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<p>1. CRIMES CONTRA A HONRA</p><p>1.1 Calúnia</p><p>Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:</p><p>Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.</p><p>§ 1.º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou</p><p>divulga.</p><p>§ 2.º É punível a calúnia contra os mortos.</p><p>Exceção da verdade</p><p>§ 3.º Admite-se a prova da verdade, salvo:</p><p>I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi</p><p>condenado por sentença irrecorrível;</p><p>II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no inc. I do art. 141;</p><p>III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por</p><p>sentença irrecorrível.</p><p>Elementos objetivos:</p><p>1) Bem jurídico protegido – a honra objetiva, também denominada reputação.</p><p>2) Sujeito ativo – qualquer pessoa física.</p><p>3) Sujeito passivo – qualquer pessoa, até mesmo os mortos (§ 2.º); quanto à pessoa</p><p>jurídica, admite-se somente no caso de lhe ser imputado crime contra o meio ambiente.</p><p>4) Núcleo do tipo penal – caluniar, que é completado pelo verbo imputar; no caso</p><p>do § 1.º é propalar e divulgar a calúnia.</p><p>5) Momento consumativo – o crime é formal, a consumação ocorre quando o fato</p><p>chega ao conhecimento de terceira pessoa que não o ofendido, pois a honra objetiva</p><p>(reputação) é a imagem, o juízo que os outros fazem da vítima. Quando praticado</p><p>oralmente, o crime é unissubsistente e não admite tentativa; quando plurissubsistente,</p><p>como na calúnia escrita, a tentativa é possível, quando o próprio caluniado toma</p><p>conhecimento dela e impede que chegue ao conhecimento de terceiros.</p><p>Elementos subjetivos: Dolo, direto ou indireto de causar dano à honra da vítima.</p><p>Elementos normativos: Fato definido como crime: fato típico, antijurídico e</p><p>culpável; consistente em um FATO determinado, uma história narrada pelo agente. Não</p><p>caracteriza o crime a imputação de adjetivos ou de situações vagas. P. ex. Não configura</p><p>calúnia chamar alguém de ladrão, de corrupto ou de traficante, nem mesmo dizer que</p><p>alguém roubou ou estuprou, é necessário imputar um fato, uma história, dizer o que</p><p>roubou, quando roubou, de quem roubou, entre outros fatores que construam uma</p><p>história.</p><p>Classificação: crime comum, doloso, comissivo, instantâneo, formal, quando oral</p><p>unissubsistente, quando por outros meios pode ser plurissubsistente.</p><p>Questões Relevantes ou Controversas:</p><p>1) A honra objetiva difere da honra subjetiva, uma vez que a primeira é a imagem</p><p>que a sociedade faz do ofendido, ou seja, é o seu bom nome, o juízo que as demais</p><p>pessoas fazem do seu comportamento social; enquanto a segunda se refere ao decoro,</p><p>à dignidade, trata-se do sentimento de foro íntimo do ofendido.</p><p>2) Para que seja calúnia, a imputação de fato criminoso deve ser falsa. Assim, se for</p><p>verdadeira a imputação, não há calúnia, por isso a exceção da verdade como meio de</p><p>defesa é permitida, como regra geral, nos processos pelo crime de calúnia, a</p><p>comprovação de que a imputação é verdadeira torna atípico o fato. A exceção da</p><p>verdade somente não é admitida nas hipóteses listadas pelo art. 138, § 3.º, do CP.</p><p>3) Parlamentares são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos no exercício do</p><p>mandato, conforme art. 53 da CR/1988. Assim, eventuais calúnias que pratiquem nas</p><p>atividades legislativas não são puníveis.</p><p>4) Os crimes contra a honra praticados por meio de imprensa, ou seja, serviços de</p><p>radiodifusão, incluindo televisão, ou periódicos escritos, são tipificados pelo Código</p><p>Penal, não se aplica mais a Lei de Imprensa, Lei 5.250/1967, que foi considerada</p><p>inconstitucional pelo STF.</p><p>5) O STF entendeu ser inconstitucional o dispositivo do Estatuto dos Advogados</p><p>(art. 7.º, § 2.