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<p>Execução fazenda pública</p><p>O Processo de Execução, na forma como foi estabelecido pelo novo CPC, destacou vários</p><p>meios de se alcançar a execução forçada de crédito baseado em título executivo</p><p>extrajudicial.</p><p>Essas formas de execução forçada são, na verdade, espécies de procedimentos que foram</p><p>confeccionados de acordo com o tipo de obrigação, cujo cumprimento se busca através do</p><p>processo judicial.</p><p>Execução de alimentos</p><p>Estão previstos no CPC:</p><p>• EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA CERTA</p><p>• EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA INCERTA</p><p>• EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER OU DE NÃO FAZER</p><p>• EXECUÇÃO POR CERTA</p><p>QUANTIA</p><p>• EXECUÇÃO DE ALIMENTOS</p><p>• EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA</p><p>Cada uma dessas formas de execução possui seus procedimentos e peculiaridades</p><p>determinados pelo CPC. As duas últimas espécies acima citadas são chamadas pela</p><p>doutrina de execuções especiais já que possuem procedimentos diferenciados em razão da</p><p>especificidade dessas demandas.</p><p>Antes de tratar acerca do procedimento específico é importante traçarmos alguns conceitos</p><p>que envolvem o tema.</p><p>Fazenda Pública (Execução contra a Fazenda Pública e o novo CPC)</p><p>Afinal de contas, quem é a Fazenda Pública?</p><p>A expressão "Fazenda Pública" abrange União, Estados, Municípios, Distrito Federal,</p><p>autarquias e fundações públicas (Gonçalves, 2017).</p><p>Dessa forma a execução contra a fazenda pública, é aquela manejada perante ente público</p><p>com natureza de direito público. Neste conceito encon-tram-se, conforme citado, todos os</p><p>entes federados, bem como suas autarquias e fundações públicas, já que também</p><p>possuem natureza de direito público.</p><p>Assim, estão excluídos dessa espécie de execução os entes que compõem a chamada</p><p>"Administração Indireta", mas que possuem natureza de direito privado.</p><p>Execução contra a Fazenda</p><p>Publica</p><p>O procedimento dessa espécie de execução está previsto no art. 910 do</p><p>СРС.</p><p>ART. 910. NA EXECUÇÃO FUNDA-DA EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL, A FAZENDA</p><p>PÚBLICA SERÁ CITADA PARA OPOR EMBARGOS EM 30 (TRINTA) DIAS.</p><p>Inicialmente, observamos que esse procedimento apenas será aplicado no caso em que o</p><p>exequente possui título extrajudicial (reconhecido em lei como tal) cujo devedor seja a</p><p>fazenda pública.</p><p>O credor ingressará com a petição ini-cial, seguindo os requisitos aplicáveis à execução em</p><p>geral. Estando em ter-mos, o juiz mandará citar a Fazenda Pública para opor embargos à</p><p>execução</p><p>Diferentemente da execução por quantia certa, a fazenda pública não será intimada a pagar</p><p>mas sim a apresentar sua defesa típica.</p><p>Esse regramento diferenciado é justi-ficável, pois os bens que eventualmente poderiam</p><p>fazer frente ao pagamento do crédito, por serem públicos, são impenhoráveis.</p><p>Essa proteção dada a estrutura do Estado visa proteger a continuidade de suas atividades</p><p>que, via de regra, são essenciais a toda a comunidade.</p><p>Destarte, a execução contra a Fazenda Pública não tem a finalidade de efetivar uma</p><p>execução forçada frente ao Estado, mas sim de solicitar ao Judiciário que requisite o</p><p>pagamento da obrigação à Fazenda, respeitada a ordem cronológica dos precatórios.</p><p>Por este motivo, Theodoro Júnior</p><p>(2016), salienta que há tão somente uma execução imprópria, pois não se pratica atividade</p><p>típica de execução forçada, que é a característica marcante do processo de execução.</p><p>Terminologia bastante criticada por Neves</p><p>(2017).</p><p>Lembrando que essa forma diferenci-ada de execução aplica-se apenas quando se está</p><p>diante de obrigação de pagar quantia certa, se a obrigação diz respeito à entrega de coisa e</p><p>obrigação de fazer/não fazer o credor percorrerá o rito geral previsto no CPC para essas</p><p>espécies (Neves, 2017).</p><p>Defesa da Fazenda Pública</p><p>A Fazenda Pública se defende através de embargos à execução que segue a sistemática</p><p>geral prevista no CPC.</p><p>Como os embargos possuem natureza de ação de conhecimento, a possibilidade de defesa</p><p>é ampla, podendo alegar quaisquer das matérias previstas no art. 917 do CPC:</p><p>• ART. 917. NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO, O EXECUTADO PODERÁ ALEGAR:</p><p>• I - INEXEQUIBILIDADE DO TÍTULO OU INEXIGIBILIDADE</p><p>DA OBRIGAÇÃO;</p><p>• II - PENHORA INCORRETA OU AVALIAÇÃO ERRÔNEA;</p><p>• III - EXCESSO DE EXECUÇÃO OU CUMULAÇÃO INDEVIDA DE EXECUÇÕES;</p><p>• IV - RETENÇÃO POR BENFEITORIAS</p><p>NECESSÁRIAS OU ÚTEIS, NOS CASOS DE EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA</p><p>CERTA;</p><p>• V - INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA OU RELATIVA DO JUÍZO DA EXECUÇÃO;</p><p>• VI - QUALQUER MATÉRIA QUE LHE SERIA LÍCITO DEDUZIR COMO DEFESA EM</p><p>PROCESSO DE CONHECIMENTO.