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tanto	se	resultar	lesão	corporal	de	natureza	grave	como	se	resultar	morte.	O	resultado	agravador	(lesão
corporal	de	natureza	grave	ou	morte)	pode	ser	doloso	ou	culposo.	Não	se	cuida	de	crime
essencialmente	preterdoloso.	As	lesões	leves	e	a	tentativa	de	homicídio	não	qualificam	a	rixa.
■ Rixa	e	legítima	defesa:	Não	é	possível	suscitar	a	legítima	defesa	no	crime	de	rixa,	pois	quem	dele
dolosamente	participa	comete	ato	ilícito.
■ Ação	penal:	É	pública	incondicionada,	qualquer	que	seja	a	modalidade	do	delito.
■ Lei	9.099/1995:	A	rixa	simples	e	a	rixa	qualificada	são	infrações	penais	de	menor	potencial	ofensivo.
Os	limites	máximos	da	pena	privativa	de	liberdade	autorizam	a	transação	penal,	se	presentes	os
demais	requisitos	legais,	e	o	processo	e	julgamento	desse	crime	seguem	o	rito	sumaríssimo	(arts.	76	e
77).
■ Jurisprudência	selecionada:
Rixa	e	homicídio:	“Não	tendo	sido	apurado	o	autor	do	tiro	causador	do	homicídio,	não	é	admissível
que	por	ele	 respondam	todos	os	participantes	da	 rixa,	que	pressupõe	grupos	opostos”	 (STF:	AP
196/PB,	Rel.	Min.	Aliomar	Baleeiro,	Tribunal	Pleno,	j.	10.06.1970).
Rixa	qualificada:	“Se	o	Ministério	Público	e	a	decisão	de	pronúncia	reconhecem	a	existência	da	rixa
em	que	duas	 facções	 lutaram	em	completa	confusão	e	não	 se	aponta	quem	 teria	vibrado	o	único
golpe	 de	 que	 resultou	 a	morte	 de	 um	 dos	 contendores,	 seria	 iníquo	 responsabilizarem-se	 todos
esses	do	lado	oposto	ao	da	vítima	sob	fundamento	de	coautoria.	A	rixa	caracteriza-se	exatamente
pelo	conflito	quase	sempre	subitâneo,	confuso	e	generalizado,	que	 torna	 impossível	a	 fixação	da
autoria,	como	aconteceu	no	caso”	(STF:	RHC	43.756/SP,	Rel.	Min.	Aliomar	Baleeiro,	2.ª	Turma,	j.
08.11.1966).
Capítulo	V
DOS	CRIMES	CONTRA	A	HONRA
■ Conceito	de	honra:	Honra	é	o	conjunto	das	qualidades	físicas,	morais	e	intelectuais	de	um	ser
humano,	que	o	fazem	merecedor	de	respeito	no	meio	social	e	promovem	sua	autoestima.	É	um
sentimento	natural,	inerente	a	todo	homem	e	cuja	ofensa	produz	uma	dor	psíquica,	um	abalo	moral,
acompanhados	de	atos	de	repulsão	ao	ofensor.	Representa	o	valor	social	do	indivíduo,	pois	está	ligada
à	sua	aceitação	ou	aversão	dentro	de	um	dos	círculos	sociais	em	que	vive,	integrando	seu	patrimônio.
Trata-se	de	patrimônio	moral	que	encontra	proteção	como	direito	fundamental	do	homem	no	art.	5º,
inciso	X,	da	Constituição	Federal	(fundamento	constitucional	dos	crimes	contra	a	honra).
■ Espécies	de	honra:	a)Honra	objetiva	e	honra	subjetiva.	A	honra	objetiva	é	a	visão	que	as	demais
pessoas	da	coletividade	têm	acerca	das	qualidades	físicas,	morais	e	intelectuais	de	alguém,	ou	seja,	é
a	reputação	de	cada	indivíduo	no	meio	social	em	que	está	imerso;	em	suma,	é	o	julgamento	que	as
pessoas	fazem	de	alguém.	Já	a	honra	subjetiva	é	o	sentimento	que	cada	pessoa	possui	acerca	das	suas
próprias	qualidades	físicas,	morais	e	intelectuais,	o	juízo	que	cada	um	faz	de	si	mesmo	(autoestima).
Subdivide-se	em	honra-dignidade	(conjunto	de	qualidades	morais	do	indivíduo)	e	honra-decoro
(conjunto	de	qualidades	físicas	e	intelectuais).	b)	Honra	comum	e	honra	especial.	Honra	comum	é	a
atinente	à	vítima	enquanto	pessoa	humana,	independentemente	das	atividades	por	ela	exercidas.	Honra
especial,	ou	honra	profissional,	é	a	que	se	relaciona	com	a	atividade	particular	da	vítima.
■ Subsidiariedade:	Os	crimes	contra	a	honra	estão	previstos	também	em	diversas	leis	extravagantes,
como	o	Código	Penal	Militar	e	o	Código	Eleitoral.	Os	tipos	previstos	no	Código	Penal	somente	serão
aplicados	quando	não	se	verificar	nenhuma	das	hipóteses	excepcionalmente	elencadas	pela	legislação
especial.	Se	o	fato	cometido	no	caso	concreto	ostentar	os	elementos	especializantes	contidos	na	lei
especial,	esta	terá	preferência	sobre	a	lei	geral	(princípio	da	especialidade).
■ Classificação:	são	crimes	de	dano	(deve-se	efetivamente	lesionar	a	honra	da	vítima,	não	bastando	a
exposição	do	bem	jurídico	a	uma	situação	de	perigo).	Sem	prejuízo,	são	delitos	formais,	de
consumação	antecipada	ou	de	resultado	cortado:	o	tipo	penal	contém	conduta	e	resultado
naturalístico,	bastando	a	prática	daquela	para	a	consumação.
■ Sujeito	ativo:	qualquer	pessoa	(crime	comum).	Algumas	pessoas,	todavia,	são	imunes	aos	crimes
contra	a	honra.	Não	os	praticam,	ainda	que	ofendam	a	honra	alheia,	pois	o	ordenamento	jurídico	as
afastam	da	incidência	do	Direito	Penal.	a)	Imunidades	Parlamentares:	A	imunidade	material	protege
o	parlamentar	em	suas	opiniões,	palavras	e	votos,	desde	que	relacionadas	às	suas	funções,	não
abrangendo	manifestações	desarrazoadas	e	desprovidas	de	conexão	com	seus	deveres	constitucionais.
A	imunidade	material	abrange	os	deputados	federais	e	senadores.	De	acordo	com	o	art.	27,	§	1º,	da
Constituição	Federal,	aos	deputados	estaduais	serão	aplicadas	as	mesmas	regras	sobre	imunidades
relativas	aos	deputados	federais	e	senadores.	No	tocante	ao	Poder	Legislativo	Municipal,	dispõe	o	art.
29,	inciso	VIII,	da	Constituição	Federal	que	os	municípios	serão	regidos	por	lei	orgânica,	que	deverá
obedecer,	entre	outras	regras,	a	da	inviolabilidade	dos	vereadores	por	suas	opiniões,	palavras	e
votos,	no	exercício	do	mandato	e	na	circunscrição	do	Município.	b)	Advogados.	De	acordo	com	o	art.
7º,	§	2º,	da	Lei	8.906/1994,	“o	advogado	tem	imunidade	profissional,	não	constituindo	injúria,
difamação	ou	desacato	puníveis	qualquer	manifestação	de	sua	parte,	no	exercício	de	sua	atividade,	em
juízo	ou	fora	dele,	sem	prejuízo	das	sanções	disciplinares	perante	a	OAB,	pelos	excessos	que
cometer”.	O	Supremo	Tribunal	Federal,	na	Ação	Direta	de	Inconstitucionalidade	1.127-8,	declarou	a
inconstitucionalidade	da	expressão	“ou	desacato”	constante	deste	dispositivo	legal.	A	imunidade
profissional	do	advogado	não	se	estende	ao	crime	de	calúnia.
■ Sujeito	passivo:	Pode	ser	qualquer	pessoa	física.	Os	crimes	contra	a	honra	supõem,	em	sua
configuração	estrutural	e	típica,	a	existência	de	sujeito	passivo	determinado	e	conhecido.	Não	é
imprescindível,	contudo,	que	a	pessoa	moralmente	ofendida	seja	objeto	de	expressa	referência
nominal.	Basta	que	o	ofendido	seja	designado	de	maneira	tal	que	torne	possível	a	sua	identificação,
ainda	que	na	limitada	esfera	de	suas	relações	pessoais,	profissionais	ou	sociais.	Os	desonrados,	os
doentes	mentais	e	menores	de	18	anos	também	podem	ser	vítimas	de	todos	os	crimes	contra	a	honra.
A	pessoa	jurídica	pode	ser	vítima	de	calúnia	(apenas	quanto	a	crimes	ambientais)	e	difamação,	mas
nunca	de	injúria.	Nada	obstante	estabeleça	o	art.	138,	§	2º,	do	Código	Penal	a	punibilidade	da	calúnia
contra	os	mortos,	a	lei	protege	a	honra	dos	falecidos	relativamente	à	memória	da	boa	reputação,	bem
como	o	interesse	dos	familiares	em	preservar	sua	dignidade,	não	sendo	o	morto	o	sujeito	passivo	do
crime.	Vítimas	do	crime,	portanto,	são	o	cônjuge	e	os	familiares	do	falecido.	Se	o	sujeito	passivo	da
calúnia	e	da	difamação	for	o	Presidente	da	República,	do	Senado	Federal,	da	Câmara	dos	Deputados
ou	do	Supremo	Tribunal	Federal,	a	conduta	pode	ser	deslocada	do	Código	Penal	para	o	art.	26	da	Lei
7.170/1983	–	Crimes	contra	a	Segurança	Nacional.
