reais e relativa nos direitos obrigacionais. b) quanto ao</p><p>objeto: a coisa nos direitos reais e a prestação nos direitos obrigacionais. O direito real requer a</p><p>existência atual da coisa. Em contrapartida, a prestação é bem incorpóreo, que existe apenas em</p><p>abstrato, e como conduta humana virtual só terá consistência no mundo fático ao tempo de seu</p><p>cumprimento. c) quanto ao exercício: nos direitos reais, o titular age direta e imediatamente sobre o bem,</p><p>satisfazendo as suas necessidades econômicas sem o auxílio ou intervenção de terceiros. Há um direito</p><p>sobre a coisa (jus in re); Já nas obrigações, o titular do crédito necessariamente dependerá da</p><p>colaboração do devedor para a sua satisfação. O credor tem direito a uma coisa (jus ad rem), que só</p><p>será obtida pela atividade do devedor.</p><p>(FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 969-970)</p><p>Em relação à primeira distinção, é relevante</p><p>comentar que essa eficácia erga omnes, isto é,</p><p>contra todos, decorre de um atributo dos</p><p>direitos reais, qual seja, o absolutismo: tais</p><p>direitos se exercem contra todos, que deverão</p><p>se abster de perturbar o titular. É daí que surge,</p><p>inclusive, o chamado direito de sequela, ou</p><p>seja, o direito “de perseguir a coisa e de</p><p>reivindicá-la em poder de quem quer que esteja</p><p>(ação real), bem como o jus preferendi ou</p><p>direito de preferência” (GONÇALVES, 2016, p.</p><p>31).</p><p>No que diz respeito à terceira distinção, é importante fazermos menção ao chamado princípio da aderência,</p><p>especialização ou inerência, que estabelece entre o titular do direito e a coisa uma relação direta e imediata,</p><p>isto é: tamanha é a relação de senhoria entre titular e coisa que não se torna necessária a intermediação ou</p><p>colaboração de ninguém para que o direito seja exercido. Isso não ocorre, porém, com os direitos pessoais,</p><p>pois, nesses, o vínculo obrigacional que se forma entre credor e devedor só confere ao primeiro o direito de</p><p>exigir, eventualmente em juízo, a prestação prometida pelo segundo (GONÇALVES, 2016, p. 31-32).</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>É assim que, embora o titular de um direito real de</p><p>propriedade possa exercê-lo imediata e diretamente, para</p><p>que um comodatário, que tem um direito pessoal, “possa</p><p>utilizar a coisa locada precisa que, mediante o contrato de</p><p>comodato, o proprietário da coisa lhe entregue,</p><p>assegurando-lhe o direito de usá-la com a obrigação de</p><p>restituí-la após o decurso de certo tempo” (GONÇALVES,</p><p>2016, p. 31).</p><p>Nada obstante, hoje, tem tido cada vez menos espaço essa</p><p>distinção entre direitos reais e pessoais. Basta pensar que,</p><p>apesar de estes últimos, em princípio, serem eficazes</p><p>apenas entre as partes (relatividade), não se pode negar a</p><p>projeção de efeitos também para sujeitos que não integram</p><p>aquela relação jurídica. No Direito dos Contratos, por exemplo, chega-se a falar na chamada tutela externa do</p><p>crédito. É por isso que se afirma que:</p><p>No estágio atual da ciência do Direito, contudo, não se pode mais enaltecer a dicotomia entre direitos</p><p>reais e obrigacionais. Há uma necessária mitigação da eficácia entre os dois grandes direitos subjetivos</p><p>patrimoniais, a ponto de se afirmar o caráter unitário da relação patrimonial, com base no princípio</p><p>constitucional da solidariedade, que demanda o respeito por parte de todos às situações jurídicas</p><p>regularmente estabelecidas, sejam elas reais ou obrigacionais. Haverá, em qualquer situação, um</p><p>especial cuidado em relação às situações jurídicas existenciais.</p><p>A flexibilização do princípio da</p><p>relatividade das obrigações e a consideração da possibilidade de oposição do direito de crédito em face</p><p>de quem não foi parte da relação obrigacional – a ponto de lhe impor um dever de abstenção –</p><p>demonstram a necessidade de um reexame do ordenamento sob uma perspectiva relacional.</p><p>(FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 970)</p><p>Finalmente, antes de passarmos ao próximo módulo e nos ocuparmos das diferentes classificações dos</p><p>direitos reais, cabe-nos analisar o modo de constituição desses direitos. Para isso, é preciso compreender o</p><p>chamado sistema do numerus clausus, que se exprimiria de dois modos: significaria, em primeiro lugar, a</p><p>taxatividade das figuras típicas, quando for “examinado do ponto de vista da reserva legal para a criação dos</p><p>direitos subjetivos. Traduz-se, ao revés, no princípio da tipicidade propriamente dito, quando analisado sob o</p><p>ângulo de seu conteúdo, significando que a estrutura do direito subjetivo responde à previsão legislativa</p><p>típica” (TEPEDINO; MONTEIRO FILHO; RENTERIA, 2020, p. 11-12).