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<p>AGENTES PÚBLICOS.</p><p>1. CONCEITO: Todos que exercem uma atividade administrativa, ainda que em caráter temporário, independentemente de remuneração.</p><p>É comum ouvirmos falar e servidores públicos como referência a quem trabalha na Administração Pública. É mais correto falar em AGENTES PÚBLICOS.</p><p>Celso Antônio Bandeira de Mello, tem essa opinião e diz que ela abrange os agentes políticos e servidores públicos, subdivididos em: funcionários, empregados públicos e os contratados em caráter temporário, na forma do art. 37, IX, da CF.</p><p>Art. 37. (...)</p><p>IX — a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.</p><p>Aqui ainda se incluem os particulares em colaboração com o Estado, que mesmo não ocupando cargos ou empregos na estrutura da Administração Pública, são considerados agentes, porque exercem serviços públicos, ainda que de forma transitória.</p><p>MARINELA (pg. 674), afirma que:</p><p>“A expressão agente público é a mais ampla para designar de forma genérica e indistinta os sujeitos que exercem funções públicas, que servem ao Poder Público como instrumentos de sua vontade ou ação, independentemente do vínculo jurídico, podendo ser por nomeação, contratação, designação ou convocação. Independe, ainda, de ser essa função temporária ou permanente e com ou sem remuneração. Assim, quem quer que desempenhe funções estatais, enquanto as exercita, é um agente público”.</p><p>Embora não exista um conceito específico para todo o Direito Administrativo, podemos encontrar alguns espalhados na legislação, dentre eles o da Lei de Improbidade Administrativa, o do Código Penal e o do Decreto nº 6.029/2007, respectivamente citados a seguir:</p><p>Lei 8.429/1992. Art. 2.º. Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.</p><p>CP. Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.</p><p>§ 1.º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.</p><p>Decreto nº 6.029/2007 (institui o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal). Art. 11, Parágrafo único. Entende‐se por agente público, para os fins deste Decreto, todo aquele que, por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuição financeira, a órgão ou entidade da administração pública federal, direta e indireta.</p><p>2. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS.</p><p>Este também é um tema com grande número de critérios utilizados pelos doutrinadores para apresentar as categorias de pessoas que trabalham na Administração Pública, mas devido ao nosso pouco tempo, vamos adotar a corrente dominante chefiada por Celso Antônio Bandeira de Melo, lembrando que existe uma outra classificação adotada por Hely Lopes Meirelles e uma terceira adotada por Di Pietro mesclando as duas.</p><p>A majoritária os classifica em Agentes Políticos, Servidores Estatais e Particulares em Colaboração Com o Poder Público.</p><p>2.1. Agentes Políticos.</p><p>Exercem uma função pública (múnus público) de alta direção do Estado e ingressam por meio de eleições, desempenhando mandatos fixos, ao término dos quais sua relação com o Estado desaparece automaticamente. A vinculação dos agentes políticos com o aparelho governamental não é profissional, mas institucional e estatutária. São os membros de Poder que ocupam a cúpula diretiva do Estado. É o caso dos parlamentares, Presidente da República, Governadores, Prefeitos, e seus respectivos vices, Ministros de Estado e Secretários (MAZZA, pg 603).</p><p>Esse é o entendimento de parte da doutrina (Celso Bandeira de Mello, Diogenes Gasparini e Carvalho Filho). A outra parte, liderada por Hely Lopes Meirelles e também o STF (2.ª Turma, RE 228977/SP, 05.03.2002), entende que Magistrados e Membros do Ministério Público também fazem parte desta categoria e isso deve ser levado em consideração por vocês em provas da OAB e concursos públicos.</p><p>Com relação aos Conselheiros dos Tribunais de Contas, o STF entende que são agentes administrativos por serem auxiliares do Legislativo no controle da Administração Pública.</p><p>Por fim, também existem divergências sobre os agentes diplomáticos, mas segundo o Instituto Rio Branco, a Controladoria-Geral da União e o STF, a função desses agentes é política, conforme julgado do STF:</p><p>(...) A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas – Artigo 3o, n. 1, “a” – outorga, à Missão Diplomática, o poder de representar o Estado acreditante (“État d’envoi”) perante o Estado acreditado ou Estado receptor (o Brasil, no caso), derivando, dessa eminente função política, um complexo de atribuições e de poderes reconhecidos ao agente diplomático que exerce a atividade de representação institucional de seu País, aí incluída a prerrogativa de fazer declarações, como aquela a que se refere o Acordo de Extradição/ MERCOSUL (Artigo 18, n. 4, III) (Ext 1.082, STF – Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento 19.06.2008, DJe 07.08.2008).</p><p>2.2. Particulares em colaboração com o Estado.</p><p>São as pessoas que exercem uma função pública em situações excepcionais (caráter temporário ou ocasional) e não possuem vínculo jurídico com a Administração, permanecendo particulares. A doutrina majoritária os dividem em quatro categorias, a seguir citadas:</p><p>Agentes designados ou agentes honoríficos – aqueles convocados pelo Poder Público e que são obrigados a participar sob pena de aplicação se uma sanção, como os mesários das eleições e os jurados do tribunal do júri.</p><p>Agentes voluntários - atuam de forma voluntária e também em casos de calamidade e emergência pública, geralmente em diversos tipos de repartições públicas, como escolas e hospitais. Exemplos são os médicos que ajudam em épocas de situações de emergência.</p><p>Agentes delegados – atuam na prestação de serviços públicos mediante delegação do Estado, como os que trabalham em concessionárias ou permissionárias de serviços públicos.</p><p>OBS: Os notários e registradores também são indicados como agentes delegados, pois apesar de prestarem concurso público, não são considerados servidores estatutários, nem empregados públicos e sim particulares em colaboração com a Administração.</p><p>Agentes credenciados – os que representam a Administração em um evento (ex.: um médico num congresso internacional, representando o Brasil), ou desempenham alguma função pública por credenciamento, como médicos particulares que atendem pelo SUS.</p><p>2.3. Servidores Estatais (Agentes Administrativos).</p><p>Chamados por parte da doutrina de Agentes Administrativos. Representa o grande conjunto de agentes que atuam nos entes da Administração Direta e Indireta, sejam pessoas jurídicas de direito público ou privado. Possuem uma relação de trabalho de natureza profissional, de caráter não eventual e sob vínculo de dependência.</p><p>Podem ser divididos em: servidores temporários; servidores celetistas e servidores estatutários.</p><p>2.3.1. Servidores Temporários.</p><p>Os contratados, com base no art. 37, IX, da CF/1988, para atendimento, em caráter excepcional, de necessidades não permanentes dos órgãos públicos.</p><p>Art. 37, IX, CF – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.</p><p>Este inciso exige a presença de três requisitos para ser possível a contratação temporária:</p><p>1) Lei específica, tendo em vista que o inciso IX é uma norma de eficácia limitada e necessita de lei para regulamentar e disciplinar as regras desses serviços e quais podem ser adotados neste tipo de trabalho.</p><p>2) Excepcional interesse público, ou seja, não pode</p><p>a abertura de uma sindicância ou de um processo administrativo disciplinar interrompe o prazo, até ocorrer a decisão final proferida pela autoridade competente.</p><p>Mas, se o ilícito administrativo também estiver sendo investigado por meio de uma ação criminal, aí o prazo utilizado para prescrição é o da legislação penal, conforme previsão do art. 142, § 2.º, Lei 8.112/1990. Vejam que deve existir processo instaurado judicialmente para que este prazo seja utilizado (entendimento também do STJ).</p><p>Após 3 anos, não havendo nova infração disciplinar, o registro da advertência deve ser cancelado, operando efeitos retroativos.</p><p>Suspensão é aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 dias (art. 130).</p><p>A suspensão pode ser convertida em multa de 50% do vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.</p><p>OBS: há um caso em que o prazo da suspensão será de 15 dias: quando o servidor se recusar a realizar uma inspeção médica.</p><p>Essa penalidade é aplicada pelo próprio chefe da repartição se for de até 30 dias e acima disso, pela autoridade que possuir hierarquia imediatamente inferior àquela que pode aplicar a demissão.</p><p>O prazo de prescrição é de 2 anos do conhecimento do fato (art. 142, II, Lei 8.112/1990).</p><p>Do mesmo modo que na advertência, a abertura de uma sindicância ou de um processo administrativo disciplinar interrompe o prazo, até ocorrer a decisão final proferida pela autoridade competente.</p><p>A mesma regra vale a respeito da ação penal sobre o mesmo fato.</p><p>Essa penalidade fica por 5 anos no registro funcional e se até lá ele não praticar nova falta, será cancelado com efeitos retroativos.</p><p>Demissão é a punição mais grave e a única capaz de gerar vacância do cargo público.</p><p>Só pode ser aplicada pela autoridade máxima da Administração.</p><p>Dependendo do tipo da falta, a demissão pode ocasionar o retorno ou não ao serviço público e são três as hipóteses:</p><p>a) demissão pura e simples: o servidor poderá retornar ao serviço público federal após uma nova aprovação em concurso público.