■ Elemento	subjetivo:	Em	regra	é	o	dolo,	direto	ou	eventual,	não	havendo	crime	contra	a	honra	de
natureza	culposa.	No	subtipo	de	calúnia,	definido	pelo	art.	138,	§	1º,	do	Código	Penal,	admite-se
exclusivamente	o	dolo	direto,	pois	consta	a	expressão	“sabendo	falsa	a	imputação”.	Não	basta	praticar
a	conduta	descrita	pelo	tipo	penal	de	cada	um	dos	crimes	contra	a	honra.	Exige-se	um	especial	fim	de
agir(teoria	finalista	=	elemento	subjetivo	do	tipo	ou	elemento	subjetivo	do	injusto;	teoria	clássica	=
dolo	específico),	consistente	na	intenção	de	macular	a	honra	alheia	(animus	diffamandi	vel
injuriandi).
■ Consentimento	do	ofendido:	A	honra	é	bem	jurídico	disponível.	Portanto,	o	consentimento	do
ofendido,	se	prévio,	emanado	de	pessoa	capaz	e	livre	de	qualquer	tipo	de	coação	ou	fraude,	exclui	o
crime.	O	consentimento	posterior,	por	outro	lado,	pode	ensejar	a	renúncia	ou	o	perdão,	extinguindo	a
punibilidade,	pois	os	crimes	contra	a	honra,	em	regra,	somenteprocedem-se	mediante	queixa.	O
consentimento	prestado	pelo	representante	legal	de	um	menor	de	idade	ou	incapaz	não	afasta	o	crime,
pois	a	honra	não	lhe	pertence,	e	a	ninguém	é	dado	dispor	validamente	de	direito	alheio.
	 Calúnia Difamação Injúria
Classificação	no	tocante	à
intensidade	do	mal	visado
pela	conduta
Crimes	de	dano
Classificação	quanto	à
relação	entre	conduta	e
resultado	naturalístico
Delitos	formais,	de	consumação	antecipada	ou	de	resultado	cortado
Sujeito	ativo
Regra:	crimes	comuns	ou	gerais
Exceções:	imunidades	parlamentares	e	advogados,	entre	outras
Sujeito	passivo
Qualquer	pessoa	física	e	pessoa	jurídica	(na	calúnia,
relativamente	aos	crimes	ambientais)
Qualquer	pessoa	física
Meios	de	execução Crimes	de	forma	livre
Elemento	subjetivo
Dolo,	direto	ou	eventual
Dolo,	direto	ou	eventual
(exceto	no	§	1.º	em	que	o
dolo	só	pode	ser	o	direto)
Lei	9.099/1995 Infrações	penais	de	menor	potencial	ofensivo
Infração	penal	de	menor
potencial	ofensivo	(exceto
injúria	qualificada	–	art.
140,	§	3.°)
Causas	especiais	de	exclusão
da	ilicitude	(art.	142)
Não	se	aplicam Aplicam-se
Retratação
Admitem
(obs.:	causa	extintiva	da	punibilidade	de	natureza	subjetiva	–
não	se	comunica	aos	demais	querelados	que	não	se
retrataram)
Não	admite
Pedido	de	explicações Admitem
Ação	penal
Regra:	Privada
Exceção:
•	Pública	condicionada	à
requisição	do	Ministro	da
Justiça	no	crime	contra	o
Presidente	da	República	ou
contra	chefe	de	governo
estrangeiro.
•	Pública	condicionada	à
representação	do	ofendido
no	crime	contra	funcionário
público,	em	razão	de	suas
funções.
Regra:	Privada
Exceções:
•	Pública	condicionada	à
requisição	do	Ministro	da
Justiça	no	crime	contra	o
Presidente	da	República	ou
contra	chefe	de	gov-erno
estrangeiro;
•	Pública	condicionada	à
representação	do	ofendido
no	crime	contra	funcionário
público,	em	razão	de	suas
funções.
Regra:	Privada
Exceções:
•	Pública	incondicionada	na
injúria	real,	se	da	violência
resulta	lesão	corporal;
•	Pública	condicionada	à
representação	do	ofendido
no	crime	contra	funcionário
público,	em	razão	de	suas
funções;
•	Pública	condicionada	à
representação	do	ofendido
no	crime	de	injúria
qualificada	previsto	no	art.
140,	§	3.º;
•	Pública	condicionada	à
requisição	do	Ministro	da
Justiça	no	crime	contra	o
Presidente	da	República	ou
contra	chefe	de	governo
estrangeiro.
Calúnia
Art.	138.	Caluniar	alguém,	imputando-lhe	falsamente	fato	definido	como	crime:	Pena	–	detenção,	de	seis	meses	a	dois	anos,
e	multa.
§	1º	Na	mesma	pena	incorre	quem,	sabendo	falsa	a	imputação,	a	propala	ou	divulga.
§	2º	É	punível	a	calúnia	contra	os	mortos.
Exceção	da	verdade
§	3º	Admite-se	a	prova	da	verdade,	salvo:
I	–	se,	constituindo	o	fato	imputado	crime	de	ação	privada,	o	ofendido	não	foi	condenado	por	sentença	irrecorrível;
II	–	se	o	fato	é	imputado	a	qualquer	das	pessoas	indicadas	no	nº	I	do	art.	141;
III	–	se	do	crime	imputado,	embora	de	ação	pública,	o	ofendido	foi	absolvido	por	sentença	irrecorrível.
Classificação:
Crime	comum
Crime	de	forma	livre
Crime	unissubsistente	ou	plurissubsistente
Crime	instantâneo
Crime	unissubjetivo	(regra)
Crime	comissivo
Crime	de	dano
Crime	formal
Informações	rápidas:
Atinge	a	honra	objetiva	da	pessoa	(o	crime	consumase	quando	a
imputação	falsa	de	crime	chega	ao	conhecimento	de	terceira
pessoa).
Imputação	falsa	de	crime	(qualquer	espécie	–	não	abrange
contravenção	penal),	fato	determinado,	verossímil	e	contra	pessoa
certa	e	determinada.
A	tentativa	é	ou	não	possível,	dependendo	do	meio	de	execução	do
crime.
A	calúnia	é	o	único	crime	contra	a	honra	que	tutela	os	mortos.
	
	
A	regra	é	a	admissibilidade	da	exceção	da	verdade.
■ Introdução:	Caluniar	consiste	na	atividade	de	atribuir	falsamente	a	alguém	a	prática	de	fato
definido	como	crime.
■ Objeto	jurídico:	O	bem	jurídico	tutelado	é	a	honra	objetiva,	ou	seja,	a	reputação	da	pessoa	na
sociedade.
■ Objeto	material:	É	a	pessoa	que	tem	sua	honra	objetiva	ofendida	pela	conduta	criminosa.
■ Núcleo	do	tipo:	É	“caluniar”.	O	legislador	foi	redundante.	Com	efeito,	caluniar	é	imputar,	razão	pela
qual	não	era	necessário	dizer:	“caluniar	alguém,	imputando-lhe...”.	A	conduta	consiste	em	atribuir	a
alguém	a	prática	de	determinado	fato.	Esse	fato,	entretanto,	deve	ser	previsto	em	lei	como	criminoso.
Imputação	falsa	de	contravenção	penal	atinge	a	honra,	configurando	crime	de	difamação,	mas	não
calúnia.	O	fato	deve	ser	também	verossímil,	pois	em	caso	contrário	não	há	calúnia.	Se	não	bastasse,	é
fundamental	seja	a	ofensa	dirigida	contra	pessoa	certa	e	determinada.
■ Elemento	normativo	do	tipo	–	“falsamente”:	A	imputação	do	fato	definido	como	crime	deve	ser
falsa.	Essa	falsidade	pode	recair	sobre	o	fato:	o	crime	atribuído	à	vítima	não	ocorreu;	ou	sobre	o
envolvimento	no	fato:	o	crime	foi	praticado,	mas	a	vítima	não	tem	nenhum	tipo	de	responsabilidade
em	relação	a	ele.
■ Consumação:	No	momento	em	que	a	imputação	falsa	de	crime	chega	ao	conhecimento	de	terceira
pessoa,	sendo	irrelevante	se	a	vítima	tomou	ou	não	ciência	do	fato.
■ Tentativa:	É	ou	não	possível,	dependendo	do	meio	de	execução	do	crime,	ou	seja,	se	o	delito
apresentar-se	como	plurissubsistente	(exemplo:	carta	que	se	extravia)	ou	unissubsistente	(exemplo:
ofensa	oral).
■ Subtipo	da	calúnia	(art.	138,	§	1º):	Verifica-se	essa	espécie	de	calúnia	quando	alguém,	depois	de
tomar	conhecimento	da	imputação	falsa	de	um	crime	à	vítima,	leva	adiante	a	ofensa,	transmitindo-a	a
outras	pessoas.	Propalar	é	relatar	verbalmente,	enquanto	divulgar	consiste	em	relatar	por	qualquer
outro	meio	(exemplos:	panfletos,	outdoors,	gestos	etc.).	Essa	modalidade	do	crime	de	calúnia	é
incompatível	com	o	dolo	eventual,	pois	o	tipo	utiliza	a	expressão	“sabendo	falsa	a	imputação”.
■ Calúnia	contra	os	mortos:	A	lei	tutela	a	honra	das	pessoas	mortas	relativamente	à	memória	da	boa
reputação,	bem	como	o	interesse	dos	familiares	em	preservar	a	dignidade	do	falecido.	Vítimas	do
crime	são	o	cônjuge	e	os	familiares	do	morto,	pois	este	último	não	tem	mais	direitos	a	serem
penalmente	protegidos.