</p><p>Dito de outra forma, ao criar os direitos reais, “[a] lei os enumera de forma taxativa, não ensejando, assim,</p><p>aplicação analógica da lei. O número dos direitos reais é, pois, limitado, taxativo, sendo assim considerados</p><p>somente os elencados na lei (numerus clausus)” (GONÇALVES, 2016, p. 32). Isso não significa, contudo, que a</p><p>taxatividade seja restrita ao Código Civil: é possível que direitos reais sejam previstos fora do rol do artigo</p><p>1.225, que previu os seguintes em seus incisos:</p><p>Propriedade</p><p>Superfície</p><p>Servidões</p><p>Usufruto</p><p>Uso</p><p>Habitação</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>Direito do promitente comprador do imóvel</p><p>Penhor</p><p>Hipoteca</p><p>Anticrese</p><p>Concessão de uso especial para fins de moradia</p><p>Concessão de direito real de uso</p><p>Laje</p><p>Para alguns autores, como Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald e Felipe Braga Netto, os direitos</p><p>reais não se submeteriam à tipicidade, que delimitaria o conteúdo de cada tipo de direito real. Segundo esses</p><p>autores:</p><p>Se houvesse tipicidade, não existiria qualquer espaço para a autonomia privada inovar dentro dos</p><p>direitos reais forjados pela norma. O fato de existirem direitos típicos no rol do art. 1.225 impede a</p><p>criação de novos direitos reais, mas não elimina a possibilidade de modelação expansiva dos direitos</p><p>reais já existentes.</p><p>(2021, p. 971)</p><p>Diante disso, a constituição dos direitos reais parece estar condicionada ao monopólio da legislação: somente</p><p>uma lei poderia dizer que um direito é real e atribuir a ele todas as consequências que essa definição implica.</p><p>Atenção</p><p>É preciso ressaltar a existência de vozes esparsas na doutrina as quais advogam que, eventualmente, a</p><p>autonomia privada poderia criar novos direitos reais. Essa era, por exemplo, a discussão quanto ao</p><p>chamado direito de laje, que, para alguns, já seria um direito real antes mesmo da positivação em</p><p>2017. Todavia, essa posição é extremamente minoritária e não conta com ampla adesão na doutrina e</p><p>muito menos na jurisprudência. Isso porque essa reserva legal é compreendida como um princípio de</p><p>ordem pública, sendo inderrogável, portanto, apesar de “que, no âmbito do conteúdo de cada tipo real,</p><p>há um vasto território em que atua a autonomia privada e que carece de controle quanto aos limites (de</p><p>ordem pública) permitidos para esta atuação” (TEPEDINO; MONTEIRO FILHO; RENTERIA, 2020, p. 15).</p><p>Orlando Gomes, em página clássica, ainda complementa que:</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>Os direitos reais adquirem-se por efeito de fatos jurídicos lato sensu, que</p><p>lhes servem de causa, como característicos de sua finalidade econômica.</p><p>Esses fatos são denominados, na doutrina alemã, relação causal ou básica.</p><p>Na aquisição da propriedade pela compra e venda, este contrato é a</p><p>relação jurídica básica ou a causa do direito de propriedade adquirido sobre</p><p>a coisa vendida. Na aquisição do usufruto por testamento, este negócio</p><p>jurídico é a relação causal daquele direito real limitado. Assim, a</p><p>constituição de um direito real vincula-se ao fato jurídico que informa sua</p><p>destinação econômica.</p><p>(GOMES, 2012, p. 24)</p><p>Concluído este módulo introdutório, passemos, então, ao estudo das diversas classificações dos direitos reais.</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>Questão 1</p><p>Estudamos neste módulo noções introdutórias sobre direitos reais. A esse respeito é correto afirmar que:</p><p>A A sua constituição não se submete à reserva legal.</p><p>B São direitos reais apenas aqueles previstos no Código Civil.</p><p>C São sinônimos de direitos pessoais.</p><p>D Não obedecem ao sistema do numerus clausus.</p><p>E São características o direito de sequela e preferência.</p><p>A alternativa E está correta.</p><p>Trata-se de duas das principais características dos direitos reais.</p><p>Questão 2</p><p>O princípio da inerência significa que:</p><p>A A propriedade é inerente ao homem.</p><p>B Direitos pessoais e reais são inerentes.</p><p>C Há uma relação direta e imediata entre o titular do direito e a coisa.</p><p>D O proprietário pode reaver a coisa de quem a possua injustamente.</p><p>E Direitos reais são inerentes ao homem.</p><p>A alternativa C está correta.</p><p>O princípio da aderência, especialização ou inerência estabelece entre o titular do direito e a coisa uma</p><p>relação direta e imediata, isto é: tamanha é a relação de senhoria entre titular e coisa que não se torna</p><p>necessária a intermediação ou colaboração de ninguém para que o direito seja exercido. Isso não ocorre,</p><p>porém, com os direitos pessoais, pois nesses o vínculo obrigacional que se forma entre credor e devedor só</p><p>confere ao primeiro o direito de exigir, eventualmente em juízo, a prestação prometida pelo segundo.</p><p>2. Principais classificações</p><p>Classificações dos direitos reais</p><p>Panorama</p><p>No vídeo a seguir, o professor Filipe Medon faz um panorama das classificações dos direitos reais. Vamos</p><p>assistir!