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ANTROPOLOGIA E RELAÇÕES 
ÉTNICO RACIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá, caro (a) aluno (a)! 
Em geral, o estudo do comportamento econômico se preocupa em 
analisar a racionalidade pretendida com a qual os atores econômicos 
perseguem os objetivos que propuseram e em analisar a racionalidade não 
intencional de diferentes sistemas. A análise do comportamento econômico 
trata de confrontar diferentes sistemas ou doutrinas e teorias que buscam 
explicar os mecanismos de suas ações e suas capacidades para atingir seus 
objetivos. 
Neste capitulo, estudaremos de forma analítica a constituição do 
paradigma do homo oeconomicus. Logo, relacionaremos o ator racional com 
elementos da representação ética na economia. 
Bons estudos! 
 
 
AULA 8 – 
PARADIGMA DO HOMO 
OECONOMICUS E O ATOR 
RACIONAL. 
 
 
8 HOMO ECONOMICUS E FINANÇAS RACIONAIS 
O homem econômico é uma abstração. Tal abstração surgiu em decorrência 
de procedimentos científicos do século XIX, que aconselhavam a fragmentação do 
objeto de pesquisa, ou seja, a divisão da realidade para o estudo analítico. Os 
economistas assumiram que as atividades econômicas das pessoas poderiam ser 
estudadas através da abstração das influências psicológicas e de outras dimensões 
culturais do comportamento humano: moral, ética, religiosa, política, etc. Eles 
concentraram seus interesses no que chamaram de duas funções essenciais 
cumprida por todos os sujeitos econômicos: consumo e produção. Outra função 
importante agregada à economia moderna foi o investimento financeiro (COSTA, 
2009). 
Veja o quadro abaixo para melhor compreensão do assunto que abordaremos: 
Fonte: REIS, 2019. 
Uma das teorias encontradas na economia moderna é a adoção do 
pressuposto econômico humano, que se orienta pela ideia de que os indivíduos são 
racionais. De acordo com Steingraber (2013), o conceito neoclássico de 
racionalidade originalmente incluía motivos individuais de interesse próprio, que 
estão intimamente relacionados à natureza maximizadora de utilidade do 
comportamento humano. A racionalidade, antes uma consequência da maximização 
da utilidade, agora é vista como um pré-requisito para a maximização da utilidade. A 
construção do modelo de ArrowDebreu reforça essa mudança, tratando esse 
 
 
pressuposto como um axioma que revela (teoricamente) como os sistemas 
econômicos tendem ao equilíbrio. Conforme Steingraber e Fernandez: 
"O que o economista entende por 'racionalidade' não corresponde à 
compreensão que o leigo tem do termo (...) racionalidade significa escolher 
de acordo com uma ordem de preferências que é completa e transitiva, sujeita 
à informação perfeita e adquirida a alto custo; onde existe incerteza de 
resultados futuros, a racionalidade significa maximização da vantagem de um 
resultado multiplicada pela probabilidade de sua ocorrência" (STEINGRABER 
e FERNANDEZ, 2013, p. 129). 
O termo “homem econômico” [homo economicus] foi usado pela primeira vez 
no século XIX por críticos do método de Mill (1836) da economia política. Seus críticos 
ficaram preocupados com uma passagem na qual ele sugeria que: 
A economia política não deveria tratar o conjunto da natureza humana como 
modificada pelo ambiente social, nem do comportamento completo do 
homem em sociedade. Sua preocupação com ele deveria se restringir a tratá-
lo como aquele que deseja possuir riqueza e possui a capacidade de julgar a 
eficácia relativa dos meios para obter aquele fim” (MILL, p. 54, 1836). 
Segundo Blaug (1993): “devemos a Senior o primeiro enunciado da hoje 
conhecida distinção entre uma ciência da economia pura e estritamente positiva e uma 
arte da economia impura e inerentemente normativa”. Nassau William Senior (1790-
1864) também foi o primeiro a articular a ideia de que a economia científica é 
fundamentalmente baseada em algumas propostas gerais, destacando que: “toda 
pessoa deseja maximizar sua riqueza com o menor sacrifício possível”. (BLAUG. p.99, 
1993). 
De acordo com Blaug (p. 99, 1993), “o ensaio de Mill, publicado em 1836, On 
the Definition of Political Economy, começa com a distinção de Senior entre a ciência 
e a arte na economia política, a qual é a distinção entre uma coleção de verdades 
materiais e um corpo de regras normativas, e prossegue classificando a disciplina 
economia, mais uma vez no estilo de Senior, como uma “ciência mental”, preocupada 
fundamentalmente com motivações humanas e modos de conduta na vida econômica 
(...). Isto leva diretamente a uma famosa passagem em que nasceu a concepção 
bastante difamada do “homem econômico”. Mill (p. 52, 1836/1994) propõe que a 
economia política supõe uma abstração completa de todas as outras paixões ou 
motivos humanos, exceto aquelas que podem ser consideradas princípios 
permanentemente opostos ao desejo de riqueza, a saber, a aversão para trabalhar e 
o desejo de desfrutar agora de um mimo caro. Assim, a economia "pura" vê a 
humanidade como exclusivamente dedicada à aquisição e consumo de riqueza. Essa 
motivação seria o condutor absoluto de suas ações. 
Mill (p. 54, 1834/1994) observa que “não é que qualquer economista político 
 
