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<p>1</p><p>PSICOPATOLOGIAS, NEUROSES, HISTERIA,</p><p>PERVERSÕES E PSICOSES</p><p>2</p><p>NOSSA HISTÓRIA</p><p>A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de</p><p>empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de</p><p>Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como</p><p>entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.</p><p>A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de</p><p>conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a</p><p>participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua</p><p>formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,</p><p>científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o</p><p>saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.</p><p>A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma</p><p>confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base</p><p>profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições</p><p>modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,</p><p>excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.</p><p>3</p><p>SUMÁRIO</p><p>PSICOPATOLOGIAS, NEUROSES, HISTERIA, PERVERSÕES E</p><p>PSICOSES ......................................................................................................... 1</p><p>NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2</p><p>Introdução ................................................................................................ 4</p><p>Psicopatologia na Psicanalise .............................................................. 5</p><p>O sintoma e o diagnóstico psicanalítico ............................................ 5</p><p>O estranho e a alteridade contemporânea ....................................... 7</p><p>O conceito de trauma no surgimento da psicanálise ............................ 9</p><p>Psicose e neurose: visão Psicanalítica .............................................. 18</p><p>REFERÊNCIAS ..................................................................................... 28</p><p>file:///C:/Users/rayss/Desktop/Nova%20pasta/TEORIA%20PSICANALÍTICA/PSICOPATOLOGIAS,%20NEUROSES,%20HISTERIA,%20PERVERSÕES%20E%20PSICOSES.docx%23_Toc79352692</p><p>file:///C:/Users/rayss/Desktop/Nova%20pasta/TEORIA%20PSICANALÍTICA/PSICOPATOLOGIAS,%20NEUROSES,%20HISTERIA,%20PERVERSÕES%20E%20PSICOSES.docx%23_Toc79352692</p><p>4</p><p>Introdução</p><p>A psicopatologia percorreu um caminho extremamente difícil até se tornar</p><p>uma ciência autônoma. Psicopatologia e Psicologia científica se iniciaram</p><p>através de Wundt, Kraepelin e Pavlov, os quais começaram seus caminhos</p><p>juntos nos mesmos laboratórios. Muito rápido, seguiram rumos diferentes.</p><p>Segundo Isaías Paim, não é fácil descobrir a origem do termo psicopatologia. É</p><p>possível que o seu criador tenha sido Jeremy Bentham, filósofo inglês (Londres,</p><p>1748- 1832), que, ao preparar uma lista das motivações humanas, reconheceu</p><p>a necessidade da organização de uma psychological pathology (1817).</p><p>Para Hervé Beauchesne, a psicopatologia teria surgido no século XX, na</p><p>França, no momento em que a psicologia, enquanto disciplina científica,</p><p>começou a se separar da filosofia. Sendo a psicopatologia definida de forma</p><p>ampla a como a disciplina que se ocupa do sofrimento psíquico.</p><p>Sims (2001) refere que a psicopatologia é “o estudo sistemático do</p><p>comportamento, da cognição e da experiência anormais; o estudo dos produtos</p><p>de uma mente com um transtorno mental. Isto inclui as psicopatologias</p><p>explicativas, nas quais existem supostas explicações, de acordo com conceitos</p><p>teóricos (p. ex., a partir de uma base psicodinâmica, comportamental ou</p><p>existencial, e assim por diante), e a psicopatologia descritiva, que consiste da</p><p>descrição e da categorização precisas de experiências anormais, como</p><p>informadas pelo paciente e observadas em seu comportamento”.</p><p>Didaticamente podemos então dividir as psicopatologias em dois grupos:</p><p>as psicopatologias explicativas, baseadas em modelos teóricos ou achados</p><p>experimentais, que buscam esclarecimentos quanto à etiologia de uma</p><p>enfermidade, e as psicopatologias descritivas, que, por sua vez, consistem na</p><p>descrição e na categorização precisas das experiências patológicas, como</p><p>informadas pelo paciente e observadas em seu comportamento.</p><p>5</p><p>Psicopatologia na Psicanalise</p><p>Com os estudos freudianos, desvelou-se a falsa soberania da consciência</p><p>marcada pelas forças pulsionais sob a determinação do inconsciente. Dessa</p><p>forma, a psicanálise entende a psicopatologia a partir dos conflitos que se</p><p>estabelecem entre o inconsciente e o consciente do sujeito, fruto de seu</p><p>imperativo original. Por essa razão é chamado de psicopatologia psicanalítica. A</p><p>variação ou o grau desse conflito indica o tipo de psicopatologia: as neuroses</p><p>histéricas, fóbicas, obsessivas, de ansiedade; as psicoses; as perversões; as</p><p>afecções psicossomáticas.</p><p>Considera-se que o modo singular de subjetivação do sujeito responde ao</p><p>meio familiar e social em que ele se constitui, bem como a implicação cultural de</p><p>sua época. Na atualidade, no mundo globalizado, a busca de normatização de</p><p>comportamentos vem gerando uma padronização da normalidade e</p><p>transformando a singularidade em anormalidade.</p><p>Em vista disso, são criadas regras de procedimentos a partir de</p><p>parâmetros que não levam em conta a particularidade da dinâmica pulsional do</p><p>sujeito. A tão falada globalização da atualidade, ao produzir a subjetividade que</p><p>lhe é própria, arrasta consigo o padecimento psíquico na forma de mal-estar,</p><p>fruto das marcas da sociedade e desse momento histórico. Assim sendo,</p><p>acredita-se que o sofrimento psíquico impingido à humanidade atual culminará</p><p>numa reorganização para uma nova visão de mundo.</p><p>O sintoma e o diagnóstico psicanalítico</p><p>A psicanálise torna-se, desde sua descoberta por Freud, um balizamento</p><p>de escuta para a cura dos sintomas do sofrimento. Sintomas que vêm expressar,</p><p>por meio de uma metáfora, a verdade do sujeito. Há uma relação de afetos, que</p><p>mantém a produção de sintomas com a verdade e que abarca um “saber”</p><p>inconsciente sobre o sujeito. Desse modo, o sintoma evidencia algo que tem uma</p><p>significação e que está relacionado à história de cada um. Assim, não se pode</p><p>perder de vista as relações do sintoma com a estruturação subjetiva do sujeito</p><p>6</p><p>(VITORELLO, 2011).