</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Atenção</p><p>Antes de adentrarmos propriamente no estudo das diversas classificações dos direitos reais, precisamos</p><p>fazer um alerta inicial: não há unanimidade na doutrina quanto a essas classificações. O que existe é um</p><p>consenso mínimo, que procuraremos reproduzir didaticamente neste módulo, apesar de a nomenclatura</p><p>variar entre os autores.</p><p>Essencialmente, separamos os direitos reais em dois grandes grupos:</p><p>Direitos reais na coisa própria</p><p>Também chamados de ius in re propria.</p><p>Direitos reais na coisa alheia ou direitos limitados</p><p>Também chamados de ius in re aliena. Podem ser subdivididos em mais três espécies:</p><p>Direitos de gozo ou fruição;</p><p>Direitos de garantia;</p><p>Direito à coisa, também chamado por alguns de direito real à aquisição.</p><p>A chave para compreender essas classificações é o direito real de propriedade. Isso porque é a partir do</p><p>desdobramento dos poderes dominiais (usar, dispor e fruir/gozar) que se originam os direitos de fruição,</p><p>garantia e aquisição. (FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 972)</p><p>Nessa direção, precisamos inicialmente verificar o conteúdo do direito de propriedade. Para isso, recorremos</p><p>ao caput do artigo 1.228 do Código Civil, que assim dispõe: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e</p><p>dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”.</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>Exemplo</p><p>O proprietário de um imóvel pode, dentre outras coisas, habitá-lo (uso), locá-lo e fruir dos alugueres</p><p>(gozo ou fruição), aliená-lo (dispor), bem como reaver o imóvel caso alguém o possua de forma injusta</p><p>(por exemplo, locou o imóvel para alguém e o locatário, após o término do contrato, decide não sair do</p><p>imóvel).</p><p>Agora vamos aprender um pouco mais a respeito dos direitos reais na coisa própria e na coisa alheia:</p><p>Direitos reais na coisa própria</p><p>Os chamados direitos reais na coisa própria (ius in re propria) se confundem, por isso, com a própria</p><p>noção de propriedade, uma vez que ela:</p><p>“É o único direito real originário, de manifestação obrigatória em nosso sistema jurídico. É a expressão</p><p>primária e fundamental dos direitos reais, detendo um caráter complexo em que os atributos</p><p>de uso,</p><p>gozo, disposição e reivindicação reúnem-se. Em contrapartida, os direitos reais em coisa alheia</p><p>somente se manifestam quando do desdobramento eventual das faculdades contidas no domínio.”</p><p>(FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 972)</p><p>Direitos reais na coisa alheia</p><p>Os direitos na coisa alheia (ius in re aliena):</p><p>“São manifestações facultativas e derivadas dos direitos reais, pois resultam da decomposição dos</p><p>diversos poderes jurídicos contidos na esfera dominial. Assim, sua existência jamais será exclusiva,</p><p>eis que na sua vigência convivem com o direito de propriedade, mesmo estando ele fragmentado.</p><p>Exemplificando: no usufruto, o nu-proprietário vê-se despido dos poderes de uso e gozo da coisa,</p><p>porém mantém a faculdade de disposição, a despeito dos atributos dominiais concedidos ao</p><p>usufrutuário.”</p><p>(FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 972)</p><p>O que isso significa na prática?</p><p>Significa dizer que o direito de propriedade pode comportar uma restrição dessas faculdades ou poderes</p><p>dominiais de usar, gozar e dispor: o proprietário pode ceder temporariamente uma ou mais dessas</p><p>prerrogativas e isso só é possível devido à característica da elasticidade do direito de propriedade. Tal</p><p>elasticidade permite que o direito seja comprimido temporariamente para depois retornar ao seu estado</p><p>normal, tal como uma mola. Durante o período de compressão, a faculdade dominial ainda está presente, só</p><p>não pode ser exercida. Findo esse prazo, a “mola” retorna ao seu estado natural de plenitude, reunindo mais</p><p>uma vez na figura do proprietário os poderes dominiais.</p><p>O exemplo mais comum dessa situação é o do</p><p>usufruto: a partir da sua constituição, o titular</p><p>do direito de propriedade, a que designamos</p><p>nu-proprietário, cede temporariamente o uso e</p><p>o gozo do objeto do seu direito a um sujeito</p><p>designado usufrutuário, que poderá, pelo</p><p>tempo de duração do usufruto, exercer</p><p>livremente e sem quaisquer ingerências do</p><p>proprietário original essas faculdades dominiais</p><p>que lhe foram cedidas de forma temporária.</p><p>Como a própria nomenclatura “nu-proprietário”</p><p>permite intuir, esse se despe de seus poderes</p><p>para vestir um terceiro. Dispõe o artigo 1.390</p><p>do Código Civil: “O usufruto pode recair em um</p><p>ou mais bens, móveis ou imóveis, em um</p><p>patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades”.</p><p>Como aprofundam Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald e Felipe Braga Netto (2021, p. 972):</p><p>O domínio é suscetível de desmembramento em diversos direitos fragmentados, que se manifestam</p><p>conforme as variadas atividades desenvolvidas pelo homem sobre as coisas. Cada poder do domínio que</p><p>é desmembrado culmina por constituir um novo direito real. Assim, apesar de no direito brasileiro não se</p><p>admitir pluralidade de domínios, pode ele se desdobrar em várias parcelas, em prol de outras pessoas.