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<p>64</p><p>Unidade II</p><p>Unidade II</p><p>5 MANEJO CLÍNICO DE PACIENTES COM DENGUE, CHIKUNGUNYA, ZIKA</p><p>VÍRUS, FEBRE AMARELA E COVID‑19</p><p>5.1 Dengue, chikungunya, zika vírus, febre amarela</p><p>Muito prevalentes no nosso meio, essas patologias são importantes para que se compreenda o</p><p>cuidado do enfermeiro nessas esferas.</p><p>O Aedes aegypti é um mosquito diminuto, de apenas sete milímetros, de patas e corpo rajados, mas</p><p>é capaz de transmitir doenças diferentes, e entre elas se destacam a dengue, o zika vírus, a febre amarela</p><p>e a chikungunya. A doença que se desenvolve depende do vírus que o mosquito carrega. Evidentemente,</p><p>nem todos os mosquitos dessa espécie estão infectados. O mosquito se reproduz velozmente, em especial</p><p>nos dias de verão. O ovo é depositado pela fêmea do mosquito nas paredes dos criadouros, próximo à</p><p>superfície da água. Dos ovos, nascem as larvas, e daí para a proliferação é um voo (FIOCRUZ, [s.d.]).</p><p>A descoberta de que a febre amarela era transmitida pelo Aedes aegypti veio de Cuba e das pesquisas</p><p>do cientista Carlos Finlay. No Brasil, o mosquito foi o responsável pela transmissão da febre amarela</p><p>urbana que assombrou o país no início do século XX. O sanitarista Oswaldo Cruz montou um exército</p><p>com 5 mil agentes, que ficou conhecido como “brigadas mata‑mosquito”; eles visitavam as residências</p><p>lavando caixas‑d’água, desinfetando ralos e bueiros, limpando telhados e calhas, eliminando qualquer</p><p>suspeita de foco. De acordo com especialistas, isso impulsionou a criação de medidas para a erradicação</p><p>e, em 1955, o Brasil foi considerado pela Organização Pan‑Americana da Saúde (Opas) um país livre do</p><p>Aedes aegypti (ZOLIN, 2017).</p><p>Para efeito de definições, a dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.</p><p>No Brasil, foi identificada pela primeira vez em 1986. Estima‑se que 50 milhões de infecções ocorram</p><p>anualmente no mundo (UFES, 2013).</p><p>O zika é outro vírus transmitido pelo mosquito, e foi identificado pela primeira vez no Brasil em abril</p><p>de 2015. Ele recebeu a mesma denominação do local de origem de sua identificação em 1947, após</p><p>detecção em macacos sentinelas para monitoramento da febre amarela, na floresta Zika, em Uganda.</p><p>A febre chikungunya é uma doença transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus.</p><p>No Brasil, a circulação do vírus foi identificada pela primeira vez em 2014. Chikungunya significa</p><p>“aqueles que se dobram” em swahili, um dos idiomas da Tanzânia. Refere‑se à aparência curvada dos</p><p>pacientes que foram atendidos na primeira epidemia documentada, na Tanzânia, entre 1952 e 1953</p><p>(UFES, 2013).</p><p>65</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por</p><p>mosquitos Aedes aegypti, vetores, e possui dois ciclos de transmissão: silvestre (quando há transmissão</p><p>em área rural ou de floresta) e urbano. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores</p><p>infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa (BRASIL, 2023b).</p><p>Segundo Bogaz (2018), “em 2018, até 21 de abril, foram notificados 101.863 casos prováveis de</p><p>dengue em todo o país, uma redução de 20% em relação ao mesmo período de 2017 (128.730). Também</p><p>houve queda expressiva no número de óbitos. A redução foi de 44%, passando de 72 em 2017 para</p><p>40 em 2018”. A principal forma de transmissão é pela picada dos mosquitos Aedes aegypti. Há registros</p><p>de transmissão vertical (gestante‑bebê) e por transfusão de sangue. Existem quatro tipos diferentes de</p><p>vírus do dengue: DEN‑1, DEN‑2, DEN‑3 e DEN‑4 (LARA NETO, 2015a).</p><p>“Em relação à chikungunya, foram registrados 29.675 casos prováveis [...]. A redução é de 65% em</p><p>relação ao mesmo período do ano passado [2017], quando foram catalogados 86.568 casos. Em 2018,</p><p>houve quatro óbitos confirmados laboratorialmente. Em 2017, no mesmo período, foram 83 mortes”</p><p>(BOGAZ, 2018). O mosquito adquire o vírus CHIKV ao picar uma pessoa infectada, durante o período</p><p>em que o vírus está presente no organismo infectado. Cerca de 30% dos casos não apresentam</p><p>sintomas (CASTRO, 2015).</p><p>Por fim, Bogaz (2018) informa que “foram registrados 2.985 casos prováveis de zika em todo país,</p><p>uma redução de 70% em relação ao mesmo período de 2017 (10.286). Nesse ano, foi catalogado um</p><p>óbito pela doença”. O principal modo de transmissão descrito do vírus é pela picada do Aedes aegypti.</p><p>Outras possíveis formas de transmissão precisam ser avaliadas com mais profundidade, com base</p><p>em estudos científicos. Conforme estudos aplicados na Polinésia Francesa, não foi identificada a</p><p>replicação do vírus em amostras do leite, assim como a doença não pode ser classificada como</p><p>sexualmente transmissível. Também não há descrição de transmissão por saliva (LARA NETO, 2015b).</p><p>Em termos diagnósticos, não temos certeza de imediato se estamos diante de um doente com</p><p>dengue ou zika, ou até mesmo com uma forma mais branda de chikungunya. Como a dengue,</p><p>a infecção pelo vírus chikungunya causa febre alta de início agudo, dores fortes em músculos e</p><p>articulações (principalmente tornozelos, punhos e mãos) e na cabeça. No entanto, em suas formas</p><p>clínicas clássicas, a chikungunya provoca, além da dor, inflamação nas articulações, o que não acontece</p><p>com a dengue. As dores podem ser tão intensas a ponto de impedir o doente de realizar atividades</p><p>rotineiras, como tomar banho sozinho, vestir‑se ou pentear os cabelos. Além dessa diferença entre as</p><p>doenças, a chikungunya com relativa frequência se torna crônica, fato inexistente na dengue.</p><p>Lembrete</p><p>O Aedes aegypti é um mosquito diminuto de apenas 7 mm, de patas e</p><p>corpo rajados, mas é capaz de transmitir doenças diferentes, entre elas a</p><p>dengue, o zika vírus, a febre amarela e a chikungunya.</p><p>66</p><p>Unidade II</p><p>A síndrome de Guillain‑Barré é uma reação a agentes infecciosos, como vírus e bactérias, e tem</p><p>como manifestação a fraqueza muscular e a paralisia dos músculos. Os sintomas começam pelas</p><p>pernas, podendo irradiar para o tronco, braços e face. A síndrome pode apresentar diferentes graus de</p><p>agressividade, provocando leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos</p><p>quatro membros. O principal risco é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios, devido</p><p>à dificuldade para respirar, podendo levar à morte (GUILLAIN‑BARRÉ, [s.d.]).</p><p>De julho de 2017 a julho de 2018, o Brasil registrou 483 mortes por febre amarela. No total, 1.376</p><p>infecções foram confirmadas. Historicamente, o vírus da febre amarela tem um padrão de sazonalidade</p><p>e costuma atuar entre julho e junho do ano posterior. Por isso, esse é o período escolhido pelo Ministério</p><p>da Saúde para monitoramento (BRASIL, 2018a).</p><p>Em relação às manifestações clínicas, resumidamente pode‑se descrever cada uma como</p><p>(COREN‑SP, 2010):</p><p>• Dengue: pode ser assintomática, leve ou causar doença grave, levando à morte. Normalmente,</p><p>sua primeira manifestação é a febre alta (39 °C a 40 °C), de início abrupto, que em geral dura de</p><p>2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor</p><p>atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. A forma</p><p>grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de</p><p>mucosas, entre outros.</p><p>• Chikungunya: os principais sintomas são febre alta de início rápido, dores intensas nas</p><p>articulações dos pés e mãos, dedos, tornozelos e punhos. Pode ocorrer ainda dor de cabeça,</p><p>dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Não é possível ter chikungunya mais de uma</p><p>vez. Os sintomas iniciam entre 2 e 12 dias após a picada do mosquito. O mosquito adquire o</p><p>vírus CHIKV ao picar uma pessoa infectada, durante o período em que o vírus está presente no</p><p>organismo infectado. Cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas.</p><p>• Zika: cerca de 80% das pessoas infectadas pelo zika vírus não desenvolvem manifestações clínicas.</p><p>Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas</p><p>vermelhas na pele, coceira</p><p>problemas psiquiátricos/mentais</p><p>(6,1%), HIV/aids (5,1%) e problemas de visão/cegueira (4,6%).</p><p>• 18,7% dos entrevistados afirmaram que fazem uso de algum medicamento, e os postos/centros</p><p>de saúde são os principais meios de acesso a eles.</p><p>• 43,8% dos entrevistados afirmaram que procuram primeiramente o hospital/emergência quando</p><p>estão doentes, e 27,4% procuram o posto de saúde.</p><p>• Os locais mais usados pelas pessoas em situação de rua para tomar banho são a rua (32,6%), os</p><p>albergues/abrigos (31,4%), os banheiros públicos (14,2%) e a casa de parentes ou amigos (5,2%).</p><p>• Os locais mais usados pelas pessoas em situação de rua para fazer suas necessidades fisiológicas</p><p>são a rua (32,5%), os albergues/abrigos (25,2%), os banheiros públicos (21,3%), os estabelecimentos</p><p>comerciais (9,4%) e a casa de parentes ou amigos (2,7%) (BRASIL, 2014, p. 25‑26).</p><p>Diante de tantos desafios descritos, vale ressaltar que somente com a participação e controle social</p><p>poderemos aprimorar os serviços do SUS. Os usuários devem ser ouvidos e é essencial que haja espaço</p><p>para participação.</p><p>A presença de representantes do Movimento da População de Rua nos conselhos de saúde e a</p><p>criação de Comitês Técnicos Estaduais ou Municipais de Saúde da Pessoa em Situação de Rua são</p><p>iniciativas que promovem a participação social e certamente contribuem para o aperfeiçoamento</p><p>do atendimento.</p><p>Precisamos urgentemente sensibilizar cada vez mais nossos trabalhadores para que a discriminação</p><p>e o preconceito nos serviços não sejam um entrave ao acesso e cuidado em saúde.</p><p>92</p><p>Unidade II</p><p>7.6 Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais,</p><p>Travestis e Transexuais</p><p>A Constituição Federal de 1988 menciona, em seu artigo 196:</p><p>A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas</p><p>sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros</p><p>agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua</p><p>promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).</p><p>Esse direito também é reconhecido a partir da criação do SUS, através dos seus princípios</p><p>doutrinários de universalidade, integralidade e equidade, conforme a Lei n. 8.080/1990 (BRASIL,</p><p>1990), garantindo que todos os cidadãos tenham acesso aos serviços de saúde em todos os níveis</p><p>de assistência de forma integral e de acordo com a complexidade de cada caso, sem privilégios e</p><p>diminuindo as desigualdades.</p><p>É importante salientar a importância da elaboração de políticas de saúde para que esses direitos sejam</p><p>respeitados integralmente, além da necessidade de orientar os profissionais em suas ações de assistência à</p><p>saúde, tanto do setor público quanto do setor privado, levando em consideração as especificidades de cada</p><p>indivíduo e com a devida atenção biopsicossocial (MAZZIERI; LUZEIRO; ROSA, 2020, p. 79).</p><p>A atenção biopsicossocial tem por objetivo compreender o ser humano na sua totalidade, ou seja,</p><p>saúde e doença são condições que estão em equilíbrio dinâmico; estão codeterminadas por variáveis</p><p>biológicas, psicológicas e sociais, todas em constante interação. Assim, estudo, diagnóstico, prevenção</p><p>e tratamento de várias doenças devem considerar as contribuições especiais e diferenciadas dessas</p><p>três variáveis citadas. Cada indivíduo tem sua história, suas necessidades e dificuldades que deverão</p><p>ser levadas em consideração durante o atendimento nos serviços de saúde (MAZZIERI; LUZEIRO; ROSA,</p><p>2020, p. 79).</p><p>Dessa forma, a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis</p><p>e Transexuais (LGBT) é uma iniciativa para a construção de maior equidade, universalidade e</p><p>integralidade, propostas pelo SUS, bem como para o reconhecimento da discriminação e da exclusão</p><p>no processo saúde‑doença.</p><p>A política encontra‑se amparada nos princípios do SUS na Constituição Federal de 1988, que</p><p>garantem a cidadania e a dignidade à pessoa humana, reforçados no objetivo fundamental da República</p><p>Federativa do Brasil de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade</p><p>e quaisquer outras formas de discriminação” (BRASIL, 1988, art. 3º, IV). Então, através da Portaria n.</p><p>2.836, de 1º de dezembro de 2011, instituiu‑se a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays,</p><p>Bissexuais, Travestis e Transsexuais (BRASIL, 2013d).</p><p>Assim sendo, o objetivo geral dessa política é “Promover a saúde integral de lésbicas, gays, bissexuais,</p><p>travestis e transexuais, eliminando a discriminação e o preconceito institucional, bem como contribuindo</p><p>para a redução das desigualdades e a consolidação do SUS como sistema universal, integral e equitativo”</p><p>(BRASIL, 2013d, p. 18).</p><p>93</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Como objetivos específicos, tem‑se (BRASIL, 2013d, p. 20‑22):</p><p>I – instituir mecanismos de gestão para atingir maior equidade no</p><p>SUS, com especial atenção às demandas e necessidades em saúde da</p><p>população LGBT, incluídas as especificidades de raça, cor, etnia, territorial</p><p>e outras congêneres;</p><p>II – ampliar o acesso da população LGBT aos serviços de saúde do SUS,</p><p>garantindo às pessoas o respeito e a prestação de serviços de saúde com</p><p>qualidade e resolução de suas demandas e necessidades;</p><p>III – qualificar a rede de serviços do SUS para a atenção e o cuidado integral</p><p>à saúde da população LGBT;</p><p>IV – qualificar a informação em saúde no que tange à coleta, ao processamento</p><p>e à análise dos dados específicos sobre a saúde da população LGBT, incluindo</p><p>os recortes étnico‑racial e territorial;</p><p>V – monitorar, avaliar e difundir os indicadores de saúde e de serviços para a</p><p>população LGBT, incluindo os recortes étnico‑racial e territorial;</p><p>VI – garantir acesso ao processo transexualizador na rede do SUS, nos</p><p>moldes regulamentados;</p><p>VII – promover iniciativas voltadas à redução de riscos e oferecer atenção</p><p>aos problemas decorrentes do uso prolongado de hormônios femininos e</p><p>masculinos para travestis e transexuais;</p><p>VIII – reduzir danos à saúde da população LGBT no que diz respeito ao</p><p>uso excessivo de medicamentos, drogas e fármacos, especialmente para</p><p>travestis e transexuais;</p><p>IX – definir estratégias setoriais e intersetoriais que visem reduzir a</p><p>morbidade e a mortalidade de travestis;</p><p>X – oferecer atenção e cuidado à saúde de adolescentes e idosos que façam</p><p>parte da população LGBT;</p><p>XI – oferecer atenção integral na rede de serviços do SUS para a população</p><p>LGBT nas doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), especialmente com</p><p>relação ao HIV, à aids e às hepatites virais;</p><p>XII – prevenir novos casos de cânceres ginecológicos (cérvico‑uterino</p><p>e de mamas) entre lésbicas e mulheres bissexuais e ampliar o acesso ao</p><p>tratamento qualificado;</p><p>94</p><p>Unidade II</p><p>XIII – prevenir novos casos de câncer de próstata entre gays, homens</p><p>bissexuais, travestis e transexuais e ampliar acesso ao tratamento;</p><p>XIV – garantir os direitos sexuais e reprodutivos da população LGBT</p><p>no âmbito do SUS;</p><p>XV – buscar no âmbito da saúde suplementar a garantia da extensão da</p><p>cobertura dos planos e seguros privados de saúde ao cônjuge dependente</p><p>para casais de lésbicas, gays e bissexuais;</p><p>XVI – atuar na eliminação do preconceito e da discriminação da população</p><p>LGBT nos serviços de saúde;</p><p>XVII – garantir o uso do nome social de travestis e transexuais, de acordo</p><p>com a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde;</p><p>XVIII – fortalecer a participação de representações da população LGBT nos</p><p>Conselhos e Conferências de Saúde;</p><p>XIX – promover o respeito à população LGBT em todos os serviços do SUS;</p><p>XX – reduzir os problemas relacionados à saúde mental, drogadição,</p><p>alcoolismo, depressão e suicídio entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e</p><p>transexuais, atuando na prevenção, promoção e recuperação da saúde;</p><p>XXI – incluir ações educativas nas rotinas dos serviços de saúde voltadas</p><p>à promoção da autoestima entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e</p><p>transexuais e à eliminação do preconceito por orientação sexual, identidade</p><p>de gênero, raça, cor e território, para a sociedade em geral;</p><p>XXII – incluir o tema do</p><p>enfrentamento às discriminações de gênero,</p><p>orientação sexual, raça, cor e território nos processos de educação</p><p>permanente dos gestores, trabalhadores da saúde e integrantes dos</p><p>Conselhos de Saúde;</p><p>XXIII – promover o aperfeiçoamento das tecnologias usadas no processo</p><p>transexualizador, para mulheres e homens; e</p><p>XXIV – realizar estudos e pesquisas relacionados ao desenvolvimento</p><p>de serviços e tecnologias voltados às necessidades de saúde da</p><p>população LGBT.