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<p>Atividade individual</p><p>Estudante: Caroline Ferreira Lopes</p><p>Disciplina: Direito do Trabalho</p><p>Turma: 0624-1</p><p>Matriz de resposta</p><p>RESPOSTAS AOS QUESTIONAMENTOS:</p><p>As respostas às perguntas formuladas serão fornecidas sob a perspectiva da empresa, garantindo os posicionamentos reflitam a visão e os interesses da empregadora.</p><p>De acordo com o que dispõe os artigos segundo e terceiro da CLT, a relação de emprego requer que o trabalhador seja uma pessoa física, realize o trabalho de forma pessoal (pessoalidade), contínua (não eventualidade), remunerada (onerosidade) e sob o risco do empregador (alteridade). A subordinação, elemento essencial, caracteriza-se pelo poder de direção do empregador, que define como, quando e onde o trabalho deve ser executado, estabelecendo uma estrutura hierárquica onde o empregado deve seguir ordens, normas e está sujeito a controle e medidas disciplinares.</p><p>Em 2020, o contrato do Sr. João foi suspenso em conformidade com a súmula nº 269 do Tribunal Superior do Trabalho (TST). De acordo com essa súmula, o funcionário eleito para o cargo de diretor tem seu contrato de trabalho suspenso, não havendo contagem de tempo de serviço durante esse período, exceto se permanecer a subordinação jurídica característica da relação empregatícia.</p><p>Durante a suspensão, o contrato de trabalho é interrompido temporariamente, o que significa que as principais obrigações de ambas as partes (empregador e empregado) são suspensas. Durante este período, tanto o empregado como o empregador têm suas obrigações suspensas.</p><p>Ao término do período de suspensão, o contrato de trabalho é automaticamente reativado, e o empregado retorna às suas atividades normais, mantendo-se as mesmas condições contratuais anteriores à suspensão.</p><p>Diretores estatutários possuem alta autonomia e não estão subordinados a outros níveis hierárquicos dentro da empresa, reportando-se diretamente ao conselho de administração ou aos acionistas, o que implica na ausência de vínculo trabalhista típico.</p><p>Por essa razão, quando o empregado é eleito e passa a ocupar o cargo de Diretor Estatutário, o contrato é suspenso, e os serviços prestados ao longo do período não são contabilizados.</p><p>Quanto à rescisão do contrato de trabalho e seu eventual término definitivo, há várias formas de encerramento: por acordo (demissão consensual), demissão sem justa causa, demissão com justa causa, pedido de demissão, rescisão indireta, término de contrato a prazo determinado e morte do empregado.</p><p>Considerando que, por iniciativa do empregador, não há interesse em retomar o vínculo empregatício, será devido, referente ao período anterior ao da suspensão do contrato, entre 01/01/2015 a 01/08/2018, todas as verbas rescisórias devidas quando há demissão sem justa causa, quais sejam: salário, férias acrescidas de 1/3, aviso prévio, FGTS somado a multa de 40%.</p><p>Durante ao período em que autou como Diretor Regional, também serão devidas todas as verbas acima relacionadas, sendo necessário pontuar que, por se tratar de cargo de confiança (diretor empregado), não fará jus a hora extra, uma vez que deixou de haver controle de jornada.</p><p>Durante o período em que foi exercido o cargo de Diretor Estatutário, de acordo com o contrato firmado especialmente para regular esse período, serão devidas férias, aviso prévio de 30 dias e o saque do FGTS sem a multa de 40%. Isso porque João não foi desligado antes do fim do mandato. Ademais, a contribuição ao FGTS se tratou de mera liberalidade da empresa, não se admitindo aplicação de multa.