º, da Lei 8.906/1994) quando prevê imunidade dos advogados para o crime</p><p>de calúnia, ou seja, os advogados não podem caluniar, inventar imputações criminosas</p><p>falsas, na discussão das causas que patrocinam.</p><p>6) Não se admite a exceção da verdade quando: (i) o crime imputado for de ação</p><p>privada e o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível, ainda que seja</p><p>verdade a imputação; (ii) se o fato for imputado ao Presidente da República ou chefe de</p><p>governo estrangeiro; (iii) se o crime for de ação pública e o agente foi por ele absolvido</p><p>com sentença transitada em julgado, seja qual for o fundamento da sentença.</p><p>7) Quando a falsa imputação de crime for levada pelo agente ao conhecimento de</p><p>autoridades públicas com o dolo de causar a instauração de procedimentos</p><p>administrativos ou judiciais para apuração dos crimes, o delito não será calúnia, mas</p><p>denunciação caluniosa (art. 339 do CP).</p><p>8) A calúnia é crime de menor potencial ofensivo, a competência para processo e</p><p>julgamento é do JECrim e o procedimento é o sumaríssimo previsto na Lei 9.099/1995,</p><p>que prevalece sobre o procedimento especial previsto nos arts. 519/523 do CPP.</p><p>Entretanto, como a pena máxima da calúnia é de dois anos, incidindo uma das causas</p><p>de aumento do art. 141 do CP, a competência é da Vara Criminal comum e aplica-se o</p><p>procedimento especial dos art. 519/523 do CPP.</p><p>1.2 Difamação</p><p>Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:</p><p>Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>Exceção da verdade</p><p>Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é</p><p>funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.</p><p>Elementos objetivos:</p><p>1) Bem jurídico protegido – a honra objetiva.</p><p>2) Sujeito ativo – qualquer pessoa física.</p><p>3) Sujeito passivo – qualquer pessoa, inclusive jurídica.</p><p>4) Núcleo do tipo penal – difamar, que é completado pelo verbo imputar.</p><p>5) Momento consumativo – quando o fato chega ao conhecimento de terceira</p><p>pessoa que não o ofendido. A tentativa é possível quando o crime é plurissubsistente e</p><p>o próprio difamado toma ciência da difamação antes de chegar ao conhecimento de</p><p>terceiros.</p><p>Elementos subjetivos: dolo, direto ou indireto de causar dano à reputação da</p><p>vítima.</p><p>Classificação: crime comum, doloso, comissivo, instantâneo, formal,</p><p>unissubsistente quando oral, plurissubsistente nas demais hipóteses.</p><p>Questões Relevantes ou Controversas:</p><p>1) A diferença entre honra objetiva e subjetiva está exposta nos comentários ao art.</p><p>138 do CP.</p><p>2) Assim como na calúnia, é necessário que o fato imputado seja determinado; não</p><p>bastam adjetivos ou situações vagas. P. ex.: não configura difamação chamar alguém de</p><p>traidor ou de safado, é necessário narrar um fato concreto e determinado, que na</p><p>difamação pode ser verdadeiro ou falso. Por isso a exceção da verdade, em regra, não é</p><p>admitida na difamação, uma vez que provar que o fato desonroso era verdadeiro</p><p>somente aumenta a lesão sofrida à honra da vítima.</p><p>3) Somente se admite a exceção da verdade quando o difamado for funcionário</p><p>público e a difamação estiver relacionada com a função. Nessas hipóteses há interesse</p><p>público na confirmação do fato, conforme se verifica no art. 139, parágrafo único.</p><p>1.3 Injúria</p><p>Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:</p><p>Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>§ 1.º O juiz pode deixar de aplicar a pena:</p><p>I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;</p><p>II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.</p><p>Injúria real</p><p>§ 2.º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou</p><p>pelo meio empregado, se considerem aviltantes:</p><p>Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena</p><p>correspondente à violência.</p><p>Injúria com preconceito</p><p>§ 3.º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor,</p><p>etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de</p><p>deficiência:</p><p>Pena – reclusão de um a três anos e multa.