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<p>Vamos Começar!</p><p>Conforme já estudamos, de acordo com os princípios do keynesianismo, a solução para prevenir as grandes crises do sistema capitalista seria a intervenção do Estado na economia, com o intuito de gerar empregos, estimular a demanda e reduzir as disparidades sociais. Essa doutrina, que serviu de base para muitas propostas de políticas econômicas pós-Segunda Guerra Mundial e tornou-se um elemento central no mundo capitalista do período pós-guerra: na Europa, viu o fortalecimento do Estado de bem-estar social, enquanto na América Latina, o desenvolvimentismo cepalino destacou-se como um exemplo da influência do keynesianismo (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Após o término da Segunda Guerra Mundial (1945), surgiu um desafio considerável à teoria econômica predominante da época com a publicação de O caminho da servidão, de Friedrich Hayek (1899-1992). A "nova" doutrina proposta por Hayek foi uma atualização dos princípios do liberalismo econômico, originando assim o termo "neoliberalismo", que começou a ganhar destaque a partir da década de 1970 em todo o mundo capitalista.</p><p>Teóricos como Milton Friedman (1912-2006) e Friedrich Hayek não compartilhavam da visão de um Estado intervencionista e de bem-estar social proposto por Keynes, reintroduzindo as propostas liberais. Eles buscavam preservar a liberdade do comércio e os princípios liberais estabelecidos por economistas clássicos em séculos passados, associando-os aos valores de democracia e liberdade política (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Vamos conhecer essas propostas a partir de agora!</p><p>Friedrich Hayek e a Escola Austríaca: uma visão abrangente</p><p>Friedrich August von Hayek, renomado economista e filósofo, é um dos principais expoentes da Escola Austríaca de Economia e uma figura proeminente no pensamento econômico do século XX. Sua vida e trabalho são intrinsecamente ligados à defesa da liberdade individual, ao liberalismo clássico e à crítica ao intervencionismo estatal.</p><p>Nascido em Viena, Áustria, em 1899, Hayek estudou na Universidade de Viena, onde teve contato com importantes figuras intelectuais, como Ludwig von Mises e Friedrich von Wieser, que influenciaram profundamente sua formação intelectual. Graduou-se em Direito e Economia e posteriormente obteve seu doutorado em Direito em 1921. Desde cedo, Hayek demonstrou interesse pela teoria econômica e pelas questões sociais, o que o levou a se dedicar ao estudo e à pesquisa nesses campos (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Em 1944, Hayek publicou sua obra mais famosa, O caminho da servidão, na qual argumentava contra o planejamento centralizado e a favor da liberdade individual e econômica. O livro teve grande impacto e foi considerado uma crítica contundente ao socialismo e ao coletivismo. Hayek alertou sobre os perigos do controle estatal excessivo, argumentando que isso inevitavelmente levaria à tirania e à perda de liberdade individual (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Figura 1 | Retrato de Friedrich Hayek. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Um dos principais alvos das críticas de Hayek era o Partido Trabalhista inglês e suas políticas intervencionistas. Ele via com preocupação o crescimento do Estado de bem-estar social e defendia uma abordagem mais liberal para a economia, baseada na livre concorrência e na iniciativa privada (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Em 1947, Hayek foi um dos fundadores da Sociedade Mont Pèlerin, uma organização dedicada à promoção dos princípios do liberalismo clássico e à defesa da economia de mercado. A sociedade reuniu intelectuais de diversas áreas, incluindo Economia, Filosofia, Direito e Ciências Sociais, e teve um papel fundamental na disseminação das ideias liberais em todo o mundo (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Os princípios econômicos defendidos por Hayek e pela Escola Austríaca incluem a importância da livre concorrência, do mercado como mecanismo de alocação eficiente de recursos, da propriedade privada e da limitação do poder estatal. Eles argumentam que a intervenção do governo na economia geralmente leva a distorções e ineficiências, prejudicando o funcionamento natural do mercado.</p><p>De acordo com Brue e Grant (2016), nos anos 1970, o mundo enfrentou uma crise econômica, marcada por estagnação, inflação e desemprego, que levou a uma crítica generalizada ao keynesianismo e às políticas de intervenção estatal. Os neoliberais, influenciados pelas ideias de Hayek e outros pensadores liberais, argumentaram que as políticas keynesianas haviam falhado em resolver os problemas econômicos e, pelo contrário, contribuíram para agravá-los.</p><p>As propostas neoliberais para superar a crise incluíam a redução do papel do Estado na economia, a desregulamentação dos mercados, a privatização de empresas estatais e a adoção de políticas monetárias restritivas para controlar a inflação.</p><p>Além disso, propõe-se realizar reformas fiscais para estimular os agentes econômicos. Preconizadas pelos neoliberais, tais reformas envolvem a redução de impostos sobre os rendimentos mais elevados e sobre as receitas (Oliveira; Gennari, 2019). Essa abordagem visa fornecer incentivos aos empresários para investir, impulsionando a criação de empregos e o aumento de renda. Essas medidas visam restaurar uma forma renovada e equilibrada de desigualdade, revitalizando as economias mais avançadas. Dessa forma, espera-se que o crescimento econômico seja revitalizado através da estabilidade monetária e dos estímulos ao mercado (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Essas ideias ganharam força durante os governos de Margaret Thatcher no Reino Unido e Ronald Reagan nos Estados Unidos, que implementaram uma série de reformas econômicas inspiradas no liberalismo de Hayek.</p><p>Margaret Thatcher, conhecida como a "Dama de Ferro", foi uma defensora fervorosa do livre mercado e da redução do Estado. Durante seu governo, ela promoveu privatizações em larga escala, cortes de impostos e medidas para restringir o poder dos sindicatos. Ronald Reagan, por sua vez, adotou políticas semelhantes nos Estados Unidos, buscando reduzir a intervenção do governo na economia e estimular o crescimento econômico por meio da iniciativa privada.</p><p>image1.png</p>

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