■ Exceção	da	verdade:	É	o	instrumento	adequado	para	viabilizar	aquele	a	quem	se	atribui	a
responsabilidade	pela	calúnia	a	prova	da	veracidade	do	fato	criminoso	por	ele	imputado	a	outrem,	e
se	fundamenta	no	interesse	público	em	apurar	a	efetiva	responsabilidade	pelo	crime	para
posteriormente	punir	seu	autor,	coautor	ou	partícipe.	Trata-se	de	incidente	processual	e	prejudicial,
pois	impede	a	análise	do	mérito	do	crime	de	calúnia.	Ademais,	constitui-se	em	medida	facultativa	de
defesa	indireta,	pois	o	acusado	pelo	delito	contra	a	honra	não	é	obrigado	a	se	valer	da	exceção	da
verdade,	e	pode	defender-se	diretamente	(exemplo:	negativa	de	autoria).	Em	razão	de	ser	a	falsidade
da	imputação	uma	elementar	do	crime	de	calúnia,	a	regra	é	a	admissibilidade	da	exceção	da
verdade.	Entretanto,	a	exceção	da	verdade	não	poderá	ser	utilizada	em	três	situações	expressamente
previstas	pelo	§	3º	do	art.	138	do	Código	Penal,	a	saber:	I	–	se,	constituindo	o	fato	imputado	crime	de
ação	privada,	o	ofendido	não	foi	condenado	por	sentença	irrecorrível;	II	–	se	o	fato	é	imputado	a
qualquer	das	pessoas	indicadas	no	n.	I	do	art.	141;	e	III	–	se	do	crime	imputado,	embora	de	ação
pública,	o	ofendido	foi	absolvido	por	sentença	irrecorrível.	Esse	rol	é	taxativo	e	não	pode	ser
ampliado	pelo	intérprete	da	lei.
■ Ação	Penal:	Em	regra,	a	ação	penal	é	privada.	Exceções:	a	ação	será	pública	condicionada	à
requisição	do	Ministro	da	Justiça	no	crime	contra	o	Presidente	da	República	ou	contra	chefe	do
governo	estrangeiro,	ou	pública	condicionada	à	representação	do	ofendido	no	crime	contra	funcionário
público,	em	razão	das	suas	funções.
■ Lei	9.099/1995:	Em	face	da	pena	máxima	cominada	ao	delito,	trata-se	de	infração	penal	de	menor
potencial	ofensivo.
■ Jurisprudência	selecionada:
Direitos	 indígenas	–	competência	–	Justiça	Federal:	“Compete	à	Justiça	Federal	–	e	não	à	Justiça
Estadual	–	processar	e	julgar	ação	penal	referente	aos	crimes	de	calúnia	e	difamação	praticados	no
contexto	 de	 disputapela	 posição	 de	 cacique	 em	 comunidade	 indígena.	 O	 conceito	 de	 direitos
indígenas,	previsto	no	art.	109,	XI,	da	CF/1988,	para	efeito	de	fixação	da	competência	da	Justiça
Federal,	 é	 aquele	 referente	 às	 matérias	 que	 envolvam	 a	 organização	 social	 dos	 índios,	 seus
costumes,	línguas,	crenças	e	tradições,	bem	como	os	direitos	sobre	as	terras	que	tradicionalmente
ocupam,	compreendendo,	portanto,	a	hipótese	em	análise”	(STJ:	CC	123.016/TO,	Rel.	Min.	Marco
Aurélio	Bellizze,	3ª	Seção,	j.	26.06.2013,	noticiado	no	Informativo	527).
Dolo:	“O	agente	que	atribui	falsamente	a	terceiros	a	prática	de	fatos	criminosos	incorre	na	prática	do
delito	 de	 calúnia.	Dolo	 específico	 que,	 em	 juízo	 de	 delibação	 da	 exordial	 acusatória,	 revela-se
demonstrado.	 Imputação	 de	 fatos	 desabonadores	 e	 ofensas	 que,	 em	 juízo	 de	 admissibilidade	 da
exordial	acusatória,	demonstram-se	apto	a	atingir	a	reputação	profissional	e	a	honra	do	ofendido”
(STJ:	APn	574/BA,	rel.	Min.	Eliana	Calmon,	Corte	Especial,	j.	18.08.2010).
Dolo	e	imunidades	parlamentares:	“As	afirmações	tidas	como	ofensivas	pelo	Querelante	foram	feitas
no	exercício	do	mandato	parlamentar,	por	ter	o	Querelado	se	manifestado	na	condição	de	Deputado
Federal	 e	 de	 Presidente	 da	 Câmara,	 não	 sendo	 possível	 desvincular	 aquelas	 afirmações	 do
exercício	 da	 ampla	 liberdade	 de	 expressão,	 típica	 da	 atividade	 parlamentar	 (art.	 51	 da
Constituição	da	República).	O	art.	53	da	Constituição	da	República	dispõe	que	os	Deputados	são
isentos	de	 enquadramento	penal	 por	 suas	opiniões,	 palavras	 e	 votos,	 têm	 imunidade	material	 no
exercício	 da	 função	 parlamentar.	 Ausência	 de	 indício	 de	 animus	 difamandi	 ou	 injuriandi,	 não
sendo	possível	desvincular	a	citada	publicação	do	exercício	da	liberdade	de	expressão,	própria	da
atividade	de	comunicação	(art.	5º,	 inc.	 IX,	da	Constituição	da	República)”	 (STF:	 Inq.	2.297/DF,
rel.	Min.	Carmen	Lúcia,	Tribunal	Pleno,	j.	20.09.2007).
Exceção	da	verdade	–	autoridade	com	prerrogativa	de	foro	–	juízo	de	admissibilidade:	“A	exceção
da	verdade	oposta	em	face	de	autoridade	que	possua	prerrogativa	de	foro	pode	ser	inadmitida	pelo
juízo	da	ação	penal	de	origem	caso	verificada	a	ausência	dos	requisitos	de	admissibilidade	para	o
processamento	 do	 referido	 incidente.	 Com	 efeito,	 conforme	 precedentes	 do	 STJ,	 o	 juízo	 de
admissibilidade,	 o	 processamento	 e	 a	 instrução	 da	 exceção	 da	 verdade	 oposta	 em	 face	 de
autoridades	públicas	 com	prerrogativa	de	 foro	devem	ser	 realizados	pelo	próprio	 juízo	da	 ação
penal	na	qual	se	aprecie,	na	origem,	a	suposta	ocorrência	de	crime	contra	a	honra.	De	fato,	somente
após	 a	 instrução	dos	 autos,	 caso	 admitida	 a	exceptio	veritatis,	 o	 juízo	 da	 ação	 penal	 originária
deverá	remetê-los	à	instância	superior	para	o	julgamento	do	mérito.	Desse	modo,	o	reconhecimento
da	 inadmissibilidade	 da	 exceção	 da	 verdade	 durante	 o	 seu	 processamento	 não	 caracteriza
usurpação	de	competência	do	órgão	responsável	por	apreciar	o	mérito	do	incidente.	A	propósito,
eventual	 desacerto	 no	 processamento	 da	 exceção	 da	 verdade	 pelo	 juízo	 de	 origem	 poderá	 ser
impugnado	 pelas	 vias	 recursais	 ordinárias”	 (STJ:	 Rcl	 7.391/MT,	 rel.	 Min.	 Laurita	 Vaz,	 Corte
Especial,	j.	19.06.2013,	noticiado	no	Informativo	522).
Exceção	da	verdade	e	presunção	de	 falsidade	da	 imputação:	 “Não	 tendo	o	acusado,	por	meio	de
exceção	da	verdade,	provado	a	veracidade	da	imputação,	presume-se	a	falsidade	desta”	(STF:	AP
296/PR,	rel.	Min.	Moreira	Alves,	Plenário,	j.	20.05.1993).
Extensão	das	 imunidades	parlamentares:	 “A	 inviolabilidade	 (imunidade	material)	não	 se	 restringe
ao	âmbito	espacial	da	Casa	a	que	pertence	o	parlamentar,	acompanhando-o	muro	a	fora	ou	externa
corporis,	 mas	 com	 uma	 ressalva:	 sua	 atuação	 tem	 que	 se	 enquadrar	 nos	 marcos	 de	 um
comportamento	 que	 se	 constitua	 em	 expressão	 do	 múnus	 parlamentar,	 ou	 num	 prolongamento
natural	desse	mister.	Assim,	não	pode	ser	um	predicamento	 intuitu	personae,	mas	rigorosamente
intuitu	 funcionae,	 alojando-se	 no	 campo	 mais	 estreito,	 determinável	 e	 formal	 das	 relações
institucionais	públicas,	seja	diretamente,	seja	por	natural	desdobramento;	e	nunca	nas	inumeráveis
e	 abertas	 e	 coloquiais	 interações	 que	 permeiam	 o	 dia	 a	 dia	 da	 sociedade	 civil.	No	 caso,	 ficou
evidenciado	 que	 o	 acusado	 agiu	 exclusivamente	 na	 condição	 de	 jornalista	 –	 como	 produtor	 e
apresentador	do	programa	de	televisão	–,	sem	que	de	suas	declarações	pudesse	se	extrair	qualquer
relação	com	o	seu	mandato	parlamentar.”	 (STF:	 Inq	2.036/PA,	Rel.	Min.	Carlos	Britto,	Tribunal
Pleno,	j.	23.06.2004).