</p><p>b) demissão, adicionando-se 5 anos: incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de cinco anos.</p><p>c) demissão sem possibilidade de retorno: o ex-servidor não poderá retornar ao serviço público federal.</p><p>OBS: nos casos de lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional, improbidade administrativa, corrupção e aplicação irregular de dinheiro público, além da punição de demissão, será decretada ainda a indisponibilidade dos bens e o consequente ressarcimento ao erário.</p><p>OBS 2: O STF declarou inconstitucional o PÚ do art. 137 da Lei 8.112/90 (ADI 2795, julgada em 04/12/2020), entendendo que há vedação às penas de caráter perpétuo. Então, o Congresso Nacional deve fixar, caso queira, o tempo que o servidor não pode retornar nos casos dos incisos I, IV, VIII, X e XI, do art. 132 da Lei.</p><p>OBS 3: o art. 170 dessa lei determina que se for extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor, mas este artigo também foi julgado inconstitucional pelo STF por violação ao princípio do estado de inocência (STF, MS 23262/DF, 23.04.2014) e porque acabaria se tornando uma pena perpétua.</p><p>Cassação de aposentadoria ou disponibilidade será aplicada ao inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão.</p><p>Destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.</p><p>Destituição de função comissionada é pena aplicável nas mesmas hipóteses da destituição de cargo em comissão.</p><p>10.3. Sindicância.</p><p>Investigação preliminar facultativa, sendo que sua utilização pode gerar:</p><p>a) o arquivamento do processo: ocorrerá nos casos de comprovada negativa de fato ou de autoria.</p><p>b) a aplicação das seguintes penalidades: advertência, suspensão de até 30 dias e instauração do PAD, quando a Administração desejar aplicar punições maiores (suspensão superior a 30 dias ou demissão).</p><p>A sindicância deve ser finalizada em 30 dias, prorrogáveis por igual período.</p><p>10.4. Processo Administrativo Disciplinar.</p><p>É obrigatório para qualquer punição.</p><p>Lembrar que o servidor que estiver respondendo a processo administrativo disciplinar não poderá ser exonerado a pedido nem aposentado de forma voluntária antes da conclusão da investigação.</p><p>A abertura de investigação interrompe o prazo prescricional (“Art. 142, § 3.º, Lei 8.112/1990.</p><p>A instauração de processo administrativo é dispensável para a concretização da exoneração de um servidor em estágio probatório. Isso ocorre pelo fato de este ainda não ser estável no cargo, mas é obrigatória a motivação do ato e a garantia da ampla defesa e contraditório.</p><p>Apesar de alguns entendimentos em contrário, a jurisprudência admite o início do processo por denúncia anônima: Súmula 611 do STJ. Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração.</p><p>Como podemos perceber, o Processo Administrativo Disciplinar (PAD), é o instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido (art. 148, Lei 8.112/1990).</p><p>Ao final do PAD, todas as sanções previstas em lei podem ser aplicadas, a depender da culpabilidade do servidor, ou seja, a autoridade competente poderá decretar desde a punição mais leve (advertência) até as mais graves (demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo ou função de confiança).</p><p>O prazo para finalização é de 60 dias, prorrogável por igual período, quando as circunstâncias o exigirem.</p><p>Súmula 592 do STJ. O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa.</p><p>Para evitar que o servidor investigado venha a atrapalhar o andamento das investigações, poderá a autoridade instauradora do processo disciplinar determinar o afastamento preventivo do acusado por 60 dias, prorrogável por igual período, mas recebendo sua remuneração normalmente.</p><p>10.4.1. Etapas do PAD.</p><p>1. Instauração: inicia com a formação da comissão de investigação, composta por três servidores estáveis designados pela autoridade competente, que não podem ser o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau. O presidente da comissão deve ter cargo efetivo superior ou do mesmo nível do investigado ou também nível de escolaridade.</p><p>2. Inquérito administrativo: é a fase do processo administrativo na qual, de fato, se garante a observância dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.</p><p>Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.</p><p>Aqui no inquérito a comissão colhe os depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.</p><p>O inquérito é dividido em instrução, defesa e relatório.</p><p>a) Instrução: com todas as provas admitidas em Direito (testemunhas, perícias, acareações e outras, desde que lícitas, inclusive prova emprestada).</p><p>Súmula 591 do STJ. É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.</p><p>Caso entendam estar tipificada a infração disciplinar, a comissão vai indiciar o servidor por decisão motivada.</p><p>b) Defesa: o servidor será citado por mandado expedido pelo presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 dias e se houver mais de um indiciado o prazo</p><p>passa para 20 dias, chegando ao dobro no caso de diligências indispensáveis.</p><p>Existe a possibilidade de citação por edital pelo Diário Oficial e em jornal de grande circulação no local, no caso de o indiciado estar em local incerto e não sabido, para apresentar defesa dentro de 15 dias, contados a partir da última publicação do edital.</p><p>Em caso de não apresentação de defesa, será decretada a revelia e nomeado um servidor para defender o indiciado, mas a revelia não faz se presumirem como verdadeiros os fatos alegados pela acusação.</p><p>c) Relatório: no fim dessas fases, será elaborado relatório minucioso, resumindo as principais peças dos autos, com indicação das provas usadas para e formar a sua convicção, indicando sua conclusão sobre a inocência ou culpa.</p><p>A autoridade que determinou a instauração do processo administrativo é que vai julgar.</p><p>d) Julgamento: deve ser feito em 20 dias do recebimento do processo.</p><p>Como regra, o julgamento deve acatar o relatório da comissão, já que este foi conclusivo quanto à inocência ou culpa do investigado, mas em caso de contrariar a prova dos autos, a autoridade pode agravar, abrandar ou isentar o servidor de responsabilidade, tudo de forma motivada.</p><p>10.4.2. Revisão do processo: o processo disciplinar poderá ser revisto a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.</p><p>O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar.</p><p>Formada a comissão para analisar o pedido de revisão, esta terá o prazo de 60 dias para concluir o seu trabalho, encaminhando o relatório à autoridade que aplicou a penalidade originária, que tem 20 dias para decidir.</p><p>Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.</p><p>Súmulas vinculantes:</p><p>Súmula 5. A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.</p><p>Súmula 13. A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.</p><p>Súmula 42. É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.</p><p>Súmula 43. É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.</p><p>Súmula 44. Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.</p><p>Súmula 55. O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.</p><p>para situações normais e regulares e deve existir respeito aos princípios da impessoalidade e moralidade, com a realização de processo seletivo com regras definidas.</p><p>3) Contratação temporária: o contrato deverá ser firmado por um prazo certo, determinado pela lei específica (a Lei 8.745/1993 prevê situações entre 6 meses e 4 anos no seu art. 2º).</p><p>A lei regulamentadora é a nº 8.745/1993 (para o serviço federal) e definiu as situações que se enquadram como de excepcional interesse público. Apenas para citar algumas, são elas:</p><p>a) assistência a situações de calamidade pública; b) assistência a emergências em saúde pública; c) realização de recenseamentos e outras pesquisas de natureza estatística realizados pelo IBGE; d) admissão de professor substituto e professor visitante; e) admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro; f) combate a emergências ambientais e h) admissão de profissional de nível superior especializado para atendimento a pessoas com deficiência.</p><p>IMPORTANTE: a contratação é feita por Processo Simplificado de Seleção, com menos rigor e formalidades do que o concurso público tradicional, mas com respeito à impessoalidade, moralidade e demais princípios administrativos. Há situações excepcionais de calamidade pública e emergência ambiental onde a contratação pode ser feita de forma direta, sem a seleção, desde que isso fique comprovado.</p><p>Art. 3.º, Lei 8.745/1993. O recrutamento do pessoal a ser contratado, nos termos desta Lei, será feito mediante processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgação, inclusive através do Diário Oficial da União, prescindindo de concurso público. § 1.º A contratação para atender às necessidades decorrentes de calamidade pública, de emergência ambiental e de emergências em saúde pública prescindirá de processo seletivo.</p><p>Os temporários não são estatutários ou celetistas e suas eventuais ações trabalhistas correm na Justiça Comum.</p><p>Importante: o servidor temporário não recebe 13º e terço constitucional de férias, salvo se houver previsão legal ou contratual, ou se ficar comprovado o desvirtuamento da contratação por sucessivas prorrogações (Tema 551, STF).</p><p>2.3.2. Servidores Celetistas.</p><p>A regra é que a contratação de empregados públicos pela Administração só pode ser feita pelas pessoas jurídicas regidas pelo direito privado (empresas públicas de direito privado, sociedades de economia mista e fundações e consórcios privados).