Prévia do material em texto
<p>Departamento de Pós-Graduação</p><p>Mestrado em Educação</p><p>FICHAMENTO DE ESTUDO</p><p>AUTORIA DO FICHAMENTO:</p><p>Maria Walkiria Andrade Cardoso</p><p>DATA DO FICHAMENTO:</p><p>23/ 08/2024</p><p>REFERÊNCIA COMPLETA DA OBRA FICHADA:</p><p>SAVIANI, Demerval. Análise das Teorias Pedagógicas à luz da Filosofia e da História. Versão</p><p>condensada pelo autor de: “Introdução à PARTE II” de SAVIANI, Dermeval. Pedagogia</p><p>histórico-crítica: primeiras aproximações, 12ª ed. Campinas: Autores Associados, 2021. p. 67-</p><p>72, denominada “Pedagogia e Teorias da Educação: referências preliminares”.</p><p>SOBRE A AUTORIA DO TEXTO:</p><p>Formado em filosofia pela PUC-SP (1966), é doutor em filosofia da educação (PUC-SP, 1971)</p><p>e livre-docente em história da educação (Unicamp, 1986), tendo realizado “estágio sênior” na</p><p>Itália em 1994-1995. De 1967 a 1970, lecionou nos cursos colegial e normal. Desde o segundo</p><p>semestre de 1966 leciona no ensino superior, tendo orientado mais de uma centena de trabalhos</p><p>acadêmicos, entre projetos de iniciação científica, trabalhos de conclusão de curso, dissertações</p><p>de mestrado, teses de doutorado e supervisão de estágios de pós-doutorado.</p><p>Foi membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, coordenador do Comitê de</p><p>Educação do CNPq, coordenador de pós-graduação na UFSCar, PUC-SP e Unicamp, diretor</p><p>associado da Faculdade de Educação da Unicamp, professor titular colaborador da USP</p><p>(campus de Ribeirão Preto) e sócio fundador da Anped, Cedes, Ande, Cedec e SBHE, da qual</p><p>foi o primeiro presidente.</p><p>Recebeu diversas homenagens e prêmios, entre os quais se destacam: Medalha do Mérito</p><p>Educacional do MEC (1994); professor emérito da Unicamp (2002); pesquisador emérito do</p><p>CNPq (2010); três Prêmios Jabuti (2008, 2014 e 2016); título de cidadão campineiro (2016),</p><p>uberlandense (agosto de 2019) e paraibano (novembro de 2019); prêmio Capes Anísio Teixeira</p><p>(2016); prêmios “Tributo Docente” e “Grande Educador Projeção 2017”; Doutor “Honoris</p><p>Causa” pela Universidade Tiradentes (maio de 2017), pela Universidade Federal da Paraíba</p><p>(novembro de 2017) e pela Universidade Federal de Santa Maria (agosto de 2019).</p><p>Atualmente é coordenador geral do Grupo Nacional de Estudos e Pesquisas “História,</p><p>Sociedade e Educação no Brasil” (Histedbr), iniciador e líder do Movimento de Construção</p><p>Coletiva da Pedagogia Histórico-Crítica e professor titular colaborador permanente do</p><p>Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp.</p><p>SOBRE A OBRA:</p><p>Trata-se de um artigo de gênero ensaístico, marcado pela subjetividade, uma vez que o autor</p><p>expõe suas próprias ideias e opiniões sobre o tema abordado. Com o objetivo de apreciar o</p><p>campo de investigação das políticas educacionais. Tomando a relação entre demandas sociais</p><p>por educação e a ação do Estado, seja atendendo-as ou não.</p><p>As principais referências teóricas tratadas pelo autor, citadas mais de uma vez permeiam:</p><p>Weber, M. (1978, 2004, 2010); Muller, P & Surel, Y. (2002); Souza, A. R. (2014); Figueiredo,</p><p>A. M.C & Figueiredo, M. F. (1986, 1996); Oliveira, R. P. (2006); Stumpf, I. (2008); Tello, C.</p><p>(2013); Bourdieu, P. (2004); Maquiavel, N. (1996); Negt, O.; & Kluge, A. (1999); Spósito, M.</p><p>P. (1984); Kowarick, L. (1979); Dale, R. (2004); Fonseca, M. (1997); Peroni, V. (2003);</p><p>Arretche, M. (1998); Ball, S. (2006).</p><p>RESUMO DO TEXTO:</p><p>O autor inicia apresentando concepções básicas de educação, indicando suas características</p><p>filosóficas e situando-as historicamente. Considerando as principais concepções da educação,</p><p>em cinco grandes tendências, sendo elas; Concepção humanista tradicional, que apresenta duas</p><p>vertentes – religiosa e laica; Concepção humanista moderna; Concepção analítica; Concepção</p><p>crítico- reprodutivista; Concepção dialética ou histórica-crítica.</p><p>A seguir, enfatiza-se que cada uma dessas concepções pode ser considerada segundo a filosofia</p><p>da educação, a teoria da educação ou pedagogia e a prática pedagógica. Após as devidas</p><p>conceituação e caracterização das concepções citadas, o autor contribui afirmando que, se toda</p><p>pedagogia é teoria da educação, nem toda teoria da educação é pedagogia. Uma vez que, o</p><p>conceito de pedagogia corresponde a uma teoria que se estrutura a partir e em função da prática</p><p>educativa. Bem como, não se constituem como pedagogia aquelas teorias que analisam a</p><p>educação pelo aspecto de sua relação com a sociedade, não tendo como objetivo formular</p><p>diretrizes que orientem a atividade educativa.