</p><p>O art. 910, § 2° do CPC destaca ainda que a Fazenda Pública poderá alegar qualquer</p><p>matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento.</p><p>Finalização do Procedimento</p><p>Opostos os embargos, eles serão jul-gados por sentença. Da sentença que rejeita ou</p><p>acolhe os embargos caberá apelação.</p><p>Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, será expedido</p><p>precatório ou requisição de pequeno valor (a depender do valor do crédito) em favor do</p><p>exequente.</p><p>O que são Precatórios?</p><p>O precatório judicial consiste em uma requisição de pagamento feita pelo Presidente do</p><p>Tribunal responsável pela decisão exequenda contra a Fazenda Pública federal, estadual,</p><p>distrital ou municipal. (Novelino, 2014).</p><p>Após a finalização do processo de execução contra a Fazenda Pública, conforme citado</p><p>anteriormente, não haverá penhora, leilão ou qualquer forma de expropriação do bem</p><p>público, já que esse goza de regime especial.</p><p>Neste caso, o juiz singular determinará a expedição do precatório ao Presidente do Tribunal</p><p>respectivo.</p><p>Exemplo: Um processo de execução contra a Fazenda Pública Municipal que tramita na</p><p>Comarca de Processo</p><p>- MG chega ao seu final, pois o Município não opôs embargos. O juiz da comarca</p><p>determinará ao Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) que expeça o</p><p>respectivo precatório.</p><p>O ente público deverá efetuar os pagamentos na ordem cronológica de apresentação dos</p><p>precatórios, como formas de garantir a isonomia entre os credores. Há exceção apenas</p><p>para os créditos de natureza alimentar, que terão preferência sobre os demais (art. 100, § 1°</p><p>da Constituição Federal de 88 - CF/88).</p><p>Quando se tratar de crédito de natureza alimentar cujo titular tenha mais de 60 anos de</p><p>idade ou seja portador de doença grave, haverá uma preferência a esse frente aos demais</p><p>da mesma categoria alimentar.</p><p>Poderão, portanto, ser estabelecidas três ordens cronológicas distintas de precatórios com</p><p>a seguinte priorida-de: (Novelino, 2014, p. 832)</p><p>1ª) DÉBITOS DE NATUREZA ALIMENTÍCIA CUJOS TITULARES TENHAM MAIS DE 60</p><p>ANOS DE IDADE OU SEJAM PORTADORES DE DOENÇA</p><p>GRAVE (CF, ART. 100, § 2º);</p><p>• 2ª) DEMAIS DÉBITOS DE NATUREZA ALIMENTÍCIA ( CF, ART. 100, § 1º);</p><p>• 3ª) DÉBITOS DE CARÁTER COMUM (CF, ART. 100, CAPUT).</p><p>Prazo para pagamento dos</p><p>Precatórios</p><p>Determina o art. 100 § 5° da CF 88:</p><p>Art. 100 (...) § 5º É obrigatória a in-clusão, no orçamento das entidades de direito público,</p><p>de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em</p><p>jul-gado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1° de julho, fazendo-se o</p><p>pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados</p><p>monetariamente.</p><p>Assim, apresentado ao ente público até 01 de julho, a verba necessária ao pagamento do</p><p>precatório deverá ser consolidada no orçamento público para pagamento no ano</p><p>subsequente.</p><p>Apresentado após esta data deverá aguardar até a confecção da próxima</p><p>lei orçamentária.</p><p>O § 6º do art. 100 da CF/88 autoriza o sequestro da quantia necessária à satisfação do</p><p>crédito nas hipóteses de preterimento do direito de precedência ou de não alocação</p><p>orçamentária do valor necessário à satisfação da obrigação.</p><p>Precatório x Requisição de Pequeno Valor</p><p>A requisição de pequeno valor (tam-bém chamado de RPV), diferentemente do Precatório,</p><p>não terá seu valor</p><p>consignado em orçamento para pagamento futuro. Ele será imediatamente apresentado ao</p><p>ente público que deverá quitá-lo no prazo de 02 meses.</p><p>A requisição de pequeno valor deve ser regulamentada por lei de cada ente federado, que</p><p>deverá estabelecer o limite para submissão do crédito a este regime.</p><p>A</p><p>União já possui legislação que estabelece o limite para requisição de pequeno valor. O</p><p>art. 17, § 1º da Lei 10.259/2001 dispõe que a execução fundada em título com valor até 60</p><p>salários mínimos enquadra-se como requisição de pequeno valor.</p><p>No caso dos Estados, Distrito Federal e Municípios, enquanto não legislarem acerca do</p><p>assunto, vale o disposto no art. 87 do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais</p><p>Transitórias) da CF/88, qual seja:</p><p>- Quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal</p><p>- Trinta salários-mínimos, perante a</p><p>Fazenda dos Municípios</p><p>Lembrando que a referida legislação deve atentar-se para o limite mínimo determinado pelo</p><p>art. 100, § 4° da</p><p>CF/88.</p>