 
seja tão absurdo a ponto de supor que a humanidade, seja realmente constituída 
dessa forma, porém esse é o modo de acordo com o qual a ciência deveria 
necessariamente proceder”. Mas ele afirma que: 
Talvez não exista uma ação na vida do homem em que ele não esteja sob a 
influência imediata ou remota de outro impulso que não seja o mero desejo 
de riqueza. Com relação aquelas partes da conduta humana em que a 
riqueza não constitui o objeto principal, a tais partes da economia política não 
pretende aplicar suas conclusões. Porém, existem também certos 
departamentos dos negócios humanos em que a aquisição de riqueza é o fim 
reconhecidamente principal. A economia política toma conhecimento apenas 
desses departamentos. (...) O economista político investiga as ações que 
seriam produzidas por esse desejo [de obter a maior quantidade de riqueza 
com o mínimo de trabalho e de renúncia], se dentro dos departamentos em 
questão ele não fosse impedido por qualquer outro” (MILL, p. 54. 1834 /1994). 
 
Portanto, Mill não afirma que a economia política deva considerar o homem da 
forma integral, tal como ele é, isso que significaria adotar uma teoria do "homem real" 
(homo sapiens), com o risco de fazer uma previsão correta sobre como ele realmente 
se comporta nos negócios econômicos. Mill diz que precisa deixar e regularizar 
apenas certos motivos econômicos, a saber, a potencialização da riqueza, que 
depende do desejo de renda salarial e lazer. Em suma, Blaug (p. 101, 1993) afirma 
que “ele opera com uma teoria do ‘homem ficcional’. Além disso, enfatiza o fato de 
que a esfera econômica é tão somente uma parte de toda a arena da conduta 
humana”. 
A economia seria então apenas uma das muitas ciências humanas e sociais, 
cada uma com suas próprias teorias. Nesse nível mais abstrato, as hipóteses 
econômicas não devem ser invalidadas por interferência não econômica. Visto por 
essa perspectiva, pode-se entender a afirmação de Friedman (1953) sobre a 
metodologia da economia positiva, segundo a qual o grau de realismo das hipóteses 
de uma teoria é pouco importante para sua validade, enquanto as hipóteses são 
realmente abstrações. Essa é uma perspectiva metodológica que considera teorias e 
hipóteses científicas somente se suas previsões forem, pelo menos em princípio, 
empiricamente testáveis e falsificáveis. A "falsificação ingênua" afirma que as teorias 
podem ser refutadas com testes simples, enquanto a “falsificacionismo sofisticado” 
afirma que muitos testes são necessários para refutar teorias. Ainda existe a alegação 
de que nenhuma hipótese científica particular pode ser definitivamente falsificada, 
porque o teste de hipóteses é necessariamente acompanhado por condições 
auxiliares,portanto, fontes de falsificação nunca serão encontradas. 
As previsões referem-se aos valores verdadeiros das variáveis, dado 
 