</p><p>Elementos objetivos:</p><p>1) Bem jurídico protegido – a honra subjetiva, consiste na honra interna, na</p><p>dignidade no decoro. Esse elemento diferencia a injúria dos crimes de calúnia e de</p><p>difamação que protegem a honra objetiva. Por isso, a calúnia e a difamação</p><p>são dirigidas</p><p>sempre a terceiros, enquanto a injúria é dirigida à própria vítima, independe do</p><p>conhecimento de terceiros.</p><p>2) Sujeito ativo – qualquer pessoa física.</p><p>3) Sujeito passivo – qualquer pessoa física, as pessoas jurídicas não podem ser</p><p>sujeito passivo de injúria, pois não têm honra subjetiva.</p><p>4) Núcleo do tipo penal – injuriar, que é completado pelo verbo ofender.</p><p>5) Momento consumativo – trata-se de crime formal, e a consumação ocorre</p><p>quando o fato chega ao conhecimento do ofendido, mesmo que este não se sinta</p><p>ofendido. A tentativa é, em tese, possível quando um terceiro toma conhecimento da</p><p>injúria e impede que a vítima tenha ciência dela. Como a ação penal é privada,</p><p>dificilmente essa situação chegará aos tribunais, pois para exercer o direito de queixa a</p><p>vítima tem que tomar conhecimento do fato, o que acarreta a consumação do crime. A</p><p>tentativa somente ganha relevância em situações de representação processual, por</p><p>exemplo, o pai toma conhecimento da injúria contra o filho menor, sem cientificá-lo,</p><p>oferece em seu nome a queixa-crime, exercendo o direito de ação penal privada</p><p>enquanto representante legal.</p><p>Elementos subjetivos: dolo, direto ou indireto de causar dano à dignidade.</p><p>Classificação: crime comum, doloso, comissivo, instantâneo, formal,</p><p>unissubsistente quando oral, plurissubsistente em outras hipóteses.</p><p>Questões Relevantes ou Controversas:</p><p>1) A diferença entre honra objetiva e subjetiva está exposta nos comentários ao art.</p><p>138 do CP.</p><p>2) Na calúnia e na difamação deve haver imputação de fato, que por sua vez deve</p><p>ser determinado; na injúria não há tal exigência, podendo o crime ser praticado</p><p>mediante a imputação de adjetivos e situações vagas, desde que ofensivas à dignidade.</p><p>3) Pouco importa que a qualidade pejorativa atribuída ao ofendido seja verdadeira</p><p>ou falsa, será crime mesmo sendo verdadeira.</p><p>4) Em regra, a injúria é direta, ou seja, o agente dirige a ofensa diretamente ao</p><p>ofendido, mas o crime também pode ser praticado por meio de terceiros, se consuma</p><p>quando terceira pessoa leva ao conhecimento do ofendido a ofensa, da qual toma</p><p>conhecimento indiretamente.</p><p>5) Admite-se o perdão judicial nos casos previstos no § 1.º, quais sejam: (1) quando</p><p>o ofendido provocou, de forma reprovável, o ofensor; (2) quando o ofensor apenas</p><p>retorquiu uma injúria com outra injúria.</p><p>6) Há injúria real (§ 2.º) quando o ofensor se utiliza de contato físico, vias de fato</p><p>ou violência, com o dolo de ofender. Por exemplo, quando profere um tapa estalado,</p><p>quando cospe no rosto do ofendido ou quando d· uma facada no rosto. Nesses casos a</p><p>pena correspondente à violência é aplicada concomitantemente com a pena da injúria.</p><p>Por exemplo, lesão corporal leve e injúria real em concurso de crimes, sendo que a</p><p>contravenção de vias de fato, contato corporal sem o dolo de lesão corporal é absorvida</p><p>pela injúria real, devendo o agente responder somente pela injúria real.</p><p>7) Há injúria com preconceito ou injúria discriminatória (§ 3.º) quando o ofensor se</p><p>utiliza de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou à condição de</p><p>pessoa idosa ou portadora de deficiência, o que torna a pena maior (reclusão de um a</p><p>três anos e multa). Importante esclarecer, todavia, que, ao contrário do que muito se</p><p>propaga, esse não é o crime de racismo, e sim de injúria com preconceito.