</p><p>Mesmo assim, eles não são totalmente regidos pelo direito privado, porque a CF/1988 impõe algumas regras, dentre elas:</p><p>a) concurso público (art. 37, II, CF).</p><p>b) vedação à acumulação de cargos, empregos e funções (art. 37, XVII, CF).</p><p>c) respeito ao teto remuneratório, caso a entidade receba recursos públicos (art. 37, § 9.º, CF).</p><p>d) equiparação a servidores públicos para fins penais (art. 327, CP).</p><p>e) equiparados para fins da Lei de Improbidade Administrativa (art. 2.º, Lei 8.429/1992).</p><p>f) seus atos estão sujeitos ao controle judicial, por remédios constitucionais.</p><p>Já a diferença fundamental é a estabilidade: se no cargo público o servidor adquire estabilidade após o estágio supervisionado de 3 anos, com os celetistas não é assim.</p><p>Esse é o entendimento do TST, consolidado e sumulado:</p><p>Súmula 390 do TST. Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988.</p><p>O STF tem entendido que deve existir, nas estatais que prestem serviços públicos, um procedimento legal para que se possam garantir ao empregado os direitos ao contraditório e à ampla defesa, com uma eventual demissão acompanhada de decisão motivada.</p><p>Por serem empregados públicos, são celetistas, regidos pela CLT e a competência para os processos é da Justiça do Trabalho.</p><p>ATENÇÃO: fazem parte do regime geral de previdência social (RGPS).</p><p>2.3.3. Servidores Estatutários.</p><p>Os que possuem vínculo permanente com a Administração, de natureza profissional, com prazo indeterminado. São regidos por um estatuto funcional que prevê seus direitos e deveres.</p><p>Até 1998 existia a previsão do regime jurídico único que obrigava a Administração Direta, suas Autarquias e Fundações Públicas possuírem o mesmo regime. No caso, esse regime está previsto na Lei 8.112/90.</p><p>No entanto, com a Emenda Constitucional 19/1998, houve uma mudança e foi afastada a obrigatoriedade da adoção do regime jurídico único, ou seja, poderiam existir regimes mistos (Lei 8.112/90 e CLT).</p><p>O STF suspendeu a eficácia da EC 19/98, por conter vícios de forma (procedimentais) e assim, voltou a valer a regra anterior. A decisão foi proferida na ADIN 2.135-4:</p><p>Medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade. Poder Constituinte reformador. Processo legislativo. Emenda Constitucional 19, de 04.06.1998. Art. 39, caput, da Constituição Federal. Servidores públicos. Regime jurídico único. Proposta de implementação, durante a atividade constituinte derivada, da figura do contrato de emprego público. Inovação que não obteve a aprovação da maioria de três quintos dos membros da Câmara dos Deputados quando da apreciação, em primeiro turno, do destaque para votação em separado (DVS) n.º 9. Substituição, na elaboração da proposta levada a segundo turno, da redação original do caput do art. 39 pelo texto inicialmente previsto para o parágrafo 2.º do mesmo dispositivo, nos termos do substitutivo aprovado. Supressão, do texto constitucional, da expressa menção ao sistema de regime jurídico único dos servidores da Administração Pública. Reconhecimento, pela maioria do plenário do Supremo Tribunal Federal, da plausibilidade da alegação de vício formal por ofensa ao art. 60, § 2.º, da Constituição Federal. Relevância jurídica das demais alegações de inconstitucionalidade formal e material rejeitada por unanimidade. 1. A matéria votada em destaque na Câmara dos Deputados no DVS n.º 9 não foi aprovada em primeiro turno, pois obteve apenas 298 votos, e não os 308 necessários. Manteve-se, assim, o então vigente caput do art. 39, que tratava do regime jurídico único, incompatível com a figura do emprego público. 2. O deslocamento do texto do § 2.º do art. 39, nos termos do substitutivo aprovado, para o caput desse mesmo dispositivo representou, assim, uma tentativa de superar a não aprovação do DVS n.º 9 e evitar a permanência do regime jurídico único previsto na redação original suprimida, circunstância que permitiu a implementação do contrato de emprego público ainda que à revelia da regra constitucional que exige o quórum de três quintos para aprovação de qualquer mudança constitucional. 3. Pedido de medida cautelar deferido, dessa forma, quanto ao caput do art. 39 da Constituição Federal, ressalvando-se, em decorrência dos efeitos ex nunc da decisão, a subsistência, até o julgamento definitivo da ação, da validade dos atos anteriormente praticados com base em legislações eventualmente editadas durante a vigência do dispositivo ora suspenso. 4. Ação direta julgada prejudicada quanto ao art. 26 da EC 19/98, pelo exaurimento do prazo estipulado para sua vigência. 5. Vícios formais e materiais dos demais dispositivos constitucionais impugnados, todos oriundos da EC 19/98, aparentemente inexistentes ante a constatação de que as mudanças de redação promovidas no curso do processo legislativo não alteraram substancialmente o sentido das proposições ao final aprovadas e de que não há direito adquirido à manutenção de regime jurídico anterior. 6. Pedido de medida cautelar parcialmente deferido (STF, Tribunal Pleno, ADI 2135/DF, 02.08.2007).</p><p>Por enquanto voltou a valer o regime obrigatório e na esfera federal, a Lei 8.112/1990 deve ser aplicada, mas a matéria ainda não foi definitivamente julgada e a decisão tem efeitos não retroativos.</p><p>A professora Ana Campos lembra que a relação dos servidores estatutários é não contratual e por isso eles não possuem direito adquirido ao regime jurídico, porque o vínculo é baseado em uma lei e ela pode ser alterada, ainda que de forma não benéfica aos servidores, como a possibilidade</p><p>de extinção da licença-prêmio no âmbito da legislação federal (STF, 1.ª Turma, ARE 937685 AgR/SP, 15.03.2016).</p><p>3. CARGO, EMPREGO e FUNÇÃO.</p><p>Os agentes públicos podem ocupar cargos públicos, empregos públicos ou exercer funções públicas.</p><p>3.1. Cargo Público.</p><p>Conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor, sob regime estatutário. Este conceito está no art. 3º da Lei 8.112/1990.</p><p>A criação de cargos públicos deve ser feita mediante lei de iniciativa do Poder cuja estrutura o cargo integrará, assim como a definição de suas atribuições, sua denominação e remuneração.</p><p>Compete ao Presidente da República, mediante decreto, dispor acerca da extinção de cargos e funções públicas, quando vagos (VI, art. 84, CF/88).</p><p>Os cargos públicos podem ser classificados:</p><p>a) quanto à esfera de governo: federais, estaduais e municipais.</p><p>b) quanto à posição estatal:</p><p>b1) cargos de carreira – com escalonamento de classes ou categorias, divisão dentro da mesma estrutura profissional e possibilidade de elevação funcional, com promoção por antiguidade e merecimento (mudança vertical de uma classe ou categoria para a superior na sua carreira funcional) ou progressão (mudança linear para padrão ou nível superior dentro da mesma classe ou categoria).</p><p>b2) cargos isolados – fazem parte da estrutura organizacional do ente federativo, mas não integram nenhuma carreira específica porque não possui escalonamento de funções, impossibilitando progressão funcional como nos cargos de carreira.</p><p>c) quanto à garantia conferida ao ocupante:</p><p>c1) cargo em comissão – as funções que exigem a confiança direta e pessoal da autoridade pública e por causa disso podem ser preenchidos por quaisquer pessoas, sem necessidade de concurso público e, portanto, de livre nomeação e exoneração;</p><p>c2) cargo efetivo – os preenchidos por concurso público de provas ou provas e títulos, com estabilidade em 3 anos de exercício e aprovação na avaliação especial de desempenho;</p><p>c3) cargo vitalício – nome dado às atividades de alta responsabilidade, com necessidade de mais garantia para evitar qualquer tipo de pressão política no exercício de suas atividades. (é um cargo efetivo, só que com garantias especiais).</p><p>3.2. Emprego Público.</p><p>Conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a pessoa física contratada sob o regime celetista e da Lei n. 9.962/2000.</p><p>O contrato de trabalho será celebrado por prazo indeterminado e somente será rescindido por ato unilateral da Administração Pública, nas hipóteses do art. 3º da lei 9.962/00.</p><p>A criação de empregos públicos deve ser feita mediante lei e, pelo princípio da simetria das formas, se exige esta mesma regra para sua extinção.</p><p>3.3. Função Pública.</p><p>Nas palavras de Matheus Carvalho: a função pública é o conjunto de atividades atribuída a um cargo ou emprego público, seja este cargo, isolado ou de carreira, para provimento efetivo, vitalício ou em comissão. Deve ser criada e extinta mediante a edição de lei.</p><p>A função de confiança é espécie do gênero função pública e é disciplinada no inciso V do art. 37 da CF/88 da seguinte maneira:</p><p>V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam‐se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.</p><p>Não se deve confundir função de confiança com os cargos em comissão:</p><p>Os dois estão relacionados ao desempenho de uma atividade de direção, chefia ou assessoramento, mas o cargo em comissão pode ser preenchido por qualquer pessoa, servidor ou não, enquanto a função de confiança só por quem já é servidor.</p><p>Outra diferença é que a função de confiança é o desempenho de uma atividade sem a existência de um cargo específico (função sem cargo), ao passo que o cargo em comissão tem, além do cargo criado por lei, também uma função correspondente.</p><p>RESUMO:</p><p>Cargo público: servidores públicos; regime estatutário; entidades de direito público (adm. direta, autarquias e fundações públicas).