 
comportamento racional e ceteris paribus (mantidas inalteradas todas as outras 
coisas). Hollis e Nell (p. 77, 1975/1977) enfatizam que “o pressuposto de racionalidade 
não é meramente outra condição ceteris paribus. (...) o comportamento irracional, 
resultante, por exemplo, de um ordenamento inconsistente de preferências, tornaria a 
previsão impossível. Podemos colocar essa nova qualificação dizendo que a 
economia é o estudo do homem econômico racional”. 
É interessante ver que mesmo os escritores heterodoxos assumem que a 
economia não é o estudo do homem em geral, mas do homem econômico. É um 
conceito abstrato e unidimensional do homem, segundo o qual o homem seria 
motivado apenas por razões econômicas, imediatamente relacionadas com a 
obtenção do máximo lucro com o mínimo de esforços. O homo economicus agiria 
racionalmente para maximizar sua riqueza adotando novos métodos para competir no 
mercado. Ele é um hedonista, ou seja, o lado da doutrina que considera o prazer 
individual e imediato como o único bem possível, o princípio e o fim da vida moral 
(COSTA, 2009). 
Quase totalmente digno de menção é o longo fragmento dos autores Hollis e 
Nell: 
Poucos livros-textos contêm um retrato direto do homem econômico racional. 
Ele é introduzido furtivamente e gradualmente (...). espreita por entre os 
pressupostos que levam uma vida esclarecida entre insumos e produção, 
estímulo e resposta. Não é alto nem baixo, gordo nem magro, casado ou 
solteiro. Não se esclarece se ele gosta do seu cachorro, espanca a mulher 
ou prefere o jogo de dardos à poesia [NT: comparação que contrasta o gosto 
popular – jogar dardos ao alvo – e o da elite – poesia]. Não sabemos o que 
deseja; mas sabemos que, o que quer que seja, ele maximizará 
impiedosamente para obtê-lo. Não sabemos o que compra, mas temos a 
certeza de que, quando os preços caem, ele ou redistribui seu consumo ou 
compra mais. Não podemos adivinhar o formato de sua cabeça, mas 
sabemos que suas curvas de indiferença [representa diferentes combinações 
de cestas de bens nas quais o consumidor atinge o mesmo grau de 
satisfação] são côncavas em relação à origem. Pois, em lugar de seu retrato, 
temos um retrato falado (com os traços gerais). Ele é filho do iluminismo e, 
portanto, o individualista em busca de proveito próprio da teoria da utilidade 
[doutrina segundo a qual toda a felicidade está na obtenção do útil, ou seja, 
no afastar-se da dor e aproximar-se o máximo possível do prazer]. É um 
maximizador. Como produtor maximiza sua fatia de mercado ou seu lucro. 
Como consumidor, maximiza a utilidade, por meio da comparação onisciente 
e improvável entre, por exemplo, morangos marginais e cimento marginal. 
(Ele é, por certo, também um minimizador; mas já que minimizar X é 
maximizar não-X, não há necessidade de nos preocuparmos com isso.) está 
sempre no ponto que considera ótimo, acreditando (por mais falsa que seja 
essa crença) que qualquer mudança marginal seria para pior. Da indiferença 
individual ao comércio internacional, está sempre alcançando os melhores 
equilíbrios subjetivos entre desincentivo e recompensa. Este é o primum 
mobile racional da economia neoclássica (HOLLIS; NELL, p.77, 1975/1977). 
 
 
 
 
Este homem perene não muda mesmo em diferentes épocas históricas e 
condições sociais. Ele é abstrato, atemporal e onipresente. Se ele também fosse 
onisciente, ele seria sobrenatural, portanto, divino. Conforme Hollis e Nell: 
“O homem econômico racional é tanto a média quanto o ideal, abstraído dos 
reais participantes do mercado com a ajuda de pressupostos gerais sobre os 
desejos humanos. Entretanto, não é uma pura ficção. Na medida em que é 
possível avaliar o grau de irracionalidade em uma situação real, é possível 
prever o desvio real em relação ao comportamento ideal” (HOLLIS; NELL, p. 
78, 1975/1977). 
A segunda função é fornecer uma saída para as teorias que preveem o 
fracasso, mesmo que o resto, incluindo as condições não econômicas, permaneça 
constante. Seu comportamento reflete o valor real das variáveis econômicas do 
comportamento. Mas esse valor de verdade não é a média de algumas observações 
reais, mas um valor que um operador perfeitamente racional deduziria sob certas 
circunstâncias. Portanto, se os agentes econômicos reais não atingem essa dedução, 
não significa que as previsões sobre o que é racional sejam contestadas. Em resumo, 
Hollis e Nell afirmam que: 
O homem econômico racional não é um homem real. É antes, qualquer 
homem real que se conforme ao modelo a ser testado. Assim sendo, não se 
trata de testar uma teoria econômica em confronto com o comportamento real 
do produtor ou consumidor ou investidor racionais. Os produtores e 
consumidores [e investidores] são racionais precisamente na medida em que 
se comportam como previsto e o teste mostra apenas quão racionais são” 
(HOLLIS; NELL, p. 79, 1975/1977). 
 