Imunidade	 parlamentar:	 “A	 garantia	 constitucional	 da	 imunidade	 parlamentar	 em	 sentido	 material
(CF,	art.	53,	caput)	exclui	a	possibilidade	jurídica	de	responsabilização	civil	do	membro	do	Poder
Legislativo	por	danos	eventualmente	resultantes	de	suas	manifestações,	orais	ou	escritas,	desde	que
motivadas	 pelo	 desempenho	 do	 mandato	 (prática	 ‘in	 officio’)	 ou	 externadas	 em	 razão	 deste
(prática	‘propter	officium’),	qualquer	que	seja	o	âmbito	espacial	(‘locus’)	em	que	se	haja	exercido
a	liberdade	de	opinião,	ainda	que	fora	do	recinto	da	própria	Casa	legislativa,	independentemente
dos	 meios	 de	 divulgação	 utilizados,	 nestes	 incluídas	 as	 entrevistas	 jornalísticas.	 Doutrina.
Precedentes.	–	A	EC	35/2001,	ao	dar	nova	fórmula	redacional	ao	art.	53,	caput,	da	Constituição	da
República,	 explicitou	 diretriz,	 que,	 firmada	 anteriormente	 pelo	 Supremo	 Tribunal	 Federal	 (RTJ
177/1375-1376,	 Rel.	 Min.	 Sepúlveda	 Pertence),	 já	 reconhecia,	 em	 favor	 do	 membro	 do	 Poder
Legislativo,	 a	 exclusão	 de	 sua	 responsabilidade	 civil,	 como	decorrência	 da	 garantia	 fundada	 na
imunidade	parlamentar	material,	desde	que	satisfeitos	determinados	pressupostos	legitimadores	da
incidência	 dessa	 excepcional	 prerrogativa	 jurídica.	 Essa	 prerrogativa	 político-jurídica	 –	 que
protege	o	parlamentar	em	 tema	de	 responsabilidade	civil	–	 supõe,	para	que	possa	 ser	 invocada,
que	exista	o	necessário	nexo	de	implicação	recíproca	entre	as	declarações	moralmente	ofensivas,
de	um	lado,	e	a	prática	inerente	ao	ofício	legislativo,	de	outro.	Doutrina.	Precedentes.	Se	o	membro
do	 Poder	 Legislativo,	 não	 obstante	 amparado	 pela	 imunidade	 parlamentar	 material,	 incidir	 em
abuso	 dessa	 prerrogativa	 constitucional,	 expor-se-á	 à	 jurisdição	 censória	 da	 própria	 Casa
legislativa	 a	 que	pertence	 (CF,	 art.	 55,	 §	 1º)”	 (STF:	AI	473.092/AC,	 rel.	Min.	Celso	de	Mello,
Tribunal	Pleno,	j.	07.03.2005).
Necessidade	 de	 imputação	 de	 fato	 determinado:	 “Em	 relação	 ao	 crime	 de	 calúnia,	 são
manifestamente	atípicos	os	 fatos	 imputados	ao	querelado,	pois	não	houve	em	suas	declarações	a
particularização	 da	 conduta	 criminosa	 que	 teria	 sido	 praticada	 pelo	 querelante	 (STF,	 Inq.
2.134/PA,	Rel.	Min.	Joaquim	Barbosa,	Tribunal	Pleno,	j.	23.03.2006).
Vereadores	e	imunidades	parlamentares:	“O	Supremo	Tribunal	Federal	fixou	entendimento	de	que	a
imunidade	 material	 concedida	 aos	 vereadores	 sobre	 suas	 opiniões,	 palavras	 e	 votos	 não	 é
absoluta,	e	é	limitada	ao	exercício	do	mandato	parlamentar	sendo	respeitada	a	pertinência	com	o
cargo	 e	 o	 interesse	municipal”	 (STF:	 RE-AgR	 583.559/RS,	 Rel.	Min.	 Eros	Grau,	 2.ª	 Turma,	 j.
10.06.2008).
Difamação
Art.	139.	Difamar	alguém,	imputando-lhe	fato	ofensivo	à	sua	reputação:	Pena	–	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	e	multa.
Exceção	da	verdade
Parágrafo	único	–	A	exceção	da	verdade	somente	se	admite	 se	o	ofendido	é	 funcionário	público	e	a	ofensa	é	 relativa	ao
exercício	de	suas	funções.
Classificação:
Crime	comum
Crime	de	forma	livre
Crime	unissubsistente	ou	plurissubsistente
Crime	instantâneo
Crime	unissubjetivo	(regra)
Crime	comissivo
Crime	de	dano
Crime	formal
	
	
Informações	rápidas:
Atinge	a	honra	objetiva	da	pessoa	(o	crime	consuma-se	quando	a
imputação	chega	ao	conhecimento	deterceira	pessoa).
A	imputação	deve	versar	sobre	fato	(verdadeiro	ou	falso)	ofensivo	à
reputação.	Se	versar	sobre	fato	definido	como	contravenção	penal,
haverá	difamação.
A	tentativa	é	ou	não	possível,	dependendo	do	meio	de	execução	do
crime.
■ Introdução:	Trata-se	de	crime	que	ofende	a	honra	objetiva	e,	da	mesma	forma	que	na	calúnia,
depende	da	imputação	de	algum	fato	a	alguém.	Esse	fato,	todavia,	não	precisa	ser	criminoso.	Basta
tenha	capacidade	para	macular	a	reputação	da	vítima,	isto	é,	o	bom	conceito	que	ela	desfruta	na
coletividade,	pouco	importando	se	verdadeiro	ou	falso.	A	imputação	de	fato	definido	como
contravenção	penal	tipifica	o	crime	de	difamação,	pois	a	calúnia	depende	da	imputação	falsa	de	crime.
■ Objeto	jurídico:	A	lei	penal	protege	a	honra	objetiva.
■ Objeto	material:	É	a	pessoa	que	tem	sua	honra	objetiva	atacada	pela	conduta	criminosa.
■ Núcleo	do	tipo:	É	imputar	a	alguém	um	fato	ofensivo	à	sua	reputação.	Consiste,	pois,	em	desacreditar
publicamente	uma	pessoa,	maculando	os	atributos	que	a	tornam	merecedora	de	respeito	no	convívio
social.
■ Consumação:	O	crime	se	consuma	quando	terceira	pessoa	toma	conhecimento	da	ofensa	dirigida	à
vítima.
■ Tentativa:	Pode	ou	não	pode	ser	admitida,	dependendo	do	meio	de	execução	do	crime	(delito
unissubsistente	–	exemplo:	ofensa	oral,	ou	plurissubsistente	–	exemplo:	difamação	por	escrito,	como
na	carta	ofensiva	que	se	extravia).
■ Exceção	da	verdade:	Em	regra	não	se	admite	a	exceção	da	verdade	no	crime	de	difamação,	pois
pouco	importa	se	a	falsidade	da	imputação	não	funciona	como	elementar	típica.	Excepcionalmente,
entretanto,	o	legislador	autoriza	nos	casos	em	que	o	ofendido	é	funcionário	público	e	a	ofensa	é
relativa	ao	exercício	de	suas	funções.
■ Ação	Penal:	Em	regra,	a	ação	penal	é	privada.	Exceções:	será	pública	condicionada	à	requisição	do
Ministro	da	Justiça	no	crime	contra	o	Presidente	da	República	ou	contra	chefe	do	governo	estrangeiro,
ou	então	pública	condicionada	à	representação	do	ofendido	na	difamação	cometida	contra	funcionário
público,	em	razão	das	suas	funções.
■ Lei	9.099/1995:	Em	face	da	pena	máxima	cominada	ao	delito,	trata-se	de	infração	penal	de	menor
potencial	ofensivo.
■ Jurisprudência	selecionada:
Difamação	 –	 elemento	 subjetivo	 específico:	 “O	 paciente	 responde	 à	 ação	 penal	 pelo	 crime	 de
difamação,	por	 ter	afirmado,	ao	peticionar	em	processo	 judicial	 em	que	atuava	como	advogado,
que	 a	 juíza	 do	 feito,	 ainda	 que	 temporariamente,	 ausentou-se	 do	 interrogatório	 do	 seu	 cliente,
deixando	de	assinar	o	referido	ato.	Ciente	dessa	manifestação,	a	 juíza	ofereceu	representação	ao
Ministério	 Público	 Federal,	 requerendo	 que	 fossem	 tomadas	 as	 medidas	 criminais	 cabíveis,
originando-se	a	denúncia	pelo	crime	de	difamação.	A	Turma	concedeu	a	ordem	de	habeas	corpus
para	trancar	a	ação	penal	por	atipicidade	da	conduta	do	paciente,	por	não	ter	sido	caracterizado	o
animus	difamandi,	consistente	no	especial	fim	de	difamar,	na	intenção	de	ofender,	na	vontade	de
denegrir,	no	desejo	de	atingir	a	honra	do	ofendido,	sem	o	qual	não	se	perfaz	o	elemento	subjetivo
do	 tipo	 penal	 em	 testilha,	 impedindo	 que	 se	 reconheça	 a	 configuração	 do	 delito”	 (STJ:	 HC
202.059/SP,	rel.	Min.	Marco	Aurélio	Bellizze,	5ª	Turma,	j.	16.02.2012,	noticiado	no	Informativo
491).
Direitos	 indígenas	–	competência	–	Justiça	Federal:	“Compete	à	Justiça	Federal	–	e	não	à	Justiça
Estadual	–	processar	e	julgar	ação	penal	referente	aos	crimes	de	calúnia	e	difamação	praticados	no
contexto	 de	 disputa	 pela	 posição	 de	 cacique	 em	 comunidade	 indígena.	 O	 conceito	 de	 direitos
indígenas,	previsto	no	art.	109,	XI,	da	CF/1988,	para	efeito	de	fixação	da	competência	da	Justiça
Federal,	 é	 aquele	 referente	 às	 matérias	 que	 envolvam	 a	 organização	 social	 dos	 índios,	 seus
costumes,	línguas,	crenças	e	tradições,	bem	como	os	direitos	sobre	as	terras	que	tradicionalmente
ocupam,	compreendendo,	portanto,	a	hipótese	em	análise”	(STJ:	CC	123.016/TO,	Rel.	Min.	Marco
Aurélio	Bellizze,	3ª	Seção,	j.	26.06.2013,	noticiado	no	Informativo	527).