</p><p>Nada impede que o titular de propriedade fracione os poderes do domínio em favor de um credor</p><p>hipotecário e de um usufrutuário, simultaneamente. Os direitos reais em coisa alheia são de duração</p><p>temporária, pois a lei não permite que a propriedade mantenha-se fracionada por períodos indefinidos.</p><p>Daí a vitaliciedade como termo máximo do usufruto (art. 1.410, II, do CC) e o prazo fatal de 30 anos de</p><p>duração da hipoteca.</p><p>(art. 1.485, do CC, com redação dada pela Lei nº 10.931/04)</p><p>Ou seja, os direitos na coisa alheia ou direitos limitados, em princípio, são direitos em coisa de propriedade de</p><p>outrem. Logo, suas subespécies estão relacionadas em algum grau a esse desmembramento do domínio de</p><p>que é suscetível o direito de propriedade.</p><p>São subespécies, portanto:</p><p>Direitos reaisde garantia</p><p>Penhor, anticrese e hipoteca.</p><p>Direitos reaisde gozo ou fruição</p><p>Todos os demais, com exceção da propriedade.</p><p>Ou seja: superfície, servidão, usufruto, uso,</p><p>habitação, concessão de uso especial para</p><p>moradia, concessão de direito real de uso e laje.</p><p>Direito realà aquisição</p><p>Também chamado por alguns de direito à coisa,</p><p>tem como exemplo a promessa de compra e</p><p>venda.</p><p>Duas observações precisam ser registradas desde logo:</p><p>Observação 1</p><p>Embora não pareça ser um entendimento majoritário na doutrina especializada, há quem aponte que o</p><p>direito real de laje seria um direito real sobre coisa própria, pois, para quem sustenta esta noção, a laje</p><p>seria uma manifestação do direito de propriedade.</p><p>Observação 2</p><p>Diz respeito à figura da enfiteuse ou aforamento, que, embora prevista no Código Civil de 1916, não</p><p>foi reproduzida pelo Código atual. Nada obstante, ela seria uma espécie de direito real limitado ou em</p><p>coisa alheia e, por questões de direito intertemporal, ainda pode existir na prática, como explica</p><p>didaticamente Anderson Schreiber:</p><p>“A enfiteuse, também chamada aforamento, é definida como o direito real limitado que confere ao seu</p><p>titular, perpetuamente, os poderes inerentes ao domínio de bem imóvel, com a obrigação de pagar ao</p><p>dono da coisa uma renda anual denominada foro ou cânon. Na enfiteuse, o proprietário da coisa,</p><p>chamado senhorio direto, transfere ao enfiteuta ou foreiro todas as faculdades inerentes ao domínio.</p><p>O enfiteuta tem assim o jus utendi, fruendi e disponendi. Daí se dizer, na esteira da construção</p><p>medieval, que o senhorio direito é o titular do domínio eminente ou direto, enquanto o enfiteuta ou</p><p>foreiro possui o domínio útil. Toda a utilidade econômica da coisa é, em outras palavras, transferida ao</p><p>enfiteuta. Por isso se diz que é o mais amplo dos direitos reais sobre coisa alheia. O Código Civil de</p><p>2002 proibiu, no art. 2.038, a constituição de novas enfiteuses e subenfiteuses. Seu conhecimento na</p><p>atualidade conserva utilidade por apenas duas razões. Primeiro, a existência de regra de direito</p><p>intertemporal, que, contida no mesmo dispositivo, ordena a aplicação da disciplina do Código Civil de</p><p>1916 às enfiteuses já existentes ao tempo da promulgação da nova codificação. Segundo, o comando</p><p>constitucional do art. 49, § 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias impôs a aplicação</p><p>da enfiteuse a terrenos de marinha e seus acrescidos.”</p><p>(SCHREIBER, 2020, p. 1152)</p><p>A doutrina alude, ainda, a uma outra subdivisão dos direitos reais na coisa alheia:</p><p>Orlando Gomes traz, finalmente, uma classificação dos direitos reais quanto ao seu objeto.</p><p>(...) dividem-se os direitos reais em mobiliários e imobiliários, e recaem, respectivamente, em coisas</p><p>móveis ou imóveis. A distinção é importante, porque os direitos reais imobiliários estão sujeitos a registro</p><p>público. Somente propriedade, o usufruto e o penhor podem ter por objeto bens móveis, sendo que este</p><p>último direito real só em casos especiais incide em imóveis. Todos os outros direitos reais são</p><p>essencialmente imobiliários.</p><p>(2012, p. 18-19)</p><p>Como podemos notar, são diversas as possibilidades de arranjos classificatórios dos direitos reais, embora</p><p>nem todos possuam relevância prática para o estudo e aplicação do Direito. Em função disso, optamos por</p><p>selecionar apenas aqueles que tenham alguma utilidade, seja didática, seja do ponto de vista dos distintos</p><p>efeitos.</p><p>Analisadas, portanto, as principais classificações, passamos no módulo seguinte a nos debruçarmos sobre o</p><p>estudo de:</p><p>Obrigações mistas</p><p>Direitos reais plenos</p><p>Direitos reais limitados</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>Questão 1</p><p>Estudamos neste módulo as classificações dos direitos reais. A esse respeito, é correto afirmar que é direito</p><p>real de fruição:</p><p>A Anticrese</p><p>B Penhor</p><p>C Hipoteca</p><p>Direitos principais</p><p>A enfiteuse ou aforamento, as servidões, o</p><p>usufruto, o uso, a habitação e a promessa de</p><p>compra e venda (GOMES, 2012, p. 18).