</p><p>Em relação às horas extras, estas não se aplicam aos Diretores Estatutários, uma vez que a função deles não envolve subordinação ou controle de jornada. Ao contrário dos demais funcionários, os diretores estatutários desfrutam de autonomia na gestão de suas atividades e responsabilidades, não estando sujeitos a um controle rigoroso de horário de trabalho. Além disso, o contrato que rege a relação não prevê esse tema.</p><p>O fato de o Sr. João continuar a se reportar ao acionista da empresa e necessitar da assinatura conjunta do Diretor Presidente não atrai, por si só, o vínculo de empregatício e a subordinação jurídica.</p><p>É essencial enfatizar que, para esta posição, a subordinação é meramente administrativa, centrando-no contrato social e na estrutura da empresa. Isto é, o Estatutrário opera como um prestador de contas ao Conselho de Administração, incluindo possíveis deliberações com orientações e diretrizes fornecidas pelos demais órgãos da empresa, sem se confundir com a subordinação jurídica.</p><p>PARECER JURÍDICO E RISCOS DE EXPOSIÇÃO</p><p>Apesar das divergências nas doutrinas e jurisprudências, o entendimento majoritário considera a subordinação como o fator determinante para o reconhecimento do vínculo trabalhista durante o exercicío do cargo de Diretor Estatutário.</p><p>Isto é, quando se trata da figura de diretor estatutário, há mais de uma pespectiva a ser considerada. A primeira quando o diretor está sujeito apenas ao conselho de administração, com amplos poderes de governança e administração, caracterizasse sua autonomia e ausência de subordinação, em perfeita prática do que dispõe o artigo 144 da Lei das Sociedades de Ações.</p><p>Por outro lado, quando o diretor não possui poderes de comando, gestão e representação e trabalha sob subordinação e dependência, configura-se a condição de empregado.</p><p>Justamente nessa linha é a ressalva trazida no enunciado nº 269 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) para que não seja computado o tempo de serviço do período, qual seja, a existência de subordinação jurídica inerente à relação de emprego.</p><p>Robortella (2020) sustenta a existência de uma relação exclusivamente societária, respaldada pela legislação das sociedades anônimas.: “Diretores da sociedade, sujeitos apenas ao conselho de administração, com os mais amplos poderes de gestão, não podem ser confundidos com o trabalhador subordinado. É necessário oferecer segurança jurídica e imprimir coerência ao sistema, mediante harmonização das normas tutelares trabalhistas com o novo direito de empresa do Código Civil de 2002[footnoteRef:1]. [1: ROBOTELLA, L. O Moderno Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Editora ABC, 2020.]</p><p>Na mesma linha, confira-se o entendimento dos Tribunais Pátrios:</p><p>RECURSO ORDINÁRIO DA AUTORA. RELAÇÃO DE EMPREGO. PRESIDENTE DE SOCIEDADE ANÔNIMA. Não ostenta a condição de empregada a pessoa natural que, conforme prova dos autos, efetivamente atuava como presidente de sociedade anônima. Incidência ao caso da Súmula nº 269 do C. TST. Recurso não provido no particular. RECURSO ORDINÁRIO DA RÉ. JUSTIÇA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA. PESSOAL NATURAL. EMPRESÁRIA. A presunção de veracidade contida na declaração de hipossuficiência socioeconômica firmada por pessoa natural não é afastada pela mera circunstância de a declarante atuar como empresária. Inteligência da Súmula nº 463, I, do C. TST. Recurso não provido. <br/><br/>(TRT da 2ª Região; Processo: 1000073-45.2023.5.02.0461; Data: 05-06-2024; Órgão Julgador: 6ª Turma - Cadeira 5 - 6ª Turma; Relator(a): WILSON RICARDO BUQUETTI PIROTTA)</p><p>VÍNCULO DE EMPREGO. DIRETOR ESTATUTÁRIOO diretor estatutário atua como órgão da sociedade. Nessa condição, a relação entre diretor e sociedade rege-se pelo estatuto da empresa, bem como, pelas normas do direito empresarial, distinguindo-se, portanto, da relação de natureza