Dolo	 e	 intenção	 de	 criticar	 (animus	 criticandi):	 “A	 tipicidade	 do	 crime	 contra	 a	 honra	 que	 é	 a
difamação	há	de	ser	definida	a	partir	do	contexto	em	que	veiculadas	as	expressões,	cabendo	afastá-
la	 quando	 se	 tem	 simples	 crítica	 à	 atuação	 de	 agente	 público,	 revelando-a	 fora	 das	 balizas
próprias”	(STF:	Inq	2.154/DF,	Rel.	Min.	Marco	Aurélio,	Tribunal	Pleno,	j.	17.12.2004).
Injúria
Art.	140.	Injuriar	alguém,	ofendendo-lhe	a	dignidade	ou	o	decoro:
Pena	–	detenção,	de	um	a	seis	meses,	ou	multa.
§	1º	O	juiz	pode	deixar	de	aplicar	a	pena:
I	–	quando	o	ofendido,	de	forma	reprovável,	provocou	diretamente	a	injúria;
II	–	no	caso	de	retorsão	imediata,	que	consista	em	outra	injúria.
§	 2º	 Se	 a	 injúria	 consiste	 em	 violência	 ou	 vias	 de	 fato,	 que,	 por	 sua	 natureza	 ou	 pelo	meio	 empregado,	 se	 considerem
aviltantes:
Pena	–	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	e	multa,	além	da	pena	correspondente	à	violência.
§	3º	Se	a	injúria	consiste	na	utilização	de	elementos	referentes	a	raça,	cor,	etnia,	religião,	origem	ou	a	condição	de	pessoa
idosa	ou	portadora	de	deficiência:
Pena	–	reclusão	de	um	a	três	anos	e	multa.
Classificação:
Crime	comum
Crime	de	forma	livre
Crime	unissubsistente	ou	plurissubsistente
Crime	instantâneo
Crime	unissubjetivo	(regra)
Crime	comissivo	ou	omissivo	(unicamente	na	injúria)
Informações	rápidas:
Ofende	a	honra	subjetiva	da	pessoa	(a	consumação	ocorre	quando	a
ofensa	a	dignidade	ou	ao	decoro	chega	ao	conhecimento	da
vítima).
Basta	a	atribuição	de	qualidade	negativa,	prescindindose	da
imputação	de	fato	determinado.
A	tentativa	é	possível	somente	quando	praticada	por	escrito.
Crime	de	dano
Crime	formal
	
	
	
	
	
Não	admite	exceção	da	verdade.
Único	crime	contra	a	honra	que	prevê	hipótese	de	perdão	judicial.
A	injúria	real	impõe	concurso	material	obrigatório	(injúria	real	+
crime	resultante	da	violência).
Injúria	qualificada	e	racismo:	no	primeiro,	a	vítima	é
individualizada;	no	segundo,	são	proferidas	manifestações
preconceituosas	generalizadas	(a	todas	as	pessoas	de	uma	raça
qualquer)	ou	pela	segregação	racial.
■ Introdução:	Caracteriza-se	o	delito	com	a	simples	ofensa	à	dignidade	ou	ao	decoro	da	vítima,
mediante	xingamento	ou	atribuição	de	qualidade	negativa.
■ Objeto	jurídico:	Tutela-se	a	honra	subjetiva.
■ Objeto	material:	É	a	pessoa	cuja	honra	subjetiva	é	atacada	pela	conduta	criminosa.
■ Núcleo	do	tipo:	Injuriar	equivale	a	ofender,	insultar	ou	falar	mal,	de	modo	a	abalar	o	conceito	que	a
vítima	tem	de	si	própria.
■ Consumação:	No	momento	em	que	a	ofensa	à	dignidade	ou	ao	decoro	chega	ao	conhecimento	da
vítima.
■ Tentativa:	É	possível	quando	a	injúria	for	praticada	por	escrito	(crime	plurissubsistente).
■ Exceção	da	verdade:	Não	se	admite.	O	crime	de	injúria	é	incompatível	com	a	exceção	da	verdade,
pois	é	irrelevante	a	natureza	falsa	ou	verdadeira	da	ofensa.
■ Perdão	judicial	(art.	140,	§	1º,	I	e	II):	Trata-se	de	causa	de	extinção	da	punibilidade	(CP,	art.	107,
inc.	IX),	cabível	quando	o	ofendido,	de	forma,	reprovável,	provocou	diretamente	a	injúria	ou	no
caso	de	retorsão	imediata.	Também	se	admite	o	perdão	judicial	no	tocante	à	injúria	praticada	por
escrito.
■ Injúria	real	(art.	140,	§	2º):	Quando	a	injúria	consiste	em	violência	ou	vias	de	fato	que,	por	sua
natureza	ou	pelo	meio	empregado,	se	considerem	aviltantes.	A	contravenção	penal	de	vias	de	fato
é	absorvida	pela	injúria	real,	pois	o	Código	Penal	prevê	autonomia	(soma	de	penas)	exclusivamente
para	as	lesões	corporais.
■ Injúria	qualificada	(art.	140,	§	3º):	Ocorre	quando	para	a	pratica	do	crime	de	injúria	se	utiliza	de
elementos	referentes	à	raça,	cor,	etnia,	religião,	origem,	ou	a	condição	de	pessoa	idosa	ou	portadora
de	deficiência.
■ Estatuto	do	Idoso	(lei	10.741/2003):	caracteriza	o	crime	tipificado	pelo	seu	art.	96,	§	1º,	a	conduta
de	desdenhar,	humilhar,	menosprezar	ou	discriminar	pessoa	idosa,	por	qualquer	motivo.
■ Injúriacontra	funcionário	público	e	desacato	–	distinção:	Se	a	ofensa	é	realizada	na	presença	do
funcionário	público,	no	exercício	da	função	ou	em	razão	dela,	não	se	trata	de	simples	agressão	à	sua
honra,	mas	de	desacato,	arrolado	pelo	legislador	entre	os	crimes	contra	a	Administração	Pública	(CP,
art.	331).
■ Injúria	cometida	pela	internet	e	competência:	Os	crimes	de	injúria	cometidos	pela	internet	são	de
competência	da	Justiça	Estadual,	mesmo	se	forem	utilizadas	redes	sociais	sediadas	no	exterior.
■ Ação	Penal:	Ver	comentários	ao	art.	145	do	CP.
■ Lei	9.099/1995:	Em	face	da	pena	máxima	cominada	aos	delitos	do	caput	e	do	§	1º,	são	infrações
penais	de	menor	potencial	ofensivo,	incidindo	as	disposições	da	Lei	9.099/1995.	Os	benefícios,
contudo,	não	se	aplicam	à	injúria	qualificada	prevista	no	§	3º	do	art.	140.
■ Jurisprudência	selecionada:
Distinção	 entre	 injúria	 e	 difamação:	 “A	 difamação	 pressupõe	 atribuir	 a	 outrem	 fato	 determinado
ofensivo	à	reputação.	Na	injúria,	tem-se	veiculação	capaz	de,	sem	especificidade	maior,	implicar
ofensa	à	dignidade	ou	ao	decoro”	(STF:	Inq.	2.543/AC,	Rel.	Min.	Marco	Aurélio,	Tribunal	Pleno,
j.	19.06.2008).
Elemento	 subjetivo:	 “Os	 delitos	 contra	 a	 honra	 reclamam,	 para	 a	 configuração	 penal,	 o	 elemento
subjetivo	 consistente	 no	 dolo	 de	 ofender	 na	 modalidade	 de	 ‘dolo	 específico’,	 cognominado
‘animus	injuriandi’,	consoante	cediço	em	sede	doutrinária	e	na	jurisprudência	do	Supremo	Tribunal
Federal	e	deste	Superior	Tribunal	de	Justiça.	A	doutrina	pátria	leciona	que:	O	dolo	na	injúria,	ou
seja,	a	vontade	de	praticar	a	conduta,	deve	vir	informado	no	elemento	subjetivo	do	tipo,	ou	seja,	do
‘animus	 infamandi’	ou	‘injuriandi’,	conhecido	pelos	clássicos	como	dolo	específico.	 Inexiste	ela
nos	demais	‘animii’	(‘jocandi’,	‘criticandi’,	‘narrandi’	etc.)	Tem-se	decidido	pela	inexistência	do
elemento	 subjetivo	 nas	 expressões	 proferidas	 no	 calor	 de	 uma	 discussão,	 no	 depoimento	 como
testemunha	etc.”	(STJ:	APn	555/DF,	Rel.	Min.	Luiz	Fux,	Corte	Especial,	j.	14.05.2009).