</p><p>Direitos acessórios</p><p>O penhor, a hipoteca e a anticrese.</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>D Superfície</p><p>E Posse</p><p>A alternativa D está correta.</p><p>As demais alternativas são direitos reais de garantia (a, b, c) e a posse não é um direito real.</p><p>Questão 2</p><p>Acerca da classificação dos direitos reais, é um direito acessório:</p><p>A Aforamento</p><p>B Enfiteuse</p><p>C Servidão</p><p>D Usufruto</p><p>E Penhor</p><p>A alternativa E está correta.</p><p>O penhor, na classificação de Orlando Gomes, é um direito real acessório.</p><p>Os demais são direitos principais.</p><p>3. Obrigações mistas</p><p>Obrigações mistas, direitos reais plenos e direitos reais</p><p>limitados</p><p>No primeiro módulo, tratamos da parte introdutória do estudo do Direito das Coisas ou Direitos Reais. Vimos a</p><p>evolução histórica da disciplina e analisamos, brevemente, as principais distinções dos direitos reais em</p><p>relação aos chamados direitos de crédito, também chamados de pessoais ou obrigacionais.</p><p>No segundo módulo, analisamos as principais chaves classificatórias que são apresentadas pela doutrina para</p><p>a organização didática do tema.</p><p>Finalmente, neste módulo, vamos aprofundar as classificações vistas no item anterior, apresentando, ainda, a</p><p>figura das obrigações mistas, cuja relevância prática é inegável.</p><p>Obrigações mistas</p><p>No vídeo a seguir, o professor Filipe Medon define as obrigações mistas, as exemplifica e as diferencia dos</p><p>Direitos Reais plenos e dos limitados. Vamos assistir!</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Começamos, então, por essas obrigações mistas, que estariam no meio do caminho entre direitos pessoais/</p><p>obrigacionais/de crédito e direitos reais. Todavia, um esclarecimento prévio se mostra necessário: a</p><p>terminologia adotada aqui varia entre os autores. Explica-nos Carlos Roberto Gonçalves a esse respeito que:</p><p>A doutrina menciona, com efeito, a existência de algumas figuras híbridas ou intermédias, que se situam</p><p>entre o direito pessoal e o direito real. Constituem elas, aparentemente, um misto de obrigação e de</p><p>direito real e provocam alguma perplexidade nos juristas, que chegam a dar-lhes, impropriamente, o</p><p>nome de obrigação real. Outros preferem a expressão obrigação mista. Os jurisconsultos romanos as</p><p>denominavam, com mais propriedade, obligationes ob rem ou propter rem. Os ônus reais, uma das</p><p>figuras híbridas, tem mais afinidade com os direitos reais de garantia.</p><p>(2016, p. 39)</p><p>Feita essa ressalva de cunho terminológico, podemos ingressar no estudo das chamadas obrigações propter</p><p>rem, denominadas por alguns de obrigações ambulatórias. Esse tipo de obrigação é aquela “que recai sobre</p><p>uma pessoa, por força de determinado direito real. Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, de</p><p>titular do domínio ou de detentor de determinada coisa” (GONÇALVES, 2016, p. 39).</p><p>Qualificam-se como propter rem, por exemplo, as</p><p>obrigações que os condôminos têm “de contribuir para a</p><p>conservação da coisa comum e adimplir os impostos</p><p>alusivos à propriedade, bem como todos os direitos de</p><p>vizinhança, referenciados no Código Civil” (FARIAS;</p><p>ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 972). Além disso,</p><p>alude-se à obrigação constante do artigo 1.297 do Código</p><p>Civil, referente ao dever de o proprietário contribuir para as</p><p>despesas de construção e conservação de tapumes</p><p>divisórios.</p><p>Nada obstante, não há consenso na doutrina quanto à</p><p>natureza jurídica desse tipo de obrigação. Há, pelo menos,</p><p>três correntes doutrinárias, que entendem ser:</p><p>De natureza real</p><p>Uma figura obrigacional</p><p>De natureza mista</p><p>Mais importante que definir a sua natureza jurídica é delimitar conceitualmente as principais características</p><p>das obrigações ambulatoriais, quais sejam: “(i) origina-se necessariamente de um direito real, (ii)</p><p>incorporando-se imediatamente à esfera patrimonial do seu titular, como verdadeira e própria obrigação; e (iii)</p><p>transmitem-se com o direito real, obrigando quem quer que seja o seu titular” (TEPEDINO; SCHREIBER, 2021,</p><p>p. 26).</p><p>É precisamente por tais características que se afirma que elas estão entre as relações obrigacionais e as reais.</p><p>Nessa direção, “[a] obrigação propter rem existe em função da res, impondo-se, tal qual vínculo obrigacional,</p><p>ao titular de direito real em virtude justamente desta titularidade, e é acessória à coisa” (TEPEDINO;</p><p>SCHREIBER, 2021, p. 27).</p><p>Vejamos um exemplo da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que entende que as obrigações</p><p>ambientais possuem natureza propter rem. A matéria foi pacificada e deu origem à Súmula 623, que assim</p><p>dispõe: “As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário</p><p>ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor”.