</p><p>Emprego público: empregados públicos; vínculo contratual; CLT; entidades de direito privado (empresas públicas e sociedades de economia mista). OBS: existem empregados públicos na administração direta, que são aqueles contratados durante a vigência da EC19/98, entre 1998 e 2007.</p><p>Função pública: conjunto de atribuições que não corresponde necessariamente a um cargo ou emprego público; função autônoma (temporária ou de confiança).</p><p>4. ACUMULAÇÃO DOS CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES.</p><p>Em regra, é vedada a acumulação, mas a CF/88 autoriza em algumas exceções no art. 37, XVI, combinado com outros dispositivos, desde que exista compatibilidade de horários. São os casos a seguir:</p><p>a) Dois cargos de professor (art. 37, XVI, a, CF).</p><p>b) Um cargo de professor com um cargo técnico ou científico (art. 37, XVI, b, CF).</p><p>c) Dois cargos na área de saúde, com profissões regulamentadas (art. 37, XVI, c, CF).</p><p>e) Um cargo de magistrado com um cargo de professor (art. 95, parágrafo único, I, CF).</p><p>f) Um cargo de membro do Ministério Público com um cargo de professor (art. 128, § 5.º, II, d, CF).</p><p>g) Um cargo efetivo com um mandato de vereador (art. 38, III, CF).</p><p>ATENÇÃO: nessas hipóteses o teto remuneratório é para cada um dos cargos, ou seja, a soma dos dois pode ser maior que o teto, como já decidiu o STF, no RE 612975, 27.04.2017).</p><p>ATENÇÃO 2: STF já decidiu em 20/03/2020 no ARe 1246685 que não se aplica mais a regra das 60h semanais. Agora basta comprovar a compatibilidade dos dois cargos.</p><p>Por fim, o art. 42, § 3º, da CF/1988 determina que o Corpo de Bombeiros e Polícia Militar podem acumular cargos, desde que tenha prevalência a atividade militar.</p><p>5. ACESSIBILIDADE AOS CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS.</p><p>Respeitando o princípio da impessoalidade, a CF prevê o acesso aos cargos, empregos e funções públicas aos brasileiros (natos ou naturalizados), aos portugueses equiparados e aos estrangeiros, cumpridas as formalidades da lei (art. 37).</p><p>Existem algumas restrições. Por exemplo, alguns cargos são privativos de brasileiros natos (os no art. 12, § 3º, da CF, como Presidente e Vice da República, Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado, Ministros do SFT, diplomatas, oficial das Forças Armadas e Ministro de Estado da Defesa); outros que exigem limite de idade ou formação profissional.</p><p>Súmula 683 do STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. (Ex.: pode limitar idade para Polícia Militar).</p><p>6. CONCURSO PÚBLICO.</p><p>A CF/88 determina o ingresso das pessoas no poder público por meio de aprovação em concurso público:</p><p>Art. 37, II, CF/1988 – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei [...].</p><p>Portanto, vejam que não é permitida nenhuma discriminação, nem favoritismo e não há possibilidade de provas somente de títulos.</p><p>A regra vale tanto para os servidores da Administração Direta, quanto para as autarquias, empresas públicas, sociedade de economia mista e fundações, da União, Estados, DF e Municípios.</p><p>Súmula Vinculante 43 do STF. É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.</p><p>ADI 5358/PA: STF declarou inconstitucional o art. 137, PÚ da Lei 8.112/1990: no caso de empate, não é possível favorecer quem já é servidor da Administração.</p><p>6.1. Exceções.</p><p>A regra é a obrigatoriedade do concurso público, como previsto na CF/88, mas esta norma também pode prever algumas exceções, que são as seguintes:</p><p>1) cargos em comissão (mediante nomeação);</p><p>2) funções de confiança (também por nomeação);</p><p>3) contratados temporários (art. 37, IX, da CF, por processo seletivo simplificado);</p><p>4) contratação de agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, prevista agora no art. 198, § 4º, da CF, por processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação;</p><p>5) agentes detentores de mandatos eletivos: nesse caso, o ingresso será efetivado por meio de eleição;</p><p>6) particulares em colaboração com a Administração (o exercício da função pública, nesse caso, pode iniciar-se mediante convocação, concurso ou até espontaneamente, variando de acordo com o tipo de colaborador);</p><p>7) Ministros dos Tribunais Superiores e Tribunal de Contas;</p><p>8) contratação de professores em Universidades Federais (STF, ADIn 1.923, julgada em 16/04/2015), declarou constitucional a Lei n. 9.637/98, que disciplina as Organizações Sociais, admitindo-se a terceirização na contratação de pessoal por meio de tais entidades.</p><p>9) Quinto constitucional: “Art. 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação”.</p><p>10) Ex-combatentes: “Art. 53, ADCT. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei n.º 5.315, de 12 de setembro de 1967, serão assegurados os seguintes direitos: I – aproveitamento no serviço público, sem a exigência de concurso, com estabilidade”.</p><p>11) Empregados da OAB: segundo o Supremo Tribunal Federal, a Ordem dos Advogados do Brasil exerce um serviço público independente, sendo considerada uma entidade sui generis. Com isso, possibilitou que ela contrate seus empregados sem a necessidade da prévia realização de um concurso público. (STF, Tribunal Pleno, ADI 3026/DF, 08.06.2006).</p><p>6.2. Validade (prazo do concurso público).</p><p>O art. 37, III, da Constituição Federal determina que: O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.</p><p>Como visto, o prazo é de até dois anos, prorrogável uma única vez, por igual período, ou seja, se o concurso for aberto pelo prazo de 15 meses, só poderá ser prorrogado, se for por mais 15 meses (a prorrogação tem que ser no mesmo prazo que o inicial).</p><p>Esse prazo tem início a partir da homologação do concurso.</p><p>E a prorrogação é ato discricionário, tendo em vista que depende de conveniência e oportunidade aferida pela Administração.</p><p>Por fim, segundo o texto constitucional, caso a Administração, ainda dentro do prazo de validade de um concurso, resolva abrir novo certame, deverá nomear com prioridade os aprovados no primeiro procedimento.</p><p>Art. 37, IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira.</p><p>OBS: Conforme o art. 12, § 2º, da Lei nº 8.112/90, não será aberto novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado.</p><p>No entanto, segundo MAZZA (pg. 621) a melhor interpretação dessa norma, à luz da CF/1988, é a de que um novo concurso pode ser aberto, contanto que os candidatos já aprovados tenham prioridade sobre os novos aprovados. Essa conclusão pode ser extraída do teor do art. 37, IV, transcrito acima.</p><p>6.3. Direitos do candidato aprovado no concurso.</p><p>De acordo com o STJ (RMS 30.110/ CE), o candidato devidamente aprovado em concurso público tem constitucionalmente asseguradas duas ordens de direitos:</p><p>a) direito de precedência: dentro do prazo de validade do certame, o candidato aprovado no concurso anterior tem prioridade na convocação em relação aos aprovados em concurso superveniente;</p><p>b) direito de convocação por ordem descendente de classificação de todos os aprovados: trata-se do direito à não preterição na ordem classificatória.</p><p>6.4. Nomeação: direito subjetivo ou não?</p><p>A aprovação em um concurso público garante somente a expectativa de direito sobre a nomeação dentro do prazo de validade do concurso (uma esperança). É uma vantagem, mas não tem exigibilidade.</p><p>Para se tornar um direito subjetivo e ser exigível, é preciso ocorrer mais um dos seguintes fatos:</p><p>a) Candidato classificado dentro do número de vagas previsto no edital.</p><p>STJ, RMS 20.718, de 08/02/2008, firmou o entendimento de que candidato aprovado em concurso público dentro do número de vagas anunciadas no edital possui direito subjetivo, líquido e certo à nomeação. Mesmo assim, é bom deixar claro que a Administração tem todo o prazo de validade do concurso, mais a prorrogação, para realizar a nomeação. O direito subjetivo aqui é adquirido somente no encerramento do prazo de validade.</p><p>STF, REx 581.113/SC, Min. Dias Toffoli, reconheceu o direito adquirido à nomeação de candidatos aprovados quando ocorre requisição de servidores para exercício da mesma função a ser provida pelo concurso. (Caso do TRE-SC).</p><p>O CNJ, no julgamento do Pedido de Providências n. 5662-23.2010.2.00, acatou o direito subjetivo à nomeação aos candidatos aprovados fora do número de vagas quando o órgão público manifesta, por ato inequívoco, a necessidade do preenchimento de novas vagas. Essa foi uma decisão específica e o caso era o seguinte: certo Tribunal tinha chamado vários candidatos além do número de vagas do edital e alguns deles não assumiram o cargo (desistiram). Portanto, se 5 desistiram, os próximos 5 da lista adquiriram direito subjetivo.</p><p>Surge também direito adquirido à posse na hipótese de convocação dos candidatos para apresentar documentos necessários à nomeação (STJ: RMS 30.881/CE, RMS 30.110/CE).</p><p>b) Candidato preterido na ordem de classificação.</p><p>Súmula 15, STF: Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.</p><p>OBS: STF tem decisões dizendo que não configura preterição quando a Administração realiza nomeações por ordem judicial (RE 598.099/MS).</p><p>c) Contratação de servidores temporários dentro da validade do concurso.</p><p>Essa situação parece bem óbvia. Ora, se existem candidatos aprovados, não há motivo para fazer processo simplificado e chamar temporários. A única ressalva aqui é que o direito só existe até o número de contratados temporários. Exemplo, se tem um concurso com 200 aprovados esperando nomeação e a Administração contrata 15 temporários, só os 15 primeiros da lista possuem o direito à nomeação.