Injúria	–	 Internet	 –	Competência:	 “A	Seção	 entendeu	 que	 compete	 à	 Justiça	 estadual	 processar	 e
julgar	os	crimes	de	 injúria	praticados	por	meio	da	rede	mundial	de	computadores,	ainda	que	em
páginas	eletrônicas	internacionais,	tais	como	as	redes	sociais	Orkut	e	Twitter.	Asseverou-se	que	o
simples	fato	de	o	suposto	delito	ter	sido	cometido	pela	internet	não	atrai,	por	si	só,	a	competência
da	 Justiça	 Federal.	 Destacou-se	 que	 a	 conduta	 delituosa	 –	 mensagens	 de	 caráter	 ofensivo
publicadas	 pela	 ex-namorada	 da	 vítima	 nas	 mencionadas	 redes	 sociais	 –	 não	 se	 subsume	 em
nenhuma	das	hipóteses	elencadas	no	art.	109,	IV	e	V,	da	CF.	O	delito	de	injúria	não	está	previsto
em	tratado	ou	convenção	internacional	em	que	o	Brasil	se	comprometeu	a	combater,	por	exemplo,
os	 crimes	 de	 racismo,	 xenofobia,	 publicação	 de	 pornografia	 infantil,	 entre	 outros.	 Ademais,	 as
mensagens	veiculadas	na	internet	não	ofenderam	bens,	interesses	ou	serviços	da	União	ou	de	suas
entidades	autárquicas	ou	empresas	públicas.	Dessa	forma,	declarou-se	competente	para	conhecer	e
julgar	o	feito	o	juízo	de	Direito	do	Juizado	Especial	Civil	e	Criminal”	(STJ:	CC	121.431/SE,	rel.
Min.	Marco	Aurélio	Bellizze,	3ª	Seção,	j.	11.04.2012,	noticiado	no	Informativo	495).
Injúria	qualificada	–	dignidade	da	pessoa	humana	–	proporcionalidade	da	pena:	“Em	conclusão	de
julgamento,	a	1ª	Turma	denegou	habeas	corpus	em	que	se	alegava	a	desproporcionalidade	da	pena
prevista	em	abstrato	quanto	ao	tipo	qualificado	de	injúria,	na	redação	dada	pela	Lei	10.741/2003
(‘Art.	140.	Injuriar	alguém,	ofendendo-lhe	a	dignidade	ou	o	decoro:	...	§	3º	Se	a	injúria	consiste	na
utilização	 de	 elementos	 referentes	 a	 raça,	 cor,	 etnia,	 religião,	 origem	 ou	 a	 condição	 de	 pessoa
idosa	ou	portadora	de	deficiência:	Pena	–	reclusão	de	um	a	três	anos	e	multa’).	(...)	Destacou-se
que	o	tipo	qualificado	de	injúria	teria	como	escopo	a	proteção	do	princípio	da	dignidade	da	pessoa
humana	como	postulado	essencial	da	ordem	constitucional,	ao	qual	estaria	vinculado	o	Estado	no
dever	 de	 respeito	 à	 proteção	 do	 indivíduo.	 Observou-se	 que	 o	 legislador	 teria	 atentado	 para	 a
necessidade	de	se	assegurar	prevalência	desses	princípios”	(STF:	HC	109.676/RJ,	rel.	Min.	Luiz
Fux,	1ª	Turma,	j.	11.06.2013,	noticiado	no	Informativo	710).
Disposições	comuns
Art.	141.	As	penas	cominadas	neste	Capítulo	aumentam-se	de	um	terço,	se	qualquer	dos	crimes	é	cometido:
I	–	contra	o	Presidente	da	República,	ou	contra	chefe	de	governo	estrangeiro;
II	–	contra	funcionário	público,	em	razão	de	suas	funções;
III	–	na	presença	de	várias	pessoas,	ou	por	meio	que	facilite	a	divulgação	da	calúnia,	da	difamação	ou	da	injúria.
IV	–	contra	pessoa	maior	de	60	(sessenta)	anos	ou	portadora	de	deficiência,	exceto	no	caso	de	injúria.
Parágrafo	único.	Se	o	crime	é	cometido	mediante	paga	ou	promessa	de	recompensa,	aplica-se	a	pena	em	dobro.
Informações	rápidas:
Os	incisos	e	o	parágrafo	único	são	causas	de	aumento	da	pena.
Presidente	da	República:	calúnia	e	difamação	–	podem	ser	regidas	pela	Lei	7.170/1983);	injúria	–	sempre	regida	pelo	CP.
Funcionário	público:	a	ofensa	deve	se	relacionar	com	o	exercício	de	suas	funções	(vida	privada	não	está	abrangida).
Presença	de	várias	pessoas:	devem	existir	no	mínimo	três	(não	se	incluem	nesse	número	a	vítima,	o	autor	da	conduta	criminosa,	nem	eventuais	coautores	ou	partícipes).
Imprensa:	lei	inconstitucional	(STF).	Aplica-se	o	CP.
Idoso:	exige	que	o	agente	conheça	a	idade	da	vítima.
Crime	mercenário:	pena	em	dobro	(a	vantagem	paga	ou	prometida	não	precisa	ser	econômica).
	
■ Natureza	jurídica:	São	causas	de	aumento	da	pena	aplicáveis	a	todos	os	crimes	contra	a	honra.	São
elas:
– Inciso	I	–	Honra	do	Presidente	da	República,	ou	contra	chefe	de	governo	estrangeiro:	A
conduta	criminosa,	além	de	atentar	contra	a	honra	de	uma	pessoa,	ofende	também	os	interesses	da
nação.	O	ataque	à	honra	de	chefe	de	governo	estrangeiro,	com	ou	sem	motivação	política,
caracteriza	crime	comum,	com	aumento	da	pena.
– Inciso	II	–	Honra	do	funcionário	público,	em	razão	de	suas	funções:	é	imprescindível	a	relação
de	causalidade	entre	a	ofensa	e	o	exercício	da	função	pública.	Pouco	importa	seja	o	crime	cometido
quando	o	funcionário	público	estava	em	serviço	ou	não:	incide	o	aumento	desde	que	o	fato	se
relacione	ao	exercício	de	suas	funções.	Não	se	aplica	o	aumento	da	pena	quando	a	conduta	se
refere	à	vida	privada	do	funcionário	público.
– Inciso	III	–	Na	presença	de	várias	pessoas,	ou	por	meio	que	facilite	a	divulgação	da	calúnia,	da
difamação	ou	da	injúria:	na	primeira	parte	do	inciso	III	(“na	presença	de	várias	pessoas”),	devem
existir	no	mínimo	três	pessoas.	A	parte	final	do	dispositivo	em	estudo	(“ou	por	meio	que	facilite	a
divulgação	da	calúnia,	da	difamação	ou	da	injúria”)	diz	respeito	a	instrumentos	e	objetos	que
facilitem	a	propagação	da	ofensa,	ainda	que	não	se	esteja	na	presença	de	várias	pessoas.	Com	o
julgamento	proferido	pelo	Supremo	Tribunal	Federal	no	julgamento	da	Arguição	de
Descumprimento	de	Preceito	Fundamental	130-7/DF,	decidindo	pela	não	recepção	da	Lei
5.250/1967	(Lei	de	Imprensa)	pela	Constituição	Federal	de	1988,	aos	crimes	contra	a	honra
praticados	por	meio	da	imprensa	(oral	ou	escrita)	incidirão	as	disposições	previstas	nos	arts.	138	a
145	do	Código	Penal.
– Inciso	IV	–	Contra	pessoa	maior	de	60	(sessenta)	anos	ou	portadora	de	deficiência,	exceto	no
caso	de	injúria:	esse	inciso	foi	inserido	no	Código	Penal	pela	Lei	10.741/2003	–	Estatuto	do
Idoso,	e	somente	se	aplica	quando	o	sujeito	tinha	conhecimento	da	idade	ou	da	peculiar	condição
da	vítima.	A	ressalva	final	–	“exceto	no	caso	de	injúria”	–	visa	evitar	o	bis	in	idem.
– Parágrafo	único	–	crime	cometido	mediante	paga	ou	promessa	de	recompensa:	Paga	e
promessa	de	recompensa	caracterizam	o	crime	mercenário	ou	crime	por	mandato	remunerado,
motivado	pela	cupidez,	isto	é,	pela	ambição	desmedida,	pelo	desejo	imoderado	de	riquezas.
Exclusão	docrime
Art.	142.	Não	constituem	injúria	ou	difamação	punível:
I	–	a	ofensa	irrogada	em	juízo,	na	discussão	da	causa,	pela	parte	ou	por	seu	procurador;
II	–	a	opinião	desfavorável	da	crítica	literária,	artística	ou	científica,	salvo	quando	inequívoca	a	intenção	de	injuriar	ou	difamar;
III	–	o	conceito	desfavorável	emitido	por	 funcionário	público,	em	apreciação	ou	 informação	que	preste	no	cumprimento	de
dever	do	ofício.
Parágrafo	único.	Nos	casos	dos	ns.	I	e	III,	responde	pela	injúria	ou	pela	difamação	quem	lhe	dá	publicidade.
■ Natureza	jurídica:	São	causas	especiais	de	exclusão	de	ilicitude.
■ Alcance:	Aplicam-se	à	injúria	e	à	difamação,	por	expressa	previsão	legal.
■ Hipóteses	de	exclusão	da	ilicitude:	São	três:	Inciso	I:	Trata-se	da	imunidade	judiciária,	que	alcança
tanto	a	ofensa	oral	como	também	a	ofensa	escrita.	A	expressão	“ofensa	irrogada	em	juízo”	reclama
uma	relação	processual	instaurada,	ligada	ao	exercício	da	jurisdição,	inerente	ao	Poder	Judiciário,
afastando-se	as	demais	espécies	de	processos	e	procedimentos,	tais	como	os	policiais	e
administrativos.	Partes	são	o	autor	e	o	réu,	bem	como	seus	assistentes	e	as	demais	pessoas	admitidas
de	qualquer	modo	na	relação	processual,	tais	como	o	chamado	à	autoria	e	o	terceiro	prejudicado	que
recorre.	Procuradores,	por	sua	vez,	são	os	advogados,	constituídos	ou	dativos.	Subsiste	a	excludente
da	ilicitude,	contudo,	quando	a	ofensa	for	proferida	contra	terceiro,	desde	que	relacionada	à	discussão
da	causa.	Com	relação	ao	magistrado	prevalece	o	entendimento	de	que	não	se	aplica	a	excludente	da
ilicitude	àquele	que	o	ofende.	No	tocante	ao	membro	do	Ministério	Público,	subsiste	a	imunidade
como	parte	ou	como	fiscal	da	lei,	bastando	a	relação	moderada	entre	o	fato	e	o	exercício	da	função.