</p><p>Recente decisão da Corte repetiu este entendimento, que foi assim ementado:</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>AMBIENTAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.</p><p>ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA</p><p>DE DANO AMBIENTAL. IMPRESCRITIBILIDADE. RE 654.833/AC -</p><p>REPERCUSSÃO GERAL. NATUREZA "PROPTER REM" DA</p><p>OBRIGAÇÃO. LEGITIMIDADE DOS ATUAIS PROPRIETÁRIOS. SÚMULA</p><p>623/STJ. DENUNCIAÇÃO DA LIDE DE EVENTUAIS</p><p>CORRESPONSÁVEIS. CARÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.</p><p>SÚMULAS 282 E 356 DO STF.</p><p>1</p><p>"É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental" (RE 654.833/AC, rel. Ministro</p><p>Alexandre de Moraes).</p><p>2</p><p>As obrigações ambientais possuem natureza "propter rem", sendo admissível cobrá-las tanto do</p><p>proprietário ou do possuidor atual, quanto dos anteriores, à escolha do credor. Inteligência da Súmula</p><p>623/STJ.</p><p>3</p><p>Não cumpre o requisito do prequestionamento o recurso especial para salvaguardar a higidez de</p><p>norma de direito federal não examinada pela origem, ainda mais quando inexistente a prévia oposição</p><p>de embargos declaratórios. Súmulas 282 e 356, do Supremo Tribunal Federal.</p><p>4</p><p>Agravo conhecido para conhecer parcialmente do recurso especial e, nessa extensão, negar-lhe</p><p>provimento. (AREsp 1791545/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,</p><p>julgado em 11/05/2021, DJe 24/05/2021)</p><p>Como esclarece a doutrina:</p><p>Na vertente contemporânea da função social da propriedade, o adquirente de bem imóvel também será</p><p>responsabilizado pelo cumprimento de obrigações oriundas de normas ambientais, sobremaneira</p><p>quando a propriedade adquirida por ele esteja devastada. De acordo com o Código Florestal (Lei nº</p><p>12.651/12), além da responsabilidade civil objetiva e solidária do agente por danos ecológicos, pesará</p><p>sobre o seu sucessor (novo proprietário) o dever de indenizar os danos já causados ao meio ambiente,</p><p>com direito de regresso em face do alienante. O adquirente será responsável pelo passivo ambiental</p><p>independentemente de ser ou não o autor da degradação. Nesse sentido caminha a Súmula 623 do STJ.</p><p>(FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 973)</p><p>Outra recente decisão da Corte também reafirmou o entendimento em relação às obrigações tributárias</p><p>relativas à cobrança de IPTU, como podemos observar da ementa que abaixo reproduzimos:</p><p>TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. IPTU.</p><p>ADJUDICAÇÃO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PROPTER REM.</p><p>EXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. PRECEDENTES.</p><p>SÚMULA 83/STJ.</p><p>Em se tratando de adjudicação de bens a jurisprudência do STJ, firmada pela Primeira Seção, em</p><p>25.11.2009, no julgamento do REsp nº 1.073.846/SP, de relatoria do Ministro Luiz Fux, submetido ao</p><p>regime previsto no art. 543-C do CPC/1973, restou pacificada no sentido de que a obrigação tributária,</p><p>quanto ao IPTU, acompanha o imóvel em todas as suas mutações subjetivas, ainda que se refira a fatos</p><p>imponíveis anteriores à alteração da titularidade do imóvel, exegese que encontra reforço na hipótese</p><p>de responsabilidade tributária por sucessão prevista nos artigos 130 e 131, I, do CTN.</p><p>Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1898562/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,</p><p>PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/05/2021, DJe 26/05/2021)</p><p>Esses dois são apenas alguns dos exemplos que ressaltam a importância prática da qualificação jurídica de</p><p>determinada obrigação como ambulatória, pois isso irá afetar decisivamente os sujeitos que podem vir a ser</p><p>cobrados por elas.</p><p>Outra figura que está nessa zona cinzenta entre os direitos reais e os direitos obrigacionais são os chamados</p><p>ônus reais, que, embora se assemelhem em alguma medida às obrigações propter rem, com elas não se</p><p>confundem. Como explicam Gustavo Tepedino e Anderson Schreiber:</p><p>Os ônus reais são também obrigações que acompanham o direito real sobre certa coisa, mas o vínculo</p><p>com o direito real é mais intenso que nas obrigações propter rem. O ônus real</p><p>recai sobre a coisa como</p><p>um peso (um ônus) e com tal intensidade que, na esteira das fontes romanas, alguns autores chegaram a</p><p>afirmar que, nos ônus reais, quem deve é a coisa e não o obrigado. Desta maior intensidade do vínculo</p><p>com o direito real resulta importante diferença prática: enquanto nas obrigações reais o titular do direito</p><p>real só está obrigado a cumprir as prestações constituídas na vigência do seu direito, nos ônus reais, o</p><p>titular do direito real fica obrigado até mesmo com relação às prestações anteriores, já que sucede o seu</p><p>antecessor na titularidade de coisa a que está visceralmente unida a obrigação. O ônus real é dever que</p><p>surge do direito real e com este permanece, sem adquirir autonomia como vínculo obrigacional na esfera</p><p>patrimonial do respectivo titular. Exemplos de ônus reais no direito brasileiro são o seguro obrigatório, o</p><p>imposto territorial urbano e rural, o imposto sobre veículos automotores, o foro e outras prestações que</p><p>são consideradas essenciais ao direito real sobre a coisa.