</p><p>Para Rodulfo (apud VITORELLO, 2011), o discurso familiar é para o</p><p>sujeito o “tesouro de significantes”, lugar de onde retira as significações para sua</p><p>inscrição no universo simbólico. Ao salientar a importância do “mito familiar”, o</p><p>autor diferencia-o de história familiar. O mito diz respeito ao lugar ocupado pela</p><p>criança na família, sua posição em relação ao campo desejante dos pais,</p><p>incluindo tanto os processos ou tramas imaginárias (as fantasias e o brincar)</p><p>como as funções parentais (materna, paterna, dos irmãos). Muito tem sido</p><p>discutido sobre as funções parentais e as novas configurações familiares na</p><p>contemporaneidade. Como identificar esses conflitos no sujeito?</p><p>Na compreensão de Dor (1994, p. 9), “o diagnóstico psicanalítico remete</p><p>à dimensão de um embaraço técnico no campo do inconsciente” ao se confrontar</p><p>com a prática psicanalítica e sua investigação. Nessa perspectiva, há uma</p><p>dificuldade de balizamento ao utilizar um método dependente de “ferramentas”</p><p>subjetivas. O psicanalista trabalha com incertezas ao escutar a narrativa</p><p>histórica do paciente. Uma narrativa que, por vezes, entra em ressonância com</p><p>sua própria história.</p><p>Ainda segundo Dor (1994, p. 13), [..] diagnóstico psicanalítico difere do</p><p>diagnóstico médico. Existe no diagnóstico psicanalítico um paradoxo: por um</p><p>lado, a necessidade de estabelecer um diagnóstico que balize o tratamento e,</p><p>por outro, a impossibilidade</p><p>de fazê-lo precocemente, uma vez que ele só poderá</p><p>se delinear no transcurso da análise.</p><p>O diagnóstico médico visa, inicialmente, determinar a natureza de uma</p><p>afecção ou uma doença, a partir de uma semiologia. A seguir, objetiva a</p><p>classificação dos sintomas, que permite localizar um estado patológico no</p><p>quadro de uma nosografia. Para o autor, o ato psicanalítico não pode se apoiar</p><p>prontamente na identificação diagnóstica como tal. Uma interpretação</p><p>psicanalítica não pode se constituir, em sua aplicação, como pura e simples</p><p>consequência lógica de um diagnóstico, já que o sintoma tem múltiplas faces.</p><p>A técnica de investigação que o analista dispõe é a associação livre do</p><p>paciente e a atenção flutuante, e é na dimensão do dizer e do dito que se definirá</p><p>7</p><p>o campo de investigação psicanalítica. Como o espaço de palavra está saturado</p><p>de “mentira” e tem o imaginário como parasita, a avaliação psicanalítica é</p><p>essencialmente subjetiva e deve buscar desvelar a verdade do desejo. Ao</p><p>considerar as incertezas encontradas no balizamento do diagnóstico</p><p>psicanalítico, leva-se em conta a singularidade, a “composição” do mundo</p><p>interno e do mundo externo, da realidade e da presença do outro.</p><p>O estranho e a alteridade contemporânea</p><p>Em suas descobertas analíticas, Freud interessou-se pelo tema do</p><p>“estranho” no início do século XX, constatando que o estranho era um tema</p><p>negligenciado no ramo da estética, uma vez que o enfoque, em seu tempo, era</p><p>dado ao estudo da beleza. A temática do estranho, captada por Freud, constituiu-</p><p>se como um assunto gerador de polêmica e de constrangimento, o qual a</p><p>sociedade, em geral, evitava e ainda evita abordar.</p><p>O tema do “estranho” foi aprofundado por Freud no texto intitulado Das</p><p>Unheimliche, de 1919. Após pesquisa do sentido da palavra Unheimliche</p><p>(estranho), em várias línguas, Freud o definiu como assustador e familiar, que</p><p>se pode inferir também como lugar estranho (que pode se articular à ideia de</p><p>uma pessoa desorientada no ambiente) estrangeiro, que pode dar a ideia de</p><p>alguém vindo de outro lugar (THONES; PEREIRA, 2013).</p><p>É importante ressaltar que ele buscou seu significado nos fenômenos que</p><p>causam estranheza. Assim, constatou que entre os exemplos de coisas</p><p>assustadoras existe uma classe em que o elemento que amedronta pode se</p><p>mostrar como algo recalcado que retorna. Contudo, o estranho não é nada novo</p><p>ou alheio ao sujeito, mas algo que é familiar e há muito nele instalado, sendo</p><p>que somente teria se alienado de sua consciência por uma operação de</p><p>recalcamento (THONES; PEREIRA, 2013). A partir disso se pensa na conexão</p><p>do estranho com a alteridade, ou seja, há um enlaçamento do estranho com a</p><p>diferença, com a alteridade, com o outro da relação.</p><p>O sentimento do estranho no âmbito social se apresenta como pendular,</p><p>8</p><p>relativo e relacional; oscila entre sentimentos amorosos e hostis, entre a</p><p>representação de si mesmo e a representação dos outros. Portanto, o estranho</p><p>se constitui como um território minado. Muitas são as definições e as relações</p><p>que se fazem em torno dessa paradoxal categoria, na qual se busca</p><p>compreender sobre um afeto e uma representação. O estranho mantém íntima</p><p>relação com o que é próprio, aparecendo, assim, como o duplo do mesmo.</p><p>O duplo constitui, para Freud no seu ensaio sobre o estranho, um</p><p>componente psíquico de fundamental importância. Rank (apud FREUD, 2006)</p><p>constata que o duplo, como negação do poder da morte, se torna uma segurança</p><p>para o sujeito contra a destruição do eu. As produções literárias de ficção da</p><p>época, observadas por Rank, segundo Freud em 1914, indicavam a correlação</p><p>direta do escrito com o psiquismo do escritor. Freud aprofundou essa noção de</p><p>relações contra a castração na linguagem dos sonhos e no narcisismo primário.</p><p>A partir de Freud, a psicanálise vem desvendando a topologia do sujeito</p><p>de tal forma que se pode afirmar hoje, com segurança, que toda forma de</p><p>expressão do sujeito guarda relação intrínseca com o mesmo. Todas as</p><p>representações se mostram por meio do enunciado do discurso e no discurso do</p><p>enunciado, como afirma Lacan. Nesse sentido, o duplo ocuparia o espaço da</p><p>sombra, dos fantasmas que retornam, dos reflexos perdidos, de sujeitos que na</p><p>ficção procurariam persistir à morte.</p><p>Thones e Pereira (2013) evidenciam formas diferentes sobre a</p><p>representação do estranho, de si mesmo em relação ao Outro desconhecido.</p><p>Para esses autores, é apenas a partir de si mesmo que o sujeito pode definir o</p><p>outro, porquanto seja também definido pelo outro a partir do alcance de seu</p><p>próprio olhar. Assim, as formas de relação do sujeito com o outro, e vice-versa,</p><p>dependem dessa condição, ou seja, da incidência do Outro sobre o sujeito e do</p><p>quanto este conseguiu se tornar independente, reconhecendo-o.</p><p>As mudanças na estrutura familiar da contemporaneidade, bem como a</p><p>crise no conhecimento e o fim das certezas ou verdades absolutas surgem como</p><p>possíveis causas de uma desorganização social e violência sem precedentes.</p><p>Tem-se a impressão de uma ruptura do laço social e o fim das referências</p><p>9</p><p>simbólicas, o fim da função e também da imago paterna. Para Cecarelli (2010),</p><p>cada época tem a sua própria leitura de mundo, não sendo uma melhor que a</p><p>outra.