Advogado:	Há	regra	específica	disciplinada	pelo	art.	7º,	§	2º,	da	Lei	8.906/1994	–	Estatuto	da
Ordem	dos	Advogados	do	Brasil.	A	expressão	“ou	desacato”	foi	declarada	inconstitucional	pelo
Supremo	Tribunal	Federal,	nos	autos	da	Ação	Direta	de	Inconstitucionalidade	1.127-8.	Essa	nova
regra	é	mais	ampla,	pois	exclui	a	ilicitude	na	injúria	e	na	difamação	ainda	quando	a	ofensa	não	seja
proferida	em	juízo,	bem	como	quando	o	advogado	não	esteja	na	discussão	da	causa,	isto	é,	basta	que
se	encontre	no	regular	exercício	da	advocacia.	Inciso	II:	A	opinião	desfavorável	da	crítica	literária,
artística	ou	científica,	salvo	quando	inequívoca	a	intenção	de	injuriar	ou	difamar:	A	crítica
honesta	e	moderada	de	cunho	literário,	artístico	ou	científico	é	lícita,	pois	se	coaduna	com	a	liberdade
de	expressão,	direito	fundamental	assegurado	pelo	art.	5º,	inciso	IV,	da	Constituição	Federal.
Caracteriza,	todavia,	o	crime	de	injúria	ou	de	difamação	quando	evidente	a	intenção	de	ofender	a
honra	alheia.	Inciso	III:	O	conceito	desfavorável	emitido	por	funcionário	público,	em	apreciação
ou	informação	que	preste	no	cumprimento	do	dever	de	ofício:	Essa	causa	de	exclusão	da	ilicitude	é
necessária	para	assegurar	a	independência	e	tranquilidade	dos	servidores	públicos,	para	o	perfeito
desempenho	das	suas	funções,	no	interesse	da	coisa	pública.
■ Jurisprudência	selecionada:
Alcance	 e	 fundamento	 das	 imunidades	 dos	 magistrados:	 “O	 magistrado,	 no	 exercício	 de	 sua
atividade	profissional,	está	sujeito	a	rígidos	preceitos	de	caráter	ético-jurídico	que	compõem,	em
seus	elementos	essenciais,	aspectos	deontológicos	básicos	concernentes	à	prática	do	próprio	ofício
jurisdicional.	A	condição	funcional	ostentada	pelo	magistrado,	quando	evidente	a	abusividade	do
seu	 comportamento	 pessoal	 ou	 profissional,	 não	 deve	 atuar	 como	 manto	 protetor	 de	 ilegítimas
condutas	 revestidas	 de	 tipicidade	 penal.	 A	 utilização,	 no	 discurso	 judiciário,	 de	 linguagem
excessiva,	imprópria	ou	abusiva,	que,	sem	qualquer	pertinência	com	a	discussão	da	causa,	culmine
por	 vilipendiar,	 injustamente,	 a	 honra	 de	 terceiros	 –	 revelando,	 desse	 modo,	 na	 conduta
profissional	do	juiz,	a	presença	de	censurável	intuito	ofensivo	–	pode,	eventualmente,	caracterizar
a	responsabilidade	pessoal	(inclusive	penal)	do	magistrado.	O	magistrado	não	pode	ser	punido	ou
prejudicado	pelas	opiniões	que	manifestar	 ou	pelo	 teor	das	decisões	que	proferir,	 exceto	 se,	 ao
agir	 de	 maneira	 abusiva	 e	 com	 o	 propósito	 inequívoco	 de	 ofender,	 incidir	 nas	 hipóteses	 de
impropriedade	verbal	ou	de	excesso	de	 linguagem	(LOMAN,	art.	41).	A	ratio	 subjacente	 a	 esse
entendimento	 decorre	 da	 necessidade	 de	 proteger	 os	 magistrados	 no	 exercício	 regular	 de	 sua
atividade	profissional,	afastando	–	a	partir	da	cláusula	de	relativa	 imunidade	 jurídica	que	 lhes	é
concedida	 –	 a	 possibilidade	 de	 que	 sofram,	 mediante	 injusta	 intimidação	 representada	 pela
instauração	 de	 procedimentos	 penais	 ou	 civis	 sem	 causa	 legítima,	 indevida	 inibição	 quanto	 ao
pleno	desempenho	da	função	jurisdicional.	A	crítica	judiciária,	ainda	que	exteriorizada	em	termos
ásperos	e	candentes,	não	se	reveste	de	expressão	penal,	em	tema	de	crimes	contra	a	honra,	quando,
manifestada	por	qualquer	magistrado	no	regular	desempenho	de	sua	atividade	jurisdicional,	vem	a
ser	 exercida	 com	 a	 justa	 finalidade	 de	 apontar	 equívocos	 ou	 de	 censurar	 condutas	 processuais
reputadas	 inadmissíveis”	 (STF:	 QC	 501/DF,	 Rel.	 Min.	 Celso	 de	 Mello,	 Tribunal	 Pleno,	 j.
27.04.1994).
Imunidade	de	magistrados:	“O	querelado,	no	estrito	cumprimento	do	dever	legal,	a	teor	do	art.	41	da
LOMAN	 (Lei	 Orgânica	 da	 Magistratura	 Nacional),	 não	 pode	 ser	 punido	 ou	 prejudicado	 pelas
opiniões	 que	 manifestar	 ou	 pelo	 teor	 das	 decisões	 que	 proferir.	 No	 caso	 concreto,	 nem	 houve
excesso	de	linguagem	ou	conduta	ofensiva”	(STJ,	Cf.	APn	482-PA,	Rel.	Min.	Humberto	Gomes	de
Barros,	Corte	Especial,	j.	17.10.2007,	noticiada	no	Informativo	336).
Relação	de	 causalidade	 entre	 a	 ofensa	 e	 o	 exercício	do	direito:	 “Deve	 existir,	 ainda,	 relação	 de
causalidade	entre	a	ofensa	proferida	e	o	exercício	da	defesa	de	um	direito	em	 juízo”	 (STF:	HC
98.237/SP,	rel.	Min.	Celso	de	Mello,	2.ª	Turma,	j.	15.12.2009).
Retratação
Art.	143.	O	querelado	que,	antes	da	sentença,	se	retrata	cabalmente	da	calúnia	ou	da	difamação,	fica	isento	de	pena.
■ Conceito:	Retratar-se	significa	retirar	o	que	foi	dito,	desdizer-se,	assumir	que	errou.
■ Natureza	jurídica:	Trata-se	de	causa	de	extinção	da	punibilidade	conforme	se	extrai	do	art.	107,
inciso	VI,	do	Código	Penal.	Tem	natureza	subjetiva:	não	se	comunica	aos	demais	querelados	que	não
se	retrataram.
■ Alcance:	É	cabível	unicamente	na	calúnia	e	na	difamação.	Na	injúria,	por	sua	vez,	a	retratação	do
agente	não	leva	à	extinção	da	punibilidade,	pois	a	lei	não	admite	e	também	porque	não	há	imputação
de	fato,	mas	atribuição	de	qualidade	negativa	e	atentatória	à	honra	subjetiva	da	vítima.
■ Ação	penal	privada:	A	retratação	somente	é	possível	nos	crimes	de	calúnia	e	de	difamação	de	ação
penal	privada.
■ Forma:	A	retratação	deve	ser	total	e	incondicional,	cabal,	em	decorrência	de	funcionar	como
condição	restritiva	da	pena.	Precisa	abranger	tudo	o	que	foi	dito	pelo	criminoso.	É	ato	unilateral,
razão	pela	qual	prescinde	de	aceitação	do	ofendido.
■ Momento:	A	retratação	há	de	ser	anterior	à	sentença	de	primeira	instância	na	ação	penal	(“antes	da
sentença”).	Ainda	que	tal	sentença	não	tenha	transitado	em	julgado,	a	retratação	posterior	é	ineficaz.
Nos	crimes	de	competência	originária	dos	Tribunais,	a	retratação	deve	preceder	o	acórdão.
■ Jurisprudência	selecionada:
Retratação	–	calúnia:	“A	2ª	Turma	indeferiu	habeas	corpus	em	que	alegada	ausência	de	justa	causa
para	a	ação	penal	em	virtude	de	retratação	por	parte	do	acusado,	nos	termos	do	art.	143	do	CP.	Na
espécie,	o	paciente	fora	denunciado	pela	suposta	prática	do	crime	de	calúnia	(CP,	art.	138),	com	a
causa	de	aumento	de	pena	prevista	no	art.	141,	II,	do	CP	(‘contra	funcionário	público,	no	exercício
das	 funções’),	 porquanto	 imputara	 a	magistrado	 o	 delito	 de	 advocacia	 administrativa	 ao	 deferir
reiterados	 pedidos	 de	 dilação	 de	 prazoà	 parte	 contrária.	 Salientou-se	 que	 a	 retratação	 seria
aceitável	nos	crimes	contra	a	honra	praticados	em	desfavor	de	servidor	ou	agentes	públicos,	pois	a
lei	penal	preferiria	que	o	ofensor	desmentisse	o	fato	calunioso	ou	difamatório	atribuído	à	vítima	à
sua	condenação.	Porém,	reputou-se	que,	no	caso,	não	houvera	a	retratação,	uma	vez	que	o	paciente
apenas	tentara	justificar	o	seu	ato	como	reação,	como	rebeldia	momentânea,	ao	mesmo	tempo	em
que	negara	ter-se	referido	ao	juiz	em	particular”	(STF:	HC	107.206/RS,	rel.	Min.	Gilmar	Mendes,
2ª	Turma,	j.	06.03.2012,	noticiado	no	Informativo	657).