Ainda Blaug considera que: 
a hipótese da racionalidade em si própria é, na realidade, fraca. Para fazê-la 
gerar implicações interessantes, precisamos adicionar hipóteses auxiliares à 
noção geral de racionalidade, como a homogeneidade de agentes [na 
resolução do problema de agregação] ou, de forma mais geral, conhecimento 
antecipado perfeito, resultados em equilíbrio, concorrência perfeita, e 
assemelhados”. Em outras palavras, o sucesso do pressuposto racionalista é 
baseado em muito mais do que apenas ação racional (BLAUG, pp. 318-319, 
1993). 
8.1 Ator racional: Ética e Economia. 
A parcimônia moderna, buscando uma afirmação para a conduta econômica 
sirva de alicerce para os modelos a serem desenvolvidos, utiliza o pressuposto da 
racionalidade como ponte para definir o comportamento real dos indivíduos, ou seja, 
o comportamento racional é atribuído aos atores econômicos (SILVA, 2018). 
O desenvolvimento da teoria econômica moderna foi dominado por uma escola 
de pensamento que surgiu de uma de duas fontes originais: a abordagem 
 
 
“engenheira”. Essa preocupação foi levantada por Amartya Sen em seu livro On Ethics 
and Economics. 
A ótica “engenheira” pode ser caracterizada por nomes como Leon Walras, 
Willian Petty, François Quesnay, Augustine Cournot e David Ricardo. No geral: 
Essa abordagem caracteriza-se por ocupar-se de questões primordialmente 
logísticas em vez de fins supremos e de questões como o que pode promover 
o ‘bem para o homem’ ou ‘como devemos viver’. Considera que os fins são 
dados muito indiretamente, e o objetivo do exercício é encontrar os meios 
apropriados de atingi-los (SEN, p. 12, 1999). 
Dois pontos podem ser extraídos dessa descrição: a “concepção da realização 
social relacionada à ética” é considerada menos importante do que os objetivos mais 
elevados e o “bem para o homem”, portanto, as questões econômicas não são 
discutidas em profundidade. A análise econômica é regida pela eficiência e alocação 
ótima de recursos, a “concepção da motivação da realização social” também é pouco 
presente, se não considerar que os indivíduos refletem "como devem viver" e o quanto 
essa reflexão afeta seu comportamento (SEN, p. 10-12, 1999). 
Olhando para o conteúdo da definição de comportamento racional, pode-se 
concluir que o traço guardado pela abordagem ética diminuiu durante o 
desenvolvimento da economia moderna (SILVA, 2018). 
 Existe uma definição de comportamento racional que envolve a consistência 
interna das escolhas, mas este argumento não se sustenta porque as escolhas podem 
ser consistentes e, ao mesmo tempo levar alguém a agir na direção oposta do 
pretendido (motivação real), então uma “racionalidade de correspondência” seria 
necessária se as decisões e escolhas fossem consistentes com o objetivo final. 
 O segundo tipo de correspondência é necessário quando a racionalidade é 
entendida como a adequação das escolhas aos interessespróprios do indivíduo, 
neste caso o raciocínio é: se o indivíduo é racional, e essa racionalidade inclui a 
convergência dos motivos de interesse próprio do indivíduo e as escolhas que ele faz 
nessa direção, então os atores econômicos são motivados pelo autointeresse. Esse 
quadro mostra uma profunda indiferença à introspecção, pois ignora as decisões dos 
indivíduos sobre as motivações que impulsionam suas ações ("como devemos viver"), 
que permeiam uma compreensão muito limitada e desinteressada do homem (SEN, 
1999). 
A representação do homem como um personagem que busca apenas 
satisfazer seus próprios interesses é repleta de caráter pragmático e instrumental, pois 
sua defesa é sustentada pela alegação de que isso seria um incentivo que melhoraria 
 