</p><p>Desse modo, uma verdade ou um comportamento dura até que outra</p><p>verdade venha sobrepô-la. Em Totem e Tabu, Freud (1914) traz o conceito de</p><p>Weltanschauung, como visões de mundo às quais o homem recorreu ao longo</p><p>do processo evolutivo: animista, religiosa e científica. Tais visões de mundo</p><p>acompanharam a necessidade de proteção através do amor para aliviar o</p><p>sofrimento psíquico de cada época.</p><p>O conceito de trauma no surgimento da psicanálise</p><p>O conceito de trauma perpassa todo o percurso teórico de Freud e é</p><p>recomendado que todo estudante de Psicologia, e não só aquele com interesse</p><p>em relação à psicanálise, o entenda profundamente, compreendendo tanto sua</p><p>evolução quanto as possíveis relações com a prática.</p><p>O conceito de trauma, no início da psicanálise, estava diretamente ligado</p><p>a acontecimentos externos reais, que sobrepujavam a capacidade do indivíduo</p><p>de processar a angústia e a dor psíquica provocados por um evento traumático.</p><p>De modo geral, o trauma psicológico é o resultado de uma experiência de dor ou</p><p>sofrimento emocional/físico que, como um dano emocional, pode acarretar a</p><p>exacerbação de emoções negativas e envolver mudanças físicas no cérebro,</p><p>além de também afetar o comportamento e até mesmo o pensamento da pessoa,</p><p>que fará de tudo para afastar qualquer lembrança do evento traumático.</p><p>O termo trauma apareceu pela primeira vez nas obras de Freud por volta</p><p>de 1893, enquanto fazia seus estudos com pacientes histéricas, relacionando-o</p><p>a uma primitiva sedução sexual perpetrada pelo pai contra a paciente.</p><p>Posteriormente, reconheceu também o trauma do “nascimento”, do “impacto da</p><p>cena primária”, da “angústia da castração” e, em 1926, reconheceu o trauma</p><p>representado pelas perdas precoces, como a perda do amor da mãe ou de outras</p><p>pessoas significativas (ZIMMERMAN, 2008, p. 419-420).</p><p>10</p><p>O trauma, que em grego quer dizer ferida, é um conceito essencialmente</p><p>econômico em relação à energia psíquica, pois indica uma frustração na qual o</p><p>ego sofre uma injúria que não consegue processar, recaindo num estado de</p><p>desamparo e atordoamento, além de gerar também angústia excedente que</p><p>será escoada por meio de sintomas corporais. Múltiplos traumas podem ser</p><p>precocemente impingidos às crianças, tanto sob a forma de separações</p><p>traumáticas quanto de modo invasivo e decorrente de violências de várias</p><p>naturezas, os quais podem repercutir seriamente no psiquismo da criança,</p><p>ficando impressos sob a forma de vazios, isto é, como uma vivência de</p><p>desamparo e de feridas abertas.</p><p>A teoria do trauma foi importante no nascimento da psicanálise, pois</p><p>Freud</p><p>considerou que a causa dos sintomas da histeria estaria na lembrança de</p><p>um trauma não ab-reagido, isto é, que não tenha sido devidamente simbolizado</p><p>pela linguagem e integrado ao sistema simbólico do sujeito. Em seus primeiros</p><p>textos, o trauma foi abordado como um incremento da excitação no sistema</p><p>nervoso, mediante o qual não se tinha ação ou palavras que permitissem sua</p><p>dissipação, ainda se ligado a um fato real. Ao tentar promover a simbolização do</p><p>evento traumático pelo método hipno-catártico, Freud chegou à associação livre,</p><p>abandonando posteriormente a hipnose no tratamento da histeria devido ao</p><p>retorno dos sintomas em consequência de um provável deslocamento da causa.</p><p>Foi justamente o deslocamento da causa que levou Freud a levantar a</p><p>hipótese de que o evento traumático não era suficiente para explicar o</p><p>surgimento dos sintomas e que tal evento não era necessariamente real, isto é,</p><p>não teria realmente ocorrido, mas poderia ser causado por fantasias da paciente</p><p>na tentativa de chamar a atenção sobre a figura paterna. De qualquer forma, um</p><p>trauma, mesmo se real, tende a ser utilizado de forma defensiva, servindo como</p><p>álibi para explicar as perturbações presentes, obstruindo o caminho para</p><p>identificar a causa verdadeira e limitando as possibilidades de questionamento e</p><p>transformação. Assim, Freud logo se deu conta de que, por trás das histórias</p><p>contadas por seus pacientes, havia muita fantasia, e passou a se interessar mais</p><p>pelo significado do que era trazido do que pelo contexto real como relatado. Ele</p><p>também já tinha passado a supor que a temporalidade do trauma era posterior à</p><p>ocorrência da impressão relatada, a qual não podia ser significada no momento</p><p>11</p><p>da percepção, mas era fixada e retornava posteriormente em outros eventos.</p><p>De 1905 a 1920, Freud começou a elaborar os conceitos da</p><p>metapsicologia psicanalítica a partir do desenvolvimento sexual infantil, no qual</p><p>o paradigma da situação traumática passou a ser as fantasias originárias, isto é,</p><p>aquelas que envolvem angústias de sedução e castração, são relativas à cena</p><p>primária, etc. Com isso, o trauma, concebido como decorrente de um fator</p><p>ambiental saturado de energia libidinal que não conseguia descarregá-la, passou</p><p>a ser compreendido em função da urgência e da pressão das pulsões sexuais.</p><p>A sedução sexual apresentou-se como um paradigma para a situação</p><p>traumática.</p><p>No entanto, tendo percebido a falta de eficácia do tratamento a longo</p><p>prazo, Freud também estranhou a alta frequência com que cenas com a situação</p><p>traumática eram relatadas com semelhança por suas pacientes, levantando a</p><p>hipótese de que talvez os relatos não tivessem realmente acontecido, o que o</p><p>levou à compreensão do mecanismo de repressão e da importância da fantasia</p><p>para a vida psíquica. Então, os conflitos e as vivências traumáticas passaram a</p><p>ser compreendidos a partir das fantasias inconscientes e da realidade psíquica</p><p>interna, chegando ao ponto de ser possível afirmar que a única realidade válida</p><p>tanto para o paciente como para o analista seria a realidade psíquica.</p><p>A partir de 1920, Freud começou a reformular sua concepção do aparelho</p><p>psíquico e extraiu da Embriologia a metáfora de “vesícula viva”, cuja camada</p><p>mais externa se transformaria em um escudo protetor, argumentando que os</p><p>estímulos traumáticos seriam aqueles que conseguiriam atravessar o escudo</p><p>protetor devido à falta de preparo do eu e a fatores diversos como surpresa ou</p><p>susto, e o trauma adquiriu uma dimensão essencialmente inter-sistêmica e</p><p>pulsional. Posteriormente, por volta de 1925, Freud propôs uma nova teoria da</p><p>angústia que relacionava o trauma à perda de um objeto de afeto, fazendo</p><p>distinção entre as situações traumáticas: uma automática enquanto sinalização</p><p>sobre situações de perigo e aproximação do trauma; e outra relacionada com a</p><p>ideia da angústia que, diante de uma experiência de desamparo, proporcionava</p><p>excesso de excitação.