</p><p>95</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>De acordo com o art. 3º dessa política, as seguintes diretrizes deverão ser contempladas para</p><p>elaboração de planos, programas e ações de saúde:</p><p>I – respeito aos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e</p><p>transexuais, contribuindo para a eliminação do estigma e da discriminação</p><p>decorrentes das homofobias, como a lesbofobia, gayfobia, bifobia, travestifobia</p><p>e transfobia, consideradas na determinação social de sofrimento e de doença;</p><p>II – contribuição para a promoção da cidadania e da inclusão da população</p><p>LGBT por meio da articulação com as diversas políticas sociais, de educação,</p><p>trabalho, segurança;</p><p>III – inclusão da diversidade populacional nos processos de formulação,</p><p>implementação de outras políticas e programas voltados para grupos</p><p>específicos no SUS, envolvendo orientação sexual, identidade de gênero,</p><p>ciclos de vida, raça‑etnia e território;</p><p>IV – eliminação das homofobias e demais formas de discriminação que</p><p>geram a violência contra a população LGBT no âmbito do SUS, contribuindo</p><p>para as mudanças na sociedade em geral;</p><p>V – implementação de ações, serviços e procedimentos no SUS, com</p><p>vistas ao alívio do sofrimento, dor e adoecimento relacionados aos</p><p>aspectos de inadequação de identidade, corporal e psíquica relativos às</p><p>pessoas transexuais e travestis;</p><p>VI – difusão das informações pertinentes ao acesso, à qualidade da atenção</p><p>e às ações para o enfrentamento da discriminação, em todos os níveis</p><p>de gestão do SUS;</p><p>VII – inclusão da temática da orientação sexual e identidade de gênero de</p><p>lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais nos processos de educação</p><p>permanente desenvolvidos pelo SUS, incluindo os trabalhadores da saúde,</p><p>os integrantes dos Conselhos de Saúde e as lideranças sociais;</p><p>VIII – produção de conhecimentos científicos e tecnológicos visando à</p><p>melhoria da condição de saúde da população LGBT;</p><p>IX – fortalecimento da representação do movimento social organizado da</p><p>população LGBT nos Conselhos de Saúde, Conferências e demais instâncias</p><p>de participação social (BRASIL, 2013d, p. 22‑23).</p><p>Ainda, o art. 8º especifica que “cabe à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP/MS)</p><p>articular, no âmbito do Ministério da Saúde e junto aos demais órgãos e entidades governamentais, a</p><p>elaboração de instrumentos com orientações específicas que se fizerem necessários à implementação</p><p>desta Política Nacional de Saúde Integral LGBT” (BRASIL, 2013d, p. 26).</p><p>96</p><p>Unidade II</p><p>De acordo com a Resolução n. 2, de 6 de dezembro de 2011, da Comissão Intergestores Tripartites,</p><p>foi criado o Plano Operativo da Política Nacional de Saúde Integral LGBT, cujo objetivo foi apresentar</p><p>estratégias para as três gestões (federal, estadual e municipal), no processo de enfrentamento das</p><p>iniquidades e desigualdades em saúde com foco na população LGBT para a consolidação do SUS como</p><p>sistema universal, integral e equitativo (BRASIL, 2013d).</p><p>Esse plano está estruturado em quatro eixos estratégicos com ações que incluem a população</p><p>LGBT, que são:</p><p>• Eixo 1: acesso da população LGBT à atenção integral à saúde.</p><p>• Eixo 2: ações de promoção e vigilância em saúde para a população LGBT.</p><p>• Eixo 3: educação permanente e educação popular em saúde com foco na população LGBT.</p><p>• Eixo 4: monitoramento e avaliação das ações de saúde para a população LGBT.</p><p>8 POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES:</p><p>ARTETERAPIA, AYURVEDA, BIODANÇA, DANÇA CIRCULAR, MEDITAÇÃO,</p><p>MUSICOTERAPIA, NATUROPATIA, OSTEOPATIA, QUIROPRAXIA,</p><p>REFLEXOTERAPIA, REIKI, SHANTALA, TERAPIA COMUNITÁRIA</p><p>INTEGRATIVA E YOGA</p><p>O processo saúde‑doença vem sendo pensado sob diversas possibilidades de tratamento, onde o</p><p>enfoque na patologia tem dado lugar a um pensar e agir na perspectiva de promoção da saúde.</p><p>Nesse contexto, as práticas integrativas de saúde vêm se tornando uma concretização relevante para</p><p>a aplicação da promoção da saúde.</p><p>Dessa forma, em 2006, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Práticas Integrativas e</p><p>Complementares, com o propósito de fomentar tratamentos que incrementem a qualidade de vida dos</p><p>usuários e suas famílias, trazendo diretrizes norteadoras para o cuidado tradicional, como a medicina</p><p>tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, plantas medicinais e fitoterapia.</p><p>A partir dessa política foi possível criar normas para o registro dos serviços oferecidos no Cadastro</p><p>Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), permitindo um monitoramento das práticas aplicadas</p><p>aos clientes.</p><p>Em 2017 foram incorporadas às práticas integrativas e complementares (PICS) dança circular,</p><p>biodança, yoga, auricoloterapia, massoterapia, tratamento termal/crenoterápico, meditação,</p><p>musicoterapia, ayurveda, arteterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala</p><p>e terapia comunitária integrativa.</p><p>A OMS incentiva e fortalece a inserção, o reconhecimento e a regulamentação de práticas, produtos</p><p>e seus praticantes nos Sistemas Nacionais de Saúde, atualizando suas diretrizes a partir do documento</p><p>Estratégia da OMS sobre medicinas tradicionais para 2014‑2023 (WHO, 2013).</p><p>97</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Assim sendo, a Portaria n. 849, de 27 de março de 2017 (BRASIL, 2017d), institui as PICS e descreve</p><p>as práticas utilizadas, indicadas a seguir.</p><p>Arteterapia</p><p>É uma prática que utiliza a arte como base de um processo terapêutico. Utiliza diversas técnicas</p><p>expressivas como pintura, desenho, sons, música, modelagem, colagem, mímica, tecelagem, expressão</p><p>corporal, escultura etc. Pode ser feita tanto individualmente quanto em grupo. Baseia‑se no princípio de</p><p>que o processo criativo é terapêutico e promove a qualidade de vida. A arteterapia estimula a expressão</p><p>criativa, ajuda na motricidade, no raciocínio e nas relações afetivas.</p><p>A arte promove a ressignificação dos conflitos, a reorganização do próprio entendimento,</p><p>ampliando a percepção do indivíduo sobre si mesmo e sobre o mundo. A arte é utilizada no cuidado</p><p>à saúde de pessoas de todas as idades; por meio da arte despertam‑se as possibilidades de reflexão</p><p>para lidar de forma mais harmoniosa com o estresse e as experiências traumáticas.</p><p>Ayurveda</p><p>É considerado uma das mais antigas abordagens de cuidado do mundo, tendo sido desenvolvido</p><p>na Índia durante o período de 2000‑1000 a.C., utilizando‑se de observação, experiência e os recursos</p><p>naturais. Ayurveda significa a ciência ou conhecimento da vida. Esse conhecimento estruturado agrega</p><p>em si mesmo princípios relativos à saúde do corpo físico, de forma a não os desvincular, e considera os</p><p>campos energético, mental e espiritual.</p><p>A OMS descreve sucintamente o Ayurveda, reconhecendo sua utilização para prevenir e curar</p><p>doenças, e reconhece que este não é apenas um sistema terapêutico, mas também uma maneira de viver.</p><p>No Ayurveda, a investigação diagnóstica leva em consideração tecidos corporais afetados,</p><p>humores, local em que a doença está localizada, resistência e vitalidade, rotina diária, hábitos</p><p>alimentares, gravidade das condições clínicas, condição de digestão, detalhes pessoais, sociais,</p><p>situação econômica e ambiental da pessoa.</p><p>A crença de que a doença começa muito antes de ser reconhecida no corpo soma‑se ao efeito</p><p>preventivo desse esquema terapêutico, permitindo que medidas adequadas e eficazes sejam tomadas.</p><p>Os tratamentos ayurvédicos levam em consideração a individualidade de cada pessoa em termos de</p><p>dosha (humor biológico). Portanto, cada tratamento é planejado individualmente, utilizando técnicas</p><p>de relaxamento,</p><p>massagem, plantas medicinais, minerais, asanas, pranayamas (técnicas de respiração),</p><p>mudras (posturas e exercícios) e dieta.</p><p>A teoria dos três doshas (tridosha) é o princípio orientador das intervenções terapêuticas ayurvédicas.</p><p>As características dos doshas podem ser vistas como uma ponte entre as características físicas e</p><p>emocionais. Cada dosha está associado a uma essência sutil: Vata, energia vital; Pitta, fogo primário;</p><p>Kapha, associado à energia espiritual. Terapias primárias são aquelas que os indivíduos podem alcançar</p><p>por meio do autocuidado.</p><p>98</p><p>Unidade II</p><p>Biodança</p><p>É uma prática de abordagem sistemática inspirada nas origens mais primitivas da dança, que busca</p><p>restabelecer a conexão do indivíduo consigo mesmo, com os outros, com o meio e com o emocional. É um</p><p>sistema de integração humana, regeneração orgânica, integração psicofísica, reeducação emocional e</p><p>reaprendizagem das funções vitais inatas.</p><p>Sua metodologia orientada para a experiência estimula a dinâmica comportamental que opera</p><p>in vivo e reforça os protagonistas da autocura individual. As relações com a natureza, a participação</p><p>social e a prática em grupo ocupam um lugar importante nas intervenções em saúde.</p><p>É um processo altamente integrador, cuja metodologia envolve aprendizagem coletiva integrativa em</p><p>ambientes potencializados com estímulos selecionados, como músicas, canções, exercícios e dinâmicas</p><p>que podem criar experiências neuroestimulantes, que consistem em desencadear experiências, estimular</p><p>a plasticidade e criar novas redes sinápticas.</p><p>Nesse sentido, estrutura‑se como um sistema que acelera o processo de integração da existência.</p><p>Existem efeitos na saúde, como psicológicos, neurológicos, endocrinológicos e imunológicos</p><p>(PNEI), e ativação de todo o organismo, gerando processos adaptativos e integrados, otimizando a</p><p>homeostase corporal.</p><p>Dança circular</p><p>As danças circulares sagradas, ou danças folclóricas, ou simplesmente danças circulares, são um</p><p>exercício tradicional e moderno de danças circulares de diferentes culturas que promovem a aprendizagem</p><p>e a comunicação harmoniosa entre os participantes.</p><p>As pessoas dançam juntas em círculos e lentamente começam a abraçar seus movimentos, libertando</p><p>a mente, o coração, o corpo e o espírito. Através do ritmo, da melodia e do movimento sensível e</p><p>profundo, os integrantes da dança são estimulados a aceitar e respeitar a diversidade.</p><p>Na dança circular, a ênfase principal não está na técnica, mas na conexão do grupo, a comunidade</p><p>que nasce a partir do momento em que todos apoiam e ajudam os parceiros de mãos dadas.</p><p>Assim, esse exercício auxilia o indivíduo a tomar consciência de seu corpo físico, harmonizar</p><p>emoções, focar e estimular a memória. As danças circulares podem criar espaços importantes para o</p><p>desenvolvimento de estados emocionais positivos e tornar‑se um importante recurso em contextos</p><p>de grupo, pois estimulam a cooperação, o respeito ao próximo, a integração, a inclusão e a aceitação</p><p>das diferenças.</p><p>A prática tem o potencial de mobilizar a expressão do amor e da reflexão, levando à expansão</p><p>da consciência.</p><p>99</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>O círculo trata do equilíbrio entre o individual e o coletivo, o sentimento de união e o prazer da</p><p>participação plena nos processos de mudança interna, promovendo bem‑estar e harmonia entre corpo,</p><p>mente e espírito, elevando a autoestima e a consciência corporal, entre outros benefícios.</p><p>Meditação</p><p>É a prática de sintonia entre os estados mentais e a consciência encontrada em inúmeras culturas</p><p>e tradições. Também é entendida como o estado de samadhi, a dissolução da autoidentificação e o</p><p>aprofundamento total dos sentidos, o estado de êxtase.</p><p>A meditação visa levar os praticantes a estar conscientes, experimentar o que a mente está fazendo</p><p>no momento, desenvolver a autoconsciência e a consciência para perceber os pensamentos e reduzir</p><p>seu fluxo, o que permite que os indivíduos vejam seus padrões de comportamento e como eles criam e</p><p>mantêm situações que continuam caindo nos mesmos padrões de resposta mental/emocional.</p><p>Nesse sentido, todas as atitudes e comportamentos, juntamente com os mecanismos de enfrentamento</p><p>que os indivíduos escolhem para diferentes situações de vida, podem influenciar sua saúde ou doença.</p><p>A meditação é uma ferramenta para o aperfeiçoamento físico, emocional, mental, social e cognitivo,</p><p>melhora a concentração, ajuda a consciência das sensações físicas e emocionais, expande a autodisciplina</p><p>nos cuidados de saúde, estimula a sensação de bem‑estar e relaxamento e reduz os sintomas de estresse,</p><p>hiperatividade e depressão.</p><p>Musicoterapia</p><p>É a utilização da música e seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), em grupo ou de</p><p>forma individualizada, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem,</p><p>mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar</p><p>necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.