contratual trabalhista. Recurso ordinário a que se dá parcial provimento para afastar o reconhecimento do vínculo de emprego reconhecido na sentença. (TRT da 12ª Região; Processo: 0001770-15.2021.5.12.0040; Data de assinatura: 03-10-2023; Órgão Julgador: Gab. Des.a. Maria de Lourdes Leiria - 1ª Câmara; Relator(a): MARIA DE LOURDES LEIRIA)</p><p>O Sr. João poderá ingressar judicialmente para que seja reconhecido o vínculo trabalhista durante o período em que exerceu o cargo de Diretor Estatutário, fundamentando-se, principalmente, no argumento de que havia subordinação, uma vez que ele respondia e precisava assinar documentos em conjunto com o Diretor Presidente.</p><p>O entendimento predominante é de que o risco de sucesso na ação judicial é remoto, pois a posição de Diretor Estatutário, por sua natureza e pelas atribuições descritas, geralmente não caracteriza a subordinação típica de uma relação empregatícia. Além disso, o fato de o contrato social prever a necessidade de assinatura em conjunto com o Diretor Presidente e de o acionista participar das deliberações, por si só, não atrai a configuração do vínculo trabalhista. Essas disposições podem ser vistas como medidas de governança corporativa e não necessariamente como indicativas de subordinação direta.</p><p>O período de prescrição para o reconhecimento de vínculo trabalhista é de 2 anos a partir da data de término do contrato de trabalho, conforme o artigo 11 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Além disso, há um limite de 5 anos para reclamar créditos resultantes das relações de trabalho, contado da data da extinção do contrato. Ou seja, o Sr. João tem até 2 anos após a rescisão para entrar com uma ação trabalhista, e essa ação pode englobar os últimos 5 anos de trabalho.</p><p>Quanto ao FGTS, é possível encontrar entendimentos divergentes, senão vejamos:</p><p>DIRETOR NÃO EMPREGADO. ADICIONAL DE 40% SOBRE O FGTS. A destituição do cargo do diretor incluído no regime do FGTS, conforme autoriza o art. 16 da Lei 8.036/90, antes do final do mandato, equipara-se à dispensa sem justa causa. Recurso provido para deferir ao reclamante o pagamento do adicional de 40% sobre o FGTS da conta vinculada” (TRT 4ª Região, RO 00442.302/98-3, 28-08-2000, Relatora JUÍZA IONE SALIN GONCALVES).</p><p>DIRETOR NÃO EMPREGADO. ADICIONAL DE 40% SOBRE O FGTS. Sendo Diretor, o recolhimento mensal do FGTS era facultativo, nos termos do art.16 da Lei 8.036/90, o que foi feito até setembro/93, sendo a partir daí substituído peloPlano de Previdência- PREVER (fls. 302/306) (…)”. (fl. 54) E, como visto em linhas volvidas, não sendo empregado, não faz jus ao recolhimento da parcela trabalhista em questão. Nada a reformar.” (TRT 18ª REGIÃO, PROCESSO-TRT-RO Nº 0087/99, RELATORA JUÍZA DORA MARIA DA COSTA).</p><p>É relevante mencionar que o contrato firmando para regular as atividades e obrigações do Diretor Estatutário não dispõe sobre p pagamento de horas extras. Por essa razão, não há como fundamentar tal pedido para reivindicar indenização a esse respeito.</p><p>Acredito que a independência e autonomia do diretor estatutário são princípios fundamentais para garantir uma gestão eficaz e alinhada aos interesses estratégicos da empresa. É imperativo que o diretor estatutário tenha a liberdade de tomar decisões sem a interferência direta de superiores hierárquicos, preservando assim a integridade das suas funções e responsabilidades. Dessa forma, não se deve reconhecer vínculo trabalhista entre a empresa e o diretor estatutário sem que existam indícios concretos de subordinação direta, uma vez que tal vínculo comprometeria a autonomia necessária para o exercício do seu cargo e poderia distorcer as relações de governança corporativa.</p><p>1</p><p>2</p><p>1</p><p>image1.emf</p><p>image2.wmf</p>