</p><p>12</p><p>Já em torno de 1934, é possível encontrar uma descrição mais</p><p>pormenorizada do trabalho do trauma, definido como impressões primitivas da</p><p>infância, da época em que a criança começa a falar e o conteúdo se relaciona</p><p>principalmente a impressões de natureza sexual e agressiva, como experiências</p><p>sobre o próprio corpo ou percepções dos sentidos, de algo visto e ouvido, as</p><p>quais provocam alterações comparáveis a cicatrizes no psiquismo. Como a</p><p>criança estaria começando a falar, a linguagem ainda não estaria plenamente</p><p>desenvolvida, não deixando lembranças no inconsciente, mas apenas traços,</p><p>não percebidos na superfície, mas registrados em camada mais profunda.</p><p>Em 1940, no livro “Esboço de psicanálise”, Freud comparou o efeito de</p><p>um trauma psicológico ao de uma agulha perfurando um embrião humano, pois,</p><p>se uma agulhada em um organismo desenvolvido é inofensiva, numa massa de</p><p>células em divisão celular poderá promover relevantes alterações naquele ser</p><p>em desenvolvimento. Tirou ainda conclusões sobre a universalidade do trauma</p><p>e sobre as repressões originadas pelo evento traumático.</p><p>Posteriormente, Lacan reafirmou essa universalidade, mas de outro</p><p>modo, apontando que todo ser falante é traumatizado e isso é um fato de</p><p>estrutura, como aquilo que há de inassimilável no real sobre a sexualidade. Esse</p><p>inassimilável lacaniano pode ser correlacionado ao “umbigo dos sonhos”,</p><p>descrito por Freud no capítulo VII da “Interpretação dos sonhos” (1900): “trecho</p><p>que tem que ser deixado na obscuridade, [...] emaranhado de pensamentos</p><p>oníricos que não se deixa desenredar, [...] ponto onde ele mergulha no</p><p>desconhecido”. Entretanto, esse inassimilável pode desorientar o sujeito e</p><p>produzir efeitos e afetos, plenos de angústia, que o arrancam da cena simbólica</p><p>e tiram-lhe as palavras da boca. Portanto, só resta ao sujeito construir um saber</p><p>possível que dê, de alguma forma, vazão ao afeto aprisionado. Assim, a fantasia</p><p>torna-se uma possibilidade de pôr fim à vivência, trazida pelo trauma, de ‘não</p><p>ser’, de ‘não ter’ desejo.</p><p>Depois de abandonar a perspectiva da sedução como algo realmente</p><p>acontecido, Freud passou a considerar os relatos de sedução como provenientes</p><p>da fantasia, como uma forma mítica, a nível individual, de abordar a questão da</p><p>origem dos transtornos. Além disso, observou também que a criança em</p><p>13</p><p>crescimento, durante suas brincadeiras, substituía os objetos reais pela fantasia,</p><p>construindo castelos no ar e criando o que foi chamado de devaneio, propondo</p><p>que, como no sonho, a fantasia expressaria a realização de um desejo,</p><p>fornecendo ao sujeito uma satisfação independente da realidade (FREUD,</p><p>2006).</p><p>Freud percebeu que a fantasia, assim como o sonho, o lapso, o sintoma</p><p>e os atos falhos, seria uma produção do inconsciente e, portanto, sua lógica de</p><p>funcionamento não seria determinada nem pela racionalidade nem pelo tempo</p><p>cronológico, mas insubordinada a qualquer ordenação, coexistindo passado,</p><p>presente e futuro enlaçados no devaneio pelo desejo como um fio condutor.</p><p>Portanto, no psiquismo, a conexão de uma experiência passada com uma</p><p>situação atual teria condições de produzir o “por vir”, sempre a serviço do desejo,</p><p>e assim, as fantasias seriam motivadas pelas frustrações impostas pela vida</p><p>cotidiana, funcionando como um modo natural de aceitar e enfrentar as próprias</p><p>frustrações. Contudo, a possibilidade de fantasiar não é idêntica em todas as</p><p>pessoas. Freud (2006) aponta, por exemplo, que os homens adultos se</p><p>envergonham de suas fantasias e que apresentam muita dificuldade de revelá-</p><p>las fora da situação terapêutica.</p><p>Portanto, a fantasia pode ser considerada como uma válvula de escape</p><p>para as pulsões inconscientes. Contudo, diante da impossibilidade de fantasiar,</p><p>seja por qualquer motivo, podem ocorrer outras possibilidades menos saudáveis,</p><p>e o adoecer está entre elas. Mas doença é um termo muito genérico que implica</p><p>o conhecimento</p><p>exato dos mecanismos envolvidos e suas causas, e como em</p><p>psiquiatria e em psicologia apenas em poucos quadros clínicos mentais todas as</p><p>características biológicas e funcionais são conhecidas, os termos ‘transtornos’,</p><p>‘perturbações’, ‘disfunções’ ou ‘distúrbios’ são mais usados, até porque o</p><p>conceito de ‘transtorno’ foge à norma do conhecimento e se associa a um</p><p>comportamento desviante, ‘anormal’.</p><p>Os transtornos mentais formam um campo de investigação</p><p>interdisciplinar que envolve áreas como a psicologia, a psiquiatria e a</p><p>neurologia. São usados para referenciar anormalidades ou o comprometimento</p><p>de ordem psicológica no indivíduo, sendo caracterizados pela contrariedade,</p><p>14</p><p>decepção e atitudes que revelam desarranjo ou desordem neurológica.</p><p>Contudo, podem também, em alguns casos, se referir a qualquer perturbação</p><p>na saúde do paciente. O tratamento pode ser feito com o acompanhamento de</p><p>psicoterapeuta, psiquiatra ou equipes de profissionais de saúde mental, incluindo</p><p>sempre psicólogos e psiquiatras, além de, por exemplo, enfermeiros, terapeutas</p><p>ocupacionais, musicoterapeutas e assistentes sociais.</p><p>Considerando desde a gênese até as manifestações, os transtornos</p><p>mentais são fenômenos muito complexos e podem ser classificados em três</p><p>tipos:</p><p>1) As neuroses, caracterizadas pela tensão excessiva e prolongada</p><p>de um conflito persistente ou de uma necessidade prolongadamente frustrada, a</p><p>qual leva a modificações na personalidade, mas não a desestrutura nem</p><p>compromete a percepção da realidade, ou seja, são transtornos que não afetam</p><p>o ser humano em si, pois, por não apresentarem base orgânica, o paciente</p><p>continua consciente e com percepção clara da realidade, não confundindo a</p><p>experiência subjetiva com a realidade exterior.</p><p>2) As psicoses, caracterizadas pela oscilação entre estados de</p><p>depressão e de extrema euforia e agitação, que influenciam o modo de agir e se</p><p>comportar, num claro indício de desestruturação da personalidade, além de</p><p>apresentar alterações no juízo da realidade, a partir do que o paciente passa a</p><p>perceber a realidade de maneira diferenciada, mas com convicção de que suas</p><p>percepções, apesar de parecerem irreais para os outros, são apoiadas na lógica</p><p>e na razão, sendo comuns as alucinações, provenientes de alterações dos</p><p>órgãos dos sentidos como ouvir vozes, ver coisas, sentir cheiros ou toques, os e</p><p>delírios, provenientes de alterações do pensamento sob forma de conspirações,</p><p>perseguição, grandeza, riqueza, onipotência ou predestinação, ou seja, são</p><p>transtornos que afetam o ser humano como um todo e prejudicam as funções</p><p>psíquicas em nível tão acentuado que a consciência, o contato com a realidade</p><p>e a capacidade de corresponder às exigências da vida se tornam perturbados.