</p><p>A musicoterapia objetiva desenvolver potenciais e restabelecer funções do indivíduo para que</p><p>possa alcançar uma melhor integração intra e interpessoal e, consequentemente, uma melhor</p><p>qualidade de vida.</p><p>É importante destacar que a utilização terapêutica da música se deve à influência que esta exerce</p><p>sobre o indivíduo, de forma ampla e diversificada. No desenvolvimento humano, a música é parte</p><p>inerente de sua constituição, pois estimula o afeto, a socialização e o movimento corporal como</p><p>expressões de processos saudáveis de vida.</p><p>A musicoterapia favorece o desenvolvimento criativo, emocional e afetivo e, fisicamente, ativa o</p><p>tato e a audição, a respiração, a circulação e os reflexos. Também contribui para ampliar o conhecimento</p><p>sobre o uso da música como recurso de enfermagem em outras práticas e incentiva uma abordagem</p><p>interdisciplinar, pois promove relaxamento, conforto e prazer nas interações sociais e no diálogo entre</p><p>pessoas e profissionais.</p><p>100</p><p>Unidade II</p><p>Naturopatia</p><p>É entendida como abordagem de cuidado que, por meio de métodos e recursos naturais, apoia e</p><p>estimula a capacidade intrínseca do corpo para curar‑se.</p><p>Tem sua origem fundamentada nos saberes de cuidado em saúde de diversas culturas, particularmente</p><p>aquelas que consideram o vitalismo, que consiste na existência de um princípio vital presente em cada</p><p>indivíduo, que influencia seu equilíbrio orgânico, emocional e mental, em sua cosmovisão.</p><p>A naturopatia utiliza diversos recursos terapêuticos, como: plantas medicinais, águas minerais</p><p>e termais, aromaterapia, trofologia, massagens, recursos expressivos, terapias corpo‑mente e</p><p>mudanças de hábitos.</p><p>Cada indivíduo recebe um tratamento individualizado, planejado para suas especificidades, seguindo</p><p>seis princípios fundamentais:</p><p>• Não fazer mal: por meio do uso de métodos que minimizam o risco de efeitos colaterais.</p><p>• Identificar e tratar as causas fundamentais da doença: identificando e removendo as causas</p><p>subjacentes das doenças em vez de suprimir os sintomas.</p><p>• Ensinar os princípios de uma vida saudável: compartilhando conhecimentos com os indivíduos</p><p>e os encorajando a ter responsabilidade sobre sua própria saúde.</p><p>• Tratar o indivíduo como um todo por meio de um tratamento individualizado: compreendendo</p><p>fatores físicos, mentais, emocionais, espirituais, genéticos, ambientais e sociais únicos que</p><p>contribuem para a doença e personalizando os protocolos de tratamento para o indivíduo.</p><p>• Dar ênfase à prevenção de agravos e doenças e à promoção da saúde: avaliando os fatores</p><p>de risco e vulnerabilidades e recomendando intervenções apropriadas para manter e expandir a</p><p>saúde e prevenir a doença.</p><p>• Dar suporte ao poder de cura do organismo: reconhecendo e removendo os obstáculos que</p><p>interferem no processo de autocura do corpo.</p><p>Osteopatia</p><p>É um método de diagnóstico e tratamento que atua no indivíduo a partir da manipulação de</p><p>articulações e tecidos. Essa abordagem é baseada no princípio de que a disfunção no movimento</p><p>articular e tecidual</p><p>geralmente leva à doença.</p><p>A osteopatia envolve um conhecimento profundo e abrangente da anatomia, fisiologia e biomecânica</p><p>que conectam todos os sistemas para formular hipóteses diagnósticas e aplicar o tratamento de</p><p>forma eficaz.</p><p>101</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Nesse sentido, a osteoterapia se diferencia das demais manipulações na medida em que visa atuar</p><p>de forma integrativa para que o próprio corpo busque a homeostase.</p><p>Pode ser dividida principalmente em três categorias, a saber: osteopatia estrutural; ossos cranianos;</p><p>osso visceral.</p><p>Essa abordagem de cuidado e terapia pessoal baseia‑se na ideia de que o ser humano é uma unidade</p><p>funcional dinâmica em que todas as partes estão inter‑relacionadas e possuem mecanismos próprios de</p><p>autorregulação e autocura.</p><p>O objetivo da terapia osteopata é detectar e tratar as chamadas disfunções somáticas, que</p><p>correspondem a uma diminuição da mobilidade tridimensional de qualquer tecido conjuntivo,</p><p>caracterizada por mobilidade limitada (falta de movimento).</p><p>A osteopatia trata da relação entre corpo, mente e espírito na saúde e na doença, enfatizando a</p><p>integridade estrutural e funcional do corpo e a propensão intrínseca do corpo para a autocura.</p><p>Quiropraxia</p><p>Trata‑se de uma abordagem de cuidado com elementos diagnósticos e terapêuticos voltados para o</p><p>tratamento e prevenção de distúrbios do sistema nervoso e musculoesquelético e suas repercussões na</p><p>saúde pública.</p><p>Ambas as mãos são usadas para exercer uma força controlada nas articulações, fazendo com que</p><p>excedam sua amplitude normal de movimento. É muito comum ouvir estalos durante o procedimento</p><p>devido às bolsas de ar criadas pela abertura da articulação.</p><p>O ajuste articular é facilitado pela quiropraxia, aplicado a segmentos específicos e tecidos adjacentes</p><p>com o objetivo de afetar a função articular e a neurofisiologia para corrigir um complexo de subluxação,</p><p>cujo padrão tem sido descrito como disfunção motora segmentar com alterações neuropatológicas e</p><p>interações com músculos, ligamentos, tecidos vasculares e articulações do tecido conjuntivo.</p><p>Reflexologia</p><p>É a prática de utilizar a estimulação de zonas reflexas para fins terapêuticos. O corpo deve passar por</p><p>meridianos, que o dividem em diferentes zonas.</p><p>Cada uma dessas áreas tem reflexos especiais nos pés ou nas mãos. Ao massagear pontos‑chave, o</p><p>equilíbrio pode ser reativado em áreas do corpo onde há algum bloqueio ou dificuldade.</p><p>A área do corpo aparece nos pés e depois nas mãos, orelhas e outras partes do corpo, e é chamada</p><p>de sistema sutil, usando o termo reflexologia ou terapia de zona.</p><p>102</p><p>Unidade II</p><p>Existem mais de 72 mil terminações nervosas nas solas dos pés. Durante o curso da doença, as vias</p><p>eferentes enviam fortes choques elétricos pela coluna vertebral, nervos espinhais, pernas e nervos livres.</p><p>As pontas dos pés criam um campo eletromagnético que concentra o sangue na área circundante.</p><p>Quanto maior a concentração no sangue estagnado, mais crônica e grave é a doença.</p><p>Reiki</p><p>É a prática da imposição das mãos que utiliza a aproximação ou toque do corpo para estimular</p><p>os mecanismos naturais de restauração da saúde. Com base na visão vitalista de saúde e doença, que</p><p>também é encontrada em outros sistemas de cura, considera a presença de uma energia universal</p><p>direcionada que equilibra a energia vital com o objetivo de integrar corpo e mente em harmonia.</p><p>O tratamento visa fortalecer onde estão os bloqueios – “nós de energia” –, removendo toxinas,</p><p>equilibrando as funções celulares saudáveis e restaurando o fluxo de energia vital. Exercícios promovem</p><p>a harmonia entre as dimensões física, mental e espiritual. Ativam a energia dos órgãos e centros de</p><p>energia. A prática do reiki leva em consideração as dimensões consciente, física e emocional, revitaliza</p><p>as glândulas, órgãos, nervos, coração e sistema imunológico, ajuda a aliviar o estresse, a depressão e a</p><p>ansiedade e promove o equilíbrio das energias vitais.</p><p>Shantala</p><p>É uma prática de massagem infantil que consiste em uma série de movimentos corporais que</p><p>despertam e ampliam o vínculo entre cuidador e bebê.</p><p>Promove também a saúde geral, fortalecendo os vínculos afetivos, a cooperação, a confiança, a</p><p>criatividade, a segurança e o equilíbrio da mente e do corpo.</p><p>Favorece e fortalece os vínculos afetivos, tonifica e equilibra os sistemas imunológico, respiratório,</p><p>digestivo, circulatório e linfático, além de dar a bebês e crianças a chance de estimular suas articulações</p><p>e músculos, o que é ótimo para o desenvolvimento motor e ajuda em movimentos como rolar, sentar,</p><p>engatinhar e andar.</p><p>Terapia comunitária integrativa (TCI)</p><p>É uma prática de interferir nos grupos sociais para criar e fortalecer redes de solidariedade social.</p><p>Utiliza os recursos da comunidade com base no princípio de que, se as comunidades e os indivíduos</p><p>encontram problemas, eles também desenvolvem recursos, habilidades e estratégias para encontrar</p><p>soluções para as dificuldades.</p><p>É um espaço que facilita a troca de experiências entre as pessoas. A TCI foi desenvolvida em forma</p><p>de roda e projetada para trabalhar com praticidade.</p><p>103</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Cada participante da sessão é corresponsável por um processo de cura que produz resultados</p><p>individuais e em grupo. O compartilhamento de experiências visa potencializar histórias pessoais,</p><p>promovendo o resgate da identidade, o resgate da autoestima e da autoconfiança, a ampliação da</p><p>percepção e a possibilidade de resolução de problemas.</p><p>Baseia‑se em cinco eixos teóricos, a saber: pedagogia do Paulo Freire, teoria da comunicação,</p><p>pensamento sistemático, antropologia cultural e flexibilidade.</p><p>A TCI constrói a autoestima e promove ligações positivas, fortalece as redes de apoio e melhora os</p><p>recursos disponíveis nas comunidades, sendo essencialmente uma estratégia integrada e intersetorial</p><p>para promover a saúde e os cuidados.</p><p>Ao ouvir a si mesmo e aos outros participantes, a pessoa pode atribuir outros significados ao seu</p><p>sofrimento, diminuindo o processo de somatização e as complicações clínicas.</p><p>É uma prática que combina postura, técnicas de respiração, meditação e relaxamento. Funciona</p><p>como um exercício físico, respiratório e mental.</p><p>Fortalece o sistema musculoesquelético, estimula o sistema endócrino, aumenta a capacidade de</p><p>respirar e treina o sistema cognitivo. Uma combinação de posições corporais (posturas) pode reduzir e</p><p>melhorar a dor lombar.</p><p>Para coordenar a respiração, faz‑se um exercício de respiração controlada chamado pranayama.</p><p>Também defende o autocuidado, a alimentação saudável e a prática de um código de ética que</p><p>promove a não violência.</p><p>Praticar ioga pode melhorar a qualidade de vida, reduzir o estresse, diminuir a frequência cardíaca</p><p>e a pressão arterial, aliviar a ansiedade, a depressão e a insônia e melhorar o condicionamento físico, a</p><p>força e a flexibilidade em geral.</p><p>Saiba mais</p><p>Para um estudo mais aprofundado sobre os fundamentos científicos</p><p>das terapias integrativas e complementares de saúde, leia:</p><p>PEREIRA, K. N. L. et al. A atuação do enfermeiro nas práticas integrativas</p><p>e complementares: uma revisão integrativa. Health Residencies Journal,</p><p>v. 3, n. 14, p. 1054‑1071, 2022. Disponível em: https://encr.pw/Iblt7.</p><p>Acesso em: 28 abr. 2023.</p><p>104</p><p>Unidade II</p><p>Resumo</p><p>Diante do cenário das doenças endêmicas, em que ainda prevalecem</p><p>na atualidade zika, dengue, chikungunya e febre amarela, a promoção da</p><p>saúde se dá por medidas sanitárias e educação em saúde.</p><p>A covid‑19 é a maior pandemia instalada mundialmente e seus</p><p>efeitos após a doença ainda são perscrutados incessantemente na</p><p>literatura mundial.</p><p>O mesmo ocorre com o cuidado com as populações vulneráveis, que</p><p>necessitam de políticas consistentes e abrangentes a fim de haver, na</p><p>prática, todo o arcabouço para compreender a importância histórica, social</p><p>e cultural, desde os primórdios até os dias atuais.</p><p>Posto isso, as práticas integrativas e complementares em saúde vêm,</p><p>com rigor científico, promovendo mudanças</p><p>de paradigmas, saindo da</p><p>medicalização para outras construções no processo terapêutico.</p><p>105</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Exercícios</p><p>Questão 1. Em relação à dengue, à chikungunya e ao zika vírus, avalie as afirmativas.</p><p>I – A dengue é uma doença infecciosa grave, causada pelo vírus denominado flavivírus e transmitida</p><p>ao homem principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, que pode levar à morte, embora seja sempre</p><p>assintomática.</p><p>II – Entre os principais sintomas da chikungunya, temos febre alta de início rápido e dores intensas</p><p>nas articulações de pés e mãos, dedos, tornozelos e pulsos, sendo que podem ocorrer dor de cabeça,</p><p>dores nos músculos e manchas vermelhas na pele.</p><p>III – A maioria das pessoas infectadas pelo zika vírus não desenvolve manifestações clínicas e, embora</p><p>formas graves e atípicas sejam raras, elas podem ocorrer e, excepcionalmente, evoluir para óbito.</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>A) I, II e III.</p><p>B) I, apenas.</p><p>C) II e III, apenas.</p><p>D) III, apenas.</p><p>E) I e II, apenas.</p><p>Resposta correta: alternativa C.</p><p>Análise das afirmativas</p><p>I – Afirmativa incorreta.</p><p>Justificativa: nem sempre a dengue é assintomática. Vejamos detalhes sobre isso no texto a seguir.</p><p>Dengue, sintomas e sinais (CID: A90)</p><p>A dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, variando desde casos assintomáticos</p><p>a quadros graves, inclusive óbitos. Nos casos sintomáticos, pode apresentar três fases clínicas: febril,</p><p>crítica e de recuperação.</p><p>A primeira manifestação é a febre, geralmente acima de 38 °C, de início súbito e duração de 2 a 7 dias,</p><p>associada a cefaleia, cansaço, mialgia, artralgia, dor retro‑orbitária ou exantema. Com o declínio da febre</p><p>(entre o 3º e o 7º dia do início dos sintomas), grande parte dos pacientes recupera‑se gradativamente.</p><p>No entanto, alguns podem evoluir para a fase crítica da doença, iniciando com sinais de alarme.</p><p>106</p><p>Unidade II</p><p>A dengue pode evoluir para remissão dos sintomas, ou pode agravar‑se, exigindo constante</p><p>reavaliação e observação, para que as intervenções sejam oportunas e os óbitos não ocorram.</p><p>Quais são os sintomas da dengue?</p><p>Os principais sintomas da dengue são os listados a seguir:</p><p>• Febre alta (superior a 38,5 °C).</p><p>• Dores musculares intensas.</p><p>• Dor ao movimentar os olhos.</p><p>• Mal‑estar.</p><p>• Falta de apetite.</p><p>• Dor de cabeça.</p><p>• Manchas vermelhas no corpo.</p><p>No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), leve ou grave. No último</p><p>caso, pode levar até à morte. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39 °C a</p><p>40 °C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no</p><p>corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda</p><p>de peso, náuseas e vômitos são comuns. Em alguns casos, também há manchas vermelhas na pele.</p><p>Na fase febril inicial da dengue, pode ser difícil diferenciá‑la. A forma grave da doença inclui dor</p><p>abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. Ao apresentar os</p><p>sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos</p><p>oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).