</p><p>Por conseguinte, são apresentadas sob a ótica da pedagogia, que as diferentes concepções de</p><p>educação hegemônicas podem ser agrupadas em duas grandes tendências, sendo a primeira;</p><p>composta pelas correntes pedagógicas que dariam prioridade à teoria sobre a prática,</p><p>subordinando estas aquelas sendo que, em seu limite, dissolveriam a prática na teoria. E a</p><p>segunda tendência, que se compõem das correntes que subordinam a teoria à pratica e no limite,</p><p>dissolvem a teoria na prática.</p><p>Visto que a introdução de uma nova tendência não exclui a concepção tradicional que se</p><p>contrapõe às novas correntes, disputando com elas a influência sobre a atividade educativa no</p><p>interior das escolas. Em seguida, aplica-se que as correntes tradicionais se pautam na pedagogia</p><p>de Platão e na pedagogia cristã, assim como da pedagogia dos humanistas, da natureza,</p><p>idealista, de modo respectivo. Já as novas correntes, desde seus precursores, embasam a Nova</p><p>Escola, Pedagogia não diretiva, institucional e Construtivismo.</p><p>Na história da educação brasileira prevalecem as seguintes correntes pedagógicas: Concepção</p><p>pedagógica tradicional na vertente religiosa; Concepção pedagógica tradicional na vertente</p><p>laica; Emergência da pedagogia nova; Predominância da concepção pedagógica produtivista</p><p>(1969 até os dias atuais) e as Concepções pedagógicas contra-hegemônicas.</p><p>Estas últimas caracterizam-se como libertárias, que tiveram um papel importante na pedagogia</p><p>do Movimento Operário nas duas metades do século XX. Encerrando a leitura, encontramos</p><p>uma seção destinada a imprimir a periodização das pedagogias contra-hegemônicas. Que</p><p>correspondem: Ideias sobre educação influenciadas pelo socialismo utópico; Ideias</p><p>pedagógicas de orientação anarquista ou libertária; Advento da influência comunista e sua visão</p><p>da educação; Tendências socialistas em defesa da escola pública na LDB; Marxistas e católicos</p><p>no Movimento de Educação e Cultura Popular; Intelectuais e estudantes na resistência à</p><p>ditadura militar; Organização dos educadores, propostas pedagógicas contra-hegemônicas e</p><p>mobilização pela escola pública no processo de elaboração da Nova LDB e do PNE; e</p><p>Tentativas de reorganização das redes públicas de educação básica pela via contra-hegemônica</p><p>e advento das pedagogias dos movimentos sociais.</p><p>CITAÇÕES:</p><p>“Concepção tradicional o nível preponderante é, sem dúvida, o da filosofia da educação a tal</p><p>ponto que poderíamos mesmo dizer que a teoria da educação, a pedagogia, é subsumida,</p><p>assimilada à filosofia da educação. ” (p. 01).</p><p>“Concepção humanista moderna, cuja filosofia da educação não supõe o homem como uma</p><p>essência universal, mas entende que os homens devem ser considerados na sua existência real,</p><p>como indivíduos vivos que se diferenciam entre si, notamos que a teoria da educação deverá</p><p>dar conta das diferenças que caracterizam os indivíduos os quais devem ser considerados nas</p><p>suas situações de vida e na interação com os outros indivíduos. ” (p. 01).</p><p>“O Estado se relaciona/responde à pressão ou à ausência de pressão social. Em outras palavras,</p><p>o Estado, via de regra, reage às pressões sociais, seja atendendo-as, negociando-as, repelindo-</p><p>as, absorvendo-as mesmo que parcialmente, etc., mas (re)age em acordo com tais pressões, e</p><p>isto lhe dá sentido.” (p. 77).</p><p>“Concepção analítica já apresenta outra peculiaridade. Dado que em tal corrente filosófica a</p><p>função própria da filosofia é definida pela análise da linguagem, a filosofia da educação</p><p>será</p><p>entendida como análise da linguagem educacional. ” (p. 01).</p><p>“Concepção crítico-reprodutivista nos deparamos com outra peculiaridade. Aqui, de certo</p><p>modo, contrariamente ao que ocorre na concepção humanista tradicional, é o nível da teoria da</p><p>educação que subsume ou assimila a filosofia da educação. Isto porque, neste caso, a teoria da</p><p>educação é tributária de uma teoria da sociedade concebida em grau máximo de generalidade</p><p>não se pondo, pois, a possibilidade de um nível que possa abarcá-la como ocorre com a filosofia</p><p>da educação nas outras concepções. ” (p. 02).