</p><p>3) As psicopatias, ou perversões, como chamadas por Freud, são</p><p>caracterizadas por falha na construção da personalidade, mas sem desestruturá-</p><p>15</p><p>la totalmente.</p><p>Podem apresentar a ausência de alucinações e manifestações</p><p>neuróticas, a presença de um bom nível de inteligência e de baixa capacidade</p><p>afetiva, a incapacidade de adiar satisfações, a intolerância a esforços rotineiros,</p><p>a busca por fortes estimulações, a ausência de empatia (decorrente da</p><p>incapacidade de envolvimento emocional), a falta de confiança tanto em si como</p><p>(e principalmente) nos outros, a falta de capacidade de aprender com os</p><p>próprios erros por não reconhecê-los e a diminuição ou ausência da consciência</p><p>moral, que leva a problemas na diferenciação entre certo e errado ou o permitido</p><p>e o proibido, fazendo com que o simular, dissimular, enganar, roubar, assaltar</p><p>ou matar não causem nenhum tipo de sentimento como repulsa ou remorso, seja</p><p>na própria imaginação ou em ações reais, uma vez que são apenas</p><p>considerados os próprios interesses.</p><p>O termo neurose foi inventado por William Cullen, na segunda metade do</p><p>séc. XVIII, quando a abertura de cadáveres passou a ser considerada um</p><p>método científico para a observação direta e post mortem de órgãos que tinham</p><p>sofrido de alguma patologia. A ideia foi criar uma palavra genérica para designar</p><p>o conjunto dos problemas da sensibilidade e da motricidade, os quais não</p><p>apresentavam relação com nenhum órgão, construindo uma descrição metódica</p><p>pela negação para incluir o domínio das doenças que não encontravam</p><p>nenhuma explicação orgânica na medicina anatomopatológica daquela época.</p><p>Philippe Pinel logo retomou o termo ao organizar uma rede de hospitais</p><p>psiquiátricos supostamente voltados para a saúde mental e, um século depois,</p><p>Jean Martin Charcot o popularizou ao definir a histeria como uma doença</p><p>funcional relacionada ao útero, portanto, uma neurose.</p><p>Após o encontro de Freud com Charcot, a histeria continuou a ser</p><p>considerada uma neurose, desvinculada da presunção uterina, mas associada à</p><p>etiologia sexual e ao enraizamento no inconsciente. A partir do discurso</p><p>psicanalítico, a histeria tornou- se um modelo para a neurose, e esta passou a</p><p>ser definida como uma doença nervosa relacionada a um trauma.</p><p>Posteriormente, com o abandono da teoria da sedução, a neurose tornou-</p><p>16</p><p>se uma doença ligada a um conflito psíquico inconsciente, de origem infantil e</p><p>dotada de causa sexual, resultado de um mecanismo de defesa contra a</p><p>angústia por meio da formação de compromisso entre a defesa e a possibilidade</p><p>de realização de um desejo. As neuroses podem ser classificadas em</p><p>perturbação obsessiva-compulsiva, transtorno do pânico, transtornos de</p><p>ansiedade, fobias, depressão, distimia, síndrome de Burnout, entre outras.</p><p>O termo psicose foi usado em 1845 pelo psiquiatra austríaco Ernst Von</p><p>Feuchtersleben para substituir o vocábulo loucura e definir os doentes da alma</p><p>numa perspectiva psiquiátrica. As psicoses, enquanto conceito proveniente do</p><p>saber psiquiátrico e pautado na ideia de alienação e perda da razão, foram uma</p><p>oposição da medicina manicomial às neuroses, tendo designado inicialmente o</p><p>conjunto de todas as doenças mentais. Mas, posteriormente, a psicose se</p><p>restringiu às três grandes formas modernas da loucura: a esquizofrenia, a</p><p>paranoia e a psicose maníaco-depressiva.</p><p>Freud retomou o conceito a partir de 1894, usando-o para designar a</p><p>reconstrução inconsciente de uma realidade delirante ou alucinatória.</p><p>Entretanto, Freud dedicou mais atenção à neurose, pois julgava a psicose quase</p><p>sempre incurável. É na correspondência com Jung que melhor se apreende a</p><p>maneira como, entre 1909 e 1911, foi elaborada a doutrina da psicose, a qual</p><p>propunha a ideia de dissociação da consciência e privilegiou o conceito de</p><p>paranoia, em oposição à noção de esquizofrenia. Assim, a paranoia tornou-se o</p><p>modelo estrutural da psicose em geral, de maneira semelhante à da histeria em</p><p>relação à neurose.</p><p>Em 1911, Freud lançou as “Notas psicanalíticas sobre um relato</p><p>autobiográfico de um caso de paranoia (Dementia paranoides)”, enunciando uma</p><p>teoria quase completa do mecanismo do conhecimento paranoico, na qual</p><p>definiu a psicose como um distúrbio entre o eu e o mundo externo, inscrevendo</p><p>a psicose numa estrutura tripartite em relação à neurose e à perversão. Assim</p><p>como a neurose, a psicose surgiria do resultado de um conflito intrapsíquico,</p><p>enquanto a perversão se apresentaria como uma negação da castração. Ao</p><p>diferenciar a psicose da perversão e da neurose, Freud também apagou o</p><p>abismo criado pela psiquiatria entre norma e patologia.</p><p>17</p><p>A psicopatia, ou perversão, como chamada por Freud, designa um</p><p>transtorno psíquico que se manifesta no plano de uma conduta antissocial,</p><p>podendo ser tomada como um defeito moral. Segundo o saber psiquiátrico do</p><p>séc. XIX, as perversões eram práticas sexuais tão diversificadas quanto o</p><p>incesto, a homossexualidade, a zoofilia, a pedofilia, a pederastia, o fetichismo, o</p><p>sadomasoquismo, o travestismo, o narcisismo, o autoerotismo, a coprofilia, a</p><p>necrofilia,</p><p>o exibicionismo, o voyeurismo e as mutilações sexuais. Contudo,</p><p>Freud passou a defini-las como a reconstrução de uma realidade alucinatória,</p><p>na qual o sujeito ficava unicamente voltado para si mesmo, numa situação sexual</p><p>autoerótica, ao tomar o próprio corpo, ou parte deste, como objeto de amor, sem</p><p>nenhum tipo de alteridade possível.</p><p>A partir de 1896, Freud adotou o conceito de perversão sem qualquer</p><p>conotação pejorativa ou valorizadora, conservando a ideia de desvio sexual em</p><p>relação a uma norma. O termo perversão abrangia um campo mais amplo que a</p><p>neurose e a psicose, pois tanto as fantasias quanto as práticas e os</p><p>comportamentos por ele englobados eram apreendidos em relação à norma</p><p>social, estando geralmente ligada às formas de arte erótica tanto ocidentais</p><p>quanto orientais.</p><p>Segundo tal interpretação, a estruturação psicopática se manifestava</p><p>acompanhada pela falta de responsabilidade e ausência de culpa, por meio de</p><p>três características básicas:</p><p>1) Impulsividade;</p><p>2) repetitividade compulsiva, conhecida atualmente como repetitividade</p><p>obsessiva compulsiva e;</p><p>3) uso predominante de atuações de natureza maligna.