</p><p>(2021, p. 28-29)</p><p>Resta-nos, ainda, comentar brevemente o ponto relativo aos direitos reais plenos e direitos reais limitados.</p><p>Direitos reais plenos e direitos reais limitados</p><p>A ideia aqui, como vimos no módulo anterior, é de que, em princípio, a propriedade é plena em relação ao</p><p>titular desse direito real, que, dentro de suas faculdades dominiais, é livre, desde que obedecidos o princípio</p><p>da função social da propriedade e as diversas limitações impostas pelo ordenamento. Um exemplo são os</p><p>direitos de vizinhança, que impedem o uso anormal da propriedade.</p><p>É nessa direção que dispõe o artigo 1.277 do Código Civil e seu parágrafo único:</p><p>1.</p><p>2.</p><p>O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à</p><p>segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.</p><p>Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do</p><p>prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de</p><p>tolerância dos moradores da vizinhança.</p><p>(Artigo 1.277 do Código Civil)</p><p>Isso significa, em outras palavras, que um proprietário não pode abusar de seu imóvel como bem entender,</p><p>pois seu direito encontra limitações impostas pelos direitos de outros proprietários.</p><p>Exemplo</p><p>Um caso clássico é aquele relativo ao sossego: por mais que um proprietário possa realizar uma festa</p><p>dentro de sua casa, o som deverá obedecer ao limite de horários e volume estipulado tanto na</p><p>convenção de eventual condomínio como em normas municipais. Ainda que não houvesse norma</p><p>municipal, a análise do caso concreto poderia limitar a exploração da propriedade de uma pessoa que,</p><p>com sua atuação, perturbasse de forma anormal o sossego, a saúde e a segurança dos proprietários</p><p>vizinhos.</p><p>Vejamos o que previa o Código Civil de 1916 e o que consta no Código Civil atual a esse respeito:</p><p>Código Civil atual</p><p>O Código Civil atual prevê em seu artigo 1.231, nesse sentido, uma presunção de plenitude da</p><p>propriedade: “A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário”.</p><p>Código Civil de 1916</p><p>O Código Civil de 1916 trazia em seu artigo 525 que: “É plena a propriedade, quando todos os seus</p><p>direitos elementares se acham reunidos no do proprietário; limitada, quando tem ônus real, ou é</p><p>resolúvel”. A norma não foi repetida pelo Código atual, que não possui equivalente.</p><p>Como pontua Arnaldo Rizzardo, “é desnecessária a previsão, já que ressalta a obviedade da limitação se</p><p>incidem encargos, ou se prevista a possibilidade de resolução, como no usufruto e na compra e venda com</p><p>pacto de retrovenda. Depreende-se que a propriedade limitada decorre da atribuição a terceiros de alguns</p><p>poderes incidentes sobre a coisa. Esta espécie se enquadra no jus in re aliena” (2012, p. 14).</p><p>O direito real tem duas manifestações, uma necessária, e a outra possível; ou o exercemos sobre nossas</p><p>próprias coisas - jus in re propria, ou sobre coisas de outros - jus in re aliena. Jus in re propria é a</p><p>propriedade com todos os seus direitos elementares. Jus in re aliena, o direito real que tem por objeto a</p><p>propriedade limitada. Assim, de acordo com esse ensinamento, a propriedade é a soma de todos os</p><p>direitos possíveis que pertencem ao proprietário sobre a sua coisa, quais os da posse, uso, gozo e livre</p><p>disposição; os outros direitos reais são parcelas daquela soma, são os próprios direitos constitutivos do</p><p>domínio, são poderes que sobre a coisa se atribuem a outras pessoas. Os direitos reais na coisa alheia</p><p>seriam o resultado da decomposição dos diversos poderes jurídicos contidos no direito de propriedade.</p><p>O proprietário desmembraria um desses poderes e o atribuiria a outra pessoa. Os direitos elementares</p><p>do domínio ou poderes jurídicos do proprietário são os direitos de usar, gozar e dispor da coisa (jus</p><p>utendi, fruendi et abutendi). Destacando algum ou mais de um desses direitos elementares, o</p><p>proprietário constitui um direito real limitado.</p><p>(GOMES, 2012, p. 26)</p><p>Resumindo</p><p>Em razão do desmembramento ou decomposição dos poderes relativos ao domínio, limita-se a</p><p>propriedade, que deixa de ser plena e estará condicionada à extensão das faculdades disponíveis.</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>Questão 1</p><p>São obrigações ambulatórias:</p><p>A Aquelas constituídas em relações com instituições nosocomiais.</p><p>B Espécies de obrigações naturais.</p><p>C Sinônimo de ônus reais.</p><p>D Aquelas que recaem sobre uma pessoa, por força de determinado direito real.