</p><p>“Concepção pedagógica dialética ou histórico-crítica os três níveis se fazem presentes. O que</p><p>a diferencia das demais concepções é o modo como se articulam esses níveis os quais</p><p>estabelecem entre si relações recíprocas de modo que cada nível se comporta ao mesmo tempo</p><p>como determinado e como determinante dos demais. ” (p. 02).</p><p>“Se toda pedagogia é teoria da educação, nem toda teoria da educação é pedagogia.” (p. 02).</p><p>“Não se constituem como pedagogia aquelas teorias que analisam a educação pelo aspecto de</p><p>sua relação com a sociedade não tendo como objetivo formular diretrizes que orientem a</p><p>atividade educativa, como é o caso das teorias que chamei de “crítico-reprodutivistas.” (p. 02).</p><p>“O ponto de vista da pedagogia, as diferentes concepções de educação até agora hegemônicas</p><p>podem ser agrupadas em duas grandes tendências: a primeira seria composta pelas correntes</p><p>pedagógicas que dariam prioridade à teoria sobre a prática, subordinando esta àquela sendo que,</p><p>no limite, dissolveriam a prática na teoria. A segunda tendência, inversamente, compõe-se das</p><p>correntes que subordinam a teoria à prática e, no limite, dissolvem a teoria na prática. ” (p. 03).</p><p>“Pautando-se pela centralidade da instrução (formação intelectual) pensavam a escola como</p><p>uma agência centrada no professor, cuja tarefa é transmitir os conhecimentos acumulados pela</p><p>humanidade segundo uma gradação lógica, cabendo aos alunos assimilar os conteúdos que lhes</p><p>são transmitidos. Nesse contexto a prática era determinada pela teoria que a moldava</p><p>fornecendo-lhe tanto o conteúdo como a forma de transmissão pelo professor, com a</p><p>consequente assimilação pelo aluno. Essa tendência atinge seu ponto mais avançado na segunda</p><p>metade do século XIX com o método de ensino intuitivo centrado nas lições de coisas. ” (p.</p><p>03).</p><p>“Pautando-se na centralidade do educando, concebem a escola como um espaço aberto à</p><p>iniciativa dos alunos que, interagindo entre si e com o professor, realizam a própria</p><p>aprendizagem, construindo seus conhecimentos. Ao professor cabe o papel de acompanhar os</p><p>alunos auxiliando-os em seu próprio processo de aprendizagem. O eixo do trabalho pedagógico</p><p>desloca-se, portanto, da compreensão intelectual para a atividade prática, do aspecto lógico ao</p><p>psicológico, dos conteúdos cognitivos aos métodos ou processos de aprendizagem, do professor</p><p>para o aluno, do esforço ao interesse, da disciplina à espontaneidade, da quantidade para a</p><p>qualidade. ” (p. 03).</p><p>COMENTÁRIOS E CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEXTO:</p><p>A leitura apresenta reflexões necessárias a respeito do papel da escola, do ensinar e do aprender</p><p>contexto da educação. Seu arcabouço teórico é claro e simples, onde percebe-se que as teorias</p><p>pedagógicas em face a filosofia e da história, passa por um período de maturação até alcançar</p><p>o formato pelo qual a conhecemos hoje. Onde apresenta-se através de Saviani, um contexto</p><p>teórico no qual, por um lado, se admitia que se o papel da educação era reproduzir a sociedade,</p><p>então, qualquer que seja o tipo de educação que se desenvolvia, ela vai sempre a estar</p><p>reproduzindo. Logo, em seguida verifica-se a possibilidade de uma educação que tenha algum</p><p>influxo transformador sobre a sociedade. Onde o aluno possa se tornar o centro da prática</p><p>pedagógica, com a possibilidade de uma educação transformadora no âmbito da própria</p><p>sociedade. Não menos importante, observa-se a apresentação das concepções pedagógicas</p><p>contra-hegemônicas, e das concepções libertárias que tiveram um papel importante na</p><p>pedagogia do movimento operário, bem como as pedagogias dos movimentos sociais populares</p><p>com a pedagogia da alternância, pedagogia do campo, pedagogia da terra e, em forma mais</p><p>desenvolvida, a pedagogia do Movimento Sem Terra (MST), deixando claro que existe uma</p><p>pedagogia que se constitui no movimento de uma luta social. Portanto, a obra de Saviani é rica</p><p>e esclarecedora, trazendo a luz importantes marcos históricos filosóficos no que tange as teorias</p><p>pedagógicas.</p>