</p><p>Apesar de traços da psicopatia serem inerentes à natureza humana, suas</p><p>três características tornavam-se um fim em si mesmas, acompanhadas por uma</p><p>total falta de consideração pelas pessoas cúmplices no jogo psicopático.</p><p>Considerando a prática psicanalítica, os psicopatas dificilmente entram</p><p>espontaneamente em análise, e, quando o fazem, mostram propensão para</p><p>18</p><p>atuações e para o abandono do tratamento, não só pela dificuldade de</p><p>ingressarem numa posição depressiva, como também pela predominância da</p><p>pulsão de morte e seus derivados, que os obriga a uma conduta hetero e</p><p>autodestrutiva. Além disso, diante da característica ausência de culpa, em sua</p><p>própria mania de grandeza, o psicopata sente-se como se estivesse sempre</p><p>certo, não reconhecendo qualquer necessidade de terapia, mas atribuindo essa</p><p>necessidade aos outros, num comportamento típico de soberba, como era</p><p>chamado antigamente.</p><p>De qualquer modo, ainda hoje se fala de possíveis ocorrências</p><p>traumáticas como algo que marca profundamente um sujeito e o leva a</p><p>sentimentos e comportamentos inusitados, algo externo que desresponsabiliza</p><p>o sujeito, tornando-o vítima de um infortúnio. Ainda que a humanidade tenha</p><p>passado por muitas mudanças desde a época de Freud, parece que o ser</p><p>humano segue traumatizado e, apesar de toda a suposta liberação sexual da</p><p>atualidade, pode-se dizer que segue recalcado.</p><p>Psicose e Neurose: visão Psicanalítica</p><p>A Psicopatologia Psicanalítica se caracteriza pela compreensão da</p><p>dinâmica psíquica que fundamenta cada uma das três possíveis estruturas da</p><p>personalidade e dos conflitos psíquicos decorrentes desta estruturação.</p><p>O termo nosografia é utilizado para designar a classificação e descrição</p><p>das doenças. No caso específico da nosografia psicanalítica, os quadros</p><p>psicogênicos são classificados em neuroses, psicoses, perversões e afecções</p><p>psicossomáticas (Laplanche e Pontalis, 2001).</p><p>Freud considera que a personalidade já está bem formada no final do</p><p>quinto ano de vida e que o desenvolvimento ulterior é essencialmente a</p><p>elaboração dessa estrutura básica.</p><p>O modelo psicanalítico propõe que inicialmente a criança não imagina que</p><p>existam diferenças anatômicas e acredita que homens e mulheres têm</p><p>anatomias semelhantes.</p><p>Ao serem defrontadas com as diferenças anatômicas entre os sexos, as</p><p>19</p><p>crianças criam as chamadas "teorias sexuais infantis", imaginando que as</p><p>meninas não têm pênis porque este órgão lhe foi arrancado (complexo de</p><p>castração). As meninas veem-se incompletas (por causa da ausência e</p><p>consequente inveja do pênis).</p><p>Neste período surge o complexo de Édipo, no qual o menino passa a</p><p>apresentar uma atração pela mãe e a se rivalizar com o pai, e na menina ocorre</p><p>o inverso.</p><p>A estrutura da personalidade se constitui a partir da solução dada pelo</p><p>sujeito ao conflito advindo da vivência do Complexo de Édipo e da saída que</p><p>encontra para lidar com a ansiedade intensa vivenciada frente à constatação da</p><p>castração.</p><p>No texto “neurose e psicose” (1925/2006), Freud aponta uma diferença</p><p>básica entre neurose e psicose:</p><p>Ao longo do texto, Freud afirma que a neurose se caracteriza pela recusa</p><p>do ego em aceitar a poderosa pulsão do id, rejeitando a posição de mediador da</p><p>satisfação pulsional. Ele opera a serviço do superego e da realidade (princípios</p><p>morais), a partir do mecanismo do recalcamento. O material recalcado insiste</p><p>em se fazer conhecido, logo, ele escolhe vias substitutas. O sintoma neurótico</p><p>aparece, então, como sendo uma representação substitutiva.</p><p>Em “ A Perda da realidade na Neurose e na Psicose”, Freud afirma que</p><p>tanto na neurose, quanto na psicose existe uma perturbação em relação do</p><p>sujeito com a realidade:</p><p>20</p><p>A patologia neurótica se caracteriza pelo recalque do desejo durante o</p><p>Complexo de Édipo. A somatização de conversão histérica, por exemplo, se</p><p>fundamenta na presença de um desejo sexual que não foi satisfeito pelas vias</p><p>normais.</p><p>O neurótico não tenta abrandar a castração: a castração existe, mas ele</p><p>tenta fazer com que quem seja castrado seja o outro e não ele. É o outro que</p><p>fica no lugar da falta. O neurótico está marcado pela castração, investindo</p><p>grandes quantidades de energia corporal e psíquica para manter inconsciente</p><p>este conhecimento. O mecanismo da repressão está presente nesta defesa.</p><p>O sintoma neurótico aparece, então, como sendo uma representação</p><p>substitutiva, resultado da formação de compromisso entre o ego e o id. Por</p><p>exemplo, a somatização de conversão histérica se fundamenta na presença de</p><p>um desejo sexual que não foi satisfeito pelas vias normais.</p><p>Na patologia psicótica há uma rejeição da realidade e do Complexo de</p><p>Édipo. Os delírios, alucinações e depressões são uma tentativa frustrada de dar</p><p>sentido e lógica a uma visão de mundo particular, ocupando o lugar da fissura</p><p>na relação do eu com o mundo. O sujeito cria uma nova realidade que é</p><p>constituída de acordo com os impulsos desejosos do id.</p><p>O ponto central da observação de Freud está na constatação de que, em</p><p>ambas as estruturas, o mais importante não é a questão relativa à perda da</p><p>realidade, mas sim os substitutos encontrados frente à castração. Na neurose, o</p><p>substituto encontrado ocorre via mundo da fantasia; já na psicose, os substitutos</p><p>são delírio e alucinação.</p><p>Na patologia perversa o que ocorre é a recusa da Castração Edipiana. O</p><p>perverso não aceita ser submetido às leis paternas e, em consequência, às leis</p><p>21</p><p>e normas sociais. Ele não rejeita a realidade e nem recalca os seus desejos. Ele</p><p>escolhe se manter excluído do Complexo de Édipo e da alteridade e passa a</p><p>satisfazer sua libido sexual consigo mesmo (narcisismo).</p><p>Em "Três ensaios sobre a sexualidade" (1905), Freud afirma que "a</p><p>neurose é o negativo da perversão". Esta frase se refere ao fato de que os</p><p>sintomas mórbidos do neurótico representam uma conversão das pulsões</p><p>sexuais que deveriam ser chamadas de perversas, se pudessem encontrar uma</p><p>expressão em atos imaginários ou reais.</p><p>As perversões atualizam, na realidade, modos de satisfação sexual</p><p>recusados na neurose, mas ativamente presentes nelas, sob os disfarces dos</p><p>sintomas (Kaufmann, 1996).</p><p>Para se defender da castração, o perverso usa um mecanismo mais</p><p>poderoso que a repressão (usada com frequência pelo neurótico) que é a recusa.