</p><p>E Espécies de obrigações ilícitas.</p><p>A alternativa D está correta.</p><p>Trata-se precisamente da definição do instituto.</p><p>Questão 2</p><p>Quanto à sua natureza, as obrigações ambientais são tidas como:</p><p>A Obrigações naturais</p><p>B Obrigações pessoais</p><p>C Obrigações decorrentes de direitos da vizinhança</p><p>D Obrigações mistas</p><p>E Obrigações propter rem</p><p>A alternativa E está correta.</p><p>A correta qualificação das obrigações ambientais quanto à sua natureza é de propter rem ou ambulatoriais.</p><p>4. Conclusão</p><p>Considerações finais</p><p>Como vimos, o estudo do Direito das Coisas ou Direitos Reais nos acompanha dogmaticamente desde o</p><p>Direito Romano. No entanto, ele vem atravessando significativas mudanças, que acabam impondo um olhar</p><p>mais consentâneo com os valores da Constituição da República. Observamos isso, por exemplo, quando</p><p>falamos sobre as limitações ao direito de propriedade, que não pode mais ser exercitado de modo abusivo:</p><p>deve, antes, cumprir uma função social desenhada pelo constituinte.</p><p>Exploramos, também, as diversas peculiaridades dos direitos reais que os apartam dos direitos pessoais/</p><p>obrigacionais/de crédito, além de desbravar as principais chaves classificatórias formuladas pela doutrina.</p><p>Podcast</p><p>Agora com a palavra o professor Filipe Medon, relembrando tópicos abordados em nosso estudo. Vamos</p><p>ouvir!</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para ouvir o áudio.</p><p>Explore +</p><p>Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo:</p><p>Veja a entrevista Prof. Maurício Bunazar - A obrigação "propter rem" e o direito imobiliário, disponível</p><p>no canal Blog do Direito Civil e Imobiliário no YouTube.</p><p>Referências</p><p>BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das coisas. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2003.</p><p>FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; BRAGA NETTO, Felipe. Manual de Direito Civil: volume</p><p>único. 6. ed. Salvador: Juspodivm, 2021.</p><p>GOMES, Orlando. Direitos Reais. Atualizado por Luiz Edson Fachin. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.</p><p>GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito das coisas. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>PEREIRA, Lafayette Rodrigues. Direito das coisas. Brasília: Senado Federal, 2004.</p><p>RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.</p><p>•</p><p>SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. 3. ed. (versão digital). São Paulo: Saraiva</p><p>Educação, 2020.</p><p>TEPEDINO, Gustavo; MONTEIRO FILHO, Carlos Edison do Rêgo; RENTERIA, Pablo. Fundamentos do Direito</p><p>Civil: vol.</p><p>5. Rio de Janeiro: Forense, 2020.</p><p>TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato. Fundamentos do Direito Civil: vol. 1. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,</p><p>2021.</p><p>TEPEDINO, Gustavo; SCHREIBER, Anderson. Fundamentos do Direito Civil: vol. 2. 2. ed. Rio de Janeiro:</p><p>Forense, 2021.</p><p>Teoria geral dos direitos reais</p><p>1. Itens iniciais</p><p>Propósito</p><p>Preparação</p><p>Objetivos</p><p>Introdução</p><p>1. Principais noções gerais</p><p>Objeto de estudo</p><p>Atenção</p><p>Exemplo</p><p>Definição e distinção em relação aos direitos pessoais ou de crédito</p><p>Direitos reais</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Direito real</p><p>Direito pessoal</p><p>Atenção</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>2. Principais classificações</p><p>Classificações dos direitos reais</p><p>Panorama</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Atenção</p><p>Direitos reais na coisa própria</p><p>Direitos reais na coisa alheia ou direitos limitados</p><p>Exemplo</p><p>Direitos reais na coisa própria</p><p>Direitos reais na coisa alheia</p><p>Direitos reaisde garantia</p><p>Direitos reaisde gozo ou fruição</p><p>Direito realà aquisição</p><p>Observação 1</p><p>Observação 2</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>3. Obrigações mistas</p><p>Obrigações mistas, direitos reais plenos e direitos reais limitados</p><p>Obrigações mistas</p><p>Conteúdo interativo</p><p>AMBIENTAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA DE DANO AMBIENTAL. IMPRESCRITIBILIDADE. RE 654.833/AC - REPERCUSSÃO GERAL. NATUREZA "PROPTER REM" DA OBRIGAÇÃO. LEGITIMIDADE DOS ATUAIS PROPRIETÁRIOS. SÚMULA 623/STJ. DENUNCIAÇÃO DA LIDE DE EVENTUAIS CORRESPONSÁVEIS. CARÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF.</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. IPTU. ADJUDICAÇÃO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PROPTER REM. EXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ.</p><p>Direitos reais plenos e direitos reais limitados</p><p>Exemplo</p><p>Código Civil atual</p><p>Código Civil de 1916</p><p>Resumindo</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>4. Conclusão</p><p>Considerações finais</p><p>Podcast</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Explore +</p><p>Referências</p>

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