 
a economia e o mercado, de outra perspectiva, pode-se discutir a validade dessa 
suposição relacionando-a com o comportamento humano real, analisando se há uma 
correspondência entre eles. Ambas as conclusões são questionáveis: é possível 
fornecer exemplos de economias de livre mercado onde a motivação para o 
comportamento econômico não foi complacente e levou a resultados sociais efetivos 
(por exemplo, Japão, o "ethos japonês"). 
O dilema da motivação humana não deve surgir entre escolhas extremas 
(interesse próprio e altruísmo), mas sim considerando as variações de motivação 
comportamental que correm entre esses dois pontos. O indivíduo não deve ser 
considerado puramente egoísta ou altruísta, existem cenários e situações onde ocorre 
um comportamento “diferente”, no qual os indivíduos sacrificam os seus próprios 
interesses, comportamento comprometido é um bom exemplo, quando as escolhas 
de determinados membros do grupo são guiadas pelos interesses da equipe, mesmo 
que isso signifique renunciar a seus próprios desejos, alterando a correspondência 
(SEN, 1999). 
Se um maior apelo a uma "concepção ética de realização social", uma 
"explicação motivacional de realização social" e até mesmo "racionalidade reflexiva" 
é necessário para caracterizar o comportamento humano, então é necessário que a 
economia entre no universo da ética e traga ensinamentos. 
Amartya Sen argumenta que o fato de a economia moderna ser notoriamente 
"antiética" levou a um duplo efeito prejudicial: por um lado, a economia pode ir além 
do que já conseguiu produzir como ciência se fatores éticos forem considerados mais 
decisivo e profundo em suas análises, ou seja, apesar de seu desenvolvimento, fica 
aquém de seu potencial; por outro lado, pode-se argumentar que a ética também se 
beneficiaria de uma abordagem da economia usando as técnicas avançadas 
desenvolvidas na "abordagem engenheira". De acordo com Silva (2018): 
O sistema moral depende tanto de emoções e sentimentos quanto de crenças 
e deliberações. Uma ação movida unicamente pelo emocional não pode ter 
caráter moral, entretanto, o sentimento exerce um papel importante que pode 
ser representado pela influência que o sentimento de culpa tem quando 
analisamos decisões que foram tomadas ou que estão sendo planejadas; 
somado a isto, pode-se considerar também a emoção que vem acompanhada 
da reprovação ou aprovação de alguma ação específica, dependendo da sua 
adequação as regras morais de um determinado grupo. Agir em 
conformidade com as regras morais pode ser um processo deliberado, 
calculado, mas isso não basta (SILVA, p. 24, 2018). 
Os julgamentos morais vão além de meras convenções, são baseados em 
regras universais para um determinado contexto e devem servir a todos, 
 
 
independentemente de seus interesses pessoais; estão acima das preferências 
porque são de natureza diferente, a diferença entre o certo e o errado, "como devemos 
viver". O fato de diferentes culturas compartilharem algumas regras morais 
semelhantes incluindo limites ao egoísmo individual, sublinha sua natureza evolutiva 
e sua diferença de outras regras baseadas em um senso de justiça e mérito (SILVA, 
2018). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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explicam. São Paulo: Edusp, 1993. 
 
COSTA, Fernando Nogueira da. Comportamentos dos investidores: do homo 
economicus ao homo pragmaticus. 2009. 
 
FRIEDMAN, Milton (1953). The methodology of positive economics. In: 
HAUSMAN, Daniel (Ed.). The philosophy of economics: an anthology. 2nd ed. 
Cambridge University Press, Chapter 9, 1994, p. 180-213. 
 
HOLLIS, Martin; NELL, Edward J. (1975). O homem econômico racional: uma 
crítica filosófica da economia neoclássica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977. 
 
MILL, John Stuart (1836). On the definition of political economy, and on the 
method of investigation proper to it. London and Westminster Review. In: 
HAUSMAN, Daniel (Ed.). The philosophy of economics: an anthology. 2nd ed. 
Cambridge University Press, Chapter 1, 1994, p. 52-68. 
 
REIS, Tiago. Homo Economicus: entenda o que é esse comportamento 
econômico. Suno Artigos, ano. Disponível em: 
https://www.suno.com.br/artigos/homo-economicus/. Acesso em: 31/02/23. 
 
SEN, Amartya. Sobre Ética e Economia. São Paulo: Companhia das letras, 1999. 
 
SILVA, Iury Beckman de Moraes Rego da. Considerações críticas ao homo 
economicus: racionalidade e sentimentos morais, 2018.

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