</p><p>Adaptado de: https://curtlink.com/2C0mSi. Acesso em: 2 maio 2023.</p><p>II – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: os principais sintomas da chikungunya incluem febre alta de início rápido e dores intensas</p><p>nas articulações de pés e mãos, dedos, tornozelos e pulsos, sendo que podem ocorrer dor de cabeça, dores nos</p><p>músculos e manchas vermelhas na pele. Vale destacar que não é possível ter chikungunya mais de uma vez.</p><p>Vejamos detalhes sobre a chikungunya no texto a seguir.</p><p>Chikungunya</p><p>É uma arbovirose cujo agente etiológico é transmitido pela picada de fêmeas infectadas do gênero</p><p>Aedes. No Brasil, até o momento, o vetor envolvido na transmissão do vírus chikungunya (CHIKV) é o</p><p>Aedes aegypti.</p><p>107</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>O vírus chikungunya (CHIKV) foi introduzido no continente americano em 2013 e ocasionou</p><p>importante onda epidêmica em diversos países da América Central e ilhas do Caribe.</p><p>No segundo semestre de 2014, o Brasil confirmou, por métodos laboratoriais, a presença da doença</p><p>nos estados do Amapá e da Bahia. Atualmente, todas os estados registram transmissão desse arbovírus.</p><p>Esta arbovirose também pode se manifestar de forma atípica e/ou grave, sendo observados óbitos.</p><p>Destacamos que a doença pode evoluir em três fases, mostradas a seguir.</p><p>• Febril ou aguda: tem duração de 5 a 14 dias.</p><p>• Pós-aguda: tem um curso de até 3 meses.</p><p>• Crônica: se os sintomas persistirem por mais de 3 meses após o início da doença, considera‑se</p><p>instalada a fase crônica.</p><p>Em mais de 50% dos casos, a artralgia (dor nas articulações) torna‑se crônica, podendo persistir</p><p>por anos.</p><p>Sintomas:</p><p>• Febre.</p><p>• Dores intensas nas articulações.</p><p>• Dor nas costas.</p><p>• Dores pelo corpo.</p><p>• Erupção avermelhada na pele.</p><p>• Dor de cabeça.</p><p>• Náuseas e vômitos.</p><p>• Dor retro‑ocular.</p><p>• Dor de garganta.</p><p>• Calafrios.</p><p>• Diarreia e/ou dor abdominal (manifestações do trato gastrointestinal são mais presentes</p><p>em crianças).</p><p>Adaptado de: https://curtlink.com/6uTxiF. Acesso em: 2 maio 2023.</p><p>108</p><p>Unidade II</p><p>III – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: aproximadamente 80% das pessoas infectadas pelo zika vírus não desenvolvem</p><p>manifestações clínicas. No entanto, apesar de formas graves e atípicas serem raras, elas podem ocorrer</p><p>e, excepcionalmente, evoluir para óbito.</p><p>Vejamos detalhes sobre o zika no texto a seguir.</p><p>Zika: sintomas, transmissão e prevenção</p><p>Sintomas</p><p>O zika é um vírus transmitido pelo Aedes aegypti e identificado pela primeira vez no Brasil em abril</p><p>de 2015. O vírus zika recebeu a mesma denominação do local de origem de sua identificação em 1947,</p><p>após detecção em macacos sentinelas para monitoramento da febre amarela, na floresta Zika, em</p><p>Uganda. Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus zika não desenvolvem manifestações clínicas.</p><p>Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas</p><p>na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor</p><p>de garganta, tosse e vômitos. No geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem</p><p>espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente</p><p>um mês. Formas graves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir</p><p>para óbito, como identificado no mês de novembro de 2015, pela primeira vez na história.</p><p>Transmissão</p><p>O principal modo de transmissão descrito do vírus é pela picada do Aedes aegypti. Outras possíveis</p><p>formas de transmissão do vírus zika precisam ser avaliadas com mais profundidade, com base em estudos</p><p>científicos. Não há evidências de transmissão do vírus zika por meio do leite materno, assim como por</p><p>urina e saliva. Conforme estudos aplicados na Polinésia Francesa, não foi identificada a replicação do vírus</p><p>em amostras do leite, assim como a doença não pode ser classificada como sexualmente transmissível.</p><p>Também não há descrição de transmissão por saliva. É crescente a evidência de que o vírus pode ser</p><p>sexualmente transmissível.</p><p>Prevenção</p><p>Ainda não existe vacina ou medicamentos contra zika. Portanto, a única forma de prevenção é</p><p>acabar com o mosquito, mantendo o domicílio sempre limpo, eliminando os possíveis criadouros.</p><p>Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos,</p><p>proporcionam alguma proteção às picadas e podem ser adotadas principalmente durante surtos.</p><p>Repelentes e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções do rótulo. Mosquiteiros</p><p>proporcionam boa proteção para aqueles que dormem durante o dia (por exemplo: bebês, pessoas</p><p>acamadas e trabalhadores noturnos). A OMS recomenda, dentre outras medidas, a prática de sexo</p><p>seguro por mulheres gestantes que vivem em áreas de alta transmissão do vírus.</p><p>Disponível em:</p><p>https://curtlink.com/mPZtu8. Acesso em: 2 maio 2023.</p><p>109</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>No quadro a seguir, podemos ver os aspectos clínicos da dengue, da chikungunya e da zika.</p><p>Figura 5</p><p>Disponível em: https://curtlink.com/mPZtu8. Acesso em: 2 maio 2023.</p><p>110</p><p>Unidade II</p><p>Questão 2. Vimos, no livro‑texto, que a covid‑19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo</p><p>Sars‑CoV‑2, com alto poder de gravidade e de transmissibilidade.</p><p>Observe, nas imagens seguir, dados relativos à covid‑19 no Brasil, relativos ao período de 21/3/2020</p><p>a 28/2/2023.</p><p>Figura 6</p><p>Adaptada de: https://curtlink.com/sEMgNu. Acesso em: 2 maio 2023.</p><p>Figura 7</p><p>Adaptada de: https://curtlink.com/sEMgNu. Acesso em: 2 maio 2023.</p><p>Com base nas imagens, avalie as afirmativas.</p><p>I – No Brasil, no período de 21/3/2020 a 27/2/2023, o número de óbitos acumulados por covid‑19</p><p>por 100 mil pessoas foi 699.006.</p><p>II – No período de 21/3/2020 a 28/2/2023, na região Norte, o número de óbitos acumulados por</p><p>covid‑19 por 100 mil pessoas foi menor do que o do Brasil.</p><p>III – No período de 21/3/2020 a 28/2/2023, na região Sul, o número de casos acumulados de covid‑19</p><p>por 100 mil pessoas foi maior do que o do Brasil.</p><p>111</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>A) I, apenas.</p><p>B) II, apenas.</p><p>C) III, apenas.</p><p>D) II e III, apenas.</p><p>E) I, II e III.</p><p>Resposta correta: alternativa E.</p><p>Análise das afirmativas</p><p>I – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: na primeira imagem, vemos que, no Brasil, de 21/3/2020 a 28/2/2023, o número total de</p><p>óbitos acumulados por covid‑19 foi 699.087. Nessa imagem também vemos que, no Brasil, de 27/2/2023</p><p>a 28/2/2023, houve 81 óbitos novos por covid‑19. Logo, o número total de óbitos acumulados por</p><p>covid‑19 de 21/3/2020 a 27/2/2023 foi 699.006, pois 699.087 − 81 = 699.006.</p><p>II – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: para sabermos o número de óbitos acumulados por covid‑19 por 100 mil pessoas, no</p><p>perído de 21/3/2020 a 28/2/2023, na região Norte, devemos dividir o número de óbitos acumulados</p><p>nessa região (51.504) pela sua população (18.430.980) e multiplicar o resultado por 100 mil. Esses</p><p>valores foram lidos na segunda imagem.</p><p>Assim, chegamos a 279 óbitos acumulados por 100 mil pessoas, valor menor do que a taxa nacional,</p><p>igual a 333 óbitos acumulados de covid‑19 por 100 mil pessoas de 21/3/2020 a 28/2/2023.</p><p>III – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: para sabermos o número de casos acumulados de covid‑19 por 100 mil pessoas, no</p><p>perído de 21/3/2020 a 28/2/2023, na região Sul, devemos dividir o número de casos acumulados nessa</p><p>região (7.861.821) pela sua população (29.975.984) e multiplicar o resultado por 100 mil. Esses valores</p><p>foram lidos na segunda imagem.</p><p>Assim, chegamos a 26.227 casos acumulados por 100 mil pessoas, valor maior do que a taxa nacional,</p><p>igual a 17.632 casos acumulados de covid‑19 por 100 mil pessoas de 21/3/2020 a 28/2/2023.</p><p>112</p><p>Unidade II</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>Textuais</p><p>AMADO, D. M. et al. 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Em 2013, foram</p><p>notificados 167 casos de crianças que nasceram com a doença, em fevereiro de 2016 já eram 3.893</p><p>ocorrências suspeitas, associadas ao vírus zika. Especialista nas chamadas arboviroses, como dengue,</p><p>zika e chikungunya, o médico infectologista Pedro Vasconcelos explica que a associação entre zika</p><p>e microcefalia mostrou que esse vírus pode causar problemas graves semelhantes a outras doenças</p><p>infecciosas relacionadas a formações congênitas, como a rubéola. Quando as infecções ocorrem nas</p><p>primeiras semanas de gestação, é maior a chance de o vírus alcançar o feto e as complicações tendem</p><p>a ser mais graves, às vezes incompatíveis com a vida (OS ENIGMAS..., 2016).</p><p>67</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Além dos casos que envolvem limitações sérias, que podem inclusive levar à morte do bebê e incluem</p><p>complicações gravíssimas, também podem ocorrer pequenas más‑formações no sistema visual, auditivo</p><p>ou em algum outro órgão. Essas crianças terão sequelas e precisarão de acompanhamento em longo</p><p>prazo para que as limitações motoras e neurológicas sejam as menores possíveis (OS ENIGMAS..., 2016).</p><p>No caso da febre amarela, seus sintomas iniciais incluem o início súbito de febre, calafrios, dor</p><p>de cabeça intensa, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza.</p><p>A maioria das pessoas melhora após esses sintomas iniciais. Cerca de 15% dos pacientes apresentam um</p><p>breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença.</p><p>Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia, hemorragia (especialmente do trato</p><p>gastrointestinal) e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Cerca de 20% a 50% das</p><p>pessoas que desenvolvem doença grave podem morrer (OS ENIGMAS..., 2016).</p><p>Tanto na febre amarela como na dengue, não há transmissão para outra pessoa pelo contato direto</p><p>ou por suas secreções, nem através da água ou dos alimentos. O período de incubação após a picada</p><p>pelo inseto varia de 3 a 15 dias, sendo em média de 5 a 6 dias. Em todos os tipos de manifestação</p><p>é indicada a procura do serviço de saúde para identificação da gravidade e minimização do risco de</p><p>complicações e contágio. A notificação é importante para levantamento epidemiológico e providências</p><p>relacionadas às medidas de vigilância e prevenção (OS ENIGMAS..., 2016).</p><p>Não existe tratamento específico para dengue, chikungunya, infecção pelo vírus zika ou febre</p><p>amarela. Os sintomas são tratados com medicação para a febre, acetominofeno (paracetamol), e</p><p>anti‑inflamatórios para as dores articulares. Não é recomendado usar o ácido acetilsalicílico (AAS)</p><p>devido ao risco de hemorragia. Propõe‑se repouso absoluto ao paciente, que deve beber líquidos em</p><p>abundância. Nas formas graves, o enfermo pode ser atendido em Unidade de Terapia Intensiva (UTI),</p><p>para reduzir as complicações e o risco de óbito (BRASIL, 2023b).</p><p>Ainda não existe vacina ou medicamentos contra dengue, zika ou chikungunya. Portanto, a única</p><p>forma de prevenção é acabar com o mosquito, mantendo o domicílio sempre limpo, eliminando os possíveis</p><p>criadouros. Roupas que diminuam a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais</p><p>ativos, oferecem proteção às picadas e podem ser adotadas principalmente durante surtos. Repelentes</p><p>e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções do rótulo. Mosquiteiros proporcionam</p><p>boa proteção para aqueles que dormem durante o dia (por exemplo: bebês, pessoas acamadas e</p><p>trabalhadores noturnos). Contra a febre amarela, o SUS oferta vacina para a população. Desde abril de</p><p>2017, o Brasil adota o esquema vacinal de uma dose durante toda a vida, seguindo as recomendações da</p><p>OMS. Toda pessoa que reside em áreas com recomendação da vacina contra febre amarela e indivíduos</p><p>que vão viajar para esses locais deve se imunizar (BRASIL, 2023b).</p><p>A vacinação contra febre amarela é ofertada na rotina dos municípios com recomendação nos</p><p>seguintes estados: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás,</p><p>Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro,</p><p>Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Excepcionalmente, o Espírito Santo (MENDES, 2018).</p><p>68</p><p>Unidade II</p><p>A pessoa que contrai a febre amarela e sobrevive adquire imunidade; no entanto, em relação à</p><p>dengue, ela pode pegar novamente, mas nunca pelo mesmo tipo de vírus, pois existem quatro formas</p><p>de vírus da dengue (sorotipos 1, 2, 3 e 4) – portanto, o indivíduo fica imune contra o tipo de vírus que</p><p>provocou a sua doença, podendo ser contaminado pelas outras três formas conhecidas. Ainda não há</p><p>estudos suficientes para afirmar sobre a imunidade em relação ao vírus zika (COREN‑SP, 2010).</p><p>Há constatação de que a infecção pelo vírus durante a gravidez tem relação direta com outra epidemia,</p><p>a de casos de microcefalia, entre outros comprometimentos da zika congênita. Em amostras de sangue e</p><p>tecidos de bebês nascidos com microcefalia, foi identificada a presença do vírus zika. Essa é uma situação</p><p>inédita na pesquisa científica mundial. A OMS e o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC)</p><p>dos Estados Unidos também confirmam a relação. As investigações sobre o tema, entretanto, são</p><p>recentes e continuam em andamento para esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua</p><p>atuação no organismo humano, a infecção do feto e o período de maior vulnerabilidade para a gestante.</p><p>Em análise inicial, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez (OPAS, 2010).</p><p>O diagnóstico da microcefalia pode ser feito no primeiro exame físico do recém‑nascido, que é rotina</p><p>nos berçários e deve ser realizado em até 24 horas do nascimento. A OMS recomenda que o perímetro</p><p>cefálico seja medido entre 24 horas após o nascimento e o sexto dia de vida. Esse período é um dos</p><p>principais momentos para se realizar busca ativa de possíveis anomalias congênitas. No entanto, o</p><p>cuidado para não entrar em contato com o mosquito Aedes aegypti é para todo o período da gestação.</p><p>Também é importante que as gestantes reforcem as medidas de prevenção ao mosquito Aedes aegypti,</p><p>com o uso de repelentes indicados para o período de gestação, uso de roupas de manga comprida e</p><p>todas as outras medidas para evitar o contato com mosquitos, além de evitar o acúmulo de água parada</p><p>em casa ou no trabalho (ESPÍRITO SANTO, 2023).</p><p>Foram publicadas portarias e normas técnicas para restringir a área afetada pelas infecções por</p><p>Aedes. Vejamos a seguir.</p><p>5.1.1 Portarias</p><p>A Portaria GM/MS n. 2.121/2015 (BRASIL, 2015a) altera a Política Nacional de Atenção Básica,</p><p>reforçando as ações voltadas ao controle e à redução dos riscos em saúde pelas Equipes de Atenção</p><p>Básica. Favorece, ainda, o papel do ACS.