</p><p>Ele tentará provar o tempo todo que a castração não existe, ou que é ele quem</p><p>a faz.</p><p>A recusa é um mecanismo em que uma percepção é substituída por uma</p><p>crença. Ela vem junto com uma cisão do ego em que parte deste usa a repressão</p><p>e parte usa a recusa.</p><p>A elaboração do objeto fetiche é uma formação de compromisso entre</p><p>duas correntes psíquicas conflitantes: uma sinaliza a ausência do pênis na mãe,</p><p>a outra lhe atribui imaginariamente o pênis que supostamente falta na formação</p><p>do objeto fetiche.</p><p>Enquanto a psicose e a neurose surgem como resultados do conflito</p><p>intrapsíquico, a perversão se apresenta como uma renegação da castração. Ao</p><p>recusar a castração, o perverso mantém a crença na onipotência da mãe, na</p><p>onipotência do desejo, mantém- se acreditando em um atributo fálico</p><p>onipresente e onipotente. A castração coloca em jogo a percepção de que há</p><p>um mundo de gozo e desejo entre os pais do qual a criança está excluída.</p><p>Nas atuações do perverso, há uma encenação da castração. O fetiche é</p><p>o equivalente ao pênis da mãe; ocorre o uso de uma equação simbólica e não</p><p>22</p><p>de um símbolo como o histérico é mais capaz de fazer, denunciando uma menor</p><p>capacidade de simbolização do perverso perante o histérico.</p><p>Diversos campos do saber têm tentado formular modelos explicativos</p><p>para o surgimento dos distúrbios de conduta. Por muito tempo a sociologia</p><p>propôs que jovens socialmente e economicamente desprivilegiados tendiam à</p><p>criminalidade como forma de obterem sucesso. No entanto, essa teoria foi</p><p>incapaz de sustentar-se, pois se pode observar frequentemente que a tendência</p><p>antissocial surge também entre pessoas com grande oferta de recursos</p><p>financeiros e sociais.</p><p>Quando estudamos os transtornos de personalidade a partir do referencial</p><p>da psiquiatria, verificamos que os quadros descritos são apresentados em uma</p><p>nosologia que independe do modelo estrutural proposto pela psicanálise, mas</p><p>ainda assim podemos estabelecer correlatos com as três grandes categorias</p><p>clínicas, que são a (1) neurose histeria e neurose obsessiva; (2) psicose</p><p>paranoia, esquizofrenia, melancolia e hipocondria; (3) perversão.</p><p>A partir do referencial psicanalítico, Fenichel, citado por Telles (1999),</p><p>organizou os transtornos de personalidade em três categorias:</p><p>• Os decorrentes de uma conduta patológica frente ao id (frigidez e</p><p>pseudoemotividade, defesas contra angústia, racionalização,</p><p>idealização, traços anais, orais, fálicos, uretrais, castração, caráter</p><p>fálico e genital);</p><p>• Os decorrentes de uma conduta patológica frente ao superego</p><p>(defesas contra culpas, masoquismo moral, dom juanismo, falta</p><p>aparente de sentimento de culpa, criminalidade e má identificação,</p><p>atuação, neurose de destino);</p><p>• Os decorrentes de uma conduta patológica frente a objetos</p><p>externos (fixações em etapas prévias do amor, inibições sociais,</p><p>ciúmes, ambivalência, pseudo sexualidade).</p><p>Na patologia psicótica há uma rejeição da realidade e do Complexo de</p><p>Édipo. Os delírios, alucinações e depressões são uma tentativa frustrada de dar</p><p>sentido e lógica a uma visão de mundo particular, ocupando o lugar da fissura</p><p>23</p><p>na relação do eu com o mundo. O sujeito cria uma nova realidade que é</p><p>constituída de acordo com os impulsos desejosos do id.</p><p>O ponto central da observação de Freud está na constatação de que, em</p><p>ambas as estruturas, o mais importante não é a questão relativa à perda da</p><p>realidade, mas sim os substitutos encontrados frente à castração. Na neurose, o</p><p>substituto encontrado ocorre via mundo da fantasia; já na psicose, os substitutos</p><p>são delírio e alucinação.</p><p>A teoria freudiana, baseada no modelo da neurose e concebendo o</p><p>psiquismo ao modo de um aparelho psíquico animado por pulsões, outorga ao</p><p>complexo de Édipo e à sexualidade os eixos básicos da vida psíquica e, como</p><p>consequência, dá ao pai um lugar central na estruturação da personalidade, nas</p><p>formas e contornos do adoecer psíquico, além de estar na base da moral e da</p><p>própria vida cultural.</p><p>Segundo Campanário (2006), foi o trabalho de Lacan que permitiu o</p><p>estabelecimento rigoroso e sistemático do conceito de estrutura em psicanálise,</p><p>distinguindo neurose, psicose e perversão como estruturas clínicas. Na neurose</p><p>estaria em jogo o recalque; na psicose, a forclusão e na perversão, a recusa da</p><p>lei interditora do pai.</p><p>Lacan considera a recusa/rejeição da realidade o mecanismo específico</p><p>da estrutura psicótica, nomeado por ele como a foraclusão do nome-do-pai.</p><p>A partir da análise de Freud sobre as formações inconscientes (lapsos,</p><p>sonhos e jogos de palavras), Lacan formulou sua hipótese central de que o</p><p>inconsciente é estruturado como linguagem.</p><p>A capacidade humana de atribuir significação ocorre a partir do momento</p><p>em que o sujeito adentra a função simbólica e está inserção ocorre por</p><p>intermédio da vivência do Complexo de Édipo.</p><p>Durante a estruturação da personalidade, a criança inicialmente não está</p><p>inserida no simbólico e seu contato com o mundo ocorre por intermédio da mãe,</p><p>que identifica o filho como objeto de seu desejo e o sujeita às suas escolhas.</p><p>24</p><p>Existe uma vivência simbiótica, em que a criança tem a experiência de ser</p><p>cuidada por completo e atendida em suas necessidades por aquela que lhe</p><p>possibilita uma experiência de completude e onipotência. Este significante inicial</p><p>atribuído pela mãe vai marcar a identidade do sujeito e seu desenvolvimento</p><p>mental.</p><p>No primeiro tempo lógico o Outro é a mãe, pois o agente materno toma o</p><p>bebê em uma posição de desejante e, ao cuidar dele, faz de si mesma o</p><p>instrumento da vivência de satisfação do bebê. Este significante inicial atribuído</p><p>pela mãe vai marcar a identidade do sujeito e seu desenvolvimento mental.</p><p>O segundo tempo lógico ocorre com a entrada de um terceiro que introduz</p><p>a lei da interdição, mostrando à criança a existência do Outro e marcando</p><p>simbolicamente o fim da ilusória relação de completude e onipotência com a</p><p>mãe.</p><p>Nesse momento aparece a instância paterna como metáfora do pai o</p><p>nome-do-pai. Esta instância é marcada pelo discurso da mãe, demonstrando</p><p>para a criança que o desejo da mãe se encontra em outro lugar e que ela também</p><p>é submetida a uma lei.</p><p>A instância paterna não precisa estar associada a um pai concreto, mas</p><p>a um discurso ou situação que seja capaz de demonstrar simbolicamente à</p><p>criança que existem outros objetos a serem desejados. O nome-do-pai</p><p>representa tudo o que marca para a criança a ausência da mãe. Por exemplo,</p><p>quando a mãe precisa deixar a criança para ir trabalhar.