</p><p>Racismo é o crime definido no art. 20 da Lei 7.716/1989, e a diferença entre os dois</p><p>está no sujeito passivo. Enquanto na injúria o sujeito passivo é determinado, crime</p><p>contra a pessoa, nos crimes de racismo (art. 20 da Lei 7.716/1989) a coletividade é o</p><p>sujeito passivo, não há uma vítima determinada.</p><p>Entretanto o STJ e o STF reconheceram que a injúria preconceituosa ou racial é uma</p><p>espécie do gênero racismo e está abrangida pelo art. 5º, XLII da CF, sendo imprescritível</p><p>e inafiançável, ao lado dos crimes de racismo previstos na lei específica.</p><p>8) A injúria simples (caput) e a injúria real (§ 2.º) são crimes de menor potencial</p><p>ofensivo, enquanto a injúria preconceituosa (§ 3.º) é crime comum de competência da</p><p>Vara Criminal comum e adota o procedimento especial previsto nos arts. 519/523 do</p><p>CPP.</p><p>1.4 Disposições comuns</p><p>Aumentos de pena:</p><p>Causas de aumento de pena</p><p>Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se</p><p>qualquer dos crimes é cometido:</p><p>I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;</p><p>II – contra funcionário público, em razão de suas funções;</p><p>III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da</p><p>calúnia, da difamação ou da injúria;</p><p>IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência,</p><p>exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei n.º 10.741, de 2003.)</p><p>§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-</p><p>se a pena em dobro. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes</p><p>sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena.</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>Notas:</p><p>1) Causas de aumento de pena, aplicáveis na terceira fase da dosimetria da pena.</p><p>2) A pena dos crimes contra a honra dos idosos (maiores de 60 anos) e portadores</p><p>de deficiência é aumentada, exceto no caso de injúria, cuja pena já é mais alta, haja vista</p><p>não ser tipificada a injúria com preconceito (art. 140, § 3.º, do CP).</p><p>3) O pacote anticrime, lei 13964/2019 incluiu o §2º dispondo que se o crime é</p><p>cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de</p><p>computadores, aplica-se em triplo a pena, este dispositivo foi inicialmente vetado pelo</p><p>Presidente da República, mas o veto foi derrubado pelo Congresso Nacional e o</p><p>dispositivo entrou em vigor no dia 30/04/2021. Trata-se de novo aumento de pena,</p><p>sendo irretroativo.</p><p>Exclusão do crime:</p><p>Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível:</p><p>I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu</p><p>procurador;</p><p>II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo</p><p>quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;</p><p>III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou</p><p>informação que preste no cumprimento de dever do ofício.</p><p>Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela</p><p>difamação quem lhe dá publicidade.</p><p>Notas:</p><p>1) Todos os casos previstos nestas hipóteses de imunidade somente se aplicam à</p><p>difamação e à injúria, excluindo-se do âmbito de aplicação do dispositivo a calúnia.</p><p>2) O inciso I é conhecido como imunidade judiciária e está condizente com o art.</p><p>133 da Constituição, bem como o art. 7.º, § 2.º, do Estatuto dos Advogados, que também</p><p>aplicava a imunidade a casos de calúnia e de desacato, mas para estes dois últimos</p><p>crimes foi considerado inconstitucional pelo STF, sendo aplicado somente à injúria e à</p><p>difamação.</p><p>3) Nos incisos II e III deve ser verificado o ânimo, pois, ainda que a ofensa seja</p><p>irrogada naquelas hipóteses, se a intenção do agente era claramente ofender, o crime</p><p>subsiste, do contrário, quando está dentro da regularidade da crítica e da atividade de</p><p>ofício, o crime é afastado.</p><p>4) A divulgação da ofensa, fora dos limites dos dispositivos legais, é punível de</p><p>forma independente.</p><p>Retratação como extinção da punibilidade:</p><p>Retratação</p><p>Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia</p><p>ou da difamação, fica isento de pena.