</p><p>A Portaria GM/MS n. 1.813/2015 (BRASIL, 2015b) declara emergência em saúde pública de importância</p><p>nacional (Espin). Esse ato, respaldado pelo Decreto Presidencial n. 7.616, de 17 de novembro de 2011,</p><p>é realizado nas situações que demandam o emprego urgente de medidas de prevenção e controle de</p><p>riscos, danos e agravos à saúde pública, permitindo a atuação da Força Nacional do SUS.</p><p>5.1.2 Notas técnicas</p><p>A Nota Técnica publicada pelo Departamento de Atenção Básica em 23 de dezembro de 2015</p><p>(BRASIL, 2015d) traz orientações quanto à aplicação da Portaria n. 2.121/2015 (BRASIL, 2015a). Especifica</p><p>69</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>também as ações que deverão ser desenvolvidas pelas equipes, destrinchando as atividades a serem</p><p>realizadas pelos agentes comunitários</p><p>de saúde junto aos domicílios e famílias.</p><p>5.2 Covid‑19</p><p>A covid‑19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo Sars‑CoV‑2, com alto poder de gravidade</p><p>e transmissibilidade e de distribuição global.</p><p>Essa categoria de vírus (Sars‑CoV‑2) é um betacoronavírus, pertencente ao subgênero Sarbecovírus,</p><p>da família Coronaviridae, e é o sétimo coronavírus conhecido a infectar seres humanos, que foi descoberto</p><p>em amostras de lavado broncoalveolar obtidas de pacientes com pneumonia com causa desconhecida</p><p>na cidade de Wuhan, província de Hubei, China, em dezembro de 2019 (BRASIL, 2021b).</p><p>Assim sendo, os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes</p><p>de animais, incluindo homem, camelo, gado, gato e morcego. Raramente os coronavírus de animais</p><p>podem infectar pessoas e depois se espalhar entre seres humanos, como já ocorreu com o Mers‑CoV e</p><p>o Sars‑CoV‑2. Até o momento, não foi definido o reservatório silvestre do Sars‑CoV‑2 (BRASIL, 2021b).</p><p>Em janeiro de 2020 foi declarado pela OMS que o surto da infecção constituía uma emergência</p><p>de saúde pública de importância mundial. Em 11 de março de 2020, a covid‑19 foi caracterizada pela</p><p>OMS como pandemia, que se refere à distribuição geográfica da doença, e não apenas à sua gravidade.</p><p>Em 2022 havia mais de 566.977.818 casos, pelo mundo, confirmados de covid‑19, com mais de 6 milhões</p><p>de mortes. No Brasil, foram 33.454.294 casos, com 676.217 mortes em meados de 2022 (BRASIL, 2022).</p><p>Inicialmente foram identificadas as variantes alfa, beta, gama e delta. Porém, em 2021, foi identificada</p><p>uma nova variante, ômicron, apresentando um grande número de mutações.</p><p>Essa infecção tem como sintomatologia principal febre, fadiga e tosse seca. Outros sintomas também</p><p>são evidenciados, como perda do olfato e paladar, congestão nasal, conjuntivite, dor de garganta,</p><p>cefaleia, dores musculares ou nas articulações, diferentes tipos de erupção cutânea, náusea ou vômito.</p><p>As formas mais eficazes de reduzir o risco de exposição ao vírus são a utilização de máscaras, higiene</p><p>adequada das mãos, ambientes com ventilação, evitando locais fechados e aglomerações, e a inclusão</p><p>da vacinação.</p><p>Com relação à vacinação contra a covid‑19, em abril de 2021 já haviam sido imunizados mais de</p><p>179 milhões de indivíduos com a primeira dose, e quase 179 mil com a segunda dose ou dose única</p><p>(BRASIL, 2021b).</p><p>Sobre a legislação relacionada à covid‑19, temos a Lei n. 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que</p><p>dispõe sobre as medidas para enfrentamento de emergência de saúde pública (BRASIL, 2020), e a Lei</p><p>n. 14.124, de 10 de março de 2021, que dispõe sobre o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação</p><p>contra a Covid‑19 (BRASIL, 2021c).</p><p>70</p><p>Unidade II</p><p>Saiba mais</p><p>O site indicado a seguir tem atualização diária para consulta das leis,</p><p>decretos e portarias relacionadas ao covid‑19:</p><p>BRASIL. Legislação covid‑19. Brasília: Secretaria‑Geral da Presidência</p><p>da República, [s.d.]. Disponível em: https://acesse.one/Dnf6k. Acesso em:</p><p>25 abr. 2023.</p><p>6 PROGRAMA NACIONAL DE SEGURANÇA DO PACIENTE SOB A ÓTICA DA</p><p>ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE</p><p>Em 1º de abril de 2013, por meio da Portaria MS/GM n. 529, foi instituído pelo Ministério da Saúde</p><p>o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), com o objetivo de contribuir para a qualificação</p><p>do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde, tanto públicos quanto privados, de acordo</p><p>com a prioridade à segurança do paciente (BRASIL, 2013a).</p><p>Assim sendo, o desenvolvimento de estratégias para a segurança do paciente depende do</p><p>cumprimento e do conhecimento das normas e dos regulamentos que normatizam o funcionamento</p><p>dos estabelecimentos de saúde. As ações devem ser articuladas aos esforços das políticas de saúde que</p><p>têm por objetivos desenvolver:</p><p>• Linhas de cuidados em rede de atenção.</p><p>• Ações organizadas conforme contratos por região.</p><p>• Reorientação do sistema, a partir da Atenção Básica.</p><p>• Ações reguladas e melhoria do financiamento da saúde.</p><p>O PNSP tem a função de impulsionar as demais políticas, considerando seus potenciais em promover</p><p>o protagonismo dos profissionais e das equipes nos processos de qualificação do cuidado.</p><p>Dessa forma, devem ser observadas algumas premissas para que o PNSP tenha êxito, como:</p><p>comprometimento de dirigentes e gestores do SUS; governança plural; coordenação gestora e</p><p>executiva do programa; ação de comunicação social ampla para que a segurança do paciente seja de</p><p>domínio público.</p><p>A Portaria MS/GM n. 529/2013, no artigo 3º, define como objetivos específicos do PNSP: promover e</p><p>apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente, por meio dos núcleos de segurança</p><p>do paciente (NSPs), nos estabelecimentos de saúde; envolver os pacientes e os familiares nesse processo;</p><p>ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do paciente; produzir, sistematizar</p><p>71</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>e difundir conhecimentos sobre segurança do paciente; e fomentar a inclusão do tema segurança do</p><p>paciente no ensino técnico e de graduação e na pós‑graduação na área da saúde (BRASIL, 2013a).</p><p>São conceitos‑chave para Classificação Internacional de Segurança do Paciente da OMS:</p><p>• Segurança do paciente: redução a um mínimo aceitável do risco de dano desnecessário associado</p><p>ao cuidado de saúde.</p><p>• Dano: comprometimento da estrutura ou função do corpo e/ou qualquer efeito oriundo dele,</p><p>incluindo doenças, lesão, sofrimento, morte, incapacidade ou disfunção, podendo, assim, ser</p><p>físico, social ou psicológico.</p><p>• Risco: probabilidade de um incidente ocorrer.</p><p>• Incidente: evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário</p><p>ao paciente.</p><p>• Circunstância notificável: incidente com potencial dano ou lesão.</p><p>• Near miss: incidente que não atingiu o paciente.</p><p>• Incidente sem lesão: incidente que atingiu o paciente, mas não causou dano.</p><p>• Evento adverso: incidente que resulta em dano ao paciente.</p><p>O PNSP possui quatro eixos, abordados a seguir.</p><p>Eixo 1: Estímulo a uma prática assistencial segura</p><p>A Portaria MS/GM n. 529/2013 estabelece que um conjunto de protocolos básicos, definidos pela</p><p>OMS, deve ser elaborado e implantado: prática de higiene das mãos em estabelecimentos de saúde;</p><p>cirurgia segura; segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos; identificação de</p><p>pacientes; comunicação no ambiente dos estabelecimentos de saúde; prevenção de quedas; úlceras por</p><p>pressão; transferência de pacientes entre pontos de cuidado; e uso seguro de equipamentos e materiais.</p><p>Esses protocolos são os recomendados pela OMS, quer nos desafios globais – prática de higiene</p><p>das mãos em estabelecimentos de saúde; cirurgia segura – quer nas chamadas soluções de segurança</p><p>para o paciente – medicamentos com nomes e embalagens semelhantes; controle de soluções</p><p>eletrolíticas concentradas; garantia da medicação correta em transições dos cuidados (conciliação</p><p>medicamentosa); identificação do paciente; comunicação correta durante a transmissão do caso.</p><p>Ainda, constituem instrumentos para construir uma prática assistencial segura e são componentes</p><p>obrigatórios os planos (locais) de segurança do paciente dos estabelecimentos de saúde, a que se</p><p>refere a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 36, de 25 de julho de 2013, da Agência Nacional</p><p>de Vigilância Sanitária (Anvisa).</p><p>72</p><p>Unidade II</p><p>Planos (locais) de segurança do paciente dos estabelecimentos de saúde</p><p>São planos desenvolvidos pelos NSPs nos estabelecimentos de saúde, e pretendem fornecer uma</p><p>compreensão global do domínio da segurança do paciente, tendo como objetivo representar um</p><p>ciclo de aprendizagem e de melhoria contínua, realçando a identificação, a prevenção, a detecção e a</p><p>redução do risco, a recuperação do incidente e a resiliência do sistema.</p><p>Dessa forma, foram definidas ações diferenciadas, a saber, ações definidas a partir da detecção de</p><p>um incidente:</p><p>• Ações (fatores de mitigação) que previnem ou moderam a progressão de um incidente, tomadas</p><p>depois da ocorrência de um erro que tenha colocado em cheque os mecanismos de prevenção de</p><p>incidentes existentes.</p><p>• Ações de melhoria para aprimorar ou compensar qualquer dano ao paciente depois de</p><p>um incidente.</p><p>• Ações de redução de risco, para prevenir a ocorrência de um mesmo incidente ou de incidente</p><p>similar e para melhorar a resiliência do sistema.</p><p>• Ações que busquem compreender a realidade e o perfil assistencial do ponto de atenção,</p><p>possibilitando observar os maiores riscos envolvidos no cuidado.</p><p>Para a organização do plano, é importante que se conheça os fatores contribuintes, que são</p><p>circunstâncias, ações ou influências que desempenham um papel na origem ou no desenvolvimento</p><p>de um incidente ou no aumento do risco de incidente. Os fatores podem ser: humanos, sistêmicos e</p><p>externos, relacionados ao paciente. Conhecer e modificar o fator contribuinte de um incidente é uma</p><p>ação de prevenção primária.</p><p>Para a elaboração do plano de segurança do paciente dos estabelecimentos de saúde, os NSPs</p><p>deverão consultar os programas de saúde do trabalhador/ocupacionais dos estabelecimentos de saúde.</p><p>Muitas das medidas que protegem a saúde do profissional da saúde ajudam a proteger a saúde do</p><p>paciente e vice‑versa. Podemos incluir algumas ferramentas fornecidas pelos conselhos profissionais,</p><p>a exemplo do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), com suas resoluções, das quais se destaca a</p><p>Resolução Cofen n. 293/2004.</p><p>Criação dos núcleos de segurança do paciente</p><p>Os NSPs, previstos na Portaria MS/GM n. 529/2013 e na RDC Anvisa n. 36/2013, são instâncias</p><p>que devem ser criadas nos estabelecimentos de saúde para promover e apoiar a implementação de</p><p>iniciativas voltadas à segurança do paciente.</p><p>Em unidades de Atenção Básica, por exemplo, de uma mesma região de saúde, o NSP pode ser único,</p><p>conforme definição do gestor local.</p><p>73</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Sistema de notificação de incidentes</p><p>A notificação de incidentes é efetiva quando é: não punitiva; confidencial; independente; e</p><p>orientada para soluções dos problemas. Além disso, deve dar resposta oportuna para os usuários do</p><p>sistema, e as organizações participantes devem ser responsivas às mudanças sugeridas.</p><p>Sistema de notificação de eventos</p><p>A vigilância de eventos adversos relacionados ao uso dos produtos que estão sob a vigilância</p><p>sanitária tem como objetivo fundamental a detecção precoce de problemas relacionados a esse uso</p><p>para desencadear as medidas pertinentes para que o risco seja interrompido ou minimizado.</p><p>Assim, por meio da disponibilização do Notivisa, sistema informatizado de notificações de</p><p>eventos adversos desses produtos, os serviços de saúde e os profissionais de saúde fornecem as</p><p>informações necessárias para esse acompanhamento por parte do Sistema Nacional de Vigilância</p><p>Sanitária (SNVS).</p><p>A definição pela RDC n. 36/2013 de ações de notificação e monitoramento de eventos adversos</p><p>relacionados tanto aos produtos quanto às falhas nos processos de cuidado vai permitir a ampliação e</p><p>a articulação do escopo de notificações de eventos adversos no país.</p><p>Os óbitos associados à ocorrência de eventos adversos relacionados à saúde serão investigados pela</p><p>instituição e monitorados conjuntamente pelo SNVS.</p><p>Alguns desafios do programa estão postos para o sistema de notificação, como a escolha de</p><p>priorização ou não dos eventos notificados, da mesma maneira que o melhor jeito de fazer esse processo</p><p>de forma simplificada para todos os níveis de gestão.</p><p>Eixo 2: Envolvimento do cidadão na sua segurança</p><p>A Política Nacional de Humanização (BRASIL, 2013g) define humanização como a valorização</p><p>dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e</p><p>gestores. Essa política é fundamentada nos princípios de autonomia e protagonismo dos indivíduos,</p><p>corresponsabilidade mútua, fortalecimento de relações solidárias e participação coletiva na gestão</p><p>do processo.</p><p>Possivelmente, esse eixo seja o mais difícil de ser desenvolvido, uma vez que envolve uma grande</p><p>mudança de cultura nos estabelecimentos de saúde para combinar um grande número de ações pelos</p><p>NSPs, conselhos profissionais, órgãos de classe e gestores com aquelas que ampliem o acesso da</p><p>sociedade às informações relativas à segurança do paciente.</p><p>74</p><p>Unidade II</p><p>Eixo 3: Inclusão do tema segurança do paciente no ensino</p><p>A inclusão da temática da segurança do paciente deve atingir todos os níveis de ensino, tanto</p><p>técnico e de graduação como na pós‑graduação na área da saúde e na educação permanente dos</p><p>profissionais da saúde.</p><p>Anualmente, as listagens de medicamentos padronizados são ampliadas, por conta de novos</p><p>tratamentos, materiais e equipamentos.</p><p>Eixo 4: O incremento de pesquisa em segurança do paciente</p><p>O foco na investigação em segurança do paciente tem se concentrado em cinco componentes:</p><p>medir o dano; compreender as causas; identificar as soluções; avaliar o impacto; e transpor a evidência</p><p>em cuidados mais seguros.</p><p>7 POLÍTICAS NACIONAIS DE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA, DOS POVOS</p><p>INDÍGENAS, DAS POPULAÇÕES DO CAMPO E DA FLORESTA, DA PESSOA</p><p>COM DEFICIÊNCIA, DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA E DE LÉSBICAS,</p><p>GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS</p><p>7.1 Política Nacional de Saúde Integral da População Negra</p><p>A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra estabelece os fundamentos, valores,</p><p>metas, linhas de ação, estratégias e atribuições da gestão direcionada ao aprimoramento das</p><p>condições de saúde da comunidade negra. Compreende medidas de assistência, cuidado, prevenção</p><p>e promoção da saúde, além de gestão compartilhada, participação da sociedade civil e controle</p><p>social, produção de conhecimento, formação e aprendizado contínuo para os profissionais do</p><p>sistema de saúde, visando à consolidação da equidade na saúde dos negros (BRASIL, 2013b).