</p><p>6.5. Cláusula de barreira (nota de corte).</p><p>As chamadas limitações para prosseguimento no concurso público são consideradas constitucionais pelo STF:</p><p>Recurso extraordinário. Repercussão geral. 2. Concurso público. Edital. Cláusulas de barreira. Alegação de violação aos arts. 5.º, caput, e 37, inciso I, da Constituição Federal. 3. Regras restritivas em editais de concurso público, quando fundadas em critérios objetivos relacionados ao desempenho meritório do candidato, não ferem o princípio da isonomia. 4. As cláusulas de barreira em concurso público, para seleção dos candidatos mais bem classificados, têm amparo constitucional. 5. Recurso extraordinário provido (STF, Tribunal Pleno, RE 635739/ AL, 19.02.2014).</p><p>São as chamadas notas de corte em determinado número. Por exemplo, existem 30 vagas para o concurso de promotor de justiça substituto e o edital prevê que a nota mínima para aprovação na primeira fase é de 60% de acertos, mas existe o limite de 300 candidatos para a segunda fase, ou seja, se muita gente ir bem na prova,</p><p>o corte pode ficar acima desse número. Se a nota do 300º ficar em 65 pontos, quem fez 64 não vai passar.</p><p>Importante lembrar que todos os empatados na última nota são aprovados para a próxima fase.</p><p>Essa limitação também pode ser inserida na fase oral. Por exemplo, como são 30 vagas, a Administração pode limitar ao número de 40 os que podem ir para a última fase do concurso.</p><p>6.6. Concurso público e controle pelo Poder Judiciário.</p><p>É tranquilo o entendimento de que o judiciário pode analisar a legalidade dos atos administrativos, mas não pode entrar no mérito administrativo.</p><p>Por isso o juiz não pode proferir decisão modificando critérios de seleção e questões da prova (MS 30433 AgR/DF), com exceção de erros grosseiros de gabarito e eventuais questões fora do edital (MS 30859/DF).</p><p>6.7. Anulação do concurso.</p><p>A anulação da nomeação em decorrência da irregularidade do concurso público deve respeitar o devido processo legal e o particular tem o direito ao contraditório e a ampla defesa, pois a anulação vai restringir um direito seu.</p><p>Do mesmo modo, não é possível convalidar o ato de nomeação decorrente de concurso ilegal, mas os atos praticados por este agente irregularmente investido, por se revestirem de legalidade aparente, como já estudamos na primeira aula, devem ser mantidos para evitar prejuízos aos terceiros de boa-fé e por causa da teoria do órgão e do princípio da impessoalidade.</p><p>STF e STJ possuem decisões no sentido de que o agente tem direito à percepção da remuneração pelos dias trabalhados, assim como ao saldo do FGTS, neste último caso, se o concurso anulado é de emprego público.</p><p>6.8. Estabilidade e vitaliciedade.</p><p>Sabemos que existem os cargos efetivos e os comissionados. Para estes não há estabilidade e para aqueles, ela vem em 3 anos, após aprovação na avaliação de desempenho.</p><p>CF/88 - Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.</p><p>[...]</p><p>§ 4.º. Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.</p><p>OBS: existe diferença entre efetividade e estabilidade: a primeira é relativa ao cargo e a segunda é uma segurança a mais que a pessoa adquire sobre ele, depois que passa por um prazo de “supervisão”.</p><p>Exemplo: João passou no concurso para técnico judiciário do TJSC, foi nomeado e tomou posse (aqui passou a ocupar um cargo efetivo) e agora passará por 3 anos de estágio probatório, quando então será estável, no caso de aprovação.</p><p>Ainda nesta observação, caso passem 3 anos sem a Administração fazer o estágio probatório, o servidor será considerado aprovado.</p><p>OBS2: aos servidores que entraram até 5 anos antes da promulgação da CF/88, a estabilidade é automática, mesmo sem ter feito concurso público (art. 19, ADCT).</p><p>A vitaliciedade é uma garantia de permanência no serviço público, assegurada a alguns agentes públicos selecionados em razão da natureza do cargo que ocupam, exigindo, para sua desinvestidura, processo judicial transitado em julgado, o que significa ser mais seguro do que a estabilidade.</p><p>Cargos que gozam da vitaliciedade: os Magistrados, Membros do Ministério Público, Ministros dos Tribunais Superiores e Conselheiros dos Tribunais de Contas, conforme disposição constitucional.</p><p>Para magistrados e membros do Ministério Público, a vitaliciedade é adquirida em 2 anos e para os demais, na posse, inclusive os desembargadores que entram pelo 5º constitucional.</p><p>6.9. Perda do cargo.</p><p>As hipóteses estão no art. 41, § 1º, da CF/88:</p><p>Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.</p><p>§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:</p><p>I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (hipótese de perda do cargo)</p><p>II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (demissão)</p><p>III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. (exoneração)</p><p>E há uma última hipótese no art. 169, da CF/88:</p><p>Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. (exoneração)</p><p>§ 3.º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:</p><p>I – redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança;</p><p>II – exoneração dos servidores não estáveis.</p><p>§ 4.º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal.</p><p>6.10. Direito de greve.</p><p>É permitido pelo art. 37, II, da CF/88 (para os civis) e proibido aos militares pelo art. 142, § 3º, IV, CF/88.</p><p>O inciso II do art. 37 fala que o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica, mas ela ainda não foi editada, o que levou o STF a entender que até a sua edição, a lei geral de greve, nº 7.783/1989, deve ser utilizada por analogia (STF, Tribunal Pleno, MI 712/PA, 25.10.2007).</p><p>Os dias de paralisação não serão remunerados, exceto se ela decorrer de ato ilícito do Poder Público (não pagamento da remuneração, por exemplo).</p><p>A competência é da Justiça comum federal e estadual para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da administração direta, autarquias e fundações públicas.</p><p>6.11. Dever de intimação pessoal do candidato nomeado em concurso público.</p><p>A regra é que o candidato acompanhe o andamento do concurso até expirar sua validade e ler o Diário Oficial e as notícias da internet sobre o seu concurso, mas o STJ (RMS 23.106, 5ª Turma) entendeu que a Administração Pública tem o dever de intimar pessoalmente o candidato quando houver decurso de tempo razoável entre a homologação do resultado e a data da nomeação.</p><p>7. SISTEMAS DE COTAS E DIFERENCIAÇÕES/DISCRIMINAÇÕES (ANÁLISE GERAL).</p><p>Há situações que admitem diferenciação de acordo com a natureza das atribuições do cargo a ser preenchido, como por exemplo, o limite de idade, permitido em casos especiais e até sumulado (Súmula 683 do STF).</p><p>Ainda sobre a idade, a própria Lei 8.112/1990 proíbe o acesso aos cargos públicos aos menores de 18 anos no seu art. 5º.</p><p>Cada situação merece sua análise individualizada para ser feita a sua própria regra. O STF considerou constitucional a fixação de idade mínima e máxima para ingresso no cargo de policial militar em um Estado, mas temos que considerar que a limitação não pode ser feita quando não tem relação com o cargo, como já foi decidido pelo STF em casos de fixação de idade mínima para ser fiscal de tributos ou médico municipal.</p><p>A candidata grávida, depois de longos anos de ignorância do legislativo, agora pode realizar seu teste de aptidão física em outra data após dar à luz, independentemente de previsão no edital. Por outro lado, qualquer tipo de doença que impossibilite um candidato de estar no dia da prova, não tem força para adiar seu teste por ser um problema particular da pessoa. A maternidade está dentro do direito de família e recebe proteção constitucional especial.</p><p>Casos interessantes.</p><p>Impossibilidade de eliminação de candidato na fase de investigação social pelo simples fato de existir inquérito policial ou ação penal, sem a existência de sentença transitada em julgado (estado de inocência). Caso ocorra a prescrição, transação penal, suspensão condicional do processo, acordo de não persecução penal, do mesmo modo, a culpa não é reconhecida e não é possível eliminar o candidato.</p><p>Sobre este ponto,</p><p>o STF, no tema 22, decidiu no RE 560.900, que o edital não pode restringir quem tem inquérito policial em andamento, exceto se:</p><p>I – houver decisão proferida por órgão colegiado ou definitiva;</p><p>II – Existir incompatibilidade entre o crime e a atribuição do cargo, com decisão fundamentada.</p><p>O STF já decidiu em repercussão geral que os editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais (ex.: incitação à violência, obscenidade etc.), tendo em vista os princípios da igualdade, da dignidade da pessoa humana, da liberdade de expressão, da proporcionalidade e do livre acesso aos cargos públicos.</p><p>Quanto ao teste de aptidão física, a sua legitimidade depende do preenchimento dos seguintes requisitos: a) previsão legal, b) relação de pertinência com as atividades a serem desenvolvidas, c) utilização de critérios objetivos e d) possibilidade de recurso.</p><p>A Lei 12.990/2014 trouxe a reserva de 20% das vagas aos negros em concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta Federal.</p><p>Sobre esse assunto, o STF já decidiu pela constitucionalidade das cotas raciais e dessa lei, fixando a seguinte tese:</p><p>“É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa.</p><p>O STF fixou como parâmetros:</p><p>a) os percentuais de reserva de vaga devem valer para todas as fases dos concursos;</p><p>b) a reserva deve ser aplicada em todas as vagas oferecidas no concurso público (não apenas no edital de abertura);</p><p>c) os concursos não podem fracionar as vagas de acordo com a especialização exigida para burlar a política de ação afirmativa, que só se aplica em concursos com mais de duas vagas; e</p><p>d) a ordem classificatória obtida a partir da aplicação dos critérios de alternância e proporcionalidade na nomeação dos candidatos aprovados deve produzir efeitos durante toda a carreira funcional do beneficiário da reserva de vagas.</p><p>A Lei 12.990/2014 é aplicável aos concursos federais do Poder Executivo, mas praticamente todos os Estados possuem leis estaduais prevendo esta situação, sendo certo que podem usar a lei federal de parâmetro para seus concursos.</p><p>Além disso, as seguintes regras devem ser levadas em consideração: a) aplica-se aos concursos públicos que ofertarem, ao menos, três vagas e as vagas reservadas deverão constar, expressamente, do edital (art. 1.º, §§ 1.º e 3.º); b) os candidatos interessados, que se autodeclararem “pretos ou pardos” no ato de inscrição do concurso público, poderão concorrer às vagas reservadas, sendo eliminado do certame ou exonerado do cargo ou emprego, após ampla defesa e contraditório, aquele que apresentar declaração falsa (art. 2.º, caput e parágrafo único); c) a ação afirmativa é limitada no tempo, pois a Lei possui prazo de vigência de 10 anos, contados da data de sua publicação (art. 6.º).</p><p>O idoso e os cargos públicos: A Lei 10.741/2003 instituiu o denominado Estatuto do Idoso com o objetivo de assegurar os direitos das pessoas com idade ou superior a 60 anos (art. 1.º). O art. 27 prevê a vedação de discriminação do idoso e de fixação de limite máximo de idade em concursos públicos “ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir”.</p><p>Uma importante regra inserida por esta lei foi o critério de desempate aos mais idosos nos concursos.</p><p>Reserva de vagas para portadores de deficiência: O art. 37, VIII, da CF/88 exige que a lei estabeleça reserva de percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência, bem como os critérios de sua admissão. A Lei 13.146/2015 instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência e ao regulamentar a Lei, o Decreto 3.298/1999 definiu, em seu art. 4.º, as espécies de deficiência (deficiência física, deficiência auditiva, deficiência visual, deficiência mental e deficiência múltipla). É assegurado à pessoa portadora de deficiência o direito de se inscrever em concurso público e processos seletivos para a contratação temporária, em igualdade de condições com os demais candidatos. Deverão ser reservados, no mínimo, 5% do total das vagas aos candidatos portadores de deficiência e, caso a aplicação desse percentual resulte em número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro subsequente.</p><p>O art. 5.º, § 2.º, da Lei 8.112/1990 assegura aos portadores de deficiência o direito de inscrição em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras, devendo ser reservadas “até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso”. Assim, na Administração Federal, existe limite mínimo (5%) e máximo (20%) para reserva de vagas em concursos.</p><p>Reserva de vagas na contratação temporária: O Decreto n. 9.508/2018, regulamenta a participação de pessoas com deficiência nos concursos da Administração Pública Federal, e prevê a mesma regra aos contratados de forma temporária.</p><p>Exame psicotécnico: tem o objetivo de constatar as condições psíquicas do candidato em concursos públicos, mas sua validade depende do cumprimento dos seguintes requisitos:</p><p>a) previsão legal e editalícia (art. 37, I, da CF/88 e Súmula Vinculante 44 do STF);</p><p>b) critérios objetivos (científicos) que permitam ao candidato exercer o direito à ampla defesa e ao contraditório; e</p><p>c) possibilidade de interposição de recurso contra o resultado, que deve ser público.</p><p>Escusa de consciência e crença religiosa: Tema 386, STF, RE 611874/DF, julgado dia 26/11/2020: É possível o candidato fazer em outra data, desde que razoável a alteração e ela preserve a igualdade aos candidatos e não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deve decidir de maneira fundamentada. NÃO É OBRIGATÓRIO.</p><p>É possível pode impor critérios alternativos para o exercício de profissão de quem alega alguma escusa de consciência.</p><p>7.1. PROVIMENTO.</p><p>O provimento é o ato administrativo de preenchimento dos cargos públicos vagos.</p><p>Existem duas espécies de provimento:</p><p>a) originário: quando o ocupante não possui relação anterior com o cargo para o qual foi inserido, iniciando nova relação estatutária;</p><p>b) derivado: relaciona-se ao servidor público que possui vínculo prévio com cargos públicos da mesma entidade (ex.: Procurador de terceira categoria é provido no cargo de segunda categoria).</p><p>O art. 8.º da Lei 8.112/1990 prevê as seguintes formas de provimento: a) nomeação; b) promoção; c) readaptação; d) reversão; e) aproveitamento; f) reintegração; e g) recondução.</p><p>No sentido oposto aos atos provimento, é possível mencionar os atos de desprovimento do cargo, responsáveis pela ruptura do vínculo funcional do servidor público. Os atos de desprovimento, previstos no art. 33 da Lei 8.112/1990, como exoneração, demissão, aposentadoria, falecimento), acarretam a vacância do cargo.</p><p>OBS: na legislação existia a previsão da ascensão (transposição) e a transferência, mas o STF considerou inconstitucionais porque burlam a obrigação de concurso público. Na ascensão, quando a pessoa chega ao topo de um cargo e inicia em uma carreira mais elevada, como um investigador da polícia civil chegar ao nível máximo e se tornar delegado substituto. A transferência é o deslocamento de servidor do seu cargo de origem para outro de igual denominação em quadro funcional diverso, como um analista do TRF4 ser transferido para o TRF2.</p><p>Lembrar aqui da Súmula Vinculante 43 do STF: “É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido”.</p><p>Promoção: é um provimento derivado vertical, onde o servidor</p><p>sobe na carreira. É feita por antiguidade e merecimento. Não confundir com progressão funcional, que é o aumento do padrão remuneratório sem mudança de cargo, como acontece com os servidores do Judiciário, por exemplo, que aumentam os vencimentos por letras. Na promoção muda o cargo para um mais elevado na mesma carreira, como o exemplo dos juízes.</p><p>Readaptação: é o provimento derivado horizontal do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, verificada por perícia médica, mantida a remuneração do cargo de origem. Um digitador que teve algum problema nas articulações e perdeu movimentos das mãos pode ser readaptado para um cargo diverso.</p><p>Reversão: retorno do servidor aposentado ao cargo quando: a) declaração por junta médica oficial da insubsistência dos motivos determinantes para aposentadoria por invalidez; b) declaração de ilegalidade do ato de concessão da aposentadoria.</p><p>Ainda existe um terceiro caso, previsto no art. 25, II, da Lei 8.112/1990: no interesse da administração desde que preenchidos os seguintes requisitos: a) o aposentado deve solicitar a reversão (a Administração não pode reverter de ofício); b) a aposentadoria deve ter sido voluntária; c) o aposentado era estável quando do exercício de suas funções; d) a solicitação do aposentado deve ser formulada dentro do período cinco anos, contado da concessão da aposentadoria; e) a reversão dependerá da existência de cargo vago. OBS: STF considera este caso inconstitucional porque a aposentadoria voluntária extingue o vínculo com a Administração.</p><p>Aproveitamento: é o retorno do servidor colocado em disponibilidade para cargo com atribuições, responsabilidades e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. Na forma do art. 41, § 3.º, da CF/88, com a extinção do cargo ou a declaração de sua desnecessidade, o servidor estável permanecerá em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até o aproveitamento em outro cargo. Caso o servidor não tenha adquirido a estabilidade à época da extinção ou declaração de desnecessidade do cargo, ele não poderá se beneficiar da disponibilidade e do aproveitamento posterior, devendo ser desligado do serviço.</p><p>O STF decidiu que também poderá ocorrer nas hipóteses de transformação ou reclassificação de cargos e de carreiras em que os servidores serão aproveitados nos cargos com novas denominações, mas com atribuições, responsabilidades e vencimentos semelhantes.</p><p>No entanto, no RE 740.008, julgado em 18/10/2020 (Recurso Repetitivo com repercussão geral), ficou decidido que não é possível aproveitamento de servidor de nível médio em cargo de nível superior.</p><p>Reintegração: é o retorno do servidor ao cargo de origem após a declaração (administrativa ou judicial) de ilegalidade da sua demissão, com ressarcimento da remuneração e vantagens não percebidas (art. 41, § 2.º, da CF/88 e art. 28 da Lei 8.112/1990).</p><p>OBS: o servidor reintegrado deve ser beneficiado com o reconhecimento de todos os seus direitos estatutários inerentes ao tempo que ficou ilegalmente afastado do cargo (contagem do tempo de serviço, promoções).</p><p>OBS2: A reintegração acarreta o retorno do servidor ao cargo ocupado anteriormente, e o atual ocupante do cargo será reconduzido ao seu cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou colocado em disponibilidade (art. 41, § 2.