</p><p>Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a</p><p>difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se</p><p>assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.</p><p>Notas:</p><p>1) Esse dispositivo não se aplica à injúria.</p><p>2) Tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade, conforme art. 107, VI,</p><p>do CP, que prevê a retratação como causa extintiva da punibilidade quando</p><p>prevista em</p><p>lei.</p><p>3) A retratação não se confunde com a negativa do fato, nem mesmo com um</p><p>singelo pedido de desculpas; retratar é confessar o erro e voltar atrás no que declarou</p><p>de forma expressa, não se admitindo retratação tácita.</p><p>4) A retratação pode ser feita independentemente de aceitação do ofendido, e só</p><p>é admitida até a sentença de primeira instância.</p><p>5) A Lei 13.188/2015 incluiu o parágrafo único no art. 143, que dispõe que, nos</p><p>casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de</p><p>meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos</p><p>mesmos meios em que se praticou a ofensa.</p><p>Pedido de explicações em juízo:</p><p>Pedido de explicações</p><p>Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou</p><p>injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se</p><p>recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela</p><p>ofensa.</p><p>Notas:</p><p>1) Quando a ofensa não é clara, a interpelação judicial, ou seja, o pedido de</p><p>explicações em juízo, é a medida adequada para elucidação do fato. Trata-se de medida</p><p>preparatória e facultativa para a eventual propositura futura de queixa-crime.</p><p>2) O interpelado não é obrigado a dar explicações.</p><p>3) A satisfatoriedade das explicações é aferida pelo juiz que processar a queixa-</p><p>crime futura, se proposta.</p><p>4) O pedido de explicações não interfere no curso do prazo decadencial para</p><p>propositura da ação penal privada.</p><p>Ação penal</p><p>Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante</p><p>queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2.º, da violência resulta lesão</p><p>corporal.</p><p>Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no</p><p>caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação</p><p>do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3.º</p><p>do art. 140 deste Código.</p><p>Notas:</p><p>1) Os crimes contra a honra são, em regra, de ação penal privada, somente se</p><p>procede mediante a queixa da vítima, não sendo o Ministério Público parte legítima para</p><p>iniciar o processo por meio da denúncia.</p><p>2) Nos casos de injúria real praticados com violência, que resultou em lesão</p><p>corporal, a ação penal é regida pela lesão corporal; sendo leve, a ação penal é pública</p><p>condicionada à representação do ofendido; quando o crime for de injúria real, resulta</p><p>em lesão grave, gravíssima ou seguida de morte, a ação penal é incondicionada.</p><p>3) Quando o ofendido for o Presidente da República ou chefe de governo</p><p>estrangeiro (art. 141, I, do CP), a ação penal é pública condicionada à requisição do</p><p>Ministro da Justiça.</p><p>4) Quando o ofendido for um funcionário público no exercício de suas funções (art.</p><p>141, II, do CP); de ação pública condicionada à representação. Nessas hipóteses, o STF,</p><p>por meio do Enunciado 714 da Súmula, entendeu que, por serem os crimes de ação</p><p>privada, o benefício da ação penal pública condicionada à representação é de natureza</p><p>pessoal e cabe ao ofendido decidir o que prefere a ação pública, mediante a</p><p>representação ou a ação penal privada, sendo concorrente a legitimidade dele e do MP</p><p>para propor a ação penal.</p><p>5) Nos casos de injúria por preconceito, a ação penal será sempre condicionada à</p><p>representação. Não se aplica nesse caso a Súmula 714 do STF, já que a ação penal do</p><p>crime é pública condicionada à representação, e não privada como nos demais casos,</p><p>portanto não há escolha.</p>