</p><p>Ela se insere na dinâmica do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de</p><p>estratégias de gestão solidária e participativa, que incluem: utilização do</p><p>quesito cor na produção de informações epidemiológicas para a definição</p><p>de prioridades e tomada de decisão; ampliação e fortalecimento do controle</p><p>social; desenvolvimento de ações e estratégias de identificação, abordagem,</p><p>combate e prevenção do racismo institucional no ambiente de trabalho,</p><p>nos processos de formação e educação permanente de profissionais;</p><p>implementação de ações afirmativas para alcançar a equidade em saúde e</p><p>promover a igualdade racial (BRASIL, 2013b, p. 7).</p><p>75</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Maranhão</p><p>Piauí</p><p>Ceará</p><p>Rio Grande</p><p>do Norte</p><p>Paraíba</p><p>Pernambuco</p><p>Alagoas</p><p>Sergipe</p><p>Bahia</p><p>Minas Gerais</p><p>Espírito Santo</p><p>Rio de Janeiro</p><p>São Paulo</p><p>Paraná</p><p>Santa Catarina</p><p>Rio Grande</p><p>do Sul</p><p>Mato Grosso</p><p>do Sul</p><p>Distrito</p><p>Federal</p><p>Goiás</p><p>Mato Grosso</p><p>Tocantins</p><p>Rondônia</p><p>Pará</p><p>AmapáRoraima</p><p>Amazonas</p><p>Acre</p><p>1</p><p>1</p><p>4</p><p>3</p><p>27</p><p>4</p><p>1</p><p>1</p><p>3</p><p>4</p><p>1</p><p>2</p><p>2</p><p>2</p><p>1</p><p>Regiões</p><p>Norte</p><p>Nordeste</p><p>Centro‑Oeste</p><p>Sudeste</p><p>Sul</p><p>Número de pessoas que</p><p>responderam ao questionário</p><p>Figura 3 – Avaliação da implementação da Política Nacional de</p><p>Saúde Integral da População Negra</p><p>Adaptada de: Batista e Barros (2017).</p><p>7.1.1 A população negra no Brasil e a luta pela cidadania</p><p>O desenvolvimento da sociedade colonial e o processo de objetificação dos milhões de negros</p><p>escravizados, trazidos do continente africano nos porões dos navios negreiros, marcaram um período</p><p>longo da história brasileira.</p><p>A despeito das péssimas condições de vida e trabalho e das diversas formas de violência às quais</p><p>foram submetidos, episódios de resistência e luta foram as bases para a formação de quilombos.</p><p>76</p><p>Unidade II</p><p>Os quilombos, a princípio comunidades autônomas de escravizados fugitivos, converteram‑se em</p><p>importante opção de organização social da população negra e em espaços de resgate de sua humanidade</p><p>e cultura e de fortalecimento da solidariedade e da democracia, nos quais negros se constituíam e se</p><p>constituem até hoje como sujeitos de sua própria história.</p><p>Após a abolição oficial da escravatura, foram muitos os anos de luta envolvendo denúncias</p><p>sobre</p><p>a fragilidade do modelo brasileiro de democracia racial, até a fundação da Frente Negra Brasileira, em</p><p>1931. A partir de então, as questões e demandas de classe e de raça ganharam projeção na arena política</p><p>brasileira, fortalecidas, posteriormente, pelo Movimento Social Negro, que atua organizadamente desde</p><p>a década de 1970.</p><p>Entre as décadas de 1930 e 1980, eclodiram no mundo inúmeros movimentos sociais que</p><p>manifestaram aos chefes de Estado a insatisfação dos negros em relação à sua qualidade de vida.</p><p>Assumiram proeminência a luta dos negros dos Estados Unidos contra as regras de segregação racial</p><p>vigentes naquele país e a dos negros sul‑africanos contra o sistema do apartheid.</p><p>No Brasil, a VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada em 1986, constituiu um marco na</p><p>luta por condições dignas de saúde para a população brasileira, uma vez que fechou questão em torno</p><p>da saúde como direito universal de cidadania e dever do Estado. Na conferência, o Movimento Social</p><p>Negro participou ativamente, ao lado de outros movimentos, em especial o Movimento pela Reforma</p><p>Sanitária, do processo de elaboração e aprovação das propostas.</p><p>Ainda nesse período, o movimento de mulheres negras conferiu maior visibilidade às questões</p><p>específicas de saúde da mulher negra, sobretudo aquelas relacionadas à saúde sexual e reprodutiva.</p><p>O racismo e o sexismo imprimem marcas segregadoras diferenciadas, que implicam restrições específicas</p><p>dos direitos desse segmento, vitimando‑o, portanto, com um duplo preconceito.</p><p>A atuação do Movimento Social Negro brasileiro na XI e na XII CNSs, efetuadas em 2000 e 2003,</p><p>respectivamente, fortaleceu e ampliou sua participação social nas instâncias do SUS. Como resultado</p><p>dessa atuação articulada, foram aprovadas propostas para o estabelecimento de padrões de equidade</p><p>étnico‑racial e de gênero na política de saúde do país.</p><p>Nos anos de 2005 e 2006 ocorreram diversos seminários, encontros, reuniões técnicas e políticas que</p><p>culminaram com a aprovação dessa Política pelo CNS, em 10 de novembro de 2006. Merece destaque</p><p>ainda a realização do II Seminário Nacional de Saúde da População Negra, marcado pelo reconhecimento</p><p>oficial por parte do Ministério da Saúde da existência do racismo institucional nas instâncias do SUS.</p><p>7.1.2 A situação de saúde da população negra no Brasil e seus determinantes sociais</p><p>Os dados do censo contribuem para conferir maior visibilidade às iniquidades que atingem a população</p><p>negra. Assim, no setor da educação, enquanto entre os brasileiros em geral a taxa de analfabetismo era</p><p>de 12,4% em 2001, entre os negros a proporção era de 18,2%, e entre os brancos, de 7,7%. Em média, a</p><p>população branca estudava 6,9 anos, e a negra, 4,7 anos. A menor média de anos de estudo dos brasileiros</p><p>foi observada na região Nordeste: 5,7 anos para os brancos e 4 anos para os negros. Na Sudeste, onde se</p><p>77</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>encontra a maior média de anos de estudo do conjunto da população – 6,7 anos –, os negros estudavam,</p><p>em média, 2,1 anos menos que os brancos (JACCOUD; BEGHIN, 2002).</p><p>No que se refere à pobreza, dados revelam que os negros correspondem a 65% da população pobre e</p><p>70% da população extremamente pobre, embora representem 45% da população brasileira. Os brancos,</p><p>por sua vez, são 54% da população total, mas somente 35% dos pobres e 30% dos extremamente</p><p>pobres (JACCOUD; BEGHIN, 2002).</p><p>O baixo nível de renda, tanto individual quanto domiciliar per capita, restringe as liberdades</p><p>individuais e sociais dos sujeitos, fazendo com que todo o seu entorno seja deficiente, desgastante e</p><p>produtor de doença. Em 2001, mais de 32 milhões de negros com renda de até meio salário mínimo</p><p>eram potencialmente demandantes de serviços de assistência social e viviam, em sua maioria, em</p><p>lugares com características indesejáveis de habitação (JACCOUD; BEGHIN, 2002).</p><p>Entre os nascidos vivos negros, a porcentagem de nascimentos provenientes de mães adolescentes</p><p>de 15 a 19 anos foi de 29%, portanto, 1,7 vez maior que a de nascidos vivos brancos. Verificou‑se ainda</p><p>que 62% das mães de nascidos brancos referiram ter passado por sete ou mais consultas de pré‑natal</p><p>(BRASIL, 2007b, p. 26‑27).</p><p>O cenário referente à prematuridade e à mortalidade infantil também apresenta uma disparidade</p><p>quando relacionado à raça, cor e etnia. A maior porcentagem de nascidos vivos prematuros (gestação</p><p>< 37 semanas) foi registrada nos recém‑nascidos indígenas e pretos, ambos com 7%. Os menores</p><p>percentuais de recém‑nascidos prematuros foram observados entre os nascidos amarelos e pardos, ambos</p><p>com 6% (BRASIL, 2007b, p. 27).</p><p>O relatório destaca os dados associados às crianças menores de 5 anos. O risco de uma criança preta</p><p>ou parda morrer antes dos 5 anos por causas infecciosas e parasitárias é 60% maior do que o de uma</p><p>criança branca. Também o risco de morte por desnutrição expressa diferenças alarmantes, sendo 90%</p><p>maior entre crianças pretas e pardas que entre brancas (BRASIL, 2007b, p. 27).</p><p>Ainda prevalecem os diferenciais de raça, cor e etnia quando a análise está centrada na proporção de</p><p>óbitos por causas externas. O risco de uma pessoa negra morrer por causa externa é 56% maior que o</p><p>de uma pessoa branca; no caso de um homem negro, o risco é 70% maior que o de um homem branco.</p><p>No geral, o risco de morte por homicídios foi maior nas populações negra e parda, independentemente</p><p>do sexo (BRASIL, 2007b, p. 27).</p><p>A análise dos índices de homicídios associada a anos de escolaridade mostrou que pessoas com</p><p>menor escolaridade apresentam risco maior de morte quando comparadas àquelas de maior escolaridade.</p><p>Entretanto, ser preto ou pardo aumentou o risco de morte por homicídio em relação à população branca,</p><p>independentemente da escolaridade. É interessante notar que as diferenças no risco de homicídio na</p><p>população preta ou parda em relação à branca foram ampliadas no grupo de maior escolaridade (BRASIL,</p><p>2007b, p. 28).</p><p>78</p><p>Unidade II</p><p>Foram também realizadas análises da mortalidade por doenças transmissíveis e não transmissíveis.</p><p>O estudo destaca a diferença de raça e cor para o risco de morte por tuberculose quando consideradas</p><p>as taxas padronizadas de mortalidade para o ano de 2003: tendo como base de comparação a</p><p>população branca, o risco de morrer por tuberculose foi 1,9 vez maior para o grupo de cor parda e</p><p>2,5 vezes maior para o de cor preta (BRASIL, 2007b, p. 28).</p><p>A dimensão político‑programática de combate ao racismo institucional é caracterizada pela</p><p>produção e disseminação de informações sobre as experiências diferentes e/ou desiguais de nascer,</p><p>viver, adoecer e morrer; pela capacidade de reconhecer o racismo como um dos determinantes das</p><p>desigualdades no processo de ampliação das potencialidades individuais; pelo investimento em ações</p><p>e programas específicos para a identificação de práticas discriminatórias; pelas possibilidades de</p><p>elaboração e implementação de mecanismos e estratégias de não discriminação, combate e prevenção</p><p>do racismo e intolerâncias correlatas – incluindo a sensibilização e capacitação de profissionais –; e</p><p>pelo compromisso em priorizar a formulação e execução de mecanismos e estratégias de redução das</p><p>disparidades e promoção da equidade (BRASIL, 2007b, p. 30‑31).</p><p>Lembrete</p><p>A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra define</p><p>os princípios, a marca, os objetivos, as diretrizes, as estratégias e as</p><p>responsabilidades da gestão voltada para a melhoria das condições de</p><p>saúde desse segmento da população.</p><p>7.2 Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas</p><p>A proposta da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas integrada à Política Nacional</p><p>de Saúde foi regulamentada pelo Decreto n. 3.156, de 27 de agosto de 1999, que dispõe sobre as</p><p>condições de assistência à saúde dos povos indígenas, e pela Medida Provisória n. 1.911‑8. Essa proposta</p><p>inclui a transferência de recursos humanos e todos os bens destinados às atividades relacionadas à</p><p>saúde da Fundação Nacional dos Povos</p><p>Indígenas (Funai) para a Fundação Nacional de Saúde (Funasa)</p><p>(BRASIL, 2002a).</p><p>A política supracitada requer um modelo diferenciado e organizado dos serviços de assistência,</p><p>proteção, promoção e recuperação da saúde dessa população. Resumindo, a garantia de o índio assumir</p><p>sua cidadania. Para tal fato se concretizar, é necessária a criação de uma rede de serviços no território</p><p>indígena, a fim de suprir as deficiências de cobertura, acesso e aceitação do sistema para esta população.</p><p>Todos os princípios do SUS, como descentralização, universalidade, equidade, participação comunitária</p><p>e controle social, devem ser adotados para viabilizar e aperfeiçoar toda a estruturação do sistema.</p><p>Para que tais medidas se tornem realidade, é preciso haver uma atenção diferenciada, respeitando as</p><p>características culturais, epidemiológicas, crenças e valores desses povos. Isso não exclui a necessidade</p><p>do uso de tecnologias apropriadas na organização dos serviços (BRASIL, 2002a).</p><p>79</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>7.2.1 Contexto histórico</p><p>Os povos indígenas, desde a chegada dos colonizadores (invasores), sofrem maus‑tratos , trabalhos</p><p>forçados, confinamentos e sedentarização. Centenas de povos desapareceram com o processo de</p><p>colonização, no qual se destacaram as práticas da escravidão, das chacinas, das guerras e das epidemias</p><p>por doenças infecciosas. Dessa forma, podemos afirmar que a relação do Estado brasileiro com os povos</p><p>indígenas sempre foi marcada pelo preconceito e pelo descaso (BRASIL, 2002a).</p><p>As políticas implementadas desde o período colonial visavam à integração ou ao extermínio dos</p><p>mais diferentes povos, e a perspectiva de integração destes à sociedade nacional justificou diversas</p><p>ações etnocidas. Considerados entraves ao desenvolvimento, o destino dos povos indígenas sempre foi</p><p>traçado nos termos do dominador (BRASIL, 2002a).</p><p>O direito de existência futura, com distintos modos de pensar, de organizar‑se e relacionar‑se</p><p>com o mundo, sempre lhes foi negado. A falta de políticas públicas relativas à educação e saúde, e a</p><p>demarcação de territórios insuficientes para o modo de vida tradicional são respostas históricas com</p><p>premissas integracionistas. Não é à toa que o atendimento à saúde se restringe a medidas paliativas</p><p>e emergenciais.</p><p>Em 1910 foi criado o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), órgão associado ao Ministério da Agricultura</p><p>que se destinava a proteger os índios e integrá‑los progressivamente à comunhão nacional, bem como</p><p>esvaziar as terras por eles habitadas para que fossem entregues ao sistema de produção e exploração.</p><p>A assistência à saúde prestada aos povos indígenas continuou desorganizada e era exercida de forma</p><p>precária. As ações se destinavam aos casos emergenciais ou inseridos em processos de pacificação</p><p>(BRASIL, 2002a).</p><p>Na década de 1950, formou‑se o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (Susa), vinculado ao Ministério</p><p>da Saúde. Tinha como objetivo prestar assistência em saúde às populações indígenas e rurais em áreas</p><p>de difícil acesso. As ações eram de vacinação, atendimento odontológico e controle de tuberculose e</p><p>outras doenças transmissíveis.</p><p>Em 1967 foi criada a Funai, que nasceu por conta de denúncias contra o SPI. No âmbito da Funai</p><p>foram concebidas as Equipes Volantes de Saúde (EVS). Estas passaram a prestar serviços médicos</p><p>esporádicos, realizando vacinação e supervisionando os poucos trabalhos de saúde nas aldeias, quase</p><p>que exclusivamente prestados por auxiliares ou atendentes de enfermagem. As EVS existiram até a</p><p>década de 1970.