º, da CF/88). Se o servidor reintegrado não puder ser reintegrado ao seu cargo originário, em razão da sua extinção, ele será colocado em disponibilidade, com remuneração proporcional.</p><p>Recondução: é o retorno do servidor estável ao cargo de origem, tendo em vista a sua inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo ou a reintegração do servidor ao cargo (antigo ocupante). Aqui o correto é solicitar licença não remunerada do cargo atual, pois se pedir exoneração o vínculo está quebrado, lembrando que é possível essa acumulação porque um dos cargos não está sendo remunerado.</p><p>7.2. Investidura, posse e exercício.</p><p>O art. 7.º da Lei 8.112/1990, diz que a investidura em cargo público ocorre com a posse. Desinvestidura refere-se aos atos de desligamento do servidor do cargo, emprego ou função, como a demissão e a exoneração, o que gera a vacância. A posse deve ocorrer em 30 dias a partir da nomeação e a nomeação gera direito à posse para os aprovados em concurso público (Súmula 16 do STF). Formalizada a investidura, o servidor inicia o seu exercício, que significa o efetivo desempenho das funções.</p><p>Vacância: ausência de ocupação de determinado cargo. As situações ensejadoras da vacância estão no art. 33 da Lei 8.112/1990: a) exoneração; b) demissão; c) promoção; d) readaptação; e) aposentadoria; f) posse em outro cargo inacumulável; e g) falecimento.</p><p>ATENÇÃO: Não confundir exoneração com a demissão. Exoneração não constitui penalidade. Por outro lado, a demissão constitui penalidade que rompe o vínculo funcional do servidor por ter cometido ilícito administrativo grave.</p><p>8. SISTEMA REMUNERATÓRIO.</p><p>A Constituição já usou as expressões remuneração e vencimentos para referir-se ao sistema remuneratório dos servidores.</p><p>Vencimentos ou estipêndios constituem a forma de remuneração dos servidores públicos, composta por uma parte fixa (vencimento ou vencimento-base) e uma parcela variável (vantagens pecuniárias).</p><p>Enquanto o vencimento-base é representado por montante fixado em lei, as vantagens pecuniárias variam de acordo com as peculiaridades da função exercida por cada servidor e das respectivas circunstâncias fáticas (tempo de serviço, condições do serviço etc.).</p><p>As vantagens pecuniárias incidem sobre o vencimento do cargo e não sobre outras vantagens pagas ao servidor, conforme a Súmula Vinculante 15 do STF: O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.</p><p>Os subsídios foram inseridos na CF/88 pela EC 19/1998, que alterou o art. 39, § 4.º, da CF e são pagos em parcela única, fixada em lei, sendo vedada a percepção de vantagens pecuniárias.</p><p>Aos agentes públicos é assegurado o direito de receber remuneração acima do salário mínimo, mas a remuneração total, não o vencimento-base.</p><p>A fixação da remuneração (vencimentos e subsídios) depende de lei (37, X, da CF), mas a iniciativa para o processo legislativo pode variar:</p><p>a) servidores públicos do Executivo: a iniciativa é do chefe do Executivo (art. 61, § 1.º, II, “a”, da CF);</p><p>b) servidores do Judiciário: a iniciativa é dos tribunais (art. 96, II, “b”, da CF);</p><p>c) servidores da Câmara e do Senado: iniciativa de cada Casa Legislativa (arts. 51, IV, e 52, XIII, da CF); e</p><p>d) servidores do Ministério Público: iniciativa do Procurador-Geral (art. 127, § 2.º, da CF).</p><p>O subsídio é obrigatório para: a) membro de Poder (Legislativo, Executivo e Judiciário), o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais (art. 39, § 4.º, da CF); b) membro do Ministério Público (art. 128, § 5.º, I, “c”); c) integrantes da Advocacia-Geral da União, Procuradores do Estado e do Distrito Federal e os Defensores Públicos (art. 135); d) Ministros dos Tribunais de Contas da União (art. 73, § 3.º); e) servidores públicos policiais (art. 144, § 9.º). Facultativo: para os demais agentes públicos organizados em carreira.</p><p>8.1. SUBTETO.</p><p>Magistratura estadual não pode ter subteto em relação à Magistratura Federal.</p><p>O teto geral é o do STF e os juízes estaduais se submetem a ele.</p><p>Nos municípios o teto é o do Prefeito e há regras na CF/1988, mas os Procuradores Municipais não se submetem a ele (RE 663.696).</p><p>Nos estados, cada Poder tem seu teto ou podem usar o subteto do Desembargador (90,25 do STF), se existir Emenda Constitucional Estadual.</p><p>STF decidiu no tema 359 que servidor não pode ultrapassar o teto somando aposentadoria e pensão (após 1988).</p><p>OBS: vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo em comissão não podem ser incorporadas à remuneração</p><p>do cargo efetivo (art. 39, § 9.º, da CF, incluído pela EC 103/2019 (Reforma da Previdência).</p><p>8.2. Revisão da remuneração de servidores pelo Poder Judiciário.</p><p>1 – o Judiciário não pode determinar que o Executivo apresente projeto de lei para rever remuneração (RE 843.112, Tema 624, STF, de 22/09/2020);</p><p>2 – o Judiciário não pode aumentar sua própria remuneração (princípio da isonomia);</p><p>3 – a Revisão geral anual não é obrigatória; não cabe indenização pela demora; não cabe ação para obrigar a fazer o projeto de lei.</p><p>9. REGIME PREVIDENCIÁRIO DOS AGENTES PÚBLICOS.</p><p>Vamos tentar analisar o regime previdenciário de uma forma muito rápida, pois é assunto de Direito Previdenciário e Constitucional.</p><p>Pois bem, são dois os regimes:</p><p>a) Regime Geral da Previdência Social – RGPS (arts. 201 e 202 da CF e Leis 8.212/1991 e 8.213/1991);</p><p>b) Regime Próprio da Previdência Social – RPPS (art. 40 da CF e Lei 9.717/1998).</p><p>O Regime Geral da Previdência Social é organizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e se aplica aos empregados das pessoas jurídicas de direito privado, abrangendo, no âmbito da Administração Pública, as seguintes categorias (art. 40, § 13, da CF):</p><p>a) servidores trabalhistas integrantes das pessoas jurídicas de direito privado da Administração Indireta (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações estatais de direito privado);</p><p>b) empregados públicos (Lei 9.962/2000);</p><p>c) servidores ocupantes exclusivamente de cargos em comissão;</p><p>d) servidores temporários (art. 37, IX, da CF).</p><p>O Regime Próprio da Previdência Social é organizado por cada ente federativo e alcança:</p><p>a) servidores públicos estatutários ocupantes de cargos efetivos (servidores das pessoas jurídicas de direito público da Administração Direta e Indireta);</p><p>b) servidores ocupantes de cargos vitalícios (magistrados, membros do Ministério Público e ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas).</p><p>A competência para legislar sobre a previdência social é concorrente entre a União, Distrito Federal e estados, na forma do art. 24, XII, da CF, lembrando que a União estabelece as normas gerais (Lei 9.717/1998) os demais legislam de forma suplementar (art. 24, §§ 1.º e 2.º para estados e DF) e art. 30, II (municípios).</p><p>Os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social são aplicáveis, no que couber, ao Regime Próprio da Previdência Social (art. 40, § 12, da CF).</p><p>O Regime Próprio da Previdência Social, previsto no art. 40 da CF, foi severamente modificado por algumas Emendas Constitucionais (20/1998, 41/2003 e 103/2019), com muitas regras de transição.</p><p>Aposentadoria: é o direito constitucional de remuneração aos servidores que deixam de exercer atividades nos órgãos e nas entidades administrativas, após o preenchimento dos requisitos elencados no ordenamento jurídico.</p><p>Os servidores aposentados são chamados de inativos e a remuneração percebida é denominada de proventos. Trata-se de ato administrativo concedido pela autoridade administrativa competente, com apreciação posterior do respectivo Tribunal de Contas (art. 71, III, da CF – um ato complexo, como já estudamos).</p><p>Modalidades de aposentadoria: são três (art. 40, § 1.º, da CF):</p><p>a) por incapacidade permanente para o trabalho;</p><p>b) compulsória;</p><p>c) voluntária.</p><p>A aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho (antiga invalidez) decorre da incapacidade física ou mental do servidor para o exercício das suas funções quando constatada a inviabilidade da sua readaptação (art. 40, § 1.º, I, da CF). São obrigatórias avaliações periódicas para verificar se a incapacidade persiste. A invalidez não precisa ocorrer no exercício da função pública. O rol de doenças ensejadoras da aposentadoria por invalidez encontra-se previsto na lei (para a esfera federal está no art. 186, § 1.º, da Lei 8.112/1990 e é taxativo.</p><p>A aposentadoria compulsória refere-se ao servidor ocupante de cargo efetivo que completa 70 anos de idade ou 75 anos de idade, na forma de lei complementar, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição (art. 40, § 1.º, II, da CF). A Lei Complementar 152/2015, dispõe, em seu art. 2.º, que a aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade deve ser aplicada aos seguintes agentes públicos: a) servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do DF e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações; b) membros do Poder Judiciário; c) membros do Ministério Público; d) membros das Defensorias Públicas; e) membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas. Para os magistrados, a iniciativa de lei é do STF, conforme art. 93, VI, da CF).</p><p>OBS: a compulsória não atinge os cargos em comissão, mas atinge os empregos públicos.</p><p>OBS2: a chamada PEC da Bengala, que adveio da Emenda Constitucional nº 88/2015, já determinou a aposentadoria aos 75 anos aos Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União, e, a partir da vigência da Lei Complementar nº 152/2015, ela foi estendida como descrito acima.