Art.	144.	Se,	de	referências,	alusões	ou	 frases,	se	 infere	calúnia,	difamação	ou	 injúria,	quem	se	 julga	ofendido	pode	pedir
explicações	em	juízo.	Aquele	que	se	recusa	a	dá-las	ou,	a	critério	do	juiz,	não	as	dá	satisfatórias,	responde	pela	ofensa.
■ Natureza	jurídica:	O	art.	144	do	Código	Penal	veicula	o	instituto	do	pedido	de	explicações	nos
crimes	contra	a	honra.
■ Introdução:	Inferência	é	o	processo	lógico	de	raciocínio	baseado	em	uma	dedução.	Parte-se	de	um
argumento	para	se	chegar	a	uma	conclusão.	No	campo	dos	crimes	contra	a	honra,	tem	lugar	quando
uma	pessoa	se	vale	de	frase	equívoca,	pela	qual,	mediante	uma	dedução,	pode-se	concluir	que	se	trata
de	ofensa	a	alguém.	Mas	não	há	certeza	sobre	o	ânimo	de	atacar	a	honra	alheia,	ou,	ainda	que	presente
essa	certeza,	não	se	sabe	exatamente	qual	pessoa	foi	atacada.	Para	afastar	a	dúvida	sobre	eventual
ofensa,	a	lei	permite	àquele	que	se	sentir	prejudicado	pedir	explicações	em	juízo,	previamente	ao
oferecimento	da	ação	penal.	É	medida	facultativa,	pois	a	pessoa	ofendida	não	precisa	dele	se	valer
para	o	oferecimento	da	ação	penal.
■ Momento:	O	pedido	de	explicações	somente	pode	ser	utilizado	antes	do	ajuizamento	da	ação	penal.
■ Procedimento:	Não	há	procedimento	específico	para	o	pedido	de	explicações.	Obedece,	portanto,
ao	rito	das	notificações	avulsas.	No	entanto,	o	requerido	não	pode	ser	compelido	a	prestar	as
informações	solicitadas,	razão	pela	qual	à	sua	omissão	veda-se	a	imposição	de	qualquer	espécie	de
sanção.	O	magistrado	não	julga	o	pedido	de	explicações.
■ Prescrição	e	decadência:	O	pedido	de	explicações	não	interrompe	nem	suspende	a	prescrição	nem
a	decadência.	Contudo,	torna	prevento	o	juízo	para	futura	ação	penal.
■ Jurisprudência	selecionada:
Características	do	pedido	de	explicações:	“O	pedido	de	explicações	tem	natureza	cautelar.	É	cabível
em	qualquer	das	modalidades	de	crimes	contra	honra,	não	obriga	aquele	a	quem	se	dirige,	pois	o
interpelado	não	poderá	 ser	 constrangido	 a	 prestar	 os	 esclarecimentos	 solicitados,	 é	 processável
perante	o	mesmo	órgão	judiciário	competente	para	o	julgamento	da	causa	penal	principal,	reveste-
se	 de	 caráter	 meramente	 facultativo,	 não	 dispõe	 de	 eficácia	 interruptiva	 ou	 suspensiva	 da
prescrição	 penal	 ou	 do	 prazo	 decadencial,	 só	 se	 justifica	 quando	 ocorrentes	 situações	 de
equivocidade,	 ambiguidade	 ou	 dubiedade	 e	 traduz	 faculdade	 processual	 sujeita	 à	 discrição	 do
ofendido,	 o	 qual	 poderá,	 por	 isso	 mesmo,	 ajuizar,	 desde	 logo,	 a	 pertinente	 ação	 penal
condenatória”	(STF:	Pet-ED	2.740/DF	Rel.	Min.	Celso	de	Mello,	Tribunal	Pleno,	j.	26.03.2003).
Natureza	jurídica	e	cabimento	do	pedido	de	explicações:	“O	pedido	de	explicações	constitui	típica
providência	 de	 ordem	 cautelar,	 destinada	 a	 aparelhar	 ação	 penal	 principal	 tendente	 a	 sentença
penal	condenatória.	O	interessado,	ao	formulá-lo,	invoca,	em	juízo,	tutela	cautelar	penal,	visando	a
que	se	esclareçam	situações	revestidas	de	equivocidade,	ambiguidade	ou	dubiedade,	a	fim	de	que
se	viabilize	o	exercício	futuro	de	ação	penal	condenatória.	A	notificação	prevista	no	Código	Penal
(art.	144)	 traduz	mera	 faculdade	processual	 sujeita	à	discrição	do	ofendido.	E	só	 se	 justifica	na
hipótese	 de	 ofensas	 equívocas.	 O	 pedido	 de	 explicações	 em	 juízo	 acha-se	 instrumentalmente
vinculado	 à	 necessidade	 de	 esclarecer	 situações,	 frases	 ou	 expressões,	 escritas	 ou	 verbais,
caracterizadas	 por	 sua	 dubiedade,	 equivocidade	 ou	 ambiguidade.	 Ausentes	 esses	 requisitos
condicionadores	 de	 sua	 formulação,	 a	 interpelação	 judicial,	 porque	 desnecessária,	 revela-se
processualmente	inadmissível.	Onde	não	houver	dúvida	objetiva	em	torno	do	conteúdo	moralmente
ofensivo	das	afirmações	questionadas	ou,	então,	onde	inexistir	qualquer	incerteza	a	propósito	dos
destinatários	 de	 tais	 declarações,	 aí	 não	 terá	 pertinência	 nem	cabimento	 a	 interpelação	 judicial,
pois	 ausentes,	 em	 tais	 hipóteses,	 os	 pressupostos	 necessários	 à	 sua	 utilização”	 (STF:	 Pet-AgR
4.444/DF,	Rel.	Min.	Celso	de	Mello,	Tribunal	Pleno,	j.	26.11.2008).
Art.	145.	Nos	crimes	previstos	neste	Capítulo	somente	se	procede	mediante	queixa,	salvo	quando,	no	caso	do	art.	140,	§	2º,
da	violência	resulta	lesão	corporal.
Parágrafo	 único.	 Procede-se	mediante	 requisição	 do	Ministro	 da	 Justiça,	 no	 caso	 do	 inciso	 I	 do	 caput	 do	 art.	 141	 deste
Código,	e	mediante	representação	do	ofendido,	no	caso	do	inciso	II	do	mesmo	artigo,	bem	como	no	caso	do	§	3º	do	art.	140
deste	Código.
■ Ação	penal	privada:	É	a	regra	geral	nos	crimes	contra	a	honra,	pois	“somente	se	procede	mediante
queixa”.	Contudo,	há	exceções.
■ Ação	penal	pública	incondicionada:	A	ação	será	pública	incondicionada	na	injúria	real,	se	da
violência	resulta	lesão	corporal	(art.	145,	caput,	parte	final).	A	injúria	real	praticada	com	emprego	de
vias	de	fato	é	crime	de	ação	penal	privada.
■ Ação	pública	condicionada	à	requisição	do	Ministro	da	Justiça:	Nos	crimes	contra	a	honra	do
Presidente	da	República	ou	de	chefe	de	governo	estrangeiro	(CP,	art.	145,	p.	único,	1.ª	parte).
■ Ação	penal	pública	condicionada	à	representação	do	ofendido:	Nos	crimes	contra	a	honra
praticados	contra	funcionário	público,	em	razão	de	suas	funções	(CP,	art.	145,	p.	único,	2.ª	figura);	de
injúria	qualificada	pela	utilização	de	elementos	referentes	à	raça,	cor,	etnia,	religião,	origem	ou
condição	de	pessoa	idosa	ou	portadora	de	deficiência,	na	forma	do	art.	140,	§	3º,	do	Código	Penal
(CP,	art.	145,	p.	único,	in	fine,	com	redação	dada	pela	Lei	12.033/2009).	No	tocante	ao	crime	contra	a
honra	de	funcionário	público,	em	razão	de	suas	funções,	se	não	há	relação	entre	o	delito	contra	a	honra
e	o	exercício	das	funções	públicas,	a	ação	penal	é	privada.	Também	é	privada	a	ação	penal	quando	a
ofensa	se	dirige	a	pessoa	que	já	deixou	a	função	pública.	E,	nos	termos	da	Súmula	714	do	STF:	“É
concorrente	a	legitimidade	do	ofendido,	mediante	queixa,	e	do	Ministério	Público,	condicionada	à
representação	do	ofendido,	para	a	ação	penal	por	crime	contra	a	honra	de	servidor	público	em	razão
do	exercício	de	suas	funções.”
■ Jurisprudência	selecionada:
Ação	penal	pública	condicionada	e	eficácia	da	representação:	“A	representação	nos	crimes	contra	a
honra	 constitui-se	 em	 delatio	 criminis	 postulatória,	 traduzindo	 elemento	 subordinante	 e
condicionante	 do	 ajuizamento,	 pelo	Ministério	Público,	 da	 ação	penal	 de	que	 é	 titular.	De	 igual
modo,	limita	a	atuação	do	Parquet,	o	qual	não	pode	agir	ultra	vires,	ou	seja,	não	pode	extrapolar
os	limites	da	representação,	ampliando	seu	objeto”	(STF:	HC	98.237/SP,	rel.	Min.	Celso	de	Mello,
2.ª	Turma,	j.	15.12.2009).

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