</p><p>Em 1986 ocorreu a primeira Conferência Nacional de Proteção à Saúde do Índio, no contexto</p><p>da VIII CNS, que estabeleceu os princípios para o funcionamento do SUS, aprovado na Assembleia</p><p>Constituinte de 1988. Essa Conferência contou com a participação de um pequeno grupo de lideranças</p><p>indígenas e organizações de apoio e propôs pela primeira vez em caráter oficial um modelo de</p><p>atendimento específico e diferenciado aos povos indígenas do Brasil (BRASIL, 2002a).</p><p>80</p><p>Unidade II</p><p>De acordo com as deliberações aprovadas, os povos indígenas deveriam ter garantidos o acesso</p><p>universal e integral à saúde e a participação em todas as etapas do processo de planejamento, execução</p><p>e avaliação das ações desenvolvidas. Esse modelo de assistência específico e diferenciado lançou as</p><p>bases para a implantação do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (Sasi‑SUS), sob a gestão direta</p><p>do Ministério da Saúde.</p><p>7.2.2 Situação atual de saúde da população indígena</p><p>Com a criação do Sasi‑SUS e dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), quase todos os</p><p>serviços de saúde (Atenção Básica, prevenção e saneamento) passaram a ser executados através de</p><p>convênios firmados com organizações da sociedade civil – organizações indígenas e indigenistas – e</p><p>com alguns municípios. A perspectiva, no âmbito do Ministério da Saúde, era de que a União deveria</p><p>transferir as suas responsabilidades no tocante à gestão e execução das ações em saúde indígena para</p><p>terceiros. Essa política de parceria proposta pelo governo foi aceita por muitas dessas entidades com</p><p>as seguintes condições: que fosse uma solução temporária; que o governo trabalharia na construção</p><p>de um marco regulatório para a relação com essas organizações; que houvesse o aprimoramento da</p><p>capacidade gestora do governo para a execução direta das ações de saúde indígena. Infelizmente, o</p><p>Governo Federal nunca cumpriu o disposto.</p><p>A partir dessas mudanças, as deliberações das CNSs tornaram‑se inócuas, e os Conselhos de</p><p>Saúde Indígena, em muitos lugares, tornaram‑se entes figurativos diante das ações e decisões das</p><p>entidades conveniadas. O controle social foi sendo paulatinamente desconsiderado por grande</p><p>parte dos gestores, ampliando com isso os problemas nos espaços de organização dos serviços de</p><p>saúde. Os DSEIs, que seriam a base de toda a política, tornaram‑se apenas uma espécie de referência</p><p>geográfica para que a Funasa pudesse definir os tipos de convênios e as atribuições dos prestadores</p><p>de serviços. A III Conferência Nacional de Saúde Indígena, realizada em 2001, foi conduzida pelos</p><p>agentes da Funasa com o objetivo de referendar a perspectiva da terceirização e a diminuição ou</p><p>restrição à participação indígena no controle social.</p><p>Através das portarias n. 69 e 70/2004 (BRASIL, 2004a, 2004b), a Funasa estabeleceu novas diretrizes</p><p>para a saúde indígena, visando recuperar a execução direta e reduzir o papel das conveniadas,</p><p>limitando‑as à contratação de pessoal, à atenção nas aldeias com insumos, ao deslocamento dos</p><p>indígenas das aldeias e à compra de combustível para a execução desses deslocamentos. Em 2006 foi</p><p>instituído o Fórum de Presidentes dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena para atuar em caráter</p><p>consultivo e propositivo, em consonância com as demais instâncias decisórias do SUS.</p><p>No processo de realização da IV Conferência Nacional de Saúde Indígena, ocorrida em 2006,</p><p>várias conferências distritais apresentaram a proposta de criação da Secretaria Especial de Saúde</p><p>Indígena (Sesai), em razão do agravamento dos problemas recorrentes de má gestão, autoritarismo,</p><p>uso político e corrupção nas coordenações regionais e instâncias centrais da Funasa. Essa proposta foi</p><p>levada ao plenário da etapa nacional da conferência e acabou derrotada por uma pequena margem de</p><p>votos, motivando a denúncia por grande parte da delegação indígena de manipulação nos trabalhos</p><p>da conferência.</p><p>81</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Em 17 de outubro de 2007, foi editada pela Funasa a polêmica Portaria n. 2.656, que dispunha</p><p>sobre a regulamentação dos Incentivos de Atenção Básica e Especializada aos Povos Indígenas</p><p>(BRASIL, 2007c), revogando a Portaria n. 1.163/GM, de 14 de setembro de 1999. Essa portaria gerou</p><p>grandes manifestações dos povos indígenas, insatisfeitos com a política que tinha como gestora</p><p>a Funasa, e eles reivindicaram a criação de um modelo de política compatível com a Lei Arouca e</p><p>com as diretrizes da II Conferência Nacional de Saúde Indígena.</p><p>A portaria, além de fortalecer</p><p>a Funasa, abria perspectivas concretas para a municipalização da saúde indígena, exatamente na</p><p>contramão do que pretendiam os povos indígenas.</p><p>Posto de saúde</p><p>Posto de saúde</p><p>Comunidade</p><p>indígena</p><p>Comunidade</p><p>indígena</p><p>Comunidade</p><p>indígena</p><p>Posto de saúde</p><p>Polo‑base</p><p>Referência SUS</p><p>Casa de Saúde</p><p>do Índio</p><p>Comunidade</p><p>indígena</p><p>Comunidade</p><p>indígena</p><p>Posto de saúde</p><p>Posto de saúde</p><p>Figura 4 – Modelo de organização dos Distritos Especiais Indígenas (DSEI)</p><p>Fonte: Brasil (2009c, p. 32).</p><p>Os povos indígenas estão presentes em todos os estados brasileiros, exceto</p><p>no Piauí e no Rio Grande do Norte, vivendo em 579 terras indígenas que se</p><p>encontram em diferentes situações de regularização fundiária e que ocupam</p><p>cerca de 12% do território nacional. Uma parcela vive em áreas urbanas,</p><p>geralmente em periferias.</p><p>Cerca de 60% dessa população vive no Centro‑Oeste e Norte do país,</p><p>onde estão concentradas 98,7% das terras indígenas. Os outros 40% da</p><p>população indígena estão confinados em apenas 1,3% da extensão das</p><p>terras indígenas, localizadas nas regiões mais populosas do Nordeste,</p><p>Leste e Sul do país.</p><p>82</p><p>Unidade II</p><p>Ainda que numericamente constituam uma parcela de somente 0,2% da</p><p>população brasileira, em algumas regiões a presença indígena é significativa.</p><p>Em Roraima, por exemplo, representa cerca de 15% da população do estado;</p><p>4% no Amazonas; e 3% no Mato Grosso do Sul. Tomando‑se como base</p><p>a população municipal, em grande número de localidades a população</p><p>indígena é maioria, tanto em municípios amazônicos, quanto em outros das</p><p>regiões Sul, Sudeste e Centro‑Oeste.</p><p>[...] Em termos gerais, observa‑se um crescimento demográfico entre os</p><p>povos indígenas do país, fato normalmente associado à conservação do</p><p>ambiente natural, estabilização das relações interétnicas, demarcação das</p><p>terras indígenas e melhoria do acesso aos serviços de atenção básica à saúde.</p><p>[...] Em relação à morbidade, verifica‑se uma alta incidência de infecções</p><p>respiratórias e gastrointestinais agudas, malária, tuberculose, doenças</p><p>sexualmente transmissíveis, desnutrição e doenças preveníveis por</p><p>vacinas, evidenciando um quadro sanitário caracterizado pela alta</p><p>ocorrência de agravos que poderiam ser significativamente reduzidos com</p><p>o estabelecimento de ações sistemáticas e continuadas de atenção básica</p><p>à saúde no interior das áreas indígenas.</p><p>[...] A tuberculose é um dos agravos que acometem com maior frequência</p><p>e severidade as comunidades indígenas. Embora precários, os dados</p><p>disponíveis indicam taxas de incidência altíssimas, superiores em muito</p><p>àquelas encontradas entre a população branca do país. [...] Os dados</p><p>epidemiológicos do Departamento de Saúde da Funai, antes mencionado e</p><p>relativo ao mesmo ano, indicam que a tuberculose foi responsável por 22,7%</p><p>do total dos óbitos indígenas registrados por doenças infectoparasitárias</p><p>(2,2% dos óbitos por todas as causas), ou seja, duas vezes a taxa mundial</p><p>de mortalidade específica por tuberculose. A fraca cobertura sanitária das</p><p>comunidades indígenas, a deterioração crescente de suas condições de vida</p><p>em decorrência do contato com os brancos, a ausência de um sistema de</p><p>busca ativa dos casos infecciosos, os problemas de acessibilidade (geográfica,</p><p>econômica, linguística e cultural) aos centros de saúde, a falta de supervisão</p><p>dos doentes em regime ambulatorial e o abandono frequente pelos doentes</p><p>do tratamento favorecem a manutenção da endemia de tuberculose entre</p><p>as populações indígenas no Brasil.</p><p>A infecção pelo HIV/Aids também é um agravo que tem ameaçado</p><p>um grande número de comunidades. A partir de 1988, começaram</p><p>a ser registrados os primeiros casos entre os índios, número que</p><p>vem aumentando com o passar dos anos, sendo que, dos 36 casos</p><p>conhecidos até 2000, oito foram notificados em 1998, distribuídos</p><p>por todas as regiões do Brasil. O curto período de tempo transcorrido</p><p>83</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>entre o diagnóstico e o óbito dos pacientes e a falta de informações</p><p>entre os índios sobre os modos de transmissão do vírus e prevenção da</p><p>doença, bem como as limitações de ordem linguística e cultural para a</p><p>comunicação com eles são desafios a serem enfrentados e expressam</p><p>a situação altamente vulnerável frente à tendência de interiorização</p><p>da epidemia no país. A compreensão das redes de transmissão e os</p><p>determinantes dos processos sociais e culturais originados do contato</p><p>com a sociedade envolvente, bem como as relações intergrupais, é fator</p><p>importante para a tomada de decisões e implementação de ações de</p><p>prevenção (BRASIL, 2002a, p. 10‑12).</p><p>O relatório da Funasa de 1998 indicou 385 casos registrados de ISTs. A deficiência do sistema de</p><p>informações em saúde, que não contempla, entre outros dados, a identificação étnica e o domicílio do</p><p>paciente indígena, dificulta a construção do perfil epidemiológico e cria dificuldades para a sistematização</p><p>de ações voltadas para a atenção à saúde dos povos indígenas (BRASIL, 2002a).</p><p>A descontinuidade das ações e a carência de profissionais fizeram com que muitas comunidades</p><p>indígenas se mobilizassem, desde os anos 1970, de diversas maneiras, especialmente por intermédio</p><p>de suas organizações juridicamente constituídas, para adquirir conhecimentos e controle sobre</p><p>as doenças e agravos de maior impacto sobre sua saúde, dando origem a processos locais de</p><p>capacitação de agentes indígenas de saúde e de valorização da medicina tradicional indígena, com</p><p>a participação das diversas instituições envolvidas com a assistência à saúde indígena.</p><p>O propósito da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas é garantir a essa população</p><p>o acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS, contemplando a</p><p>diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política de modo a favorecer a superação dos fatores</p><p>que tornam essa população mais vulnerável aos agravos à saúde de maior magnitude e transcendência</p><p>entre os brasileiros, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à sua cultura.</p><p>Para o alcance desse propósito, são estabelecidas as seguintes diretrizes, que devem orientar a</p><p>definição de instrumentos de planejamento, execução, avaliação e controle das ações de atenção à</p><p>saúde dos povos indígenas:</p><p>• Organização dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas na forma de Distritos</p><p>Sanitários Especiais e Polos‑Base, no nível local, onde a atenção primária e os serviços de</p><p>referência se situam.</p><p>• Preparação de recursos humanos para atuação em contexto intercultural.</p><p>• Monitoramento das ações de saúde dirigidas aos povos indígenas.</p><p>• Articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde.</p><p>• Promoção do uso adequado e racional de medicamentos.</p><p>84</p><p>Unidade II</p><p>• Promoção de ações específicas em situações especiais.</p><p>• Promoção da ética na pesquisa e nas ações de atenção à saúde envolvendo comunidades</p><p>indígenas.</p><p>• Promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indígena.</p><p>• Controle social (BRASIL, 2002a).</p><p>7.3 Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta</p><p>As populações do campo e da floresta são caracterizadas por povos e comunidades que têm seus</p><p>modos de vida, produção e reprodução social relacionados predominantemente com a terra. Assim</p><p>estão os camponeses, sejam eles agricultores familiares, trabalhadores rurais assentados ou acampados,</p><p>assalariados e temporários que residam ou não no campo, bem como as comunidades tradicionais,</p><p>como as ribeirinhas, quilombolas e as que habitam ou usam reservas extrativistas em áreas florestais ou</p><p>aquáticas e ainda as populações atingidas por barragens, entre outras.</p><p>A diversidade da população rural brasileira transcende seus recursos naturais, pois é composta</p><p>por uma variedade de raças, etnias, religiões, culturas, sistemas de produção, padrões tecnológicos,</p><p>segmentos sociais e econômicos, ecossistemas e biodiversidade. Além disso, essa riqueza é representada</p><p>por grupos tradicionais, como quilombolas,</p><p>povos indígenas, agroextrativistas, seringueiros, povos do</p><p>cerrado, do semiárido, da caatinga, dos campos, das montanhas, dos pampas e do pantanal, comunidades</p><p>ribeirinhas, vilas litorâneas de pescadores artesanais e dos manguezais, e pelas mulheres quebradeiras de</p><p>coco babaçu das florestas de palmares (BRASIL, 2013c).</p><p>A Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta expressa o compromisso</p><p>federal em garantir o direito e o acesso à saúde por meio do SUS, considerando seus princípios</p><p>fundamentais de equidade, universalidade e integralidade.</p><p>Algumas doenças estão intimamente ligadas à condição do campo e da floresta e, portanto, são</p><p>relevantes para as populações de que trata essa política. De acordo com o Sistema de Informação de</p><p>Agravos de Notificação (Sinan) e o Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária</p><p>(Sivep‑Malária), destacam‑se entre as doenças endêmicas: a malária, a febre amarela, a doença de</p><p>Chagas e a leishmaniose. O número de casos de malária para o ano de 2009 no Brasil, segundo o</p><p>Sivep‑Malária, foi de mais de 306 mil casos, sendo que 99,3% concentraram‑se na região da Amazônia</p><p>Legal (BRASIL, 2013c). Boa parte da população dessa região depende de atividades de extrativismo</p><p>e exploração de recursos das florestas, mas está sujeita a situações de violência relacionadas aos</p><p>conflitos pela posse e propriedade da terra e a violência doméstica.</p><p>85</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Saiba mais</p><p>A Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da</p><p>Floresta foi instituída pela Portaria n. 2.866, de 2 de dezembro de 2011:</p><p>BRASIL. Portaria n. 2.866, de 2 de dezembro de 2011. Brasília, 2011c.</p><p>Disponível em: https://l1nk.dev/cRJoW. Acesso em: 25 abr. 2023.