</p><p>A aposentadoria voluntária dos servidores públicos federais depende do preenchimento de alguns requisitos cumulativos (art. 40, § 1.º, III):</p><p>a) 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem;</p><p>b) 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, desde que cumprido o tempo mínimo de 10 (dez) anos de efetivo exercício no serviço público e de 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que for concedida a aposentadoria.</p><p>OBS: aos servidores estaduais, distritais e municipais, a idade mínima deve ser estipulada por emendas às respectivas Constituições e Leis Orgânicas e depois por leis complementares para regrar o tempo de contribuição e outros requisitos (art. 40, § 1.º, III).</p><p>Aposentadoria especial pode ser prevista em lei complementar, nos seguintes casos (art. 40, §§ 4.º e 5.º, da CF):</p><p>a) servidores com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar;</p><p>b) ocupantes do cargo de policial penal, agente socioeducativo ou policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do art. 144 da CF;</p><p>c) servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação;</p><p>d) professores, que terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da aplicação do disposto no art. 40, § 1.º, III, da CF, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, fixado em lei complementar do respectivo ente federativo.</p><p>Proventos: fim da integralidade e da paridade: A EC 41/2003 extinguiu a integralidade dos proventos e a paridade. A integralidade garantia aos servidores inativos o recebimento de proventos no mesmo valor da última remuneração percebida no momento da concessão da aposentadoria. Atualmente, os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor do salário mínimo ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência Social (art. 40, § 2.º, da CF). A paridade significava a revisão dos proventos e pensões na mesma data prevista para remuneração dos servidores ativos, bem como garantia aos inativos o recebimento das mesmas vantagens atribuídas aos servidores em atividade. Atualmente, é assegurado o reajustamento dos benefícios, preservando-lhes o valor real em caráter permanente, conforme critérios estabelecidos em lei (art. 40, § 8.º).</p><p>Acumulação de proventos: É vedada, ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis. Ex.: professor que é concursado pelo município e pelo estado pode acumular as duas aposentadorias.</p><p>OBS: Caso um servidor aposentado pretenda ocupar novo cargo efetivo, com a realização de concurso público que não permite a acumulação entre os proventos e os vencimentos, ele poderá fazer isso, desde que renuncie</p><p>à aposentadoria para assumir o novo cargo efetivo.</p><p>Abono de permanência: é um estímulo financeiro para o servidor, que preenche os requisitos da aposentadoria voluntária por tempo de contribuição e permanecer na ativa. O valor do abono é o valor da sua contribuição previdenciária.</p><p>Pensões: também são espécies de benefícios previdenciários, mas devidos à família do servidor falecido.</p><p>Contribuições previdenciárias: O Regime Próprio da Previdência Social dos servidores públicos possui caráter contributivo e solidário (art. 40, caput, da CF), com custeio pelos servidores ativos, inativos e pensionistas.</p><p>A contribuição pode ter alíquota progressiva de acordo com os ganhos (art. 149, § 1.º, da CF). Na esfera federal é até 14%. Aqui em Santa Catarina já está neste percentual.</p><p>Fundo previdenciário: Os entes federados podem instituir fundos previdenciários, por meio de lei, integrados pelos recursos provenientes de contribuições e por bens, direitos e ativos de qualquer natureza, com o objetivo de garantir recursos para o pagamento de proventos de aposentadoria e pensões concedidas aos respectivos servidores e seus dependentes, em adição aos recursos dos respectivos tesouros (art. 249 da CF). Cada ente federado tem autonomia para instituir o respectivo fundo, por meio de lei, observadas as normas gerais estabelecidas na Lei 9.717/1998.</p><p>Previdência complementar: Os entes federados poderão instituir, por lei de iniciativa do respectivo Chefe do Poder Executivo, regime de previdência complementar para os respectivos servidores, admitindo-se, nesse caso, a fixação do valor das aposentadorias e pensões no patamar máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social (art. 40, § 14, da CF).</p><p>10. REGIME DISCIPLINAR.</p><p>Existe previsão na Lei n. 8.112/90, para apuração de infrações funcionais pelos servidores públicos caso pratiquem atos proibidos ou não cumpram seus deveres.</p><p>Os deveres estão previstos no art. 116 da Lei 8.112/90:</p><p>I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;</p><p>II – ser leal às instituições a que servir;</p><p>III – observar as normas legais e regulamentares;</p><p>IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;</p><p>V – atender com presteza:</p><p>a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;</p><p>b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;</p><p>c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;</p><p>VI – levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo;</p><p>VII – zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;</p><p>VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição;</p><p>IX – manter conduta compatível com a moralidade administrativa;</p><p>X – ser assíduo e pontual ao serviço;</p><p>XI – tratar com urbanidade as pessoas;</p><p>XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.</p><p>As proibições estão no art. 117 da mesma lei:</p><p>I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato;</p><p>II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição;</p><p>III – recusar fé a documentos públicos;</p><p>IV – opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço;</p><p>V – promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;</p><p>VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;</p><p>VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político;</p><p>VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;</p><p>IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;</p><p>X – participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;</p><p>XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;</p><p>XII – receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;</p><p>XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;</p><p>XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas;</p><p>XV – proceder de forma desidiosa;</p><p>XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;</p><p>XVII – cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;</p><p>XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;</p><p>XIX – recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.</p><p>10.1. Responsabilidades dos servidores públicos.</p><p>As condutas do servidor nos casos indicados acima podem gerar até 3 tipos de processos, conforme art. 121:</p><p>a) civil: relacionado à reparação de dano patrimonial;</p><p>b) penal: para apuração de eventual crime;</p><p>c) administrativo: voltado à aplicação de punições funcionais, quando a irregularidade deverá ser apurada por PAD.</p><p>Sabemos que a regra é a independência entre as esferas (a existência de um processo independe de outro).</p><p>Art. 125, Lei 8.112/1990. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.</p><p>No entanto, em alguns casos o resultado do processo criminal interfere no administrativo, quando o servidor for absolvido por inexistência do fato ou de autoria. Esse resultado vai vincular o processo administrativo e lá ele deverá ser absolvido também.</p><p>Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.</p><p>OBS: A jurisprudência vem estendendo a repercussão da decisão penal na esfera administrativa também para a absolvição por legítima defesa.</p><p>Superior Tribunal de Justiça, REsp 448.132/PE: “ADMINISTRATIVO. POLICIAL MILITAR. LICENCIAMENTO. ATO ADMINISTRATIVO. ABSOLVIÇÃO NA ESFERA PENAL. LEGÍTIMA DEFESA. EFEITOS. PRESCRIÇÃO. DECRETO N. 20.910/32. TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CRIMINAL. 1. Absolvido o autor na esfera criminal, o lapso prescricional quinquenal, previsto no Decreto n. 20.910/32, tem como termo a quo a data do trânsito em julgado da sentença penal e não o momento do ato administrativo de licenciamento. 2. A decisão penal repercute no julgamento administrativo quando ocorre sentença penal absolutória relacionada aos incisos I e V do art. 386 do Código de Processo Penal. 3. Tento de vista que o autor foi absolvido na esfera penal por legítima defesa, e o ato de licenciamento foi fundado unicamente na prática de homicídio, não há motivos para manter a punição administrativa, pois a controvérsia está embasada unicamente em comportamento tido como lícito. 4. Recurso ao qual se nega provimento. ”</p><p>10.2. Espécies de penalidades.</p><p>As penalidades previstas no art. 127 da Lei 8.112/90 são:</p><p>1. Advertência.</p><p>2. Suspensão.</p><p>3. Demissão.</p><p>4. Cassação de aposentadoria ou disponibilidade.</p><p>5. Destituição de cargo em comissão.</p><p>6. Destituição de função comissionada.</p><p>Advertência é a punição mais leve e deve ser aplicada por escrito pelo próprio chefe da repartição e tem previsão no art. 129, onde também consta o rol dos incisos para a qual é aplicada.</p><p>Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave.</p><p>A Administração tem o prazo de 180 dias, a contar da data do conhecimento do fato, para a aplicação desta penalidade disciplinar, sob pena de ocorrer a prescrição (art. 142, III, Lei 8.112/1990). No entanto,</p>