</p><p>Deste modo, enquanto no primeiro tempo lógico o Outro é a mãe, a</p><p>instauração do Nome-do-Pai é o que vem barrar o Outro onipotente e absoluto,</p><p>inaugurando a entrada da criança na ordem simbólica.</p><p>Por fim, podemos falar da entrada em um terceiro tempo lógico, em que</p><p>ocorre a dissolução do complexo de Édipo, pois nessa etapa do desenvolvimento</p><p>a criança não considera mais o pai como seu rival, e sim, como aquele que</p><p>possui o objeto de desejo de sua mãe, o falo. Essa é a fase das identificações,</p><p>que acontecem de maneira diferente de acordo com a escolha de objeto da</p><p>25</p><p>criança.</p><p>Quando Lacan afirma que a foraclusão é o mecanismo da psicose, o que</p><p>devemos compreender é que a rejeição do nome-do-pai implica que o sujeito</p><p>não foi submetido à castração simbólica do processo edipiano.</p><p>Ou seja, o sujeito psicótico é aquele que durante a vivência do Complexo</p><p>de Édipo não sofreu a castração simbólica e, portanto, não desenvolveu a</p><p>capacidade de simbolizar. A não inscrição do significante no Outro resulta nos</p><p>distúrbios da linguagem e nas alucinações, que marcam a psicose.</p><p>Na patologia perversa o que ocorre é a recusa da Castração Edipiana. O</p><p>perverso não aceita ser submetido às leis paternas e, em consequência, às leis</p><p>e normas sociais. Ele não rejeita a realidade e nem recalca os seus desejos. Ele</p><p>escolhe se manter excluído do Complexo de Édipo e da alteridade e passa a</p><p>satisfazer sua libido sexual consigo mesmo (narcisismo).</p><p>Em "Três ensaios sobre a sexualidade" (1905), Freud afirma que "a</p><p>neurose é o negativo da perversão". Esta frase se refere ao fato de que os</p><p>sintomas mórbidos do neurótico representam uma conversão das pulsões</p><p>sexuais que deveriam ser chamadas de perversas, se pudessem encontrar uma</p><p>expressão</p><p>em atos imaginários ou reais.</p><p>As perversões atualizam, na realidade, modos de satisfação sexual</p><p>recusados na neurose, mas ativamente presentes nelas, sob os disfarces dos</p><p>sintomas (Kaufmann, 1996).</p><p>Para se defender da castração, o perverso usa um mecanismo mais</p><p>poderoso que a repressão (usada com frequência pelo neurótico) que é a recusa.</p><p>Ele tentará provar o tempo todo que a castração não existe, ou que é ele quem</p><p>a faz.</p><p>A recusa é um mecanismo em que uma percepção é substituída por uma</p><p>crença. Ela vem junto com uma cisão do ego em que parte deste usa a repressão</p><p>e parte usa a recusa.</p><p>A elaboração do objeto fetiche é uma formação de compromisso entre</p><p>26</p><p>duas correntes psíquicas conflitantes: uma sinaliza a ausência do pênis na mãe,</p><p>a outra lhe atribui imaginariamente o pênis que supostamente falta na formação</p><p>do objeto fetiche.</p><p>Enquanto a psicose e a neurose surgem como resultados do conflito</p><p>intrapsíquico, a perversão se apresenta como uma renegação da castração. Ao</p><p>recusar a castração, o perverso mantém a crença na onipotência da mãe, na</p><p>onipotência do desejo, mantém- se acreditando em um atributo fálico</p><p>onipresente e onipotente. A castração coloca em jogo a percepção de que há</p><p>um mundo de gozo e desejo entre os pais do qual a criança está excluída.</p><p>Nas atuações do perverso, há uma encenação da castração. O fetiche é</p><p>o equivalente ao pênis da mãe; ocorre o uso de uma equação simbólica e não</p><p>de um símbolo como o histérico é mais capaz de fazer, denunciando uma menor</p><p>capacidade de simbolização do perverso perante o histérico.</p><p>Assim, os mecanismos utilizados por cada uma das estruturas clínicas na</p><p>Psicanálise são:</p><p>• Neurose mecanismo: repressão da castração. No processo de</p><p>solução do conflito edipiano, o sujeito rejeitou o conhecimento da existência da</p><p>castração e, para lidar com a angústia, recalcou este conteúdo. No caso da</p><p>repressão, o inconsciente sabe da realidade e a consciência, não. A</p><p>representação reprimida encontra-se no inconsciente e vem à consciência por</p><p>meio dos sintomas, enquanto substitutos simbólicos.</p><p>• Psicose mecanismo: negação da castração. O psicótico se</p><p>estrutura afirmando que a castração não existiu e para tanto cria outra realidade,</p><p>que transparece por meio dos delírios e alucinações.</p><p>• Perversão mecanismo: renegação da castração. O perverso</p><p>substitui a crença da falta do falo na mãe pela convicção de que está o possui</p><p>ou mesmo de que ele é o próprio falo que falta à mãe. Neste mecanismo, a</p><p>presença de uma crença implica a renegação da outra. A formação de</p><p>compromisso se expressa na ritualização da castração através do objeto fetiche.</p><p>A teoria freudiana, baseada no modelo da neurose e concebendo o</p><p>psiquismo ao modo de um aparelho psíquico animado por pulsões, outorga ao</p><p>27</p><p>complexo de Édipo e à sexualidade os eixos básicos da vida psíquica e, como</p><p>consequência, dá ao pai um lugar central na estruturação da personalidade, nas</p><p>formas e contornos do adoecer psíquico, além de estar na base da moral e da</p><p>própria vida cultural.</p><p>28</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BEAUCHESNE, H. História da psicopatologia. São Paulo: Martins Fontes, 1989.</p><p>CHARCOT, J. M. (2003). Grande histeria. Rio de Janeiro, RJ: Contra Capa. (Tra-</p><p>balho original publicado em 1887).</p><p>DOR, J. Estruturas e clínica psicanalítica. Rio de Janeiro: Taurus, 1994.</p><p>FENICHEL, O. (1999). Teoria psicanalítica das neuroses. Rio de Janeiro, RJ:</p><p>Atheneu. 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(Edição standard brasileira das obras psicológicas com-</p><p>pletas de Sigmund Freud, 13).</p><p>FREUD, S., & BREUER, J. (1988). Estudos sobre histeria. In Obras completas</p><p>de Sigmund Freud (Vol. 3, pp. 1-310). Buenos Aires: Amorrortu. (Trabalho origi-</p><p>nal publicado em 1893).</p><p>LACAN, J. (1988). Instância da Letra no inconsciente, ou a razão desde Freud.</p><p>In Escritos (pp. 496-536). Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar. (Trabalho original</p><p>publicado em 1957).</p><p>LACAN, J. (1988). Intervenção sobre a transferência. In Escritos (pp. 214-228).</p><p>Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar. (Trabalho original publicado em 1951).</p><p>LACAN, J. (1988). O Seminário. Livro 11: os quatro conceitos fundamentais da</p><p>psicanálise. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar. (Trabalho original publicado</p><p>em</p><p>1964).</p><p>31</p><p>LACAN, J. (2000). O Seminário. Livro 14: a lógica do fantasma. Recife, PE: Cen-</p><p>tro de Estudos Freudianos do Recife. 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