</p><p>As estratégias operacionais, ações e metas estão em consonância com o Plano Plurianual (PPA)</p><p>2012‑2015 e têm como objetivo cumprir a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo</p><p>e da Floresta.</p><p>O Plano Operativo encontra‑se estruturado em quatro eixos estratégicos e inclui ações que incidem</p><p>sobre os diferentes condicionantes e determinantes que sustentam a desigualdade social em saúde e</p><p>que acometem as populações do campo e da floresta. São eles:</p><p>• Eixo 1: acesso das populações do campo e da floresta à atenção à saúde.</p><p>• Eixo 2: ações de promoção e vigilância em saúde às populações do campo e da floresta.</p><p>• Eixo 3: educação permanente e educação popular em saúde com foco nas populações do campo</p><p>e da floresta.</p><p>• Eixo 4: monitoramento e avaliação do acesso às ações e serviços de saúde às populações do</p><p>campo e da floresta.</p><p>7.4 Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência</p><p>Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de longo prazo de natureza física, mental,</p><p>intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação</p><p>plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.</p><p>Como qualquer cidadão, as pessoas com deficiência têm o direito à atenção integral à saúde e</p><p>podem procurar os serviços de saúde do SUS quando necessitarem de orientações ou cuidados em</p><p>saúde, incluindo serviços básicos, como imunização e assistência médica ou odontológica, ou ainda</p><p>serviços de atenção especializada, como reabilitação ou atenção hospitalar.</p><p>Instituída por meio da Portaria n. 1.060, de 5 de junho de 2002 (BRASIL, 2002b), a Política Nacional</p><p>de Saúde da Pessoa com Deficiência está voltada para a inclusão desses indivíduos em toda a rede de</p><p>serviços do SUS, e caracteriza‑se por reconhecer a necessidade de implementar o processo de respostas</p><p>às complexas questões que envolvem a atenção à saúde das pessoas com deficiência no Brasil.</p><p>86</p><p>Unidade II</p><p>São diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência:</p><p>• Promoção da qualidade de vida das pessoas com deficiência.</p><p>• Assistência integral à saúde da pessoa com deficiência.</p><p>• Prevenção de deficiências.</p><p>• Ampliação e fortalecimento dos mecanismos de informação.</p><p>• Organização e funcionamento dos serviços de atenção à pessoa com deficiência.</p><p>• Capacitação de recursos humanos (BRASIL, 2002b).</p><p>É de responsabilidade do Ministério da Saúde coordenar o processo de formulação, implementação,</p><p>monitoramento e avaliação da Política de Saúde da Pessoa com Deficiência, observados os princípios e</p><p>diretrizes do SUS, através de cooperação e assessoria técnica a estados, municípios e ao Distrito Federal</p><p>para o desenvolvimento de ações e da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do SUS.</p><p>É vital a articulação intra e intersetorial, incluindo movimentos sociais, organizações não governamentais</p><p>e instituições afins, e a transversalização para o desenvolvimento das ações dessa política, que inclui</p><p>o fomento e a promoção de mecanismos para a formação e capacitação de recursos humanos, assim</p><p>como pesquisas relacionadas à atenção à saúde da pessoa com deficiência.</p><p>A inclusão da assistência aos familiares é essencial para um atendimento humanizado e eficaz,</p><p>com ações de apoio psicossocial, orientações para atividades de vida diária e suporte especializado em</p><p>situações de internamento (hospitalar/domiciliar).</p><p>Nas unidades especializadas, de abrangência regional, qualificadas para atender às necessidades</p><p>específicas das pessoas com deficiência, a atenção será multiprofissional e interdisciplinar, com a presença</p><p>de alguns dos seguintes profissionais: médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo,</p><p>psicólogo e assistente social, conforme o perfil do serviço. Assim, será possível a avaliação de cada caso</p><p>para a dispensação de órteses, próteses e meios auxiliares da pessoa com deficiência.</p><p>Nesse contexto, é importante trabalhar os processos de acolhimento, atenção, referência e</p><p>contrarreferência, voltados às especificidades das pessoas com deficiência para que elas possam ter</p><p>acesso às unidades de saúde em todo o país, sem barreiras (arquitetônicas ou atitudinais), como todos</p><p>os demais cidadãos brasileiros.</p><p>De acordo com suas características, as pessoas com deficiência têm direito ao encaminhamento</p><p>para serviços mais complexos, a receber assistência específica nas unidades especializadas de média</p><p>e alta complexidade, à reabilitação física, auditiva, visual e intelectual, bem como às ajudas técnicas,</p><p>órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção de que necessitem, complementando o trabalho de</p><p>reabilitação e as terapias.</p><p>87</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>As equipes das unidades de reabilitação devem ser multiprofissionais e trabalhar de forma interdisciplinar,</p><p>envolvendo as famílias, as unidades básicas de saúde e as comunidades, buscando recursos locais que</p><p>facilitem o desenvolvimento integrado de processos de inclusão da pessoa com deficiência.</p><p>A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência tem como principal meta a criação, a ampliação e</p><p>a articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com deficiência temporária ou permanente,</p><p>progressiva, regressiva ou estável, intermitente ou contínua, no âmbito do SUS. São diretrizes para o</p><p>funcionamento da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência:</p><p>I – Respeito aos direitos humanos, com garantia de autonomia,</p><p>independência e de liberdade às pessoas com deficiência para fazerem as</p><p>próprias escolhas.</p><p>II – Promoção da equidade.</p><p>III – Promoção do respeito às diferenças e aceitação de pessoas com</p><p>deficiência, com enfrentamento de estigmas e preconceitos.</p><p>IV – Garantia de acesso e de qualidade dos serviços, ofertando cuidado</p><p>integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar.</p><p>V – Atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas.</p><p>VI – Diversificação das estratégias de cuidado.</p><p>VII – Desenvolvimento de atividades no território que favoreçam a inclusão</p><p>social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania.</p><p>VIII – Ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação</p><p>e controle social dos usuários e de seus familiares.</p><p>IX – Organização dos serviços em rede de atenção</p><p>à saúde regionalizada,</p><p>com estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade</p><p>do cuidado.</p><p>X – Promoção de estratégias de educação permanente.</p><p>XI – Desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com deficiência</p><p>física, auditiva, intelectual, visual, ostomia e múltiplas deficiências, tendo</p><p>como eixo central a construção do projeto terapêutico singular.</p><p>XII – Desenvolvimento de pesquisa clínica e inovação tecnológica em</p><p>reabilitação, articuladas às ações do Centro Nacional em Tecnologia</p><p>Assistiva (MCT) (BRASIL, 2012d, art. 2º).</p><p>88</p><p>Unidade II</p><p>Saiba mais</p><p>Leia na íntegra a Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora</p><p>de Deficiência:</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.060, de 5 de junho de 2002.</p><p>Brasília: Ministério da Saúde, 2002b. Disponível em: https://l1nk.dev/zkJSG.</p><p>Acesso em: 27 abr. 2023.</p><p>Observação</p><p>A Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) mantém agenda permanente</p><p>com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) a</p><p>fim de garantir a articulação entre as propostas de incorporação e inovação</p><p>tecnológica às necessidades de saúde das pessoas com deficiência.</p><p>7.5 Saúde da população em situação de rua</p><p>Segundo a Política Nacional para a População em Situação de Rua,</p><p>considera‑se população em situação de rua o grupo populacional</p><p>heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos</p><p>familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia</p><p>convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas</p><p>degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou</p><p>permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário</p><p>ou como moradia provisória (BRASIL, 2009d, art. 1º, parágrafo único).</p><p>Desse modo, devemos compreender o tema da pessoa em situação de rua tendo em vista essa</p><p>multiplicidade de fatores que a levou a essa situação, desde os fatores estruturais, como os citados, até</p><p>os fatores mais pessoais, como o rompimento das relações familiares e outros infortúnios (em alguns</p><p>casos, dependência de álcool/drogas, perda de bens, transtornos mentais).</p><p>Existem poucos dados sobre a quantidade de crianças e adolescentes em situação de rua. Em 2010,</p><p>a Secretaria de Direito Humanos e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável realizaram a Pesquisa</p><p>Censitária Nacional sobre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua. Essa análise foi executada em</p><p>75 cidades brasileiras, abrangendo as capitais e cidades com população superior a 300 mil habitantes.</p><p>A pesquisa identificou 23.973 crianças e adolescentes em situação de rua no país e revelou que a grande</p><p>maioria é de meninos/adolescentes (71,8%), enquanto 28,2% são meninas/adolescentes (BRASIL, 2014).</p><p>89</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Outra pesquisa, realizada em 2008 pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e</p><p>Combate à Fome (MDS), avaliou a população adulta em situação de rua.</p><p>A pesquisa revelou que a população em situação de rua é composta</p><p>predominantemente de homens (82%), sendo a proporção de negros (67%)</p><p>consideravelmente maior que o percentual de negros na população brasileira</p><p>(50,7%, segundo Censo Demográfico de 2010), e que a maioria dessa</p><p>população é composta de trabalhadores que exercem alguma atividade</p><p>remunerada (70%). Os principais motivos que os levaram à situação de</p><p>rua foram: desemprego (29,8%), conflitos familiares (29,1%) e alcoolismo/</p><p>drogas (35,5%). [...]</p><p>Com relação ao recorte raça/cor, 72,8% das crianças e adolescentes em</p><p>situação de rua são negros (49,2% pardos e 23,6% pretos), enquanto</p><p>23,8% são brancos. Considerando‑se os dados do Censo do IBGE de 2010</p><p>que apontam que a população brasileira era composta por 47,7% brancos,</p><p>7,6% pretos e 43,1% pardos, percebemos que o percentual de crianças e</p><p>adolescentes negros em situação de rua é consideravelmente maior que o</p><p>percentual de negros na população brasileira (BRASIL, 2014, p. 13‑14).</p><p>É importante destacar que os motivos que causaram a ida à rua das crianças e adolescentes diferem</p><p>pouco dos motivos que levaram adultos a viverem nas ruas. De acordo com dados da pesquisa citada,</p><p>os principais motivos são: brigas verbais com pai/mãe/irmãos, violência doméstica, alcoolismo/drogas</p><p>e busca por liberdade. A vida na rua tem uma dinâmica que permite muitas possibilidades e perigos,</p><p>exigindo um amadurecimento precoce, já que expõe a pessoa a situações de vulnerabilidade.</p><p>O Ministério da Saúde, em parceria com o MDS e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência</p><p>da República (SDH), lançou a campanha sobre a saúde da população em situação de rua (GOVERNO...,</p><p>2015). Com o slogan “Cuidar da Saúde de Todos. Faz bem para a população em situação de rua. Faz bem</p><p>para o Brasil”, a campanha tem por objetivo valorizar a saúde como um direito humano de cidadania e</p><p>ressaltar que as pessoas em situação de rua – independentemente das roupas, das condições de higiene,</p><p>do uso de álcool e outras drogas ou da falta de documentação – têm o direito de serem atendidas na</p><p>rede de serviços do SUS.</p><p>São objetivos da campanha:</p><p>• Sensibilizar os profissionais de saúde para o acesso e atendimento da população em situação de</p><p>rua nos serviços de saúde.</p><p>• Diminuir o preconceito da sociedade em relação a ela, contribuindo no acolhimento desse público</p><p>pelos serviços de saúde.</p><p>• Empoderar as pessoas em situação de rua quanto aos seus direitos de cidadãs.</p><p>90</p><p>Unidade II</p><p>Para isso, a campanha prevê a distribuição de cartazes para unidades de saúde do SUS em municípios</p><p>com população em situação de rua e para os serviços de assistência social e direitos humanos que</p><p>atendem a essa população nos estados.</p><p>Além disso, a ação inclui materiais informativos voltados para os profissionais de saúde e</p><p>para movimentos sociais da população em situação de rua. Cuidar bem desse público, garantindo</p><p>um atendimento humanizado e integral, requer a colaboração de todos: profissionais de saúde,</p><p>sociedade, movimentos, população de rua e segurança pública.</p><p>7.5.1 Estratégias e ações de saúde voltadas para população em situação de rua</p><p>Viver na rua expõe as pessoas a diversos fatores de risco que ampliam sua vulnerabilidade, como:</p><p>violências, preconceito, invisibilidade social, dificuldade de acesso a políticas públicas, alimentação</p><p>incerta e pouca disponibilidade de água potável, privação de sono e afeição e a dificuldade de adesão a</p><p>tratamento de saúde.</p><p>Em 2013, as práticas do Ministério da Saúde para promover a saúde dessa população passaram a ser</p><p>orientadas pelo Plano Operativo de Ações para a Saúde da População em Situação de Rua, que desenvolveu</p><p>diversas ações, entre as quais se destaca a implantação dos Consultórios na Rua, compostos por equipes</p><p>que prestam atendimento itinerante, conforme as necessidades das pessoas em situação de rua.</p><p>Observação</p><p>O Ministério da Saúde conta com 144 equipes do Consultório na Rua.</p><p>Mas o Consultório na Rua não é a única porta de entrada da pessoa em</p><p>situação de rua no SUS: seu acesso também pode se dar por meio das</p><p>UBSs e pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), principalmente</p><p>nos municípios onde não houver Consultório na Rua.</p><p>Dados do Ministério da Saúde apontam que os problemas de saúde mais recorrentes entre essa</p><p>população são:</p><p>• problemas nos pés;</p><p>• infestações;</p><p>• IST, HIV/aids;</p><p>• gravidez de alto risco;</p><p>• doenças crônicas;</p><p>• consumo de álcool e drogas;</p><p>91</p><p>ENFERMAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>• saúde bucal;</p><p>• tuberculose.</p><p>As principais causas de internação são: uso de substâncias psicoativas (álcool, crack e outras drogas),</p><p>problemas respiratórios e causas externas (acidentes e violência).</p><p>A Pesquisa Nacional sobre a Saúde da População em Situação de Rua, realizada pelo MDS em 2008,</p><p>ouviu cerca de 32 mil pessoas adultas em situação de rua em 71 cidades, revelando que:</p><p>• 18,4% já passaram por experiências de impedimento de receber atendimento na rede de saúde.</p><p>• 29,7% dos entrevistados afirmaram ter algum problema de saúde.</p><p>• Os problemas mais prevalentes foram: hipertensão (10,1%),</p>